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SOCIOLOGIA GERAL E JURÍDICA - Caderno 2º Semestre

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SOCIOLOGIA GERAL E JURÍDICA
Aluno: João Felipe Cabral Fagundes Pereira
SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA JURÍDICA – Apesar da sociedade já ser observada, o estudo da sociedade só se tornou uma ciência no século XIX , devido a nomes como Durkheim , Weber e Marx , originando e dando base ao conceito e consolidação das Ciências Humanas.
A SOCIOLOGIA JURÍDICA – É um campo da ciência social que surgiu no começo do século XX , pelas obras de Carlos Nardi-Greco (“Sociologia do Direito” 1907) e de Eugen Ehrlich (“Direito como relações vivas na sociedade), onde Ehrlich se opôs ao Positivismo Jurídico, discordando do fato de que o Direito é tratado como uma norma , inaugurando a ideia de que o social determina o Direito, enquanto o Positivismo cria que era o Direito que determinava a sociedade.
OBS: A visão atual é de uma relação cíclica entre Sociedade e Direito , pois o Direito determina a sociedade , e a sociedade determina o Direito.
DOGMÁTICA JURÍDICA X PARADIGMA SÓCIO-JURÍDICO
MONISMO X PLURALISMO – Enquanto os monistas creem que as normas são produzidas apenas pelo Estado, os pluralistas acreditam que não só o Estado , mas também a sociedade pode produzir normas , contanto que tenham validade (Ex: Estatuto de condomínios) , apesar de existirem algumas normas fora do controle do Estado , como as regras do MST.
PRÁTICA TÉCNICO-FORMAL X PRÁTICA EMPIRICAMENTE INSERIDO – Tradicionalmente , o Direito usa da prática técnico-formal, usando da formalidade tanto na forma de se comportar e agir , quanto na de falar, escrever, uso do vocabulário jurídico e até mesmo na forma de elaborar uma petição. Já a prática empiricamente inserido consiste na ideia de que o jurista deve se inserir na sociedade , para poder ter melhor noção da sociedade que o circunda, tornando o Direito mais eficaz ao fazer parte da realidade social.
COMPLETUDE LÓGICO-FORMA/SEGURANÇA JURÍDICA X CONTRIBUIÇÃO AO SIGNIFICADO DE JUSTIÇA – A dogmática jurídica acredita que ordenamento jurídico é completo, não havendo a existência de lacunas jurídicas e , por consequência , a completude do Direito dá uma maior sensação de segurança jurídica. Tal ideia pode gerar uma insegurança jurídica no ordenamento quando houver uma eventual lacuna,
 Já a sociologia jurídica crê que o ordenamento é incompleto, porém completável , agindo com uma abertura zetética , buscando pela realização da justiça de fato (desconstrução dos dogmas para fazer o mais justo).
INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA X SOCIOLÓGICA – A dogmática jurídica se utiliza da interpretação sistemática , não analisando a norma isoladamente, mas sim como parte do Ordenamento Jurídico. Já a sociologia jurídica tente interpretar a norma de uma forma mais aberta e seguindo o pensamento da sociedade.
EMILE DURKHEIM – Influenciado pelo positivismo de Conte e por momentos históricos que aconteceram na França como: A Revolução Francesa , pois foi quando houve o nascimento do Estado Moderno e mudanças nos âmbitos sociais e econômicos com a criação de novas classes; A Revolução Industrial , devido ao surgimento das indústrias , dos operários e de novos meios de produção; e a Lei do Progresso, onde na Europa Pós-Revolução existia uma ideia de que o destino da sociedade era o progresso, a sociedade estava fadada a se desenvolver, servindo de justificativa para as navegações , explorações e colonizações.
 Durkheim cria regras e fundamenta o estudo das Ciências Sociais (Métodos), tendo como objetivo de estudo o fato social.
FATO SOCIAL – É a síntese de comportamentos da sociedade, não momentos individualizados. São suas características:
-Exterioridade: Não depende da individualidade , exterior ao indivíduo.
-Coercitividade: Indivíduo é forçado a se adaptar ao fato social.
-Generalidade: Alcança todo e qualquer indivíduo.
 Durkheim divide os fatos sociais entre maneiras de ser e maneiras de agir. As maneiras de ser são fatos sociais mais consolidados como a língua portuguesa e o Direito. Já as maneiras de agir são fatos sociais menos consolidados como a moda , pois sua essência se altera com maior facilidade.
REPRESENTAÇÃO COLETIVA – É a forma da sociedade de ver a si própria, mantendo assim aspectos culturais de certa sociedade, criando a tradição , como por exemplo: festas populares, folclore, danças, comidas típicas, símbolos. É tudo aquilo que é o acúmulo de conhecimentos transmitidos de geração à geração.
VALORES – São a consequência de Fatos Sociais mais consolidados e mais difíceis de serem superados , que geram valores positivos/negativos, sendo fontes na sociedade. Exemplos são os valores religiosos e da família, que apesar de serem bastante consolidados são passíveis de superação.
CONSCIÊNCIA COMUM/COLETIVA – É chamado por Durkheim de solidariedade mecânica , é a repetição de comportamentos semelhantes , sendo um fenômeno típico de sociedades primitivas ou bastante homogeneizadas (Ex Amish , tribos indígenas isoladas). É o conjunto de crenças e comportamentos comuns aos indivíduos de dada sociedade. A solidariedade mecânica não admite comportamentos distintos e se relaciona ao Direito Penal (Efeito repressivo/punitivo)
CONSCIÊNCIA INDIVIDUAL – Chamada por Durkheim de solidariedade orgânica, é a diferença de comportamentos e pensamentos , um precisa do outro , por exercerem diferentes funções sociais/especializações (“cada órgão tem a sua função no corpo humano”). Tal fenômeno é característico de sociedades complexas e gera o surgimento da personalidade. A solidariedade orgânica se relaciona ao Direito Contratual (Efeito reparatório) , tem a capacidade de congregar diferenças.
OBS: Ambas consciências são separadas pela divisão social do trabalho.
Sociedade complexas = sociedade organizada = divisão de tarefas = individualismo em excesso = ANOMIA.
ANOMIA – Ausência de normas/leis. Possui 3 aplicações atuais:
-Ineficácia da norma: Quando a norma não produz o efeito necessário, causando um desregramento social.
-A ausência do Estado: (Ex: Favelas) Maior crime organizado, tomando o lugar do Estado, causando uma desordem social (greve da polícia gera o caos).
