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Caderno Direito Civil V

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Direito Civil V – Contratos
Teoria Geral dos Contratos
Noções Gerais
1. Conceito: 
O contrato é uma espécie de negócio jurídico que depende, para a sua formação, da participação de pelo menos duas partes. É, portanto, negócio jurídico bilateral ou plurilateral.
É a mais comum e a mais importante fonte de obrigações, devido às suas múltiplas formas e inúmeras repercussões no mundo jurídico. Os fatos humanos que o Código Civil brasileiro considera geradores de obrigações são:
· Contrato: Todo contrato é um negócio jurídico do tipo bilateral, ou seja, precisa de duas vontades pelo menos, ninguém contrata sozinho. 
· Declarações unilaterais de vontade: É uma vontade unilateral, apesar de ser um contrato jurídico.
· Atos ilícitos: Quando alguém, fazendo ou deixando de fazer algo, viola a lei ou um contrato, causando um dano para outra pessoa.
Negócio Jurídico: Todo contrato é um negócio jurídico do tipo bilateral, ou seja, precisa de duas vontades pelo menos, ninguém contrata sozinho.
Adapta-se às necessidades da sociedade: Os contratos se adaptam às necessidades da sociedade, é mutável. Ex.: Contrato celebrado entre nós com a Netflix.
Conceito Clássico (Beviláqua): Manifestação de duas ou mais vontades objetivando criar, modificar, regulamentar ou extinguir uma relação jurídica de cunho patrimonial. Conceito ultrapassado.
Conceito Contemporâneo (Paulo Nalim): Relação jurídica subjetiva, nucleada na solidariedade constitucional, destinada à produção de efeitos jurídicos existenciais patrimoniais não só entre os titulares subjetivos da relação, como também perante terceiro.
Este conceito tenta contemplar os paradigmas do código civil: Eticidade, operabilidade e socialidade.
2. Breve Evolução Histórica:
Surgimento dos Estados liberais;
Frutos das revoluções burguesas resultaram no liberalismo econômico, e no âmbito do direito, resultaram no voluntarismo (valorização da vontade do sujeito).
Conceito clássico: Acordo de vontades com fins patrimoniais. Valoriza a individualidade e autonomia.
Liberalismo (economia): O Estado não pode interferir na economia.
Voluntarismo (direito): É a valorização da vontade. Possui dois princípios
· Pacta sund Servanda: Pacto submete o sujeito aos contratantes, ou seja, o contrato obriga os contratantes, faz lei entre as partes.
· Relatividade dos efeitos: O princípio da relatividade dos efeitos do contrato diz que os efeitos dos contratos se restringem as partes dele envolvidas, então ninguém de fora daquele contrata sofreria os efeitos e também não poderiam interferir no mesmo.
O código civil de 1916 se baseia no voluntarismo.
Estado de bem-estar social (Welfare States): Os Estados liberais cederam lugar ao Estado de bem-estar social, onde desejavam que o Estado interferisse para garantir o bem-estar da sociedade. Assim, o Estado retoma o poder com o intuito específico de garantir o bem-estar da sociedade.
Mitigação Pública X Privada: Houve um enfraquecimento entre a divisão do direito público e privado, pois ambos começam a intervir nos seus respectivos campos.
Efeitos dos contratos: Sociedade e terceiros.
Nova perspectiva: Com a mudança do estado liberal para o do bem-estar social, novos princípios foram adicionados aos já existentes.
· Boa-fé: Art. 422, CC. Deve-se agir com boa-fé nas negociações.
· Função social: Art. 421, CC. Para que o contrato serve na sociedade? Garantir o funcionamento do que foi acordado, a segurança jurídica. Para a sociedade, o contrato importa na medida em que vai proteger a própria sociedade. 
· Equilíbrio: Em uma relação civil pressupõe que as partes estão em equilíbrio (conhecimento jurídico, conhecimento técnico, poder econômico).
Liberdade Contratual: Aqui, a liberdade contratual não é mais absoluta, e sim, é seguida dos seguintes elementos:
· Dignidade humana;
· Solidariedade;
· Igualdade.
OBS: A teoria contratual hoje é muito criticada em todo mundo, pois há muita intervenção estatal nas relações civis. 
Eficácia horizontal (privada) dos Direitos Fundamentais: Reconhecimento da influência dos direitos fundamentais na órbita civil. Os DFs têm a sua eficácia em todo o Ordenamento Jurídico. Assim, consequentemente, os contratos sofrem influência dos Direitos Fundamentais e devem ser respeitados nas relações privadas.
3. Função social do contrato
O princípio da socialidade, adotado pelo Código Civil de 2002, reflete a prevalência dos valores coletivos sobre os individuais, sem perda, porém, do valor fundamental da pessoa humana.
Nesse sentido dispõe o Art. 421 do Código Civil:
Art. 421.  A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato.
Segundo CAIO MÁRIO, a função social do contrato serve precipuamente para limitar a autonomia da vontade quanto tal autonomia esteja em confronto com o interesse social e este deve prevalecer, ainda que essa limitação possa atingir a própria liberdade de não contratar. Isso constata a possibilidade de terceiros, que não são propriamente partes do contrato, de influir em razão de serem direta ou indiretamente por ele atingidos.
A função social pode ser enfocada sob dois aspectos:
· Individual: Relativo aos contratantes, que se valem do contrato para satisfazer seus interesses próprios;
· Público: Interesse da coletividade sobre o contrato.
Nesse sentido, a função social do contrato só será cumprida quando a sua finalidade (distribuição de riquezas) for atingida de forma justa, ou seja, quando o contrato representar uma fonte de equilíbrio social.
4. Contrato no Código de Defesa do Consumidor
Premissas diferentes – normas diferentes;
Civil: Uma relação civil se fundamenta no equilíbrio das partes. Parte-se do princípio que as partes estão equilibradas. Aplica-se o Código Civil.
Consumo: Nas relações de consumo há um desequilíbrio natural das partes. As partes estão em uma posição de vulnerabilidade em relação ao fornecedor. Assim, o CDC dá poderes ao vulnerável para que haja uma relação equilibrada. Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor 
Com a evolução das relações sociais e o surgimento do consumo em massa, bem como dos conglomerados econômicos, os princípios tradicionais da nossa legislação privada já não bastavam para reger as relações humanas, sob determinados aspectos. E, nesse contexto, surgiu o Código de Defesa do Consumidor atendendo a princípio constitucional relacionado à ordem econômica. 
Partindo da premissa básica de que o consumidor é a parte vulnerável das relações de consumo, o Código pretende restabelecer o equilíbrio entre os protagonistas de tais relações. Assim, declara expressamente o art. 1º que o Código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, acrescentando serem tais normas de ordem pública e de interesse social.
Os dois principais protagonistas do Código de Defesa do Consumidor são o consumidor e o fornecedor. Incluídos se acham, no último conceito, o produtor, o fabricante, o comerciante e, principalmente, o prestador de serviços (art. 3º).
O Código do Consumidor estabeleceu princípios gerais de proteção que, pela sua amplitude, passaram a ser aplicados também aos contratos em geral, mesmo que não envolvam relação de consumo. Destacam-se o princípio geral da boa-fé (art. 51, IV), da obrigatoriedade da proposta (art. 51, VIII), da intangibilidade das convenções (art. 51, X, XI e XIII). No capítulo concernente às cláusulas abusivas, o referido diploma introduziu os princípios tradicionais da lesão nos contratos (art. 51, IV e § 1º) e da onerosidade excessiva (art. 51, § 1º, III).
Proclama a Súmula 321 do Superior Tribunal de Justiça: “O Código de Defesa do Consumidor é aplicável à relação jurídica entre a entidade de previdência privada e seus participantes”. Por sua vez, dispõe a Súmula 297 da mesma Corte: “O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras”. Nessa linha, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADIn n. 2.591, realizado aos 4 de maio de 2006, decidiu também aplicar-se o Código de Defesa do Consumidor às instituições financeiras. Extrai-se do voto do Min.EROS GRAU o seguinte tópico: “A relaçãoentre banco e cliente é, nitidamente, uma relação de consumo” (…). “É consumidor, inquestionavelmente, toda pessoa física ou jurídica que utiliza, como destinatário final, atividade bancária, financeira e de crédito.”
5. Condições de Validade do Contrato - Elementos Genéricos dos Negócios Jurídicos
Para que o negócio jurídico produza efeitos, possibilitando a aquisição, modificação ou extinção de direitos, deve preencher certos requisitos, apresentados como o da sua validade. Se faltar algum desses requisitos, o negócio jurídico é inválido, não produz efeitos jurídico e é nulo ou anulável.
Os requisitos ou condições de validade dos contratos são de duas espécies:
· De ordem geral: Comuns a todos os atos e negócios jurídicos, como a capacidade do agente, o objeto licito, possível, determinado ou determinável, e a forma prescrita ou não defesa em lei (Art. 104, CC); e
· De ordem específica: O consentimento recíproco ou acordo de vontades
Os requisitos de validade podem ser distribuídos em três grupos:
5.1. Requisitos subjetivos:
5.1.1. Capacidade Genérica - Manifestação da vontade: 
É o primeiro elemento ou condição subjetiva de ordem geral para a validade dos contratos. Estes serão nulos (Art. 166, I, CC) ou anuláveis (Art. 171, I, CC), se a incapacidade, absoluta ou relativa, não for suprimida pela representação ou pela assistência. A capacidade exigida, nada mais é do que a capacidade de agir em geral, que pode inexistir em razão da menoridade, ou ser reduzida nas hipóteses mencionadas no Art. 4º do CC.
