Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Extinção das Obrigações – Pagamento • Formas a) Normal: nesse caso, há cumprimento obrigacional. b) Anormal: não há cumprimento obrigacional. Ex: prescrição, decadência, nulidade, perda do objeto sem culpa. • Pagamento ➢ Conceito Trata-se de hipótese de extinção normal da obrigação em que o devedor (solvens) a cumpre em favor do credor (accipiens). Pode ser: a) Voluntário b) Judicial ➢ Princípio do pagamento: Princípio da pontualidade. Exige que a obrigação seja cumprida em seus termos exatos que foram compactuados (forma, local, tempo, objeto). Não se trata apenas do cumprimento do prazo, é necessário ter em mente os demais contornos da obrigação. ➢ Espécies: a) Direto: implica em reconhecer que a obrigação foi cumprida nos exatos termos em que ela foi pactuada. b) Indireto: implica em reconhecer que a obrigação foi cumprida, mas em termos diversos da originalmente pactuada. Ex: sub-rogação, compensação, confusão, dação em pagamento, remissão, novação). ➢ Natureza jurídica a) Fato: o pagamento é um acontecimento natural que gerará efeitos jurídicos. Contudo, não é possível afirmar isso, já que o pagamento apenas ocorre porque houve a criação de uma obrigação por meio de vontades das partes. Pagamento não é um mero fato jurídico (o fato independe de vontade). Essa teoria leva a grandes absurdos, como se você retirar a vontade da teoria do pagamento, será possível afirmar que este poderá ser fruto de coação, logo válido. b) Ato unilateral: significa dizer que o pagamento é um ato que depende de uma pessoa só, apenas isso seria suficiente. Trata-se de uma manifestação da vontade do devedor, sem conteúdo negocial, cujo principal efeito jurídico é extinguir uma obrigação, sem necessidade de concordância do credor. Temos duas críticas: 1) Não é ato unilateral, já que decorre de um vínculo obrigacional, ou seja, relação jurídica entre dois sujeitos – credor e devedor. 2) Às vezes é necessária a concordância do credor. c) Negócio jurídico: se a obrigação nascem por bilateralidade (convergência de vontades) ela também vai se extinguir assim. ➢ Elementos: a) Vínculo obrigacional b) Sujeitos obrigacionais c) Débito d) Animus de pagar: manifestação de vontade em prol do pagamento, para que se extinção da obrigação. ➢ Requisitos de validade Extinção das Obrigações – Pagamento a) Existência de vínculo obrigacional: esse vínculo precisa ser válido b) Intenção de solver (devedor): não basta querer cumprir a obrigação, deve-se ter consciência que o cumprimento desvinculará o devedor daquela obrigação. Doutrina retira esse requisito se for considerado o pagamento como um fato. c) Cumprimento da prestação: pode ser direto ou indireto. d) Capacidade de credor e devedor: em regra, ambos os sujeitos obrigacionais devem ser plenamente capazes. ➢ De quem deve pagar: hipóteses de terceiros a) Devedor principal: é aquele que presta a conduta em prol do credor. É o destinatário final da cadeia de responsabilidade. É aquele que recebe a contraprestação, cuja obrigação é constituída em seu benefício). b) Terceiro interessado (responsável – fiador): não possui dever imediato de prestar a conduta. Mas, é, por leio, chamado a responder pelo aspecto pecuniário da obrigação, pois seu patrimônio poderá sofrer os efeitos do inadimplemento. Esse terceiro interessado se vincula ao devedor principal por situação jurídica. c) Terceiro não interessado: é aquele que não possui vínculo nenhum com a obrigação ou com o devedor, mas cumpre a obrigação por questões altruístas – desejando fazer o bem. c.1) paga em nome próprio: tem direito de reembolso. c.2) paga em nome do devedor principal: a doutrina majoritária entende que este ato representa uma doação. ➢ De quem deve receber: hipóteses de credores a) Credor principal: é aquele que recebe a conduta. A obrigação é constituída em seu benefício. É aquele que precisa realizar a contraprestação. Também é o último da cadeia de recebimento da obrigação. b) Credor por representação: uma pessoa diversa do credor principal será indicada para receber a prestação em seu nome. - Legal: lei impõe quem será o representante do credor. Ex: Pais. - Judicial: poder judiciário impõe quem será o representante do credor. Ex: invetariante. - Convencional: o próprio credor principal indica o seu representante. c) Credor por sucessão: os novos credores são apresentados por sucessão causa mortis. d) Credor por sub-rogação (substituição): aquele credor ou devedor que cumpre a integralidade da obrigação se sub-roga na cota parte para fins obrigacionais. e) Credor aparente ou putativo: é aquele que, embora não seja o credor real, aos olhos da sociedade, aparentava o ser para fins de direito. Ex: pagamento feito a herdeiro, no entanto, descobre-se, posteriormente, herdeiro que o preferia. f) Adjectus solutionis causa: é aquele indicado no título obrigacional para o ato específico do pagamento (recebê-lo). ➢ Exceções à regra do pagamento feito a pessoa diversa do credor: Em regra o pagamento feito a credor ilegítimo é inválido. No entanto, existem hipóteses legais em que o pagamento será considerado válido, ainda que feito a credor ilegítimo. - ratificação pelo credor: ainda que o pagamento seja realizado para pessoa diversa do credor principal ou a ele quando incapaz, será considerado válido se este proceder a sua ratificação. Ex: Se eventualmente recebeu um pagamento com 15 anos de idade (não era plenamente capaz), não poderia dar nenhuma quitação já que sua vontade não era juridicamente protegida. Mas, ao fazer 18 anos, poderá ratificar o pagamento feito pelo devedor e considerar a obrigação como extinta. Extinção das Obrigações – Pagamento - prova de reversão em seu proveito: ainda que o pagamento seja realizado para pessoa diversa do credor legítimo, será considerado válido se o devedor provar que foi revertido em proveito do credor. Ex: Pensão alimentícia, o genitor deverá receber por representação legal, contudo, descobre-se que a escola está atrasa, logo o devedor dirige-se a escola e paga as mensalidades. O pagamento não foi realizado ao credor legítimo, contudo o devedor pagou a escola, logo ocorreu reversão em proveito/benefício do credor. - peculiaridades obrigacionais: o pagamento será considerado válido desde que se respeite as peculiaridades de determinadas obrigações; Ex: obrigação solidária qualquer credor pode receber o pagamento e qualquer um deles pode fornecer a quitação. Ex: obrigação indivisível somente o credor que porta a caução de ratificação é legítimo, exceto se todos estiverem perante o devedor para fins de recebimento da obrigação - portador de quitação: em regra, o pagamento é considerado válido ainda que não o faça perante o credor legítimo, mas o faça perante o portador da quitação. Em regra, o portador de