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CIVIL IV.docx

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26/07/2016
TEORIGA GERAL DOS CONTRATOS
Conteúdo do 1º bimestre:
Visão estrutural dos contratos 
Princípios que regem a teoria geral dos contratos (Dignidade da pessoa humana, consensualismo/autonomia da vontade, força obrigatória dos contratos, relatividade subjetiva dos efeitos dos contratos, função social do contrato, boa-fé objetiva).
Formação dos contratos
Classificação dos contratos
2º bimestre:
Das estipulações contratuais em relação a terceiros
Interpretação dos contratos
Vícios redibitórios
Evicção
Extinção dos contratos
Exceção de contrato não cumprido
Teoria da imprevisão e resolução por onerosidade excessiva
FATO JURÍDICO
Fato jurídico strictu sensu 
 Ordinário 
 Extraordinário
Ato Fato (fatos que independem da vontade humana)
- obs: embora alguns atos fato sejam protagonizados pela vontade humana, tal humano não tem capacidade de compreensão de seus atos.
Atos jurídicos (fatos que dependem da vontade humana)
 Lícitos (subdivido em ato jurídico strictu sensu e negócio jurídico)
*ato jurídico strictu sensu: atos são controlados pelas partes, e o efeito consequente do ato é imposto pela lei (exemplo: união estável). 
*negócio jurídico: atos são controlados pelas partes, e o negócio jurídico controla o efeito decorrente do ato (exemplo: casamento).
 Ilícitos 
CONTRATOS
Os contratos caracterizam-se como negócios jurídicos por meio do qual as partes declarantes, limitadas pelos princípios da função social do contrato e da boa-fé objetiva autodisciplinam os efeitos patrimoniais que pretendem atingir, segundo a autonomia de suas próprias vontades. Os princípios acima mencionados possuem fundamentação nos artigos 421, 422 respectivamente. 
A inteligência do art. 112 do CC deve ser importada para a reflexão do sentido dos contratos, devendo ir além de sua literalidade, ou seja, tentando privilegiar a real vontade dos contratantes no documento consubstanciado. 
Os contratos objetivam acima de tudo, o aperfeiçoamento da vontade das partes e sua satisfação prestacional. Com efeito, contratos desiquilibrados que impõe desvantagem a um dos contratantes devem ser submetidos à revisão contratual, devendo o judiciário buscar de alguma forma reparar este desnivelamento. Neste contexto, nos debruçamos sobre os contratos de adesão, que são aqueles instrumentos negociais confeccionados por apenas um dos contratantes e que não dá à outra parte o direito de discutir suas cláusulas, impondo uma relação de verticalidade em que o aderente/consumidor somente celebra sua participação no negócio sobre possíveis cláusulas leoninas. Por conta disso, o código de defesa do consumidor (CDC) funciona como um ponto de reequilíbrio negocial, dando aos consumidores prejudicados as ferramentas necessárias para reequilibrar os contratos de adesão.
27/07/2016
TEORIA GERAL DOS CONTRATOS
PLANO DE EXISTÊNCIA
Partes: contratantes
Objeto: princípio da liberdade das formas regra geral: liberdade para contratar (ramo do direito privado)
- exceção: contratos solenes (carecem de registro em cartório)
Manifestação de vontade: verbal, escrito, gestual, mímica.
O plano de existência dos contratos caracteriza-se pela presença das partes envolvidas, ora chamadas de contratantes, do objeto ou instrumento que importa em lei entre as partes e manifestação de vontade. A ausência de quaisquer desses requisitos não configura contrato de qualquer espécie, não desprendendo quaisquer efeitos no ordenamento jurídico. 
A manifestação de vontade será concretizada não apenas na forma escrita, mas também na forma verbal, gestual, e através de mímicas e inclusive através do silêncio na específica forma do art. 111 do Código Civil. É importante destacar que o sistema contratual brasileiro prevalece o princípio da liberdade das formas, o que impulsiona o contrato verbal como a forma mais comum de negócio jurídico exercitado pelo brasileiro. 
PLANO DE VALIDADE 
Partes: capacidade e legitimidade.
Objeto: lícito, possível, determinado/determinável.
- determinado obrigação de dar coisa certa
- determinável obrigação de dar coisa incerta
Manifestação da vontade: livre e boa-fé.
No plano de validade, os requisitos do plano de existência são adjetivados, para que o negócio jurídico seja considerado válido. Neste sentido, as partes devem ser não apenas capazes para realizar negócios jurídicos, mas precisam ter legitimidade para fazê-los. Já o objeto, no plano de validade, deve ser lícito, possível, determinado/determinável, conforme estudamos em obrigações. Por fim, a manifestação da vontade deve ser livre e desembaraçada de qualquer vício de consentimento, devendo os contratantes praticarem seus atos munidos de boa-fé, ou seja, sem a intenção de prejudicar a outra parte.
PLANO DE EFICÁCIA (são os elementos acidentais nulidade relativa do contrato = carecem de retificação). 
- Se houver retificação: contrato sobrevive
- Se não houver retificação: a nulidade relativa passa a ser nulidade absoluta.
Termo: cláusula acessória que traduz evento futuro e certo.
Condição: cláusula acessória que traduz evento futuro e incerto.
Modo ou encargo: cláusula acessória que impõe contraprestação de menor proporção (exemplo: doação de fazenda com o encargo de cuidar de uma vaca).
No plano de eficácia, os contratos contêm em seu bojo condições acessórias que norteiam a eficácia ou não do negócio jurídico, representando parâmetro de suspensão negocial até que a cláusula coadjuvante seja alcançada. Por se tratar de cláusula acessória, o seu descumprimento não representa a nulidade absoluta do contrato, mas sim relativa, pois o defeito não compromete a coluna vertebral do contrato, podendo as partes consertar esse defeito e conservar o negócio jurídico. Com efeito, estas cláusulas acessórias se exteriorizam através de obrigação a termo, obrigação condicional, ou obrigação com modo/encargo. Observação: o judiciário quando se debruça em demandas que envolvem revisional de contrato, ou em anulação do acordo de vontades, sempre busca manter o acordo original a todo custo à luz do princípio da conservação dos contratos.
Megathunder: num confronto hipotético entre o princípio do consensualismo e o princípio da função social do contrato como ficaria o ordenamento jurídico se um desses dois princípios colidentes simplesmente sumisse. Analise como seria o mundo nas duas situações.
02/08/2016
PRINCÍPIOS DA TEORIA GERAL DOS CONTRATOS
Princípio da autonomia da vontade/consensualismo: “Pactua Sunt Servanda”. Pode ser relativizado quando houver desequilíbrio negocial.
O princípio do consensualismo caracteriza-se como o principal elemento construtor dos contratos, privilegiando a autonomia da vontade dos contratantes e a liberdade típica do direito privado, podendo celebrar negócios jurídicos acerca de bens disponíveis sem ser frustrado pelo Estado, que deixa claro em normas preexistentes qual o limite dessa liberdade. Quando os contratantes extrapolam estes limites, agredindo bem jurídico tutelado pelo Estado, fica o arranjo negocial suscetível de modificação por força de decisão judicial ou de órgãos de fiscalização típicos do Estado. Já a função social do contrato, com fundamento no art. 421 do CC, tem como característica a intervenção estatal e limitação da autonomia da vontade, podendo se evidenciar em situações de desequilíbrio negocial entre contratantes, ou quando o contrato atenta contra a ordem pública prejudicando terceiros.
Princípio da função social do contrato:
O princípio da função social do contrato não significa obrigatoriamente um reequilíbrio do negócio em qualquer situação, pois cada caso concreto indicará se o desequilibro deve ou não ser corrigido, especialmente se ele for incidental. Neste sentido, devemos observar as possibilidades de resolução do contrato à luz da teoria da imprevisão ou resolução do contrato por onerosidade excessiva por fatores que independem de culpa dos contratantes.
03/08/2016
O princípio da função social do contrato possui dois universos conceituais que remetem a análise docontrato no plano interno e no externo, sendo o primeiro chamado de função social intrínseca, que se revela pela necessidade de um contrato equilibrado, devendo os contratantes buscar confeccionar um acordo de vontades paritário, evitando que uma parte leve enorme vantagem sobre a outra, e salvaguardando que uma das partes seja exageradamente empobrecida dentro do negócio. Já a função social no plano extrínseco revela-se através da intromissão do Estado em negócios jurídicos que acarretem prejuízos a coletividade.
O princípio da função social do contrato pode se intrometer na intimidade das partes através de lei e de decisões judiciais, sendo a primeira através dos órgãos fiscalizadores, e a segunda através de sentença quando uma das partes prejudicadas em um contrato pedir ajuda ao Estado (princípio do impulso oficial). Num segundo cenário, o Estado se intromete na relação quando o contrato celebrado agredir a coletividade, se intrometendo sem ser necessariamente provocado, na condição de fiscal da lei, ou quando julgar que o negócio jurídico tem repercussão além da intimidade contratual das partes. Dentro deste contexto, o princípio da boa-fé objetiva caminha de mãos dadas com o princípio da função social do contrato, observando seus efeitos em deveres gerais (obrigação de dar, fazer e não fazer) e deveres anexos ou satelitários (deveres de informação, lealdade, confidencialidade, assistência). Se um ou ambos os contratantes levarem vantagem indevida, valendo-se de má-fé na elaboração de um contrato, no plano interno ou externo, deverá o Estado, valendo-se da inteligência do princípio da boa-fé objetiva, se intrometer no contrato impulsionado pelo princípio da função social do contrato.