No tocante às pessoas jurídicas exige-se a intervenção de quem os seus estatutos indicarem para representa-las ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente.
Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer:
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;
IV - os pródigos.
Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial.
5.1.2. Aptidão específica para contratar:
Algumas vezes, para celebrar certos contratos, requer-se uma capacidade especial, mais intensa que a normal, como ocorre na doação, na transação, alienação onerosa, que exigem a capacidade ou poder de disposição das coisas ou dos direitos que são objetos do contrato. A capacidade de contratar deve existir no momento de declaração de vontade do contratante.
5.1.3. Consentimento:
O requisito de ordem especial, próprio dos contratos, é o consentimento recíproco ou acordo de vontades. Deve abranger os seus três aspectos: 
· acordo sobre a existência e natureza do contrato (se um dos contratantes quer aceitar uma doação e o outro quer vender, contrato não há); 
· acordo sobre o objeto do contrato; e 
· acordo sobre as cláusulas que o compõem (se a divergência recai sobre ponto substancial, não poderá ter eficácia o contrato).
O consentimento deve ser livre e espontâneo, sob pena de ter a sua validade afetada pelos vícios ou defeitos do negócio jurídico: erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão e fraude. Pode ser expresso ou tácito.	
Expresso: É a exteriorização verbal, por escrito, gesto ou mímica, de forma inequívoca. 	Algumas fezes a lei exige o consentimento escrito, como requisito de validade da 	avença. É o que sucede na atual lei do inquilinato (Lei 8245/91), cujo Art. 13 prescreve 	que a sublocação e o empréstimo do prédio locado dependem de consentimento, por 	escrito, do locador.
Art. 13. A cessão da locação, a sublocação e o empréstimo do imóvel, total ou parcialmente, dependem do consentimento prévio e escrito do locador.
§ 1º Não se presume o consentimento pela simples demora do locador em manifestar formalmente a sua oposição.
§ 2º Desde que notificado por escrito pelo locatário, de ocorrência de uma das hipóteses deste artigo, o locador terá o prazo de trinta dias para manifestar formalmente a sua oposição.
Tácito: Não havendo na lei, a exigência para que o consentimento seja expresso, vale 	a manifestação tácita, que se infere na conduta do agente. Nas doações puras, por exemplo, muitas vezes o donatário não declara que aceita o objeto doado, mas o seu 	comportamento (uso, posse, guarda) demonstra a aceitação. (Art. 111, CC)
Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa.
5.2. Requisitos Objetivos (objetos do contrato)
5.2.1. Licitude do objeto: Objeto lícito é o que não atenta contra a lei, a moral ou os bons costumes. O objeto imediato do negócio é sempre uma conduta humana e se denomina prestação: dar, fazer ou não fazer. Quanto o objeto jurídico do contrato é imoral, os tribunais, por vezes, aplicam o princípio de direito de que ninguém pode valer-se da própria torpeza.
5.2.2. Possibilidade física ou jurídica do objeto: o objeto deve ser, também, possível. Quando impossível, o negócio é nulo (art.166, II do CC). A impossibilidade do objeto 	pode ser física ou jurídica. Impossibilidade física é a que emana das leis físicas ou naturais. Deve ser absoluta, isto é, alcançar a todos, indistintamente, como, por exemplo, a que impede o cumprimento da obrigação de tocar a lua com a ponta dos dedos, sem tirar os pés da Terra. A relativa, que atinge o devedor, mas não outras pessoas, não constitui obstáculo ao negócio jurídico, como proclama o art.106 do CC.
Ocorre impossibilidade jurídica do objeto, quando o ordenamento jurídico proíbe, expressamente, negócios a respeito de determinado bem, como a herança de pessoa 	viva (art.426 do CC), de alguns bens fora do comércio, como os gravados com a 	cláusula de inalienabilidade, etc.
5.2.3. Determinação de seu objeto: O objeto do negócio jurídico deve ser, igualmente, determinado ou determinável (indeterminado relativamente ou suscetível de determinação no momento da execução). Admite-se, assim, a venda da coisa incerta, indicada ao menos pelo gênero e pela quantidade (art. 243 do CC), que será determinada pela escolha, bem como a venda alternativa, cuja indeterminação cessa com a concentração (art. 252 do CC).
Art. 243 do CC - A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade.
Art. 252 do CC - Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou.
§ 1o Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e 	parte em outra.
§ 2o Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção 	poderá ser exercida em cada período.
§ 3o No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime entre 	eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado para a deliberação.
§ 4o Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder exercê-la, caberá ao juiz a escolha se não houver acordo entre as partes.
5.2.4. Valor econômico: Embora não mencionado expressamente na lei, a doutrina exige outro requisito objetivo de validade dos contratos: o objeto do contrato deve ter algum valor econômico.
5.3. Requisitos formais:	
O terceiro requisito de validade do negócio jurídico é a forma, que é o meio de revelação da vontade. Deve ser a prescrita ou não defesa em lei.
Há dois sistemas no que tange à forma como requisito de validade do negócio jurídico: o consensualismo, da liberdade de forma, e o formalismo ou da forma obrigatória.
No direito brasileiro a forma é, em regra, livre. As partes podem celebrar o contrato por escrito, público ou particular, ou verbalmente, a não ser nos casos em que a lei, para dar maior segurança e seriedade ao negócio, exija a forma escrita, pública ou particular. O consensualismo, portanto, é a regra, e o formalismo a exceção. Dispõe, com efeito, o art.107 do CC.
Art. 107 do CC - A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir.
É nulo o negócio jurídico quando não revestir a forma prescrita em lei ou for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade (Art. 155,IV e V, CC).
5.3.1. Forma Livre: É qualquer meio de manifestação da vontade, não imposto obrigatoriamente pela lei (palavra escrita ou falada, escrito público ou particular, gestos, mímicas, etc.). Predominante no direito brasileiro (Art. 107, CC)
5.3.2. Forma Solene ou especial: é exigida pela lei, como requisito de validade de determinados negócios jurídicos. Em regra, a exigência de que o ato seja praticado com observância de determinada solenidade tem por finalidade assegurar a autenticidade dos negócios, garantir a livre manifestação da vontade, demonstrar a seriedade do ato e facilitar a sua prova. Exceção: Art. 541 do CC.
Art. 541 do CC - A doação far-se-á por escritura pública ou instrumento particular.
Parágrafo único. A doação verbal será válida, se, versando sobre bens móveis e de pequeno valor, se lhe seguir incontinenti a tradição.
A forma especial pode ser única ou múltipla:
· Única: É a que, por lei, não pode ser substituída por outra. Exemplo: Art. 108, CC - considera a escritura pública essencial à validade das alienações imobiliárias, não dispondo lei em contrário.
· Múltipla ou plural: Quando o ato é solene, mas a lei permite a formalização do negócio por diversos modos, podendo o interessado optar validamente por um deles. Exemplo: Reconhecimento voluntário do filho.
5.3.3. Forma contratual: É a convencionada entre as partes. Os contratantes podem, mediante convenção, determinar que o instrumento público se torne necessário para a validade do negócio. Art. 109, CC
OBS: Não se deve confundir forma, que é meio para exprimir a vontade com prova do ato ou negócio jurídico, que é meio para demonstrar a sua existência.
6. Princípios contratuais
6.1. Princípio da autonomia da vontade:
O princípio da autonomia da vontade se funda exatamente na ampla liberdade contratual, no poder dos contratantes de disciplinar os seus interesses mediante acordo de vontades, suscitando efeitos tutelados pela ordem jurídica. 
A liberdade contratual é prevista no Art. 421 do CC.
Art. 421.  A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato.
O princípio da autonomia da vontade serve de fundamento para a celebração dos contratos atípicos. Art 425, CC
Art. 425 do CC - É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código.
Têm aumentado as limitações à liberdade de contratar em seus três aspectos: Na faculdade de contratar e de não contratar; na liberdade de escolha do outro contraente; e no poder de estabelecer o conteúdo do contrato
· Faculdade de contratar e não contratar: A vida em sociedade obriga as pessoas a realizar, frequentemente, contratos de toda espécie, como o de transporte, de compra de alimentos, de aquisição de jornais, etc. 
· Liberdade de escolha do outro contraente: O caso de serviços públicos concedidos sob regime de monopólio e nos contratos submetidos ao CDC.
· Conteúdo do contrato: Sofre limitações determinadas pelas cláusulas gerais, especialmente as que tratam da função social do contrato e da boa-fé objetiva, do CDC e, principalmente, pelas exigências e supremacia da ordem pública.
6.2. Princípio da supremacia da ordem pública:
A liberdade contratual encontrou sempre limitação na ideia de ordem pública, entendendo-se que o interesse da sociedade deve prevalecer quando colide com o interesse individual.