quitação tem algum tipo de vínculo com o credor. Quando as circunstâncias permitirem conclusão diversa, o pagamento continua sendo inválido. Ex: Em cidade pequena é comum o funcionário realizar a cobrança no lugar do dono. Se o funcionário aparece com um recibo de quitação, se presume que está a mando do dono. - desconhecimento da incapacidade: ainda que o pagamento seja realizado para pessoa incapaz, será considerado válido desde que o devedor desconheça a incapacidade do credor ou é por ele enganado. ➢ Pagamento através de transmissão de propriedade O art. 307 do Código Civil dispõe sobre o caso em que o devedor faz o pagamento da dívida com um bem móvel ou imóvel, assim diz que: Art. 307. Só terá eficácia o pagamento que importar transmissão da propriedade, quando feito por quem possa alienar o objeto em que ele consistiu. Desse modo, quando o devedor pagar a dívida com um objeto, seja bem móvel ou imóvel, o pagamento será considerado válido apenas se realizadopela pessoa que tinha condições legais de realizar a transmissão, isto é, se a pessoa que entregou o objeto em pagamento era proprietária do bem. Portanto, somente quem pode alienar o objeto, ou seja, realizar a transmissão da propriedade para fins de pagamento é o proprietário, para que somente assim o pagamento tenha eficácia. Por fim, frisa-se que isso ocorre uma vez que o Código Civil adota o princípio de que a chamada venda non domino, ou seja, aquela realizada por quem não é proprietário da coisa, é ineficaz. Extinção das Obrigações – Pagamento No que se refere às consequências ante o pagamento por pessoa que não podia alienar o bem, pela proibição da chamada alienação a non domino disposta no art. 307 do Código Civil, tem-se como consequência a ineficácia do pagamento. Ou seja, em caso de transferência de bem não pertencente ao devedor (solvens) como forma de pagamento ao credor (accipiens), este pagamento se torna ineficaz, pois o devedor não possuía direito sobre o bem móvel para efetuar tal transferência. Deste modo, o pagamento considera-se não efetuado, e o devedor continua com a obrigação de quitar a dívida com o que foi constituído na obrigação. De forma exemplificativa: Maria deve a José uma quantia de 40 mil reais, e José aceita receber o pagamento com objeto e não valor monetário; se Maria repassar como forma de pagamento um veículo do valor correspondente, e este veículo na verdade pertencer a seu filho e não à própria Maria, tal pagamento se tornará inválido, de forma que o filho poderá reclamar o veículo de volta em sua posse e José permanecerá com o direito de receber o valor de 40 mil reais de Maria. Na hipótese de pagamento mediante transmissão de propriedade há uma exceção muito importante. O parágrafo único dispõe o seguinte: Parágrafo único. Se se der em pagamento coisa fungível, não se poderá mais reclamar do credor que, de boa-fé, a recebeu e consumiu, ainda que o solvente não tivesse o direito de aliená- la. Trata-se do caso em que o devedor ou terceiro realizará o pagamento por meio de coisa fungível (MÓVEL – PODE SER CONSUMIDO)– ou seja, a coisa pode ser substituída por outra desde que seja de mesmo gênero/espécie, quantidade e qualidade, e esta tiver sido consumido pelo credor, o pagamento terá eficácia apenas se o credor estiver atuando de boa-fé, de tal forma que não será permitido exigir dele o bem de volta. Para que seja constatado a eficácia do pagamento é imprescindível a presença de três requisitos, mesmo na situação em que o devedor não possuía o direito de alienar a coisa: 1) Que o bem dado em pagamento seja fungível; 2) Que o credor tenha agido de boa-fé ao receber o bem em pagamento; Boa-fé é constatada por meio do não conhecimento prévio do impedimento (devedor não era proprietário da coisa). 3) Que o bem fungível já tenha sido consumido pelo credor Diante da hipótese em que o devedor não era proprietário do bem pago ao credor, o proprietário de fato não pode reclamar ao credor devido a existência de eficácia do pagamento realizado, baseada na presença de boa-fé por parte do credor. Dessa forma, apenas é possível que o verdadeiro proprietário se volte contra quem entregou a coisa indevidamente. Por fim, apenas a título de exemplificação da exceção, vale a pena mencionar o exemplo encontrado na doutrina : Caio, em pagamento de uma dívida, transfere a Tício a propriedade de duas sacas de trigo. Este, de boa-fé, as recebe e consome. Posteriormente, descobre-se que o cereal pertencia a Xisto. Nessa hipótese, Xisto deverá reclamar de Caio, e não de Tício, perdas e danos devidos o prejuízo causado. • Somente quem pode realizar transmissão de propriedade para fins de pagamento? Extinção das Obrigações – Pagamento Somente a pessoa capaz de alienar (proprietário de registro). • Qual é a consequência de se realizar o pagamento sem propriedade quanto a bens imóveis? Não existe boa-fé em transmissão a non domino. Não é possível não saber o verdadeiro proprietário. Por isso, não se fala de bem infungível. Não há presunção de proprietário, ele é o único de registro. • Qual é a consequência de se realizar o pagamento sem propriedade quanto a bens móveis? Caso haja boa-fé do credor e o bem foi consumido de boa-fé, o real proprietário somente terá direito à indenização do devedor. Caso haja boa-fé do credor e o bem não foi consumido, o real proprietário pode demandá- lo somente para ter o bem de volta e perdas e danos somente do devedor. Caso haja má-fé do devedor ou do credor e o bem foi consumido, qualquer um deles responderá pelo equivalente + perdas e danos perante o real proprietário. Caso haja má-fé do devedor ou credor e o bem não foi consumido, responderá pela devolução do bem + perdas e danos. Devolução somente pelo credor e perdas e danos de qualquer um deles. ➢ Pagamento de crédito penhorado Quando se fala em crédito penhorado, o pagamento deve ser realizado somente via judicial. ➢ pagamento efetuado a pessoa não legitimada: QUEM PAGA MAL, PAGA DUAS VEZES 12/05/2021 Consignação em pagamento - Conceito: é um meio a disposição dos sujeitos obrigacionais para realizar/ exigir o cumprimento obrigacional nos termos em que a obrigação foi pactuada. → Pode ser realizada pelo devedor e pelo credor. Quando feita pelo credor seria uma espécie de ação de cobrança. Quando feita pelo devedor é para cumprir a obrigação. - Depositar para forçar o credor a receber. Extinção das Obrigações – Pagamento - Fundamento: da mesma forma com que o credor tem direito a exigir cumprimento obrigacional, o devedor tem direito a exigir que o credor aceite o pagamento, pois tem direito fundamental a se desvincular do sujeito ativo de modo a não eternizar sua relação jurídica. - Natureza jurídica: em regra considera como pagamento direto. Excepcionalmente será considerada como pagamento indireto se a