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Caderno de Farmácia, v. 9, n. 1, p. 27-31, 1993. CONDUTIVIDADE ELÉTRICA NA ESTABILIDADE DE SUSPENSÕES DE HIDRÓXIDO DE MAGNÉSIO José A. B. FUNCK 1,2; Augusto V. BORTOLUZZI1; Marilia A. de M BORTOLUZZI1; Celso F. BITTENCOURT1 1 - Professores Titulares do Departamento de Farmácia Industrial da UFSM 2 - Bolsista do CNPq durante execução do trabalho. RESUMO: Suspensões de hidróxido de magnésio preparadas fazendo-se variar o pH em função da concentração de hidróxido de potássio adicionado, foram analisadas com respeito a condutividade elétrica. Foi observada correlação entre o ponto de neutralização nas curvas condutométricas e a instalação do processo de floculação (ponto de carga zero). O método condutométrico tem a vantagem de não requerer múltiplas forças iônicas e de ser um processo não destrutivo. PALAVRAS CHAVES: Condutividade elétrica, suspensões, floculação, ponto de carga zero, potencial zeta, hidróxido de magnésio. ABSTRACT': ELETRICAL CONDUTIVITY IN THE STABILITY OF MAGNESIUM HYDROXIDE SUSPENSIONS. Suspensions of magnesium hydroxide, prepared with varying pH as a function of the concentration of potassium hydroxide added, were analyzed with respect to the electric conductivity. It was observed a correlation between the neutra1ization point of the conductometric curves and the onset of flocculation (zero point of charge). The conductometric method has the advantage of not requiring multiple ionic strengths and is a non destructive process. KEYWORDS: Electric conductivity, suspensions, flocculation, zero point of charge, zeta potential, magnesium hydroxide. INTRODUÇÃO Um dos problemas na formulação de suspensões é a formação de sedimentos compactos de difícil redispersão, característicos dos sistemas não floculados. HAINES e MARTIN (1 - 3) sugeriram a aplicação da floculação controlada para corrigir este problema. O conceito de floculação controlada é baseada na teoria proposta por Derjaguin e Landau e, independentemente, por Verwey e Overbeek, conhecida como teoria DLVO (4, 5). Esta teoria considera o potencial de energia de interações entre as forças eletrostáticas de repulsão e as forças de atração do tipo Van der Waals existentes entre as partículas. A técnica de floculação controlada é baseada no princípio de que as forças repulsivas entre as partículas, devido ao potencial zeta, podem ser reduzidas pela adição de um íon de carga oposta. MARTIN e HAINES (2) demonstraram a correlação existente entre o potencial zeta (carga superficial) e o volume de sedimento (estado de agregação) para uma suspensão de subnitrato de bismuto, floculada em função da concentração de fosfato monobásico de potássio. Um importante parâmetro experimental na floculação de dispersões de óxido de metais é o ponto de carga zero, definido como o pH onde a carga superficial é zero e corresponde ao potencial zeta zero (6, 9). As suspensões, de acordo com a teoria DLVO, devem exibir sua floculação máxima no ponto de carga zero, que é evidenciada pelo volume de sedimento (máximo) e velocidade de sedimentação (8, 10). De interesse farmacêutico é o fato de que a tendência de formação de sedimentos compactos de redispersão difícil é menos intensa nas dispersões de hidróxido de alumínio e hidróxido de magnésio no seu ponto zero. Um método vastamente utilizado para a determinação do ponto de carga zero é a titulação potenciométrica de neutralização. Eletrólitos indiferentes, isto é, eletrólitos que não sejam adsorvidos especificamente pelas partículas (6, 10, l1, 12) são necessários para ajustar a força iônica. Na determinação do ponto de carga zero mais de uma força iônica é necessária. As curvas de titulação intersectam-se num ponto comum, cujo pH corresponde ao ponto de carga zero, uma vez que neste ponto o pH é independente da força iônica (6, 8, 11, 12). Muitos outros métodos tem sido usados com sucesso para a determinação do ponto de carga zero, notadamente os processos eletrocinéticos dentre os quais cita-se a medida da mobilidade eletroforética (8, 13, 14). Este métodos, contudo, são complexos e muito dispendiosos. Em trabalhos recentes foi demonstrada a correlação existente entre o ponto de carga zero e o 27 Caderno de Farmácia, v. 9., n. 1, p. 27-31, 1993. ponto de neutralização nas curvas de titulação condutométrica de hidróxido de alumínio (15, 16). O método condutométrico apresenta a vantagem de ser um processo não destrutivo e de não