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1 UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL CAMPUS GUAÍBA CURSO DE DIREITO PRINCÍPIOS DA MORALIDADE E DA PROPORCIONALIDADE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Disciplina: Administrativo I Professor: Sérgio Roberto Abreu Data: Acadêmico: Guaíba Abril de 2016 2 INTRODUÇÃO O presente trabalho de pesquisa, tem por escopo analisar os princípios da Moralidade e proporcionalidade, princípios estes que regem a administração pública. No que se refere ao princípio da moralidade não existe consenso na doutrina, uma vez que muitos acreditam que ele deve ser visto como uma simples parte do princípio da legalidade, ao passo que outros o consideram autônomo. Muitos são os doutrinadores que veem o conceito de moral administrativa como “vago” e “impreciso”. O princípio da moralidade, previsto no art. 37 da Constituição Federal de 88, diz: “Art. 37 A administração pública direta ou indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficácia [...].” Observa-se, assim, que todo e qualquer ato praticado na Administração Pública deverá ser regido pelo princípio da moralidade. Enquanto que o princípio da proporcionalidade, limita a forma de atuação da administração pública ao determinar que ninguém está obrigado a suportar restrições em sua liberdade ou propriedade além do necessário para a satisfação do interesse público. 3 PRINCÍPIOS DA MORALIDADE E DA PROPORCIONALIDADE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Far-se-á necessário elencar que “Licitude e Honestidade” são traços distintos entre o direito e a moral, visto que nem tudo que é certo é devidamente moral. Nessa perspectiva, convém evidenciar que alguns doutrinadores acreditam que a regra “moral” invadiu o direito público, sobretudo o Direito Administrativo, através do exame jurisdicional do desvio de poder, de modo que este passou a ser visto como uma hipótese de ilegalidade que estaria sujeita a controle judicial.1 Na Administração Pública, tendo em vista as licitações, é bem comum encontrar situações de conluios entre aqueles que realizam o devido processo, de forma que ferem a moral e caracterizam ofensa direta ao princípio supracitado. Esse tipo de ofensa administrativa produz efeitos jurídicos que podem acarretar anulação do ato e esta pode ser decretada pela própria Administração ou Poder Judiciário, sendo, evidente, portanto, que o campo da moralidade administrativa tem espaço reduzido, já que o desvio de poder é considerado apenas moralmente incorreto em vez de ato ilegal. Todavia, isso não é capaz de ceifar o devido reconhecimento de sua existência como um verdadeiro princípio autônomo perante o direito positivo brasileiro.2 Nesse contexto, vale ressaltar que a moralidade administrativa possui diferença da moral comum, pois a aquela não obriga o dever de atendimento a esta, vigente em sociedade. No entanto, exige total respeito aos padrões éticos, decoro, boa-fé, honestidade, lealdade e probidade. Hely Lopes Meirelles declara que “o agente administrativo, como ser humano dotado de capacidade de atuar, deve, necessariamente, distinguir o Bem do Mal, o Honesto do Desonesto. E ao atuar, não poderá desprezar o elemento ético da sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o legal 1Princípio da moralidade administrativa, disponível em: http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/9094/Principio-da-moralidade-administrativa, acesso em: 14/04/2016. 2 Idem. 4 e o ilegal, o justo do injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas também entre o honesto e o desonesto”.3 Com o fito de proteger a moralidade, foram criados alguns instrumentos. Na legislação brasileira, podem ser encontrados vários, porém os que merecem o destaque maior são: Ação Popular, Ação Civil Pública de Improbidade, Controle Externo Exercido pelos Tribunais de Contas e Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs). Um progresso de incomensurável relevância para o Princípio da Moralidade foi a Lei de Improbidade Administrativa – Lei 8.429/92, que aborda as devidas sanções aplicáveis aos agentes públicos. Essa lei proporcionou uma base sólida às exigências impostas pelo princípio da moralidade.4 O poder judiciário, vem através de decisões combatendo atos de administradores públicos que atentam contra o princípio da moralidade, ou em alguns casos declarando que o ato administrativo se reveste de moralidade, como podemos observar na ementa que segue: Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. REEXAME NECESSÁRIO. CONCURSO PÚBLICO. MAGISTÉRIO ESTADUAL. CPR - 01/05. CONTRATAÇÃO EMERGENCIAL. CONVOCAÇÃO DE PROFESSORES EM CARGO EFETIVO. PRETERIÇÃO NÃO COMPROVADA. 