O princípio da autonomia da vontade não é absoluto. É limitado pelo princípio da supremacia da ordem pública.
A intervenção do Estado na vida contratual é, hoje tão intensa em determinados campos que se configura um verdadeiro dirigismo contratual (quando o Estado age na existência de um desequilíbrio entre as partes).
A ordem pública não se amolda a qualquer classificação. Cabe aos tribunais verificar, em cada caso, se a ordem pública está ou não em jogo. A ideia de ordem pública é constituída por aquele conjunto de interesses jurídicos e morais que incumbe a sociedade preservar. Por conseguinte, os princípios de ordem pública não podem ser alterados por convenção entre os particulares. (Jus publicum privarotum pactis derrogare non potest)
Cabe citar o parágrafo único do Art. 2035, CC:
Art. 2.035 do CC –
Parágrafo único. Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos por este Código para assegurar a função social da propriedade e dos contratos.
A doutrina considera de ordem pública:
Direito Civil V - Contratos
· 
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· Normas que instituem a organização da família;
· As que estabelecem a ordem de vocação hereditário e a sucessão testamentária;
· As que pautam a organização política e administrativa do Estado
· As bases mínimas da organização econômica;
· Os preceitos fundamentais do direito do trabalho.
Ou seja, as regras que o legislador erige em cânones basilares da estrutura social, política e econômica da Nação. Não admitindo derrogação, compõe leis que proíbem ou ordenam cerceando nos seus limites a liberdade de todos. 
Os direitos também devem ser exercidos no limite ordenado pelos bons costumes, que decorre da observância das normas de convivência, segundo um padrão de conduta social estabelecido pelos sentimentos morais da época.
A noção de ordem pública e o respeito aos bons costumes, constituem freios e limites à liberdade contratual. No campo intervencionista, destinado a coibir abusos advindos da desigualdade econômica mediante a defesa da parte economicamente mais fraca, situa-se ainda o princípio da revisão dos contratos ou da onerosidade excessiva.
6.3. Princípio do consensualismo da vontade:
De acordo com o princípio do consensualismo, basta, para o aperfeiçoamento do contrato, o acordo de vontades, contrapondo-se ao formalismo e ao simbolismo. O contrato resulta do consenso, do acordo de vontades, independentemente da entrega da coisa.
A compra e venda, por exemplo, quando pura, torna-se perfeita e obrigatória, desde que as partes acordem no objeto e no preço (art.482 do CC). O contrato já estará perfeito e acabado desde o momento em que o vendedor aceitar o preço oferecido pela coisa, independentemente da entrega desta. O pagamento e a entrega do objeto constituem outra fase, a do cumprimento das obrigações assumidas pelo contratante. (Art. 481, CC)
Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.
Art. 482 do CC - A compra e venda, quando pura, considerar-se-á obrigatória e perfeita, desde que as partes acordarem no objeto e no preço.
Formalismo é exceção. No direito brasileiro a forma é, em regra, livre. As partes podem celebrar o contrato por escrito, público ou particular, ou verbalmente, a não ser nos casos em que a lei, para dar maior segurança e seriedade ao negócio, exija a forma escrita, pública ou particular. 
O consensualismo, portanto, é a regra, e o formalismo, a exceção. Dispõe, com efeito, o art.107 do CC:
Art. 107 do CC - A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir.
Os contratos são, pois, em regra, consensuais. Alguns poucos, no entanto, são reais, porque somente se aperfeiçoam com a entrega do objeto, subsequente ao acordo de vontades. Exemplo: Contrato de depósito, só se aperfeiçoa depois do consenso e da entrega do bem ao depositário.
6.4. Princípio da relatividade dos efeitos do contrato:
Funda-se na ideia de que os efeitos do contrato só se produzem em relação às partes, àquelas que manifestaram a sua vontade, vinculando-os ao seu conteúdo, não afetando terceiro nem seu patrimônio.
O contrato, diferente do que se concebia no código civil de 1916, não é mais um instrumento de satisfação dos interesses pessoais dos contraentes, reconhece uma função social. Tal fato tem como consequência, por exemplo, possibilitar que terceiros que não são propriamente partes do contrato possam nele influir, em razão de serem direta ou indiretamente por ele atingidos. (pacta sund servanda)
As partes não podem prejudicar terceiros ou a sociedade, apenas elaspodem sofrer os efeitos dos contratos.
6.5. Princípio da obrigatoriedade dos contratos:
Representa a força vinculante das convenções. 
Tem por fundamentos:
· A necessidade de segurança dos negócios: Tal necessidade deixaria de existir se os contraentes pudessem não cumprir a palavra empenhada, gerando balburdia e caos.
· A intangibilidade ou imutabilidade do contrato: Decorre da convicção de que o acordo de vontades faz lei entre as partes, personificada pela máxima pacta sunt servanda (os pactos devem ser cumpridos), não podendo ser alterado nem pelo juiz. 
Qualquer modificação ou revogação terá de ser bilateral. O seu inadimplemento confere à parte lesada o direito de fazer uso dos instrumentos judiciários para obrigar a outra a cumpri-lo, ou a indenizar pelas perdas e danos, sob pena de execução patrimonial (Art. 389, CC).
A exceção a esse princípio é a escusa por caso fortuito ou força maior (Art. 389, CC). 
Também passou a aceitar, em caráter excepcional, a intervenção judicial para corrigir o conteúdo de certos contratos que resultem em desequilíbrio nas prestações. Ou seja, o Estado tem de intervier na vida do contrato para restaurar o equilíbrio.
6.6. Princípio da revisão dos contratos ou da onerosidade excessiva:
Permite aos contraentes recorrerem ao Judiciário para obterem alteração da convenção e condições mais humanas, em determinadas situações. 
Fundamenta-se na teoria rebus sic standibus (também conhecida como teoria da imprevisão) e consiste basicamente em presumir, nos contratos comutativos, de trato sucessivo e de execução diferida a existência implícita (não expressa) de uma clausula, pela qual a obrigatoriedade de seu cumprimento pressupõe a inalterabilidade da situação de fato. Se esta, no entanto, modificar-se em razão de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, que tornem excessivamente oneroso para o devedor o seu adimplemento, poderá este requerer ao juiz que o isente da obrigação, parcial ou totalmente. 
Existe uma seção no código civil para a resolução dos contratos por onerosidade excessiva. Nessa seção encontram-se os arts. 478, 479 e 480.
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.
Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar eqüitativamente as condições do contrato.
Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear que a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade excessiva.
6.7. Princípio da boa-fé e da probidade
Exige que as partes se comportem de forma correta não só durante as tratativas, como também durante a formação e o cumprimento do contrato. 
Guarda relação com o princípio do direito segundo o qual ninguém pode se beneficiar-se da própria torpeza. Recomenda-se ao juiz que presuma a boa-fé, devendo a má-fé, ao contrário, ser provada por quem a alega. 
A clausula geral da boa-fé é tratada em três dispositivos: Art. 113, 187 e 422, do CC
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.
A probidade nada mais é que um dos aspectos objetivos do princípio da boa-fé, podendo ser entendida como a honestidade de proceder ou a maneira criteriosa de cumprir todos os deveres, que são atribuídos ou cometidos à pessoa. 
6.7.1. Boa-fé subjetiva e objetiva
A boa-fé subjetiva também pode ser chamada de concepção psicologia da boa-fé, e a boa-fé objetiva pode ser chamada concepção ética da boa-fé.
A boa-fé subjetiva denota estado de consciência, ou convencimento individual da parte, ao agir em conformidade ao direito, sendo aplicável, em regra, ao campo dos direitos reais, especialmente em matéria possessória. É subjetiva justamente porque, para a sua aplicação, deve o intérprete considerar a intenção do sujeito da relação jurídica, o seu estado psicológico ou íntima convicção. Sempre se baseia numa crença ou numa ignorância.
A boa-fé objetiva funda-se na honestidade, na retidão, na lealdade e na consideração para com os interesses do outro contraente, especialmente no sentido de não lhe sonegar informações relevantes a respeito do objeto e conteúdo do negócio. Constitui um modelo jurídico, na medida em que se reveste de variadas formas. Trata de uma norma cujo conteúdo não pode ser rigidamente fixado, dependendo sempre das circunstancias concretas do caso.
A boa-fé é tanto forma de conduta (subjetiva ou psicológica) como norma de comportamento (objetiva)
6.7.2. Proibição de venire contra factum proprium:
Protege uma parte contra aquela que pretende exercer uma posição jurídica em contradição com o comportamento assumido anteriormente. Depois de criar uma certa expectativa, em razão de conduta seguramente indicativa de determinado comportamento futuro, há quebra dos princípios da lealdade e de confiança se vier a ser praticado ato contrário ao previsto, com surpresa e prejuízo à contraparte.
Exemplo: Credor que concordou, durante a execução do contrato de prestações periódicas, com o pagamento em lugar ou tempo diverso do convencionado não pode surpreender o devedor com a exigência literal do contrato. 