requerer múltiplas forças iônicas. Este estudo tem por objetivo verificar a viabilidade do uso da condutividade elétrica na avaliação e interpretação do comportamento das dispersões de hidróxido de magnésio com vistas a obtenção de suspensões fisicamente estáveis. MATERIAL E MÉTODOS Hidróxido de magnésio (p.a.), um material típico em que a carga superficial depende do pH, foi selecionado tendo em vista sua ampla divulgação na literatura e vasto uso farmacêutico. O hidróxido de potássio (p.a.) foi utilizado para ajustar o pH das suspensões de hidróxido de magnésio. O cloreto de potássio (p.a.) foi empregado para ajustar a força iônica das suspensões de hidróxido de magnésio, durante os procedimentos de titulação. Foi utilizado neste trabalho, condutivímetro de marca Philips, modelo pW 9505. O equipamento apresenta a possibilidade de ajuste da constante de célula e, conseqüentemente, a leitura, em condutividade especifica, pode ser efetuada diretamente, sendo adotada uma célula do tipo de imersão. Empregou-se potenciômetro METROHM HERISEAU, modelo E 512, equipado com eletrodo combinado. PREPARAÇÃO DAS SUSPENSÕES. Séries de suspensões de hidróxido de magnésio a 3 e 4% foram preparadas transferindo-se alíquotas apropriadas de solução estoque de hidróxido de potássio para provetas graduadas, com tampa, seguidas pela água destilada e por alíquotas de suspensão estoque de hidróxido de magnésio a 7,5 e 10% respectivamente. PREPARAÇÃO DAS SUSPENSÕES ESTOQUE DE HIDRÓXIQO DE MAGNÉSIO A 7,5 E 10%. As suspensões estoque de hidróxido de magnésio foram preparadas pela pesagem de correspondente quantidade de pó, transferindo-se para balões volumétricos de 500ml, completando-se o volume com água destilada recente e transferindo-se, imediatamente as suspensões para balões de três bocas equipados com agitador mecânico, mantendo-se sob continua agitação para assegurar a homogeneidade do produto. AMOSTRAS PARA TITULAÇÃO. Amostras de suspensões de hidróxido de magnésio a 3% foram preparadas pela pesagem de uma quantidade apropriada de hidróxido de magnésio, adicionando-se uma alíquota de solução estoque de cloreto de potássio 4M, para ajustar a força iônica desejada e completando-se o volume com água destilada recente. MEDIDAS DA CONDUTIVIDADE. As medidas de condutividade das suspensões foram efetuadas a 25ºC, após completa redispersão das amostras, pela imersão da célula do condutivímetro, repetindo-se tantas leituras quantas foram necessárias para que valores reprodutíveis fossem obtidos. MEDIDAS DO pH. Do mesmo modo que para a condutividade, as medidas de pH foram tomadas após a redispersão das suspensões a 25ºC. TITULAÇÃO POTENCIOMÉTRICA DE NEUTRALIZAÇÃO. Titulações potenciométricas de neutralização foram efetuadas em amostras de suspensões de hidróxido de magnésio a 3%, a temperatura de 25ºC, sob contínua agitação. Pequenos volumes de hidróxido de potássio foram adicionados cada2 a 10 minutos e o pH anotado após cada adição, depois de estabelecido o equilíbrio. VOLUMES DE SEDIMENTO. Com a finalidade de medir-se os volumes de sedimentos efetuou-se a leitura direta dos volumes através da graduação das provetas, onde as suspensões de hidróxido de magnésio a 3 e 4% foram mantidas em repouso, por um período de 24 horas. RESULTADOS E DISCUSSÃO O procedimento para a determinação do ponto de carga zero através de titulação potenciométrica de neutralização é utilizado para as dispersões em que a carga superficial é dependente do pH, notadamente os óxidos de metais. FELDKAMP e colaboradores (6) determinaram o ponto de carga zero para vários géis de hidróxido de alumínio, usando a técnica acima mencionada. Três amostras de cada gel, contendo cerca do equivalente a 1% em óxido de alumínio, com cloreto de potássio a 0,0M; 0,08M e 0,4M respectivamente, foram utilizados neste estudo. O papel de um eletrólito indiferente tal como o cloreto de potássio na titulação, isto é, um eletrólito que não apresenta uma interação não-eletrostática com a superfície, pode ser melhor entendida fazendo-se analogia com ácidos fracos e considerando o efeito da força iônica no coeficiente de atividade. A titulação de uma dispersão de óxido de metal carregada positivamente pode ser considerada como segue: (eq. 1) onde BH+ representa a partícula carregada positivamente e B é a partícula neutra. Quando as partículas passam de uma carga positiva para um estado neutro a equação dos tampões pode ser aplicada ao sistema como