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UNIDADE III – CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES

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UNIDADE III – CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES 
 
INTRODUÇÃO 
 
 A doutrina não é unânime com relação a classificação das obrigações. Dessa forma será 
formulado aqui uma classificação com base nas doutrinas de Pablo Stolze, Carlos Roberto 
Gonçalves, Luciano e Roberto Figueiredo, bem como de Flávio Tartuce. Tal conteúdo será 
disposto inicialmente pela classificação das obrigações consideradas em si mesmas, seguida 
pela classificação básica das obrigações e posteriormente por uma classificação especial das 
obrigações. 
 Vale ressaltar que cada uma dessas obrigações será estudada em unidades próprias, 
sendo posto aqui tão somente a classificação e seus respectivos conceitos. 
 
1. CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES CONSIDERADAS EM SI MESMAS 
 
 Esta classificação tem como pressuposto a teoria dualista, que diferencia a prestação da 
responsabilidade civil, ou melhor, estabelece que a relação obrigacional tem dois momentos 
distintos: a) o do débito (schuld), que consiste na obrigação de realizar a prestação e que 
depende da ação ou omissão do devedor; b) a responsabilidade (haftung), na qual faculta o 
credor executar o patrimônio do devedor a fim de obter o pagamento devido ou indenização 
pelos prejuízos causados em virtude do inadimplemento da obrigação originária. 
 Afirmou-se que schuld e haftung andam juntas, sendo corpo e sombra. No entanto 
indagou-se se há relação obrigacional somente com débito sem responsabilidade e relação 
obrigacional somente com responsabilidade sem débito. Tais respostas dão ensejo a seguinte 
classificação das obrigações consideradas em si mesma: 
1.1. Obrigações civis: são obrigações completas e perfeitas, uma vez que acham-se todos os 
elementos constitutivos da obrigação: sujeito, objeto e vínculo jurídico. Esse vínculo jurídico, 
oriundo de diversas fontes, representa a garantia do credor, pois sujeita o devedor a 
determinada prestação a seu favor (schuld). Não cumprindo a obrigação nasce para o credor o 
direito de exigi-la judicialmente, penhorando os bens do devedor (haftung).Percebe-se, 
portanto, que existe o schuld e haftung ao mesmo tempo. Logo obrigações civis, são aquelas 
que encontram respaldo no direito positivo, podendo seu cumprimento ser exigido pelo credor 
judicialmente (Gonçalves, 2014, p.179 e Figueiredo e Figueiredo, 2014, p.61); 
1.2. Obrigações naturais: são obrigações imperfeitas ou incompletas, porque são destituídas 
de coercibilidade. Nessa modalidade se o devedor cumprir voluntariamente a obrigação, o 
credor terá o direito de retenção do pagamento (soluti retentio), não podendo, portanto, o 
devedor pleitear a repetição do indébito. Todavia se o devedor não a cumprir voluntariamente, 
o credor não dispõe de direito de exigir judicialmente o seu cumprimento (Gonçalves, 2014, 
p.180). Ex: João pediu uma quantia de R$200.000,00 a Maria que deveria ser paga no dia 
02/11/2010. Ocorre que João não pagou na data avençada. Passaram-se cinco anos e Maria 
não ajuizou ação de cobrança, de modo que a dívida prescreveu (art.206,§6º, I, do CC). João 
ao melhorar a sua situação econômica resolve pagar a sua dívida no dia 10/01/2016. Neste 
exemplo, Maria não tem mais o direito de exigir coercitivamente que João pague a sua dívida, 
pois se encontra prescrita. Porém, ao pagar a dívida, João, além de renunciar a prescrição, 
confere direito de retenção a Maria. Outros exemplos: a gorjeta, dívida de jogos e aposta não 
legalizados (art.815 do CC) e o mútuo feito a menor sem a prévia autorização daquele sob 
cuja guarda tiver (art.558 do CC). 
 