Na IV Jornada de Direito Civil promovida pelo Conselho da Justiça Federal foi aprovado o Enunciado 362, que assim dispõe: “A vedação do comportamento contraditório (venire contra factum proprium) funda-se na proteção da confiança, tal como se extrai dos artigos 187 e 422 do Código Civil”. E a Súmula 370 do Superior Tribunal de Justiça, proclama que “caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado”.
6.7.3. Suppressio, surrectio e tu quoque
São conceitos correlatos à boa-fé objetiva. Devem ser utilizados como função integrativa, suprindo lacunas do contrato e trazendo deveres implícitos às partes contratuais.
Na suppressio um direito não exercido durante determinado lapso de tempo não poderá mais sê-lo, por contrariar a boa-fé. Exemplo: O comprador de queixa de tirar as mercadorias não pode obrigar o vendedor a guarda-las por tempo indeterminado. Enquanto a prescrição encobre a pretensão pela só influência do tempo, a suppressio exige, para ser reconhecida, a demonstração de que o comportamento da parte era inadmissível, segundo o princípio da boa-fé.
A surrectio é a outra face da suppressio, pois consiste no nascimento de um direito, sendo nova fonte de direito subjetivo, consequente à continuada prática de certos atos. Exemplo: A duradoura distribuição de lucros da sociedade comercial em desacordo com os estatutos pode gerar o direito de recebê-los do mesmo modo, para o futuro.
Já a tu quoque preceita que aquele que descumpriu norma legal ou contratual, atingindo com isso determinada posição jurídica, não pode exigir do outro o cumprimento do preceito que ele próprio ja descumprira. Veda que alguém faça contra o outro que não faria contra a si mesmo. Exemplo: O condômino que viola regra do condomínio e deposita moveis em área de uso comum não pode exigir do outro comportamento obediente ao processo.
	CONCEITOS CORRELATOS À BOA-FÉ OBJETIVA
	Venire contra factum proprium
	Protege uma parte contra aquela que pretende exercer uma posição jurídica em contradição com o comportamento assumido anteriormente.
	Suppressio
	Um direito não exercido durante determinado lapso de tempo não poderá mais sê-lo, por contrariar a boa-fé.
	Surrectio
	É a outra face da suppressio. Acarreta o nascimento de um direito em razão da continuada prática de certos atos.
	Tuquoque
	Proíbe que uma pessoa faça contra outra o que não faria contra si mesmo, consistindo em aplicação do mesmo princípio inspirador da exceptio non adimpleti contractus.
7. Fases do Contrato - Formação dos contratos
7.1. Manifestação da vontade
A manifestação da vontade é o primeiro e mais importante requisito de existência do negócio jurídico. A vontade humana se processa inicialmente na mente das pessoas. É o momento subjetivo, psicológico, representado pela própria formação do querer. O momento objetivo é aquele em que a vontade se revela por meio de declaração. Somente nesta fase ela se torna conhecida e apta a produzir efeitos nas relações jurídicas. Por isso se diz que, em rigor, é a declaração da vontade, e não ela própria, que constitui requisito de existência dos negócios jurídicos e, conseguintemente, dos contratos.
Pode ser expressa ou tácita:
· Tácita: Poderá ser tácita quando a lei não exigir que seja expressa (Art. 111, CC). O silêncio pode ser interpretado como manifestação tácita da vontade quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa.
· Expressa: É a exteriorizada verbalmente, por escrito, gesto ou mímica, de forma inequívoca. Algumas vezes a lei exige o consentimento escrito como requisito de validade da avença.
7.2. Negociações preliminares
Nem sempre o contrato nasce instantaneamente de uma proposta seguida de uma imediata aceitação. Na maior parte dos casos a oferta é antecedida de uma fase de negociações preliminares caracterizada por sondagens, conversações, estudos e debates, também denominada fase da pontuação. Qualquer uma das partes pode afastar-se, simplesmente alegando desinteresse, sem responder por perdas e danos. Tal responsabilidade só ocorrerá se ficar demonstrada a deliberada intenção, com falsa manifestação de interesse, de causar dano ao outro contraente, levando-o, por exemplo, a perder outro negócio jurídico ou realizando despesas. O fundamento para o pedido de perdas e danos da parte lesada não é, nesse caso, o inadimplemento contratual, mas a prática de um ilícito civil previsto no Art. 186 do CC.
As negociações preliminares, em regra, não geram obrigações para os participantes, mas fazem surgir deveres jurídicos decorrentes do princípio da boa-fé, sendo os principais os deveres de lealdade e correção, de informação, de proteção e cuidado e de sigilo. A violação durante o transcurso das negociações é que gera a responsabilidade do contraente, tenha sido ou não celebrado o contrato. Essa responsabilidade ocorre, pois, não no campo da culpa contratual, mas da aquiliana, somente no caso de um deles induzir no outro a crença de que o contrato será celebrado, levando-o a despesas ou a não contratar com terceiro, etc. e depois recuar, causando-lhe dano. Essa responsabilidade tem, porém, caráter excepcional.
Na Jornada de Direito Civil realizada em Brasília em setembro de 2002, (STJ-CJF), foi aprovada a Conclusão n. 25, do seguinte teor: “O art. 422 do Código Civil não inviabiliza a aplicação, pelo julgador, do princípio da boa-fé nas fases pré e pós-contratual”. Pode-se afirmar que, mesmo com a redação insuficiente do aludido art. 422, nela estão compreendidas as tratativas preliminares, antecedentes do contrato, que podem acarretar a responsabilidade pré-contratual 88
Proclamou a 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça que “a responsabilidade pré-contratual não decorre do fato de a tratativa ter sido rompida e o contrato não ter sido concluído, mas do fato de uma das partes ter gerado à outra, além da expectativa legítima de que o contrato seria concluído, efetivo prejuízo material”. Frisou o relator que, no caso sub judice, “houve o consentimento prévio mútuo, a afronta à boa-fé objetiva com o rompimento ilegítimo das tratativas, o prejuízo e a relação de causalidade entre a ruptura das tratativas e o dano sofrido
Não há vinculação se feita de boa-fé.
7.3. Proposta
A oferta traduz uma vontade definitiva de contratar nas bases oferecidas, não estando mais sujeita a estudos ou discussões, mas dirigindo-se à outra parte para que a aceite ou não, sendo, portanto, um negócio jurídico unilateral, constituindo elemento da formação contratual. Pode-se dizer, então, que proposta “é uma declaração receptícia de vontade, dirigida por uma pessoa a outra (com quem pretende celebrar um contrato), por força da qual a primeira manifesta sua intenção de se considerar vinculada, se a outra parte aceitar”
Representa ela o impulso decisivo para a celebração do contrato, consistindo em uma declaração de vontade definitiva. Distingue-se nesse ponto das negociações preliminares, que não têm esse caráter e não passam de estudos e sondagens, sem força obrigatória. Aquela, ao contrário, cria no aceitante a convicção do contrato em perspectiva, levando-o à realização de projetos e às vezes de despesas e à cessação de alguma atividade. Por isso, vincula o policitante, que responde por todas essas consequências, se injustificadamente retirar-se do negócio.
A proposta deve conter todos os elementos essenciais do negócio proposto, como preço, quantidade, tempo de entrega, forma de pagamento etc. Deve também ser séria e consciente, pois vincula o proponente (CC, art. 427). Deve ser, ainda, clara, completa e inequívoca, ou seja, há de ser formulada em linguagem simples, compreensível ao oblato, mencionando todos os elementos e dados do negócio necessários ao esclarecimento do destinatário e representando a vontade inquestionável do proponente.
Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso.
7.3.1. A oferta no Código Civil
7.3.1.1. A força vinculante da oferta
Dispõe o art. 427 do Código Civil: 
Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso.
Desde que séria e consciente, a proposta vincula o proponente. A obrigatoriedade da proposta consiste no ônus, imposto ao proponente, de mantê-la por certo tempo a partir de sua efetivação e de responder por suas consequências, por acarretar no oblato uma fundada expectativa de realização do negócio, levando-o muitas vezes a elaborar projetos, a efetuar gastos e despesas, a promover liquidação de negócios e cessação de atividade etc.
 7.3.1.2. Proposta não obrigatória
A oferta não obriga o proponente, em primeiro lugar, se contiver cláusula expressa a respeito. É quando o próprio proponente declara que não é definitiva e se reserva o direito de retirá-la. 
Muitas vezes a aludida cláusula contém os dizeres: “proposta sujeita a confirmação” ou “não vale como proposta”. 
Em segundo lugar, a proposta não obriga o proponente em razão da natureza do negócio. É o caso, por exemplo, das chamadas propostas abertas ao público, que se consideram limitadas ao estoque existente (Art. 429, CC)
E, por último, a oferta não vincula o proponente em razão das circunstâncias do caso (Art. 428, CC). Não são, portanto, circunstâncias quaisquer, mas aquelas a que a lei confere esse efeito:
Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta:
I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante;
II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente;
III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado;
IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente.
7.3.2. A oferta no Código de Defesa do Consumidor
A proposta aberta ao público, por meio de exibição de mercadorias em vitrinas, catálogos, anúncios nos diversos meios de divulgação etc., vincula o ofertante. O fornecedor deve assegurar não apenas o preço e as características dos produtos e serviços, mas também as quantidades disponíveis em estoque. Deve, assim, atenderà clientela nos limites do estoque informado, sob pena de responsabilidade.