-Multiculturalismo: É a anomia com efeito positivo, fruto do encontro de culturas , que contemplam diferenças , sendo o caminho para a convivência de diferenças , simbolizando o rompimento com a estrutura jurídica rígida vigente.
MAX WEBER - Foi um sociólogo alemão , formado em Direito, que se interessava em diversos campos de conhecimento, praticando a inter-relação das áreas como economia, direito, história e a ciência social.
 Investiga fenômenos sociológicos a partir de uma perspectiva histórica, acreditando que o fato social é interior ao indivíduo , diferentemente de Durkheim. Se distinguiu de Durkheim também pelo fato de que Weber não acreditava em regras (métodos) para estudar o processo sociológico (a sociologia não será aplicada à todo e qualquer fato social), ou seja o cientista não conseguia alcançar a totalidade do fato social, apenas uma fração do mesmo.
 Weber vê a sociedade moderna como uma sociedade que tende a racionalizar processos, pois para ele a sociedade tinha a necessidade de dar aos processos sociais um contorno mais objetivo, racionalizado.
REFERENCIAIS TEÓRICOS – Se inspirou em nomes como Dilthey , que se aprofundava mais na área da hermenêutica com o método compreensivo , onde o modo de interpretação do mundo era através de um esforço interpretativo do passado até o presente. Weber se utilizou desse método para explicar os fatos sociais existentes na sociedade, passando a dar muito valor à tradição. Outro ator foi o francês Rickert , que falava sobre a sociologia da realidade, ou seja , o sociólogo sempre busca estudar e compreender o que é próximo de sua realidade, embalsando a ideia do pensamento weberiano que o cientista social estudava apenas um fragmento do fato social , admitindo também que através da sociologia da realidade havia uma valoração do objeto de estudo.
TIPO IDEAL – É uma definição para essa percepção de Weber de que o cientista social não alcança a totalidade da sociedade.Um exemplo de tipos ideais são a economia, a religião e o direito, pois apesar de diferirem em diversos aspectos dependendo das sociedades (Catolicismo x Judaísmo, Economia Inglesa x Brasileira , Direito Romano x Direito Americano), elas tem alguns fatores em comuns(rituais, forma de adoração, símbolos, moedas, circulação de riquezas , ordenamento social, etc.) que permitem induzir elementos que servem para a caracterização de um tipo ideal, para assim poder se aprofundar de forma mais específica do fato social próximo a si (indução-realidade).
 O tipo ideal pode ser caracterizado como:
-Utópico: Não se caracteriza em nenhuma sociedade específica.
-Unilateralidade: Pois para elaborarmos o tipo ideal , recortamos diversos aspectos e elementos em comum de diferentes sociedades e realidades específicas
-Racionalidade: É um recurso para estudar o fato social e diferentes realidades , ao relacionar elementos tão distintos, tornando possível a objetivação de estudo.
DOMINAÇÃO LEGÍTIMA – É toda forma de dominação em que o dominado não se percebe em relação de domínio , ou seja, o dominado assume tal relação de domínio como se fosse sua forma de comportamento, que se torna espontânea. A dominação não é necessariamente maléfica , já que faz parte do processo de formação social . É legítima pois embora uma forma de dominação , o dominado absorve um comportamento sem ver o mesmo como uma forma de domínio.
-Tradicional: Típica das relações familiares, pois você age, se comporta e/ou pensa de forma similar à seus ascendentes (pai, mãe, avôs), sendo algo passado de geração à geração , sem que isso seja percebido.
-Carismática: Forma de dominação onde o indivíduo segue um líder político , religioso , por admirá-lo ou se identificar com seus ideais, seguindo-o sem perceber a influência que tal líder exerce sobre os indivíduos (Ex: O Papa , Getúlio Vargas). Gera um sentimento de valoração e uma relação de adoração.
-Racional-Legal: É a forma de dominação típica do Estado, pois é o exercício do domínio através das leis, que ditam comportamentos e normas que são acatados pelos indivíduos sem que seja observada a relação de dominação. Weber considera a Dominação Racional-Legal como a forma de dominação da sociedade moderna, pois racionaliza e objetiva a sociedade.
 O PAPEL DA BUROCRACIA - Weber vê a burocracia como um instrumento necessário ao Estado. Burocracia no sentido weberiano é uma forma de sepultar o sistema de benefícios que o Estado dava aos mais poderosos nos regimes antigos, (Weber veio de um período logo após o fim das monarquias, onde havia no Estado uma forte pessoalidade, tendo assim a necessidade de dar ao Estado Moderno uma feição racional) ou seja, a burocracia assegurava a impessoalidade do Estado , o estabelecimento de uma nova estrutura ao Estado; as regras, o que deixava bem claro os direitos e deveres do cidadão, como se dirigir; e as competências funcionais, que determinavam funções específicas para os setores do Estado, dando ao indivíduo instruções à quem se dirigir.
ORDENS ECONÔMICAS E ORDENS JURÍDICAS – Weber buscava entender quais as questões que originaram a economia capitalista. Assim ele percebeu que havia uma relação entre a economia e o Estado (relação de causa e efeito) , ou seja , quanto mais o Estado usou a forma de dominação racional-legal , mais ele propiciou e consolidou a forma de consolidação do sistema capitalista na economia. Weber percebe que a economia necessita para seu funcionamento a existência de mecanismos que assegurem as relações econômicas ( O Direito , instrumentos jurídicos como o contrato). Direito , Economia e Estado estão numa relação de interferência recíproca (Direito-Economia , Economia-Estado , Estado-Direito).
 Podemos concluir então que o Direito é um instrumento necessário para a Economia assim como a Economia é um instrumento necessário para o Direito.
KARL MARX (1818-1883) - Alemão , formado em Direito, entra para o Doutorado em Filosofia e, em consequência tenta , sem sucesso, se tornar professor da universidade de sua cidade, por fazer parte de um grupo que seguia os ideais críticos de Hegel, a “Esquerda Hegeliana”. Ao começar a trabalhar em um jornal, conhece Engels , que se torna seu grande e maior parceiro nas suas obras, onde devido ao tom crítico de suas obras de análise econômica e crítica ao sistema capitalista durante a Revolução Industrial ,foi expulso de vários países , se estabelecendo por fim na Inglaterra.
 Seu pensamento fundamentou a atual esquerda política, servindo de inspiração para diversos regimes e ideologias de esquerda que aconteceram no Século XX.