2. CLASSIFICAÇÃO BÁSICA DAS OBRIGAÇÕES 
 
 O legislador brasileiro manteve-se fiel a classificação romana das obrigações, levando 
em consideração a natureza do objeto (prestação) da relação jurídica obrigacional, 
organizando-as em dois grandes grupos: Obrigação positiva, que consiste em um dever 
comissivo do sujeito passivo de dar (coisa certa/coisa incerta) e de fazer; e obrigação 
negativa, que se consubstanciona em um dever omissivo por parte do devedor, ou seja, na 
obrigação de não fazer. Esta classificação pode ser representada pelo seguinte esquema: 
 
 
 
 
 
OBRIGAÇÃO 
 
Positiva 
Negativa 
De dar 
Coisa certa 
Coisa incerta 
De fazer 
De não fazer 
 Dessa forma a classificação quanto a natureza do objeto da relação pode ser: 
1. Obrigação de dar: tem como objeto da prestação coisas. Segundo Gagliano e Pamplona 
Filho (2014, p.78), tal obrigação consiste na atividade de dar (transferir a propriedade da 
coisa), entregar (transferir a posse ou a detenção da coisa) ou restituir (devolução ao credor da 
posse ou detenção da coisa). Já para Gonçalves (2016, p.57), as obrigações de dar resumem-se 
nas atividades de entregar (transferir a propriedade ou a posse da coisa) e de restituir uma 
coisa (devolução ao credor da posse ou detenção da coisa). A obrigação de dar subdivide-se 
em (Gagliano e Pamplona Filho, 2014, p.78): 
1.1. Obrigação de dar coisa certa (arts.233 a 242 do CC): o devedor (solvens) se obriga a dar, 
entregar ou restituir coisa específica pelo gênero, quantidade e qualidade ao credor 
(accipiens). Ex: um carro da marca Fiat. Modelo bravo, placa OXM 1633, chassi 
BGO33887724DC, ano 2014/2014, proprietário Sr.Ruquião de Sobral. 
1.2. Obrigação de dar coisa incerta ou genérica: o devedor (solvens) se obriga a entregar ou 
restituir coisa indicada ao menos pelo gênero (espécie) e quantidade ao credor (accipiens). 
Ex: cem sacas de café. 
 
2. Obrigação de fazer: a prestação consiste em atos ou serviços a serem executados pelo 
devedor. Ex: obrigação de pintar uma casa. 
 
3. Obrigação de não fazer: impõe ao devedor um dever de abstenção, ou seja, de não praticar 
ato que se obrigou a não fazer. Ex: obrigação de não sublocar. 
 
3. CLASSIFICAÇÃO ESPECIAL DAS OBRIGAÇÕES 
 
 As obrigações básicas fundamentam a constituição de outras obrigações na legislação 
civil brasileira. Estas são classificadas: 1) quanto os elementos obrigacionais; 2) quanto ao 
conteúdo ou ao fim; 3) quanto à liquidez; 4) quanto a presença do elemento acidental; 5) 
quanto ao momento do cumprimento; 6) quanto reciprocamente consideradas 
 
1. Quanto os elementos obrigacionais ou quanto a estrutura 
1.1. Obrigações simples: são aquelas que possuem um credor, um devedor e uma prestação. 
Nas obrigações simples, adstritas a apenas uma prestação, ao devedor compete cumprir o 
avençado, nos termos ajustados. Libera-se entregando ao credor precisamente o objeto 
devido, não podendo entregar outro, ainda que mais valioso, art.313 do CC (Gonçalves, 2016, 
p.100). 
 
1.2. Obrigações compostas: são aquelas que se caracterizam pela multiplicidade de sujeitos ou 
de prestações. Assim se subdividem em: 1.2.1. Obrigações compostas pela multiplicidade de 
sujeitos e 1.2.2. Obrigações compostas pela multiplicidade de objetos. 
 