obrigação não for cumprida nos termos pactuados. - Espécies: i. Judicial: realiza perante o Poder Judiciário. Nesta modalidade apenas é possível consignar bens imóveis ou móveis de grande porte. Também será possível consignação de bens móveis de pequeno porte quando frustrada a consignação extrajudicial. ii. Extrajudicial: realizada em algum órgão que não seja o Poder Judiciário. Em regra, somente se aplica a bens móveis de pequeno porte. O local apropriado é o banco (devido a segurança do local). - Cabimento mesmo na mora do devedor (descumprimento obrigacional): é possível, desde que haja recusa por parte do credor em recebê-lo. Essa recusa não será legítima, se o devedor pretende cumprir obrigação principal + penalidades obrigacionais. - Objeto da consignação: qualquer uma das obrigações estudadas até aqui, com exceção da obrigação de fazer e não fazer. É possível consignar a obrigação de fazer quando encerra por uma obrigação de dar. - Impossibilidade: não é possível consignar dívida ilíquidas (não há valor delimitado). Quando se fala em consignação, o pagamento deve ser certo, ou seja, pelo valor exato da obrigação - Efeitos: retirar do devedor, caso a ação seja julgada procedente (Juiz reconhece que o credor não tinha justo motivo para recusar o recebimento da obrigação), a responsabilidade sobre os riscos da coisa. - Hipóteses de cabimento: o artigo 335 do CC relaciona situações que autorizam o pagamento através da consignação. O rol não é taxativo e, além das hipóteses tratadas neste artigo, existem outros dispositivos legais que estabelecem a possibilidade da consignação: ex: art. 341 e 342 do CC, art. 17, § único, do Decreto-Lei n° 58/37, art. 19 e 21 da Lei 492/37. a) I - se o credor não puder, ou, sem justa causa , recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma; (Mora do credor). - Nessa hipótese o devedor não é obrigado a efetuar a consignação, pois, provindo ainexecução de culpa alheia, não se caracteriza mora de sua parte. Todavia, embora sem ser Extinção das Obrigações – Pagamento obrigado a consignar, abre-lhe a lei a faculdade de fazê-lo, pois assim prova não ser faltoso e marca a recusa de seu adversário. (Sílvio Rodrigues). - necessário que tenha havido oferta real, efetiva, incumbindo ao autor prová-la, bem como a recusa injustificada do credor. A este incumbe, ao contrário, o ônus de provar a existência de justa causa para a recusa. (Carlos R. Gonçalves). b) II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos (Mora do credor) - se o credor tem a obrigação de procurar o devedor para receber (dívida quesível) e permanece inerte, assiste a este o direito de consignar o valor devido. c) III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente , ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil; Ex: credor mora na favela, devedor irá consignar. d) IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento; - Se dois credores mostram-se interessados em receber o pagamento, e havendo dúvida sobre quem tem direito a ele, deve o devedor valer-se da consignação para não correr o risco de pagar mal, requerendo a citação de ambos. É o caso, por exemplo, de dois municípios que se julgam credores de impostos devidos por determinada empresa que tem estabelecimentos em ambos. (Carlos R. Gonçalves). e) V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento Caso o devedor opte por pagar a um dos pretensos credores, assumirá o risco de eventualmente ter que repeti-lo - Oposição ao pagamento ALGUÉM ESTÁ SE OPONDO PARA QUE O PAGAMENTO SEJA REALIZADO. Cabe consignação ou não? i.1) do credor/devedor ao pagamento por terceiro interessado: não é justa a recusa de credor ou devedor quanto ao recebimento do pagamento por parte do terceiro interessado. Sempre será possível consignação em pagamento. i.2) do devedor ao pagamento por terceiro não interessado: devedor pode se opor, pois o terceiro não interessado não tem qualquer vínculo com essa obrigação e eventual inadimplemento não o afetará. A comunicação desta recusa feita pelo devedor ao credor é justo motivo para o não recebimento da obrigação por parte do terceiro. O justo motivo do devedor em relação ao terceiro não interessado tem natureza íntima. Extinção das Obrigações – Pagamento i.2.1) justo motivo pelo credor: do porto de vista do credor, o justo motivo é de natureza objetiva, ou seja, se houve ou não a comunicação da recusa do parte do devedor. Essa recusa não impede o credor de receber o pagamento. No entanto, tem justo motivo para não receber e o terceiro não interessado não poderá consignar em pagamento. i.2.2) hipótese de desconstituição do débito: quando o devedor tem matérias de defesa que desconstituem o débito e, portanto, desautorizam o pagamento, há justo motivo quanto ao não recebimento. Ex: prescrição. Se mesmo avisado, o terceiro não interessado realiza o pagamento, não terá direito de reembolso, pois o crédito foi desconstituído. i.3) do credor por terceiro não interessado i.3.1) paga em nome próprio: o credor pode recusar o pagamento, pois o terceiro não interessado não tem vínculo com a obrigação e não será afetado pelo inadimplemento. Essa recusa é considera justa. i.3.2) paga em nome do devedor sem a concordância deste: a oposição do credor é justa, pois o terceiro não interessado não tem vínculo com a obrigação e não será afetado pelo inadimplemento. i.3.3) paga em nome do devedor e com a concordância deste: neste caso, há a chamada legitimidade extraordinária, razão pela qual o terceiro não interessado atua em nome do devedor em representação. Sendo assim, a recusa do credor não é justa, razão pela qual cabe consignação em pagamento. Art. 335. A consignação tem lugar: I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma; II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos; III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil; IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento; V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento. i) Questões processuais: i.1) legitimidade ativa: devedor principal, terceiro interessado e terceiro não interessado que paga em nome do devedor e com a sua concordância. Excepcionalmente pode ser o credor. Extinção das Obrigações – Pagamento i.2) legitimidade passiva: em regra o credor que injustificadamente se recusa a receber a prestação. i.3) levantamento do depósito: pode o devedor resgatar o bem depositado em juízo, ou seja, retomar o objeto da consignação para si? Pegar de volta. 1ª antes da citação, pode haver levantamento a qualquer tempo 2ª depois da citação, pode haver levantamento somente com a concordância do credor 3ª após o despacho saneador não é mais possível. O código Civil permite o levantamento até mesmo após a sentença, somente no caso de perdão ou renúncia. 