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Adoção: Uma Questão de Amor e Responsabilidade

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1.Introdução
Esse tema procurará mostrar a importância que tem a adoção na vida das pessoas, a possibilidade de todos terem uma família. 
O instituto da adoção é uma modalidade artificial de filiação pela qual aceita-se como filho, de forma voluntária e legal, um estranho no seio familiar, pelo vínculo sócio-afetivo e não biológico. Na maioria das vezes, é utilizado como meio para pessoas incapazes de terem filhos biológicos poderem desempenhar o papel da maternidade e paternidade, constituindo-se a adoção, além de tudo, um ato de amor e coragem.
O estudo em questão, portanto, torna-se de suma relevância não só para a comunidade jurídica, mas para toda a sociedade, tendo em vista que buscará esclarecer alguns dogmas sobre o assunto e desmistificar questões já superadas em relação a adoção.
2.Evolução Histórica
Anteriormente ao Código Civil brasileiro de 1916, o instituto da adoção não vinha sistematizado, havendo várias possibilidades de adoção permitidas. O Código Civil de 2002 começou a disciplinar de forma ordenada o instituto da adoção, isto é, como instituição destinada a dar filhos, ficticiamente, àqueles a quem a natureza os tinha negado. 
A partir da Lei n. 3.133/57, adoção a ser um meio para melhorar as condições de vida do adotado. Essa lei alterou a de 1916, fazendo com que fosse possível que um maior número de pessoas fizessem a experiência da adoção, proporcionando ao adotado melhores condições, materiais e morais.
Foi a Constituição Federal, que equiparou, para quaisquer efeitos os filhos de qualquer natureza, inclusive os adotivos.
O Código de Menores substituiu a legitimação adotiva pela adoção plena, esta aproximadamente com as mesmas características daquela. 
Com o advento do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990, todas as adoções passaram-se a se chamar adoção plena.
 O ECA, em seu artigo 41, atribui ao adotado o status de filho, e assim dispõe: “A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direito e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais”. O procedimento é sempre judicial, vedada a iniciativa por procuração. 
A evolução desse instituto tem-se direcionado basicamente a atender os interesses do adotado, servindo como meio de solucionar ou amenizar o problema de crianças órfãos e abandonados, as quais vivem nas ruas ou em más condições de sobrevivência. 
3.Conceito
Adotar é muito mais do que criar e educar uma criança que não possui o mesmo sangue, ou a mesma carga genética, é antes de tudo uma questão de valores, uma filosofia de vida. A adoção é uma questão de consciência, responsabilidade e comprometimento com o próximo. É o ato legal e definitivo de tornar filho, alguém que foi concebido por outras pessoas. É o ato jurídico, que tem por finalidade criar entre duas pessoas relações jurídicas idênticas às que resultam de uma filiação de sangue.
A adoção prevista no ECA, em seu artigo 39 e seguintes, tem por principal objetivo, agregar de forma total o adotado à família do adotante e, como conseqüência, ocorre o afastamento em definitivo da família de sangue, de maneira irrevogável. Com isso, depois de findos os requisitos exigidos no Estatuto, o ingresso na família do adotante é completo. A partir daí, a preocupação do adotante é fazer com que a criança ou o adolescente esqueça por completo a sua condição de estranho e passe a ser tido como filho legítimo, detendo todas as condições para se sentir amado e protegido na nova família.
4.Natureza Jurídica
A maioria dos autores nacionais e estrangeiros refere-se à adoção como sendo de natureza contratual.
Outros acham que a idéia de contrato deve ser afastada porque as relações contratuais são fundamentalmente de conteúdo econômico, ao passo que o vínculo que a adoção estabelece é essencialmente espiritual e moral.
Em última hipótese, o instituto da adoção é de ordem pública, onde cada caso particular dependerá única, pura e exclusivamente de um ato jurídico individual, onde prevalecerá a vontade das partes, entre um acordo gerado entre as mesmas (adotantes e adotado), em uma situação jurídica permanente, do qual surgirão direitos e deveres para ambos.
Qualquer modificação na negocialidade da declaração de consentimento entre a vontade das partes poderá ser atingida, não afetando de forma alguma o sujeito que a emitiu (adotante ou adotado), pois, a adoção só se evidencia no seu ato constitutivo, e, nenhum fato preexistente a esta situação jurídica, prejudicaria juridicamente alguma das partes pelo fato de ainda neste momento não se tratar de coisa juridicamente válida, pois o ato da adoção ainda não se efetivou.
A adoção exige de ambas partes um acordo de vontade, não se concretiza por vontade unilateral. 
Mas, a adoção é muito mais que um acordo de vontades, sendo que o mais importante nesse instituto será a relação socioafetiva entre adotante e adotado, para que os mesmos constituam uma verdadeira família.
5.Requisitos objetivos e subjetivos da adoção
Para o cumprimento da adoção, foram estabelecidos requisitos, de ordem objetiva e outros de ordem subjetiva. 
Todas as pessoas maiores de dezoito anos, independentemente do estado civil, têm capacidade e legitimação para adotar. Para ser promovida a adoção por casal, basta que um deles tenha completado a idade mínima, devendo, porém, ser também demonstrada a estabilidade da família. 
A diferença de idade entre adotante e adotado, que a regra é de que esta seja de 16 anos, bastando que um dos requerentes preencha o requisito.
O CC/02 determina, em seu artigo 1.622, caput, afirmando que ninguém pode ser adotado por duas pessoas, salvo se forem marido e mulher ou viverem em união estável. 
A adoção é um ato pessoal do adotante, sendo que a lei veda a adoção por procuração. 
Entre os requisitos da adoção, está o estágio de convivência, consiste num período fixado pelo juiz para a aferição da adaptação do adotando ao novo lar, podendo ser dispensado se o adotando não tiver mais de um ano de idade ou se o tempo de convivência com os adotantes já for suficiente para a avaliação. Este será promovido obrigatoriamente se o adotando tiver mais de um ano de vida e tem o condão de tornar a adoção mais completa.
A finalidade do estágio de convivência é comprovar a compatibilidade entre as partes e a probabilidade de um futuro sucesso da adoção.
Na adoção por estrangeiro, a prova do estágio de convivência é indispensável. Nesse caso exige-se que o estágio de convivência ocorra no mínimo por quinze dias para criança até dois anos de idade e de, no mínimo, trinta dias para criança de mais dessa idade.
Outro requisito para a adoção diz respeito à concordância por parte do adotado, de seus pais ou representante legal. Entretanto, o consentimento do adotado somente é requerido e aceito se ele contar com mais de doze anos. O consentimento dos pais é sempre reclamado, a não ser que eles tenham sido destituídos do poder familiar ou se seus pais forem desconhecidos (CC/ 02, artigo 1.621, § 1°; artigo 45, § 1°, ECA).
 Outra novidade trazida pelo ECA e também contemplada pelo CC/02, é a possibilidade de se deferir adoção ao morto, chamada de adoção póstuma. “É necessário que o falecido tenha manifestado expressamente, em juízo, a vontade de adotar, e que o processo de adoção esteja em curso no momento do óbito.” (ALVES, 2005, p. 23).
A adoção deverá ser assistida pelo poder público, independente da idade do adotando (artigo 1623 do CC/02), sendo que se constitui por sentença judicial e somente poderá ser anulada, no caso de ofensa às prescrições legais.