 1.2.1. Obrigações compostas pela multiplicidade de sujeitos: as relações obrigacionais são 
compostas por mais de um credor e/ou mais de um devedor. Dentre estas pode-se citar: 
 
1.2.1.1. Obrigações divisíveis ou fracionárias: nestas há uma pluralidade de devedores ou de 
credores, de forma que cada um deles responde apenas por parte da dívida ou tem direito 
apenas a uma proporcionalidade do crédito. Vale ressaltar que neste caso o objeto da 
prestação deve ser divisível, ou seja, o bem pode ser fracionado sem que haja a alteração de 
sua substância, a diminuição do seu valor, ou prejuízo do uso a que se destina (arts87 e 88 do 
CC). Assim, cada credornão pode exigir mais do que a parte que lhe corresponde, e cada 
devedor não está obrigado senão à fração que lhe cumpre pagar, art.257 do CC. Ex: A, B e C 
adquiriram, conjuntamente, um veículo, obrigando-se a pagar R$60.000,00. Não havendo 
estipulação contratual diversa, cada um deles pagará R$20.000,00. Tais obrigações 
pressupõem a divisibilidade da prestação (Gagliano e Pamplona Filho, 2014, p.103); 
1.2.1.2. Obrigações indivisíveis, art.258 do CC: a obrigação é indivisível quando a prestação 
tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo 
de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico. Da exegese desse 
artigo emergem duas observações: a) o objeto da prestação, ou seja, o bem jurídico, não é 
divisível, pois haverá alteração de sua substância, diminuição do seu valor econômico, ou 
prejuízo do uso a que se destina. Ainda no contexto dessa observação, a indivisibilidade pode 
também resultar da lei ou da vontade das partes; b) as obrigações indivisíveis, neste teor, são 
constituídas pela multiplicidade de sujeitos, uma vez que nas obrigações simples, em que há 
um credor, um devedor e uma prestação, por mais que o objeto seja essencialmente divisível 
(dar dinheiro, por exemplo), o credor não é obrigado a receber por partes, se tal não fora 
convencionado. O pagamento, pois, em princípio, deverá ser feito em sua integralidade, o que 
permite que alguns doutrinadores considerem as obrigações simples como indivisíveis, 
art.314 do CC (Gagliano e Pamplona Filho, 2014, p.125). Dessa forma quando há 
multiplicidade de devedores e um credor, este poderá exigir de um dos devedores o 
pagamento integral da prestação. Assim cada devedor será obrigado pela dívida toda, no 
entanto, aquele que paga sub-roga-se no direito de credor em relação aos outros art.259 e 
parágrafo único do CC. Já quando há pluralidade de credores, o pagamento deve ser oferecido 
a todos conjuntamente. Porém, nada obsta, que o devedor se exonere pagando a prestação 
integralmente a um dos credores, desde que seja autorizado pelos demais, ou na falta dessa 
autorização, dê esse credor caução de ratificação, uma espécie de garantia que irá dar aos 
demais credores as suas quotas-partes equivalentes em dinheiro, art.260, I e II e art.261 do 
CC. Assim, sendo três credores e valendo R$3.000,00 o cavalo que deverá ser dado pelo 
devedor, o credor que receber sozinho o cavalo ficará obrigado junto aos outros dois credores, 
ao pagamento, a cada um deles, da soma de R$1.000,00 (Gonçalves, 2016, p.123). 
 