Contrato Leonino: a função social do contrato tem papel vital na desconstrução dos contratos leoninos, que são aqueles negócios jurídicos extremamente desequilibrados, com abuso de uma parte sobre a outra, típicos de contrato de adesão. 
O art. 421 do CC revela-se como uma ferramenta importantíssima do Estado no controle da autonomia da vontade e na proteção de direitos difusos e coletivos. A novidade do CC/2002 veio para ficar definitivamente por foça de um princípio assecuratório que homenageia a segurança jurídica dos contratos e o ato jurídico perfeito, que é o princípio da vedação do retrocesso. 
Megathunder: análise qual a relação do princípio da equivalência material com o princípio da isonomia, analisando os dois institutos em contratos particulares e contratos administrativos. 
2º Megathunder: Como funciona o princípio da função social do contrato diante do princípio da relatividade subjetiva dos efeitos do contrato, citando um exemplo que deixa claro esta diferença. 
09/08/2016
O princípio da isonomia e o princípio da equivalência material têm como característica a busca pelo equilíbrio do negócio jurídico entre os contratantes, sendo o segundo instituto desdobramento do primeiro que obviamente é um princípio geral. A acepção substancial do princípio da isonomia faz com que a equivalência material seja alcançada, possibilitando eventual revisão de contrato. Este raciocínio deve ser observado de formas diferentes dos contratos envolvendo particulares e contratos envolvendo a administração pública. No primeiro, prevalece o princípio da liberdade das formas, em que as partes podem pactuar de forma livre, salvo previsão legal que imponha alguma forma específica como os contratos solenes. Já o segundo, é disciplinado por lei, tanto nos contratos administrativos, quanto nas licitações, devendo o representante da administração pública atuar de forma harmônica aos requisitos do art. 37 da CF (princípios constitucionais que norteiam os atos administrativos).
Legalidade
Impessoalidade
Moralidade
Publicidade
Eficiência
O princípio da função social do contrato revela-se como uma inteligência de natureza pública, que permite o Estado se intrometer na intimidade contratual das partes no negócio jurídico, especialmente quando o contrato for desequilibrado (revisional de contrato típica do plano intrínseco) e também nas situações em que o conteúdo do contrato, mesmo equilibrado internamente, transcenda efeitos agressivos à coletividade, fato que viabiliza a intervenção do Estado. Em compensação, o princípio da relatividade subjetiva nos efeitos do contrato caracteriza-se através do efeito vinculativo interpartes. Ou seja, a obrigatoriedade que deriva do acordo de vontades só compromete os envolvidos no contrato, não envolvendo terceiro que somente poderá se intrometer autorizado por lei, por autorização dos envolvidos no contrato ou se for terceiro interessado.
PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA (MATÉRIA CONTRATUAL)
O princípio da boa-fé objetiva possui fundamentação no art. 422 do CC, caracterizando-se em matéria contratual como a estrutura negocial externada pelas partes em sua maioria através da forma verbal ou escrita. A boa fé-subjetiva não nos interessa aprioristicamente, haja vista que se trata de uma situação psicológica, num estado de ânimo ou de espírito do agente que realiza determinado ato ou vivencia dada situação sem ter ciência do vício que incide. Em outras palavras, o plano interno da boa-fé poderá repercutir caso a estrutura do contrato traga dúvidas consoante sua interpretação, com cláusulas contraditórias, omissões ou obscuridades, fato que motivará a análise da real intenção dos contratantes. 
10/08/2016
Funções da Boa-fé objetiva
Função de Preenchimento ou Interpretação (Colmatação): A função interpretativa ou de colmatação possui representatividade normativa no art. 113 do CC e no art. 5º da LINDB, tendo como característica extrair do conteúdo normativo o raciocínio mais justo possível, que caminhe rumo ao equilíbrio entre os contratantes. O mesmo raciocínio se utiliza nas hipóteses de colmatação, devendo se extrair da inteligência geral do contrato um sentido moralmente recomendável e socialmente mais útil. 
Função Criadora de deveres jurídicos anexos e de proteção: A função criadora da boa-fé objetiva atua através de seus direitos anexos, também chamados de invisíveis ou satelitários, pois se caracteriza pela construção de cláusulas baseadas na lealdade e confiança recíproca, dever de assistência, dever de informação e dever de sigilo/confidencialidade. 
Função Delimitadora do exercício de direitos subjetivos: a função delimitadora objetiva conter abusos de direito, que se evidenciam através das cláusulas leoninas, que nada mais são do que dispositivos contratuais que impõe intenso desequilíbrio negocial, motivando, através da referida função, o direito de reparação. Um grande exemplo de cláusula leonina é aquela que prevê impossibilidade de aplicação da teoria da imprevisão ou cláusulas superveniente de onerosidade excessiva em favor da parte do prejudicado. 
Obs: o princípio da boa-fé objetiva e função social do contrato incide (pode gerar efeitos) antes do contrato ser assinado, durante o contrato, e após o término do contrato. Com base nos artigos 421 e 422 do Código Civil. 
Exemplo: vendedor agir com má-fé antes da assinatura do contrato, escondendo vício presente no produto.
Exemplo 2: químico que trabalha na Coca-Cola e sai da empresa, não podendo “contar” a fórmula do refrigerante, sob pena do dever de confidencialidade.
Desdobramentos da Boa-fé objetiva
Venire Contra Factum Proprium (Vir contra fato próprio) conduta contratual contraditória, atenta contra a boa-fé e surpreende a outra parte (exemplo: art. 1566, I, CC)
Supressio
Surrectio
Tu quo que
Exceptio doli
Inalegabilidade de nulidades formais
Desequilíbrio do exercício jurídico
Cláusula de Stoppel
 Mega 1: Comente todos desdobramentos da boa-fé objetiva citados em aula, destacando a sua utilidade e citando exemplos de cada uma.
Mega 2: Comente sobre a fase de pontuação e policitação que estudaremos em formação dos contratos, apontando qual o caráter vinculante e indenizatório de cada um dos institutos.
16/08/2016
Princípio da Boa-fé Objetiva
Desdobramentos
VENIRE CONTRA FACTUM PROPIUM: Comportamentocontraditório/preclusão lógica. O venire contra factum propium traduz o principal desdobramento do princípio da boa fé objetiva, que tem como objetivo punir qualquer dos contratantes que valha-se de comportamento contraditório para levar vantagem indevida. Este comportamento traiçoeiro pode se dar na forma comissiva (através de atos diversos do que foi pactuado), e omissiva (em que uma das partes valha-se do silêncio para levar vantagem indevida). Com efeito, temos as hipóteses de perda do direito diante do comportamento contraditório chamado de supressio, e, concomitantemente, temos a aquisição de direitos pelo mesmo motivo, que é chamado de surrectio.
SUPRESSIO: supressão/perda do direito.
SURRECTIO: aquisição de direito.
TU QUO QUE (até tu?): ideia de traição/ideia de dolo + contratual + relações de afeto/íntima/amizade art. 1566, I, CC. O tu quo que caracteriza-se quando uma das partes contratantes surpreende a outra dentro de uma relação negocial, rompendo com o valor de confiança e impondo extrema desvantagem. Revela-se através de conduta dolosa ou de abuso de direito dentro de uma relação contratual aproveitando-se de uma relação de intimidade, afeto, amizade ou familiar a ponto de agir de forma traiçoeira diante da fragilidade negocial imposta pela proximidade dos contratantes. 
“EXCEPTIO DOLI” (EXCEÇÃO DOLOSA): uma das partes vale-se do conteúdo normativo para levar vantagem indevida. A exceção dolosa caracteriza-se como um desdobramento da boa-fé objetiva que visa coibir condutas em que o exercício do direito tenha sido realizado com o intuito não de preservar legítimos interesses, mas sim de prejudicar a outra parte, impondo-lhe desvantagem indevida. Exemplo: art. 940 do CC. 
INALEGABILIDADE DE NULIDADE FORMAIS: ideia de não alegar/silenciar consoante a nulidades. A inalegabilidade de nulidade formais é a aplicação da regra de que ninguém deve se valer de sua própria torpeza, como desdobramento do princípio da boa-fé objetiva. Traduz um raciocínio do comportamento contraditório típico “Venire Contra Factum Proprium” dentro do estudo de nulidades. Com efeito, as nulidades mencionadas ou passíveis de extinção a anômala do contrato são as de natureza absoluta, tidas como indisponíveis para as partes. Some-se a isso o fato da boa-fé objetiva ser agredida pela própria pessoa que deu causa a nulidade e que de forma traiçoeira suscita tal defeito quando lhe é conveniente, levando vantagem indevida. Interessante destacar que as nulidades relativas não têm o condão de extinguir instantaneamente o contrato, pois carrega vícios saneáveis, ou seja, numa anulatória de contrato, prevalece o princípio da conservação dos contratos. Devendo tais defeitos serem corrigidos num prazo legal sob pena da conversão da nulidade relativa em absoluta. (exemplo: art. 796 B CLT)
DESEQUÍLIBRIO NO EXERCÍCIO JURÍDICO: revela-se como atentado a boa-fé objetiva quando uma das partes extrapola os limites de seus direitos adquiridos através de contrato, impondo extrema desvantagem a outra parte, incorrendo em abuso de direito. Importante frisar, que os contratos pautados pela verticalidade típica, como contratos de adesão, contratos de prestação de serviços trabalhistas e etc. Não importam necessariamente em desequilíbrio do exercício jurídico, mas o excesso na imposição dos direitos de um sobre o outro é que incorre em má-fé.