1. A simples contratação de servidores a título precário, por prazo determinado, não induz, por si só, à configuração de quebra da ordem classificatória do concurso público, por se tratar de medida autorizada pelo art. 37, IX, da Constituição Federal. Se a Administração preencheu as vagas destinadas aos cargos de provimento efetivo de acordo com a ordem classificatória do concurso público vigente e, além disso, contratou terceiros de forma temporária, para o exercício de função pública, presume-se que há excepcional interesse público a demandar essa conduta. (conforme voto do Min. Arnaldo Esteves Lima, no RMS nº 33.315, julgado em 15/02/2011, 1ª Turma do STJ). 2. A celebração e/ou renovação das contratações emergenciais de professores, ou convocação de professores com vínculo efetivo, com respaldo legal, não configuram, per si, ato lesivo ao patrimônio público e nem 3 MEIRELLES, Hely Lopes, Direito Administrativo Brasileiro, Ed. 42, Malheiros Editores, São Paulo,2016, pag. 94. 4 Princípio da moralidade no direito administrative, disponivel em: http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/9094/Principio-da-moralidade-administrativa. Acesso em: 14/04/2016. 5 atentam contra a moralidade administrativa, não havendo falar em violação aos princípios norteadores da Administração Pública. Caso concreto em que não suficientemente comprovada a existência de contratações emergenciais para a área em que aprovada a autora, dentro do prazo de validade do certame e em número igual ou superior à colocação obtida. (5º lugar) 3. Ação julgada procedente na origem. APELAÇÃO PROVIDA. PREJUDICADO O REEXAME NECESSÁRIO. (Apelação e Reexame Necessário Nº 70066451196, Quarta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Eduardo Uhlein, Julgado em 30/03/2016.5 Já no que se refere ao princípio da proporcionalidade, este se resume na relação de causalidade entre um meio e um fim, de tal sorte que se possa proceder aos três exames fundamentais inerentes a ela, quais sejam: a adequação, a necessidade e a proporcionalidade em sentido estrito. Sem um meio, um fim concreto e a relação de causalidade entre eles, não há a aplicação do princípio da proporcionalidade em seu caráter trifásico.6 O princípio da proporcionalidade é considerado como dito em linhas pretéritas uma vertente do princípio da razoabilidade pelo motivo de ser necessária uma adequação entre os meios empregados pela Administração Pública para atingir os fins pretendidos, se não houver taladequação a desproporcionalidade acaba por residir em tal medida empregada, assim assegura-se que não sejam restringidos direitos do particular além do necessário mantendo-se dessa forma o ato na legalidade, já que ninguém está obrigado a suportar restrições em sua liberdade ou propriedade além do necessário para a satisfação do interesse público.7 Este princípio tem o objetivo de coibir excessos desarrazoados, por meio da aferição da compatibilidade entre os meios e os fins da atuação administrativa, para evitar restrições desnecessárias ou abusivas. Por força deste princípio, não é lícito à Administração Pública valer-se de medidas restritivas ou formular exigências aos particulares além daquilo que for 5 BRASIL, Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, Apelação Cível Nº 70066451196, Quarta Câmara Cível, Relator: Eduardo Uhlein, Julgado em 30/03/2016. 6 Princípios fundamentais da administração pública e os princípios da razoabilidade e proporcionalidade, disponível em: http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=9171. Acesso em: 14/04/2016. 7 Idem. 6 estritamente necessário para a realização da finalidade pública almejada. Visa- se, com isso, a adequação entre os meios e os fins, vedando-se a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público.8 Neste sentido passamos a observar decisão judicial que contempla o princípio da proporcionalidade, conforme ementa que segue: Ementa: APELAÇÕES CÍVEIS. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO RETIDO. NÃO REITERADO. Não comporta conhecimento agravo retido que não foi reiterado por ocasião das razões de apelação. Inteligência do art. 523, § 1º, do CPC/1973. Agravo retido não conhecido. RESPONSABILIDADE CIVIL. ESTADO DO RIO GRANDE SUL. CONSTRANGIMENTO ILEGAL. PRISÃO INDEVIDA. USO DE ALGEMAS. FALHA NO SERVIÇO PÚBLICO. DANO MORAL IN RE IPSA. VALOR DA CONDENAÇÃO. MANUTENÇÃO. O Estado (lato sensu) responde objetivamente por eventuais danos causados, seja de ordem moral ou material, porque incide a teoria do risco objetivo da administração. Caso concreto em que o autor foi indevidamente preso e algemado publicamente, sem que houvesse resistência ou fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física do custodiado ou alheia. Evidente, assim, a ilicitude da conduta dos agentes estatais. Na situação em evidência, os policiais ser exorbitaram, no exercício de suas funções, na medida em que agiram de forma excessiva e abusiva, conduta que não se espera daqueles a quem o Estado atribuiu o dever de zelar pela