6.Efeitos de ordem pessoal e patrimonial da adoção
O instituto da adoção produz efeitos de ordem pessoal e patrimonial a todos os envolvidos.
Gonçalves (2006, p. 347, grifo do autor) classifica os efeitos da seguinte forma: “os de ordem pessoal dizem respeito ao parentesco, ao poder familiar e ao nome; os de ordem patrimonial concernem aos alimentos e ao direito sucessório”.
Os principais
efeitos são: 
a) Rompimento do vínculo de parentesco com a família de origem; b) Estabelecimento de laços de parentesco civil; c) Transferência definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante; d) Liberdade razoável em relação à formação do nome patronímico do adotado; e) Possibilidade de promoção da interdição e inabilitação do pai ou mãe adotiva pelo adotado ou vice-versa. 
Os efeitos de ordem patrimonial se referem aos alimentos e ao direito sucessório. As relações sucessórias que prendiam o adotado aos pais de origem e as obrigações alimentícias decorrentes do parentesco natural não mais subsidiarão. Estes estabelecem os mesmos direitos e deveres dos parentes consangüíneos, já que o adotando também é equiparado a filho em todas as circunstâncias. 
Dentre os efeitos jurídicos patrimoniais produzidos pela adoção temos: 
a) Direito do adotante de administração e usufruto dos bens do adotado menor; b) Obrigação do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar; c) Dever do adotante de prestar alimentos ao adotado; d) Direito à indenização do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante; e) Responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade; f) Direito sucessório do adotado; g) Reciprocidade nos efeitos sucessórios; h) Filho adotivo não está compreendido na exceção do Código Civil; i) Rompimento de testamento se sobreviver filho adotivo; j) Direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciário;l) Superveniência de filho adotivo pode revogar doações feitas pelo adotante; m) Possibilidade de o adotado propor ação de investigação de paternidade, para obter o reconhecimento de sua verdadeira filiação; 
7.Direito à convivência familiar e comunitária: a família substituta
A criança e o adolescente possuem como direito fundamental o de possuir uma família. Seja ela natural, seja ela substituta, quando não é possível a sua convivência com a família natural.
A família substituta deve proteger à criança ou ao adolescente. 
A família quer de direito, quer de fato, não deixa de ser realmente o lugar ideal para a criação e educação da criança ou adolescente, pois será justamente em companhia de seus pais e demais membros que eles terão condições de um melhor desenvolvimento. Os pais são os maiores responsáveis pela formação e proteção do filho.
A família sempre foi e continua sendo à base da sociedade. Pois é através dela que vem a educação dos seus filhos e filhas. O Estado através do instituto da adoção busca assegurar ao adotando a existência de um núcleo familiar que é a célula da Sociedade, pois é através do aprendizado, da convivência em família que esse indivíduo vai se identificar dentro da sua comunidade. Mesmo que nos dias atuais o conceito de família seja amplo, pois há várias formas de duas pessoas se unirem e constituir uma família, todos sabemos que a mesma sempre será o elo de identificação entre o indivíduo e a sociedade a que pertence. 
A adoção visa, essencialmente, a proteção integral da criança e do adolescente, por isso, entre o pedido impetrado pelos adotantes e a homologação da sentença deve ocorrer o convencimento do juiz. Deve ser verificada a capacidade intelectual, afetiva e emocional dos adotantes para se avaliar as possibilidades reais do adotando encontrar, no novo lar, o equilíbrio e a normalidade familiar de que ele tanto carece. Todo esse estudo visa minimizar a margem de erro na colocação de uma criança ou adolescente numa família substituta equivocada. Procura-se deixar bem claro para o adotante sobre as suas obrigações e responsabilidades, assim como informá-lo sobre os efeitos que esse ato gerará e principalmente que não se trata de uma “boa ação”, mas de uma responsabilidade consciente para toda a vida de ambos: pais e filho.
Depois de aprovado pelo juiz, estes estarão em condições de adotar.
Formalizada a adoção, não mais poderá o adotante desistir e simplesmente devolver a criança. “A adoção é um caminho sem volta, por isso exige muita reflexão e maturidade.” De acordo com o ECA, a adoção é irrevogável, sendo necessário para a produção de seus efeitos que a mesma seja processada e autorizada pela via judicial.
8.A função social da adoção
Esse instituto tem caráter humanitário. Quem busca na adoção uma forma de preencher o vazio e a solidão, ou compensar a sua esterilidade ou a do cônjuge, ou até uma companhia para o outro filho, ou está com compaixão da criança abandonada, ou quer dar continuidade aos negócios da família, e esta pessoa está totalmente equivocada quanto aos verdadeiros sentidos da adoção.
A adoção trata-se também de um interesse público, pois tem o objetivo de proporcionar à criança uma infância melhor, dando a mesma um lar e a assistência necessária para o seu crescimento e desenvolvimento. Objetiva também uma criação com amor, carinho, como se fosse filho de sangue daquela família e que a partir do momento da concretização do ato, passou realmente a ser sua família.
A função social da adoção tem por objetivo a constituição de um lar para o adotado, além de possibilitar ao julgador decidir sobre a oportunidade e conveniência para o deferimento pedido de adoção. 
O Estatuto da Criança e do Adolescente, onde está regulado o instituto da adoção, possui um caráter social e visa proteger e criança e o Adolescente para assegurar-lhes os direitos fundamentais presentes na Constituição Federal, referentes à pessoa humana, à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade a e à convivência familiar e comunitária. Na adoção a pessoa adotada pode gozar do estado de filho, com os mesmos direitos do filho consangüíneo, pois através deste processo, o mesmo é inserido no ambiente familiar, a ele é dado um lar, amor, carinho, afetividade, independente do vínculo biológico.
Adotar significa proporcionar a criança tudo que ela precisa para sobreviver, além de muito amor e carinho. Não se trata de proporcionar a esta criança apenas o preenchimento das necessidades materiais, pois isto se configura apenas assistencialismo, adotar é muito mais que isso. É a entrega total por parte dos adotantes.
Não existe adoção sem amor. Adotar representa trazer para a sua família um ente que será seu. Que será educado como membro da sociedade, pois um dia este filho também virá a constituir uma família, dando a ela o mesmo amor e educação com que foi criado.
9.Socioafetividade como condição de vínculo adotivo
A filiação sócio-afetiva nada mais é que o relacionamento entre adotante e adotado. Assemelha-se a relação dos pais (pai e mãe) com seu filho, sob o ponto de vista das relações sociais e emocionais. Coelho (2006, p. 160) diz que “se um homem, mesmo sabendo não ser o genitor de criança ou adolescente, trata-o como se fosse seu filho, torna-se pai dele. Do mesmo modo, a mulher se torna mãe daquele de quem cuida como filho durante algum tempo.”
A socioafetividade tem sido vista e acolhida na jurisprudência brasileira, com o objetivo de impedir que o homem, depois de já ter assumido a condição de pai por algum tempo, por razões que não dizem respeito com a sua relação com o filho, pretenda se exonerar da sua responsabilidade patrimonial.