CLÁUSULA DE STOPPEL (VENIRE CONTRA FACTUM PROPIUM NO DIREITO INTERNACIONAL): Exemplo clássico: estrutura de petróleo construída pela Petrobrás na relação Brasil x Bolívia.
17/08/2016
FORMAÇÃO DOS CONTRATOS
1º Fase: Fase de Puntuação/sondagem a fase de pontuação consiste num momento prévio em que as partes discutem, ponderam, refletem, fazem cálculos, estudos, redigem minuta de contrato, enfim, contemporizam interesses antagônicos até que possam alcançar uma proposta final e definitiva. Trata-se da fase de negociação preliminar que não vincula as partes, não gera direito de reparação, pois não se concretizou a proposta séria e concreta. 
2º Fase: Fase de Policitação 
Megathunder: Ítalo ficou noivo de Florinda com o casamento a ser realizado dia 30 de dezembro de 2016. A família da noiva resolveu arcar com toda a festa, enviando convites para parentes que moram no Nordeste e que compraram passagens em milhas para serem padrinhos da união. Ocorre que Ítalo, em novembro, resolve desmanchar o noivado sob a alegação de amar outra mulher. Revoltada, Florinda ingressou com ação pedindo indenização pela humilhação que passou. Julgue o caso a luz do raciocínio da formação dos contratos e do direito que possui Ítalo de não casar.
23/08/2016
FORMAÇÃO DOS CONTRATOS 
Transição da fase de pontuação para policitação: por meio de proposta séria e concreta, gerando vinculação. 
2º Fase: Fase de Policitação a fase de policitação consiste na oferta de contratar que uma parte faz a outra, com vistas a celebração de determinado negócio. Esta proposta deve ser séria e concreta, ou seja, meras conjecturas ou declarações flagrantemente jocosas não traduzem proposta juridicamente válida e exigível. O pré-contrato, apesar do nome, traduz uma modalidade contratual, sendo sua proposta que cria expectativa, considerada séria e concreta, dando fôlego à fase de policitação. A parte que faz a proposta é chamada de proponente, policitante ou ofertante, ao passo que, aquele que recebe é chamado de aceitante ou oblato. 
Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso.
O art. 427 do CC carrega hipóteses de exceção dos efeitos vinculativos da fase de policitação, através dos seguintes cenários:
*1º cenário: se o contrário (a não obrigatoriedade) resultar dos termos dela mesmo. Exemplo: produto que se esgota numa promoção, não pode ensejar na parte frustrada, direito de reparação.
**2º cenário: se o contrário (a não obrigatoriedade) resultar da natureza do negócio. Exemplo: promessa de recompensa para produtos perdidos, pois somente uma pessoa será agraciada, em virtude da própria natureza do negócio.
***3º cenário: se o contrário (a não obrigatoriedade) resultar das circunstâncias do caso. Exemplo: caso do Joselinolindesa e bloco de carnaval me beija. 
O art. 428 traz a inteligência do princípio da vinculação ou da obrigatoriedade. 
As pessoas presentes são aquelas que mantêm contato direto e simultâneo uma com a outra, a exemplo daquelas que tratam do negócio pessoalmente, ou que utilizam meio de transmissão imediata da vontade.
Já as pessoas ausentes são aquelas que não mantêm contato direto e imediato entre si, como acontece com a carta, telegrama, e-mail e etc.
O art. 428 inciso III carrega uma exceção ao princípio da vinculação nas hipóteses de proposta com data fixada para resposta, devendo toda e qualquer mensagem posterior ao prazo fixado, exonerar o proponente da obrigação de continuar o negócio, sendo a resposta tardia convertida em contraproposta. No entanto, é importante atentar para o comando do art. 430 do CC, que impõe ao proponente a obrigação de informar o oblato que irá negociar com terceiro, sob pena de suportar perdas e danos por agressão ao dever de informação típico do princípio da boa-fé objetiva. 
24/08/2016
Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta:
I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante;
II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente;
III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado;
IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente
.
Art. 429. A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos.
Parágrafo único. Pode revogar-se a ofertapela mesma via de sua divulgação, desde que ressalvada esta faculdade na oferta realizada.
Oferta ao Público
Núncios? = aparelhos que são veículo de oferta ao público. 
A oferta ao público é regulada no art. 429 do CC, caracterizando-se como a proposta feita entre uma pessoa física ou jurídica em relação a uma coletividade. Obedecendo ao mesmo raciocínio no contrato oferecido ao particular, salvo em relação aos meios de revogação da proposta que deve se operar através da mesma via de divulgação para concretizar o arrependimento. Neste universo, temos as ofertas ao público através de aparelhos automáticos de venda de produtos, chamados de núncios, que representam a manifestação de vontade da pessoa física ou jurídica responsável pelo produto. Assim sendo, em eventual má prestação de serviços, o réu é o responsável e não o aparelho. Exemplo: máquina de ursinhos de pelúcia do shopping.
Situação Hipotética: Caso o proponente venha a óbito após ter direcionado proposta séria e concreta, tem o aceitante o direito de prosseguir no negócio, desde que responda dentro do prazo combinado, por conta expectativa criada, sob influência do princípio da boa-fé objetiva. Os herdeiros deverão concluir o negócio, devendo ser observado, obviamente, se a prestação prometida pelo proponente falecido era personalíssima ou não. Se não era personalíssima, continua o negócio, mas se era personalíssima, a obrigação morre junto com o proponente. 
MEGATHUNDER: na formação dos contratos, quem cala consente? Interprete quais as consequências do silêncio do aceitante. 
MEGATHUNDER 2: Como funciona a formação dos contratos entre ausentes, apontando qual o momento em que o contrato momento efetivamente se forma. Neste sentido, indique todas as teorias possíveis sobre o assunto.
30/08/2016
Na fase de policitação, a proposta séria e concreta dependerá de aceitação para que o contrato se forme, no entanto, o silêncio por parte do oblato pode excepcionalmente representar aceitação, a depender do tipo de contrato que está sendo celebrado, ou seja, se a natureza do contrato comporta o silêncio como aceitação conforme sua própria estrutura. Exemplo: doação pura em que o silêncio do aceitante presume concordância.
Outra forma de aceitação é a expressa, por via de efetivação da concretização dos contratos, sendo que esta dependerá de previsão legal que imponha esta forma de aceitação, sob pena de lesão ao art. 5º, II da CF. Assim sendo, exceto nos casos acima citados, quem cala não consente.
FORMAÇÃO DE CONTRATOS ENTRE AUSENTES
Teoria da Cognição: momento que toma conhecimento da resposta.
Teoria da Agnição (não precisa saber o teor)
Expedição (art. 434 CC)
Recepção (art. 433 CC – ordenamento jurídico brasileiro)
Declaração Propriamente Dita: momento da aceitação propriamente dita difícil auferir que momento é esse.
 Na formação de contratos entre ausentes, discute-se bastante qual o momento em que o contrato se forma, cabendo a doutrina identificar quando isso acontece através de teorias, facilitada pela própria confusão do CC sobre o assunto.
Teoria da Cognição = para esta teoria o proponente não apenas deve receber a resposta, mas principalmente tomar ciência de seu conteúdo.
Teoria da Agnição: para esta teoria, a ciência do proponente traduz mero exaurimento, devendo o contrato se concretizar entre o “iter” da manifestação de vontade do oblato e o recebimento do proponente. Com efeito, temos três subteorias:
Teoria da Declaração Propriamente Dita: entende o contrato por formado no momento em que o oblato está redigindo a sua aceitação. Apesar de interessante, a teoria é inaplicável dada à dificuldade de se objetivar o momento da aceitação. 
Teoria da Expedição: entende que o momento de concretização do contrato ocorre quando o oblato expede ou encaminha a sua aceitação, sendo o recebimento mero exaurimento. Este raciocínio possui grande representatividade na doutrina, justamente por conta da confusão feita pelo CC nos artigos 433 e 434. Quem defende esta teoria, enxerga que se a recepção por parte do proponente fosse necessária, não haveria necessidade do dever de informação diante do silêncio do oblato e vontade de celebrar negócio com terceiros, como prevê o art. 430. No entanto, esta teoria não prevalece.
Teoria da Recepção: entende o contrato por formado no momento em que o proponente recebe (dá recebimento em AR por exemplo) a resposta positiva do oblato, conforme se deduz no art. 433 do CC. Assim sendo, este raciocínio modula efeitos para os atos de comunicação processuais, podendo servir de conteúdo para discussão de citação válida ou não, como pressuposto intrínseco do processo. 
Obs: ler o que é puffing.
Obs 2: na oferta ao público prevalece o princípio da vinculação, especialmente nas relações de consumo, conforme ensina os artigos 30 a 35 do CDC, sendo que o primeiro trata do princípio de vinculação, devendo ser observado qual o critério utilizado para que o consumidor tenha sido deduzido ao contrato. Se o critério for subjetivo (“o mais gostoso da cidade”), não há de se falar em vinculação, ao passo que se o critério for objetivo (“preço mais barato da cidade”), aí sim temos hipótese de vinculação. 