18/05/2021 Elementos do pagamento – continuação OBJETO DO PAGAMENTO a) Considerações sobre o tema Define-se regras quanto ao conhecimento exato sobre a conduta a ser praticada e sobre o bem objeto desta conduta. O acessório, em regra, segue o principal. (Conduta + bem físico + acessórios). ➔ Exceções: a) quando constar expressamente do título obrigacional; b) quando as circunstancia do caso concreto autorizarem conclusão diversa. O objeto do pagamento deve ser cumprido de forma integral, devido ao princípio da indivisibilidade do objeto e também a regra de que o credor não é obrigado a receber coisa diversa da contratada. b) Pagamento parcelado Art. 916 do CPC. Este artigo nos traz a chamada moratória legal. Permite ao devedor pagar 30% do valor integral da obrigação (principal + perdas e danos) e dividir o restante em 6 parcelas iguais e sucessivas. (direito fundamental previsto por parte do devedor). → Não pode ser aplicado em obrigações indivisíveis. → Não é pagamento fracionado – não é sinônimo de fracionamento do objeto, pois quando fraciona-se o objeto cria-se múltiplos vínculos. O que ocorre aqui é o cumprimento de forma periódica, não cria-se vários vínculos. → Se discute na doutrina se isso é um direito do devedor, pois se for o credor não pode impedir o pagamento parcelado. A doutrina majoritária afirma que uma vez demandado, é direito fundamental do devedor. Não há nada que o credor possa fazer para impedir a moratória legal. Trata-se de um direito subjetivo e fundamental do credor. b.1) Outras exceções que a doutrina entende serem hipóteses de pagamento parcelado: b.1.1) herdeiros Extinção das Obrigações – Pagamento Quando os herdeiros formalizam seu quinhão hereditário através do formal de partilha, considera-se pagamento parcelado. (Professor entende essa hipótese sendo de obrigação divisível, pois esse valor econômico proporcional aos herdeiros cria vínculos autônomos e independentes, logo não seria pagamento parcelado). b.1.2) execução frustrada Quando, em dívida de 10 mil, o juiz somente consegue a penhora de 2 mil na conta do devedor, essa hipótese é de pagamento parcelado. Temos duas espécies de dívida: dinheiro e valor c) Dívida em dinheiro Princípio aplicável: quando se fala em dívida de dinheiro, deve-se levar em consideração o princípio do nominalismo. Significa dizer que, em obrigação cujo prazo de vencimento é futuro, caso não haja previsão de reajuste, o valor a ser cumprido é o que está nominado no título da obrigação. Ex: obrigação de entrega de 5 mil reais para daqui 2 anos. No dia do cumprimento, qual é o valor a ser cumprido? Caso não haja índice dereajuste, será cumprido o valor de 5 mil reais. d) Dívida de valor A dívida é representada por um objeto físico, que possui valor econômico auferível. As obrigações estudadas até o momento se encaixam principalmente aqui. Ex: fazer uma casa. Pode-se aumentar a obrigação constituída a longo prazo por meio da escala móvel – ou seja, há uma mobilidade da obrigação ao longo prazo. Por exemplo, no caso do aluguel existe um índice de escala móvel, o aumento do valor de aluguel. Busca combater os efeitos da inflação ao longo prazo. e) Escala móvel Trata-se do mecanismo que excepciona o princípio do nominalismo. Trata-se de índice que recai sobre obrigação periódica que visa recompor o poder de compra da moeda e combater os efeitos da inflação do período. Esse índice atua na fase de cumprimento da obrigação. f) Pagamento em cheque É possível e o cheque é considerado pagamento à vista. É possível recusar pagamento em cheque? Sim, desde que haja previsão expressa no título e placas informando no estabelecimento. g) Dívida paga em ouro ou moeda estrangeira Não é possível, pois todo pagamento deve ser realizado pela moeda nacional (Real). → Exceções: contratos de variação cambial, exportação, importação. Extinção das Obrigações – Pagamento h) Teoria da imprevisão ou da onerosidade excessiva Trata-se de uma teoria que visa equalizar/reequilibrar o sinalagma obrigacional originário. 1) Ocorrência de um fato imprevisível durante a relação jurídica obrigacional 2) Que este fato tenha ocasionado uma onerosidade excessiva para uma ou ambas as partes. 3) Que essa obrigação seja periódica 4) Necessário requerimento da parte 5) Quando o juiz aplicar a teoria da imprevisão, ele não vai extinguir a obrigação, vai somente adequá-la em relação ao equilíbrio econômico financeiro do sinalagma (apenas irá readequar o valor econômico). PROVA DO PAGAMENTO A) Definição do termo prova Trata-se do instrumento para se atestar uma verdade. Ex: testemunhal, documental. B) A prova exigida pelo Código Civil e Código de Processo Civil ➔ Ocorreu uma modificação CPC 73 era permitido realizar prova do pagamento através de prova documental e de prova testemunhal, ainda que exclusivamente. No entanto, a prova testemunhal tinha limitação quanto ao conteúdo da obrigação, ou seja, só era possível provar pagamentos por testemunha cuja obrigação tivesse no máximo 10 vezes o valor do salário mínimo vigente. CPC 2015 somente é possível provar o pagamento mediante prova documental. Excepcionalmente se admite prova testemunhal, desde que haja princípio de prova documental. Diferentemente do Código de 73, não há limitação quanto ao valor da obrigação. b.1) Recibo de quitação: trata-se do documento em que o credor afirma que o devedor cumpriu a obrigação descrita no título obrigacional. b.1.1 Efeitos: ✓ desvincular o devedor do credor, ou seja, extinção da obrigação entre os sujeitos obrigacionais; ✓ atestar a verdade quanto ao cumprimento da obrigação ✓ servir de garantia para o devedor de que ele não será mais demandado pelo credor. b.1.2) Requisitos: art. 320 CC Extinção das Obrigações – Pagamento Art. 320 - A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular, designará o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu representante. Parágrafo único. Ainda sem os requisitos estabelecidos neste artigo valerá a quitação, se de seus termos ou das circunstâncias resultar haver sido paga a dívida. ➔ Mesmo que não contenha todos os elementos no recibo de quitação, é possível complementá-lo com prova testemunhal. ➔ Sempre pode ser feito de forma particular, pois facilita o cumprimento obrigacional em relação ao devedor. b.1.3) Direito vinculante à quitação?: Sim. O devedor ao cumprir com as exigência quanto ao direito do credor, tem direito ao recibo de quitação. Esse direito é vinculante e, é tão importante que, caso o credor não queira fornecê-lo, pode o devedor reter o pagamento. A recusa em fornecer o recibo de quitação é causa para consignação em pagamento? Sim, é causa, ante o fundamento da exceção do contrato não cumprido. b.1.4) forma da quitação: pode ser particular ou público, no entanto, a lei não exige esta última forma para a validade do pagamento. b.2) Quitação