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4 - CULTIVO DE MiCROoRGANISMOS


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Microbiologia 2006/1; Professor Julio C. Ferreira, Aula: Cultivo de Microrganismos 
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CULTIVO DE MICROORGANISMOS 
A sobrevivência de um microrganismo, tanto na natureza como em 
laboratório, depende de suas habilidades de crescer sob determinadas condições 
físicas e químicas. Conhecendo essas condições é possível caracterizar, isolar e 
diferenciar as bactérias. Esse conhecimento também faz possível o controle do 
crescimento de microrganismos em condições práticas. 
Os meios usados em laboratório para o cultivo de bactérias têm que suprir 
todos os nutrientes necessários ao crescimento e manutenção das bactérias (ver 
tabela abaixo). Uma grande variedade de meios é usada para o isolamento, 
manutenção, crescimento e classificação das bactérias. 
É importante ressaltar que nenhum meio de cultura é capaz de promover o 
crescimento de todo e qualquer microrganismo.O preparo de um meio de cultura 
requer que seus componentes sejam dissolvidos e água destilada pura. Isto é 
necessário porque, como solvente universal, a água é capaz de dissolver os 
nutrientes e é o meio no qual as reações químicas ocorrem. O uso de uma água 
que não seja pura pode fazer com que quantidades significativas de solventes 
sejam adicionadas ao meio de forma que a osmolaridade e a compatibilidade 
desses solutos não seja adequada ao cultivo de um determinado microrganismo. 
ELEMENTOS QUÍMICOS PRESENTES EM CÉLULAS BACTERIANAS 
Elemento Percentual (peso seco) 
Carbono 50 
Oxigênio 20 
Nitrogênio 14 
Hidrogênio 8 
Fósforo 3 
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 2 
Enxofre 1 
Sódio 1 
Potássio 1 
Cálcio 0,5 
Magnésio 0,5 
Cloro 0,5 
Ferro 0,25 
Cu, Zn, Mo, Bo, Se, Ni, Cr, Co e Wo 0,25 
Total 100 
Nitrogênio: é um componente integral das aminoácidos, nucleotídeos, lipídeos de 
membrana e carboidratos de parede celular. Somente algumas bactérias, 
chamadas diazotróficas, são capazes de fixar o nitrogênio atmosférico. Porém a 
maioria dos organismos necessitam de N pois não têm essa capacidade. A 
maioria dos microrganismos assimila amônia do meio, muitos assimilam também 
nitrato, reduzindo-o a amônia. Por esse motivo, ambos ou um desses dois 
componentes tem que ser adicionado ao meio de cultura. N orgânico é necessária 
a bactérias que evoluíram em ambientes ricos em aminoácidos, vitaminas etc. 
Enxofre: é parte constituinte dos aminoácidos cisteína e metionina, de vitaminas 
como biotina e tiamina etc. O enxofre costuma ser adicionado aos meios de 
cultura na forma de sal, como MgSO4. De forma que este sal é fonte tanto de S 
como de Mg no meio em questão. 
Fósforo: constituinte de fosfolipídeos de membrana, ácidos nucléicos e de 
compostos de alta energia como a ATP e o GTP. O fósforo é adicionado nos 
meios na forma de fosfatos, que além de suprirem as necessidades fisiológicas 
desse elemento funcionam também como tamponantes dos meios. 
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Carbono hidrogênio e oxigênio: São constituintes de quase todas as moléculas 
biológicas, estando presentes em todos os meios de cultura na forma de seus 
constituintes como açucares ou ácidos orgânicos. O C é considerado como fonte 
de energia e também como componente estrutural nos meios de cultura. Um meio 
destinado ao cultivo de microrganismos fotossintetizantes não precisa conter C. 
 
FUNÇÃO DE ALGUMAS VITAMINAS E ELEMENTOS MINERAIS NA 
NUTRIÇÃO BACTERIANA 
 
Ac nicotínico Precursor deo NAD e do NADP 
Ac. Pantotênico Componente da coenzima-A e da 
proteína carreadora de acil 
Piridoxal HCl Coenzima para as transaminases e 
aminoácido oxidases 
Tiamina HCl Conzima em transaldolases, 
transcetolases e decarboxilases 
Riboflavina Componente da FMN e de FAD. 
Biotina Coenzima em reações de carboxilação 
Ac. Fólico Coenzima envolvida na transferência 
de unidades de um carbono. 
 