A filiação socioafetiva é fruto do ideal da paternidade e da maternidade responsável, hasteando o véu impenetrável que encobre as relações sociais, regozijando-se com o nascimento emocional e espiritual do filho, conectando a família pelo cordão umbilical do amor, do afeto, do desvelo, da solidariedade, subscrevendo a declaração do estado de filho afetivo. 
Pais são aqueles que amam e dedicam sua vida aos filhos e dão a eles afeto, atenção, conforto, carinho, enfim, um porto seguro, cujo vínculo nem a lei e nem o sangue garantem. É dizer, no fundamento do estado de filho afetivo que é possível encontrar a genuína paternidade, que reside antes no serviço e no amor do que na procriação.
No instituto da adoção, o fator afetividade está intimamente ligado a filiação,
pois a intensidade das relações que unem pais e filhos, independente da origem genética. 
A finalidade da família é a concretização e a fundação do amor e dos interesses afetivos entre seus membros, pois o afeto, não é fruto somente de origem biológica, mas sim é fruto também de um processo de adoção.
Difícil é imaginar uma família onde não exista afeto. Se ele, não existe família, pois configura apenas uma reunião de pessoas em uma comunidade, onde uma pessoa é estranha a outra. É pelo afeto que pais e filhos se entregam, trata-se de um sentimento intenso que une cada dia mais os membros desta família.
10.Cadastro de habilitação: vantagem ou entrave à adoção
Para regular essa matéria, foi inserida na Lei n. 8.069/90, o artigo 50 que diz: “A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou foro regional, um registro de crianças e adolescentes em condições de serem adotados e outro de pessoas interessadas na adoção”. Para o deferimento da inscrição deverão se manifestar os técnicos do Juizado e o Ministério Público, conforme dispõe o §1° e § 2° do mesmo artigo.
Os casais ou pretendentes solteiros, que pretendem adotar devem se dirigir ao Fórum Cível da comarca onde residirem e lá iniciarem o processo de habilitação para adoção.
A habilitação para adotar é o resultado de um processo pelo qual os pretendentes são exaustivamente avaliados, psicológica e socialmente. Essas avaliações acontecem por meio de entrevistas psicosociais, das quais resultam laudos de ordem psicológica e econômico-social, e também da exibição de documentos (atestados de antecedentes cíveis, criminais e de saúde, comprovantes de renda e de residência etc - cada comarca possui um rol próprio dos documentos exigidos para a instrução da habilitação), a fim de que sejam considerados capazes (ou não) de adotar e criar, de forma satisfatória, uma criança ou um adolescente, bem como para que o casal ou pretendente realizar a tarefa de exercer a paternidade ou maternidade possa determinar as características ("perfil" - sexo, idade, cor dos cabelos, cor dos olhos, antecedentes patológicos etc) da criança e/ou adolescente que pretende adotar (ATISANO, 2007).
 Esse registro ou cadastramento poderá abranger as crianças e adolescentes institucionalizados e aqueles em situação de risco pessoal atendidos pelo serviço técnico do Juizado da Infância e da Juventude, que estão aptos a ser inseridos num contexto familiar alternativo.
 Construir um banco de dados, com o cadastramento de crianças e adolescentes, facilitará a busca de pessoas interessadas em adotar, trata-se de uma necessidade das comarcas do interior do Estado. Com o funcionamento deste sistema, os adotantes de todas as partes poderão ter a oportunidade e a facilidade de encontrar a criança ou adolescente que pretendem adotar, pois nesse cadastro deverá conter todos os dados pessoais da criança, assim como elementos que constituem a vida social e afetiva da criança ou adolescente.
O CNJ (Conselho Nacional do Ministério Público) já aprovou o projeto de criação de um cadastro nacional de adoção, para que os processos se tornem mais eficazes e para facilitar a procura pela criança desejada. Isso será viabilizado por meio de um sistema informatizado que unificará todas as comarcas do país, onde os próprios juízes serão responsabilizados pelas informações. Sem dúvida isso representa um avanço na viabilização do processo de adoção, pois permitirá uma interação nacional na concretização do processo de adoção, o que representa para um país, como o Brasil, oportunidades para tantas crianças e adolescentes que permanecem a margem do processo social. Além disso, significa a realização do exercício da maternidade e paternidade buscada por tantas pessoas que, não podem ou não desejam gerar seus filhos.
11.Conclusão
Vive-se num mundo em constante transformação, onde a cultura das pessoas é deficiente e o preconceito ainda existe. A adoção é um exemplo transparente disso. Adotar um filho é sempre um ato de coragem, afinal é preciso enfrentar o desejo da família em ter consigo alguém que não carregue suas características genéticas, o preconceito da sociedade em relação às crianças abandonadas, e, principalmente, um medo irracional que muitas vezes se sente de não tratar como filhos crianças que não sabemos a origem. Para quem quer adotar existe uma burocracia imensa. O processo de adoção já foi muito lento e demorado, mas hoje com o Estatuto de Criança e do Adolescente e com o pleno funcionamento do Juizado da Criança e da Juventude, tudo ficou mais simples e mais rápido.
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1. Conceito e Requisitos da Adoção
A adoção é um ato jurídico solene pelo qual se estabelece um vínculo fictício de filiação, dando origem a uma relação jurídica de parentesco civil entre a pessoa adotada e o adotante.
Maria Helena Diniz, em sua obra "Curso de Direito Civil Brasileiro", volume 5 - Direito de Família, 23ª Edição, Editora Saraiva, página 507, explica:
"A adoção é, portanto, um vínculo de parentesco civil, em linha reta, estabelecendo entre adotante, ou adotantes, e o adotado um liame legal de paternidade e filiação civil. Tal posição de filho será definitiva ou irrevogável, para todos os efeitos legais, uma vez que desliga o adotado de qualquer vínculo com os pais de sangue, salvo os impedimentos para o casamento"CF, art. 227, parágrafos 5º e 6º), criando verdadeiros laços de parentesco entre o adotado e a família do adotante (CC, art. 1.626)."
A adoção deve ser feita por maior de 18 anos, independente do estado civil, ou por casal, de acordo com o artigo 42, caput, do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Além disso, deve haver diferença mínima de idade entre o adotante e o adotado. O artigo 42, § 3º do ECA determina que essa diferença deve ser de pelo menos 16 anos. Se os adotantes fizerem parte de um casal, basta que um deles seja 16 anos mais velho que a pessoa adotada.
Outro requisito importante para a adoção é o consentimento do adotado, de seus pais ou de seu representante legal. Se o adotado tiver mais do que 12 anos de idade, deverá ser ouvido para se manifestar sobre a adoção, segundo o art. 28, § 2º da Lei 12.010/09.
O presente instituto só se aperfeiçoa com a intervenção judicial, junto ao Ministério Público, segundo dispõe o artigo 47 do ECA. Esse requisito é essencial inclusive para a adoção de pessoas maiores de 18 anos, segundo a nova redação dada ao art. 1.619 do Código Civil pela Lei 12.010/09:
“Art. 1.619. A adoção de maiores de 18 (dezoito) anos dependerá da assistência efetiva do poder público e de sentença constitutiva, aplicando-se, no que couber, as regras gerais da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente.” (NR)”
A sentença judicial que declarar a adoção terá efeito constitutivo e deverá ser inscrita no registro civil.