1.2.1.3. Obrigações solidárias, art.264 do CC: estas não se presumem, mas resultam 
expressamente da lei ou da vontade das partes, art.265 do CC. Dividem-se em solidariedade 
ativa e passiva. 
1.2.1.3.1. Solidariedade ativa, art.267 do CC: quando na mesma obrigação, concorre uma 
pluralidade de credores, cada um com a faculdade de receber a dívida toda, como se fosse o 
único credor. Ex: A, B e C são credores de D. Nos termos do contrato o devedor deverá pagar 
a quantia de R$3.000.000,00, havendo sido estipulado a solidariedade ativa entre os credores. 
Assim, qualquer dos três credores poderá exigir toda a dívida de D. No entanto, o credor que 
receber todo o pagamento fica obrigado a entregar aos demais as suas quotas-partes. Assim, 
se o devedor D pagar a qualquer dos credores se exonerará da sua dívida, o que difere das 
obrigações divisíveis, pois nestas o devedor deverá pagar somente a quota-parte de cada 
credor. Então o que diferencia a solidariedade ativa da obrigação indivisível com pluralidade 
de credores? Na solidariedade ativa, o devedor se exonera pagando a um dos credores. Já na 
obrigação indivisível com pluralidade de credores, o devedor pode até pagar a um dos 
credores, mas para se exonerar é necessário que receba a autorização dos demais credores ou 
na falta dessa autorização, dê o credor que receberá a prestação uma caução de ratificação dos 
demais credores. 
1.2.1.3.2. Solidariedade passiva: quando há uma pluralidade de devedores, em que cada um é 
obrigado a pagar tudo, como se fosse o único devedor (solidariedade passiva). Ex: A, B e C 
são devedores de D. Nos termos do contrato os devedores encontram-se obrigados 
solidariamente a pagar o credor a quantia de R$300.000,00. Logo o credor D poderá exigir de 
qualquer dos três devedores toda a soma devida, e não apenas um terço de cada um como 
ocorreria nas obrigações divisíveis. Dessa forma o devedor que pagar toda a dívida terá ação 
regressiva contra os demais coobrigados, para haver a quota-parte de cada um. Mas então, o 
que diferencia a obrigação solidária passiva da obrigação indivisível com pluralidade de 
devedores? Nesta última quando há o perecimento do objeto a obrigação irá ser resolvida por 
perdas e danos. Nesta ocasião a obrigação passa a ser divisível – perdendo assim a sua 
qualidade de indivisível – pois cada devedor pagará a sua quota-parte em dinheiro, sendo que 
o valor da indenização só será cobrado àquele que agiu com culpa, art.263, I§§1º e 2º do CC. 
Logo se todos foram culpados pelo perecimento do objeto, deverá cada um pagar a sua quota-
parte tanto referente ao valor do objeto quanto à indenização. No entanto, se somente um agiu 
com culpa, ficarão os demais isentos de pagar a indenização e obrigados tão somente a pagar 
a sua quota-parte do valor do objeto, recaindo o valor da indenização ao devedor culposo. Já 
na solidariedade passiva, se a prestação se converter em perdas e danos, subsiste para os 
demais devedores a solidariedade, art.271 do CC. Ou seja, a solidariedade mantém-se, de 
modo que o credor poderá cobrar somente de um dos devedores o valor do objeto mais as 
perdas e danos. 
 
1.2.2. Obrigações compostas pela multiplicidade de objetos ou quanto ao modo de execução. 
 
1.2.2.1. Obrigações cumulativas ou conjuntivas: são as que têm por objeto uma pluralidade de 
prestações, que devem ser cumpridas conjuntamente, sob pena de haver não cumprido. As 
prestações encontram-se vinculadas pela partícula conjuntiva “e”. Ex: “A” se obrigou a 
entregar uma casa e certa quantia em dinheiro a “B”(Gagliano e Pamplona Filho, 2014, 
p.125e Gonçalves, 2016, p.100). 
 
