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LFG CADERNO PROCESSO CIVIL 399

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DIREITO	
  PROCESSUAL	
  CIVIL	
   	
  
	
  
	
   1	
  
DIREITO PROCESSUAL CIVIL – Fredie Didier. 
 
Bibliografia recomendada: 
• Luiz Guilherme Marinoni – Editora RT. Vol. I e II. (indispensável para juiz 
federal e Procurador da República); 
• Alexandre Câmara – Lições de Direito Processual Civil – Ed. Lumen Iuris; 
• Curso sistematizado de Cássio Scarpinella Bueno; 
• Fredie Didier – Curso de Processo Civil. Vol. 1, 2, 3, 4 e 5. Ed. Juspodivm. 
• Daniel Assunção – Ed. Método – Manual de Processo Civil – vol. único. 
• www.frediedidier.com.br 
I – INTRODUÇÃO AO DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
1. Conceito de processo: Há várias acepções, todas igualmente corretas. São elas: 
 
- Teoria da norma jurídica: processo é um modo de produção de normas jurídicas. As 
normas jurídicas são precedidas de um processo para sua elaboração (a lei é resultado de 
um processo legislativo). Logo, existem as seguintes ramificações: 
§ Processo legislativo; 
§ Processo administrativo; 
§ Processo jurisdicional. 
§ Obs.: pode-se falar, ainda, em processo privado (não estatal). Trata-se de um 
modo de produção de normas a partir da autonomia da vontade. 
- Processo como fato jurídico: como é sabido, o processo é um conjunto de atos 
jurídicos organizados no sentido de produção de um ato final. Cada um desses atos é um 
ato jurídico (petição inicial, despacho, citação), mas o conjunto desses atos jurídicos 
processuais também formam um único ato jurídico. A essa unidade dá-se o nome de 
processo. O processo é um ato jurídico complexo. Processo é procedimento. 
- Processo como efeito jurídico: o conjunto de atos jurídicos do processo geram 
relações jurídicas entre os sujeitos do processo. Esse conjunto das relações jurídicas que 
se estabelecem entre os sujeitos do processo recebe o nome de processo. Logo, processo 
é o conjunto dessas relações jurídicas (autor/réu/juiz/perito/escrivão). O processo é um 
feixe de relações jurídicas. Atenção não existe uma única relação jurídica. O processo é 
composto por várias relações jurídicas. 
Processo = Cadeia de atos jurídicos + feixe de relações jurídicas 
2. 03 Perspectivas de estudo do processo civil: 
• Processo e direito material: todo o processo serve para a solução de um 
problema (para julgar um caso). Não existe processo oco, sem conteúdo. É o direito 
material que disciplina o modo como vai ser resolvido o problema objeto do processo. É 
o direito que será aplicado para a solução do processo. O direito material dá ao processo 
	
   	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
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o seu sentido, porque o processo nasceu e se desenvolverá para a solução daquele 
problema. O processo, por seu turno, concretiza (realiza) o direito material. “Explique a 
relação circular entre o direito material e o processo”. Resposta: processo e direito 
material estão numa relação de simbiose, mutualismo. O processo serve ao direito 
material ao tempo em que é servido por ele. Não há, portanto, relação de subordinação. 
“Em que consiste a instrumentalidade do processo?”. Resposta: Trazer o processo para 
ser compreendido a partir do direito material, isto é, o processo é instrumento pois serve 
ao direito material. 
 
• Processo e teoria do direito: 06 mudanças relevante havidas na teoria do 
direito, todas elas com repercussão no direito processual: 
 
- Teoria das fontes do direito: 
Ø Força normativa dos princípios (Teoria dos princípios): princípio é uma espécie 
de norma jurídica. Os princípios eram encarados como técnica de integração de 
lacuna, antes de serem considerados norma jurídica (o CPC - 1976 - ainda o considera 
dentro desta concepção). O princípio não permite, nem obriga, tem caráter abstrato. A 
regra, por sua vez, estabelece qual é a conduta devida (motivação das decisões judiciais, 
proibição de prova ilícita são regras). Nem todo princípio é constitucional (ex. princípio 
da menor onerosidade da execução – art. 620 CPC, trata-se de um princípio legal). Nem 
todo princípio é implícito. Por isso é equivocada a frase segundo a qual “o juiz decidirá 
com base na lei e no princípio”. No conflito entre regras e princípios, nem sem 
prevalecerá o princípio (se a regra for constitucional e o princípio legal, prevalecerá a 
regra). 
Ø Força normativa da jurisprudência: é considerada uma espécie de norma jurídica. 
Ø Cláusulas gerais1: tradicionalmente, a legislação era feita de modo casuístico 
(detalhado, minucioso). O legislador descrevia, minuciosamente, as situações da época, 
de modo que todas as situações seriam reguladas pelo legislador, cabendo ao juiz a mera 
subsunção do caso à norma. Entretanto, a legislação passou a se tornar obsoleta, pois é 
natural o surgimento de novas relações jurídicas com o progresso das civilizações. O 
legislador passou, então, a criar textos de lei abertos, flexíveis, com maior capacidade 
de adaptação. Surgem as cláusulas gerais. A cláusula geral é uma espécie de texto 
normativo2, que se caracteriza pela existência de uma hipótese e consequente abertos 
(não se sabe quando incide e quais são as consequências jurídicas). Este tipo de 
enunciado normativo aberto nos dois extremos (hipótese e consequente). Começaram no 
direito civil. Um exemplo é a cláusula geral da boa-fé. No CPC: art. 461, §5º; 798; 
1109; 14, II; além do devido processo legal (cláusula legal constitucional). 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
1	
  Difere	
  de	
  conceito	
  indeterminado	
  é	
  uma	
  parte	
  do	
  enunciado	
  normativo.	
  Uma	
  cláusula	
  geral	
  compõe-­‐
se	
  de	
  conceitos	
  indeterminados.	
  Há	
  cláusulas	
  gerais	
  sem	
  conceito	
  indeterminado	
  (fumaça	
  do	
  bom	
  
direito).	
  
2	
  Todo	
  enunciado	
  normativo	
  tem	
  uma	
  hipótese	
  (situação	
  regulada	
  pelo	
  texto	
  normativo)	
  e	
  consequente	
  
(consequência	
   jurídica	
   da	
   incidência	
   do	
   enunciado	
   no	
   caso).	
   O	
   ideal	
   é	
   que	
   hipótese	
   e	
   consequentes	
  
sejam	
   fechados.	
   Às	
   vezes	
   o	
   legislador	
   prevê	
   hipóteses	
   abertas	
   (fumaça	
   do	
   bom	
   direito	
   e	
   perigo	
   na	
  
demora)	
  e	
  o	
  consequente	
  fechado	
  (medida	
  cautelar).	
  
	
   	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
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- Hermenêutica jurídica: 
Ø Texto ≠ norma: a norma jurídica é o resultado da interpretação dos textos 
jurídicos. O aplicador do direito não interpreta normas e sim textos, para deles extrair anormas. A lei é um texto jurídico, interpretando-se a lei, extraem-se as normas. 
Ø Criatividade: toda atividade de interpretação é uma atividade criativa. 
Ø Proporcionalidade/ razoabilidade: 
• Processo e direito constitucional: 
- Fenômeno da “constitucionalização do processo”: há normas processuais 
constitucionais; Além disso, as normas processuais infraconstitucionais passam a ser 
interpretadas à luz da Constituição. 
 
a) Eficácia normativa da Constituição: a Constituição tinha um caráter meramente 
simbólico, não se admitia a aplicação direta da norma constitucional pelo juiz, sem 
intermediação da legislação. 
b) Jurisdição Constitucional: 
c) Teoria dos Direitos Fundamentais: podem ser encarados em dupla dimensão: 
- 1ª dimensão (Dimensão objetiva dos direitos fundamentais): os direitos 
fundamentais são normas jurídicas. Orientam, pois, a produção do direito 
infraconstitucional. Uma norma processual infraconstitucional precisa estar em 
conformidade com as normas de direitos fundamentais. O processo deve efetivar os 
direitos fundamentais. 
 