Assim dispõe o referido artigo 47 do ECA:
“Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial, que será inscrita no registro civil mediante mandado do qual não se fornecerá certidão.”
No entanto, a adoção apenas se consuma com o assento da sentença constitutiva, ou seja, com a averbação no registro de nascimento do adotado.
O adotado entra definitivamente para a família do adotante, tendo os mesmo deveres e direitos dos outros filhos, inclusive os sucessórios, de acordo com o artigo 41 do ECA, que dispõe que:
“A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais.”
2. Efeitos Pessoais e Patrimoniais da Adoção
A adoção é um instituto jurídico que gera diversos efeitos, pessoais e patrimoniais. Alguns efeitos pessoais decorrentes da adoção são: (i) rompimento do vínculo de parentesco com a família original, de forma que os pais naturais do adotado não poderão mais requerer notícias deste depois da adoção; (ii) estabelecimento de laços de parentesco civil entre adotado e toda a família do adotante; (iii) transferência definitiva e de pleno direito do poder
familiar para o adotante.
Maria Helena Diniz, em sua obra"Curso de Direito Civil Brasileiro", volume 5 - Direito de Família, 23ª Edição, Editora Saraiva, página 518, explica que"o poder familiar constitui finalidade primordial da adoção por ter ela intuito de beneficência, como zelar pelo desenvolvimento físico, pela educação moral e pelo cultivo intelectual do adotado, porém não tem natureza de elemento essencial do ato por ser admitida a adoção de maiores."
Alguns efeitos patrimoniais decorrentes da adoção são: (i) direito do adotante de administração e usufruto dos bens do adotado menor de idade; (ii) dever do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar; (iii) dever do adotante de prestar alimentos ao adotado; (iv) direito à indenização do filho adotivo por acidente de trabalho ao adotante; (v) responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menos de idade; (vi) direito sucessório do adotado; (vii) direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciário; (viii) possibilidade de o adotado propor ação de investigação de paternidade.
Sobre o assunto, Maria Helena Diniz, em sua obra" Curso de Direito Civil Brasileiro ", volume 5 - Direito de Família, 23ª Edição, Editora Saraiva, página 522, expõe:
" Os efeitos pessoais e patrimoniais de adoção operam “ex nunc”, pois têm início com o trânsito em julgado da sentença, salvo se o adotante vier a falecer no curso do procedimento, caso em que terá força retroativa à data do óbito, produzindo efeito “ex tun” (CC, art. 1.628, 1ª parte) e, consequentemente, o adotado, na qualidade de filho, será considerado seu herdeiro. "
3. Inexistência, nulidade, anulabilidade e extinção da adoção
O procedimento da adoção, como o de outros institutos jurídicos, pode ser considerado inexistente, nulo ou anulável.
A adoção é considerada inexistente quando houver falta de consentimento do adotado e do adotante, quando houver falta de objeto e também quando houver falta de processo judicial com a intervenção do Ministério Público. A falta de objeto ocorre, por exemplo, se o adotante não estiver apto ao exercício do poder familiar por incapacidade, ausência ou interdição civil.
A adoção será nula se forem violadas as disposições legais do artigo 166, V e VI do Código Civil:
"Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;"
Por exemplo, será nula a adoção quando adotante não for maior 18 anos, ou se não houver diferença de pelo menos 16 anos de idade entre o adotado e o adotante.
Também será nula a adoção se houver vício resultante de simulação, de acordo com o artigo 167 do Código Civil, ou se houver fraude à lei, de acordo com o artigo 166, VI do Código Civil.
Assim prevê o artigo 167 do Código Civil:
"Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma.
§ 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem;
II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira;
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados."
Sobre a nulidade da adoção por simulação, já se manifestou o Tribunal de Justiça de Minas Gerais:
“APELAÇÃO CÍVEL - FAMÍLIA - NASCIMENTO - REGISTRO CIVIL - RECONHECIMENTO DE PATERNIDADE - SIMULAÇÃO - FALSIDADE - PATERNIDADE BIOLÓGICA - PATERNIDADE SOCIOAFETIVA - ADOÇÃO - DEVIDO PROCESSO - VÍNCULO AFETIVO - INEXISTÊNCIA - EFEITOS - PATERNIDADE SOCIAL - ASSISTÊNCIA MATERIAL - PRESTAÇÃO DE ALIMENTOS - DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA - PATERNIDADE RESPONSÁVEL -" ADOÇÃO À BRASILEIRA ": CONSEQUÊNCIAS PERSISTENTES. 1. É nulo o ato de reconhecimento de filiação alheia como própria, se dolosamente simulada a declaração de paternidade. 2. Embora nulo o negócio jurídico simulado, o que se dissimulou subsiste se válido no conteúdo e na forma. 3. Processo e sentença proferida em ação de adoção são requisitos formais de validade do ato de registro da paternidade socioafetiva. 4. O afeto é elemento de consolidação da relação parental, mas sua ausência não a descaracteriza. 5. Só a extinção do vínculo afetivo entre pais e filhos não os exime das obrigações e direitos legais derivados do poder/dever familiar. 6. Ainda que não haja afeto, subsiste a relação de parentalidade social, fundada nos princípios constitucionais da dignidade humana e da paternidade responsável, orientados à preservação da família. 7. O dever de prestação de alimentos é expressão da paternidade social de que se investe aquele que voluntariamente reconheceu como próprio filho de outrem, ainda que ao arrepio do devido processo ("adoção à brasileira").” (grifei) (TJ-MG - Apelação Cível AC 10362100016314001 MG TJ-MG)
A adoção será anulável quando: (i) não houver assistência do pai, tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente incapaz, em atenção ao artigo 171, I do Código Civil; (ii) não houver anuência da pessoa que detém a guarda do menor ou interdito; (iii) houver consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz, também com base no art. 171, I, CC; (iv) houver vício resultante, como erro, dolo ou coação, de acordo com o artigo 171, II, CC; (v) houver falta de consentimento do cônjuge ou convivente do adotante.
Assim dispõe o artigo 171 do Código Civil, mencionado acima:
"Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:
I - por incapacidade relativa do agente;
II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores."
Alguns julgados estão dispensando a anuência do cônjuge ou convivente quando a adoção é feita por casal, uma vez que há presunção do consentimento de ambos.
Sobre o assunto, Maria Helena Diniz, em sua obra" Curso de Direito Civil Brasileiro ", volume 5 - Direito de Família, 23ª Edição, Editora Saraiva, página 523, expõe:
"A ação de impugnação da adoção tem causa na nulidade ou anulabilidade da adoção, desdobrando-se em (a) ação de nulidade da adoção, que é meramente declaratória, não produzindo efeito constitutivo, porque não tem o poder de dissolver vínculo de filiação que já nasceu ineficaz, limitando-se apenas a declarar essa situação; por isso a declaração da nulidade dispensa processo especial, podendo vir a lume em qualquer processo onde a questão venha a ser ventilada (RT, 182;460); (b) ação de anulação da adoção movida pelo adotante ou adotado que pretende romper o laço de parentesco civil."
Nas ações de anulação, além do adotante e do adotado, têm legitimação ativa também os terceiros interessados (parentes e sucessores), e, além disso, é importante ressaltar que o Ministério Público deve obrigatoriamente intervir, por versar sobre estado de pessoa.