1.2.2.2. Obrigações alternativas ou disjuntivas: são aquelas que têm por objeto duas ou mais 
prestações, sendo que o devedor se exonera cumprindo uma delas. É, portanto, obrigação de 
objeto múltiplo ou composto, cujas prestações estão ligadas pela partícula disjuntiva “ou”. 
Logo as prestações são múltiplas, mas, efetuada a escolha, quer pelo devedor, quer que pelo 
credor, individualiza-se a prestação e as demais ficam liberadas, como se, desde o início, 
fosse a única objetivada na obrigação. Como regra geral, o direito de escolha cabe ao devedor, 
se o contrário não houver sido estipulado no título da obrigação, art.252 do CC. Ex: se “A” 
obriga-se a dar um automóvel ou R$40.000,00 a “B”, a escolha caberá a “A”, se o contrário 
não fora estipulado no contrato. Vale ressaltar se houver a impossibilidade de uma das 
prestações sem culpa do devedor, dar-se-á a concentração da dívida na outra, ou nas outras, 
art.253 do CC (Gagliano e Pamplona Filho, 2014, p.121e Gonçalves, 2016, p.101). 
1.2.2.3. Obrigações facultativas: é uma espécie sui generis de obrigação alternativa. Na 
realidade trata-se de uma obrigação simples, em que é devida uma única prestação, ficando, 
porém, facultado o devedor, e só ele, exonerar-se mediante o cumprimento de prestação 
diversa e predeterminada. O CC/2002 não trata das obrigações facultativas, visto que não 
deixam de ser alternativas para o devedor e simples para o credor, que só pode exigir daquele 
o objeto principal. Assim, se o objeto principal perece o credor não temo direito de exigir a 
prestação facultativa, ocorrendo dessa forma a extinção da obrigação. Ex: “A” fica obrigado a 
entregar um touro da raça Zebu para “B”, ficando-lhe facultativo substituí-lo por um veículo. 
Ocorre que o touro é fulminado por um raio, vindo a falecer, o que determinará a extinção da 
obrigação, uma vez que “B” não poderá exigir a entrega do veículo (Gonçalves, 2016, p.110). 
 
 2) QUANTO AO CONTEÚDO OU AO FIM. 
 
2.1. Obrigação de meio: o devedor promete empregar seus conhecimentos, meios e técnicas 
necessários para atingir o objetivo do credor, sem, no entanto, garantir o seu resultado. O 
inadimplemento somente acarreta a responsabilidade do devedor se o credor provar que o 
aquele agiu com negligência, imperícia ou imprudência no emprego dos meios, o que acarreta 
a responsabilidade civil subjetiva. Ex: terá obrigação de meio o advogado, uma vez que esse 
se obriga a agir com diligência na condução da causa, não garantindo ganho desta ao seu 
constituinte. Da mesma forma terá obrigação de meio o médico no tratamento do seu 
paciente. Se o paciente não se curou e o médico agiu com diligência e utilizou os recursos 
médicos ao seu alcance, não será civilmente responsabilizado (Gonçalves, 2016, p.192-193). 
 
2.2. Obrigação de resultado: o devedor se obriga ao credor a um determinado resultado. Dessa 
forma o devedor só se exonera quando o fim prometido é alcançado. Não o sendo, é 
considerado inadimplente, devendo responder pelos prejuízos decorrentes do insucesso, 
independentemente de culpa, o que enseja em responsabilidade civil objetiva. Ex: o médico 
cirurgião plástico, que garante determinado resultado ao paciente. Este não se encontra 
doente, procura o médico para corrigir um defeito, um problema estético, interessando-lhe tão 
somente o resultado. O STJ vem decidindo que tanto o cirurgião plástico como o dentista 
ortodôntico tem obrigação de resultado, de modo que a responsabilidade civil destes será 
objetiva caso o resultado não seja atingindo. 
2.3. Obrigação de garantia: é a que visa eliminar um risco que pesa sobre o credor, ou as suas 
consequências. Ex: a obrigação do segurador e a do fiador. 
 