Potássio Cofator de várias reações enzimáticas, 
especialmente na síntese de proteínas. 
Sódio Juntamente com o cloro participa da 
regulação osmótica. Em muitas 
espécies participa do transporte de 
nutrientes importantes como glicose a 
aminoácidos. 
Magnésio Componente da clorofila, é fundamental 
na síntese e hidrólise de ATP. 
Ferro Componente dos citocromos e de 
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outras proteínas. 
Cobalto Constituinte da vitamina B12 e cofator 
de algumas proteínas. 
Cobre, zinco, molibdênio, níquel, 
tungstênio e selênio. 
Cofatores para determinadas enzimas. 
 
As várias formas de vida existentes podem ser classificadas quanto à fonte de 
energia utilizada pata a síntese de ATP em quimiotróficas, que obtêm essa 
energia da oxidação de compostos químicos e fototróficas que obtêm essa 
energia de radiações eletromagnéticas, especialmente a luz. Estas duas 
categorias podem ainda ser subdivididas da seguinte forma: 
 
TIPOS NUTRICIONAIS DE BACTÉRIAS 
TIPO NUTRICIONAL FONTE DE 
ENERGIA 
FONTE DE 
CARBONO 
EXEMPLO 
Fotoautotroficos Luz CO2 Cianobactérias, 
bactérias púrpura 
e bactérias verdes 
Fotoheterotróficos Luz Compostos 
orgânicos 
Algumas bactérias 
púrpura e verdes 
Quinioautotróficos, 
ou Químiolitotróficos 
Compostos 
inorgânicos como: 
H2, NH3, NO2, 
H2S 
CO2 Algumas 
eubactérias e 
muitas archeas 
Quimioheterotróficos 
ou heterotróficos 
Compostos 
orgânicos 
Compostos 
orgânicos 
Maioria das 
eubactérias e 
algumas archeas 
 
 
Os meios de cultura podem ser classificados quanto à composição em: 
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Definidos: quando as concentrações de todos os seus componentes são 
conhecidas. 
Complexos: quando as concentrações de seus componentes não é totalmente 
conhecida. 
 
Um meio definido típico para o cultivo de bactérias de vida livre 
Constituinte Quantidade mg / l H2O 
Fonte de carbono (entre 0,5 e 2,0%) 
NH4Cl 500 
NaNO3 500 
Na2HPO4 210 
NaH2HPO4 90 
MgSO4 
. 7 H2O 200 
KCl 40 
CaCL2 15 
FeSO4 1 
Elementos traço µg / l H2O 
ZnSO4 
. 7 H2O 70 
H3BO3 10 
MnSO4 
. 5 H2O 10 
MoO3 10 
CoSO4 10 
CuSO4 
. 5 H2O 5 
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Meio definido para cultivo de Streptococcus 
Componente Concentração final (µg / l) 
L-alanina 250 
-arginina 320 
-aspartato 500 
DL-asparagina 100 
-cistina 600 
-cisteína-HCl 600 
-glutamato 400 
-glicina 200 
-glutamina 100 
-histidina 320 
-leucina 200 
-lisina 320 
-isoleucina 200 
DL-metionina 200 
-fenilalanina 200 
-prolina 200 
-serina 400 
-triptofano 200 
-tirosina 200 
-valina 200 
Ac nicotínico 10 
Ac. Pantotênico 10 
Piridoxal HCl 10 
Tiamina HCl 0,6 
Riboflavina 1 
Biotina 0,2 
Ac. Fólico 0,02 
 
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 7 
K2HPO4 1000 
KH2PO4 1000 
NaHCO3 500 
FeSO4 
. 7 H2O 10 
MnCl2 25 
NaCl 10 
ZnSO4 
. 7 H2O 10 
MgSO4 
. 7 H2O 80 
 
Glicose 10000 
 
Adenina 10 
Guanina 10 
Xantina 10 
Uracila 10 
 
 
 
 
Quanto á consistência os meios podem ser classificados em: 
Caldo (broth) 
Sólidos (gelose ou agar ). 
 