MÉTODO DO MATERIALISMO HISTÓRICO DIALÉTICO – É o método marxista para a sociologia, se inspirando bastante em Hegel e Feuerbach. Hegel era a principal tendência filosófica quando Marx estava na faculdade, porém manteve alguma de suas ideias e opiniões. Hegel estudava bastante o processo do conhecimento , fundamentado através da relação entre consciência e experiência, onde a frase “tudo que é real é racional e tudo que é racional é real” define o seu pensamento.
 Marx se utilizou desse processo , substituindo consciência e experiência por homem e natureza, sendo o trabalho a atividade de produção responsável por modificar a sociedade, onde o homem ao entrar em contato com a natureza, se utilizaria do trabalho para modificá-la ou transformá-la.
 O Materialismo Marxista é Dialético uma vez que considera os fenômenos materiais processos possíveis de mudança. A consciência, não é conseqüência passiva da ação da matéria, por isso pode reagir sobre aquilo que a determina. O conhecimento liberta o homem por meio da ação deste sobre o mundo, possibilitando inclusive a ação revolucionária de mudança.
 O Materialismo Histórico é a explicação da História por fatores Materiais, ou seja, Econômicos, Sociais e Técnicos. Marx inverte o processo do senso comum que pretende explicar a história pela intervenção divina. Para o marxismo, no lugar das idéias, estão os fatos materiais. No lugar dos heróis está a luta de classes. 
 A inspiração em Feuerbach se deu através da obra “A Essência do Cristianismo” , onde o mesmo afirmava que a religião era nada mais do que uma grande invenção/criação do homem (Deus é uma fuga do homem das realidades ao seu entorno , sendo uma forma de alienação), criticando assim a filosofia idealista, posteriormente utilizada por Hegel , dando como solução a contemplação à natureza.
 Marx critica bastante a religião (“A religião é o ópio do povo”) , assim como Feuerbach, porém expande o termo de alienação para as relações sociais e de trabalho, afirmando que o mercado é uma forma de alienação, pois ele destorce a nossa realidade e passamos ser explorados nas relações de trabalho. Ao desenvolver o conceito de Alienação, Marx rejeita as explicações comuns que aparecem em toda a história da Filosofia, ora com contornos Religiosos, ora Metafísicos ou Morais. 
 A elas opõe a análise das condições reais do trabalho humano e descobre que a Alienação tem origem na vida econômica: quando o operário vende no mercado a força de trabalho, o produto que resulta do seu esforço não mais lhe pertence e adquire existência independente dele. Com o aceleramento da produção, provocado pela crescente mecanização do trabalho (linha de montagem), o operário executa cada vez mais apenas uma parte do produto (trabalho parcelado) e o ritmo do trabalho é dado exteriormente e não obedece ao próprio ritmo natural do seu corpo. 
 Se o produto do trabalho não é fruto de sua vontade, do seu controle, o produtor não se reconhece no que produz. O produto surge como um poder separado do produtor, como realidade soberana e tirânica que o domina e ameaça.
 CRÍTICAS AO DIREITO BURGUÊS – Marx , apesar de nunca ter dedicado uma de suas obras exclusivamente ao Direito, criticou em diversas ocasiões o chamado “Direito Burguês” ,pois o mesmo era um instrumento criado pelas elites, de manutenção das classes dominantes , ou seja, o Direito é feito pelo burguês, para o burguês,sendo uma crítica debatida até hoje.
 O segundo ponto de crítica de Marx ao Direito, é relacionado à propriedade privada, objeto que é negado por Marx na sua linha de pensamento (Fim da propriedade privada, dando lugar a estatização das propriedades, onde as mesmas passariam a pertencer ao Estado, sendo um caminho para o fim da propriedade privada, dando início ao comunismo). 
 A terceira crítica de Marx sobre o Direito é em relação à Declaração Francesa dos direitos do Homem e do Cidadão de 1793, que é um documento que enuncia os lemas da Revolução Francesa e serviu de base para o mundo inteiro em diversas áreas do Direito. Marx critica o próprio título da Declaração , pois mostrava o quanto a sociedade francesa era dividida (Homem diferente de Cidadão) , onde para Marx o Direito dos Homens eram os direitos particularizados , de usufruto individual, sendo bastante extensa e específica, de acordo com Marx, uma parte destinada exclusivamente à burgeusia (liberdade individual, propriedade privada, segurança), enquanto os Direitos do Cidadão, que tratam da comunidade em si, tem menor extensão e especificidade. 
 Outra área criticada por Marx foi o lema “Liberdade, Fraternidade e Igualdade” , pois a liberdade era protegida de forma “ilimitada”, interferindo na liberdade do outro; a igualdade garante apenas a igualdade formal , perante a lei e a fraternidade só garantiria a resolução de conflitos e segurança a apenas uma parcela da sociedade. 
 Para Marx a saída para romper com o Direito que produz essa lógica social é através da emancipação humana, com lutas, protestos, tendo uma diferença pequena da emancipação política (autonomia do homem na dimensão política), pois a emancipação humana é uma luta para que o indivíduo consiga alcançar plena autonomia e liberdade de escolha, sem ter sua vida determinada pelo sistema capitalista (escolha de emprego, amizades, vida pessoal, consumo , etc).
MARXISMO ANALÍTICO – O Marxismo serviu de inspiração para vários regimes socialistas e líderes ao redor do mundo , como Lênin e Trotski , que duraram por mais da metade do Século XX, mas tiveram um caráter ditatorial , pois apesar de ter havido uma revolução do proletário através da força/violência (Revolução Bolchevique de 1917), o Estado acabou se tornando autoritário demais , principalmente na União Soviética, levemente deturpando o ideal de Marx.
 O Marxismo Analítico surge no final dos anos 70 , com a crise desse modelo original do socialismo , já que o governo soviético tinha estatizado todas as propriedades , ficando hipertrofiado e sobrecarregado , devido aos ganhos territoriais durante esse período, deixando o povo escravo do trabalho , passando por uma crise social e econômica, onde vários pensadores marxistas formaram a Escola do Marxismo Analítico (O Grupo de Setembro) alegando que o sistema soviético fracassou , pois utilizaram a ideologia de Marx do Século XIX em meados do Século XX, tendo como solução adequar o pensamento de Marx ao mundo atual e trazer soluções práticas para o regime soviético a partir do pensamento Marxista.