segue: pH = pKa + log (eq. 2) onde μ é força iônica. Desta expressão pode-se verificar que o acréscimo de força iônica deslocará o pH para valores mais altos, até um limite. Posteriores adições de base forte, na titulação, levam as partículas neutras a adsorver íon hidroxila e se tornarem carregadas negativamente. Uma derivação para esta etapa da 28 BH+ OH- B B + 0,5 √μ BH+ 1 + √μ Caderno de Farmácia, v. 9, n. 1, p. 27-31, 1993. titulação, análoga à equação 2, mostra que o pH poderia ser deslocado para valores inferiores pelo acréscimo da força iônica. É possível, deste modo, explicar as razões porque as curvas de titulação, com diferentes forças iônicas, intersectam-se no ponto de neutralidade de cargas. No presente estudo, não foi possível determinar o ponto de carga zero através de titulação potenciométrica de neutralização. Modificações nos intervalos de adição do hidróxido de potássio ou na força iônica não resolveram o insucesso na determinação do ponto de neutralidade de cargas por este método. É relatado na literatura que o procedimento de titulação é lento (10, 11), isto é, um longo período de tempo é necessário, às vezes, para que o pH se torne estável, após cada adição do titulante. As titulações, neste trabalho, foram realizadas adicionando-se hidróxido de potássio e aguardando-se de 2 a 10 minutos para que o pH estabilizasse, não se observando, contudo, intersecção das curvas de titulação em nenhum caso. A concentração de cloreto de potássio adicionado poderia não ter sido apropriada para ajustar a força iônica necessária durante o procedimento, entretanto, as titulações desenvolvidas em amostras contendo cloreto de potássio a 0,08M; 0,4M; 0,8M e 1,16M não mostraram uma intersecção definida entre as curvas de titulação. Relatos na literatura (17) também indicam insucesso na determinação do ponto de carga zero de óxidos de metais, tais como o óxido de manganês, através da titulação potenciométrica de neutralização. A microeletroforese e estudos de coagulação- sedimentação foram realizados nesse caso, no sentido de caracterizar esses óxidos. Publicações mais recentes (15, 16), também, relatam dificuldades na determinação do ponto de carga zero do hidróxido de alumínio, através do procedimento envolvendo titulação potenciométrica de neutralização. Nesse caso, a determinação do ponto de neutralidade de cargas foi efetuada através de estudos de sedimentação e sobrenadantes, além de condutometria. Ainda que os métodos de titulação, tanto potenciométricos quanto condutométricos possam, em alguns casos, fornecer valiosas informações a respeito da caracterização de óxidos de metais, estes procedimentos apresentam algumas limitações, a saber: 1 - É necessário tempo considerável para o pH e condutividade tornarem-se estáveis, após a adição de hidróxido de potássio (10). 2 - O método é destrutivo. A verificação de leitura individuais ou amostras não é possível sem repetir a titulação inteira. 3 - A observação visual de mudanças no estado de agregação é difícil durante o processo. 4 - O sistema não está em equilíbrio, sendo difícil extrapolar muitas observações para uma dispersão em condições reais, tais como a estocagem. No sentido de superar estas dificuldades foram preparadas séries de suspensões, variando a concentração de hidróxido de potássio em cada proveta. Isto tornou possível medir o pH e/ou condutividade numa mesma amostra, repetidamente, por longo período de tempo e permitiu a observação visual das amostras. FIGURA 1- Condutividade especifica de uma série de suspensões de hidróxido de magnésio a 4% com várias concentrações de hidróxido de potássio. O gráfico das condutividades de uma série de suspensões de hidróxido de magnésio a 4%, preparadas variando a concentração de hidróxido de potássio, na figura 1, mostra uma mudança na inclinação da reta, que corresponde ao ponto de neutralização. No ponto de intersecção das retas, calculado através de regressão linear, foi determinada a concentração de 11,37 mM para o hidróxido de potássio e o pH ficou situado entre 11,6 e 12,1; em perfeita concordância com o valor indicado na literatura. (10), ou seja, pH 12,0 para o ponto de carga zero do hidróxido de magnésio, determinado por microeletroforese. Observa-se, ainda, através da figura 2, que os dados de condutividade para a série de suspensões de hidróxido de magnésio a 3%, preparadas anteriormente, variando a concentração de hidróxido de potássio, em que a solução