- 2ª dimensão (Dimensão subjetiva dos direitos fundamentais): os direitos 
fundamentais são direitos. Significa que são posições jurídicas de vantagem que alguém 
tem em face de outrem. 
Obs: esses 9 aspectos citados caracterizam uma nova fase do processo civil (atual fase 
do pensamento jurídico). Trata-se do neoconstitucionalismo. Há quem denomine este 
fenômeno de neopositivismo, pois engloba toda a ciência do direito, não apenas o 
Direito Constitucional (Fredie Didier entende ser o mais adequado, embora não seja 
muito comum). Há, ainda, quem chame esse momento histórico de pós-positivismo. 
- Humberto Ávila – neoconstitucionalismo; 
- Daniel Sarmento - neoconstitucionalismo; 
- Teoria da Katchanga. 
3. Fases do Processo: 
a) Sincretismo ou praxismo ( até meados séculos XIX): não havia distinção entre 
processo e direito material. O processo era concebido como uma extensão do direito 
material. Não havia sequer processualistas. Havia os civilistas e os praxistas. Não havia 
uma preocupação científica com o processo, apenas uma preocupação com a prática. 
	
   	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
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b) Processualismo (Oskar Bülow – responsável pela criação da ciência do 
processo) vai até meados do século XX: afirmação de construção da ciência do 
processo. Processo distinto do direito material; 
c) Instrumentalismo: aproximação com o direito material. Os processualistas 
passam a se preocupar com a efetividade do processo. O acesso à justiça passa a ser 
objeto de preocupação desta fase. 
d) Neoprocessualismo: ressalte-se que não há, ainda, uma designação generalizada 
para a fase atual da ciência do processo. Trata-se de uma reconstrução da ciência do 
processo com base na metodologia da ciência contemporânea. Trata-se da aplicação, 
para o processo, do neoconstitucionalismo (citar as 9 características). Há quem chame 
esta fase de fase do formalismo-valorativo (UFRS). É uma fase atual da ciência do 
processo que se vale das transformações ocorridas no direito moderno e no direito 
constitucional. 
 
II PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO PROCESSO CIVIL 
1. Devido Processo Legal (due process of Law): 
 
a) Considerações gerais: esta expressão existe desde o século XIV. Esta ideia de 
respeito ao devido processo legal existe desde o século XI (Magna Carta). A Magna 
Carta trazia a expressão “law of the land”. O STF emprega a expressão “fair trial” para 
designar devido processo legal. 
b) Dissecando o termo: 
• “Legal”: este adjetivo refere-se ao direito e não à lei. O devido processo está em 
conformidade com o direito e não com a lei. A lei é apenas uma parte do direito. 
• “Devido”: trata-se de um conceito indeterminado. É sempre resultado de uma 
construção histórica. Contém um acúmulo histórico mínimo. Trata-se de uma cláusula 
de proteção contra a tirania. 
• “Processo”: como meio de criação de norma jurídica (1ª acepção). Nesse 
sentido, é possível falar em um devido processo legal legislativo, administrativo e 
jurisdicional. anapatriciasteele@hotmail.com / alinesh64@gmail.com / 
elianegabrig@globo.com 
 
- Observação: fala-se muito hoje em um devido processo legal privado. No âmbito 
das relações jurídicas privadas também há processo, mas neste processo não há a 
presença do Estado, muito menos do juiz. Não se trata de arbitragem. Neste processo, 
não há exercício de jurisdição, decorre do direito de autorregramento da vontade. 
Exemplo: um condomínio de apartamentos. Cada condomínio tem o seu regramento, 
cuja inobservância enseja a imposição de uma multa. Diante da prática de um ilícito 
condominial, o sujeito tem direito, no âmbito do condomínio, a um processo devido, 
ainda que no âmbito privado. Não poderá ser o condômino surpreendido com a 
notificação de cobrança de multa, sem que ao menos lhe seja garantido o direito de se 
defender. 
	
   	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
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Art. 57 do CC: 
Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim 
reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos 
previstos no estatuto. (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005) 
- Em outubro de 2005, o STF prolatou uma decisão consolidando este entendimento 
acerca da existência do devido processo legal privado. 
- No estudo dos direitos fundamentais, fala-se em eficácia horizontal e vertical desse 
direitos. A eficácia vertical dos direitos fundamentais corresponde à regulação das 
relações entre Estado e cidadão. A eficácia horizontal dos direitos fundamentais 
corresponde à regulação dos direitos fundamentais das relações entre particulares. 
Exemplo de eficácia horizontal entre particulares é o devido processo legal privado. 
c) A doutrina identifica duas dimensões do devido processo legal. São elas: 
• Dimensão formal ou processual (procedimental) do devido processo legal: o 
DPL é a fonte de uma série de direitos que dizem respeito à validade do processo. É 
uma fonte de garantias processuais, de direitos a um processo válido. É a dimensão que 
nos garante o contraditório, o juiz natural, a publicidade, a motivação. 
• Dimensão material, substancial ou substantiva do devido processo legal: 
esta dimensão do DPL foi desenvolvida nos EUA. Isto porque a Constituição Norte-
americana é muito enxuta e os direitos fundamentais foram sendo gradualmente 
conquistados, diferentemente do que se observa no Brasil, onde os direitos 
fundamentais foram consagrados de uma só vez no art. 5º da CF. Nesse sentido, os 
americanos passaram a desenvolver o devido processo legal substancial. O Brasil 
importou essa ideia, tendo criado, a partir desta ideia, uma doutrina brasileira do devido 
processo legal substancial. Para nós, o DPL substancialé fonte dos deveres de 
proporcionalidade e razoabilidade. Nesse sentido, as decisões deverão ser proporcionais 
e razoáveis, as quais decorrem de uma perspectiva substancial do DPL. O DPL 
substancial é a fonte constitucional da proporcionalidade e da razoabilidade. Conforme 
dito, esta concepção é brasileira, os EUA atribuíram ao DPL substancial designação 
diversa. A doutrina tem criticado o DPL substancial brasileiro. Nesse sentido, são duas 
as críticas: 
- A concepção adotada pelo Brasil é errada, eis que diferente da concepção de DPL 
substancial americano. Para os EUA, a dimensão substancial do DPL é a fonte de 
proteção dos direitos fundamentais implícitos. Para os brasileiros, esse sentido é 
desprovido de qualquer utilidade. Isto porque temos um rol imenso de direitos 
fundamentais. Além disso, a nossa própria CF dispõe que este rol é exemplificativo (em 
um dos § do art. 5º). 
- Essa concepção brasileira é inútil, pois a proporcionalidade e a razoabilidade podem 
ser extraídas de outros princípios constitucionais, como o princípio da igualdade e o 
princípio do Estado de Direito. 
	
   	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
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Obs: todos os demais princípios que serão estudados derivam do DPL. 
 
2. Princípios Explícitos: 
• Contraditório; 
• Publicidade; 
• Duração razoável do processo. 
 
a) Contraditório: tem duas dimensões 
• Dimensão formal: consiste no direito de ser ouvido, no direito de participar da 
produção da norma (processo). 
• Dimensão substancial: é o que se chama de poder de influência. É preciso dar à 
parte instrumentos que lhe permitam influenciar a decisão. É preciso, nesse sentido, que 
esses argumentos levados pela parte sejam, necessariamente, analisados pelo juiz. O 
direito à prova e ao recurso são corolários do contraditório visto em sua dimensão 
substancial. A ampla defesa nada mais é do que a dimensão substancial do 
contraditório. 
Obs: a liminar viola o principio do contraditório? Não, a previsão de liminares é 
claramente uma mitigação do contraditório. Mas essa mitigação se dá com a finalidade 
de tutelar o princípio da efetividade. Não é inconstitucional, por serem provisórios. As 
liminares fundam-se normalmente em situação de perigo, urgência. As liminares não 
eliminam o contraditório, apenas o mitigam. 
Obs2: A decisão de indeferimento da petição inicial é uma decisão a favor do réu, por 
isso não há violação ao contraditório. 
Obs3: existem questões que o juiz pode trazer ao processo sem que tenha sido 
provocado. São as chamadas questões de ordem pública (incompetência absoluta, 
inconstitucionalidade de lei, prescrição). Nesse sentido, poderá o juiz decidir com base 
em uma questão a respeito da qual ninguém se manifestou, mesmo sendo esta questão 
suscitável de ofício? A parte não pode sequer se manifestar acerca desta questão 
(exemplo: prescrição de crédito). O processo não é um ato solitário. As partes devem ser 
intimadas para se manifestarem acerca da questão suscitada de ofício, antes da prolação 
de qualquer decisão. Observância do contraditório. 
b) Princípio da publicidade: o processo para ser devido deve ser público. A 
publicidade processual tem duas dimensões: 
• Dimensão interna: o processo tem de ser público para as partes. Esta publicidade 
é irrestrita. 
• Dimensão externa: o processo deve ser público também para quem não faz parte 
dele, para que possa haver um controle público do exercício da jurisdição. Mas esta 
publicidade pode sofrer restrições para a preservação da intimidade das pessoas ou do 
interesse público. O CNJ editou uma resolução (121 de 2010) que regula o processo 
eletrônico. “O STF e o populismo judicial” – Virgílio Afonso da Silva. 
	