 Uma das críticas que os indivíduos fora do regime faziam , era de que não havia em Marx uma noção de justiça, ou seja, o regime da União Soviética conseguia ser pior do que os regimes totalitários. Os pensadores do Marxismo Analítico defendiam que Marx tinha como ideia de justiça a autorregulação e autorrealização , ou seja, para Marx, submeter o sujeito a certas atividades para que sua sobrevivência seja garantida é algo injusto, e deve ser o Estado que precisa dar insistência ao indivíduo para que o mesmo alcance suas potencialidades.
-Soluções Propostas: A Renda Mínima Universal , é uma renda cedida pelo governo para que o mesmo possa garantir a subsistência (alimentação, medicamentos, saúde , etc) das camadas mais pobres da sociedade russa, camadas que compunham mais de 70% da população da URSS.
O Socialismo de Mercado , foi uma tentativa de saída intermediária da crise, não abandonando o socialismo, nem abraçando a lógica capitalista, ao abrir o mercado soviético para algumas empresas do mercado externo, para esquentar a economia soviética, atenuando a crise. A primeira alternativa , que foi falha, faria com que o Estado fosse detentor e produtor de toda a matéria-prima enquanto a iniciativa privada teria a função de comprar a matéria-prima do Estado e produzir e vender o produto final, falhando pois as empresas não conseguiram lucrar devido a insuficiência do Estado de produzir o número necessário de matéria-prima.
 A segunda alternativa foi delegar todo o sistema de produção às empresas privadas, porém o Estado determinaria quais cooperativas iriam trabalhar e controlava quais trabalhadores iriam atuar. Tal alternativa teve sucesso , fez a economia esquentar e melhorou o quadro econômico e social da URSS.
CONTROLE SOCIAL E DIREITO – É todo e qualquer mecanismo tendente a trabalhar e/ou modificar o comportamento e ações dos indivíduos para viver em sociedade, sendo o Direito um desses mecanismos de controle social, trabalhando juntamente com outros mecanismos.
CONTROLE SOCIAL PRIMÁRIO - São os primeiros mecanismos que afetam a vida do indivíduo. Ocorrem nas primeiras instâncias de controle social, que é a Família , onde modelamos nosso comportamento e moldamos nossas ações e pensamentos para passarmos a viver em sociedade.
OBS: O Estado não tem a função de exercer o controle social primário. Ele apenas encaminha a criança (órfã) para um Conselho Tutelar ou órgão similar para que a mesma seja adotada e reinserida no ambiente familiar, ou seja, o Estado apenas pratica um processo de transição.
CONTROLE SOCIAL SECUNDÁRIO – É o controle social exercido por instituições sociais , como as Escolas , a Igreja e alguns Clubes, socialização secundária, esta também é um processo de aprendizagem mas, tal como o nome indica, é secundária. Isto significa que sofremos este processo quando nos deparamos com novas e diversas situações ao longo da vida e temos de nos adaptar a essas situações.
CONTROLE SOCIAL PELO DIREITO – Também chamado de Controle Social Terciário, é o mecanismo de controle que atua majoritariamente após o processo completo de formação do indivíduo. O Direito é uma forma de controle social pelo fato do mesmo ser institucionalizado, ou seja , Direito é o processo de institucionalização, sendo o filtro estatal , onde a emissão do Estado de uma norma, acaba a tornando norma jurídica; ser interpretado e aplicado pelo Estado, que detém o monopólio da violência legitimada; gozar do uso e aplicação da sanção, ou seja , tanto a sanção funciona como ameaça (para fazer com que o indivíduo atue de acordo com a norma jurídica) como um instrumento real , que acaba constrangendo o indivíduo.
OBS: A Família não substitui o papel da Escola, e a Escola não substitui o papel da família na formação do indivíduo.
SANÇÃO – É uma consequência prevista pela norma, uma garantia de que o indivíduo vai agir de acordo com a norma, mesmo conceito utilizado pelo Direito, porém a sociologia vê a sanção de forma mais crítica. O objetivo da sanção é limitar a conduta do indivíduo, já que a simples existência da sanção (sanção em potencialidade) condiciona o comportamento do indivíduo.
SANÇÃO POSITIVA/PREMIADA – É uma espécie de estímulo ao cumprimento da norma, tendo um objetivo contrário ao da sanção negativa, onde em vez de punir, premia o indivíduo , onde um exemplo de sanção positiva/premiada é a delação/colaboração premiada, o pagamento do IPTU e IPVA até um certo prazo e programas de refinanciamento da dívida pública.
SANÇÃO NEGATIVA – São as sanções que tem como objetivo reprimir ou evitar que certa conduta se repita. São punições que devem ser impostas àqueles que descumprirem outras normas éticas. Existem diversos exemplos de sanções negativas, como a prisão, a multa e a pena de cargos.
-Sanções Constritivas: São sanções que tem como objetivo constranger o indivíduo para que o mesmo atenda uma obrigação que ele não fez espontaneamente,sendo um exemplo disso a busca e apreensão.
-Sanções Reparatórias: Tem como função reparar um dano causado, tentar restabelecer um status que foi danificado (voltar ao status quo). Há momentos onde é possível reparar por completo o dano causado , podendo ser quantificado(consertar um carro que se chocou em outro, dano material) , e há situações onde o dano é irreparável, não é possível a quantificação do dano, ou seja, o judiciário tem como função aplicar uma sanção que seja compensatória , tendo como exemplo o dano moral e os danos à imagem.
-Sanções Privativas de Liberdade: É quando, ao descumprir dada norma jurídica, o indivíduo sofrerá uma sanção que causará a privação de liberdade do mesmo, sendo que tais sanções compõem de forma substancial o Direito Penal.
ABORDAGEM DO CONTROLE SOCIAL NO DIREITO PENAL – Possuem dois tipos de visões e abordagens do Controle Social sob o Direito Penal, que são a Abordagem Liberal-Funcional e a Abordagem Conflitiva.
ABORDAGEM LIBERAL-FUNCIONAL – Apesar de fazer inúmeras críticas ao direito penal, acha que, apesar de possuir diversas falhas , é necessário à organização da sociedade. As Instituições são pensadas e organizadas de forma democrática , podendo assim garantir a permanência do Direito Penal, onde a punição também dos agentes do Estado pode representar o controle do sistema.
ABORDAGEM CONFLITIVA – Além de criticar diversos pontos do sistema penal, tem como principal objetivo desconstruir as verdades e afirmações feitas pelo sistema penal, alegando que boa parte do que é retratado pelo sistema penal é uma mentira/farsa. Tal abordagem também diferencia as funções declaradas , que é o que está dito na lei , das funções latentes, que é o que não está dito na lei, mas está presente e existe na prática.
