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UNIDADE X – DO PAGAMENTO

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UNIDADE X – DO PAGAMENTO 
 
1. CONCEITO, NATUREZA JURÍDICA E REQUISITOS DE VALIDADE 
 Não há relação obrigacional perene. Esta nasce das diversas fontes – tais como a lei, 
contratos, declarações unilaterais e atos ilícitos – se desenvolve e finalmente se extingue. Em 
regra as obrigações se extinguem pelo pagamento, também denominado de solução, 
cumprimento, adimplemento, implemento ou satisfação obrigacional. 
 Inobstante a palavra pagamento está associada a entrega de determinada quantia em 
dinheiro para adimplir uma dívida, o legislador a emprega no sentido técnico-jurídico de 
cumprimento de qualquer espécie de obrigação. Assim, paga a obrigação o devedor que 
entrega os móveis projetados, o cantor que realiza o show para o qual foi contratado. Logo 
pagamento é o cumprimento da obrigação. 
 Adverte o Enunciado n.425 da V Jornada de Direito Civil do CJF, que o pagamento 
repercute no plano da eficácia, e não no plano da validade, como prescrevem os arts.308, 309 
e 310 do CC. 
 Segundo Gonçalves (2016, p.254) são aplicáveis ao cumprimento da obrigação dois 
princípios: o da boa-fé e o da pontualidade. Conforme já se afirmou, o princípio da boa-fé 
requer das partes, da relação obrigacional, um comportamento correto, ético, probe, e honesto 
durante as tratativas, a formação e a até mesmo após a execução da obrigação. Já no que se 
refere ao princípio da pontualidade, exige que a obrigação seja cumprida não só no momento 
aprazado, como também de forma integral e no lugar e modo devidos. 
 A Teoria do Pagamento compreende: quanto a forma de pagamento e quanto ao meio de 
pagamento. 
 a) Quanto a forma de pagamento: 
 a.1) Pagamento direto: se dá, quando, o devedor paga a prestação pelo qual se obrigou. 
Este compõe-se por: a.1.1) elementos subjetivos – quem paga e quem recebe; a.1.2) elementos 
objetivos – o objeto do pagamento; da prova do pagamento; do lugar do pagamento; do tempo 
do pagamento. 
 a.2) Pagamento indireto: ocorre quando, o pagamento é cumprido não pelo modo 
originalmente pactuado. Ocorre por: a.2.1) do pagamento em consignação; a.2.2) da 
imputação do pagamento; a.2.3) da sub-rogação legal; a.2.4) da sub-rogação convencional; 
a.2.5) da dação em pagamento; a.2.6) da novação; a.2.7) da compensação; a.2.8) da confusão; 
a.2.9) da remissão. 
 b) Quanto ao meio de pagamento: 
 b.1) Pagamento efetuado voluntariamente: O adimplemento voluntário se dá quando o 
devedor cumpre a prestação naturalmente no tempo, modo e lugar acertados. É também 
considerado cumprimento voluntário, quando o devedor voluntariamente efetua o pagamento, 
depois de interpelado, notificado ou condenado em processo de conhecimento, ou até mesmo 
no decurso do processo de execução (art.924, I do NCPC). 
 b.2) Pagamento por execução forçada: como o próprio nome diz, é aquele realizado por 
meio da execução de sentença condenatória, onde na ocasião são levados, em hasta pública, 
os bens penhorados do devedor para pagar o que deve ao credor (Gonçalves, 2016, p.255). 
 Para Gonçalves (2016, p.258) o pagamento tem a natureza de um ato jurídico em sentido 
amplo, da categoria dos atos lícitos, podendo ser ato jurídico strictu sensu ou negócio jurídico 
bilateral ou unilateral. Ainda para o mesmo autor, para que o pagamento produza seu 
principal efeito, que é o de extinguir a obrigação, devem estar presentes os seus requisitos de 
validade que são: a) a existência de um vínculo obrigacional; b) a intenção de solvê-lo 
(animus solvendi); c) o cumprimento da prestação; d) a pessoa que efetua o pagamento 
(solvens); e) a pessoa que recebe o pagamento (accipiens). 
 Assim, com base na Teoria do Pagamento, será estudado nessa unidade o pagamento 
direto e seus respectivos elementos subjetivos e objetivos. As regras especiais de pagamento, 
bem como o pagamento indireto, serão objeto de estudo das próximas unidades. 
 