06/09/2016
PUFFING
 
É  exagero típico da oferta ao público.
 
Classificação:
A) Dolus bonus
B) Dolus malus: responde pelo prejuízo
O puffing nada mais é do que o exagero típico da oferta ao público, sendo tolerado a depender da natureza do exagero, ou seja, desde que não induza o oblato a falsa percepção realidade (estado da  putatividade). Assim sendo o puffing pode se caracterizar de duas formas: a primeira chamada de dolus bonus, que se trata do exagero tolerado e tem por objetivo valorizar o produto sem, no entanto, descaracteriza-lo nem tão pouco enganar o oblato; e segunda diz respeito ao exagero nocivo, que induz o oblato ao estado de putatividade, devendo o proponente responder por perdas e danos que causar.
O lugar de formação dos contratos obedece ao regramento do art. 435 do CC, que alega que o contrato reputa-se celebrado no lugar onde fora proposto, ou seja, via de regra, o domicílio do policitante.
No entanto, é imperioso destacar que nas relações de consumo prevalece o domicílio do consumidor, que também é chamado de oblato por conta do desequilíbrio típico das relações de consumo, conforme entendimento do CDC.
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
Quanto à natureza das obrigações os contratos podem ser:
Unilaterais, bilaterais, plurilaterais.
Onerosos ou gratuitos
Cumulativos ou aleatórios 
Paritários ou de adesão
Evolutivos
Quanto à forma os contratos podem ser:
Solenes ou não solenes
Consensuais ou reais
Quanto à designação:
Quanto à pessoa do contratante:
Pessoais ou impessoais
Contratos individuais ou coletivos
Autocontrato
Quanto ao tempo de sua execução:
Instantâneos
De duração 
Unilaterais – excepcionais (são gratuitos em regra)
Plurilaterais – excepcionais
Bilaterais – tradicionais (onerosos em regra)
Os contratos classificados quanto a sua natureza tem como principal forma de escalonamento através dos contratos unilaterais, plurilaterais e bilaterais, sendo estes definidos da seguinte forma:
Contratos unilaterais: são aqueles que a obrigação é uma via de mão única em que as partes se notabilizam por apenas um feixe obrigacional em que uma suporta o ônus da obrigação o e a outra seus benefícios, sem precisar necessariamente cumprir qualquer contraprestação. É imperioso destacar que o efeito sinalagmático não sofre qualquer relativização por conta da ausência de contraprestação típica dos unilaterais, ou seja, este efeito que tem o condão de impor coercitividade é inerente de todo e qualquer contrato pouco importando a sua classificação.
Nos contratos unilaterais, a frustração de expectativas pode acarretar direito de reparação em favor da parte prejudicada desde que ela comprove os prejuízos sofridos, conforme se verifica o princípio da boa fé e seus desdobramentos. De outro giro, não cabe à  parte favorecida reclamar da qualidade da prestaçãoque recebeu de forma gratuita, afinal não teve de suportar contra prestação nenhuma, seguindo raciocínio do ditado popular: "Cavalo dado não se olha os dentes".
MEGATHUNDER 
Comente as diferenças entre os contratos unilaterais, plurilaterais e  bilaterais, correlacionando com os contratos gratuitos, onerosos e os efeitos sinalagmáticos de cada situação, além de explicar a natureza jurídica da doação com encargo.
13/09/2016
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
Contratos Bilaterais: os contratos bilaterais são os arranjos negociais mais comuns no direito civil brasileiro, caracterizando-se pela presença de dois contratantes que possuem obrigação de dar, fazer ou não fazer recíprocos, por força do poder coercitivo chamado de efeito sinalagmático. Neste arranjo, as partes possuem prestação e contraprestação que devem ser adimplidos, sob pena de sofrerem todos aqueles efeitos que estudamos em obrigações (hipóteses de inadimplemento absoluto e relativo). Os contratos bilaterais possuem três características exclusivas de sua estrutura:
Somente nos contratos bilaterais é aplicado a exceção de contrato não cumprido “exceptio non adimplenti contractus”, que se traduz através do direito de não cumprir a contraprestação em face do inadimplemento da prestação originária. Exemplo: Madruga deixou de vender sua bicicleta para Chaves porque este não cumpriu sua obrigação de pagar antecipado (a exceção do contrato não cumprido é uma consequência comportamental de um dos contratantes em relação ao inadimplemento do outro).
Somente nos contratos bilaterais aplica-se a regra da teoria da condição resolutiva, em que um dos contratantes diante do inadimplemento do outro, entende o contrato por resolvido, ou seja, terminado ou extinto.
Somente nos contratos bilaterais é aplicado o raciocínio dos vícios redibitórios (são os bens – objetos de contrato que carregam defeitos ocultos ou não aparentes, com base na teoria do homem médio, ou seja, que o defeito precisa ser oculto para qualquer pessoa de inteligência meridiana, o defeito pode ser oculto para Madruga porque possui inteligência meridiana sobre carros, o que não aconteceria com Paulão da regulagem, pois este possui conhecimentos mecânicos que vão além da capacidade média. É preciso ter em mente que a natureza do defeito deve ser considerado para a aferição dos vícios redibitórios).
Observação: Os contratos bilaterais quase sempre são onerosos por natureza, ou seja, via de regra um dos contratantes tem como prestação a obrigação de dar coisa certa em dinheiro, ou qualquer outra prestação que acabe por repercutir em acréscimo patrimonial da outra parte (credor). Em compensação, os contratos unilaterais caracterizam-se como de natureza gratuita por ausência de contraprestação, mas com apenas uma das partes tendo uma obrigação específica e a outra possuindo direitos de acordo com o arranjo construído pelos dois. Exemplo: doação pura.
Obs: na doação pura o silêncio presume concordância (exemplo: art. 539 CC).
Observação: em caso de arrependimento do doador, no contrato de doação pura, terá o donatário direito de reparação a depender do caso concreto e do prejuízo comprovado que apresentar em juízo, ou seja, o ônus da prova dos prejuízos que sofreu é do donatário, afinal, nos contratos unilaterais o devedor constrói essa estrutura obrigacional em desvantagem prestacional ou através de mera liberalidade. 
Doação com Encargo: a doação com encargo é extremamente polêmica quando o assunto é classificação dos contratos, tendo sua discussão baseada especificamente na natureza jurídica do encargo e se ele possui força de contraprestação ou não. Numa visão mais técnica, essa moralidade traduz contrato unilateral, pois a suposta contraprestação, ao ser chamado de encargo, reflete a interpretação de que o comportamento do donatário não influenciará na resolução tácita ou exceção de contrato não cumprido, pois está no plano de eficácia, onde a nulidade relativa é facilmente devorada pelo princípio da conservação dos contratos. o inadimplemento do encargo, segundo esta corrente majoritária, pode repercutir em reparação de danos, mas não em desfazimento do negócio. 
Observação: para a contraprestação revelar-se como encargo é preciso que haja uma discrepância patrimonial muito acentuada entre prestação e encargo, sendo vedado qualquer jogo de palavras que induza a estrutura a comportamento indevido. Já a segunda corrente, entende que o fato de existir encargo já traduz necessariamente em contraprestação, classificando-o como bilateral imperfeito, justamente para conservar os efeitos típicos do bilateral, mas respeitar que encargo está no plano de eficácia. A luz desta ótica, a nulidade relativa que se desprende do inadimplemento do encargo prevalece sobre o princípio da conservação dos contratos.
Observação: é preciso deixar claro, que se as partes atrelarem o encargo como condição de resolução tácita do negócio trazem um encargo do plano eficácia para o plano de validade. Trazendo consigo todos os efeitos característicos dos contratos bilaterais. 
14/09/2016
Os contratos plurilaterais caracterizam-se através da relação de mais de duas pessoas em torno do mesmo instrumento negocial, comprometendo-se a cumprir as obrigações nele descritas e dispondo de direitos que podem usufruir. Neste contexto, os efeitos privativos dos contratos bilaterais aqui não se aperfeiçoam, pelas simples ideia de que a resolução ou inadimplemento justificado da obrigação causará danos a terceiros inocentes. Exemplo: num condomínio de 7 apartamentos, o fato de o n.4 deixar de pagar não dá direito ao n.5 de se abster do pagamento também, pois os outros cinco apartamentos, de forma injusta seriam penalizados. 
Outro ponto interessante dos contratos plurilaterais versa sobre a natureza da obrigação em que cada condômino ou sócio possui no momento do pagamento. Caso não exista menção sobre a modalidade obrigacional, opera-se a regra geral da fracionariedade, mas se houver alguma definição nesse sentido, prevalece a construção obrigacional escolhida entre as partes (via de regra optam pela solidariedade).
Os contratos onerosos caracterizam-se quando as obrigações que envolvem os contratantes resultam em impacto patrimonial, dando fôlego a direito de reparação diante de inadimplemento com ou sem culpa. Neste contexto, os contratos onerosos, via de regra, são caracterizados pelos contratos bilaterais. Excepcionalmente, doutrina traz, mesmo que mergulhado em grande polêmica a doação com encargo como modalidade de contrato bilateral gratuito, o que é altamente questionável conforme já vimos. 