-Ilegitimidade do Poder Punitivo: É dotado de caráter higienista (uma vertente do Direito Penal que funciona como uma limpeza/dedetização social, funcionando de maneira deficitária para as situações que o ladrão não é socialmente caracterizado.
-Inexistência do Bem x Mal: É a tentativa de descaracterizar o crime como uma patologia social, pois o crime não é uma doença e sim algo que existe em toda e qualquer sociedade. Reforça a ideia de que o crime tem uma função social , quando é dito que determinado comportamento é um crime , existe uma delimitação, ou seja há uma valoração ou desvaloração da conduta.
-Culpabilidade Pessoal: Ao estudar Penal, percebemos que o crime é típico (necessita ser uma conduta previamente tipificada), antijurídico (confronta o sistema e a ordem jurídica) e culpável, onde a culpabilidade é analisada individualmente pelo sistema jurídico (Se o indivíduo teve ou não intenção de cometer o crime ,por exemplo) , não percebendo ou levando em conta nenhum elemento exterior ao indivíduo. A abordagem conflitiva acredita que a culpabilidade deve ser também analisada de forma social (necessidade de considerar aspectos sociais como fatores influentes nos crimes) e não apenas individual.
-Impossibilidade da Ressocialização: É a incapacidade do ex-detento de ser ressocializado , pois além do preconceito e exclusão da sociedade, há a falta de oportunidade quando o mesmo termina sua pena, e o sistema carcerário não ressocializa , mas pune o indivíduo.
-Seletividade Penal: É quando se escolhe politicamente o seu âmbito de tutela , o Estado já seleciona intencionalmente quem irá compor sua “clientela”, quem serão seus criminosos. Este “perfil” pode ser reparado no sistema brasileiro, onde a maioria dos detentos são jovens de 18-24 anos, negros e de baixa escolaridade.
PLURALISMO JURÍDICO – É a ideia de que nossa sociedade é composta de diversos ordenamentos jurídicos (diferente do conceito existente em Teoria Geral do Direito), sendo diversas formas de direito convivendo no mesmo espaço e mesmo tempo. Normas jurídicas diferentes, na mesma sociedade, regulando a mesma situação. É a negação de que o estado seja a fonte única e exclusiva de todo direito. Há a produção de outras formas de regulamentação, geradas por instâncias, corpos intermediários ou organizações sociais providas de certo grau de autonomia e identidade própria. A causa é o caráter injusto e ineficaz do modelo unitário e centralizador do direito. É tolerado no Brasil só na pratica, mas contra lei, como exemplo o das favelas, sociedades indígenas isoladas (se tolera por diferenças de culturas entre povos).
 Grerke diz que toda forma de agregação humana que possui personalidade e autonomia (Pessoa Jurídica) seria uma fonte de produção de Direito (visão corporativista).
 De acordo com Duguit , o sindicato , para poder representar uma classe profissional deveria ter autonomia jurídica , independente do Estado para poder regular e elaborar normas para a sua classe profissional.
 Maurice Hauriou escreve sobre o que ele chama de pluralismo institucionalista, onde ele descaracteriza o Estado como fonte única , dizendo que assim como o Estado outras instituições (escolas ,igrejas ) possuiriam capacidade normativa sem prevalência do Estado.
 Santti Romano acredita que toda e qualquer forma de produção normativa faz parte do Direito , independentemente de ser ilícito ou não , divergindo dos outros pensadores expoentes do Pluralismo, criando assim o institucionalismo puro.
REFERENCIAIS HISTÓRICOS - Boaventura de Sousa Santos crê que o Pluralismo Jurídico não é uma novidade na sociedade , pois em alguns momentos da história já havia o Pluralismo como , por exemplo , na Idade Média , onde havia o sistema normativo dos Nobres (Vassalo/Suserano) , da Igreja e do Rei; nos países colonizados , onde a imposição de uma cultura jurídica não se deu de forma automática , havendo no regime de colonização um processo de absorção da nova forma jurídica; os países revolucionários, pois mesmo com a imposição dos ideais revolucionários , não era possível acabar de uma vez só com o sistema antes vigente (caso da Revolução Russa, que não conseguiu de início acabar com o sistema czarista milenar); e os países não europeus que adotam o sistema de Direito europeu, pois apesar do ordenamento jurídico ser baseado fortemente nos ideais europeus, ainda há forte influência dos valores locais nas relações jurídicas.
REFERENCIAIS TEÓRICOS – O que embalsa o Pluralismo Jurídico é a Teoria Crítica do Direito, que tem por objetivo principal a crítica ao Direito dogmático , crendo que o Direito não emana apenas do Estado, se utilizando da Dialética Marxista, de que o Direito se origina através de relações entre sociedade e Estado que transformam o Direito.
PLURALISMO JURÍDICO ESTATAL – São formas de produção normativa feitas pela sociedade fora do espaço do Estado, mas que de alguma forma , estão sujeitas ao controle estatal pelo Poder Judiciário (Estatutos de Condomínios, por exemplo). É uma fonte do Direito Não Estatal que, no caso, é o Poder Normativo dos Grupos Sociais, pois produzem normas fora do âmbito do Estado , porém sob o crivo do mesmo.
PLURALISMO JURÍDICO NÃO-ESTATAL OU COMUNITÁRIO – É a produção de normas fora do âmbito do Estado e que não estão sob a supervisão do Estado e do Poder Judiciário, tendo como exemplo de Pluralismo Não-Estatal Legítimo as normas e comportamentos de certos movimentos sociais (o MST, por exemplo) ,a economia solidária (quando se cria uma moeda própria para um bairro/comunidade com o intuito de aquecer a economia local com o uso de um capital simbólico) e algumas cidades autônomas como Christiana , na Dinamarca. No recorte do Pluralismo Não-Estatal Ilegítimo estão as organizações criminosas (Yakuza , PCC), as milícias policiais e grupos paramilitares (As FARC).
PLURALISMO NO PLANO INTERNACIONAL – Um exemplo de pluralismo no plano internacional é a atual Comunidade Europeia, que é o resultado de um projeto de mais de 50 anos , onde houve o processo de assimilação de algumas características pelos mais diferentes países, havendo a coexistência de um Direito interno próprio de cada país e um Direito Comunitário, que está vigente em toda a Comunidade Europeia,onde caso haja uma antinomia entre esses Direitos, prevalecerá o da Comunidade Europeia, que possui toda uma estrutura institucional própria para o funcionamento da Comunidade (Parlamento Europeu, Banco Europeu, Tribunal Europeu ,etc). 