   	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
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c) Princípio da duração razoável do processo: um processo devido é um processo 
tempestivo. A Constituição fala em duração razoável do processo, não menciona 
princípio da celeridade, da rapidez. O processo deve demorar o tempo razoável para que 
a decisão seja justa. É inevitável que o processo demore. Garante-se o direito a uma 
demora razoável. A duração razoável do processo é aferível caso a caso. O Tribunal 
Europeu de Direitos Humanos tem uma jurisprudência antiga sobre esse tema, definindo 
critérios para verificar se a duração do processo é razoável ou não: 
 
- Complexidade da causa; 
- Infraestrutura do Judiciário; 
- Comportamento do Juiz; 
- Comportamento das partes. 
 
A lei 9504/97, no art. 97-A, estabelece o prazo de 1 ano como razoável para duração de 
um processo que leve à perda de mandato eletivo. 
 
Existem alguns instrumentos para assegurar a duração razoável do processo: 
consequências administrativas que impeçam a promoção do juiz. O art. 198 do CPC 
prevê a chamada representação por excesso de prazo. Constada a demora irrazoável, há 
a redistribuição da causa. O juiz perderá a competência para julgar a causa. Trata-se de 
uma competência perdida em razão da demora irrazoável. 
 
Art. 198. Qualquer das partes ou o órgão do Ministério Público poderá representar ao presidente do 
Tribunal de Justiça contra o juiz que excedeu os prazos previstos em lei. Distribuída a representação ao 
órgão competente, instaurar-se-á procedimento para apuração da responsabilidade. O relator, conforme 
as circunstâncias, poderá avocar os autos em que ocorreu excesso de prazo, designando outro juiz para 
decidir a causa. 
 Há, por fim, a responsabilidade civil pela demora. 
3. Princípios Implícitos (embora implícitos, são princípios constitucionais. 
Também decorrem do devido processo legal). 
 
a) Princípio da Boa-Fé: um processo, para ser devido, tem que ser leal – devido 
processo leal. O STF já decidiu que o princípio da boa-fé decorre do DPL. Existe 
previsão infraconstitucional do principio da boa-fé. Nesse sentido, podemos dizer que 
este princípio é explícito em nível infraconstitucional (art. 14, II, CPC): 
 
Art. 14. São deveres das partes e de todos aqueles que de qualquer forma participam do processo: 
(Redação dada pela Lei nº 10.358, de 2001) 
(...) 
 II - proceder com lealdade e boa-fé; 
 
Embora o texto seja antigo, a compreensão de que este inciso consagra um princípio é 
nova. 
	
   	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  DIREITO	
  PROCESSUAL	
  CIVIL8	
  
 
Com relação aos destinatários deste princípio, temos que este princípio é dirigido a 
todos os sujeitos do processo. 
 
BOA-FÉ SUBJETIVA BOA-FÉ OBJETIVA 
• É um fato (de alguém acreditar 
que está agindo corretamente) - estado 
psíquico. 
• É uma norma de conduta 
(princípio). Esta norma impõe 
condutas em conformidade com um 
padrão ético, um padrão de lealdade 
em determinado contexto. Princípio 
da boa-fé e Boa-Fé objetiva são 
sinônimos, de modo que NÃO se deve 
falar em princípio da Boa-fé subjetiva. 
 
- Conteúdo do Princípio da Boa-Fé processual: 
• Veda comportamentos de má-fé processual: não se exige a comprovação da 
má-fé. Se o comportamento é, objetivamente, antiético, deverá ser punido, mesmo que o 
agente esteja com boa-fé subjetiva. Não se pune a intenção, mas sim o comportamento 
objetivamente considerado. 
• Torna ilícito abuso de direito processual. Ex: algumas autoridades têm a 
prerrogativa de serem ouvidas onde e como quiserem. A pessoa egrégia tem o direito de 
escolher o lugar e a hora, por três vezes, segundo o STF. Se não comparecer, por três 
vezes, perderá esta prerrogativa, por abuso do direito processual, que decorre do 
princípio da Boa-fé. É uma cláusula geral./ Ex2: o réu tem o direito de ser ouvido 
quando o autor quiser desistir do processo. O réu não poderá, por capricho, recusar a 
desistência do autor, deve haver uma justificativa em razão do princípio da boa-fé. 
• Proíbe o venire contra factum proprium no processo: “comportar-se contra as 
próprias atitudes”. O comportamento contraditório é ilícito, pois viola o princípio da 
Boa-fé. Não posso induzir alguém a acreditar num comportamento meu e depois frustrar 
a outra parte; Ex: executado nomeia a penhora sua geladeira, e depois alega sua 
impenhorabilidade/ parte homologa a desistência e depois interpõe recurso./ O CPC 
permite o julgamento antecipado da lide pelo juiz. Se o julga a causa apenas com as 
provas documentais, mas conclui pela improcedência do pedido por falta de provas (ele 
obstou a realização de AIJ), há comportamento claramente contraditório. 
• Deveres de cooperação: a boa-fé, no processo, impõe deveres de cooperação 
entre todos os sujeitos do processo. Ex: o autor tem o dever de expor sua argumentação 
de maneira clara a fim de viabilizar a defesa do réu. 
 
b) O princípio da cooperação é um sub-princípio do princípio da Boa-Fé. 
c) Princípio da Efetividade: garante a todos o direito à efetivação dos seus 
direitos. O processo devido, além de ser um processo público, leal, em contraditório, 
com duração razoável, deve propiciar a efetivação do direito perseguido. Há um direito 
fundamental à efetividade. Na jurisprudência, há precedentes que admitem a penhora de 
parte de salários altos, a fim de viabilizar a efetividade no processo de execução, mesmo 
	
   	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  DIREITO	
  PROCESSUAL	
  CIVIL	
   	
  
	
  
	
   9	
  
contra texto expresso de lei. Neste caso, a efetividade é tida como direito fundamental 
do exequente. 
d) Princípio da adequação: um processo, para ser considerado devido, necessita 
ser adequado. Impõe o direito a um processo decido, não é um direito a qualquer 
processo. A dúvida consiste em saber o que é um processo adequado. A doutrina 
identificou três critérios de adequação do processo (que não se excluem), a saber: 
• O processo deve ser adequado objetivamente (adequação objetiva): o 
processo deve ser adequado ao direito que se busca tutelar. O processo deve adequar-se 
às peculiaridades do direito discutido. O princípio da adequação se dirige ao legislador e 
ao juiz. O princípio da adequação impõe que o legislador crie normas processuais 
adequadas, sob pena de estar eivada do vício de inconstitucionalidade em razão do 
malferimento do devido processo legal. No que tange à dimensão jurisdicional do 
princípio da adequação, é necessário indagar: deve o juiz adequar o processo às 
peculiaridades do caso concreto? Há quem diga que não, ao argumento de que tal 
conduta feriria a segurança jurídica e a separação de Poderes. Outros acreditam ser 
possível a adequação pelo juiz, a fim de viabilizar o devido processo legal, evitando a 
violação do direito fundamental a um processo adequado (princípio da adequação 
jurisdicional, princípio da flexibilidade do procedimento, princípio da adaptabilidade do 
procedimento, adequação formal do processo)3. Ex: direito a alimentos. Este direito 
impôs a criação de um processo de execução adequado às suas peculiaridades, 
permitindo, por exemplo, a prisão civil. Ex2: causas de menor complexidade são 
submetidas ao rito dos Juizados Especiais./ Ex3: tutela da posse. 
• A adequação tem de ser subjetiva (adequação subjetiva): o processo tem de 
ser adequado aos sujeitos que dele vão se valer. Exemplos: a presença de um incapaz 
como sujeito do processo enseja a atuação do MP. Tal fato é exemplo de adequação 
subjetiva do processo./ A criação de uma vara para a Fazenda Pública: cria-se uma 
estrutura processual adequada para as ações envolvendo o Poder Público/ prioridade de 
tramitação a processos envolvendo idosos. 
• Adequação teleológica: é a adequação do processo aos seus fins. O processo de 
conhecimento visa a conferir certeza jurídica, o que inspira a criação de normas 
processuais que admitam maior dilação probatória, diferentemente do que se observa na 
execução, cuja finalidade precípua é a efetivação do direito, restringindo-se a 
possibilidade de debates no âmbito da execução. 
III OS MODELOS DE DIREITO PROCESSUAL 
A Doutrina processual costuma identificar a existência de dois grandes modelos de 
direito processual. Trata-se de uma divisão clássica. No processo, há diversas 
atribuições que devem ser divididas entre os diferentes sujeitos do processo.: 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
3	
  Esta	
  posição	
  é	
  perfilhada	
  pelo	
  Professor	
  Fredie	
  Didier.	
  Exemplo	
  de	
  adequação	
  jurisdicional:	
  o	
  prazo	
  de	
  
defesa	
   é	
   de	
   15	
  dias.	
   Tal	
   prazo	
   é	
   tido	
  por	
   razoável.	
   Sucede	
  que	
   se	
  o	
   autor	
   tenha	
   juntado	
  um	
  extenso	
  
lastro	
  probatório	
  de	
  modo	
  que	
  a	
  defesa	
  em	
  15	
  dias	
  seria,	
  neste	
  caso,	
  um	
  prazo	
  demasiadamente	
  exíguo.	
  