Já os contratos gratuitos caracterizam-se através dos contratos unilaterais, via de regra. Este arranjo assim se desenha porque um dos contratantes somente goza de direitos recebendo a prestação sem precisar dar nada em troca, como acontece com a doação pura, como comodato, por exemplo. 
Contratos plurilaterais, via de regra, são onerosos.
Os contratos plurilaterais têm como grande característica a natureza específica de suas obrigações definidas em instrumento coletivo, que via de regra, opera-se na forma onerosa, com todos contribuindo em prol de um objetivo ou um bem comum. No entanto, nada impede que a luz da autonomia da vontade que alguns arranjos comportem ou tolerem relações gratuitas, como por exemplo o síndico que fica exonerado de pagar taxa condominial ou administrador da empresa e responsável executivo da sociedade que fica exonerado de determinadas contribuições por escolha dos demais sócios.
Contrato de mútuo
Gratuito: abre mão do benefício dos juros
Oneroso: os juros são exigidos
O contrato de mútuo tem característica dupla a depender do arranjo definido pelas partes. Se porventura o credor abrir mão dos juros, não auferindo lucro real no negócio, entende-se a modalidade como gratuita, mas se os juros forem exigidos, entende-se a modalidade como onerosa. 
Contratos Comutativos/Aleatórios (sorte)
Os contratos comutativos são aqueles em que as obrigações dos envolvidos é equilibrada desde o começo,desprezando qualquer golpe de sorte que possa fazer uma das partes levar mais vantagem sobre a outra. Já os contratos aleatórios, por sua vez, ocorrem quando as partes indicam a prestação que deverá ser cumprida em função de coisas ou fatos futuros, atrelando a vantagem patrimonial a sorte dentro do negócio, por isso que também é chamado de contratos de esperança. O art. 458 traz as hipóteses de contratos aleatórios, são três hipóteses:
Ocorre quando o contratante assume o risco de não vir a ganhar coisa alguma, deixando a sorte propriamente dita confirmar o resultado de sua contratação. Exemplo: máquina de ursinho de pelúcia do shopping.
O art. 459 traz a segunda modalidade em que o contratante assume risco quanto a vantagem do negócio, mas não o faz de forma integral, pois desde o início do acordo de vontades tem assegurado o prêmio de consolação. Exemplo: Madruga paga para participar de uma pescaria em um pesque e pague, e após passar o dia inteiro e não pegar nada, tem direito a dois peixes pequenos como prêmio de consolação.
O art. 460 versa sobre a venda de coisa atual sujeita a riscos, como ocorre na compra de mercadoria embarcada, sem notícia do seu estado atual, em que o adquirente assume o risco das mercadorias se deteriorarem durante o processo de transporte da embarcação para o estado de conservação. É preciso ter em mente entre a fronteira do comando do art. 460 e a má-fé do vendedor de produto é bem tênue, pois é preciso que o produto prometido tenha alguma chance de não apodrecer, sendo vedada a venda de produto estragado. 
04/10/2016
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
Contrato Paritários/de Adesão
Os contratos paritários traduzem relação de horizontalidade entre os contratantes, presumindo igualdade de condições, ao passo que o contrato de adesão exterioriza-se pela relação de verticalidade em que um dos contratantes predetermina a estrutura do contrato sem deixar que a outra parte participe da confecção de suas cláusulas, denotando verticalidade entre os contratantes. Os contratos de adesão possuem quatro características:
Uniformidade: evidencia-se quando o estipulante objetiva obter o maior número de contratantes com o mesmo conteúdo contratual, para facilitar a celebração dos arranjos negociais.
Predeterminação unilateral: esta característica é marcante na estrutura do contrato de adesão, cabendo ao oblato simplesmente aderir a estrutura feita exclusivamente pelo proponente.
Rigidez: por serem predeterminadas, não comportam rediscussão.
Posição de vantagem do proponente: o que reflete o desequilíbrio negocial típico desta relação de verticalidade. A doutrina chama este desnivelamento de superioridade material.
CONTRATOS SOLENES/NÃO SOLENES
O contrato solene caracteriza-se pela forma excepcional de celebração de contrato que tradicionalmente é pautado pelo princípio da liberdade das formas, ou seja, existem alguns tipos de contrato que possuem forma específica exigida por lei, e que o seu não cumprimento enseja a nulidade absoluta. O art. 107 do CC e os art. 108 e 1245 do CC trazem inteligência acerca dos contratos solenes . 
05/10/2016
Continuação – Contratos Solenes/Não Solenes
30 salários mínimos = R$ 26.400,00
Abaixo: Contrato não solene (não precisa de registro cartorário)
Igual ou maior: contrato solene
Interessante destacar, que obrigatoriedade de registro de bens imóveis está condicionada ao seu valor no contrato de compra e venda, delimitado por 30 salários mínimos (que hoje corresponde cerca de R$ 26.400,00). Em outras palavras, o fato de ser abaixo do valor delimitado, não significa que não possa ser solenizado, sendo até recomendável que o seja, para evitar pretensão de terceiros, em eventual negociação futura. A falta de registro do contrato de compra e venda ou o seu exercício tardio, pode ensejar em perda do valor investido frente a apresentação de um documento registrado por algum terceiro pretendente ao mesmo objeto.
CLASSIFICAÇÃO QUANTO À FORMA
Contratos Consensuais/Contratos Reais
Os contratos reais carecem de sonelização, ou seja, forma especificada em lei. Já nos contratos consensuais segue o raciocínio da autonomia da vontade.
Os contratos consensuais traduzem negócio jurídico livre e desembaraçado de formalismo, consagrando a relação de horizontalidade típica da autonomia da vontade e dos contratos paritários, ao passo que os contratos reais trazem em seu bojo uma relação de verticalidade que pode impor obrigações futuras unilaterais, como a obrigação de restituição de bens típica dos contratos de comodato, depósito e etc.
Contratos Evolutivos
Os contratos evolutivos caracterizam-se como figuras negociais típicas do direito administrativo, que permitem a equação ou retificação dos contratos assinados pelas partes, impondo maiores obrigações ao aderente, sendo salvaguardado, no entanto, a compensação respectiva pelo aumento da prestação. 
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS QUANTO à DISCIPLINA JURÍDICA
Direito Civil (ramo de direito privado) horizontalidade ônus da prova pertence ao autor
Direito Empresarial (ramo de direito privado) horizontalidade ônus da prova pertence ao autor. Obs: o direito empresarial (antigo direito comercial) está dentro do CC.
Direito Administrativo (ramo de direto público) verticalidade ônus da prova pertence ao particular
Direito do Consumidor (ramo do direito privado) verticalidade ônus da prova pertence ao fornecedor (condição de réu)
Direito do Trabalho (ramo do direito privado – direitos individuais)/(ramo do direito público – direitos coletivos) verticalidade in dubio pro operário
CLASSIFICAÇÃO QUANTO À PESSOA DO CONTRATANTE
Contrato Pessoal/Contrato Impessoal
Pessoal infungível (personalíssima)
Impessoal fungível (não personalíssima)
Os contratos pessoais possuem o mesmo raciocínio que estudamos em obrigação de fazer infungível, ou seja, o caráter da prestação é personalíssimo. Já os contratos impessoais, carregam o raciocínio das obrigações de fazer fungíveis, ou seja, a prestação pode ser desempenhada por um terceiro sem que isto acarrete consequências substanciais a qualidade da prestação do serviço. 
Contratos Individuais/Contratos Coletivos
Os contratos individuais possuem natureza objetiva, concreta, voltada para as necessidades específicas do outro contratante, ao passo que os contratos coletivos possuem natureza abstrata, subjetiva, utilizando-se de elementos característicos comuns contidos em toda coletividade, como por exemplo, os membros afiliados de um sindicato em que a pretensão abstrata venha favorecer toda categoria profissional. 
Autocontrato 
O autocontrato traduz modalidade de arranjo negocial em que um dos contratantes celebra contrato com outra pessoa, mas apresenta-se na condição de representante desta, dando a aparência de que assinou o contrato consigo mesmo. No entanto, os titulares dos direitos são diferentes, exemplo: Madruga representa Kiko na venda de um carro, mas apresenta-se como comprador do veículo (Art. 117 do CC).
Primeira corrente sobre o autocontrato: entende que é possível o autocontrato, conforme Inteligência do art. 117 do CC, harmonizando-se com a presunção de boa-fé objetiva típica de todo contrato e especialmente à luz do princípio da legalidade (art. 5º , II da CF).
Segunda corrente (minoritária): entende que o autocontrato é hipótese típica de confusão, afinal, dentro do raciocínio prático, é óbvio que o representado vai sair prejudicado em eventual dúvida quanto a interpretação do contrato. 
Observação: existem algumas hipóteses de autocontrato vedadas por lei, o que retira do raciocínio da primeira corrente.
MEGA: discorra minunciosamente sobre todas as modalidades de estipulação contratual em relação a terceiros, com exemplos.