Agar e Meios sólidos 
O Agar, uma substância gelatinosa extraída de algas agarófitas, é o principal 
agente solidificante dos meios de cultura. Na verdade o Agar se constitui de uma 
preparação impura de um carboidrato chamado agarose.Ele é adicionado aos 
meios de cultura na forma de um pó na proporção de 0,5% a 2% p/v ( 1,5% a 2%, 
para placas e geloses (slants) e 0,5% ou menos para meios semi-sólidos. Uma 
característica interessante do Agar é que ele se dissolve em água a temperaturas 
em torno de 100oC e solidifica a menos de 43oC. Uma vez solidificado e só se 
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dissolve novamente se a temperatura chegar novamente aos 100oC. Essas 
propriedades proporcionam utilidades para o uso do Agar em microbiologia tais 
como: 
1-O meio pode ser inoculado em temperaturas entre 50 e 43oC enquanto 
está líquido, sem que as células morram. 
2-Uma vez solidificado o meio permanecerá sólido em um intervalo amplo 
de temperatura. 
Além disso, o Agar é resistente à degradação pela maioria dos 
microrganismos, e é bastante translúcido, quase transparente, o que faz com que 
o crescimento do microrganismo possa ser observado na placa assim como outras 
características. 
Uma desvantagem do uso do Agar é o fato de que é praticamente impossível 
purifica-lo totalmente das impurezas, o que faz com que o Agar adicionado a um 
meio definido o torne complexo. No caso de haver necessidade de um meio sólido 
absolutamente definido, pode-se usar solidificantes à base de silício. 
Anteriormente ao uso do Agar, ftias de batata e gelatina eram utilizados 
como solidificantes dos meios, porém, esses materiais são facilmente degradáveis 
por uma infinidade de microrganismos. Além disso, a gelatina se liquefaz em 
temperaturas relativamente baixas e as fatias de batata são opacas. Em 1881, 
Fanny Eilshemius Hesse, um técnico do laboratório de Robert Koch na Alemanha, 
após uma viagem ao Japão, introduziu o uso do Agar, que já era usado na 
culinária oriental como agente gelificante, em microbiologia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Figura 1- Meios sólidos ou geloses em placa de Petri. Neste caso usadas para a 
detecção e quantificação de bacteriófagos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2- Meio líquido em um Erlemeyer. Neste caso contendo bactérias 
luminescentes (bioluminescência). 
 
 
Classificação dos meios de cultura baseada no uso: 
 
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- Meio mínimo é um meio que contem apenas os constituintes 
absolutamente essenciais a um determinado microrganismo. O meios 
mínimos variam em composição conforme as exigências nutricionais de 
uma determinada espécie de microrganismo. Para E. coli, por exemplo o 
meio mínimo se constitui de sais e glicose apenas, enquanto que para 
microrganismos fastidiosos como Lactobacillus, o meio mínimo requer 
fatores de crescimento como as vitaminas e também uma série de 
aminoácidos. 
- Meio de uso amplo é um mio rico em uma grande variedade de nutrientes 
( inclusive fatores de crescimento) o que o torna capaz de suportar o 
crescimento de uma série de microrganismos. Como exemplo podemos 
citar os meios APT Agar, Agar para contagem em placa (Plate Count Agar), 
Agar de infusão de coração (Heart Infusion Agar), Agar de infusão de 
coração e cérebro (Brain Heart Infusion Agar) etc. 
- Meios seletivos são capazes de promover o crescimento de determinados 
tipos de microrganismos, inibindo o crescimento de outros. A seletividade 
pode ser devida à adição de agentes seletivos que funcionarão como uma 
espécie de “veneno” para os microrganismos indesejáveis, ou devida à 
omissão de determinados nutrientes que se sabe necessários ao 
crescimento de microrganismos indesejáveis, como por exemplo os meios: 
. MacConkey Agar. Neste meio, os agents seletivos são adicionados 
com o objetivo de inibir ao máximo possível o crescimento de 
microrganismos indesejáveis. Os agentes seletivos deste meio são 
os sais biliares e o cristal violeta, que inibem o crescimento de 
bactérias gram-positivas, permitindo apenas o crescimento das gram-
negativas. 
. Caldo livre de nitrogênio (Nitrogen-Free Broth). Este meio é feito 
sem a presença de fonte de nitrogênio de espécie alguma. Portanto 
apenas os microrganismos capazes de fixar o N2 atmosférico 
(bactérias fixadoras de nitrogênio, ou diazotróficas) poderão crescer 
nele. Neste caso nenhum componente restritivo ao crescimento é 
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adicionado, apenas se omite um elemento essencial a todos os 
microrganismos que não são diazotróficos. 
. Caldo de succinato (Succinate Broth) neste exemplo, um 
nutriente específico é utilizado como limitante, apenas um grupo 
limitado de microrganismos poderá utilizar o componente limitante 
como única fonte de carbono. Neste caso, o meio em questão é 
utilizado como meio de enriquecimento para bactérias 
fotossintetizantes púrpura. Outros microrganismos não são capazes 
de utilizar o succinato sob as condições anaeróbicas usadas. Este é 
outro exemplo de mio restritivo, que não contem agentes restritivos. 
 