Neste	
   caso,	
   a	
   doutrina	
   admite	
   que	
   o	
   juiz	
   poderá	
   dilatar	
   o	
   prazo	
   defesa,	
   de	
   modo	
   a	
   adequá-­‐lo	
   às	
  
peculiaridades	
  da	
  causa.	
  
	
   	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  DIREITO	
  PROCESSUAL	
  CIVIL10	
  
• Modelo dispositivo ou adversarial4: Quando estas tarefas são distribuídas de 
modo a dar protagonismo às partes, restando para o juiz a tarefa de decidir, fala-se em 
modelo dispositivo. A condução do processo cabe, basicamente, às partes, competindo 
ao juiz apenas a função de julgar. A ideia é que o juiz se afaste da condução do 
processo. Sempre que uma norma processual der poder às partes, tirando esse poder de 
condução do juiz, fala-se que esta norma prestigia o modelo dispositivo. A doutrina faz 
menção à existência do princípio dispositivo, consistente na criação de uma norma 
processual que dê protagonismo às partes. Trata-se de um modelo de influência liberal, 
pois prega o afastamento do Estado. É tradicionalmente adotado nos países de Common 
Law. 
• Modelo inquisitivo ou inquisitorial: no modelo inquisitivo o protagonismo do 
processo é do juiz. O juiz tem poderes de condução e de decisão. Neste o modelo, o juiz 
poderá determinar a produção de provas ex officio. O juiz conduz o processo às vezes a 
despeito da vontade das partes, decidindo a causa. Sempre que uma norma processual 
atribuir ao juiz o poder de interferir no processo, fala-se que esta norma concretizou o 
princípio inquisitivo. Os países vinculados à tradição do Civil Law adotam este modelo. 
Observações: 
1. Não existe nenhum país com um direito processual puramente dispositivo ou 
inquisitivo. Há apenas uma predominância de manifestações de dispositividade ou 
inquisitividade. No direito processual brasileiro, a doutrina mais tradicional costuma 
dizer que o CPC adotou o modelo inquisitivo. Não obstante, o processo começa apenas 
com a iniciativa das partes, e o juiz fica adstrito ao pedido formulado pela parte. O 
processo é inquisitivo pela possibilidade de o juiz produzir provas de ofício. 
2. O processo inquisitivo está associado ao surgimento do Estado de Bem Estar 
Social (Welfare State). Alguns autores mais radicais sustentam que o processo 
inquisitivo é autoritário, tendo em vista o protagonismo do Estado. O professor entende 
que tal ideia é equivocada. Estes autores radicais se reuniram sob uma rubrica, chamada 
de garantismo processual5. 
3. Ativismo judicial. Revela-se em duas dimensões: 
• Dimensão material: princípios, cláusulas gerais conferem poder ao juiz para que 
este crie soluções para os problemas jurídicos; 
• Dimensão processual: agigantamento dos poderes de condução do processo. É o 
princípio da adequação jurisdicional. 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
4	
  Os	
  processualistas	
  penais	
  chamam	
  de	
  modelo	
  acusatório.	
  
5	
   Abordagem	
   filosófica	
   do	
   Direito	
   contrária	
   ao	
   agigantamento	
   do	
   Poder	
   do	
   Estado	
   em	
   relação	
   ao	
  
cidadão.	
   Defende	
   a	
   garantia	
   dos	
   direitos	
   fundamentais	
   face	
   à	
   hipertrofia	
   do	
   Estado.	
   É	
   muito	
  
influenciado	
  pela	
  obra	
  de	
  FERRAJOLI.	
  São	
  garantistas	
  processuais:	
  MONTERO	
  AROCA.	
  No	
  Brasil,	
  quem	
  se	
  
destaca	
  dentro	
  desta	
  concepção	
  é	
  GLAUCO	
  GUMERATO.	
  Segundo	
  Didier,	
  o	
  garantismo	
  é	
  equivocado	
  na	
  
medida	
  em	
  que	
  sustenta	
  que	
  todo	
  aquele	
  que	
  é	
  partidário	
  da	
  presença	
  do	
  juiz	
  na	
  condução	
  do	
  processo	
  
é	
   um	
   déspota.	
   Os	
   garantistas	
   não	
   se	
   preocupam	
   com	
   a	
   justiça	
   das	
   decisões,	
   mas	
   apenas	
   com	
   a	
  
participação	
  das	
   partes.	
   Repelem	
  o	
  princípio	
   da	
  boa-­‐fé	
   processual.	
   Entretanto,	
   deve-­‐se	
   admitir	
   que	
  o	
  
discurso	
  garantista	
  restringe	
  uma	
  atuação	
  abusiva	
  do	
  juiz.	
  
	
   	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  DIREITO	
  PROCESSUAL	
  CIVIL	
   	
  
	
  
	
   11	
  
Tem havido uma comunicação entre os modelos dispositivo e inquisitorial. A 
consagração da jurisprudência como fonte do direito reflete uma característica do 
common law. 
Defende-se a ideia de um terceiro modelo de direito processual: modelo de processo 
cooperativo. 
• Modelo cooperativo: a condução do processo se dá sem protagonismos. O 
processo é conduzido cooperativamente pelas partes e pelo juiz. Haveria um equilíbrio 
na condução do processo. A cooperação refere-se apenas à condução do processo. Não 
há cooperação no processo decisório. Permite uma participação mais efetiva das partes 
sem enfraquecer a participação do juiz, seria um modelo mais adequado para os 
Estados democráticos. Há, no Brasil, muitos autores que defendem que o modelo do 
direito processual brasileiro é cooperativo6, em razão do princípio democrático, do 
devido processo legal e da boa-fé (uma das consequências do princípio da boa-fé, 
conforme dito, é a cooperação). Consequência prática deste modelo: a doutrina 
identifica três concretizações do princípio da cooperação, todas referentes ao juiz: 
ü Dever de esclarecimento: o juiz tem o dever de esclarecer as suas 
manifestações para as partes, mas também tem o dever de pedir esclarecimentos. Se o 
juiz recebe uma postulação que ele não entende, não poderá inadmitir o pedido alegando 
incompreensão do pedido. 
ü Dever de consulta: o juiz tem o dever de consultar as partes previamente acerca 
de qualquer questão de fato ou de direito relevante para a solução da causa. Em suma, 
não pode haver decisão com base em questão a respeito da qual as partes não puderam 
se manifestar. Esta decisão que viola o contraditório é chamada de decisão de terceira 
via. 
ü Dever de prevenção: O juiz tem o dever de indicar os deveres processuais que 
comprometam a validade do processo, dizendo como esses defeitos devem ser 
corrigidos. Exemplo: o juiz não pode, no Brasil, indeferir a petição inicial sem antes 
apontar o defeito dela e dizer como ela deve ser corrigida (emendar a petição inicial). 
IV PRECLUSÃO 
1. Conceito: é a perda de uma situação jurídica processual ativa. Sempre que no 
processo se perde um direito processual, uma competência, um poder, dá-se a esse 
fenômeno o nome de preclusão. Há preclusão para as partes e para o juiz. Não existe 
processo sem preclusão, pois a preclusão consolidam situações processuais, 
estabilizando-as. 
2. Preclusão pro iudicato: é a preclusão da análise de uma questão que se reputa 
decidida implicitamente. Torna-se preclusa a questão como se ela estivesse sido julgada. 
Exemplo: no STF, se o ministro não se manifestar em 15 dias dobre a repercussão geral, 
considera-se que há repercussão geral. 
3. Fundamentos: concretiza três grandes princípios... 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
6	
  Posição	
  defendida	
  por	
  FREDIE	
  DIDIER,	
  DIERLE	
  NUNES,	
  DANIEL	
  MITIDIERO,	
  ANTÔNIO	
  CABRAL.O	
  projeto	
  
do	
  novo	
  CPC	
  é	
  inteiramente	
  estruturado	
  com	
  base	
  no	
  p.	
  da	
  cooperação.	
  