Quanto à extinção da adoção, pode ocorrer por deserdação, quando há rompimento de seu efeito sucessório, desde que haja casos dos arts. 1.814, 1.962 e 1.963 do Código Civil.
A adoção também pode ser extinta pela indignidade, nos casos arrolados no art. 1.814 CC, já mencionado acima, processando-se mediante ação ordinária movida dentro de 4 anos contados da abertura da sucessão, de acordo com o art. 1.815, CC:
"Art. 1.815. A exclusão do herdeiro ou legatário, em qualquer desses casos de indignidade, será declarada por sentença.
Parágrafo único. O direito de demandar a exclusão do herdeiro ou legatário extingue-se em quatro anos, contados da abertura da sucessão."
Ocorre a extinção da adoção, ainda, pelo reconhecimento judicial do adotado pelo pai de sangue, admitido de maneira excepcional, e também pela morte do adotante ou adotado.
No entanto, a jurisprudência entende que a paternidade socioafetiva não obsta o reconhecimento da paternidade biológica:
APELAÇAO CÍVEL. AÇAO DE INVESTIGAÇAO DE PATERNIDADE. SENTENÇA QUE RECONHECEU A PATERNIDADE BIOLÓGICA DO RÉU EXCLUSIVAMENTE PARA FINS DE DIREITO DE PERSONALIDADE,
SEM OS DEMAIS EFEITOS JURÍDICOS. APELO DO AUTOR QUE REQUER A REFORMA DO DECISUM PARA RECONHECER A PATERNIDADE BIOLÓGICA EM TODOS SEUS EFEITOS. CABIMENTO. PATERNIDADE SOCIOAFETIVA QUE NAO OBSTA O RECONHECIMENTO DA PATERNIDADE BIOLÓGICA, QUE DEVE SER RECONHECIDA EM TODA SUA EXTENSAO, INCLUSIVE PATRIMONIAL E HEREDITÁRIA. PRECEDENTES DO STJ E DESTE TRIBUNAL. DISCRIMINAÇAO ENTRE OS FILHOS QUE É VEDADA PELA CONSTITUIÇÃO FEDERALEM SEU ART. 227RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.
(TJ-SC - Inteiro Teor. Apelação Cível: AC 20120238431 SC 2012.023843-1)
4. Adoção Internacional
A adoção internacional é o meio pelo qual uma criança ou adolescente em estado de abandono são transferidos para um lar fora do Brasil, desde que obedecidas as regras do país do adotado e do adotante.
Assim dispõe o Estatuto da Criança e do Adolescente:
Art. 51. Considera-se adoção internacional aquela na qual a pessoa ou casal postulante é residente ou domiciliado fora do Brasil, conforme previsto no Artigo 2 da Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, aprovada pelo Decreto Legislativo no 1, de 14 de janeiro de 1999, e promulgada pelo Decreto no 3.087, de 21 de junho de 1999.
§ 1o A adoção internacional de criança ou adolescente brasileiro ou domiciliado no Brasil somente terá lugar quando restar comprovado: 
I - que a colocação em família substituta é a solução adequada ao caso concreto; 
II - que foram esgotadas todas as possibilidades de colocação da criança ou adolescente em família substituta brasileira, após consulta aos cadastros mencionados no art. 50 desta Lei; 
III - que, em se tratando de adoção de adolescente, este foi consultado, por meios adequados ao seu estágio de desenvolvimento, e que se encontra preparado para a medida, mediante parecer elaborado por equipe interprofissional, observado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei. 
§ 2o Os brasileiros residentes no exterior terão preferência aos estrangeiros, nos casos de adoção internacional de criança ou adolescente brasileiro. 
§ 3o A adoção internacional pressupõe a intervenção das Autoridades Centrais Estaduais e Federal em matéria de adoção internacional."
Dessa forma, percebe-se o caráter excepcional da adoção internacional, pois ela é viável apenas quando não houver cidadão brasileiro interessado na adoção, dando-se preferência aos brasileiros residentes no exterior.
Segundo o artigo 47 do Estatuto da Criança e do Adolescente, a sentença que concede a presente adoção torna-se irrevogável após o trânsito em julgado, sendo declaratória e constitutiva, porque declara extinto o poder familiar dos pais biológicos e constitui novo vínculo de filiação entre o adotante e o adotado.
5. Adoção por Homoafetivos 
Quando se fala em adoção homoafetiva, verifica-se que, com o passar do tempo, o termo “família” foi ampliado, não sendo mais necessário que duas pessoas, sendo apenas homem e mulher, se unam em matrimonio para formarem uma família.
Com base nisso, a Justiça Brasileira evoluiu bastante no sentido de possibilitar a adoção por casais homoafetivos, com base nos princípios constitucionais da igualdade e da dignidade da pessoa humana.
Nesse sentido, já se manifestou a jurisprudência:
"APELAÇÃO CÍVEL. ADOÇÃO. CASAL FORMADO POR DUAS PESSOAS DE MESMO SEXO. POSSIBILIDADE. Reconhecida como entidade familiar, merecedora da proteção estatal, a união formada por pessoas do mesmo sexo, com características de duração, publicidade, continuidade e intenção de constituir família, decorrência inafastável é a possibilidade de que seus componentes possam adotar. Os estudos especializados não apontam qualquer inconveniente em que crianças sejam adotadas por casais homossexuais, mais importando a qualidade do vínculo e do afeto que permeia o meio familiar em que serão inseridas e que as liga aos seus cuidadores. É hora de abandonar de vez preconceitos e atitudes hipócritas desprovidas de base científica, adotando-se uma postura de firme defesa da absoluta prioridade que constitucionalmente é assegurada aos direitos das crianças e dos adolescentes (art. 227 da Constituição Federal). Caso em que o laudo especializado comprova o saudável vínculo existente entre as crianças e as adotantes" (APELAÇÃO CÍVEL SÉTIMA CÂMARA CÍVEL Nº 70013801592, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luis Felipe Brasil Santos, Julgado em 05/04/2006).
“Ementa: DIREITO CIVIL. FAMÍLIA. ADOÇÃO DE MENORES POR CASAL HOMOSSEXUAL. SITUAÇÃO JÁ CONSOLIDADA. ESTABILIDADE DA FAMÍLIA. PRESENÇA DE FORTES VÍNCULOS AFETIVOS ENTRE OS MENORES E A REQUERENTE. IMPRESCINDIBILIDADE DA PREVALÊNCIA DOS INTERESSES DOS MENORES. RELATÓRIO DA ASSISTENTE SOCIAL FAVORÁVEL AO PEDIDO. REAIS VANTAGENS PARA OS ADOTANDOS. ARTIGOS 1º DA LEI 12.010 /09 E 43 DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. DEFERIMENTO DA MEDIDA”. (STJ - RECURSO ESPECIAL REsp 889852 RS 2006/0209137-4)
1. - Noções introdutórias.
A adoção é um instituto jurídico que procura imitar a filiação natural, adoptio natura imitatur.
Conforme ensinamento de Carbonnier, "a filiação adotiva é uma filiação puramente jurídica, que repousa na pressuposição de uma realidade não biológica, mas afetiva"1.