2. ELEMENTOS SUBJETIVOS DO PAGAMENTO 
2.1. De quem deve pagar – solvens 
 Diversamente do que se pensa, não é apenas o devedor que tem legitimidade para 
efetuar o pagamento. Este poderá ser realizado tanto pelo devedor, sujeito passivo da relação 
obrigacional, como por terceiro, juridicamente interessado ou não no cumprimento da 
obrigação (art.304 do CC), de modo que, se o credor se opuser poderá o devedor ou o terceiro 
interessado utilizar-se dos meios conducentes à exoneração do devedor, como por exemplo, a 
consignação em pagamento (art.334 do CC e art.539 do NCPC). Vale ressaltar que este 
dispositivo não se aplica as obrigações personalíssimas, haja vista ser somente o devedor que 
poderá adimplir a obrigação. 
 Por terceiro interessado, entende-se a pessoa que, sem integrar o polo passivo da relação 
obrigacional-base, encontra-se juridicamente interessado no pagamento da dívida, uma vez 
que pode ter o seu patrimônio afetado caso não ocorra o seu adimplemento. Ex: fiador, 
avalista, o solidariamente obrigado, o herdeiro, o sublocatário. O pagamento realizado por 
este lhe sub-roga no direito de credor, transferindo-lhe todos os direitos, ações, privilégios e 
garantias do primitivo credor (Gagliano e Pamplona Filho, 2014, p.151 e Gonçalves, 2016, 
p.259). 
 O parágrafo único do art.304 do CC, afirma que o pagamento também pode ser 
realizado por terceiro não interessado. Este é o solvens que não tem interesse jurídico na 
solução da dívida, mas outra espécie de interesse, como o moral, o decorrente de amizade, do 
relacionamento amoroso, etc. Neste contexto é importante identificar se o terceiro não 
interessado paga a dívida em nome próprio ou no nome e à conta do devedor, sem oposição 
deste. 
 a) Terceiro não interessado paga a dívida em nome próprio (art.305 do CC): terá direito 
ao reembolso do que pagou, mas, no entanto, não sub-roga-se no direito de credor; terá direito 
a uma ação de regresso. Se pagar antes de vencida a dívida, terá direito ao reembolso quando 
do vencimento da mesma; 
 b) Terceiro não interessado paga a dívida no nome e à conta do devedor, sem oposição 
deste: se o credor se opor, poderá o terceiro não interessado consignar o pagamento realizado 
em nome e à conta do devedor. O terceiro não interessado, que realizou o pagamento, não terá 
direito de exigir o reembolso, pois nesse caso quis fazer uma liberalidade, uma doação, sem 
qualquer direito de reembolso. Porém, se o devedor se opor e o credor não aceitar o 
pagamento, o terceiro não interessado não terá legitimidade para consignar o pagamento 
(parágrafo único do art.304 do CC). Por outro lado, é inoperante a oposição do devedor ao 
pagamento de sua dívida por terceiro não interessado, se o credor desejar receber. 
 Estabelece o art.306 do CC que o pagamento efetuado por terceiro, com 
desconhecimento ou oposição do devedor, não obrigará a este a reembolsar aquele que pagou, 
se tinha meios de ilidir a ação, ou seja, se o devedor tinha meios de quitar sozinho a dívida, ou 
mesmo apresentar defesas pessoais (prescrição ou decadência, compensação, novação, vícios 
de consentimento, etc) a repelir a cobrança. 
 Conforme já mencionado, o pagamento pode ser efetuado por meio das prestações de 
dar, de fazer ou não fazer. Se o pagamento consistir na transferência de determinado objeto – 
portanto, em obrigação de dar – a sua eficácia só ocorrerá, quando feito por quem tinha 
capacidade e legitimidade para alienar, art.307 do CC. Dessa forma, a entrega do bem, móvel 
ou imóvel, em pagamento de dívida que importar transmissão da propriedade de bem móvel 
ou imóvel, só terá efeitos se realizada pelo titular de direito real. Assim, esse dispositivoveda 
a alienação por quem não seja o dono da coisa. 
 O parágrafo único do art.307 do CC, porém, abre uma exceção: se a coisa entregue ao 
credor for fungível, e este a tiver recebido de boa-fé e a consumido, o pagamento terá eficácia, 
extinguindo a relação jurídica, ainda que o devedor não fosse o dono. Só resta ao verdadeiro 
proprietário voltar-se contra quem a entregou indevidamente (Gonçalves, 2016, p.265). Ex: X 
entrega a Y cem sacas de arroz pertencentes a Z. Nessa situação há três possíveis soluções: a) 
se a cem sacas de arroz já tiverem sido consumidas por Y, de boa-fé, a ação de Z é contra X; 
b) se a cem sacas de arroz não foram consumidas por Y, a ação de Z é contra Y; c) se a cem 
sacas de arroz foram consumidas por Y, de má-fé, a ação é de Z contra Y. Havendo má-fé 
quanto às últimas, respondem todos os culpados solidariamente por perdas e danos. 
 