- Meios diferenciais são meios que permitem o crescimento de um ou mais 
tipos de microrganismos, porém contêm corantes e/ou outros componentes 
que permitem a identificação de microrganismos específicos, que agirão 
sobre esses corantes e outros componentes, alterando sua cor, de forma a 
detectar sua presença. 
. MacConkey Agar, neste caso o meio é usado em placas, nas quais 
os organismos que fermentem a lactose presente acidificarão o meio, 
o que fará com que o indicado, vermelho neutro, se torne vermelho, 
dando às respectivas colônias a cor vermelha. No caso de colônias 
que não tenham esta característica, sua cor será esbranquiçada. 
Este meio pode ser considerado como um meio seletivo diferencial. 
. Caldo glicosado para fermentação (Glucose Fermentation 
Broth). Este meio é usado em tobos, comumente tubos de Durham. 
Os microrganismos que fermentarem a glicose acidificarão o meio 
causando alteração na cor do indicador, além disso, de produzirem 
gases insolúveis como o H2, uma bolha será formada no tubo de 
Durham invertido 
 
. Outros meios doferenciais que não usam indicadores de pH são o 
meio de motilidade, o meio de gelatina nutriente, o Agar amido, 
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o meio Agar Klinger ferro (usado para produção de H2S) e o Agar 
sangue. 
 
CONSTITUINTES COMUNS EM MEIOS DE CULTURA 
Agar- É usado como solidificante dos meios, é um polissacarídeo impuro obtido 
de algas agarófitas. Dissolve-se a temperaturas próximas aos 100oC e solififica em 
torno de 43oC. Normalmente o Agar não é degradado pelos microrganismos. 
Fluidos corpóreos- O sangue puro ou desfibrinado, plasma, soro ou outros 
fluidos corpóreos são freqüentemente usados como componentes de meios de 
cultura para o isolamento e cultivo de microrganismos patogênicos. Os fluidos 
corpóreos contêm vários fatores de crescimento úteis a esses microrganismos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3- Placa de Agar sangue, o halo amarelo 
em torno das colônias indica a excreção de 
toxinas hemolíticas. 
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. 
 
Tampões – São usados para a manutenção do pH ótimo. Sais como os fosfatos 
de sódio ou de potássio e o carbonato de cálcio costumam ser usados com 
esta função, além de serem fonte dos respectivos íons, proteínas e peptonatambém têm capacidade tamponante. 
 
Extratos – Tecidos animais como músculo, coração, fígado e cérebro; produtos 
vegetais como a batata e o malte e microrganismos como as leveduras são 
usados no preparo de extratos por fervura, que depois são secos e concentrados 
na forma de pasta ou pó. Esses extratos são fonte de aminoácidos, vitaminas, 
minerais, carboidratos e coenzimas, muitas das quais servindo como fatores de 
crescimento para microrganismos fastidiosos. O termo infusão diz respeito aos 
estratos aquosos desses materiais, sem secagem ou concentração. Desta forma o 
termo infusão pode ser considerado sinônimo de extrato. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Peptonas – São constituídas de misturas complexas de componentes orgânicos e 
inorgânicos, sendo obtidas a partir da digestão enzimática de tecidos anomais ou 
Figura 4- Placa de Agar amido, corada com lugol. A 
estria a esquerda corresponde a um microrganismo 
excretor de amilases, já que o halo claro em torna da 
estria indica a auzencia de amido, que foi hidrolisado 
pelas amilases excretadas. A estria a direita coresponde 
a um microrganismo que provavelmente tem uma 
amilase presa à parede celular, já que é capas ce 
crescer em amido, mas não há halo em torna da estria. 
 