segurança da coletividade. Dano moral que resulta do próprio fato da privação indevida da liberdade e da utilização desnecessária de algemas (dano in re ipsa). Valor da condenação mantido (R$ 10.000,00), uma vez que fixado de acordo com as peculiaridades do caso concreto, bem como observada a natureza jurídica da condenação e os princípios da proporcionalidade e razoabilidade. APLICAÇÃO DA LEI Nº 11.960/2009. CONSECTÁRIOS LEGAIS. MODIFICAÇÃO DE POSICIONAMENTO. JUROS DE MORA. CORREÇÃO MONETÁRIA. SÚMULAS 54 E 362 DO STJ. O Supremo Tribunal Federal, via controle concentrado, declarou a inconstitucionalidade do art. 5º da Lei nº 11.960/2009, que alterou o art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, que normatizava a incidência dos consectários legais aplicáveis sobre as condenações da Fazenda Pública (ADI nº 4425/DF e nº 4357/DF). Ademais, a eficácia prospectiva, posteriormente 8Princípio da Proporcionalidade, disponível em: http://jb.jusbrasil.com.br/definicoes/100004707/principio-da-proporcionalidade. Acesso em: 14/04/2016. 7 conferida pelo Pretório Excelso, não se aplica à espécie, uma vez que esse efeito só incide nos precatórios já expedidos ou pagos. Portanto, nas condenações impostas contra a Fazenda Pública incidem juros moratórios desde a data do evento danoso, na forma da Súmula nº 54/STJ, em se tratando de responsabilidade civil extracontratual. A correção monetária na indenização por danos morais incide a contar do arbitramento, nos termos da Súmula nº 362 do STJ. Nas condenações contra a Fazenda Pública, a atualização monetária deve ser feita com base no Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA- E). Entendimento sufragado no Recurso Representativo de Controvérsia nº 1270439/PR. VERBA HONORÁRIA. Mantida a verba honorária fixada na origem em 15% sobre o valor da condenação, nos termos do art. 20, §§ 3º e 4º, CPC/1973. AGRAVO RETIDO NÃO CONHECIDO. RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO. APELAÇÃO DO ENTE PÚBLICO PARCIALMENTE PROVIDA. (Apelação Cível Nº 70067455840, Nona C Caubi Soares Delabary, Julgado em 13/04/2016).9 9 BRASIL, Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, Apelação Cível Nº 70067455840, Nona Câmara Cível, Relator Desembargador Caubi Soares Delabary, Julgado em 13/04/2016. 8 CONCLUSÃO Diante do estudo ora realizado, no qual foi proposto analisar dois importantes princípios que regem a administração pública, princípios da moralidade e proporcionalidade, podemos perceber a importância do tema ora estudado para os acadêmicos e futuros profissionais do direito, pois, é de suma importância a compreensão destes princípios que norteiam a administração pública. Quanto ao princípio da moralidade, restou por concluído que este surge da moral, passando a ser abrangido pelo ordenamento jurídico, encontrando-se inclusive disciplinado na Constituição Federal, dada sua relevante importância para a administração pública. Com relação ao princípio da proporcionalidade, sua aplicabilidade é de suma importância na medida em que visa coibir excessos desarrazoados, por meio da aferição da compatibilidade entre os meios e os fins da atuação administrativa, para evitar restrições desnecessárias ou abusivas. Portanto, a partir do estudo ora proposto conclui-se que os princípios da moralidade e proporcionalidade se constituem como balizadores da administração pública, servindo como norte para os agentes administrativos que devem condicionar seus atos nos moldes delineados pelos princípios abordados no presente trabalho de pesquisa, sendo que em caso de desrespeito aos princípios, o Poder Judiciário intervém visando coibir atos ilegais praticados pelos agentes públicos. 9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL, Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, Apelação Cível Nº 70066451196, Quarta Câmara Cível, Relator: Eduardo Uhlein, Julgado em 30/03/2016. BRASIL, Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, Apelação Cível Nº 70067455840, Nona Câmara Cível, Relator Desembargador Caubi Soares Delabary, Julgado em 13/04/2016. MEIRELLES, Hely Lopes, Direito Administrativo Brasileiro, Ed. 42, Malheiros Editores, São Paulo,2016. Princípio da moralidade administrativa, disponível em: http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/9094/Principio-da-moralidade- administrativa. Princípio da moralidade no direito administrativo disponivel em: http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/9094/Principio-da-moralidade- administrativa. Princípio da Proporcionalidade, disponível em: http://jb.jusbrasil.com.br/definicoes/100004707/principio-da-proporcionalidade Princípios fundamentaisda administração pública e os princípios da razoabilidade e proporcionalidade, disponível em: http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=9171.
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