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BARRAS ESBELTAS Barras Curtas e Esbeltas Flambagem Prof. Helio Flavio Vieira Barra Curta e Barra Esbelta Barra Curta Uma barra é considerada curta quando a relação entre sua seção transversal e seu comprimento é de tal ordem que as deformações produzidas pela carga externa não interferem na ação desta carga externa. Por exemplo: se tivermos uma Barra Curta em que atue sobre a mesma uma carga excêntrica (excentricidade “e”), a relação mencionada anteriormente faz com que as deformações produzidas sejam tão pequenas em relação a excentricidade que podem ser desprezadas. Ou seja: • o comprimento “pequeno” em relação a uma seção transversal “grande” desfavorece a flexibilidade da barra, produzindo deformações desprezíveis com relação a flexão; • sendo assim, como as deformações são muito pequenas, estas não se constituem numa excentricidade adicional a já existente excentricidade, não interferindo na ação da carga externa. Prof. Helio Flavio Vieira Barra esbelta x P Barra curta x P y y Prof. Helio Flavio Vieira Prof. Helio Flavio Vieira Barra Curta Considerações sobre barra curta: • Atuando uma carga axial sobre uma barra curta, mesmo sendo uma carga excêntrica (situação mais favorável a flexão), a relação entre sua seção e seu comprimento é tal que não irá produzir flexibilidade a barra. • Como a barra não irá flambar, caso a carga seja aumentada continuamente, chegará a uma grandeza de tensão interna tal que irá produzir a ruptura desta barra por compressão. • Ou seja, a Capacidade Limite Elástica (σe – materiais dúcteis ou σR – materiais frágeis) é atingida e a barra perde a estabilidade por ruptura. • Portanto, sempre que formos construir uma barra sobre a qual irá atuar uma carga axial (excêntrica ou não) é importante verificar se ela é curta ou esbelta. • Caso seja constatado que a barra é curta, ela será dimensionada considerando sua Capacidade Limite Elástica (σe) ; de outro lado, se ela for esbelta, será considerada sua Tensão Crítica Euler (σCR). Prof. Helio Flavio Vieira Barra Esbelta Barra Esbelta Uma barra é considerada esbelta quando a relação entre sua seção transversal e seu comprimento é de tal ordem que as deformações produzidas pela carga externa interferem na ação desta carga externa, ou seja: • Caso a barra esteja solicitada a uma carga excêntrica compressiva (flexão composta), é criada uma excentricidade adicional a já existente. • Caso a barra esteja solicitada a uma carga centrada compressiva, será criada uma excentricidade adicional e, portanto, produzindo uma flexão composta, antes inexistente. Antes existia apenas compressão. Para este caso, a verificação da estabilidade da barra é feita através da Tensão Crítica de Euler, pois antes da barra perder a estabilidade por ruptura (σe), ela perderá por flambagem (σCR). Prof. Helio Flavio Vieira Carga Crítica e Tensão Crítica de Euler Carga Crítica de Euler Considerar uma barra esbelta solicitada a uma carga excêntrica: Simbologia: P: carga externa excêntrica compressiva. Le: comprimento efetivo da barra. e: excentricidade da carga. x: distância do engaste, onde está se determinando a deflexão (y). y: deflexão da barra numa seção distante “x” do engaste. δ: grandeza da deformação (deflexão) que começa a interferir na ação da carga externa. * Iremos chamar “δ” de “Deformação Flexional” δ e e y x x y .. eL Prof. Helio Flavio Vieira Considerações sobre a figura anterior: • Constitui-se de uma barra esbelta carregada excentricamente (e), onde está representado apenas o eixo da barra e a carga excêntrica. • Por se tratar de uma barra esbelta surge, evidentemente, uma deflexão “δ” a se somar a já existente “e”. • Caso seja aumentada gradativamente a grandeza da carga externa a sua deflexão é aumentada de forma desproporcional, já que teremos, além do aumento da carga, com o aumento do momento devido a excentricidade (e), este será acrescido do aumento do momento adicional devido a deformação flexional (δ). • Com isso, muito