	
   	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  DIREITO	
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  CIVIL	
   	
  
	
  
	
   12	
  
ü Princípio da segurança jurídica; 
ü Princípio da boa-fé; 
ü Princípio da duração razoável do processo. 
4. Espécies de preclusão: a Doutrina sistematiza as espécies de preclusão de acordo 
com as suas causas, ou seja, os fatos que geram a preclusão. 
a) Preclusão temporal: é a perda de um poder processual em razão da perda de um 
prazo. 
b) Preclusão consumativa: perde-se o poder processual em razão do seu exercício. 
c) Preclusão lógica: perde-se o poder processual em razão da prática anterior de 
um ato incompatível com ele. Ex: se a parte desiste do processo e a desistência é 
homologada pelo juiz, não poderá a parte recorrer da decisão. Pois a sentença decorre de 
ato criado pela própria parte. O recurso é incompatível com a desistência. Decorre da 
proibição do comportamento contraditório (princípio da boa-fé – venire contra factum 
proprium). 
d) Preclusão decorrente da prática de um ilícito (Fredie Didier): as três 
primeiras espécies de preclusão não decorrem de um ato ilícito. Há, entretanto, 
preclusões que operam como punição (preclusão punitiva/ preclusão-sanção). Exemplo: 
art. 198 do CPC: 
Art. 198. Qualquer das partes ou o órgão do Ministério Público poderá representar ao presidente do 
Tribunal de Justiça contra o juiz que excedeu os prazos previstos em lei. Distribuída a representação ao 
órgão competente, instaurar-se-á procedimento para apuração da responsabilidade. O relator, conforme 
as circunstâncias, poderá avocar os autos em que ocorreu excesso de prazo, designando outro juiz para 
decidir a causa. 
 
5. Preclusão e questões de ordem pública: 
ü Existe preclusão para o exame de questões de ordem pública? Não há. As 
questões de ordem pública podem ser examinadas a qualquer tempo – art. 267, §3º, 
CPC: 
 § 3o O juiz conhecerá de ofício, em qualquer tempo7 e grau de jurisdição, enquanto não proferida a 
sentença de mérito, da matéria constante dos ns. IV, V e Vl; todavia, o réu que a não alegar, na primeira 
oportunidade em que Ihe caiba falar nos autos, responderá pelas custas de retardamento. 
ü Existe preclusão para o reexame das questões de ordem pública? A maior 
parte da doutrina e os tribunais entendem que não há preclusão para o reexame. É 
possível reexaminar a qualquer tempo. O professor Fredie Didier é contrário a este 
entendimento, assim como Barbosa Moreira, Calmon de Passos, Frederico Marques. 
 
V JURISDIÇÃO 
1. Conceito: 
a) Jurisdição é a função atribuída a terceiro imparcial. 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
7	
   Deve	
   ser	
   compreendido	
   como	
  na	
   pendência	
   do	
   processo.	
   Enquanto	
   o	
   processo	
   estiver	
   pendente,	
   é	
  
possível	
  o	
  exame	
  das	
  questões	
  de	
  ordem	
  pública.	
  üA	
  expressão	
  “a	
  qualquer	
  tempo”	
  inclui	
  as	
  instâncias	
  
extraordinárias.	
  (esse	
  tema	
  será	
  visto	
  em	
  Recurso	
  Extraordinário).	
  
	
   	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
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  PROCESSUAL	
  CIVIL	
   	
  
	
  
	
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ü A jurisdição é uma forma de heterocomposição (composição por outro – hetero. 
Composição de um conflito por alguém que não é parte deste). Esta condição de terceiro 
é chamada de impartialidade. O juiz é impartial quando não é parte e sim terceiro. 
ü A jurisdição é um monopólio do Estado? O Estado tem o monopólio da 
jurisdição. Mas nada impede que o Estado permita que outros entes exerçam jurisdição. 
O Estado pode autorizar o exercício da jurisdição por entes não estatais. No Brasil, a 
arbitragem é exemplo de jurisdição não estatal. 
ü Não basta a condição objetiva de terceiro, é necessário que o órgão jurisdicional 
não tenha vínculo com a causa. A imparcialidade pressupõe o desinteresse, a 
equidistância. A imparcialidade8 é uma situação subjetiva. Trata-se de uma relação entre 
o juiz e a causa. 
 
b) Para, mediante um processo devido: 
ü É o processo que torna legítimo o exercício da jurisdição. É o modo pelo 
qual a jurisdição deve ser exercida.	
  
	
  
c) Reconhecer, efetivar ou proteger: 
ü Processo de conhecimento, execução e cautelar. 
 
d) Situações jurídicas concretamente deduzidas: 
ü Não existe jurisdição que não atue sobre um processo concretamente 
deduzido. 
ü Tradicionalmente, os Doutrinadores identificavam que este caso era um 
litígio (conflito). Entretanto, o caso que se leva ao judiciário para ser resolvido nem 
sempre é ima lide. É equivocado afirmar que a jurisdição sempre decide conflitos. 
Exemplo: acionar a jurisdição para promover a mudança de nome, pedido de 
naturalização. Há jurisdição que atue sem ser sobre um conflito. 
e) De modo imperativo e criativo: 
ü O juiz não aconselha, não sugere, ele tem o dever de reconhecer/ efetivar/ 
proteger situações jurídicas concretamente deduzidas. Trata-se de um ato de poder. 
ü O juiz, ao julgar, reconstrói o sistema jurídico a partir de um caso 
concreto, criando a solução do caso. A criatividade jurisdicional aspecto fundamental da 
jurisdição. Revela-se em dois aspectos. São eles: 
Ø O juiz cria a norma jurídica do caso concreto; 
Ø O juiz também cria uma norma jurídica geral que serve como padrão para 
a solução de casos futuros semelhantes àquele. 
 
f) Em decisão insuscetível de controle externo: 
ü A decisão jurisdicional não pode ser revista pela lei ou por um ato 
administrativo. Isto é um característica exclusiva da jurisdição, não se observando tal 
aspecto nos outros Poderes da República. 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
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   Atenção:	
   neutralidade	
   NÃO	
   é	
   sinônimo	
   de	
   imparcialidade.	
   O	
   juiz	
   não	
   é	
   neutro.	
   Neutro	
   pressupõe	
  
ausência	
   de	
   valores.	
   Nenhum	
   ser	
   humano	
   é	
   neutro,	
   indiferente	
   aos	
   valores	
   humanos.	
   Posso	
   não	
   ter	
  
interesse,	
  mas	
  posso	
  me	
  sensibilizar	
  com	
  a	
  causa.DIREITO	
  PROCESSUAL	
  CIVIL	
   	
  
	
  
	