por presunção legal: ocorre um fato descrito na lei, cujo efeito é de pagamento. O pagamento é fictício, ou seja, não é concreto, mas se considera o seu ato. Essa presunção é relativa, ou seja, admite prova em contrário. ❖ título de crédito: a posse do título pelo devedor, presume-se o pagamento. A lei estabelece um prazo decadencial de 60 dias após o vencimento da obrigação, para o credor ajuizar ação intentando provar que não se realizou o pagamento. ❖ quotas periódicas: quando há obrigação periódica, o pagamento da última quota periódica presume o pagamento das anteriores. Ex: se você pagou a última parcela (dividido em 10x) presume que as anteriores foram pagas. ❖ juros: quando há pagamento que não engloba o principal e os juros, presume-se que houve pagamento dos juros. b.3) Pagamento por medida ou peso: existem locais no país em que o preço da arroba é diferente. Alguns locais a arroba representa 15 kg e em alguns locais a arroba representa 12 kg. Neste cenário, como realizar o pagamento? Se não houver previsão expressa dessa contradição no título obrigacional, deve-se respeitar a representação do local da execução do contrato, como regra geral. b.4) de quem são as despesas do pagamento e quitação: em regra, as despesas de execução do contrato são do devedor. Excepcionalmente pode-se convencionar de forma diversa. Extinção das Obrigações – Pagamento 19/05/2021 TEMPO DO PAGAMENTO Qual o momento adequado para que o devedor possa cumprir a obrigação? Qual o prazo que o devedor possui para cumprir a obrigação? a) Considerações iniciais: Definição de qual momento em que a obrigação deverá ser cumprida. b) Ausência de data de vencimento Princípio aplicável referente à satisfação imediata. Se não consta data de cumprimento no título obrigacional, significa dizer que ela deve ser imediatamente cumprida. SE NÃO HÁ DATA = PAGAMENTO DEVE SER IMEDIATO b.1) Prazo moral? (razoável): seria o prazo exigido para fins de cumprimento da obrigação, dada as particularidades do caso concreto, quando não há prazo expresso no título obrigacional. MESMO QUE NÃ CONSTE PRAZO EXPRESSO, DEVIDO AS PARTICULARIDADES DO CASO, HÁ UM PRAZO RAZOÁVEL (MESMO QUE NÃO PREVISTO), IMPOSTO PELAS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO CONCRETO. b.2) Espécies: ▪ obrigação impura: aquela que há prazo de vencimento ▪ obrigação pura: aquela que não há prazo de vencimento o horário final para pagamento: o horário final vai depender da peculiaridade do pagamento que você deseja realizar. b.3) antecipação do pagamento: é possível se antecipar pagamento? É, desde que o prazo seja em favor do sujeito obrigacional que deseja realizar a antecipação do pagamento. Pode ser em prol do credor ou devedor. Ex: Credor foi viajar e a obrigação tem como prazo de vencimento daqui 60 dias, para permitir que o credor volte e receba a prestação. Pode o credor retornar com 40 dias e exigir o cumprimento? Neste caso pode, pois o prazo é em seu favor. Se o prazo foi feito a favor de ambos os sujeitos obrigacionais, será necessário a concordância de ambos em relação a antecipação do pagamento. b.4) antecipação do vencimento: art. 333 Código Civil (não vai cair na prova) Art. 333. Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida antes de vencido o prazo estipulado no contrato ou marcado neste Código: I - no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores; Extinção das Obrigações – Pagamento II - se os bens, hipotecadosou empenhados, forem penhorados em execução por outro credor; III - se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias, ou reais, e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las. LOCAL DO PAGAMENTO ONDE SERÁ CUMPRIDA? A) Considerações sobre o tema: Trata-se de definir onde a obrigação será cumprida levando em conta critérios geográficos (estão relacionados às regras de domicilio). Domicílio: trata-se de todo local onde a pessoa possa ser encontrada e que ela possui animus definitivo. Ex: residência, local de trabalho, hotel, faculdade, academia, local de prática de esportes. B) Regra geral: Em regra, a obrigação deve ser cumprida no domicílio do réu (DEVEDOR), caso não haja estipulação em sentido diverso no título obrigacional. b.1) exceções: ▪ Estipulação de forma diversa no título obrigacional ▪ De acordo com as particularidades obrigacionais. Ex: obrigação de fazer referente a pintura de uma casa. Principalmente questões relacionadas ao direito imobiliário, o local da coisa é o competente para a satisfação da obrigação. Imóvel possui vis atrativa, atraí para ele (IMÓVEL) todas as regras de proteção jurídica b.2) estipulação de dois ou mais locais: em qualquer local, desde que o credor faça comunicação prévia ao devedor (art. 327, par. Único) credor pode escolher o local menos custoso (já que precisa se deslocar até o devedor). b.3) impossibilidade: o devedor pode deixar de realizar o pagamento havendo motivo grave Art. 329 - Ocorrendo motivo grave para que se não efetue o pagamento no lugar determinado, poderá o devedor fazê-lo em outro, sem prejuízo para o credor. → Mas, em relação ao credor? Se este não consegue ir até o local por motivo grave, pode-se realizar o pagamento em outro lugar? Segundo a teoria legalista, esta hipótese é apenas para o devedor. Contudo, se adotado a teoria de interpretação sistemática, será possível também ao credor. →Os sujeitos serão indenizados devido a mudança repentina de local. Extinção das Obrigações – Pagamento b.4) reiteração do local: Art. 330 - O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato. Ex: Pensão vitalícia fruto indenização por acidente de veículo. Devedor tem o dever de pagar mil reais por mês ao credor. ▪ Regra geral: credor deve receber a obrigação no domicílio do devedor. O devedor trabalha perto da residência do credor e, para facilitar o cumprimento da obrigação, todo mês realiza o pagamento neste local durante 12 meses. No 13 mês ele pode exigir do credor que vá até seu domicílio? ▪ Neste caso, há uma presunção de renúncia pelo devedor quanto ao seu domicílio, devendo continuar o cumprimento no domicílio do credor. Neste caso pode-se aplicar também o princípio da boa-fé objetiva (atos concretos reiterados contrários). C) Espécies sobre o local do pagamento: ▪ Quesível (quérable): a obrigação deve ser cumprida no domicílio do devedor ▪ Portável (portable): a obrigação deve ser cumprida no domicílio do credor IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO A) Conceito: Trata-se do fenômeno jurídico que implica em identificar qual obrigação será considerada paga dentre aquelas duas ou mais existentes entre credor e devedor. B) Requisitos: 1) Existência de múltiplas obrigações a serem cumpridas 2) Necessária haver identidade entre o credor e o devedor (obrigações foram constituídas pelos mesmos sujeitos obrigacionais). 