Existem no nosso ordenamento jurídico dois tipos de adoção: a plena, prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente para os menores de dezoito anos de idade ou maiores na hipótese prevista no artigo 2º, § único, e, a restrita, disciplinada pelo Código Civil, para os maiores de dezoito anos. O mestre Antunes Varela oferece uma definição que serve para ambas as adoções: "O ato jurídico pelo qual se estabelece entre duas pessoas (adoptante ou adoptantes, de um lado; adoptado, por outro), independentemente dos laços do sangue, uma relação legal de filiação"2.
A finalidade da adoção mudou consideravelmente, posto que, antigamente era de atender a interesses religiosos dos adotantes, e passou a ser de atender aos interesses do adotado, objetivando dar-lhe um lar, uma família. 
Esta alteração ocorreu com o advento da Constituição Federal de 1988, que em seu artigo 227, § 6º determina que os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação, mandamento este que foi ratificado pelo art. 20 do ECA.
Na adoção esposada pelo Código Civil em vigor, a adoção possui caráter contratual, baseado exclusivamente na manifestação de vontade das partes: adotante e adotado. Diverso do que ocorre na denominada adoção plena, como se verifica do disposto no art. 47 do ECA, a adoção constitui-se por sentença. Trata-se de uma das modalidades de colocação de menores em família substituta; as demais são guarda e tutela. Conforme lição de Antunes Varela, "por um lado, a adoção deixa de constituir um puro negócio jurídico, entregue á iniciativa altruísta do adoptante, e passou a constituir necessariamente objeto de uma ação judicial, assente num inquérito destinado a garantir a finalidade essencial de nova relação familiar"3.
Com a nova sistemática, não são mais os adotantes que escolhem os filhos adotivos. Nos termos do artigo 50 do ECA, a autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou foro regional, um registro de pessoas interessadas em adotar. Portanto, são os candidatos a adotantes, que precisam apresentar os requisitos legais e não se enquadrarem nas hipóteses do art. 29 do ECA ( art. 50, § 2º, ECA). Também vale salientar que a adoção só será deferida, quando apresentar reais vantagens para o adotando e fundar-se em motivos legítimos (art. 43, ECA).
Importante frisar a finalidade desta figura jurídica tão nobre. O instituto da adoção pode apresentar duas finalidades: ou dar filhos àqueles que não puderam tê-los naturalmente; ou dar pais àqueles que estão desamparados.
Para Clóvis Beviláqua, essas duas finalidades existem na adoção: "Ela tinha a finalidade de dar filhos a quem não os tinha pela natureza e trazer, para o aconchego da família, filhos privados de arrimo"4.
No Código
Civil de 1916, predomina a finalidade de dar filhos a quem não pode tê-los naturalmente. Neste sentido é a lição de Jayme Abreu: "Havia obstáculos legais à integração total do adotado à família do adotante. A criação do parentesco civil, exclusivamente entre adotado e sua família natural. A possibilidade do rompimento da adoção, de comum acordo, ou unilateralmente, pelo adotado, quando completasse a maioridade, e pelo adotante, por ato de ingratidão"5.
Já a posição adotada pelo ECA é totalmente diversa. Optou o legislador pela finalidade de dar uma família para os desamparados, como se verifica do disposto no art. 28, que afirma ser a adoção uma das modalidades de colocação do menor de dezoito anos em família substituta, além do art. 43 do ECA, que condiciona o deferimento da adoção, quando ela apresentar reais vantagens para o adotando.
Portanto, vigora, no sistema do ECA, a primazia do interesse do adotado, interesse este que irá determinar o deferimento ou não do pedido de adoção. Incontestável que, na adoção do ECA, o que sempre deve prevalecer é o interesse do adotado sobre todos os outros envolvidos na adoção, isto é, o interesse do adotado deve predominar sobre os interesses dos pais, dos adotantes, ou de eventuais guardiões.
Como conseqüências dessa preferência pelos interesses do adotado, decorrem outros, como os assinalados por Nora Lloveras, destacando a "prioridade da própria família, o princípio da necessária integração do menor a uma família, o princípio inseparabilidade dos irmãos, princípios todos que acompanham coerentemente o princípio reitor enunciado no interesse do adotado"6.
Desta feita, podemos concluir que atualmente existem duas formas de adoção: a adoção regida pelo Código Civil e a regida pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90).
São regidas pelo Código Civil as adoções dos maiores de dezoito anos, nos arts. 183, nºs. III e V. 336, 368 a 378, 392, IV, 1.605 e § 2º, 1.609 e 1.618.
São regidas pelo ECA as adoções dos menores de dezoito anos, salvo se já estiverem sob a guarda ou tutela dos adotantes (art. 40, combinado como o parágrafo único do art. 2º do ECA), conforme estabelecido nos arts. 39 a 52, independentemente da situação jurídica da criança ou adolescente (art. 28, ECA). Isto quer dizer que são abrangidos tanto os menores de dezoito anos em situação irregular como regular. Dispõe o art. 39 do ECA que a adoção da criança e do adolescente reger-se-á segundo o disposto nesta lei. Por sua vez, o art. 2º do ECA conceitua criança, para os efeitos da lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente, aquele entre doze e dezoito anos de idade.
É bem verdade que o ECA não distingue a adoção em restrita e plena. Contudo, ao permanecerem vigorando as normas referentes à adoção para os maiores de dezoito anos, podemos afirmar que a adoção regulamentada no ECA é plena e a do Código Civil, restrita. A principal diferença, s.m.j., é substancial, diz respeito a formação: a adoção no Código Civil forma-se através da manifestação de vontade, enquanto que a adoção no ECA constitui-se por sentença judicial (art. 47, ECA).
2. Normas do novo Código Civil Brasileiro compatíveis com as do Estatuto da Criança e do Adolescente.
O Novo Código Civil Brasileiro manteve a diretriz do ECA, bem como os princípios consagrados pela Carta Magna. O novo Código Civil transcreve diversas normas do Estatuto. Contudo, a nova legislação deixa lacunas de grande proporção, pois mesmo com inovações e avanços, o legislador não esgotou a matéria o que, por certo, será o desafio de todos os Operadores do Direito.
De forma bastante singela, passamos a analisar as alterações trazidas pelo Novo Código Civil, sem questionarmos, contudo, se tais modificações são salutar ao nosso Direito.
Inicialmente, o novo Código Civil não define qual a competência jurisdicional para a adoção de maiores de dezoito anos, permanecendo exclusivamente à Vara da Infância e Juventude responsável pela adoção prevista no ECA. Contudo, com certeza, caberá á Justiça de Família apreciar os pedidos de adoção de maiores de dezoito anos.
A idade mínima para adotar que atualmente é de 30 anos (art. 368 do CC), passa a ser de dezoito anos, segundo estabelece o artigo 1.618 do NCCB. Tal dispositivo legal esta de conformidade com a Parte Geral do Código que em seu artigo 5º estabelece o limite de 18 anos para a maioridade civil. Já com relação a diferença de idade entre adotante e adotado, o no CCB manteve de 16 anos, assim como previsto no ECA artigo 42, § 3º.
Com a redação dada ao artigo 1.618 'caput', qualquer pessoa que constar com mais de 18 anos poderá adotar, independente de seu estado civil, sexo ou nacionalidade. Quando o pedido for requerido por duas pessoas deverão ser casados ou companheiros, bastando que apenas um deles tenha completado dezoito anos de idade e que haja comprovação da estabilidade familiar (arts. 1622 e 1.618, § único, respectivamente).