O art. 35 do CDC dispõe que, se o fornecedor recusar dar cumprimento a sua oferta, o consumidor poderá exigir, alternativamente, o cumprimento forçado da obrigação, um produto equivalente ou ainda a rescisão do contrato, recebendo perdas e danos.
7.4. Aceitação
Aceitação é a concordância com os termos da proposta. É manifestação de vontade imprescindível para que se repute concluído o contrato, pois, somente quando o oblato se converte em aceitante e faz aderir a sua vontade à do proponente, a oferta se transforma em contrato. A aceitação consiste, portanto, na formulação da vontade concordante do oblato, feita dentro do prazo e envolvendo adesão integral à proposta recebida.
Para produzir o efeito de aperfeiçoar o contrato a aceitação deve ser pura e simples. Se apresentada “fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará nova proposta ” (CC, art. 431), comumente denominada contraproposta.
A aceitação pode ser expressa ou tácita. A primeira decorre da declaração do aceitante, manifestando a sua anuência; a segunda, de sua conduta, reveladora do consentimento (Art. 432, CC).
Art. 432. Se o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa, ou o proponente a tiver dispensado, reputar-se-á concluído o contrato, não chegando a tempo a recusa.
7.4.1. Hipótese de inexistência de força vinculante da aceitação
Existem duas hipóteses em que a manifestação de vontade deixa ter força vinculante:
· Se a aceitação, embora expedida a tempo, por motivos imprevistos, chega tarde ao conhecimento do proponente (Art. 430, primeira parte, CC): Deve comunicar imediatamente ao aceitante.
· Se antes da aceitação, ou com ela, chegar ao proponente a retratação do aceitante (Art. 433, CC): Verifica-se que a lei permite também a retratação da aceitação. Neste caso, a “declaração da vontade, que continha a aceitação, desfez-se, antes que o proponente pudesse tomar qualquer deliberação no sentido da conclusão do contrato”
7.5. Momento da conclusão do contrato
7.5.1. Contrato entre presentes:
Se o contrato for celebrado entre presentes, a proposta poderá estipular ou não prazo para a aceitação. Se o policitante não estabelecer nenhum prazo, esta deverá ser manifestada imediatamente, sob pena de a oferta perder a força vinculativa. Se, no entanto, a policitação estipulou prazo, a aceitação deverá operar-se dentro nele, sob pena de desvincular-se o proponente.
7.5.2. Contratos entre ausentes:
Quando o contrato é celebrado entre ausentes, por correspondência (carta, telegrama, fax, radiograma, e-mail etc.) ou intermediários, a resposta leva algum tempo para chegar ao conhecimento do proponente e passa por diversas fases.
Existem três teorias para o momento em que a convenção se reputa concluída:
· Teoria da informação ou cognição: Considera-se celebrado quando a resposta do oblato é conhecida pelo proponente. Há o problema em que o oblato envia a aceitação, o proponente recebe, mas não toma conhecimento dela. Essa teoria concentra os poderes na mão do proponente.
· Teoria da declaração ou agnição: Existem 3 parâmetros:
· Quando o oblato redige o aceite
· Quando o oblato envia o aceite
· Quando o proponente recebe o convite
· Teoria da expedição: é utilizada pelo código
O art. 434 do Código Civil acolheu expressamente a teoria da expedição, ao afirmar que os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida. Proclama, com efeito, o aludido dispositivo:
Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida, exceto:
I - no caso do artigo antecedente;
II - se o proponente se houver comprometido a esperar resposta;
III - se ela não chegar no prazo convencionado.
7.6. Lugar da celebração
Dispõe o art. 435 do Código Civil:
Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto.
8. Classificação dos Contratos
8.1. Quanto aos efeitos:
Unilateral: são os contratos que criam obrigações unicamente para uma das partes. É unilateral se, quando se forma, origina obrigação, tão somente, para uma das partes (ex uno latere). Ex.: Mútuo, comodato, depósito, doação, mandato, fiança;
Bilateral: são os contratos que geram obrigações para ambos os contratantes. Essas obrigações são recíprocas, sendo por isso denominados sinalagmáticos, da palavra grega sinalagma, que significa reciprocidade de prestações. Ex.: Compra e venda, a locação, o contrato de transporte etc.
Aquele em que ambas as partes contraem obrigações e ao menos alguns dos deveres recíprocos de prestação estão vinculados entre si, de modo que a prestação de um representa, de acordo com a vontade de ambas as partes, a contraprestação, a compensação pela outra. Para caracterizar a bilateralidade, no entanto, aduz, não é necessário que essas prestações sejam equivalentes, segundo um critério objetivo: “basta que cada parte veja na prestação da outra uma compensação suficiente à sua própria prestação”.
Não é necessário, todavia, que todas as prestações sejam estabelecidas com esse nexo de reciprocidade e equivalência, bastando que o sejam as obrigações principais, podendo haver obrigações acessórias (devolver as coisas ao término do contrato) ou deveres de conduta (dar informações) apenas de uma das partes
Plurilateral: Contém mais de duas partes (obrigações para todas). Ex,: Contrato de sociedade, de consórcio. Rotatividade dos membros como característica. Ato coletivo, finalidade comum.
O contrato em que podem tomar parte ab initio, ou depois de sua formação, várias partes. A sua principal característica consiste no fato de que, mediante a sua realização, as partes perseguem um fim comum. Desse modo, o chamado contrato plurilateral se manifesta, em realidade, como ato coletivo, o qual é, efetivamente, do tipo negocial, mas não é figura contratual. Disto é exemplo eloquente a sociedade, da qual constituem características a ausência do elemento “consentimento” e a possibilidade de sua formação (e de sua gestão) mediante deliberação também majoritária; daí a sua exclusão do rol dos contratos.
Bilateral imperfeito: Contrato unilateral que tem a potencialidade de gerar alguma obrigação para o contratante que não se comprometera inicialmente. Ex.: Comodato ou depósito quando geram obrigações para o contratante.
8.2. Quanto às vantagens patrimoniais:
Gratuitos ou benéficos: Apenas uma das partes aufere benefício ou vantagem;
Onerosos: Acarretam vantagens e desvantagens a ambas as partes - sacrifícios recíprocos
· Comutativos: Obrigações certas e determinadas. Equivalência das prestações;
· Aleatórios: Envolve risco para um dos contratantes.
· Aleatórios por natureza: Pelo menos um dos contratantes não pode antever a vantagem que receberá em troca da prestação fornecida;
· Aleatórios acidentais: Contratos comutativos que, por alguma razão, tornam-se aleatórios.
· Venda de coisa futura:
· Existência: Art. 458, CC. Emptio spei. Venda de esperança
· Quantidade: Art. 459, CC. Emptio rei speratae.
· Venda de coisas existentes, mas expostas a risco. Art. 460 e 461, CC
Dos Contratos Aleatórios
Art. 458. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não virem a existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito de receber integralmente o que lhe foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado venha a existir.
Art. 459. Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si o risco de virem a existir em qualquer quantidade, terá também direito o alienante a todo o preço, desde que de sua parte não tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à esperada.
Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não haverá, e o alienante restituirá o preço recebido.
Art. 460. Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas existentes, mas expostas a risco, assumido pelo adquirente, terá igualmente direito o alienante a todo o preço, postoque a coisa já não existisse, em parte, ou de todo, no dia do contrato.
Art. 461. A alienação aleatória a que se refere o artigo antecedente poderá ser anulada como dolosa pelo prejudicado, se provar que o outro contratante não ignorava a consumação do risco, a que no contrato se considerava exposta a coisa.
Normalmente há uma relação entre contratos unilaterais e gratuitos e bilaterais e onerosos, mas há exceções.
Ex.: Mútuo oneroso (há cobrança de juros) é unilateral e oneroso; Mandato é bilateral e gratuito;
8.3. Quanto à formação:
Paritários: 
Aqueles em que as partes discutem livremente as condições;
Situação de igualdade/ equilíbrio.
Adesão: 
Não permitem esta mobilidade/ liberdade;
Preponderância da vontade de um dos contratantes, que elabora todas as cláusulas;
Autonomia da vontade é reduzida. Art. 423 e 424, CC
Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente.
Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio.
Contrato-tipo:
De massa ou em série: Não é essencial a desigualdade dos contratantes, pois admite discussão sobre o seu conteúdo.
Cláusulas pré-redigidas.
8.4. Quanto ao momento de sua execução:
Instantânea: Consumam-se em um só ato. Ex.: Compra e venda à vista;
Execução diferida: Também são cumpridos em um só ato, mas num momento futuro. Ex.: Compra e venda a prazo;
Trato sucessivo: Cumprem-se por meio de atos reiterados. Ex.: Locação.
8.5. Quanto ao agente: 
Personalíssimos: Celebrados em razão da qualidade pessoal de um dos contraentes;
Impessoais: Obrigações podem ser cumpridas pelo obrigado ou por terceiro;
Individuais: Vontade individualmente considerada;
Coletivos: Vontade de sujeitos determináveis. Convenções coletivas como o grande exemplo.