3) Essas múltiplas obrigações devem possuir a mesma natureza jurídica (nenhuma prevalece em relação a outra). Ex: colisão de veículo em que a pessoa fica tetraplégica. O devedor é condenado a pagamento de pensão alimentícia mensal no valor de 1mil reais e danos morais no valor de 50 mil reais. 50 parcelas da pensão alimentícia em atraso. Ele paga 50 mil reais ao credor. A que obrigação se refere esse pagamento (pensão ou danos morais)? Pensão alimentícia, pois o fundamento jurídico dessa obrigação reclama preferência quanto ao pagamento. 4) Essas múltiplas obrigações devem ser líquidas (saiba exatamente o valor a ser pago)e vencidas (ou seja, é possível exigir o cumprimento de qualquer uma das obrigações). É possível realizar imputação ao pagamento de dívida não vencida, desde que haja antecipação do pagamento. 5) Pagamento suficiente para quitar pelo menos uma das obrigações. Caso o pagamento não seja suficiente para quitar ao menos uma obrigação, ele será considerado parcial e o credor não é obrigado a receber de forma parcelada. Extinção das Obrigações – Pagamento C) Direito à imputação: Devedor: em regra é o devedor que realizará a imputação do pagamento. c.1) restrições para realizar a imputação: ▪ Caso haja capital e juros, a imputação ocorre nos juros. ▪ Pagamento suficiente para quitar pelo menos uma das obrigações (caso contrário é pagamento parcelado). ▪ Não é possível imputação legal de dívida ilíquida ou não vencida, exceto as hipótese de antecipação do pagamento. ▪ O credor pode recusar a imputação feita no último período de uma obrigação periódica. c.2) credor: o sujeito ativo somente realiza imputação, desde que haja expressa previsão obrigacional. ✓ Restrições: art. 353 Art. 353 - Não tendo o devedor declarado em qual das dívidas líquidas e vencidas quer imputar o pagamento, se aceitar a quitação de uma delas, não terá direito a reclamar contra a imputação feita pelo credor, salvo provando haver ele cometido violência ou dolo. Ex: devedor tem 2 financiamentos com o credor (instituição financeira). Ele não realiza a identificação do pagamento quanto ao financiamento. O credor por saber que o financiamento A é mais vantajoso que o B, induz, por dolo, a imputação no financiamento B. Nesse caso, poderia o devedor anular a imputação? Sim, pois o credor atuou com dolo. c.3) legal: c.3.1) critérios: quando há omissão dos sujeitos, a imputação ocorrerá: ✓ se dará na mais onerosa; ✓ na existência de Identidade de onerosidade a que se venceu primeiro D) Efeito Pagamento e consequente liberação do devedor quanto ao vínculo que mantém com o credor E) Quantia ofertada maior que o menor débito e menor que o maior débito: Ex: obrigação de 500 reais e 1 mil reais. Devedor somente tem 600 reais. Qual obrigação será considerada paga? A obrigação considerada paga será a de 500 reais. Extinção das Obrigações – Pagamento 25/05/2021 PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO A) Conceito – Substituição da figura do credor originário por outra pessoa, que em regra, é o devedor comum da obrigação. Trata-se de forma de pagamento realizada por devedor (as 3 modalidades) que, em razão deste evento, substitui o credor originário naquela obrigação mantendo o vínculo originário. Ex: obrigação indivisível de uma casa (100 mil). Devedor A e B e Credor C e D. Se o devedor A cumpre a obrigação, há sub-rogação em relação a cota parte cumprida, ou seja, o Devedor A se transforma em Credor do devedor B em relação a 50 mil reais. Devedor A Credor C Devedor B Credor A Devedor B Credor D B) Distinção entre sub-rogação pessoal e sub-rogação real: sub-rogação real é hipótese de direito sucessório/testamentário. Sempre será sub-rogação pessoal nesse caso. Ambas não são da mesma família. C)Natureza jurídica: é considerado fenômeno de pagamento. D)Formas: ✓ sub-rogação legal: Acontece independentemente da vontade das partes, em regra afeta ao devedor principal, terceiro interessado, terceiro prejudicado e terceiro não interessado que paga obrigação fruto de alienação fiduciária. ❖ hipóteses: art. 346 Art. 346. A sub-rogação opera-se, de pleno direito (independente da vontade das partes), em favor: I - do credor (devedor principal) que paga a dívida do devedor comum; II - do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem comodo terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel; III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte. IV do terceiro não interessado que realiza pagamento de obrigação fruto de alienação fiduciária. ✓ sub-rogação convencional: para terceiros não interessados. ❖ hipóteses: art. 347 Art. 347. A sub-rogação é convencional: I - quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere todos os seus direitos; II - quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a dívida, sob a condição expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito. Pode haver sub-rogação de terceiro não interessado quando ela é convencional e legal quando se trata de pagamento de obrigação com garantia real (alienação fiduciária). Extinção das Obrigações – Pagamento E)efeitos: ▪ liberatório: principal efeito do pagamento que é liberar o devedor primitivo do devedor primitivo. Trata-se da desvinculação entre os sujeitos obrigacionais. translativo: significa dizer que o vínculo permanecerá válido ocorrendo uma substituição de pessoas. ▪ efeito em relação a terceiro: qual a forma jurídica para que esta sub-rogação possa produzir efeitos para terceiros? Registro em cartório. ▪ devedor insolvente: pode o sub-rogado exigir alguma coisa do credor primitivo? A regra é de irresponsabilidade, exceto caso de sub-rogação convencional feita de má-fé. Devedor A Credor C Devedor B Credor 3º NI Devedor B Credor D Credores realizam sub-rogação convencional com terceiro não interessado. F)Amplitude: * legal: sempre principal + acessórios (obrigação de fazer + hipoteca). * convencional: pelo menos o principal. Nunca somente o acessório. (por meio da 1ª obrigação de fazer + hipoteca ou 2ª obrigação de fazer) Ex: Obrigação de fazer entre Devedores A e B e Credores C e D com garantia real (hipoteca). Diferenças entre sub-rogação e direito de reembolso/regresso 1ª) na sub-rogação o vínculo jurídico se mantém, enquanto que no direito de regresso o vínculo originário se extingue, criando um novo entre credor e devedor. 