Grande inovação é no sentido da constituição da adoção. Com a entrada em vigor do NCCB a adoção para maiores de dezoito anos, assim como ocorre para os menores desta idade, obedecerá a processo judicial com a intervenção do Ministério Público (art. 1.623 e § único, respectivamente). Contudo, peca o Novo Código ao deixar de mencionar quais os requisitos necessários para o respectivo processo judicial de adoção. De qualquer forma, a adoção, independentemente de idade, para ter eficácia e validade, deverá receber a chancela jurisdicional do Estado, mediante provimento judicial, sentença de natureza constitutiva, nos termos do artigo 1.627, a exemplo do artigo 47 do ECA.
Ressalta-se que, assim como já ocorre com a adoção regulamentada no ECA, no novo CCB transitada em julgada a sentença que concedeu a medida, tal decisão fará coisa julgada material, findando, assim, com a polêmica acerca da revogabilidade para a adoção de maiores, matéria que foi objeto de controversas graças aos artigos 373 e 374 do CC em vigor.
Como o § 6º do artigo 47 do ECA, admite o novo Código Civil a concessão da medida pos mortem. O art. 1.628, indica os efeitos da adoção a partir do transito em julgado da sentença, "exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento, caso em que terá força retroativa à data do óbito".
Outro grande avanço diz respeito ao artigo 1.625 do NCCB que determina que a medida deve constituir "efetivo benefício para o adotado", seguindo a linha do artigo 43 do ECA. Portanto, todas as controvérsias quanto ao real motivo da adoção caem por terra, deixando claro que a adoção, tanto para maiores como para menores de idade, devem obedecer o mesmo princípio, qual seja, do "melhor interesse da criança".
No que pertine ao consentimento dos pais ou responsáveis legais do adotando, a regra é que deverá haver concordância para o deferimento da medida (CC, arts. 1.635, V, e 1.638). A exceção encontra-se nas hipóteses dos artigos 1.621, § 2º e 1.624, do novo Código Civil, normas que dispensam tal aceitação.
Seguindo princípio constitucional, o artigo 1.626 do NCCB determina o rompimento do vínculo de filiação da família biológica, ressalvados os impedimentos matrimoniais que poderão ser invocados a qualquer tempo. Deve-se observar o disposto o parágrafo único do artigo 1.627 que consagra a denominada "adoção unilateral", assim como o artigo 41 § 1º do ECA. Porem, o artigo 1.627 ressalta que quando a substituição se dá apenas na linha materna ou paterna, o cônjuge ou concubino do adotante não perderá o pátrio poder, exercendo-o em toda a sua plenitude, tudo de conformidade com o artigo 21 do ECA.
O artigo 1.628 do NCCB dispõe que "as relações de parentesco se estabelecem não só entre adotante e adotado, como também entre aquele e os descendentes deste", ampliando, desta feita, tais relações, já que o Código Civil em vigor restringe ao adotante e adotado.
Por derradeiro, no que concerne a adoção por tutor ou curador, o NCCB manteve a mesma linha do CC em vigor (art. 371), bem como do ECA (art. 41), ao exigir, para referida concessão "à prestação
de contas e ao pagamento de eventuais débitos".
3. Omissões do novo Código Civil Brasileiro
O novo Código Civil deixou de regulamentar o estágio de convivência entre adotado e adotando, inobstante a ele ter se referido no artigo 1.622, § único, entendo mantida a norma legal do Estatuto da Criança e do Adolescente (art. 46) referente ao tema.
De igual sorte, quanto à adoção internacional, o novo Código Civil orienta no sentido de que " obedecerá aos casos e condições que forem estabelecidas em lei" (art. 1.629), permanecendo, desta feita, enquanto não editada nova legislação, as orientações esculpidas no Estatuto da Criança e do Adolescente para o deferimento deste tipo de adoção.
Outros itens não consagrados pelo novo Código Civil e que deverão permanecer, s.m.j., as orientações do Estatuto da Criança e do Adolescente, dizem respeito à vedação de adoção dos menores de dezoito anos por procuração (ECA, art. 39, § ú), à restrição da medida aos ascendentes e irmãos do adotando (ECA, 42, § 1º), bem como os critérios para a expedição de mandado e respectivo registro no termo de nascimento do adotado (ECA, art. 47). 
4. Conclusão.
Primeiramente, verifica-se que não mais subsiste a divisão em adoção restrita (maiores de dezoito anos) e adoção plena (menores), até então vigente e reguladas pelo Código Civil e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, respectivamente. Passam, agora a ser tratadas da mesma forma, exigindo-se procedimento judicial para ambas.
Com a entrada em vigor do novo Código Civil a adoção passa a ser uma só, independente da idade do adotado, com todos os dispositivos regulamentadores da matéria açambarcados pelo novo diploma legal. Trata-se de lei nova, a qual revoga os dispositivos anteriores, todavia, sem conseguir esgotar a matéria, muito embora o esforço do legislador. Sendo assim, dúvidas existem acerca da subsistência daqueles dispositivos constantes no ECA e que não constam a nova legislação. Todavia, entende-se que só devem ser revogados aqueles dispositivos incompatíveis com a nova legislação.
Desta feita, em regra, todas as normas e princípios para a adoção do menor de dezoito anos passam a valer também para a adoção do maior, inclusive a questão da total integração do adotando com a família do adotante. Passando, para este último, a adoção atribuir a situação de filho, desligando-se de qualquer vínculo com os pais e parentes consangüíneos, salvo, quanto aos impedimentos para o casamento.
De uma forma geral, vê-se que o novo Código Civil relativamente ao instituto da adoção seguiu as orientações do ECA bem como de todos os princípios constitucionais relativos aos direitos fundamentais, em especial aquele que diz com o melhor interesse da criança.
A verdade é que, a par das alterações acima referidas, os efeitos advindos da adoção e que se refletem na ordem pessoal e patrimonial do adotado, persistem, inclusive ampliando para os maiores de dezoito anos. No que se refere aos efeitos de ordem pessoal, a adoção gera para o adotado o parentesco, em tudo equiparado com o consangüíneo, atribuindo a situação de filho para o adotado, desligando-se de qualquer vínculo com os pais e parentes consangüíneos, exceto quanto aos impedimentos para o casamento. Relativamente aos efeitos de ordem patrimonial, com a adoção são devidos alimentos entre adotante e adotado, reciprocamente, surgindo também o direito sucessório, diante da equiparação do adotado com filhos de sangue.
*-*
A adoção hoje no Brasil coloca o filho adotado diretamente como os mesmo direitos de um filho consanguíneo, isso foi uma grande evolução já que a redação do código anterior não integrava o adotando totalmente a família.
A nova redação da Lei 12.010 de 3 de agosto de 2009, altera inclusive o Estatuto da criança e do adolescente, exigindo para todos os casos o procedimento judicial para adoção.
Conceito:
De acordo com GONÇALVES a adoção é negocio bilateral e solene, pelo qual alguém estabelece, irrevogável e independentemente de qualquer relação de parentesco consanguíneo ou afim, um vínculo jurídico de filiação, trazendo para sua família, na condição de filho, pessoa que geralmente é estranha.