PLURALISMO CONSERVADOR E EMANCIPATÓRIO (WOLKMER) – Para Wolkmer , Pluralismo Conservador é toda forma de pluralismo e direito produzido pela sociedade que serve ao capitalismo , ou seja , são modelos jurídicos que só servem pra fortalecer o sistema capitalista e gerar o aumento da desigualdade social , tendo como exemplo o processo de descentralização administrativa e a globalização , pois além de facilitar o pluralismo jurídico aumentam também a desigualdade (mercado internacional, relações de emprego e produção, empresas multinacionais/”instituições flutuantes”). 
 Já o Pluralismo Emancipatório para Wolkmer é todo modelo jurídico que tem como fundamento/objetivo a satisfação de necessidades essenciais , sendo um pluralismo comunitário que se legitima por práticas que garantem as necessidades essenciais, através da legitimação dos novos sujeitos sociais, que são sujeitos livres , atuantes e que não estão incluídos pelo Direito (como até algumas décadas atrás o Movimento de Empoderamento Negro e Indígena). Esse pluralismo emancipatório deve estar fundamentado na satisfação das necessidades básicas, ou seja, tudo aquilo que for necessário para a subsistência e sobrevivência digna do indivíduo (alimentação, saúde , educação, etc) e no estabelecimento de espaços comunitários participativos (conselhos municipais e de bairros), com o intuito de fortalecer a participação da população na vida social e política. 
 Wolkmer também diz que é necessário a ética da autoridade, que é uma ética baseada no respeito das diferenças.
MOVIMENTOS SOCIAIS E DIREITO – De acordo com Alain Touraine , os movimentos sociais são ações coletivas pelos quais sujeitos históricos passam e tem como objetivo a luta de classes por direitos sociais, políticos e econômicos.
MOVIMENTO SOCIAL COMO AÇÃO COLETIVA - O movimento social necessita ter um sentido de coletividade, não de número , mas sim a ideia de identidade entre os indivíduos que integram este movimento, ou seja , movimento social é uma ação coletiva, pois para que haja um movimento social, deve haver a ação e expressão de desejos, conflitos e buscas de indivíduos que tem o mesmo ideal em comum. 
 Os movimentos sociais se dão em ciclos , e se renovam de acordo com cada período de tempo, tendo como exemplo a história do Movimento Negro, Gay e Feminista, que vão se modificando e mantendo-se vivos com o passar do tempo.
MOVIMENTO SOCIAL COMO SUJEITOS HISTÓRICOS – São os grupos e identidades coletivas que surgem ao longo da história devido a contextos sociais e históricos que propiciam o seu agregamento em torno da defesa de seus ideais em comum.
MOVIMENTOS SOCIAIS COMO CONFLITOS DE CLASSE E ACORDOS POLÍTICOS- Historicamente, é possível concordar que os conflitos de classe tiveram significativa importância nos movimentos sociais , porém, hoje em dia, os movimentos sociais já transcenderam de apenas um conflito de classes, lutando não somente contra o Estado, mas também contra a própria sociedade. Atualmente , os acordos políticos também fazem parte dos movimentos sociais , sendo uma forma de abrirem concessões para satisfazerem os objetivos dos movimentos.
CARACTERÍSTICAS DOS MOVIMENTOS SOCIAIS – A principal características dos movimentos sociais é a sua Identidade , que corresponde à autodefinição do ator social e à sua consciência de pertencer a um grupo ou classe social. Um movimento social só pode se organizar se essa definição for consciente. Entretanto a formação do movimento precede essa consciência. É o conflito que constitui e organiza o ator.
 Outra característica é a Oposição, que é a ideia do movimento social se colocar contra o status quo definido (geralmente o Estado) com o qual ele discorda e não se vê contemplado, ocasionando sempre no enfrentamento
 Para ser um movimento social, não deve haver caráter institucional, pregando a Não-Institucionalização, não havendo Pessoas Jurídicas, Sedes, Conta Corrente, sendo uma estratégia do movimento social para garantir sua capacidade de enfrentamento.
 O movimento social deve ter uma proposta organizacional , ou seja , não podemos definir o movimento social apenas como um agregado aleatório de indivíduos , sendo necessário elaborarmos estratégias, objetivos e critérios que compõem as Normas de Ação, que tem o intuito de alcançar os seus objetivos. As normas de ação acabam gerando uma figura que se torna uma espécie de liderança do movimento , onde podemos perceber que a linha entre movimentos sociais e movimentos políticos é bastante tênue. A princípio , os movimentos sociais não devem possuir um caráter político como o que houve com o MST.
CORRENTE HISTÓRICO-ESTRUTURAL – É composta principalmente pelos movimentos sociais clássicos, que tinham como personagem principal a classe trabalhadora. Esses movimentos sociais da corrente histórico-estrutural tiveram inspiração no pensamento Marxista (Gramsci, Trotski, etc). O período de maior expressividade dessa corrente foi no final do Século XIX até meados do Século XX (teve papel fundamental até meados dos anos 50), onde hoje ainda há movimentos onde a principal personagem é a classe trabalhadora, porém com menor frequência (os trabalhadores não possuem mais a mesma capacidade de mobilização de antes, além de que a procura por trabalho é muito maior atualmente). A pauta desses movimentos era buscar a melhoria das condições da classe trabalhadora, despertando nos empregadores e no Estado a necessidade de melhorarem as condições de trabalho. Um traço importante desses movimentos sociais é de que eles sempre tiveram proximidade com partidos políticos e sindicatos.
CORRENTE CULTURA-IDENTITÁRIA – é uma corrente formada por movimentos sociais que a época onde surgem eram apelidados os novos movimentos sociais, ou seja, integrados por sujeitos que não eram reconhecidos na cena pública. Bobbio, Foucault e Hannah Arendt , que são filósofos que apareceram após a 2º Guerra, foram a base ideológica para esses movimentos sociais , cuja pauta é o reconhecimento de identidades, onde as pessoas que integravam esses movimentos queriam serem reconhecidas e identificadas por suas origens, tendo como exemplos o Movimento Feminista, Gay e Negro. Nessa corrente cultural-identitária, o momento mais marcante foi em 1968, onde a Europa e a América do Sul foram palco de movimentos importantes ,tendo como exemplo os movimentos estudantis na França em Maio de 1968 nas universidades parisienses, que serviram de arcabouço intelectual para diversos outros movimentos sociais feitos por aquela geração e nas gerações seguintes, além do movimento Hippie, Rock n´Roll.