2ª) na sub-rogação legal a amplitude é sempre de obrigação principal + acessórios, enquanto que no direito de regresso a amplitude é de valor econômico. Exemplo: Obrigação de fazer (quadro valor de 5 mil reais) entre Devedores A e B e Credores C e D com garantia real (hipoteca). Existe um vício de consentimento entre o Credor C e o Devedor A. Terceiro não interessado (E) realiza o pagamento. ➔ Sub-rogação legal: mantém-se a obrigação de fazer com a hipoteca e mantém-se o vício de consentimento, pois o vínculo não se extingue. ➔ Direito de regresso: o vínculo se extingue, razão pela qual ante a criação de um novo vínculo, o defeito (vício de consentimento) desaparece. A outra conseqüência é a de que o novo credor somente poderá cobrar 5 mil reais do devedor e não a obrigação de fazer um quadro, tampouco terá direito à hipoteca. G)Direitos do credor originário na sub-rogação parcial: Obrigação de entregar coisa certa (celular valor de 2 mil reais) entre Devedores A e B e Credores C e D. Um terceiro F realiza pagamento parcial de 1 mil reais para os credores. Extinção das Obrigações – Pagamento Devedor A Credor C (1mil) Devedor B Credor D (1mil) Credor F (terceiro) (1mil) A obrigação se converte em perdas e danos e os devedores somente tenham 500 reais para pagamento. Neste caso, há preferência quanto ao recebimento? Neste caso, há preferência dos credores originários, ou seja, os 500 reais serão pagos diretamente aos credores C e D. Explique a compatibilidade entre a regra do artigo 330 do Código Civil e a regra do artigo 252 e 322. Se existe algum conflito normativo nesses artigos Extinção das Obrigações – Pagamento FORMAS DE PAGAMENTO INDIRETO 1) DAÇÃO EM PAGAMENTO 1.1) Conceito: Trata-se da forma de pagamento consensual em que se altera o objeto da obrigação ou da conduta. Ex: obrigação de entregar quantia certa no valor de 5mil reais. O devedor, não dispondo do dinheiro, propõe o pagamento mediante realização de serviços. Ex: empréstimo de dinheiro. O devedor emprestou dinheiro do credor para devolução com juros no prazo de 1 ano. O devedor, após 1 ano, não tem o dinheiro para devolver. Propõe a alteração do pagamento mediante a entrega de um carro raro de coleção. Note que o bem dinheiro foi substituído pelo bem carro, como forma de pagamento. 1.2) Requisitos: * modificação do objeto originário; * animus de pagar; (deve existir convergência de vontades em relação a mudança do objeto de pagamento). * existência de vínculo válido (saudável) * concordância do credor 1.3) Objeto para substituição: Em regra é livre, desde que haja modificação da obrigação originária. • substituição por dinheiro? 1ª corrente: não é possível realizar dação em pagamento por substituição pecuniária (dinheiro), pois se estaria tratando de inadimplemento (conversão em perdas e danos) 2ª corrente: é possível, desde que haja indicação expressa que o dinheiro está substituindo o objeto da obrigação originária como forma de pagamento; 1.4) Natureza jurídica: Pagamento indireto, pois a obrigação é cumprido, mas de forma diversa da contratada. 1.5) Dação em pagamento x obrigação alternativa: Na dação em pagamento, o segundo objeto aparece em substituição ao primeiro e como forma de pagamento. Já na obrigação alternativa a multiplicidade de objetos é da essência da obrigação. Extinção das Obrigações – Pagamento 1.6) Dação aceita por representante: É possível, desde que ele apresente documento com poderes específicos para realizar tal ato. 1.7) Dação e a equivalência econômica da prestação originária: 1ª corrente: é obrigatório, pois se deve respeitar o equilíbrio econômico financeiro da obrigação. 2ª corrente: não é obrigatório, pois se considerarmos a natureza consensual, as partes podem alterar o limite econômico do pagamento. 1.8) Vedação legal da dação em pagamento quando o bem é dado em garantia: Não é possível realizar dação em pagamento em contratos de financiamento com garantia real. Quando o contrato de financiamento prever a garantia do próprio imóvel adquirido com o financiamento, não pode o devedor dar o imóvel como pagamento (para evitar fraude). 2) REMISSÃO = Perdão 2.1) Conceito: Trata-se do fenômeno jurídico em que o credor exonera o devedor, total ou parcialmente, em relação aos seus deveres obrigacionais ocasionado a extinção da obrigação. 2.2) Espécies: * expressa: o credor pratica atos que não deixa dúvidas quanto a ocorrência do perdão, ao qual desvincula o devedor da obrigação. * tácita: o credor pratica ato incompatível com cobrança do devedor. * presumida: ocorre fato previsto em lei considerado como perdão. Art. 386 e 387. Art. 386. A devolução voluntária do título da obrigação, quando por escrito particular, prova desoneração do devedor e seus co-obrigados, se o credor for capaz de alienar, e o devedor capaz de adquirir. Art. 387. A restituição voluntária do objeto empenhado prova a renúncia do credor à garantia real, não a extinção da dívida. 2.3) Natureza jurídica: Trata-se de pagamento indireto, pois a obrigação é considerada cumprida, mas de forma diversa da pactuada. 2.4) Requisitos: → genéricos: são aqueles comuns a todo negócio jurídico previstos no artigo. 104. É possível que o requisito da capacidade do devedor seja excepcionado. Extinção das Obrigações – Pagamento → específicos: * concordância do devedor * não trazer prejuízo a terceiros: toda vez que o ato de perdão reduzir o credor à condição de insolvência,o ato é considerado ilegal. Ex: credor A deve receber 5 mil reais do devedor B. Sabe-se que o Credor A tem uma obrigação com o credor C no valor de 2 mil reais. Se esses 5 mil reais equivalem ao único patrimônio do Credor A, não se pode fazer a remissão, sob pena de prejudicar o Credor C. 2.5) objeto: Em regra, o objeto da remissão são os direitos creditícios. Não se pode ser objeto de remissão créditos que decorrem de matérias de ordem pública. Ex: salário, pensão alimentícia. 2.6) forma: Em regra, a forma de realização da remissão é livre, ou seja, pode ser privada, pública, em vida ou post-mortem. 2.7) presunção de remissão: 2.7.1) Art. 386. A devolução voluntária do título da obrigação, quando por escrito particular, prova desoneração do devedor e seus co-obrigados, se o credor for capaz de alienar, e o devedor capaz de adquirir. 2.7.2) Art. 387. A restituição voluntária do objeto empenhado prova a renúncia do credor à garantia real, não a extinção da dívida. Ex: obrigação de fazer uma casa no valor de 300 mil reais. O devedor, como forma de garantia, indica um carro de coleção no valor de 70 mil reais caso não cumpra a obrigação. Caso o credor devolve o carro, presume-se que fez o perdão da garantia, mas a obrigação de fazer se mantém. 