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g) Com aptidão para a coisa julgada. 
ü A chamada “coisa julgada administrativa” é uma preclusão no âmbito 
administrativo. Não impede que esta questão seja discutida no Judiciário. Já no âmbito 
da jurisdição, a coisa julgada é uma estabilidade exclusiva da atividade 
jurisdicional. 
VI EQUIVALENTES JURISDICIONAIS 
1. Conceito: é um método de solução de conflito de caráter não jurisdicional. 
2. Espécies: 
a) Autotutela: um dos conflitantes impõe ao outro a solução do conflito. O conflito 
é resolvido pela força de um sobre o outro. Em regra, é proibida. O exercício 
arbitrário das próprias razões é o exercício da autotutela não permitida pela lei. 
Entretanto, existem hipóteses de autotutela que são permitidas. São elas: (i) a greve; (ii) 
a legítima defesa; (iii) desforço incontinenti/imediato; (iv) guerra; (v) poder de polícia 
da Administração Pública (autoexecutoriedade). 
b) Autocomposição: a solução do conflito é construída pelos conflitantes de modo 
negocial. Exemplo: divórcio consensual em cartório. “ADR” (Alternative Dispute 
Resolution). Esta sigla é um gênero que serve para designar os meios alternativos de 
solução de conflito. A autocomposição é o principal exemplo de ADR. A 
autocomposição poderá se dar em juízo (judicial) ou fora do juízo (extrajudicial). 
São Formas de autocomposição: 
Ø Transação: as partes realizam concessões recíprocas para que o conflito seja 
resolvido; 
Ø Submissão (voluntária): se uma parte, voluntariamente, se submete à outra, há, 
evidentemente, a autocomposição. Isto porque a parte, negocialmente, abdicou de seu 
direito em favor da outra parte. Exemplo: a renúncia, o perdão. Esta submissão, quando 
feita em juízo, denomina-se renúncia (se o autor se submeter) ou reconhecimento 
(se o réu se submeter). 
c) Mediação: um terceiro, normalmente escolhido pelas partes, se coloca entre as 
partes para ajudá-las a resolver um problema por autocomposição. É um “catalisador” 
de acordos. Entretanto, o mediador não decide, apenas facilita a resolução dos conflitos. 
Segundo a doutrina, o mediador, diferentemente do conciliador, não poderá fazer 
proposta de acordo. 
d) Decisão de tribunal administrativo: Tribunal de Contas, Tribunal Marítimo, 
Tribunal de Ética da OAB, Tribunal de Contribuintes, CADE. Forma de resolução de 
conflitos por heterocomposição, pois é um terceiro imparcial que decide. Esta decisão 
que pode ser submetida a controle jurisdicional não faz coisa julgada. 
VII ARBITRAGEM 
 Não é equivalente jurisdicional, pois se trata de jurisdição. Trata-se de uma 
jurisdição privada, não estatal, consensual. As partes escolhem o juiz da sua causa. As 
regras são delimitadas pelas partes, inclusive o prazo de defesa. 
	
   	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
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A fonte da arbitragem é a autonomia privada, ou seja, o poder de 
autorregramento. 
Apenas pessoas capazes poderão optar pela arbitragem, inclusive, os entes públicos. A 
lei de Parceira Público Privada elege a arbitragem como uma das formas de solução de 
conflitos envolvendo entes públicos. 
 Objeto da arbitragem: só pode dizer respeito a direitos disponíveis. 
 Quem poderá ser árbitro: qualquer pessoa capaz. 
 A decisão do árbitro denomina-se sentença arbitral, a qual é considerada título 
executivo judicial. O árbitro pode decidir, mas não poderá executar suas decisões. Que 
deverão ser executadas pelo judiciário. Nessa execução, não poderá o juiz estatal rever a 
decisão arbitral. O juiz estatal não poderá controlar o mérito das decisões arbitrais. A 
sentença arbitral é definitiva. O juiz estatal não tem que homologar convenção 
arbitral, apenas se limita a executá-la. Entretanto, existe apenas um instrumento de 
controle da arbitragem: ação anulatória da decisão arbitral, no prazo de 90 dias 
contados da intimação da sentença arbitral (Trata-se de um prazo decadencial, 
legal e não pode ser prorrogada pela vontade das partes. Não se trata de controle 
externo da arbitragem, pois a arbitragem também é jurisdição). As partes podem 
pretender a invalidação da sentença arbitral, o que não se confunde com revisão da 
sentença arbitral. O juiz estatal invalidará a sentença, a fim de que outra sentença seja 
proferida pelo árbitro (não reforma). Mas o problema que ensejará a anulação deve ser 
meramente formal (ausência de motivação, desrespeito ao contraditório). 
 O árbitro poderá se negar a decidir, quando a questão estiver fora do pacto de 
arbitragem. Atenção, o árbitro poderá decidir medidas cautelares, mas não poderá 
executá-las. 
 Marinoni é contra a natureza da arbitragem como jurisdição. 
 Convenção de arbitragem: negócio jurídico pelo qual as partes decidem 
submeter determinado problema à arbitragem. É a base para que os árbitros decidam 
sobre a sua competência. Existem duas espécies de convenção de arbitragem: 
Ø Cláusula compromissória: é uma cláusula prevista no contrato determinando 
que qualquer litígio que decorra daquele contrato será resolvido por arbitragem. É 
genérica e anterior ao conflito (pro futuro). Não se refere a um conflito específico. 
Ø Compromisso arbitral: o conflito já existe, e as partes resolvem decidí-lo pela 
arbitragem. 
 A arbitragem é, em regra, é sigilosa. 
 Os Embargos de Declaração são o único recurso previsto na Lei de 
Arbitragem. 
	
   	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
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 O árbitro poderá expedir uma carta arbitral para o juiz (espécie de carta 
precatória, pedido de colaboração). 
 Atenção: a convenção de arbitragem em contrato de adesão é nula, pois 
elimina-se a voluntariedade. 
 A anulação da sentença arbitral não macula a Convenção de Arbitragem. De 
outro lado, se houver anulação da Convenção de Arbitragem, também será nula a 
decisão. 
 A arbitragem pode ser decidida conforme o direito ou por equidade (senso de 
justiça). Nesse sentido, poderão as partes convencionarem a aplicação de direito 
estrangeiro. 
 Cláusula compromissória cheia: contém todos os elementos que permitem a 
instauração da arbitragem. Opõe-se a esta definição, a cláusula compromissória vazia. 
VIII PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO 
1. Princípio da investidura: a jurisdição deve ser exercida por quem tenha sido 
investido devidamente na função jurisdicional (concurso ou 5º constitucional). 
2. Princípio da inevitabilidade: o que é decidido pelo juiz inevitavelmente 
submete as partes. 
3. Princípio da indelegabilidade: A jurisdição não pode ser transferida para 
outro órgão. O juiz não pode delegar suas funções à outra pessoa. A arbitragem não é 
delegação, pois o juiz é o árbitro. Um juiz poderá exercer quatro tipos de poderes: 
ordinatório (poder de conduzir o processo), instrutório (poder de determinar a produção 
de provas), decisórioe executivo. Os atos ordinatórios podem ser delegados. O juiz, por 
exemplo, poderá delegar ao escrivão o poder de promover a citação do réu (art. 93, 
XIV, CF e art. 162, §4º do CPC). O poder instrutório também poderá ser delegado. 
Admite-se a delegação do poder instrutório dos tribunais ao juiz. Ex: caso do Mensalão: 
o Ministro Joaquim Barbosa delegou aos juízes de primeira instância a realização da 
oitiva das 400 testemunhas envolvidas no caso. O poder decisório, por sua vez, jamais 
poderá ser delegado. Admite-se que o Tribunal delegue seu poder executivo ao juiz. 
4. Princípio da territorialidade/ aderência: toda jurisdição se exerce sobre um 
dado território. Haverá sempre uma limitação territorial para o exercício da jurisdição. 
O nome técnico desta delimitação territorial chama-se foro. Ex: o STF tem foro em todo 
o território nacional. Na Justiça Estadual, o foro é chamado de comarca ou distrito (sub-
divisão da comarca). Uma comarca abrange uma cidade ou um grupo de cidades. Já o 
distrito poderá ser uma cidade, um bairro ou grupo de bairros. A Justiça Federal divide-
se em Seção Judiciária (Estado) e Sub-Seção Judiciária (cidade ou grupo de cidades). 
Há duas situações que excepcionam este princípio da territorialidade: 
- Imóvel situado no limite entre duas comarcas A e B. Uma ação que tenha por objeto 
este imóvel em trâmite na Comarca A. O juiz, embora situado na Comarca A, a decisão 
por este proferida será uma decisão eficaz sobre todo o imóvel, mesmo sobre a parte do 
	
   	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
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imóvel situada em outra comarca (B). O CPC confere a extraterritorialidade (art. 107, 
CPC). 
- Os atos de comunicação processual podem ser realizados pelo oficial de justiça nas 
comarcas da mesma região metropolitana ou em comarcas contíguas (fronteiriça). 
- Citações por Carta 
Atenção: a penhora não é ato de comunicação e sim de constrição, por isso, não está 
abrangida na hipótese em tela. (art. 230 do CPC). 
 