2.2. A quem se deve pagar – accipens 
 Conforme a legislação civil, o pagamento pode ser feito ao credor, ao seu representante, 
com poderes para tal e a terceiro, art.308 do CC. 
 Ressalta Gonçalves (2016, p.265) que o credor não é somente aquele em cujo favor se 
constitui originariamente o crédito. Também o é o herdeiro, na proporção de sua quota parte 
hereditária, o legatário, o cessionário e o sub-rogado nos direitos creditórios. Logo, quem 
ostenta a qualidade de destinatário do pagamento, não só é o credor originário, como também 
quem o substituir na titularidade do direito de crédito. 
 
 
2.2.1. Pagamento efetuado ao representante do credor e a terceiro 
 Com relação ao pagamento realizado ao representante do credor, deve-se inicialmente 
identificar qual o tipo de representante no caso concreto. Há três tipos de representação, a 
legal, a judicial e a convencional. A representação legal é a que decorre da lei, como os pais, 
os curadores, tutores representantes legais respectivamente dos filhos menores, dos 
curatelados e dos tutelados. A judicial decorre de determinação judicial, tais como o 
inventariante, representante do espólio, e o síndico da massa falida de uma empresa. Já a 
convencional é a decorrente do contrato de mandato, em que o credor (mandante) outorga a 
uma pessoa (mandatário) poderes especiais para receber a quitação. 
 No tocante ao pagamento efetuado ao representante há uma observação a se fazer. No 
caso da representação legal e judicial, a prestação só poderá ser efetuada, em princípio, ao 
representante, ao passo que, na representação convencional, é válida e liberatória a prestação 
efetuada tanto ao representante, como diretamente ao credor (Gonçalves, 2016, p.266).1 
 O art.311 do CC preceitua a possibilidade do pagamento no caso do mandato tácito ou 
presumido pela lei. Ou seja, aquele que se apresenta com o recibo de quitação goza da 
presunção de possuir autorização para receber. É claro que essa presunção é relativa, uma vez 
que não se descarta a possibilidade do recibo ter sido falsificado ou mesmo extraviado ou 
furtado, o que requer uma análise da conduta subjetiva do devedor. Dessa forma, se for 
grosseira a falsificação do recibo e mesmo assim o devedor pagar, incorrerá no dever de pagar 
novamente, haja vista ter sido negligente. 
 Logo o pagamento deve ser realizado em regra ao credor ou ao seu representante. No 
entanto, adverte a segunda parte do art.308 do CC que será considerado válido o pagamento 
realizado a terceiro desde que seja ratificado pelo credor – este confirmar o recebimento por 
 
1
 A expressão adjeàus solutionis causa é a pessoa expressamente indicada em determinado documento para 
receber a prestação. É, portanto, um representante convencional do credor que está, por este, autorizado a 
receber (Figueiredo e Figueiredo 2014, p.121). 
via desse terceiro – ou reverta em seu proveito, evitando assim o locupletamento ilícito e sem 
causa, nos padrões da eticidade e da função social. 
 O proveito do credor pode ser direto (como por exemplo, recebeu a prestação e 
depositou diretamente em sua conta) e indireto (se a prestação alimentícia em vez de ser paga 
a ex cônjuge é paga ao filho e este paga a mensalidade atrasada que aquela deveria pagar, ela 
obteve um proveito indireto). Vale ressaltar que o ônus de provar que o pagamento reverteu-
se em favor do credor, é do devedor, pois, caso não prove terá que pagar novamente, haja 
vista ter pago mal (Gonçalves, 2016, p.268). 
 