antes da barra perder a estabilidade por ruptura, ela perderá a estabilidade por flambagem, isto é, a grandeza das tensões internas irão atingir a grandeza da tensão crítica (σCR) muito antes de atingir a grandeza da Capacidade Limite Elástica do material (σe).Prof. Helio Flavio Vieira Determinação da Equação Geral da Deflexão O momento fletor numa seção distante de “x” do engaste é: M = - P (δ + e - y) (1) A equação matemática que representa a curva formada pelo eixo deformado da barra (Linha Elástica) é uma equação diferencial homogênea de segunda ordem: (2) Substituindo a primeira na segunda, obtemos: Usando a notação: MyEI dx ydEI zZ −== ".. 2 2 ( )yePyEI z −+= δ". zEI Pp =2 ( )yeP EI Py z −+= ." δ e e y x x y eL Prof. Helio Flavio Vieira Determinação da Equação Geral da Deflexão Sendo assim: → Equação diferencial da linha elástica para a barra estudada Resolvendo a equação diferencial, obtemos: Equação que nos dá a declividade para uma seção qualquer “x”. Equação que nos dá a deflexão para uma seção qualquer “x”. C1 e C2 são constantes de integração cujas grandezas devem ser determinadas de tal forma que sejam satisfeitas as condições de contorno da barra estudada. ( )yePpy −+= 2" ( )epypy +=+ δ22" senpxpCpxpCy .cos.' 21 −= ( )epxCsenpxCy +++= δcos.. 21 Prof. Helio Flavio Vieira Determinação da Equação Geral da Deflexão Condições de contorno no engaste para a barra estudada: Para: x = 0 → y’ = 0 (declividade) x = 0 → y = 0 (deflexão) Utilizando estes valores de condições de contorno e aplicando nas expressões da declividade e deflexão respectivamente, obtemos as grandezas das constantes que são: C1 = 0 e C2 = - (δ + e) Com isso, a Equação Diferencial da Linha Elástica da barra resolvida, ou seja, que nos dá a Deflexão ou Deslocamento Linear (y) em qualquer seção transversal, bastando para isso atribuir valores de “x”, será: ( )( )pxey cos1−+= δ Prof. Helio Flavio Vieira Determinação da Equação Geral da Deflexão Para obtermos a grandeza da Deformação Flexional (δ), que é uma grandeza desconhecida e nos interessa, atribuímos o valor de x = Le → sabemos que para esse valor de “x” → y = δ; substituindo na equação anterior e simplificando, obtemos: Grandeza da *Deformação Flexional Deformação Flexional é a grandeza de deformação que quando ocorrer em uma barra carregada axialmente irá interferir na ação da carga externa, fazendo com que ela flambe, portanto esta deformação somente irá surgir em barras esbeltas. Levando esse valor para equação diferencial da linha elástica resolvida e efetuando, obtemos: Equação Geral da Deflexão em Barras Esbeltas ( ) e e pL pLe cos cos1 − =δ ( ) epL pxey cos cos1 − = Prof. Helio Flavio Vieira Determinação Carga Crítica Carga Crítica de Euler • Para uma barra engastada numa extremidade e carregada excentricamente na outra, se fizermos crescer a carga P, partindo do zero, a deflexão inicialmente irá crescer proporcionalmente a carga, tendo a barra nesse período as características de barra curta. • Continuando a crescer a carga, chegaremos a um determinado ponto em que a deflexão irá crescer mais rapidamente que P de maneira cada vez mais acentuada e evolutiva, atingindo patamares que irão influenciar a ação da carga externa. • Isso acontece, pois o momento fletor não só aumenta com o crescimento da carga P, ele também aumenta devido a deformação flexional. Vamos montar um diagrama de eixos coordenados, onde nas ordenadas temos a a grandeza da carga P aplicada e nas abscissas a Deformação Flexional: Prof.Helio Flavio Vieira Determinação Carga Crítica • Se formos aumentando gradativamente a carga, inicialmente a deformação é pequena, não influenciando na ação da carga externa, portanto, não apresentando ainda deformação flexional δ. • Isso ocorre até uma grandeza de carga P4, conforme pode ser observado no diagrama abaixo: OBS: a barra até a grandeza de carga P4 apresenta características de um Pilar curto, já que δ = 0. P δ . 