5. Princípio do Juiz natural: não tem um enunciado único na CF. Os incisos 
XXXVII e LIII do art. 5º da CF tratam deste princípio. Constituem corolário do devido 
processo legal. Possui duas dimensões: 
a) Formal: garante a todos o direito de ser processado e julgado por um juiz 
competente. Esta competência deverá ser geral e abstrata, para todo tipo de causa. É por 
este motivo que este princípio veda o Tribunal de Exceção, que é um tribunal criado 
para julgar determinado problema, não dispondo de um critério de competência abstrato 
e geral conferido pela lei. O juízo não foi previamente preparado para resolução dos 
conflitos, isto é, cria-se um juízo ad hoc. 
b) Material: o juiz natural garante não apenas o juízo competente, como também o 
juiz imparcial. É por este motivo que existe a regra da distribuição, a fim de que não 
haja escolha do juiz, de modo a preservar a sua imparcialidade (Reclamação 417). A 
convocação de juízes pelos tribunais, se observados critérios objetivos na escolha, não 
fere o princípio do juiz natural. A criação de turmas composta, em sua maioria, por 
juízes convocados é ponto controverso, não havendo consenso na jurisprudência. Este 
princípio devera também ser observado no âmbito do processo administrativo. 
 
6. Princípio da inafastabilidade (XXXV, art. 5º, CF): “a lei não excluirá da 
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. É possível recorrer ao 
judiciário para obtenção de tutela preventiva. O fundamento constitucional da tutela 
inibitória o princípio da inafastabilidade. Qualquer direito poderá ser levado à 
apreciação do Poder Judiciário. Não existe, no Brasil, direito que tenha sido afastado do 
Poder Judiciário. Entretanto, algumas ponderações devem ser feitas: “Poder Judiciário” 
deve ser compreendido como jurisdição. Isto porque há questões que a própria 
Constituição transferiu ao Senado para julgar. O Senado, por exemplo, detém 
competência jurisdicional para julgar crime de responsabilidade perpetrada pelo 
Presidente da República. No que se refere aos “atos políticos”, sustenta-se a 
impossibilidade de controle pelo Poder Judiciário. Embora o ato politico não seja, em 
regra, passível de controle, quando lesar direito de outrem, é cabível a apreciação 
deste ato pelo Poder Judiciário. Os atos administrativos discricionários podem ser 
questionados na Justiça, quando demonstrada a irrazoabilidade ou desproporcionalidade 
da escolha administrativa, violadora do devido processo legal substancial.	
  
“Justiça Desportiva”: a própria CF, no art. 217, §1º estabelece que só será possível ir 
ao judiciário discutir um problema desportivo após exaurida a via administrativa da 
Justiça Desportiva. Pode uma lei infraconstitucional criar outros casos em que só se 
possa ir ao Judiciário após o esgotamento administrativo da controvérsia? A CF anterior 
	
   	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
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autorizava expressamente isso. A CF de 88 silenciou a respeito da questão. A lei de 
Habeas Data e a Lei que cuida de Reclamação por desrespeito à sumula vinculante 
exigem o exaurimento no âmbito administrativo9. Se, no caso concreto, o autor 
demonstrar que não pode esperar o âmbito administrativo por se tratar de uma situação 
de urgência, o juiz deverá, obrigatoriamente, julgar a causa, a despeito de existir 
previsão legal que determine o exaurimento da via administrativa. Não se trata de 
exigência de exaurimento da via administrativa mas de interesse de agir.	
  
- Princípio da Indeclinabilidade: o juiz não poderá se recusar a julgar a causa. O juiz não 
poderá declinar a jurisdição. Configura ofensa ao princípio da Inafastabilidade da 
Jurisdição. 
Obs 1: Tutela jurisdicional é o que a jurisdição propicia. É o resultado obtido com o 
exercício da jurisdição. 
Obs 2: Fala-se também na existência do princípio do defensor e do promotor natural. 
Obs 3: o p. da inafastabilidade garante o direito de ação (direito de acesso à justiça). 
IX JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA 
1. Características Gerais e indiscutíveis da Jurisdição Voluntária: 
 
a) É uma atividade de integração de direitos. Pela jurisdição Voluntária, o juiz 
integra a vontade da parte para torná-la apta à produção de um determinado efeito 
jurídico. 
b) É uma atividade de fiscalização. O juiz fiscaliza a prática de atos jurídicos para 
verificar a sua regularidade. Ex: alteração de nome, interdição, adoção, retificação de 
registro, opção de nacionalidade, divórcio consensual, naturalização. 
c) Costuma ser necessária. Na maioria das vezes, a jurisdição voluntária é cabível 
em situações em que sujeito só pode exercer aquele ato em juízo. Há, entretanto, 
exceções: Se não houver incapaz, o divórcio consensual poderá ser feito em cartório. 
d) É, essencialmente, uma jurisdição constitutiva. Cria, altera ou extingue 
situaçõesjurídicas. 
e) Estrutura-se em um processo que segue o modelo inquisitivo. Há diversos 
procedimentos de jurisdição voluntária que o juiz poderá instaurar de ofício, exemplo: 
art. 1.129; 1.160; 1.171, CPC. 
f) Contraditório. Há contraditório neste tipo de jurisdição. Todos os interessados 
naquele assunto devem ser citados, conforme preceitua o art. 1.105 do CPC. 
Atenção: O MP não tem de intervir em todo procedimento de jurisdição voluntária mas 
apenas nos que discutirem direitos afetos à sua atuação 
g) É decidida por sentença apelável. (art. 1.110, CPC). 
h) Pode ser decidida com base na equidade (Art. 1.109, CPC) 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
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  No	
  que	
  tange	
  as	
  Comissões	
  de	
  Conciliação	
  Prévia:	
  O	
  STF	
  julgou	
  inconstitucional	
  a	
  disposição	
  que	
  previa	
  
o	
  exaurimento	
  da	
   via	
   administrativa	
   (submissão	
  da	
  demanda	
  obrigatória	
   a	
  essas	
  Comissões)	
   antes	
  de	
  
apreciação	
  do	
  caso	
  concreto	
  pela	
  Justiça	
  do	
  Trabalho.	
  
	
   	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
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Art. 1.109. O juiz decidirá o pedido no prazo de 10 (dez) dias; não é, porém, obrigado a 
observar critério de legalidade estrita, podendo adotar em cada caso a solução que reputar 
mais conveniente ou oportuna. 
Abre a jurisdição voluntária para uma justiça de equidade. Esta cláusula geral confere-
se flexibilidade tanto na condução do processo como no julgamento da causa. Ex: 
interdição. Neste procedimento, o interditando deverá ser obrigatoriamente interrogado 
pelo juiz. Mas se o interditando estiver em coma? O juiz poderá flexibilizar, diante das 
peculiaridades do caso concreto, esta regra. Ex 2: acordo de guarda compartilhada. A 
guarda compartilha existia, por força da aplicação deste dispositivo, antes mesmo de ser 
editada a lei. 
2. Polêmica acerca da natureza jurídica da jurisdição voluntária. 
1ª corrente: Concepção tradicional. Administração Pública de Interesse privado 
(entendimento majoritário). A Jurisdição voluntária, para esta corrente, constitui 
atividade administrativa. Na Jurisdição voluntária não há lide. Daí porque seria 
incorreto, em virtude da ausência de lide, falar em existência de jurisdição. Pelo mesmo 
motivo, não há que se falar em “ação”. Nesse sentido, para esta corrente, o mais 
adequado é falar em requerimento de jurisdição voluntária. Também não há que falar 
em processo e sim em procedimento. Não se pode falar em partes, e sim em 
interessados. Não há coisa julgada na jurisdição voluntária e sim preclusão. 
2ª corrente: é jurisdição e não atividade administrativa (Fredie Didier e Leonardo 
Greco). Lide não é pressuposto da jurisdição. O juiz decide o problema, o caso concreto, 
não necessariamente uma lide. Ainda que se adote o pressuposto da lide, seria 
equivocado afirmar que não há lide em jurisdição voluntária. Em verdade, embora a lide 
não seja pressuposto da jurisdição voluntária, não se pode afirmar que nunca haverá lide 
neste caso. É potencialmente litigiosa a jurisdição voluntária, daí porque todos os 
interessados devem ser citados. Ex: retificação de registro imobiliário	
  A retificação deve 
ser antecedida da citação dos vizinhos/ Ex2 interdição. O interditando pode negar a 
existência de insanidade mental ou da prodigalidade. Há, inevitavelmente, uma lide 
entre aquele que pretende a interdição e o interditado. Assim, na jurisdição voluntária 
não precisa haver lide, mas ela pode existir. Por este motivo, pode-se falar na 
existência de ação. Há processo, tendo em vista a existência de contraditório (para 
Didier, é inadmissível falar em procedimento). Também há partes na jurisdição 
voluntária. Para aqueles que defendem a natureza jurisdicional da jurisdição voluntária, 
há coisa julgada. Art. 1.111 do CPC (este dispositivo é curiosamente empregado pelas 
duas correntes para sustentar a existência/inexistência da coisa julgada). Segundo está 
corrente a sentença não poderá ser modificada, salvo em virtude da ocorrência de 
circunstâncias supervenientes: 
 Art. 1.111. A sentença poderá ser modificada, sem prejuízo dos efeitos já produzidos, se ocorrerem 
circunstâncias supervenientes. 
 