2.2.2. Pagamento efetuado ao credor putativo e ao credor incapaz 
 O art.309 do CC expõe que será válido o pagamento feito pelo devedor de boa-fé ao 
credor putativo. Este é aquele que se apresenta aos olhos de todos como o verdadeiro credor. 
Gagliano e Pamplona Filho (2014, p.159) citam o seguinte exemplo elucidativo: 
Durante muitos anos, uma senhora, residente no sul da Bahia, 
comprou produtos agrícolas de uma mesma empresa, situada na 
capital baiana. E sempre o mesmo preposto cuidava de entregar os 
implementos, recebendo a quantia devida. Certo dia, o preposto fora 
demitido, não tendo a empresa o cuidado de avisar o fato a todos os 
seus clientes. Movido por sentimentos de vingança, o ex-empregado 
dirigiu-se até a fazenda da incauta senhora, dizendo-lhe que poderia 
pagar-lhe antecipadamente, uma vez que, naquele mês, os produtos 
seriam enviados pelo correio, dentro de alguns dias. Sem motivo para 
desconfiar do ardil, o pagamento fora efetuado, e a agricultora não 
recebeu os implementos. 
 Segundo os doutrinadores, ora citados, em tal hipótese a devedora agiu de boa-fé, além 
do que o erro era escusável, de modo que o pagamento valerá e a indústria será obrigada a 
fornecer o produto, lhe restando tão somente voltar-se contra o farsante. Porém, se o erro for 
grosseiro, revestido de negligência, desídia ou imperícia, não valerá o pagamento. 
 Estabelece ainda o Código Civil, no seu art.310, que não vale o pagamento feito ao 
credor incapaz de dar quitação. Porém, para que o devedor não pague novamente deverá 
provar: a) que desconhecia a incapacidade do credor e que, portanto, não fez o pagamento de 
forma intencional ao incapaz, o que permite afirmar que cometeu um erro escusável; b) que o 
pagamento reverteu-se em favor do credor incapaz (como por exemplo, este entregou o 
pagamento ao seu representante); c) se houver dolo do credor que maliciosamente ocultou a 
sua idade (art.180 e 181 do CC). Percebe-se assim, que o dispositivo valoriza, mais uma vez, 
a busca da verdade real (teoria da aparência), em sintonia com a vedação do enriquecimento 
sem causa, com a eticidade e a socialidade (Gonçalves, 2016, p.270 e Tartuce, 2014, p.130). 
 
2.2.3. Pagamento efetuado ao credor cujo crédito foi penhorado 
 O art.312 do CC prevê duas hipóteses em que o pagamento realizado ao verdadeiro 
credor não valerá, de modo que o devedor poderá ser constrangido a pagar de novo. São elas: 
a) crédito penhorado; b) a impugnação do crédito feita por terceiro. 
 a) Crédito penhorado: quando o crédito é penhorado, em regra o devedor é intimado a 
pagar em juízo o valor devido. Se mesmo após a intimação o solvens pagar ao credor, o 
terceiro poderá constrangê-lo a pagar de novo, ficando-lhe ressalvado o regresso contra o 
credor. Tal situação se dá, quando o devedor, mesmo sendo citado por interpelação judicial, 
em que terceiro reivindica o crédito, não poderá pagar o suposto credor. O terceiro poderá 
constranger o devedor a pagar novamente, ressalvando o direito de regresso do devedor em 
face do credor (Tartuce, 2014, p.105). Assim, por exemplo, se Caio deve a Tício a 
importância de 1.000,00, temos que tal crédito poderá serpenhorado pelos credores de Tício. 
Nesse caso, se Mévio, credor de Tício, obtém a constrição judicial (penhora) de tal crédito (o 
que, por óbvio, somente pode acontecer antes de ser efetivado o pagamento) e, mesmo assim, 
Caio, ciente dela, paga a importância diretamente a Tício, temos a aplicação da regra: “quem 
paga mal, paga duas vezes”, pois Mévio poderá exigir de Caio o valor correspondente, como 
se o valor não tivesse sido pago (Gagliano e Pamplona Filho, 2014, p.185). 
 b) Impugnação do crédito feita por terceiro: terceiro irá notificar judicialmente ao 
devedor para sobrestar o pagamento direto ao credor, devendo efetuar em juízo o depósito da 
importância devida (Gonçalves, 2016, p.271). 
 
 
3. ELEMENTOS OBJETIVOS DO PAGAMENTO 
 Após explanação dos elementos subjetivos do pagamento, será detalhado aqui os 
elementos objetivos do pagamento, dentre estes: o objeto do pagamento, da prova do 
pagamento, do lugar do pagamento e o tempo do pagamento. 
 
3.1. O objeto do pagamento 
 O objeto do pagamento nada mais do que a prestação. Logo, para que o devedor se 
exonere da obrigação deve entregar exatamente o que prometeu, ou a realizar o ato a que se 
obrigou ou ainda, abster-se do ato que se comprometeu a não cumprir. Assim, pelo princípio 
da exatidão, o credor não é obrigado a aceitar prestação diversa da que lhe é devida, ainda que 
mais valiosa, art.313 do CC. Porém, pelo princípio da autonomia das partes, o credor pode 
aceitar coisa diversa da pactuada para extinguir a obrigação, configurando nesta situação uma 
dação em pagamento (art.356 do CC). (Gonçalves, 2016, p.272, Figueiredo e Figueiredo, 
2014, p.125). 
 Ao lado do princípio da exatidão, há o princípio da identidade física da prestação, pelo 
qual a obrigação que tenha por objeto divisível, não pode o credor ser obrigado a receber, nem 
o devedor a pagar, por partes, se assim não acordou, art.314 do CC. Tal regra pode ser 
identificada no seguinte julgado: 
 
 
AÇÃO DE COBRANÇA - DESPESAS CONDOMINIAIS - 
INADIMPLÊNCIA CONFESSADA - PARCELAMENTO DO 
DÉBITO - INTELIGÊNCIA DO ART. 314 DO CÓDIGO CIVIL - 
RECURSO IMPROVIDO. 
Cabe ao condomínio aceitar ou não o parcelamento da dívida, não 
podendo o Judiciário obrigá-lo a fazê-lo (art.314 do CC). (AP. n. 
30002639020138260562, TJSP, 26ª Câmara de Direito Privado, 
Rel.Min. Renato Sartorelli, DJ 05/09/2015). 
 