1P 2P 3P 4P CRP Prof. Helio Flavio Vieira Determinação Carga Crítica • A partir de P4, continuando a aumentar a carga, a deflexão atinge proporções que começa a influenciar na ação da carga externa, surgindo então a deformação flexional. • Iremos chegar a uma grandeza de carga de tal ordem, que mesmo a carga sendo centrada (situação mais desfavorável a flexão), a deformação flexional irá se tornar infinita (curva torna-se uma reta paralela ao eixo das abscissas). Sendo assim: δ = ∞ → Para que esse cociente seja infinito é necessário que: Para que: → pLe = 90º = π/2 ( ) e e pL pLe cos cos1 − =δ ( ) e e pL pLe cos cos1 − =∞ 0cos =epL 0cos =epL Prof. Helio Flavio Vieira Determinação Carga Crítica Sabendo que: obtemos: P L Carga Crítica de Euler Carga Crítica de Euler: é uma grandeza de carga que quando aplicada sobre uma barra esbelta, esta está na eminência de perder a estabilidade, não por ruptura, mas por flambagem (flexibilidade). zEI Pp =2 2 pi =epL zEI Pp = 2 . pi =e LN CR L EI P LN e CR EIL P . 4 2 2pi = Prof. Helio Flavio Vieira Vinculação da Barra e o Comprimento Efetivo (Le) Grandeza de Le para tipos de Vinculação Quando as fórmulas da carga crítica e tensão crítica foram deduzidas, partiu-se da análise de uma barra engastada em uma extremidade e livre na outra. Nessa situação, consideramos o comprimento da barra como sendo “Le” e deduzimos as fórmulas. Para o caso de termos barras com outros tipos de vinculação, poderemos efetuar uma analogia do comprimento destas com o comprimento da barra original estudada. Efetuada analogia e obtido o comprimento efetivo (Le) correspondente, basta tão somente utilizar esse comprimento nas fórmulas desenvolvidas e efetuar o estudo desejado, conforme a seguir: Prof. Helio Flavio Vieira Vinculação da Barra e o Comprimento Efetivo (Le) Engastada e livre Biengastada Biapoiada Apoiada e engastada L L Prof. Helio Flavio Vieira L LLe 25,0= LLe 5,0= LLe 35,0= L LLe = Tensão Crítica Tensão Crítica de Euler A Tensão crítica é obtida dividindo-se a carga crítica pela área da seção transversal da barra em estudo. • Pode-se observar que tanto a carga crítica como obviamente a tensão crítica, dependem tão somente das características geométricas e físicas da barra em estudo. • Ou seja, poderemos determinar a tensão crítica conhecendo a rigidez do material (E), sua seção transversal (ILN) e seu comprimento (L). • Sendo assim, basta ter em mãos estas características e a capacidade limite elástica do material da barra que poderemos determinar se ela é curta ou esbelta. LN e CR EIL P . 4 2 2pi = A EI LA P LN e CR CR .4 2 2pi σ == Prof. Helio Flavio Vieira Verificação de Barra Curta ou Esbelta Barra Curta ou Esbelta? Conforme foi visto anteriormente: • Uma barra curta é aquela que se aplicarmos uma carga centrada e formos aumentando esta, antes de flambar a barra perde a estabilidade por ruptura, ou seja, atinge a grandeza de tensão interna igual a sua Capacidade Limite Elástica (σe→ tensão de ruptura) antes mesmo de atingir a sua tensão crítica (σCR). • Uma barra esbelta é aquela que se aplicarmos uma carga centrada e formos aumentando esta, antes de romper a barra perde a estabilidade por flambagem, ou seja, atinge a grandeza de tensão interna igual a sua Tensão Crítica (σCR→ tensão de flambagem) antes mesmo de atingir a sua tensão ruptura (σe). Ou seja, quando: • σe < σCR → Barra Curta • σe > σCR → Barra Esbelta Prof. Helio Flavio Vieira Verificação de Barra Curta ou Esbelta Considerações Importantes sobre Carga e Tensão Crítica: • Quando se quiser determinar se uma barra é curta ou esbelta, basta que seja calculada sua tensão crítica (σCR) e posteriormente efetue a comparação com sua Capacidade Limite Elástica (σe): � se Capacidade Limite Elástica (σe) for maior a barra é esbelta; � caso contrário, se Capacidade Limite Elástica (σe) for menor ela será curta. • Quando uma barra sujeita a uma carga axial centrada vai ser dimensionada, o momento de inércia a ser considerado nas fórmulas de Euler será sempre o menor em relação aos eixos de flexão da barra, pois ela irá flambar sempre no sentido da