1º modalidade = estipulação em favor de terceiro
2º modalidade = promessa de fato de terceiro
3º modalidade = contrato com pessoa a declarar
11/10/2016
Classificação quanto ao tempo de sua exceção
Instantânea
execução imediata
execução diferida
De Duração
de Duração determinada (obrigação à termo)de Duração indeterminada (obrigação condicional)
Os contratos podem ser classificados quanto ao tempo de sua execução, ou seja , a luz do princípio da liberdade das formas, podem os contratantes utilizarem o tempo como forma de condição de adimplemento, subdividindo-se em execução instantânea ou de duração. Os contratos de execução instantânea são aqueles que se operam através de tradição simples, podendo se revelar na modalidade imediata (é feito na hora, no ato da celebração vem a execução) e ainda pode se concretizar através de execução diferida (com prazo para cumprir no futuro a contraprestação, sendo a prestação instantânea). Já execução de duração evidencia-se a luz do mesmo raciocínio que estudamos de obrigação à termo e condicional. Subdivide-se em duração determinada (obrigação à termo, ou seja, a eficácia do contrato fica em suspensão até que a prestação futura e certa seja adimplida, fazendo nascer, somente então, a obrigação de contraprestação). O contrato pode ser de duração indeterminada, ou seja, devendo cessar seus efeitos somente após a concretização de evento futuro e incerto, ou ter sua eficácia condicionada à concretização deste mesmo evento incerto, para então desprender efeitos de coercitividade contraprestacional.
DAS ESTIPULAÇÕES CONTRATUAIS EM RELAÇÃO À TERCEIROS
Estipulação em favor de terceiros (art. 436 ao 438 do CC)
A estipulação em favor de terceiro evidencia-se quando o estipulante celebra contrato com o promitente devedor para que destine seus serviços em favor de um terceiro ou beneficiário, que, por sua vez, não suportará a obrigação de qualquer contraprestação. Dentro desta estrutura trinaria, os arts. 436 ao 438 do CC definem as regras da estipulação sublinhando as seguintes características:
Tanto o terceiro quanto o estipulante podem exigir o cumprimento da obrigação, sendo que o primeiro ficará escravo do que for definido entre o promitente devedor e o estipulante, que são os únicos que podem novar a obrigação. 
Se o terceiro, em favor de quem se construiu o contrato, deixar de reclamar a execução, não pode o estipulante exonerar o promitente, ficando tal responsabilidade para aquele que foi beneficiado. Obs: é razoável que em contratos dessa natureza, a previsão de que em caso de recusa de terceiro, tem o estipulante o direito de escolher outra pessoa.
O estipulante pode substituir quando bem entender, com ou sem o seu consentimento, sem que isso importe em direito de reparação de danos por conta de quebra de expectativa. 
18/10/2016
Estipulação do Contrato em Relação à Terceiro
Promessa de fato a terceiro (art. 439 e 440) = se promete obrigação de fazer de fato de terceiro
19/10/2016
Estipulação do Contrato em Relação à Terceiro – continuação
é preciso deixar claro que em hipóteses de colisão dos interesses do estipulante e do beneficiário ou terceiro, prevalecerá o maior interesse do estipulante, por conta da relação contratual gratuita e unilateral que os envolve. Com efeito, o artigo 437 do CC traz hipótese de limitação de direitos do estipulante em caso de inércia do terceiro, o que, data máxima vênia, não prevalecerá à inteligência do artigo 438 que confere “superpoderes” ao estipulante que pode substituir o terceiro sem a anuência deste, e sem consentimento do devedor. Assim sendo, o estipulante controla toda relação negocial, podendo inclusive, fixar limites e novar sem que o beneficiário apite alguma coisa.
Promessa de fato de terceiro
Se o terceiro não confirmou quem prometeu
Se o terceiro confirmou para quem prometeu e o estipulante demanda contra quem prometeu, quem prometeu pode chamar o terceiro ao processo.
MEGA: Analise o artigo 440 observando todas as possibilidades das três partes da relação da promessa de fato de terceiro, citando exemplos.
MEGA 2: analise como funciona o contrato com pessoa a declarar, diferenciando da cessão de contrato e da sub-rogação. 
25/10/2016
Art. 440. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se este, depois de se ter obrigado, faltar à prestação.
Partes: Estipulante (ou promitente), credor e terceiro.
A promessa de fato de terceiro traduz uma relação envolvendo três integrantes, sendo a relação originária construída entre o credor que irá exigir a obrigação de fazer, o promitente que negocia a atividade de um terceiro, e o próprio terceiro que deve se comprometer a realizar tal prestação. Com efeito, se este terceiro comprometer-se a realizar a referida obrigação de fazer, passa assumir a responsabilidade isoladamente, exonerando o estipulante, salvo cláusula expressa de solidariedade, a luz da regra básica da teoria das obrigações de que solidariedade não se presume. Esta inteligência reflete o espírito do art. 440 do CC que possui redação muita confusa. 
Observação: é imprescindível que o credor que contrata a prestação autorize que um terceiro a desempenhe, sob pena de inadimplemento da obrigação caso esta nomeação a terceiro seja feita sem a ciência do credor e de forma não prevista originariamente. 
Observação 2: é necessário que a obrigação de fazer prometida seja fungível se, subitamente, o promitente era quem ia desempenhar a obrigação, ou, se o terceiro originariamente prometido for substituído por um outro terceiro. A discrepância prestacional no tocante a qualidade pode acarretar direito a perdas e danos em favor do credor insatisfeito. 
Observação 3: caso o promitente e o terceiro sejam casados em comunhão de bens (cujo vínculo matrimonial disponha da mesma patrimonial coletiva), presumir-se-á solidariedade, caracterizada obrigação conjuntiva e indivisível. 
Observação 4: se a relação entre o promitente e o terceiro for de casamento em comunhão de bens e o terceiro se recusar a prestar o serviço, o art. 439 § único carrega a hipótese de nulidade absoluta do negócio por falta de autorização conjugal, da mesma forma que estudamos em capacidade processual dos casados em TGP. 
CONTRATO COM PESSOA A DECLARAR
Art. 467. No momento da conclusão do contrato, pode uma das partes reservar-se a faculdade de indicar a pessoa que deve adquirir os direitos e assumir as obrigações dele decorrentes.
Art. 468. Essa indicação deve ser comunicada à outra parte no prazo de cinco dias da conclusão do contrato, se outro não tiver sido estipulado.
Parágrafo único. A aceitação da pessoa nomeada não será eficaz se não se revestir da mesma forma que as partes usaram para o contrato.
Art. 469. A pessoa, nomeada de conformidade com os artigos antecedentes, adquire os direitos e assume as obrigações decorrentes do contrato, a partir do momento em que este foi celebrado.
O contrato com pessoa a declarar (art. 467 ao 471 do CC) revela-se como a última modalidade de estipulação contratual em relação a terceiro típica do CC, se notabilizando pela previsão da presença de um terceiro na relação contratual original sem que a sua identidade prima facie seja identificada. Esta transitória obscuridade traduz direito potestativo do estipulante, caracterizando-se tanto na relação envolvendo débitos, quanto créditos. O prazo previsto em lei é de cinco dias a contar de parâmetro eficácial definido pelos contratantes, sem prejuízo de os contratantes alterarem este prazo convencionalmente se quiserem. Esta indicação é opcional do estipulante, traduzindo direito potestativo no prazo decadencial convencionado, ou seja, pode acontecer da figura do terceiro sequer aparecer na relação, sem que isso importe prejuízo. 
Observação: o silêncio do terceiro poderá representar aceitação, na esteira do raciocínio que estudamos em doação pura, sendo ressalvado que o art. 468 prevê que esta aceitação deve se exteriorizar da mesma forma que o contrato original foi construído. Em se tratando de repasse de crédito fruto de um contrato expresso, a aceitação do terceiro também deverá ser expressa. Em se tratando de um contrato verbal, aí sim a aceitação do crédito pode ser presumida. No entanto, o art. 470 e 471 trazem hipóteses de limitação a esta indicação caso venha prejudicara outra parte, como na hipótese de indicação de incapaz ou de um terceiro devedor contumaz. 
VÍCIOS REDIBITÓRIOS 
Não aparente (CDC)
Vício oculto, recôndito.
Os vícios redibitórios traduzem defeitos do negócio jurídico que são ocultos, diminuindo o valor do bem ou prejudicando a sua utilização. Se o vício for aparente, não há que se falar em vícios redibitórios. Neste universo, fica clara a diferença entre vícios redibitórios e o erro, sendo o segundo um vício de consentimento refletido através de uma equivocada representação da realidade, que deriva muito mais do aspecto cognitivo do adquirente do que da qualidade do bem. 
26/10/2016
AÇÕES EDILÍCIAS (Gênero)
Vícios Redibitórios (espécie)
Evicção (espécie)
Obs: não modalidade de extinção do contrato, mas pode vir a ser. 
Vícios Redibitórios
Relação de consumo (fornecedor art. 25 CDC solidariedade) verticalidade ônus da prova do alienante (vendedor)
Relação não consumerista horizontalidade ônus da prova (de quem alega)
As ações edilícias traduzem gênero cujas espécies são os vícios redibitórios e a evicção caracterizando-se como ações pautadas em direito potestativo com prazos decadenciais fixados por lei. Tem o condão de comprometer o negócio jurídico por conta de algum vício que se evidencie durante ou após a concretização do contrato, ou seja, após a sua efetiva tradição. Ressalve-se que o vício do negócio sempre esteve presente, mas vem a eclodir durante a sua fase de execução. Exemplo: o vício redibitório tem o seu defeito oculto já presente no objeto antes da sua alienação, tendo o alienante a obrigação de saber que aquele bem carregava defeito tão grave, que pode tanto prejudicar o uso do bem ou diminuir-lhe sensivelmente o valor.