3) QUANTO À LIQUIDEZ. 
3.1. Obrigação líquida: é a obrigação certa quanto a sua existência e determinada quanto ao 
seu objeto (Gagliano e Pamplona Filho, 2014, p.130). Ex: o devedor “A” deve dar a quantia 
de R$100.000,00 ao credor “B”. 
3.2. Obrigação ilíquida: é a obrigação certa quanto a sua existência, porém, o seu objeto 
depende de certa apuração, pois o valor ou montante apresenta-se incerto. Deve ela converte-
se em líquida, para que possa ser cumprida pelo devedor. Essa conversão se obtém em juízo 
pela liquidação de sentença, quando a decisão judicial não fixar o valor da condenação ou 
não lhe individualizar o objeto, art.509 do CPC/2015. Ex: sentença condenatória de 
indenização por morte de chefe de família. Na liquidação de sentença os legitimados terão que 
provar, dentre outros fatos, os rendimentos do falecido e, em alguns casos, a relação de 
dependência em que se encontravam em relação a ele (Gonçalves, 2016, p.211). 
 
4) QUANTO A PRESENÇA DO ELEMENTO ACIDENTAL. 
 Antes de apresentar as obrigações quanto o elemento acidental, se faz mister rever o 
conceito deste. Elementos acidentais são cláusulas que, apostas a negócios jurídicos por 
declaração unilateral ou pela vontade das partes, acarretam modificações em sua eficácia. 
Partindo desse conceito têm-se as seguintes obrigações: 
4.1. Obrigação condicional: é a obrigação que está subordinada a um evento futuro e incerto. 
Ex: dar-te-ei um carro se passares no exame da OAB. 
4.2. Obrigação a termo: é a obrigação que está subordinada a um evento futuro e certo. Ex:. 
Paulo realiza um contrato de locação por temporada com Pedro no dia 20 de fevereiro de 
2016, para os dias 1 a 31 do mês de julho de 2016. Pedro adquirirá o direito ao imóvel, mas a 
exercício de direito, que obriga Paulo a passar a posse, somente no dia 01 de julho de 2016 
4.3. Obrigação modal ou com encargo: é aquela que se encontra onerada por uma cláusula 
acessória, que impõe um ônus ou obrigação ao beneficiário. Ex: “A” doa um terreno de 
800m2 ao município “X” para que este construa uma creche. 
 
 
5) QUANTO AO MOMENTO DO CUMPRIMENTO. 
5.1. Obrigação de execução instantânea: é a obrigação que se consuma em um só ato, sendo 
cumprida imediatamente após a sua constituição, como na compra e venda à vista (Gonçalves, 
2016, p.196). 
5.2. Obrigação de execução diferida: o cumprimento deve ser realizado também em um só 
ato, porém em momento futuro. Ex: a entrega do objeto após três dias da alienação. 
5.3. Obrigação continuada, periódica ou de trato sucessivo: são as que se cumprem por atos 
reiterados. Os pagamentos não geram a extinção da obrigação, mas sim a sua continuação. 
Caso típico é o contrato de locação, em que a prestação do aluguel não tem efeito liberatório, 
a não ser do débito correspondente ao período, visto que o contrato continua até atingir o seu 
termo. Outro exemplo: prestação permanente de serviços (água, luz e telefone). 
 
6. QUANTO RECIPROCAMENTE CONSIDERADAS. 
 
6.1. Obrigação principal: é aquela que existe por si só, sem depender de qualquer outra. Ex: a 
obrigação de entregar coisa, no contrato de compra e venda. 
6.2. Obrigação acessória: é aquela cuja existência está subordinada a outra relação jurídica, ou 
seja, depende da obrigação principal. Dessa forma, a obrigação acessória segue o destino da 
principal, de modo que deixando de existir esta, aquela deixará também de existir, no entanto 
a recíproca não é verdadeira. Ex: a obrigação acessória do vendedor de responder pelos vícios 
redibitórios, que têm por obrigação principal dar coisa no contrato de compra e venda. Ex: 
cláusula penal, que constitui um pacto acessório em que se estipula uma multa para as 
hipóteses de inadimplemento total, cumprimento imperfeito ou retardada da obrigação.

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