menor rigidez. • Quando tiver que ser utilizada a σadm para dimensionar ou verificar uma barra carregada axialmente e se tiver dúvida se a mesma é curta ou esbelta, será necessário efetuar a operação do primeiro item acima, pois para: Barra Curta: Barra Esbelta: Prof. Helio Flavio Vieira cefseg e adm σ σ = coefseg CR adm σ σ = Flambagem em relação Menor Rigidez Barra com uma carga axial centrada irá flambar sempre no sentido da menor rigidez. Sendo assim, o momento de inércia a ser considerado será o ILN (MÍNIMO). Prof. Helio Flavio Vieira Prof. Helio Flavio Vieira Aplicação Uma barra sujeita a uma carga axial centrada compressiva será analisada. Sabendo que suas características são as apresentadas abaixo, Determinar qual será a tensão admissível (σadm) a ser utilizada na análise. Vinculação: biengastada E = 105GPa σe = 100MPa Seção Transversal: 4cmx6cm Comprimento: 8,6m Coef. Seg. = 1,4 Resolução: ILN = 32.10-8m4 Le = 2,15m A = 24m2 σCR= 7,5MPa < σe = 100MPa→ Barra Esbelta MPa xx xx CR 5,710.2415,24 10.3210.10514,3 42 892 == − − σ MPaMPa coefseg CR adm 4,54,1 5,7 === σ σ Prof. Helio Flavio Vieira Aplicação Um pilar de aço com seção transversal 3,6cm x 2,4cm, E = 20.105 Kgf/cm2, tensão de escoamento igual a 24 Kgf/mm2. O pilar é biengastado, possui um comprimento de 1,8m e deseja-se manter um coeficiente de segurança igual a 2, determinar: a) a carga crítica do pilar; b) analise e explique se o pilar é curto ou esbelto? b) qual sua tensão admissível? Resp.: a) PCR = 10100Kgf ; b) σCR = 1168Kgf/cm2 < σe = 2400Kgf/cm2 (ESBELTO) ; c) σadm = 584,3Kgf/cm2 Um pilar engastado numa extremidade e livre na outra, apresenta tensão de escoamento igual a 28 Kgf/mm2, E = 20.105 Kgf/cm2 e uma seção transversal 0,6m x 1,2m. Para esse pilar determine o menor comprimento para que o mesmo possa ser considerado esbelto. Resp.: L = 7,3m Prof. Helio Flavio Vieira Uma barra biarticulada é constituída de um material que possui σe = 150 Kgf/cm2, E = 15.103Kgf/mm2, seção transversal igual a 5,2cmx3,2cm. Sabendo-se que será utilizado um coeficiente de segurança igual a 2 e que a barra tem um comprimento de 2,8m, determinar: a) a carga crítica da barra; b) se a barra é curta ou esbelta; c) a tensão admissível da mesma; d) caso a barra fosse engastada numa extremidade e livre na outra, qual seria sua carga crítica de Euler? e) para esta mesma barra do item anterior, qual seria sua tensão admissível então? Resp.: a) PCR = 2678,6Kgf ; b) σCR = 161Kgf/cm2 > σe = 150Kgf/cm2 (CURTO) ; c) σadm = 75Kgf/cm2 d) PCR = 670Kgf ; b) σCR = 40Kgf/cm2 < σe = 150Kgf/cm2 (ESBELTO) ; c) σadm = 20Kgf/cm2 Prof. Helio Flavio Vieira Aplicação Calcule a carga necessária para causar flambagem em uma coluna com as seguintes características: L = 170 mm; b = 15 mm; h = 1 mm; E = 200 GPa. Resp.: PCR = 21,3N Prof. Helio Flavio Vieira Aplicação Uma coluna de alumínio está engastada em uma extremidade e amarrada por um cabo na outra como mostrado abaixo, de maneiraa impedir o deslocamento na direção x e livre na direção y. Determine a maior carga possível P que pode ser aplicada na coluna sabendo-se que: Eal = 70 GPa; σe = 215 Mpa; A = 7,5.10-3m2; Ix= 61,3.10-6 m4; Iy = 23,2.10-6 m4. Use F.S. = 3. Resp.: P = 423KN Prof. Helio Flavio Vieira Aplicação Determine a máxima carga P que a estrutura pode suportar sem flambar o membro AB. Assumir que o membro AB é feito de aço e está articulado nas suas extremidades para o eixo de flambagem y e engastado e livre em B para o eixo de flambagem x. Eaço = 200 GPa e σadm = 360 MPa. Resp.: P = 42,8 kN Prof. Helio Flavio Vieira Aplicação Um tubo de aço A-36 com 24 ft de comprimento e a seção transversal mostrada deve ser usado como uma coluna, a ser presa por um pino na extremidade. Determinar a carga axial máxima admissível que a coluna suportara sem sofrer flambagem, sabendo: Eaço = 29.103ksi ; σe = 36 ksi Resposta: Pcr= 64,5 kip; σcr = 14,3 ksi < σe = 36 ksi, Prof. Helio Flavio Vieira Prof. Helio Flavio Vieira
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