8.6. Quanto ao modo porque existem:
Principais: Existência autônoma;
Acessórios: Dependem de outro contrato;
Adjetos: Tem por objeto direitos estabelecidos em outro contrato, denominado básico ou principal. Ex.: sublocação, subempreitada, subconcessão.
8.7. Quanto à forma:
Solenes: Devem obedecer à forma prescrita em lei;
Não solenes: Forma livre
· Consensuais: Apenas o consentimento é necessário;
· Reais: É necessária a tradição do bem
8.8. Quanto ao objeto: 
Contrato preliminar: Pactum in contrahendo
Pré contrato, fruto das negociações preliminares;
Tem por objeto a celebração de um contrato definitivo futuramente.
Contrato definitivo: Contrato principal.
9. Quanto à designação:
Nominados: Tem designação legal própria. Existem 23 contratos nominados e são considerados típicos.
Inominados: Contrato sob medida. São considerados atípicos.
Mistos: Contrato típico com cláusulas particulares
09/03/2020
Interpretação dos contratos:
A manifestação da vontade sempre prescindirá de interpretação, e é este processo de interpretação que irá transformar o texto genérico num contexto real.
Todos os contratos necessitam de interpretação, e deve-se sempre levar em consideração a conservação dos contratos e os costumes.
Regras básicas para a devida interpretação do contrato:
· Conservação dos contratos: Busca-se a conservação do vínculo contratual. Aqui, há o afastamento de certas cláusulas, mas mantém-se o contrato.
· Costumes: Vontade interna ≠ Vontade declarada. Há o problema de quando o contratante declara uma vontade diversa de sua vontade interna, então fica a dúvida de qual prevalece. O Art. 112 do CC responde essa pergunta, mas há 4 teorias que explicam o texto do artigo.
Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem.
· Teoria da vontade: Foi a primeira desenvolvida e foi idealizada por Saviny. Para essa teoria, a vontade interna do sujeito deve ser prevalecida em favor da vontade declarada. O problema com essa teoria é a extrema subjetividade da vontade interna, o que dificulta o acesso ao que se realmente deseja,
· Teoria da declaração: Pensada por Bullow, seguiu a linha da teoria da vontade e, de forma contrária, idealiza que a vontade que se deve prevalecer é a declarada, visto sua objetividade e a presença de elementos possíveis de serem observados. O problema com essa teoria é a ilicitude de uma vontade interna que está travestida de uma vontade lítica declarada.
· Teoria da responsabilidade: Diz que o declarante da vontade tem o ônus de manifestar adequadamente a sua vontade, ou seja, a vontade declarada deve ser a mesma da vontade interna. Caso a pessoa violasse esse dever, a vontade que prevaleceria seria a declarada.
· Teoria da confiança: Desenvolvida por Nelson Rosenvald e Cristiano Chaves de Farias. É a primeira teoria que considera o declarante e o receptor da vontade. Aqui se faz o questionamento se o receptor confia na veracidade da declaração emitida. Caso a resposta seja positiva, a vontade que prevalece é a declarada. Mas se a resposta for negativa, há o questionamento do por que está havendo tal negócio jurídico. 
Se o receptor confia na vontade do declarante, o negocio jurídico é valido, mas caso não há a confiança, o negócio jurídico pode ser anulado ao alegar-se simulação. 
A corroboração dessa teoria se encontra no Art. 110 do CC.
Art. 110. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento.
· Regra principal: Boa-fé objetiva: Aplica-se a todos os contratos e tem três funções específicas:
· Interpretativa: Dar base para a interpretação dos contratos. Para interpretar o contrato, presume-se que as partes estão agindo de boa-fé;
· Limitadora: Restringe o alcance de cláusulas que limitem direitos. Súmula 214 STJ
Súmula 214 do STJ:
O fiador na locação não responde por obrigações resultantes de aditamento ao qual não anuiu.
· Integrativa: Permite que a boa-fé acrescente ou exclua clausulas contratuais expressas. Ocorre por meio de 4 institutos:
· Proibição do venire contra factum proprium: É a proibição que as partes tem de adotar comportamentos contraditórios. As partes devem respeitas os comportamentos que são costumes entre elas.
Mesmo tendo cláusula expressa no contrato, se as partes estiverem adotando comportamento diverso do acordado, tal comportamento é o que vale. Não se pode pegar a outra parte desprevenida.
· Supressio: É o fim de um direito pelo seu não exercício. Estava previsto no contrato, mas as partes não davam cumprimento a ele e assim, deixa de ser eficaz.
· Surrectio: É o surgimento de um direito pelo seu exercício. Apesar de não estar previsto no contrato, de tanto ser usado, passa a existir.
· Tu quoque: Se você não cumprir sua obrigação contratual, não pode exigir que o outro contratante cumprisse.
O réu pode apresentar a seguinte defesa: exceção de contrato não cumprido, também conhecido como exceptio non adimplendi contractus. 
10/03/2020
Regras Acessórias: Não se aplicam a todos os tipos de contrato, apenas pontualmente.
1. Interpretação Restritiva: Não se estende o alcance de certas cláusulas, a interpretação se limita ao texto que está escrito. Ocorrerá quando: 
· Quando o contrato for benéfico;
· Quando houver cláusula a renuncias de direitos;
· Quando houver cláusulas punitivas;
· Nos contratos de garantia do tipo fiança/ aval
Art. 114, CC:
Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente.
2. Autocontrato: Contrato consigo mesmo.
É um contrato em que nos dois polos figuram o mesmo sujeito, mas em um desses polos ele está representando um terceiro.
É permitido desde que não haja prejuízo para o terceiro, se houver, o contrato pode ser anulado.
Art. 117, CC
Art. 117. Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio jurídico que o representante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo.
Parágrafo único. Para esse efeito, tem-se como celebrado pelo representante o negócio realizado por aquele em quem os poderes houverem sido subestabelecidos.3. Contrato de adesão: A interpretação esta prevista no Art. 423, CC.
Quando houver cláusulas contratuais contraditórias, a interpretação será a favorecer o que está aderindo o contrato.
Se houver cláusula restritiva de direito, este será nulo.
4. Contrato aleatório: 3 tipos que envolvem coisa futura:
· Emptio spei – existência;
· Emptio rei speratur – quantidade;
· Coisa existente exposta a risco - devem estar descritos no contrato.
16/03/2020
Vícios Redibitórios
Conceito: Os vícios mostram problemas que atingem o objeto do contrato, e esse problema faz com que haja um mal funcionamento da coisa. 
A palavra “redibitório” vem de redibir, que significa devolver. 
Assim, vícios redibitórios são todos aquele vícios que estão presentes ou ocultos.
Obs.: Vício é diferente de defeito
· O vício atinge exclusivamente a cosia. Já o defeito atinge a coisa e o usuário, causando um dano à saúde ou integridade física do usuário. Os defeitos são mais gravosos que os vícios.
· Do vício pode haver um defeito. Ocorre quando o vício deixa de atingir somente a coisa e passa a atingir também o usuário.
Requisitos: Art. 441, CC - Estes requisitos precisam estar presentes nos vícios redibitórios:
a) Contrato comutativo oneroso: Esse bem precisa ter sido dado dentro de um contrato comutativo oneroso. Assim, os contratos gratuitos afastam o tratamento com base nos vícios redibitórios.
b) Vício já existir no bem no momento da entrega: O vício tem que exitir no bem no momento da entrega, já estava presente e oculto, mas só se manifestou no momento da entrega.
c) Vício manifestar-se após a entrega;
d) Vicio tornar a coisa impropria ao uso ou reduzir o seu valor.
Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor.
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas.
Após a descoberta do vício redibitório, é direito do cliente ajuizar uma ação edilícia (edis curules), que podem ser de 3 tipos:
a) Ação redibitória: Art. 441, CC - Nesta ação o adquirente vai devolver o bem ao alienante. Ele devolve a coisa para o alienante e recebe de volta o valor ou a contraprestação que ele tinha dado pela coisa.
O grande problema da ação redibitória é que ela resulta no fim do contrato, ou seja, na extinção do mesmo. É uma solução extrema.
b) Ação estimatória / ação quanti minoris: Art. 442, CC - O adquirente vai permanecer com a coisa viciada, mas requer um abatimento do preço. Quem escolhe o que quer é o adquirente, visto que é um direito potestativo dele.
Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato ( art. 441 ), pode o adquirente reclamar abatimento no preço.
c) Ação de contemplação de área / ação ex empto: Só se aplica às vendas ad mensuram (sobre área). Venda de imóveis. 
Má-fé do alienante: Quando o alienante já conhecia o vício, além de responder pelas ações edilícias, também indenizará a vítima do vício.
Prazos: Art. 445, CC - São prazos decadenciais, ou seja, referentes ao direito potestativo (que permite ao adquirente escolher qual ação edilícia ele deseja). 
a) Fácil contestação: Aqueles que, por sua natureza, vão se manifestar de modo mais imediato.
· Móveis: Tem 30 dias para os bens móveis.
· Imóveis: 1 ano para bens imóveis
b) Difícil contastação: É aquele que por sua natureza vai demorar mais tempo para se manifestar. Art. 445, §1º, CC.