2.8) remissão x renúncia Diferenças • Remissão depende de aceitação. Renúncia não. • Renúncia é feita de forma unilateral pelo titular. Remissão é ato bilateral. • Remissão é para direitos patrimoniais. Renúncia é para direitos patrimoniais e outros. • Renúncia é ato de extinção do direito objetivo (previsão geral e abstrata). Remissão é extinção do fenômeno concreto (obrigação). Semelhanças • Ambas hipóteses de extinção obrigacional. • Ambas sobrem limitação de matérias de ordem pública. Extinção das Obrigações – Pagamento 3) COMPENSAÇÃO 3.1) Conceito: Trata-se do fenômeno jurídico em que duas pessoas são, simultaneamente, credoras e devedoras ao mesmo tempo entre si. Credor A -------------------------- Devedor B Credor B -------------------------- Devedor A Ex: Fulano estava trafegando com seu veículo e o Cicrano ocasionou colisão. Os danos percebidos por Fulano foram no importe de 2 mil reais. Fulano, nervoso com a situação, agrediu Cicrano ocasionando danos estéticos no valor de 5 mil reais. O que Cicrano pode exigir do Fulano? Neste caso, poderá exigir 3 mil reais, pois haverá compensação em relação aos 2 mil reais. 3.2) Requisitos: ✓ existência de múltiplas obrigações dentre um credor e um devedor. Essas múltiplas obrigações devem ser recíprocas (dever). ✓ as obrigações devem ser líquidas e vencidas (é possível realizar a antecipação do vencimento para fins de compensação). ✓ as obrigações devem possuir a mesma identidade e o mesmo fundamento (responsabilidade por ato ilícito). Ex: pai deve 10 mil reais de pensão alimentícia. O filho, por ato de vingança, faz publicação no facebook dizendo que foi violentado pelo pai. Prova-se a inocência do pai e conseqüente indenização por dano moral no valor de 8 mil reais. Nesse caso, não há compensação pois não possuem a mesma qualidade. 3.3) Espécies: ▪ legal: decorrente da aplicação dos requisitos da lei. ▪ convencional: decorre da vontade das partes. Sendo a compensação convencional, permite-se a manipulação dos requisitos vistos acima. ▪ judicial: decorre de ato determinado pelo magistrado. 3.4) Natureza jurídica: É considerada como pagamento indireto. 3.5) Efeitos: Extinção das obrigações, ou seja, desvinculação do credor e do devedor quanto a aqueles vínculos jurídicos. 3.6) Compensação e imputação do pagamento: É possível realizar a indicação da obrigação que se pretende compensar, desde que exista vários vínculos, líquidos e vencidos. Extinção das Obrigações – Pagamento 3.7) Renúncia à compensação: É possível realizar a renúncia da compensação, pois trata-se de ato unilateral. 3.8) Utilização da compensação pelo responsável por obrigação do devedor principal: Ex: contrato de aluguel. Devedor tem 5 alugueis em atraso. O credor passa a criar embaraço ao direito de locação e conseqüente condenação em 10 mil reais por violação de deveres contratuais. O credor ingressa com ação judicial para cobrar o Devedor e o Responsável (fiador). Pode o fiador alegar compensação, se utilizando do direito do devedor principal? Como a compensação é compulsória e, portanto, matéria de defesa comum, pode o fiador se valer desta alegação. Já o credor não pode se valer de matéria de defesa do fiador. 4) CONFUSÃO (381/384) 4.1) Conceito: Trata-se do fenômeno em que a mesma pessoa ostenta a condição de credora e devedora de si. 4.2) Hipóteses: ✓ direito sucessório ✓ casamento sob o regime de comunhão universal de bens ✓ aquisição de cota societária ✓ cessão de crédito Ex: Indivíduo empresta dinheiro ao pai, este falece. A dívida será passada ao filho. Nesse momento o filho passa a ser credor e devedor de si mesmo, nesse caso há a confusão levando a extinção da obrigação. Casei (tinha patrimônio de 500 mil), ele tinha uma dívida de 100mil. Cada um passa a ter 250 mil, se comunica também metade da dívida, cada um com 50mil. Caso eu me divorcie, em relação ao montante de 50mil há confusão. Na aquisição de cota societária, entrei na bolsa e adquiri cotas da energiza, caiu um raio em casa, entrei com ação – 20 mil reais. Ao adquirir as cotas passei a ser credor e devedor de si mesmo. 4.3) Requisitos: ✓ identidade de credor e devedor na mesma pessoa (singularidade de sujeito). ✓ unidade de relação obrigacional ✓ reunião patrimonial de posições jurídicas distintas 4.3) Efeitos: ▪ há extinção anormal da obrigação. (PRIMEIRA CORRENTE DOUTRINÁRIA) ▪ a confusão é hipótese de pagamento indireto, pois há um pagamento presumido. (SEGUNDA CORRENTE DOUTRINÁRIA) – Professor entende essa corrente como correta. ▪ causa de suspensão da obrigação. A obrigação fica neutralizada até a extinção do fato que originou a confusão. (TERCEIRA CORRENTE). Extinção das Obrigações – Pagamento 4.4) Invalidade da confusão: Toda vez que o fato que originou a confusão for invalidado, a confusão se extingue e a obrigação se restabelece nos seus termos originais. Existe uma discussão se é apenas nulidade absoluta ou anulabilidade. Aparentemente se trata de nulidade absoluta. 5) NOVAÇÃO 5.1) Conceito: Trata-se do fenômeno jurídico em que o devedor e o credor criam obrigação substancialmente nova com extinção do vínculo originário. Extinção da obrigação (não há cumprimento obrigacional) → Criação de um vínculo totalmente novo (obrigação nova). Perdeu força jurídica, após o surgimento da cessão de crédito e débito (pois, mantém o vínculo jurídico – a novação não). Não se presume, deve estar escrito no título obrigacional de forma expressa. 5.2) Natureza jurídica: Extinção anormal. 5.3) Efeito: ▪ extintivo da relação jurídica originária ▪ gerador da relação jurídica substancialmente nova 5.4) Finalidade: Possibilitar a transferência da obrigação ou modificar seus aspectos principais através de uma hipótese lícita. 5.5) Espécies: A modificação substancial pode ser subjetiva ou material. ▪ subjetiva: há alteração de, pelo menos, um dos sujeitos obrigacionais originários. Ex: Credor A tinha obrigação de fazer um quadro com o devedor B. O devedor B não realiza o cumprimento da obrigação, mas indica um possível substituto. O credor A realiza ato de novação com o devedor C, passando este a ser o responsável pelo cumprimento da obrigação. ▪ material: há alteração do bem físico da obrigação ou da própria conduta. ▪ Da qualidade da obrigação: altera-se a qualidade. Ex: contrato de locação de longo prazo. O locatário faz proposta de compra e venda com prestações também a longo prazo. 5.6)Requisitos: Extinção das Obrigações – Pagamento ✓ obrigação anterior válida. Não é um fenômeno para sanar vícios e sim criar vínculos novos. ✓ obrigação superveniente igualmente válida. ✓ alteração substancial – sujeito, conduta/objeto, qualidade. ✓ o animus de novar (sem isso a vontade é viciada, não sendo possível a novação). 5.7) Novação e obrigação nula, anulável, prescrita e inexistente Qual das hipóteses se pode novar? O vínculo anulável e o prescrito, pois ainda existe o débito, de modo a conferir o restabelecimento da responsabilidade. Qual das hipóteses não se pode novar? O vínculo nulo e o inexistente. Nessas hipóteses, esses defeitos atacam o débito. 5.8) Possibilidade de discussão da obrigação originária: Esta previsão é admitida doutrinária e jurisprudencialmente, no sentido de que o vício grave do vínculo originário acompanha o vínculo novo, pois não se pode utilizar uma hipótese lícita do ordenamento jurídica para validar uma hipótese ilícita.
Compartilhar