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vegetais, tais como: carne, gelatina, leite (caseína), soja. O resultado da hidrólise 
desses materiais é então seco e vendido em pó. Os principais componente das 
peptonas são peptídeos pequenos e aminoácidos livres. Como são hidrolisados 
brutos, as peptonas contêm uma gende variedade de outros componentes 
orgânicos, bem como vários minerais, porém, podem ser deficientes em alguns 
minerais e vitaminas. Como exemplo de peptonas podemos citar: 
 
 . Triptona (tryptone ou trypticase) que é um hidrolisado pancreático 
(trisina e quimiotripsina) de caseína. 
 
 . Phitona (ou soytone) que é um hidrolisado papaínico de farinha de soja. 
 
 . Peptone (ou peptone) que é um hidrolisado péptico de tecido muscular. 
 
As peptonas costumam ser usadas em conjunto com outros extratos para o 
cultuvo de microrganismos fastidiosos, ou simplesmente como um caldo de 
peptona para o cultivo de muitos microrganismos. 
 
Indicadores de pH. Normalmente são adicionados a meios diferenciais com o 
objetivo de se detectar mudanças no pH do meio durante o cultivo de 
microrganismos fermentadores de carboidratos. Púrpura de bromo-cresol, azul 
de bromo-timol e vermelho fenol são componentes comuns de meios 
diferenciais, nos quais a acidificação do meio pode ser detectada pelo 
aparecimento da cor amarela. 
INDICADORES DE pH 
INDICADOR MEIO ÁCIDO MEIO ALCALINO 
Eosina Y Azul escuro Azul claro 
Azul de metileno Azul escuro Azul claro 
Azul de bromo-timol Amarelo Azul 
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Fuchsina ácida Vermelho Incolor 
Vermelho fenol Amarelo Vermelho 
Vermelho neutro Vermelho Amarelo 
Púrpura de bromo-cresol Amarelo Púrpura 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 6 - Purpura de bromo-cresol indicando acidificação e alcalinização (mais 
ácido ao centro) 
 
 
Figura 5 - Exemplo de uso do 
indicador de pH vermelho neutro, 
indicando acidificação do meio 
na gelose à esquerda. 
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Figura 7 - Azul de bromo-timol (o par 2 mostra que houve acidificação moderada 
do meio, enquanto o par 3 mostra acidificação total do meio) 
 
 
Agentes redutores. Certos compostos químicos favorecem o crescimento de 
determinados microrganismos através da redução do potencial REDOX do meio. A 
cisteína e o tioglicolato são os agentes redutores mais comumente usados para o 
cultivo de anaeróbicos, sendo encontrados no meio de tioglicolato. 
 
Agentes seletivos. São substâncias antimicrobianas que podem ser usadas em 
meios seletivos para inibir o crescimento de determinados grupos de 
microrganismos como mostrado na tabela abaixo. 
 
 
AGENTE SELETIVO USO 
Lauril sulfato de sódio Inibição do crescimento de gram-positivos 
Sais biliares (oxgall) Inibição do crescimento de gram-positivos 
Verde brilhante Inibição do crescimento de gram-positivos 
Deoxicolato de sódio Inibição do crescimento de gram-positivos 
Cristal violeta Inibição do crescimento de gram-positivos 
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Eozina-X Inibição do crescimento de gram-positivos 
Azul d metileno Inibição do crescimento de gram-positivos 
Vermelho neutro Inibição do crescimento de gram-positivos 
Azida sódica Inibição do crescimento de aeróbicos 
Antibióticos Inibição do crescimento de microrganismos 
sensíveis a cada tipo 
As seguintes substâncias são usadas para a inibição do crescimento de bactérias 
gram negativas: Lauril sulfato de sódio; sais biliares (oxgall); deoxicolato de sódio; 
verde brilhante; cristal violeta; eozina-X; azul d metileno e vermelho neutro.