Observação: que fique claro que a extinção dos contratos não é a única solução das ações edilícias que comportam outras saídas, através da manutenção do negócio. Nos vícios redibitórios o art. 442 do CC traz as opções das relações não consumeristas.
Ações dos vícios redibitórios (não consumerista art. 442) = pode ser utilizada em relação de consumo.
Ação de Redibição: tem como característica rejeitar o bem redibindo o contrato (extinção do negócio).
Ação “quanti minoris” ou ação estimatória: mantém o negócio. Requer que o alienante suporte o prejuízo do conserto do bem, ou o abatimento nas parcelas ainda vincendas (casos de parcelamento) compensação.
Prazos:
- Móveis 30 dias (legal)
- Imóveis 1 ano (legal)
Nas ações não consumeristas, temos duas possibilidades de solução de conflito, previstas no art. 442 do CC, a primeira é a ação de redibição, que tem como objetivo o desfazimento do negócio com a devolução do que já foi adiantado, sem prejuízo de perdas e danos em caso de culpa. A segunda é a ação “quanti minoris” ou ação estimatória, que tem como objetivo a compensação dos prejuízos que recaíram sobre o bem, pugnando pela conservação dos contratos, sem prejuízo de perdas e danos em caso de culpa. Os prazos para interposição das ações de redibição e “quanti minoris” estão previstas no art. 445 do CC que aponta o prazo de 30 dias para bens móveis, e um ano para bens imóveis. 
Observação: é interessante observar que o prazo definido em lei não se mistura com o prazo avençado em contrato, devendo a presença dos dois funcionar de forma cumulativa. Exemplo: se um empresa vende um celular com a garantia contratual de 30 dias, na realidade o adquirente possui 60 dias, pois o prazo legal e o contratual são somados, não existe essa conversa do prazo previsto em contrato ser absorvido pelo prazo do art. 445. 
Mega: fale tudo sobre as ações dos vícios redibitórios dentro do universo consumerista, apontando todas as opções do consumidor e o que faria se fosse advogado do alienante. 
01/11/2016
Prova Civil = dias 22 (A – J) e 23 (K – Y) de novembro.
2ª chamada = 29/11
Final = 06/12
CONTINUAÇÃO – VÍCIOS REDIBITÓRIOS
Diferença entre vício redibitório e erro de consentimento= no erro de consentimento o próprio adquirente não prestou atenção direito, de forma que qualquer pessoa de conhecimento médio, que se prestando atenção perceberia o vício (é um vício aparente). Enquanto que nos vícios redibitórios o vício é oculto, qualquer pessoa de conhecimento médio não perceberia o vício. 
zaramellamonica@gmail.com
Os vícios redibitórios possuem outra amplitude se evidenciados numa relação de consumo. Além das ações possíveis nos vínculos não consumeristas (ação de redibição e ação quanti minoris ou estimatória), é possível requerer a substituição do bem por um outro ou de qualidade equivalente, sempre respeitando a liberdade negocial das partes na alteração da estrutura do negócio, como em através de dação em pagamento, novação, e etc. 
Os pedidos podem ser feitos na mesma peça inicial, podendo ser feito de forma alternativa ou subsidiária, a depender da intenção primordial do autor. Nas relações de consumo, outro aspecto importantíssimo repousa sobre o ônus da prova que, se nas ações não consumeristas é responsabilidade de quem alega, mas relações de consumo deve o alienante suportar esse peso, devendo se desincumbir através de produção de prova necessária. 
Numa ação caracterizada como de consumo corre o risco do autor sem produção de prova alguma ter seu pedido julgado procedente, isso se justifica pelo desequilibro contratual típico em que o adquirente é favorecido pelo sistema processual, para que a lide se desencadeie em patamar de igualdade. As relações de consumo são definidas especialmente pela presença dos contratos de adesão, e pela discrepância financeira entre o alienante e o adquirente.
NÃO CONSUMO
Regra geral = “ônus da prova cabe a quem alega”.
Alienante ------------ Adquirente
Não há necessidade de equalização
CONSUMO
Alienante 	adquirente
	
	Adquirente
Nas relações de consumo, o ônus da prova é imposto ao alienante, equalizando, assim, a relação negocial (é a regra excepcional). 
O artigo 445 do CC define o prazo para que o adquirente reclame defeito no bem, sendo 30 dias para bens móveis e um ano para bens imóveis. No entanto, é preciso ter cuidado com uma prática fraudulenta muito comum no meio comercial, que é a consideração do prazo convencional de garantia como se fosse o prazo previsto em lei, o que não pode acontecer. Pois os prazos não se absorvem, mas sim se cumulam. Exemplo: o alienante que oferece garantia de seis meses em um bem móvel, fazendo-o expressamente. Na realidade o produto passa a ter a garantia de 6 meses e 30 dias.
É importante destacar que a garantia legal cai pela metade quando o adquirente já conheceu o produto antes da tradição, como acontece na locação de imóvel seguido de posterior compra, não podendo o adquirente alegar desconhecimento do produto, o que motiva a inteligência da garantia.
EVICÇÃO
A evicção traduz modalidade de ação edilícia que remete a ideia de perda, se evidenciando nos contratos de natureza onerosa, que envolve três partes:
Adquirente, também chamado de evicto.
Alienante
Evictor, que é o terceiro.
Mega: analise como funciona a evicção nas situações de leilão judicial e hasta pública delineando seus requisitos e hipóteses de impedimento destes atos solenes.
Mega 2: quais são os direitos do evicto, nas seguintes situações: quando ele não sabia que o bem era litigioso; quando ele sabia que o bem era litigioso; quando o contrato de compra e venda dispunha de cláusula de não evicção.
08/11/2016
PROVA:
22/11 = A – J
23/11 = K – Z 
29/11 = 2 ª chamada
01/12 = Final
EVICÇÃO
Personagens
Evicto adquirente do bem litigioso
Alienante aquele que vende
Evictor aquele terceiro da relação que pega o bem de volta
Princípios
Boa fé objetiva
- Desdobramentos da boa-fé objetiva
- Função criadora de deveres anexos
2. Vedação do enriquecimento sem causa (desequilíbrio negocial)
 - vedação à vantagem indevida
Dentre os princípios que norteiam a evicção, temos o princípio da boa-fé objetiva, bem como seus desdobramentos e deveres anexos, especialmente o dever de informação do alienantepara o evicto consoante a situação jurídica do bem objeto do contrato. Além deste princípio, temos o princípio da proibição do enriquecimento sem causa, ou vedação a vantagem indevida, que se notabiliza pela busca do reequilíbrio do negócio jurídico, evitando uma discrepância patrimonial entre os envolvidos. Com efeito, temos três cenários possíveis em que os direitos do evicto se desencadearão de forma diferente:
Quando o evicto não sabe que o bem é litigioso, tem direito de regresso assegurado do valor do principal corrigido com mais perdas e danos, diante da agressão ao princípio da boa-fé objetiva no tocante ao dever de informação do alienante. 
Quando o evicto sabia que o bem era litigioso, opera-se o raciocínio que estudamos em contratos aleatórios, em que o adquirente assume o risco dos vícios embutidos do negócio. É preciso deixar claro, no entanto, que o evicto ainda disfruta do direito de regresso para ter de volta o que pagou, só que sem direito a perdas e danos (o que não acontece nos contratos aleatórios, onde sua estrutura já presume vedação a qualquer regresso). 
Pode ser que o contrato entre o alienante e o evicto possua cláusula de não evicção, o que induz ao raciocínio de que o evicto abre mão do direito do seu direito de regresso, de forma irrevogável. Neste contexto, é preciso ter em mente se esta cláusula está revestida de abusividade, a ponto de uma das partes levar vantagem indevida, sem que a outra tenha consciência disso. O formalismo dos contratos não pode ser inquestionável, especialmente no universo dos contratos em que o princípio da boa-fé objetiva e da função social do contrato (art. 421 e 422 do CC), emolduram todas as relações, desde a fase de pontuação até um período de pós-execução, em que os contratos podem ainda desprender efeitos jurídicos. A doutrina e a jurisprudência são mais favoráveis à conservação da cláusula de não evicção, alicerçados pelo princípio da conservação dos contratos. 
Obs 1: É preciso deixar claro que a evicção, vai além da perda do bem por força de decisão judicial, podendo também se desenhar por força de ato da administração pública (exemplo da moto roubada adquirida de boa fé), sendo salvaguardado todos os efeitos em relação ao direito de regresso e perdas e danos. 
Obs 2: a evicção pode se operar tanto para bem imóvel, quanto para bem móvel, como acontece nas situações de hasta pública, ou seja, no leilão alienam-se bens móveis, ao passo que na praça, alienam-se bens imóveis.
Obs 3: é possível o raciocínio da evicção nas hipóteses de perda do bem adquirido mediante hasta pública, mesmo que a prestação não tenha sofrido efeito translativo patrimonial, como nos casos de promitente comprador nos contratos de financiamento. Neste sentido, instituições financeiras como a Caixa Econômica responderão pelo prejuízo que causar, além de perdas e danos. 
Obs 4: o mesmo raciocínio acima (observação 3) também se estende para entes da administração direta (união, estado, município e distrito federal).
Obs 5: a evicção pode ser parcial a depender da estrutura do bem, respeitando as limitações que estudamos em bens ou obrigações indivisíveis. 