 Vale ressaltar que tal determinação não subsiste nas obrigações divisíveis com 
multiplicidade de credores, onde nessa ocasião, o devedor estará obrigado a pagar tão somente 
a quota parte de cada credor na obrigação. 
 Pode ocorrer que o objeto do pagamento seja a entrega de determinada quantia em 
dinheiro. Nesse caso o pagamento deve ser feito, no dia do vencimento, por meio de moeda 
nacional e pelo valor nominal, sendo este o valor fixado pelo Poder Público no ato da emissão 
ou cunhagem, art.315 do CC (princípio do nominalismo). 
 Dessa forma, a obrigação que tem como prestação, entregar determinada quantia em 
dinheiro, configura uma dívida em dinheiro, uma vez que o objeto da prestação é o próprio 
dinheiro. Ex: a obrigação de pagar o empréstimo no valor de R$100.000,00. Diferente do que 
ocorre quando a dívida é de valor, pois nesta apesar do pagamento ser feito em dinheiro, este 
representa o valor do objeto da prestação. Ex: a obrigação de indenizar do devedor, que de 
forma culposa, não entregou o carro para o credor. 
 Em virtude da variação da economia, da equivalência material dos contratos, do 
princípio da função social e da vedação ao enriquecimento sem causa, que o legislador 
estabeleceu duas exceções ao princípio do nominalismo: a) a cláusula de escala móvel, art.316 
do CC; b) a Teoria da Imprevisão, art.317 do CC. 
 a) Cláusula de escala móvel, art.316 do CC: as partes convencionam que o valor das 
prestações será corrigido segundo índice, por elas escolhido. Ex: IGPM – Índice Geral de 
Preços do Mercado – é o indicador de movimento dos preços calculado mensalmente pela 
FVG. Vale ressaltar que a Lei n. 10.192/2001, que dispõe sobre medidas complementares ao 
plano real, determina no art.2º, §1º, ser nula de pleno direito qualquer estipulação de reajuste 
ou correção monetária de periodicidade inferior a um ano. Logo no contrato de locação de um 
imóvel por trinta e seis meses, deverá ter o seu primeiro reajuste, no mínimo com um ano da 
assinatura do contrato. 
 b) Teoria da Imprevisão, art.317 do CC: esta fundamenta-se na idéia de que, se por fatos 
extraordinários e imprevisíveis não imputados as partes, a prestação de um contrato bilateral, 
oneroso e de execução continuada, se tornar excessivamente onerosa para um dos 
contratantes, poderá a parte prejudicada pedir ao juiz a sua revisão. Logo, a Teoria da 
Imprevisão tem como pressupostos: 1) um contrato bilateral, oneroso e de execução 
continuada; 2) que por fato imprevisível e extraordinário, a prestação de uma das partes se 
torna extremamente onerosa; 3) vantagem econômica para a outra parte; 4) que a parte 
prejudicada requeira ao juiz a revisão da correção das parcelas, sendo defeso ao juiz 
determinar a correção de ofício. O Enunciado 17, aprovado pela I Jornada de Direito Civil, do 
CJF, determina: “a interpretação da expressão “motivos imprevisíveis” constante do art.317 
do novo Código Civil deve abarcar tanto causas de desproporção não previsíveis como 
também, causas previsíveis, mas de resultados imprevisíveis”. 
 Ainda no contexto do nominalismo expressa o art.318 do CC que: 
Art. 318. São nulas as convenções de pagamento em ouro ou em 
moeda estrangeira, bem como para compensar a diferença entre o 
valor desta e o da moeda nacional, excetuados os casos previstos na 
legislação especial. 
 Porém, a Lei n.9069/1995, que dispõe sobre o Plano Real, estabelece algumas exceções 
com relação ao pagamento com moeda estrangeira, dentre as quais os contratos referentes a 
importação e exportação de mercadorias, contratos de compra e venda de câmbio e naqueles 
em que o credor ou devedor seja pessoa residente e domiciliada no exterior (Gonçalves, 2016, 
p.76). 
 