· Móveis: O vício tem 180 dias para se manifestar. Se ele manifestar dentro desses 180 dias, o adquirente tem 30 dias para reclamar.
· Imóveis: O vício tem 180 dias para se manifestar. Se ele se manifestar dentro desses 180 dias, o adquirente tem 1 ano para reclamar.
Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade.
§ 1º Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis.
§ 2º Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no parágrafo antecedente se não houver regras disciplinando a matéria.
23/03/2020 e 24/03/2020 - aula online (slides)
Extinção dos Contratos
A ordem natural dos contratos é que eles nascem do acordo de vontades, irradiam os efeitos e extinguem-se.
O vínculo contratual é passageiro.
Em regra, a extinção ocorre pela execução, que é o cumprimento normal da obrigação, que libera o devedor e satisfaz o credor.
1. Causas anteriores ou contemporâneas à celebração:
a. Ausência de requisitos dos negócios jurídicos:
· Art. 104, CC
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III - forma prescrita ou não defesa em lei.
· Nulidade absoluta: Art. 168, CC
Art. 168. As nulidades dos artigos antecedentes podem ser alegadas por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir.
Parágrafo único. As nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas, não lhe sendo permitido supri-las, ainda que a requerimento das partes.
· Nulidade relativa: anulabilidade - Art. 171, CC
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:
I - por incapacidade relativa do agente;
II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.
· Quando o negócio jurídico não cumpre os requisitos de validade elencados no Art. 104 do CC, poderá ser extinto de forma anômala, pois pode gerar a nulidade absoluta ou a anulabilidade.
b. Implemento de cláusula resolutiva:
· Cada contraente tem o direito de pedir a resolução do contrato se o outro não cumpre seu ônus;
· Cláusula resolutiva é presumida em todos os contratos bilaterais ou sinalagmáticos;
· Art. 474 e 475, CC;
Art. 474. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação judicial.
Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos.
· Adimplemento substancial, que é o cumprimento da maior parte da obrigação, não autoriza a resolução do contrato;
· A cláusula resolutiva só pode ser usada quando o adimplemento é mínimo ou zero. Obedece ao princípio da conservação dos contratos (necessidade dos contratantes de manter o vínculo contratual.)
· A cláusula resolutiva não dispensa a ação judicial - a diferença está nos efeitos da sentença. Quando a cláusula é expressa a sentença é apenas declaratória, ao passo que quando ela é tácita, a sentença é desconstitutiva.
c. Exercício do direito de arrependimento:
· Arras penitenciais (versus confirmatórias): São uma penalidade para as partes que se arrependerem, mas ela só irá agir se estiver previsto no contrato o direito de arrependimento. 
· Art. 420, CC:
Art. 420. Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento para qualquer das partes, as arras ou sinal terão função unicamente indenizatória. Neste caso, quem as deu perdê-las-á em benefício da outra parte; e quem as recebeu devolvê-las-á, mais o equivalente. Em ambos os casos não haverá direito a indenização suplementar.
· Penalidade para a parte que se arrepender. Perda do dinheiro pago, se o arrependimento foi aquele que efetuou o pagamento do sinal;
· Restituição do valor recebido mais o equivalente, se quem se arrependeu foi a parte que receber as arras.
· Súmula 412, STF.
No compromisso de compra e venda com cláusula de arrependimento, a devolução do sinal, por quem o deu, ou a sua restituição em dobro, por quem o recebeu, exclui indenização maior, a títulode perdas e danos, salvo os juros moratórios e os encargos do processo.
· Deve ser exercido dentro do prazo previsto antes da execução do contrato.
2. Causas posteriores à celebração
a. Resolução:
· Fundamenta-se no descumprimento da obrigação;
· Três espécies:
· Inexecução voluntária:
· Comportamento culposo de um dos contraentes, com prejuízo ao outro;
· Efeito ex tunc - extinguindo o que foi executado e obrigando a restituições recíprocas mais perdas e danos e cláusula penal. Acontece apenas nos contratos de execução instantânea.
· Contratos de trato sucessivo: Efeitos ex nunc;
· Incumprimento sério e grave, de modo a prejudicar o interesse do outro contraente na manutenção da avença.
· Exceção de contrato não cumprido (exceptio non adimplenti contractus): Forma de defesa daquele acionado em uma ação de resolução contratual: Aquele que não satisfez a própria obrigação não pode exigir o adimplemento da obrigação do outro.
· Cláusula solve et repete: Obriga-se o contratante a cumprir sua obrigação mesmo diante do inadimplemento do outro.
· Art. 447, CC: Garantia da execução da obrigação a prazo. Alteração na situação patrimonial de um dos contratantes. Pode ser alegada como defesa pela via de exceção de contrato não cumprido
Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública.
· Inexecução involuntária;
· Inexecução por fato não imputável às partes, como ação de terceiro ou acontecimento inevitável: caso fortuito ou força maior;
· Requisitos: Objetiva (não ter as partes concorrido para ela); total e definitiva;
· Inadimplente não fica responsável pelo pagamento de perdas e danos, salvo se expressamente se obrigou por isso.
· Onerosidade excessiva:
· Princípio da revisão dos contratos;
· Art. 478 e 479, CC;
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.
Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar eqüitativamente as condições do contrato.
· Teoria rebus sic standibus: presumir, nos contratos comutativos de trato sucessivo e alguns de execução diferida, que existe uma cláusula implícita segundo a qual seu cumprimento pressupões a inalterabilidade das circunstâncias de fato. Se esta modificar-se tornando a obrigação excessivamente onerosa para o contratante, poderá este requerer que o juiz reduza equitativamente sua obrigação, ou ainda, que o isente dela;
· Teoria rebus sic standibus foi desenvolvida no direito brasileiro como teoria da imprevisão, pois, além dos requisitos clássicos, passou-se a exigir também a imprevisibilidade da mudança. Resistência à teoria revisionista.
· Requisitos:
· Contratos de trato sucessivo ou execução diferida;
· Acontecimento extraordinário ou imprevisível;
· Obrigação excessivamente onerosa para um dos contratantes;
· Extrema vantagem para o outro contratante.
b. Resilição:
· Não deriva do inadimplemento, mas apenas da vontade de um ou de ambos os contratantes;
· Resilir significa voltar atrás
· Resilição bilateral:
· Modo “normal” da resilição;
· Mútuo consenso quanto ao fim do contrato;
· Distrato - Art. 472, CC;
Art. 472. O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato.
· Obrigações ainda não foram cumpridas;
· Resilição unilateral:
· Art. 473, CC
Art. 473. A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou implicitamente o permita, opera mediante denúncia notificada à outra parte.
Parágrafo único. Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito investimentos consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos.
· Aplicável em alguns contratos, pois a regra é a impossibilidade de um dos contratantes romper o vínculo contratual apenas com base na sua vontade;
· Aplicável somente às obrigações duradouras contra sua continuidade ou renovação;
· Contratos sem prazo determinado -> resilição chama-se denúncia.
· Efeitos ex nunc a partir da notificação da outra parte -> conhecimento da outra parte;
· Quando em um contrato as partes preveem a possiblidade de resilição unilateral, ela produzirá as consequências do distrato.
c. Rescisão:
· Normalmente utilizado como sinônimo de resolução e de resilição. Modo específico de extinção de certos contratos, especificamente naqueles em que ocorreu lesão ou estado de perigo.
· Lesão: Art. 157, CC
Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.
§ 1º Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico.
§ 2º Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.
· Estado de perigo: Art. 156, CC
Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa.
Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias.
	EXTINÇÃO ANÔMALA DOS CONTRATOS
	RESOLUÇÃO
	Inexecução das obrigações
	Inadimplemento voluntário
	
	
	Inadimplemento involuntário
	
	
	Onerosidade excessiva
	RESILIÇÃO
	Vontade de uma ou de ambas as partes
	Distrato
	
	
	Resilição unilateral
	RESCISÃO
	Dissolução nos casos de lesão ou estado de perigo
	Lesão
	
	
	Estado de perigo
Estudo Dirigido - Vícios Redibitórios e Evicção
1. Conceitue os vícios redibitórios:
Minha resposta: É um vício oculto em uma coisa recebida (comprada ou recebida por doação onerosa), que a torna imprestável para sua utilidade ou que cause uma depreciação em seu apreço financeiro. 
Resposta Eliziany: Vícios redibitórios podem ser definidos como problemas que atingem um objeto e que o torne impróprio ao uso convencional ou, ainda, que lhe diminua o valor. A “coisa”, objeto do contrato, não está adequada ao uso convencional ou, com o vício, há uma redução significativa em seu valor de mercado. 
2. Quais são os requisitos para configurar os vícios redibitórios?
Minha resposta: É possível retirar os requisitos para a configuração de um vício redibitório a partir do Art. 441 do Código Civil, que são: 1) Contrato Comutativo Oneroso, ou seja, não é possível a incidência de vício redibitório em contratos gratuitos; 2) O vício deve existir no bem no momento da entrega; 3) O vício deve se manifestar após a entrega e 4) O vício deve tornar a coisa imprópria ao uso ou reduzir o seu valor. 