estoque deste álcali era mais concentrada que a usada na série descrita acima, não apresentou nenhuma mudança na inclinação da reta, o que é coerente com o esperado, tendo em consideração que logo na segunda proveta da série, o pH era de 11,5; portanto já na vizinhança do ponto de neutralização de carga. Seria esperado que as suspensões de hidróxido de magnésio floculassem no ponto de carga zero e, conseqüentemente, no ponto de neutralização, determinado pelo método condutométrico. O volume dos sedimentos bem como as características dos 29 Caderno de Farmácia, v. 9., n. 1, p. 27-31, 1993. FIGURA 2- Condutividade especifica de uma série de suspensões de hidróxido de magnésio a 3% com várias concentrações de hidróxido de potássio. sobrenadantes foram observadas em todas as dispersões, no sentido de se correlacionar os dados de condutividade com floculação e, indiretamente, com potencial zeta zero. Tal como fora observado para o hidróxido de alumínio em pó comercial (15, 16) as mudanças de volume dos sedimentos não foram concludentes, entretanto, as características dos sobrenadantes, ilustraram, claramente. a correlação entre condutividade, através do ponto de neutralização e floculação. Paraa série representada na Figura 1, os sobrenadantes passaram de turvo a límpido nas suspensões floculadas. Salienta-se, ainda, o fato de que foi difícil distinguir o limite superior dos sedimentos nas dispersões em que o sobrenadante apresentou-se turvo, o que caracteriza as condições de suspensões não floculadas. Na série de suspensões, cujas condutividades estão representadas na figura 2, à excessão da suspensão da primeira proveta, todas as outras apresentaram sobrenadante límpido. A Tabela 1 sumariza os valores de condutividade, pH, volume de sedimento, bem como as características do sobrenadante para a série de suspensões que deram origem ao gráfico da Figura 1. CONCLUSÕES Os dados de condutividade para as suspensões de hidróxido de magnésio, plotados em função da concentração de hidróxido de potássio, lembram a curva de titulação condutométrica de um ácido fraco titulado com uma base forte. Foi observado um ponto de neutralização no gráfico das condutividades versus concentração de hidróxido de potássio para as suspensões de hidróxido de magnésio a 4% (Figura 1), que correlaciona com o ponto de carga zero, evidenciado pelo estudo das características do sobrenadante das suspensões. Não foi possível determinar o ponto de carga zero, utilizando-se o procedimento da titulação potenciométrica de neutralização, no entanto, foi possível observar ponto de neutralização nos estudos envolvendo condutividade, que coincide com o processo de instalação de floculação. As observações gerais efetuadas neste estudo, com respeito a condutividade e comportamento das suspensões permitem as seguintes conclusões: 1 - Existe uma correlação entre o comportamento condutométrico e o processo de floculação; 2 - Há correlação entre o ponto de neutralização nos estudos condutométricos e o ponto de carga zero para o hidróxido de magnésio descrito na literatura, medido através de microeletroforese; 3 - O método condutométrico tem a vantagem de não requerer múltiplas forças iônicas e é um processo não destrutivo. Este estudo sugere que a condutividade pode ser de utilidade no acompanhamento e previsão das condições de floculação para as suspensões de interesse farmacêutico. Tabela 1 – Condutividade específica, pH, volumes de sedimentos e características de sobrenadantes de uma série de suspensões de hidróxido de magnésio a 4%. KOH (mM) Condutividade Específica (mmhos/cm) pH Volume de sedimento (ml) característica do sobrenadante 0,0 0,22 9,5 --- turvo ++++ 2,5 0,37 10,3 --- turvo +++ 5,0 0,62 10,9 --- turvo ++ 10,0 1,17 11,6 --- turvo + 15,0 1,79 12,1 17,0 límpido 20,0 2,49 12,4 16,5 límpido 25,0 3,11 12,6 16,0 límpido 30,0 3,80 12,7 16,0 límpido 30 Caderno de Farmácia, v. 9, n. 1, p. 27-31, 1993. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1 - HAINES, B.A.; MARTIN, A.N. Interfacial properties of powdered material; caking in liquid dispersions I. J. Pharm. Sci., v.50, n.3; p.228-232, 1961. 2 - HAINES, B.A.; MARTIN, A.N. Interfacial properties of powdered material; caking in liquid dispersions II. J. Pharm. Sci., v.50, n. 9, p.753756, 1961. 3 - HAINES, B.A; MARTIN, A.N. Interfacial properties of powdered material; caking in liquid dispersions III. J. Pharm. 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