09/11/2016
Continuação – EVICÇÃO
Observação: outro ponto controvertido está justamente na possibilidade de cláusula de não evicção em contratos de adesão, por conta da relação típica de verticalidade entre o alienante e o aderente/evicto, e também por força dos princípios que norteiam o instituto da evicção. Com efeito, não há como harmonizar esta cláusula numa construção contratual que já é tão desnivelada, o que poderia acarretar em relações contratuais fraudulentas. Neste sentido, cláusula de não evicção em contrato de adesão, evidencia-se como ferramenta nula de pleno direito, devendo o juiz da causa afastar a preliminar de mérito produzida pelo réu/alienante, permitindo a discussão material do processo.
Observação 2: caso o evictor resolva demandar o evicto, é possível que em sede de defesa processual, que o alienante seja trazido ao processo compulsoriamente, através da denunciação à lide, em que o terceiro perfila-se ao lado do réu, respondendo pelos prejuízos que causou, podendo inclusive, nos próprios autos, o evicto executar seu direito de regresso em face do alienante. Por conta da natureza sincrética (mistura) da construção processual e do instituto material da evicção.
Observação 3: o evictor deve analisar a situação para verificar quem deve figurar como réu em ação de execução, caso tenha uma sentença judicial em seu favor. A jurisprudência já pacificou o entendimento de que não há obrigatoriedade de litisconsórcio passivo, podendo a execução prosperar em face de apenas um réu, afinal, existe possibilidade de regresso posterior. 
INTERPRETAÇÃO DE CONTRATOS 
A teoria geral dos contratos também estuda o universo subjetivo/interpretativo que é tão comum dentro do direito penal, indo além da literalidade, ou seja, a real intenção consubstanciada dos contratantes deve prevalecer sobre a letra de lei das cláusulas contratuais, dando fôlego a análise da boa-fé subjetiva como elemento acessório dos princípios pilares da função social do contrato e da boa-fé objetiva (art. 112 do CC).
A interpretação dos contratos irá prevalecer diante das omissões, contradições, dúvidas ou obscuridades dentro da própria compreensão do dispositivo, que alguns critérios foram instituído em legislação nacional e do direito comparado, especialmente do Código Civil Francês. No entanto, é preciso ter cuidado, que uma coisa é interpretar, e outra coisa é desqualificar cláusulas contratuais claras, sendo que esta última situação não é possível por força do princípio da conservação dos contratos, que traduz uma proteção ao princípio da autonomia da vontade e do pactua sunt servanda (art. 114 do CC)
MEGA: pesquise todos os critérios de interpretação dos contratos retirados do Código Civil Francês, citando exemplos prático do seu dia-dia. 
16/11/2016
INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS
Código Civil Francês
Em relação a interpretação dos contratos, muitos parâmetros foram retirados do Código Civil Francês, como os seguintes raciocínios:
Nas convenções deve-se indagar preferencialmente qual a intenção comum das partes, ao invés do sentido literal das partes (inspirou o art. 112 do CC brasileiro de 2002).
Quando uma cláusula for suscetível de duas interpretações, deve-se buscar aquela que possa produzir algum efeito, a luz do princípio da conservação dos contratos.
Quando um contrato possuir termos suscetíveis de interpretações ambíguas, deve-se optar por aquela que é mais harmônica a natureza do contrato.
Quando um contrato se mostrar contraditório em suas cláusulas, deve-se preferir a interpretação mais harmônica com os costumes do lugar do contrato.
Uma cláusula deve ser interpretada pelas outras do mesmo instrumento contratual, ou seja, uma cláusula confusa será interpretada no sentido das demais.
Na dúvida, uma cláusula contratual deve ser interpretada em sentido contrário ao interesse de quem a redigiu.
Por mais genéricos que sejam os termos do contrato, as cláusulas somente desprenderão efeitos sobre os assuntos que abordaram, não elastecendo efeitos sobre assuntos que as partes pensaram, mas não colocaram no contrato (“Em suma, de boa intenção o inferno está cheio”).
Quando o objeto da convenção é uma universalidade de coisas, compreende todas as coisas particulares que pertencem aquela universalidade, inclusive as partes que não tomaram conhecimento.
EXTINÇÃO DOS CONTRATOS
Extinção
Natural
Cumprimento do Pactuado (exaurimento)
Verificação de fator eficácial 
- Vencimento a termo
- Implemento de condição resolutiva
- Frustração de condição suspensiva
Superveniente 
Causa anterior ou contemporânea à celebração
- Nulidade
- Cláusula Resolutória
- Direito de Arrependimento (arras penitenciais)
- Redibição
Causa posterior à celebração
- Resilição = bilateral (distrato) ou unilateral (denunciação)
- Resolução (exceptio)
- Rescisão (nulidade)
- Morte do Contratante
- Caso Fortuito ou Forçamaior
A extinção dos contratos traduz o fim da relação jurídica, podendo se exteriorizar na forma esperada pelos contratantes (natural) ou de forma inesperada (superveniente). A extinção natural dos contratos é a forma de término mais comum dos negócios jurídicos, representada pelo cumprimento do pactuado, em que as partes executam o combinado da mesma forma que planejaram, conforme disposição contratual, fenecendo a eficácia contratual por mero exaurimento, ou seja, quando todas as obrigações pactuadas são totalmente cumpridas. 
O contrato pode carregar em sua estrutura de cláusulas fatores eficaciais que podem servir de parâmetro para a extinção do contrato. Dentre os fatores eficaciais, temos a modalidade de vencimento a termo, que traduz a ideia da presença de um parâmetro objetivo, que, se alcançado, põe fim ao contrato, especialmente nos negócios jurídicos de tempo indeterminado (exemplo: contrato celetista de trabalho). Como não tem um parâmetro terminativo temporal, é necessário que algum termo apareça para dar fôlego a sua extinção (exemplo: no contrato de trabalho, o termo utilizado é o aviso prévio). É essencial perceber que este termo deve harmônico ao princípio da boa-fé objetiva e seus desdobramentos, como o dever de informação. 
Já o implemento de condição resolutiva caracteriza-se quando o parâmetro extintivo é certo quanto a ocorrência, mas incerto quanto ao momento que vai acontecer. Exemplo: obrigação de entregar a colheita da safra de determinado período. 
Já a frustação de condição suspensiva, é muito questionada como modalidade de extinção dos contratos, justamente pelo fato de, no momento em que se concretiza, o fato jurídico modificativo (a condição suspensiva) não há necessariamente a extinção do contrato, mas sim a extinção que o colocava em compasso de espera. Exemplo: Breno promete doar seu carro a Anne caso ganhe na megasena. Perceba que, até ganhar na megasena (condição suspensiva), a obrigação de Breno existe, mas está em repouso, aguardando para entrar em eficácia. A partir do momento em que o fato modificativo acontece, ocorre a extinção ou frustação da condição suspensiva, mas não do contrato, pois Breno terá obrigação, em eficácia plena, de doar seu carro a Anne. 
Nas modalidades de extinção superveniente dos contratos, temos as causas anteriores ou contemporâneas (no momento da formação do contrato) à celebração, que se subdivide nas seguintes modalidades:
Nulidade: que pode ceifar a vida de um contrato não apenas em nulidade absoluta, mas também na nulidade relativa, quando o vício sanável não for consertado, ou quando houver prazo para que este seja retificado (art. 1550 c/c 1560 do CC).
Cláusula resolutória: caracteriza-se quando um determinado fato jurídico colocar fim a relação jurídica através de comportamento contraditório, como estudamos em venire contra factum propium e demais modalidades do princípio da boa-fé objetiva.
Direito de arrependimento: o direito de arrependimento traduz forma de extinção que não é esperada pelas partes, até porque ninguém se compromete a tal ato já pensando em se arrepender. Dentro deste raciocínio, temos as arras penitenciais, em que uma das partes da um sinal de entrada como parte da prestação que, no momento em que há a desistência ou arrependimento, fica como compensação para a outra parte, ou terá obrigação de devolução em dobro, se a quem recebeu o sinal foi quem desistiu. 
Redibição
Nas causas posteriores à celebração do contrato, temos as seguintes modalidades:
Resilição: traduz a extinção do contrato através da autonomia da vontade, ou seja, o fator que motiva o término do contrato, é justamente a vontade dos contratantes. Se as duas partes concordarem a resilição será bilateral, também chamado de distrato. Se apenas uma das partes tiver o interesse de terminar o contrato, poderá fazer valer sua vontade através de parâmetros legais ou de decisão judicial, sendo chamado de resilição unilateral, também chamado de denunciação de contrato.
Resolução: consagra a exceção de contrato não cumprido.
Rescisão: consagra a presença incidental de alguma nulidade contratual já na fase de execução, ou seja, quando uma das partes age dentro do contrato de forma indevida, como nas hipóteses de desequilíbrio superveniente do contrato.
Morte do contratante: a extinção ocorrerá somente se a obrigação de fazer for de natureza infungível/personalíssima.
Caso fortuito ou força maior: possuem algumas diferenças apesar de divergências doutrinárias, a força maior caracteriza-se pela inevitabilidade, sendo a causa conhecida, por exemplo, um terremoto, enchente e etc. Ao passo que o caso fortuito se evidencia pela imprevisibilidade, tendo como parâmetro o homem médio, exemplo: roubo de uma casa.

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