Resposta Eliziany: Contrato oneroso: há equilíbrio entre as obrigações (Ex.: doação pura);
Exceções: doação remuneratória ou doação em razão de casamento.
Vício já existir no bem no tempo da tradição, mas poderia não ser conhecido pelas partes;
Descoberta do vício em momento posterior à tradição;
Tornar a coisa imprópria ao uso ou reduzir seu valor.
3. Diante de um contrato gratuito, pode-se falar em vícios redibitórios?
Minha resposta: Não, apenas os contratos comutativos onerosos permitem a ocorrência dos vícios redibitórios visto que no contrato gratuito não há dispêndio financeiro pelo adquirente, logo, não houve prejuízo.
Resposta Eliziany: Diante de um contrato puramente gratuito não se pode invocar o tratamento com base nos vícios redibitórios. Mas, se for um contrato bilateral imperfeito (exemplo – doação com encargo) pode-se buscar o tratamento com base nas normas ineres aos vícios redibitórios. 
4. O que são as ações edilícias e quais são suas espécies?
Minha resposta: As ações edilícias são ações cabíveis quando há a presença de um vício redibitório. Há 3 espéciesde ações edilícias: Ação redibitória, ação estimatória e ação de contemplação de área.
Resposta Eliziany: As ações edilícias são as ações que o adquirente da coisa pode utilizar-se em caso do objeto manifestar algum vício redibitório. São três as ações edilícias, a saber: ação redibitória (441, CC); ação estimatória (442, CC) e ação de complementação de área. 
5. O tratamento jurídico é diferente caso o alienante conheça o vício do objeto do contrato?
Minha resposta: Segundo o Art. 443 do Código Civil, caso o alienante saiba do vício ou defeito da coisa, estará obrigado a restituir o que recebeu com as devidas perdas e danos.
Resposta Eliziany: Sim, caso o alienante conheça o vício do objeto ele responderá por uma das ações edilícias mais perdas e danos. Artigo 443, CC. 
6. Quais são os prazos para reclamar um vício?
Minha resposta: Os prazos dos vícios redibitórios são decadenciais, ou seja, são referentes ao direito potestativo. São divididos em vícios de fácil contastação e de difícil contastação.
Nos vícios de fácil contastação, os bens móveis possuem o prazo de 30 dias e os bens imóveis possuem um ano de prazo.
Já nos vícios de difícil contastação, os vícios dos bens moveis tem 180 dias para se manifestar, se ele se manifestar dentro desse prazo, possui 30 dias para reclamar. Já para os vícios presentes nos bens imóveis, têm 180 dias para se manifestar, caso se manifeste dentro desse prazo, o adquirente tem um ano para reclamar. 
Resposta Eliziany: Para os vícios de fácil constatação:
Bens móveis 30 dias contados da TRANSFERÊNCIA DA POSSE/TRADIÇÃO
Imóveis 1 ano contado da TRANSFERÊNCIA DA POSSE/TRADIÇÃO
Para os vícios de difícil constatação, o prazo para RECLAMAR é o mesmo. A diferença é o tempo que o vício poderá manifestar-se: 
Bens móveis 30 dias para reclamar contados da DESCOBERTA do vício, que deve ser em até 180 dias. 
Bens imóveis 1 ano para reclamar contados da DESCOBERTA, que deve ser em até 1 ano.
7. O que é a evicção e quais são seus requisitos?
Minha resposta: Evicção é a perda da coisa em virtude de sentença judicial, que a atribui a outrem por causa jurídica preexistente ao contrato.
Resposta Eliziany: É a perda total ou parcial de um bem por força de sentença judicial, que a atribuiu a outrem por causa jurídica preexistente ao contrato. Possui os seguintes requisitos: 
· Perda total ou parcial da propriedade, posse ou uso da coisa alienada;
· Onerosidade da aquisição;
· Ignorância, pelo adquirente, da litigiosidade da coisa – 457, CC;
· Anterioridade do direito do evictor
8. Quais direitos conferidos ao evicto?
Minha resposta: Os direitos conferidos ao evicto estão elencados no Art. 450 do Código Civil, que são: 
a. Restituição integral do preço ou das quantias que pagou;
b. À indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir;
c. Á indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção;
d. Ás custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.
Resposta Eliziany: Na forma do artigo 450 do CC, o evicto tem direito de receber ampla e justa indenização pela perda do bem englobando tais verbas:
· Restituição integral do preço que pagou;
· Indenização pelos frutos que teve que restituir;
· Indenização pelas despesas do contrato e de outros prejuízos que tiver suportado;
· Custas de advogado. 
9. É válida a renúncia aos direitos inerentes aos vícios redibitórios e à evicção?
Minha resposta: É valida a presença de cláusula que exclui as garantias contra a evicção segundo o Art. 449 do Código Civil.
Resposta Eliziany: Sim, a renúncia é válida na forma do artigo 448, CC. Desde que a cláusula de exclusão de garantia pela evicção seja expressa e inserida em um contrato paritário. Existem, porém, 2 situações:
Situação 1: Presença da cláusula de exclusão de garantia e conhecimento do real risco de perda da coisa. Neste caso, se sobrevier a evicção, o evicto perde tudo o que investiu, sem qualquer direito à indenização. Neste caso, como ele sabe do real risco de perder a coisa e, mesmo assim, celebra o contrato, a situação assemelha-se a um contrato aleatório e, por isso, ele deverá suportar o risco. 
Situação 2: Presença da cláusula de exclusão de garantia e desconhecimento do real risco de perda da coisa. Evicto tem direito de receber de volta o preço que pagou pela coisa, mas perde o direito de receber as demais verbas do artigo 450, CC. 
10. Caso as partes tenham renunciado os direitos inerentes à evicção, qual direito assistirá ao evicto? Considere o conhecimento e o desconhecimento do risco real que envolvia o objeto do contrato. 
Minha resposta: Caso as partes tenham renunciado aos direitos da evicção, o evicto receberá, pelo menos, o preço que pagou pela coisa evicta caso não possua conhecimento do risco do bem ou, se sabia, não assumiu. 
Contratos em Espécie
Compra e Venda - Arts. 481 a 432, CC
1. Introdução
1.1. Conceito e características:
A origem histórica do contrato de compra e venda vem de uma fase primitiva da civilização, onde predominava a troca ou permuta de objetos. Inicialmente, utilizavam-se a cabeça de gado como moeda (pecus - pecúnia).
Denomina-se compra e venda o contrato bilateral pelo qual uma das partes (vendedor) se obriga a transferir o domínio de uma coisa à outra (comprador), mediante a contraprestação de certo preço em dinheiro (Art. 481, CC).
Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.
O contrato pode ter objeto de toda natureza:
· Corpóreos: móveis e imóveis;
· Incorpóreos: utiliza-se a expressão cessão quando se trata da alienação de bens incorpóreos.
Ressalto o caráter obrigacional do contrato de compra e venda, onde os contratantes apenas obrigam-se reciprocamente. Mas a efetivação da transferência do domínio depende de outro ato:
· Bens móveis: Tradição (Arts. 1226 e 1267, CC)
· Bens imóveis: Registro, que significa transferir a titularidade no cartório de Registro Geral de Imóveis (Arts. 1227 e 1245, CC)
Surge com a manifestação da vontade, mas se aperfeiçoa com a entrega da coisa e o pagamento do valor nos casos de bens móveis e a partir do registro no caso dos bens imóveis.
A compra e venda surge no degrau da existência, a partir da manifestação da vontade, será válida se tiver cumprido os requisitos de validade e é eficaz quando ocorre a perfeição do contrato.
O aperfeiçoamento pode se dar formalmente ou informalmente.	
1.2. Natureza Jurídica:
1.2.1. Sinalagmáticos ou bilateral perfeito: considerando as obrigações equilibradas. Para o comprador a de pagar o preço em dinheiro; para o vendedor, a de transferir o domínio de certa coisa. Essa característica faz com que as obrigações se entrelacem de tal modo que a execução da prestação de um dos contraentes é causa do adimplemento do outro.
As partes se obrigam a partir da manifestação da vontade.
1.2.2. Consensual: O contrato se aperfeiçoa com o acordo de vontades, independentemente da entrega da coisa (Art. 482, CC). Forma-se, portanto, solo consensu. Em certos casos, todavia, tem caráter solene quando, além do consentimento, a lei exige uma forma para a sua celebração, a exemplo da compra e venda de imóveis, em que a lei reclama a escritura pública e registro.
Art. 482. A compra e venda, quando pura, considerar-se-á obrigatória e perfeita, desde que as partes acordarem no objeto e no preço.
Imóveis com valor acima de 30 salários mínimos - a lei exige forma pública, ou seja, escritura pública. Neste caso eles são formais e não consensuais.
1.2.3. Oneroso: Ambos os contratantes obtêm proveito, ao qual corresponde um sacrifício (para um, pagamento do preço e recebimento da coisa; para outro, entrega do bem e recebimento do pagamento).
1.2.4. Comutativo: De imediato se apresenta certo o conteúdo das prestações recíprocas. As partes podem antever as vantagens e os sacrifícios, que geralmente se equivalem, malgrado e transforme em aleatório quando tem por objeto coisas futuras ou coisas existentes,

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