	
   	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
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X COMPETÊNCIA 
1. Conceito: parcela de poder. Quantidade de poder atribuída a um ente. 
 
2. Competência jurisdicional: parcela de jurisdição atribuída a um órgão 
jurisdicional. Sempre que o legislador dividir a jurisdição em diversos órgãos, está 
conferindo a cada um deles competência. 
 
3. Princípios que regem a competência. 
a) Princípio do juiz natural; 
b) Princípio da indisponibilidade da competência: o juiz não poderá abdicar de 
sua competência. Só a lei regula os casos de modificação de competência; 
c) Princípio da tipicidade das competências: a competência é aquela tipicamente 
prevista em lei. Há casos em que não há previsão legal expressa da competência. Por 
outro lado, não pode existir uma situação em que não haja juízo competente. Trata-se de 
competência implícita. É a competência que decorre de alguma previsão expressa, mas 
esta competência, como o próprio nome já diz, está implícita. No art. 102 da CF, não há 
regra expressa que defina a competência do STF para julgar Embargos de Declaração. 
Entretanto, está implícito que o embargos de declaração opostos em face das decisões 
do STF serão por ele apreciadas. Admite-se a competência implícita, pois não pode 
haver “vácuo de competência”. 
 
4. Kompetenzkompetenz (competência da competência): todo juiz é juiz de sua 
competência. Todo Juiz pode decidir sobre a sua competência. Por mais incompetente 
que seja o juiz, ele sempre terá, ao menos, a competência para se julgar incompetente. A 
incompetência atribui uma competência mínima ao juiz: a de reconhecer a sua 
incompetência. 
 
5. Distribuição da Competência: a Constituição cria 05 Justiças (Justiça Federal, 
do Trabalho, Militar, Eleitoral e Estadual). A competência da Justiça Estadual é 
residual. Um juiz que “pega” uma causa que é de outra Justiça (fora de sua 
competência constitucional), é um “juiz incompetente” ou um “não juiz”? Se a decisão 
for de um juiz incompetente, ela existe, mas é nula. Mas se for proferida por um não 
juiz, a decisão seria inexistente. Ada Pelegrini defende que um juiz que julga causa de 
outra Justiça é um não juiz. Esta não é a concepção majoritária, que entende ser o caso 
de decisão proferida por juiz incompetente. A constituição define, ainda, asleis 
estaduais, federais e municipais. Há, ainda, um terceiro nível, os regimentos internos 
dos Tribunais também distribuem competência. Entretanto, o regimento interno pega a 
competência que coube ao Tribunal, advinda da Constituição ou das leis, e distribui 
internamente. O regimento de um Tribunal não cria competência, apenas distribui 
internamente a competência que o Tribunal recebeu. O STF já julgou 
inconstitucional normas regimentais que atribuíam competência ao Tribunal sem a 
existência prévia de lei. 
 
	
   	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
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6. Fixação ou determinação da competência (art. 87 do CPC): 	
  
Art. 87. Determina-se a competência no momento em que a ação é proposta. São irrelevantes as 
modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente(perpetuatio), salvo quando 
suprimirem o órgão judiciário ou alterarem a competência em razão da matéria ou da hierarquia. 
A ação se considera proposta na data da distribuição ou, se não houver necessidade 
de distribuição, na data do despacho inicial. 
Regra da perpetuação da jurisdição: uma vez identificada o juiz competente da causa, 
são irrelevantes modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente. 
Trata-se uma regra de estabilidade do processo. O pressuposto desta regra é que o juízo 
para o qual foi distribuída a causa seja competente. 
Exceções à perpetuação da jurisdição: 
a) Supressão do órgão judiciário; 
b) Alteração da competência absoluta (competência em razão da matéria e da 
hierarquia); 
Ex: EC 45: transferiu competência da Justiça Estadual para a Justiça do Trabalho. O juiz 
estadual julgou a causa antes da EC 45. A parte apelou, e, uma vez o processo no TJ, 
veio a EC 45. O processo não vai para a Justiça do Trabalho. Isto porque não houve no 
caso a alteração de competência, pois contra a decisão proferida pelo juiz estadual, é 
cabível recurso para o TJ e não para o TRT. A quebra da perpetuação de jurisdição 
somente ocorre quando não foi proferida decisão. Processos já julgados não são 
redistribuídos. 
STJ Súmula nº 367 A competência estabelecida pela EC n. 45/2004 não alcança os processos já 
sentenciados. 
 
7. Classificação da competência: 
 
7.1 Competência Originária e Derivada 
 
a) Originária: para conhecer e julgar a causa pela primeira vez, originariamente. 
Embora haja casos de competência originária de um tribunal, como, por exemplo, a 
ação rescisória (originariamente, será proposta em um tribunal), a competência 
originária será, em regra, de um juízo singular. 
b) Derivada: competência para julgar a causa em grau de recurso. A regra é que a 
competência derivada seja de um tribunal. Excepcionalmente, há casos em que um juízo 
singular tem competência recursal. Ex: o juízo singular julga os embargos de declaração 
opostos contra suas decisões. 
7.2 Absoluta e Relativa 
a) Absoluta: uma regra de competência absoluta criada para atender interesse 
público. Por este motivo, não pode ser alterada pela vontade das partes. O 
desrespeito a uma regra de competência absoluta gera uma incompetência absoluta 
	
   	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
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que pode ser conhecida de ofício pelo juiz. Poderá ser alegada por qualquer das partes, 
por qualquer modo, enquanto durar o processo, podendo o juiz reconhecê-la de ofício10. 
b) Relativa: criada para proteção da parte. Por esta razão, trata-se de regra que pode ser 
alterada pela vontade das partes. A incompetência relativa não poderá ser 
reconhecida de ofício pelo juiz. Somente o réu poderá alegar a incompetência relativa, 
no primeiro momento que lhe couber falar nos autos, sob pena de preclusão. Esta 
alegação deve ser feita de um modo próprio, previsto em lei, para alegação de 
incompetência relativa (exceção de incompetência relativa). A exceção é uma peça 
processual avulsa, distinta da contestação. 
Observações: 
1. Se o réu for incapaz, o MP poderá opor a exceção de incompetência na condição 
de fiscal da lei; 
2. A jurisprudência tem tolerado a alegação de incompetência relativa dentro da 
contestação e não por exceção, quando não causar prejuízo ao autor. 
 
8. Consequências do reconhecimento da incompetência 
 
a) A incompetência absoluta gera nulidade de todos os atos decisórios. 
b) Qualquer que seja a incompetência, a causa será remetida ao juízo competente. 
Observação: há duas hipóteses em que a incompetência gera extinção do processo e não 
remessa dos autos: 
ü Incompetência dos Juizados Especiais. Neste caso, é admitido reconhecimento 
da incompetência de ofício pelo juiz, seja absoluta ou relativa. 
ü Incompetência internacional: a causa deveria ter sido ajuizada em outro país. 
c) Se o réu se cala e não alega a incompetência relativa, o juiz torna-se competente 
para julgamento da causa. Existe a possibilidade de modificação expressa da 
competência relativa, que é o chamado foro de eleição. O foro de eleição (contratual) é 
uma cláusula aposta em alguns negócios jurídicos em que as partes definem o território 
onde as causas será julgada. Nesse sentido, as causas relativas àquele negócio jurídico 
serão processadas e julgadas naquele território escolhido. Atenção: a cláusula de foro 
de eleição em contrato de adesão não será, necessariamente, abusiva. Se a cláusula for o 
foro de domicílio do consumidor, por exemplo, não será abusiva. Assim, a cláusula de 
eleição de foro em contrato de adesão, quando abusiva (prejudicial ao aderente), terá 
sua nulidade reconhecida pelo juiz ex officio. 
Art. 112. Argúi-se, por meio de exceção, a incompetência relativa. 
 
 Parágrafo único. A nulidade da cláusula de eleição de foro, em contrato de adesão, pode ser 
declarada de ofício pelo juiz, que declinará de competência para o juízo de domicílio do réu. 
 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
10	
   A	
   alegação	
   de	
   incompetência	
   absoluta	
   por	
   exceção	
   faz	
   com	
   que	
   esta	
   peça	
   seja	
   recebida	
   como	
  
contestação!

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