3.2. Da prova do pagamento 
 O devedor que não cumpre a sua obrigação no vencimento sujeita-se às conseqüências 
do inadimplemento, respondendo por perdas e danos, mais juros, atualização monetária e 
honorários advocatícios, art.389 do CC. Porém, o devedor que paga a sua dívida exonera-se 
da obrigação e terá o direito de exigir do credor a quitação da dívida, uma vez ser esta a prova 
do pagamento. 
 Segundo Gonçalves (2016, p.279), a quitação, é a declaração unilateral escrita, emitida 
pelo credor, de que a prestação foi cumprida pelo devedor e que, portanto, o mesmo se 
encontra exonerado da obrigação. Dessa forma o devedor que paga a sua prestação tem direito 
a quitação regular, podendo reter o pagamento enquanto não lhe seja dada, art.319 do CC, ou 
mesmo realizar o pagamento em consignação, art.335, I do CC. Segue o julgado que afirma 
esse entendimento: 
Apelação. Ação de consignação em pagamento. Sentença que julgou 
procedente o pedido. Pleito de reforma Impossibilidade. Consignação 
de parcela de acordo celebrado. Recusa a dar quitação na devida 
forma. Hipótese prevista no artigo 335, inciso I, do Código Civil. 
Envio de boleto para pagamento após a data de vencimento. Atraso 
imputável à instituição financeira requerida, a quem incumbiu a 
providência, pena de arcar com o ônus advindo de sua mora. 
Obrigação declarada extinta. Pretensão de redução do valor arbitrado a 
título de honorários advocatícios. Possibilidade. Análise subjetiva do 
trabalhorealizado no feito. Arbitramento equitativo. Recurso ao qual 
se dá parcial provimento, apenas para reduzir o valor arbitrado a título 
de honorários advocatícios para R$ 1.000,00 (um mil reais). (TJSP, 
Ap. 101.382.563.2015.82.6.0100, 24ª Câmara de Direito Provado, Rel. 
Des. Cláudia Grieco Tabosa Pessoa, j, 26/11/2015). 
 O art.320 do CC estabelece os seguintes requisitos que devem estar presentes no recibo 
de quitação: 1) o valor da quantia paga; 2) a espécie da dívida quitada; 3) a indicação do 
solvens (aquele quem está pagando); 4) o tempo e o lugar do pagamento; 5) assinatura do 
accipens (daquele a quem se estar pagando). O mencionado artigo, ainda adverte, que o recibo 
de quitação é fornecido mediante instrumento particular, mesmo que o contrato de que se 
originou tenha sido celebrado por instrumento público. 
 O parágrafo único do art.320 do CC, prescreve que valerá a quitação, se de seus termos 
ou das circunstâncias resultar haver sido paga a dívida, o que nesse caso permite ao juiz que 
ao analisar uma situação em concreto, em que o devedor de boa-fé ao não exigir o recibo de 
quitação, concluir ter havido o pagamento e declarar extinta a obrigação. Ex: João devia 
R$30.000,00 a Pedro. No dia do pagamento, João depositou em cheque, na conta bancária de 
Pedro, o valor da dívida. No entanto, Pedro alegando que não recebera o pagamento de João, 
resolve demandá-lo judicialmente. Na contestação, João relata que realizou o depósito em 
cheque na conta bancária de João na data acordada e como prova, demonstra em anexo à 
contestação, o comprovante de depósito e do extrato da sua conta bancária, como 
demonstrativo de que o cheque tinha sido compensado. 
 Seguindo a Teoria da Relativização do Recibo, o Código Civil prevê algumas hipóteses 
de presunções relativas de pagamento: a) quando a dívida é representada por título de crédito, 
que se encontra na posse do devedor; b) quando o pagamento é feito em quotas sucessivas, 
existindo quitação da última; c) quando há quitação da capital, sem reserva dos juros, que se 
presumem pagos. 
 a) Quando a dívida é representada por título de crédito, que se encontra na posse do 
devedor. 
 Extinta a dívida pelo pagamento, o título que representava deve ser restituído ao 
devedor, que pode exigir a sua entrega, art.324 do CC. Em virtude da cartularidade, o devedor 
que paga a letra de câmbio, bem como a nota promissória, deve exigir ao credor que lhe seja 
dado quitação no próprio título que lhe será entregue. A presunção de pagamento decorrente 
da posse de título é relativa (júris tantum), pois o credor pode provar, no prazo de sessenta 
dias, que não houve pagamento e que o título se encontrava indevidamente em mãos do 
devedor (casos de furtos, extravio, etc), o que determinará que a posse do título não indicará a 
quitação. (Gonçalves, 2016, p.281) Vide o julgado: 
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO MONITÓRIA. NOTA 
PROMISSÓRIA VINCULADA A CONTRATO PARTICULAR DE 
PERMUTA. ALEGAÇÃO DE QUE, POR EQUÍVOCO, AS 
CAMBIAIS FORAM PARAR EM MÃOS DA DEVEDORA, A 
DESPEITO DA INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO. AUSÊNCIA 
DE PROVA DO ALEGADO, PREVALECENDO A PRESUNÇÃO 
ESTABELECIDA PELO "CAPUT" DO ARTIGO 324 DO CÓDIGO 
CIVIL DE 2002: A ENTREGA DO TÍTULO AO DEVEDOR 
FIRMA A PRESUNÇÃO DO PAGAMENTO. PROVA EM 
SENTIDO CONTRÁRIO QUE É ADMITIDA, RECAINDO O 
ÔNUS SOBRE O PRETENSO CREDOR, NOS TERMOS DO 
PARÁGRAFO ÚNICO DO ARTIGO 324 DO CÓDIGO CIVIL DE 
2002 E ARTIGO 333 , INCISO I , DO CÓDIGO DE PROCESSO 
CIVIL . RECURSO DESPROVIDO. O fato de o título cambial 
encontrar-se em mãos do devedor faz presumir a sua quitação. A 
presunção, que é relativa, pode ser derruída por prova em sentido 
contrário, mas é do pretenso credor o ônus da sua produção (TJSC Ap. 
n.20090443647. Rel. Des. Jânio Machado. DJ.26/09/2012). 
 No entanto, perdido o título, poderá o devedor exigir, retendo o pagamento, uma 
declaração do credor que inutilize o título desaparecido, art.321 do CC. Tal determinação tem 
o escopo de proteger futuramente o devedor do título de ser cobrado novamente (Tartuce, 
2014, p.138). 
 b) Quando o pagamento é feito em quotas sucessivas, existindo quitação da última 
 O art.322 do CC estabelece que quando o pagamento for em quotas periódicas, a 
quitação da última prestação estabelece, até prova em contrário (presunção juris tantum), a 
presunção de estarem solvidas as anteriores. É, portanto, com o intuito de evitar a incidência 
dessa regra, que alguns contratos contém cláusula que indicam que o pagamento da última 
prestação não implicará terem sido pagas as prestações anteriores. 
 c) Quando há quitação da capital, sem reserva dos juros, que se presumem pagos 
 Nas pegadas do art.323 do CC, o pagamento do principal (capital), presume a quitação 
dos acessórios (juros), se não houver ressalva em contrário. Isto porque o acessório segue a 
sorte do principal (Figueiredo e Figueiredo, 2014, p.133). 
 Por fim, preconiza o art.325 do CC, que as despesas com o pagamento e a quitação, são 
em regra, a encargo do devedor. Da mesma forma, caso o credor dê acréscimos nas despesas, 
serão estas suportadas por ele. 
 