CORRENTE INSTITUCIONAL – Surge nos EUA, inspirada pela Escola de Análise Econômica do Direito, influenciando alguns movimentos sociais, chamando a atenção de que, na sua opinião, institucionalizar um movimento social seria positivo pois assim os movimentos poderiam angariar fundos com maior facilidade , dando origem a uma institucionalização em massa dos movimentos sociais que criou o conceito de Organizações Não-Governamentais (ONGs), tendo seu ápice no Brasil durante o governo de FHC (95-2002), sendo um modelo jurídico para atender uma necessidade social, onde se administram certos recursos financeiros.
MOVIMENTOS POPULARES URBANOS E RURAIS - Surgem nos anos 80 num contexto bem específico, que é a redemocratização dos países latino-americanos, com o fim das ditaduras em países como Brasil, Argentina, Chile e Uruguai. Os movimentos populares urbanos e rurais viram nesse período um momento essencial para poderem se organizarem e exigirem suas demandas (não eram protegidos pelo Estado antigamente, como os índios que eram subjugados pelo restante da sociedade desses países, os trabalhadores rurais e pessoas que habitam áreas urbanas esquecidas e negligenciadas). 
 Exemplosde movimentos como o MST, que nos anos 80 e 90 tinham enorme força de oposição ao governo, perderam essa característica devido a forte conexão entre seus líderes e o PT.
 Alguns desses países latino-americanos que presenciaram esses movimentos como Bolívia, Peru, México e Colômbia, tem como frente desses movimentos sociais os indígenas, que passaram pela opressão estatal desde os períodos coloniais.
ATUALIDADES DOS MOVIMENTOS SOCIAIS – A chegada da internet e, consequentemente, das redes sociais, têm tido um impacto direto na agregação e até mesmo desagregação dos movimentos sociais, devido a rápida capacidade de transmissão de informação, gerando uma dúvida sobre a capacidade de agregação dos movimentos sociais, sendo ainda algo a ser estudado pelos sociólogos.
 Outro fator atual que interfere nos movimentos sociais é a supranacionalidade dos movimentos sociais, que, ultimamente tem ocorrido com bastante frequência, transcendendo os territórios onde os movimentos se iniciaram, tendo como exemplo o Movimento Feminista, que hoje é um movimento de nível global.
RELAÇÃO ENTRE MOVIMENTO SOCIAL E ORDEM DEMOCRÁTICA – É a percepção de que em um Estado Democrático de Direito há um espaço para os movimentos sociais, que acabam por contribuir com diversas políticas do Estado, como por exemplo as políticas de reforma agrária (Movimentos organizados por trabalhadores rurais) e das cotas universitárias (através dos Movimentos Negros).
ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL DO DIREITO – É a discussão da existência das classes sociais em uma sociedade, ou o que proporciona a criação e estabelecimento dessas classes sociais, utilizando o olhar da Sociologia, que é ver a sociedade com diferenças e estratificações, havendo um costumeiro uso da neutralidade do Direito (Direito aplicável para todos os indivíduos).
-Estratificação Aberta: São as sociedades onde a mobilidade social é plenamente possível de ser realizada e é necessária para o funcionamento dessas sociedades, tendo como exemplo as sociedades que seguem o regime capitalista (principalmente em países capitalistas subdesenvolvidos), onde os indivíduos tem a capacidade de migrarem de uma área para outra.
-Estratificação Fechada: São as sociedades e países que possuem pouca ou nenhuma mobilidade social, tendo como exemplo o regime de castas indiano e os países de religião islâmica.
ABORDAGEM QUALITATIVA - É uma abordagem com base na qualidade atribuída ao atividade, sendo uma forma de observação do indivíduo sem considerar aspectos econômicos, havendo apenas uma divisão de classes conflitivas (empregado x empregador), onde você é atribuído a uma classe não pelo seu poder econômico mas sim por sua função (Um dono de um barzinho é um empregador e um advogado de certa firma é empregado), estando condicionados a exploração/subordinação da força de trabalho. É uma abordagem de base Marxista e generalista.
ABORDAGEM QUANTITATIVA – Oriunda de Weber, como o seu nome diz, há de categorizar as classes principalmente de acordo com o poder econômico dos indivíduos, sendo a forma de estratificação social mais utilizada atualmente, criando a Classe Baixa, Média-Baixa, Média, Média-Alta e Alta (A,B,C,D,E)
DENIFIÇÃO SUBJETIVO-POLÍTICA – É quando e como o indivíduo se reconhece como um membro de determinada classe social, onde, de alguma maneira, o indivíduo assume uma posição na sociedade
DENIFIÇÃO OBJETIVO-ECONÔMICA – É uma definição de como o indivíduo é reconhecido e categorizado a partir de critérios que tem como ponto principal a questão econômica.
CRITÉRIOS NOVOS – São critérios novos que tem sido utilizados na categorização dos indivíduos e classes, como o Gênero, Idade, Raça e Condição de Saúde (deficiências físicas e/ou mentais), sendo fundamentais para que haja um novo pensamento e olhar diante de certas políticas.
DIREITO COMO OBSTÁCULO E PROPULSOR DE MUDANÇAS SOCIAIS – a ideia inicial é de que o Direito deve ser neutro, mas há episódios na história que mostram que o Direito tanto atua como obstáculos tanto como atua como propulsor de mudanças sociais.
-Direito Como Obstáculo: Tendo como exemplos a questão do analfabetismo, onde os analfabetos eram excluídos do processo eleitoral e político no Brasil até a CF/88, onde apenas uma pequena minoria tomava as decisões importantes do Brasil; e a norma de proteção de propriedade privada (independentemente de ser produtiva ou não) foi também tratada como um obstáculo, pois eram interpretadas como um Direito Absoluto, cujo caso só foi resolvido com a CF/88 (mudança no quesito da propriedade como Direito absoluto) e o Código Civil de 2002.