3.3. Do lugar do pagamento 
 Na data aprazada para o pagamento da obrigação é importante saber qual o local onde o 
mesmo ocorrerá. Prescreve o art.327 do CC, que as partes ao celebrarem a obrigação, poderão 
escolher o local em que a obrigação será cumprida. Se não convencionarem, nem a lei, ou se o 
contrário não dispuserem as circunstâncias, nem a natureza da obrigação (o contrato de 
empreitada a prestação deve ser efetuada no lugar onde se realiza a obra), efetuar-se-á o 
pagamento no domicílio do devedor. Neste caso, dize-se que a dívida é quérable – quesível – 
devendo o credor buscar, procurar o pagamento no domicílio daquele. Porém, como tal 
benefício é instituído em seu favor, pode o devedor a ele renunciar, efetuando o pagamento no 
domicílio do credor, configurando assim uma dívida portable (portável), pois o devedor deve 
levar e oferecer o pagamento nesse local. Destarte, se forem designados dois ou mais lugares 
para o pagamento, a escolha caberá ao credor, art.327 do CC (Gonçalves, 2016, p.283-284). 
 Por outro lado se o pagamento consistir na tradição de um imóvel, ou em prestações 
relativas a imóvel, far-se-á no lugar onde situado o bem, art.328 do CC. Levando em 
consideração que o termo pagamento, refere-se ao cumprimento da obrigação, tem-se como 
exemplo do pagamento quando consistir na tradição de um imóvel, a restituição do imóvel 
pelo locatário ao término do contrato de locação. Com relação as prestações relativas a 
imóvel, pode-se citar a execução de serviços, reparações, construções, etc., só realizáveis no 
mesmo. 
 Alerta o art.329 do CC que, ocorrendo motivo grave – tais como doença, greve, 
acidente, calamidade pública que isole o local – que impossibilite o devedor realizar o 
pagamento no lugar determinado, deverá fazê-lo em outro, sem prejuízo para o credor. 
Ressalta Tartuce (2014, p.142), que a expressão motivo grave traz uma cláusula geral, uma 
vez ser um conceito aberto, que deve ser preenchido pelo juiz na análise de determinado caso 
concreto. 
 Por fim, o art.330 do CC, estabelece que o pagamento reiteradamente realizado em local 
diverso do que foi acordado, presume-se que o credor renunciou ao local previsto no contrato. 
Tal regra consubstanciona nos sub-princípios derivados da boa-fé objetiva, denominados de 
supressio e surrectio. A supressio, refere-se a renúncia tácita de um direito, por não exercê-lo 
com o passar dos tempos. Logo se tiver sido convencionado que o pagamento seria portávele 
o credor reiteradamente o recebia no domicílio do devedor, passará então a ser quesível. De 
outra forma, perdendo o credor o direito por supressão, surge um direito em favor do devedor 
por meio da surrectio. Este é então o outro lado da moeda, uma vez que um direito que até 
então não existia, para uma das partes, passa a existir em decorrência do comportamento dos 
contratantes. Assim, na medida em que o credor perde o seu direito de exigir o pagamento no 
seu domicílio, pois sempre estava o recebendo no domicílio do devedor, nasce o direito para 
este de ser o pagamento no seu domicílio. 
 
 
3.4. Do tempo do pagamento 
 Tão importante quanto o lugar do pagamento é as partes terem conhecimento do instante 
que a obrigação deve ser paga. Não havendo sido determinado pelas partes o tempo do 
pagamento, poderá o credor exigi-lo imediatamente, na forma do art.331 do CC. Tal regra, de 
compreensão fácil, somente se aplica às obrigações puras, eis que se forem condicionais, 
ficarão na dependência do implemento da condição estipulada, art.332 do CC (Gagliano e 
Pamplona Filho, 2014, p.170). 
 Logo, advindo o dia do pagamento o devedor deverá pagar a obrigação, sob pena da 
caracterização da mora e do inadimplemento, surgindo dessa forma para o credor a 
prerrogativa de executar o patrimônio daquele para obter o adimplemento da prestação 
(haftung). 
 Não obstante o credor não poder exigir o adimplemento da obrigação ao devedor antes 
do vencimento, o art.333 do CC, estabelece três exceções a essa regra, diante da insolvência 
ou pré-insolvência do devedor, haja vista presumir-se uma diminuição na possibilidade de 
recebimento da prestação se o credor tiver que aguardar até o termo final. São elas 
(Gonçalves, 2016, p.287-288): 
 a) No caso de falência do devedor, ou de concurso de credores: a hipótese de abertura de 
concurso de credores, que pode ocorrer em caso de falência ou insolvência civil, encontra-se 
caracterizada a impontualidade do devedor. O vencimento antecipado da dívida permite ao 
credor habilitar o seu crédito e, assim participar do rateio instaurado. Se tiver que aguardar o 
vencimento estipulado no contrato, poderá não encontrar mais nenhum bem ao acervo do 
devedor, que possa satisfazer o seu crédito. 
 b) Se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por outro 
credor: autoriza o credor a cobrar antecipadamente a dívida se os bens hipotecados ou 
empenhados forem penhorados em execução por outro credor, haja vista incorrer o risco de 
perdê-lo se o mesmo for arrematado em hasta pública. Por esta razão, a lei antecipa o 
vencimento da obrigação, concedendo a este, a possibilidade de concorrer com os demais 
credores, fazendo prevalecer sua preferência. Eis o julgado que retrata esse direito: 
Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PRIVADO NÃO 
ESPECIFICADO. AÇÃO DE EXECUÇÃO. PENHORA DE BEM 
HIPOTECADO. POSSIBILIDADE. Admissível a penhora de bem 
gravado com hipoteca, desde que devidamente resguardado o direito de 
preferência dos credores hipotecários. No entanto, necessária a 
intimação do credor hipotecário, nos termos do art. 615, II , do Código 
de Processo Civil . AGRAVO DE INSTRUMENTO PROVIDO. 
DECISÃO MONOCRÁTICA. (Agravo de Instrumento Nº 
70047499488, Vigésima Câmara Cível, TJRS, Rel: Des. Walda Maria 
Melo Pierro, Julgado em 16/02/2012). 
 c) Se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias, ou 
reais, e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las: neste caso a antecipação da dívida tem 
como fundamento as possibilidades em que houve a extinção da garantia pessoal, como no 
caso da morte do fiador, ou da garantia real, como na hipótese de desvalorização, deterioração 
ou perecimento do bem dado em garantia e o devedor intimado negar a reforçar a garantia.

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