-Direito como Propulsor: Um dos exemplos é a criação da CLT, que é a primeira legislação que reúne determinadas normas para defender certa classe da sociedade, havendo o Princípio da Primazia do Trabalhador, onde em caso de dúvida, o trabalhador será favorecido, onde a Justiça do Trabalho é a mais ágil e eficaz. O Código de Defesa do Consumidor (1990) tem como objetivo colocar o consumidor em posição de equivalência com o comerciante, o ECA (1990) vem para criar todo um sistema de proteção à criança e ao adolescente, o Estatuto do Idoso de 2006 foi uma forma do Estado de criar políticas públicas de caráter protetivo para homens e mulheres de idades avançadas abrangendo diversas áreas do direito e, por fim, o Estatuto da Pessoa de Deficiência que prevê certa proteção aos deficientes
A ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL NO BRASIL: FORMAÇÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA
-Sérgio Buarque de Hollanda: No livro Raízes do Brasil, Sergio Buarque de Hollanda faz uma comparação entre as colonizações portuguesa e espanhola até os dias atuais (anos 40), mostrando que as próprias intenções das colonizações feitas por Espanha (povoamento) e Portugal (extração) acabaram por moldar a sociedade e as cidades coloniais, como por exemplo a ocupação litorânea no Brasil e só após a descoberta do ouro que há o processo de ocupação interiorana no Brasil. Outro fato foi a falta de planejamento urbano nas cidades coloniais de Portugal (falta de saneamento básico, não há organização urbana) pois não houve nenhum cuidado para aprimorar as coloniais, onde tal situação só foi mudada em 1808 com a chegada da Família Real de Portugal.
Nesse capítulo, Sergio Buarque tem a intenção de mostrar todo o processo de desigualdade e corrupção dos governos que assumiram o Brasil, sendo nossa sociedade a herança e o resultado desse processo repleto de erros.
-Maria Thereza Sales: Sintetizando as obras de Gilberto Freyre e Sérgio Buarque, ela se utiliza de 3 conceitos para explicar alguns elementos presentes nessas obras que são: cultura da dádiva, fetiche da cidadania e cidadania concedida.
 Historicamente, ela crê que o brasileiro vê o Direito como algo dado e não conquistado, analisando todo o desenho político do Brasil, que fez com que o brasileiro se habituasse a ver o Direito como um benefício apenas, sendo isso o conceito de Cultura da Dádiva
 Fetiche da Igualdade é o conceito que trabalha com o processo de miscigenação brasileiro, sendo uma mistura entre os nativos, escravos negros oriundos da África e os brancos colonizadores, sendo o fetiche da igualdade uma falsa ideia de que somos um país que tem uma democracia racial, pois há um racismo velado no Brasil que pode, por vezes, ser pior do que os países que tinham políticas estatais de segregação racial (Apartheid nos EUA e na África do Sul).
 Cidadania Concedida é um desdobramento lógico desses outros dois conceitos, sendo um processo de assimilação a condição de cidadão, como se o fato do indivíduo ser um cidadão no Brasil não é algo que é tomado de forma consciente pelos indivíduos, mas sim de forma verticalizada, não havendo a sensação de conquista da cidadania. A desigualdade não é apenas por fatores econômicos, mas sim por questões culturais que estão encruadas no ideário brasileiro.
-José Murilo de Carvalho: No livro “Cidadania do Brasil – Um Longo Caminho”, ele vai traçando o caminho da cidadania do Brasil, mostrando que a CF/88 resgatou valores que antes estavamproibidos/esquecidos durante o período da Ditadura Militar, concluindo que devido a gangorra política que houve no Brasil no século XX (Café com Leite, Estado Novo, Ditadura Militar) o brasileiro não conseguiu desenvolver sua cidadania.
ACESSO À JUSTIÇA – Normalmente, este tema era tratado apenas no sentido de acesso ao judiciário (problema do cidadão brasileiro de ter acesso aos órgãos de justiça, custos altos de manutenção do judiciário, burocracia ), mas, atualmente esta ideia se expande também como continuidade da participação ativa dos indivíduos no processo, que é a relação entre sociedade e judiciário, onde a sociedade quer que suas demandas sejam atendidas pelo poder judiciário.
ASPECTOS ECONÔMICOS – Sabemos que cada processo possui um certo valor dependendo proporcionalmente da importância do caso, ou seja, o tipo da demanda define a custa do processo. Há o benefício da justiça gratuita, algo previsto no Direito Brasileiro, sendo negada a justiça gratuita em demandas por partes com alto poder aquisitivo. 
 Outros custos são o da representação de um advogado, a questão logística do processo e também a questão econômica da própria participação do judiciário(altos salários e tetos, poucos servidores, custos excessivos)
ASPECTOS EDUCACIONAIS – O principal problema é o desconhecimento da sociedade diante do Direito e de suas normas, já que as pessoas possuem um problemas mas não tem ideia de como se resolve tal problema, sem contar com a falta de conhecimento diante dos cargos e estrutura dos órgãos e jurisdições que compõem o Direito. Ultimamente, as pessoas tem passado a incorporar com maior frequência o conhecimento do Direito em suas vidas, porém ainda não é o suficiente para a melhoria considerável do nosso sistema judiciário. Um ponto importante é o processo de formação das faculdades, havendo um erro com a proliferação dos cursos de direito (causando a formação deficitária de diversos profissionais), sendo o Exame da Ordem uma forma de limitar o exercício da advocacia apenas para profissionais limitados.
ASPECTOS CULTURAIS – A estrutura do judiciário é feita para distanciar o sistema do cidadão comum (a mesa do juiz ficar mais alta e o uso da toga como diferenciamento), ocorrendo o “encastelamento” do poder judiciário. A linguagem do Direito, por ser rebuscada também é responsável por esse distanciamento, só que no Direito apesar de ter diversos termos técnicos como em outras áreas, a principal ferramenta do direito é a oratória e a linguagem, havendo um estranhamento por parte da sociedade diante do Direito.
PRINCIPAIS SOLUÇÕES – A Defensoria Pública é uma forma de acesso à justiça, que foi implementada na CF/88 e hoje em dia passa por um processo de capilarização/interiorização das defensorias públicas, que tem como função auxiliar e representar indivíduos que não possuem condições para adquirir a representação de um advogado. 
 Outra medida foram a criação de núcleos de prática jurídica nas faculdades, onde o MEC determinou a obrigatoriedade de núcleos de prática jurídica que atendam gratuitamente a população ao entorno. 
 Os núcleos de conciliação, que são órgãos dentro das varas cíveis que servem para levantar os processos que possam gerar uma reconciliação entre as partes, tentando evitar ao máximo o encaminhamento do processo para uma ação judicial. Os mutirões por parte da justiça ocorrem em empresas ou órgãos do Estado devido ao excesso de processos acumulados por essas empresas/órgãos com o intuito de dinamizar os processos aliando eficiência com redução de custos.
 Outra solução é a justiça comunitária que é a capacitação de lideranças de comunidades para que as mesmas trabalhem como facilitadoras de demandas.

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