Natureza Jurídica
A adoção a partir da Constituição Federal de 1988 passou a constituir-se por ato complexo, a exigir sentença judicial, destacando-se a ato de vontade e o nítido caráter institucional (CF, art 227, § 5°).
A Adoção
A lei numero 12.010 de 03 de agosto de 2009, é a lei que rege na atualidade sobre adoção de crianças e adolescentes, ela dispôs de prazos mais rápidos para os processos de adoção, bem como a criação de um cadastro unificado para promover o encontro dessas crianças com pessoas dispostas a adota-las.
Outra fator muito importante dessa referida lei é que ela permite que o adotado a qualquer momento possa saber a sua origem biológica, bem como ter acesso a todo o processo de adoção, facilitando assim o encontro dos pais biológicos, se assim for da vontade do adotado.
A disposição legal também regula a pratica cultural indígena que em alguns rituais religiosos acabam rejeitando recém nascidos, cabendo assim a Funai promover a colocação da criança rejeitada em outra família.
A adoção de crianças brasileiras por estrangeiros é permitida porem é mais burocrática, pois exige que se prove que não ha brasileiros habilitados interessados na referida criança, e exige um período de convivência de 30 dias que tem que ser cumprido no Brasil.
Requisitos para Adoção 
Dentre os principais requisitos podemos destacar que o adotante deve ter idade igual ou superior a 18 anos, diferença de idade de no mínimo 16 anos entre o adotante e o adotado, consentimento dos pais ou dos representantes legais de quem se deseja adotar, caso o menor tenha mais de 12 anos ele em audiência devera consentir com a adoção também, outro requisito é o processo judicial e por ultimo e mais importante o efetivo benefício para o adotando.
Em caso de adoção conjunta o ECA estabelece que os adotantes deveram ser casados civilmente ou mantenham união estável, comprovada a estabilidade familiar.
Sendo assim não é permitida a adoção homoparental, ou seja pessoas do mesmo sexo, nem mesmo é permitida a adoção conjunta por irmãos.
Efeitos da Adoção
Podemos concluir que os efeitos da adoção podem ser de ordem pessoal e de ordem patrimonial.
Nos efeitos de ordem pessoal podemos destacar que é instituído o parentesco, que embora seja chamado de civil, é em sua totalidade equiparado ao parentesco consanguíneo, o poder parental é passado dos pais biológicos para os pais adotantes, e por ultimo o adotado terá o sobrenome do adotante, podendo modificar o seu prenome também de acordo com o ECA art. 47, § 5°.
Já nos efeitos de ordem patrimonial podemos destacar o Direito de Alimentos que são devidos reciprocamente, entre o adotante e adotado, e o Direito sucessório onde o filho adotivo concorre em igualdade de condições com os filhos de consanguíneos.
Conclusão
Sem duvida a cada ano que passa vem melhorando muito as disposições para adoção bem como os direitos das crianças e adolescentes, mas ainda é muito pouco, podemos ver que os abrigos de crianças e adolescentes estão lotados, as crianças vão crescendo na expectativa de encontrar uma família e a cada ano que passa essa expectativa vai diminuindo pelo triste fato que a grande maioria dos adotantes querem crianças pequenas, de preferencia bebes. Essa realidade é facilmente explicada pois os pais adotivos querem uma criança sem vícios, sem lembranças ruins, sem gírias, dai por diante.
Os pais adotivos querem que a criança seja criada, educada desde bebe com eles, para que tenha os mesmo costumes, a mesma educação, e enquanto isso as crianças maiores de 10 anos por exemplo, que já sabem falar, sabem onde estão, sabem que foram rejeitadas, ficam cada vez mais excluídas.
O governo tem que criar medidas impeditivas para que esse fato continue acontecendo, existem muitas pessoas dispostas a adotar mais a burocracia e a falta de conhecimento
são fatores decisivos para que elas acabem desistindo.
*-*
Mais conhecida como Ad-Rogação na antiguidade, constituia-se pela escolha da sociedade ou seja, era a própria sociedade quem decidia se haveria ou não uma adoção, apresentavam-se o adotante e o adotado e o povo decidia pela adoção ou não, não importava se o adotado fosse criança ou adulto pois na verdade ia virar escravo.
 
Com o tempo surgiu-se o termo “ADOÇÃO” que constituindo um processo, uma sentença e um adotado. Todas as adoções nos dias de hoje, são reflexos do Direito Romano, o Código Civil/16, trabalhava com a adoção dos maiores para resolver a questão social dos desquitados, por exemplo, e uma Lei Ordinária cuidava da adoção dos menores.
 
 Com as atualizações do Código Civil de 2002, para a adoção tanto de menores como de maiores, necessita-se de um processo. Existe uma adoção conhecida como “Adoção à Brasileira” que na verdade só existe na prática, isso acontece quando uma pessoa assume a paternidade ou maternidade que não existe, por exemplo, quando a patroa “adota” o filho da empregada.
 
Malgrado a diversidade de conceitos do aludido instituto, todos os autores lhe reconhecem o caráter de uma “fictio iuris”. Para Pontes de Miranda, “adoção é o ato solene pelo qual se cria entre o adotante e o adotado relação fictícia de paternidade e filiação”. Caio Mário da Silva Pereira, por seu turno, a conceitua como “o ato jurídico pelo qual uma pessoa recebe outra como filho, independentemente de existir entre elas qualquer relação de parentesco consangüíneo ou afim”.
 
Maria Helena Diniz, por sua vez, apresenta extenso conceito baseado nas definições formuladas por diversos autores: “Adoção é o ato jurídico solene pelo qual, observados os requisitos legais, alguém estabelece, independentemente de qualquer relação de parentesco consangüíneo ou afim, um vínculo fictício de filiação, trazendo para sua família, na condição de filho, pessoa que, geralmente, lhe é estranha”.
 
Deve ser destacada no atual conceito de adoção a observância do princípio do melhor interesse da criança, uma vez que o art. 1.625 do Código Civil proclama que “somente será admitida a adoção que constituir efetivo benefício para o adotando”, reiterando o conteúdo do art. 43 do Estatuto da Criança e do Adolescente, que se referia a “reais vantagens para o adotando”.
 
A adoção não mais estampa o caráter contratualista de outrora, como ato praticado entre o adotante e o adotado, pois, em consonância com o preceito constitucional mencionado, o legislador ordinário ditará as regras segundo as quais o Poder Público dará assistência aos atos de adoção. Desse modo, como também sucede com o casamento, podem ser observados dois aspectos na adoção: o de sua formação, representado por um ato de vontade submetido aos requisitos peculiares, e o do “status” que gera, preponderantemente de natureza institucional. 
 
Requisitos para Adoção:
 
1-) o adotante tem que possuir dezoito anos ou mais;
 
2-) o adotante pode ser uma pessoa ou um casal, desde que sejam casados ou vivam em união estável;
 
3-) o requisito da idade quando duas pessoas adotam, basta apenas que um deles preencha;
 
4-) entre o adotante e o adotado deve existir uma diferença de idade de 16 anos, o adotante precisa ser 16 anos mais velho que o adotado;
 
5-) em sendo um casal adotante a diferença de idade é auferida pelo adotante mais novo;
 
6-) toda adoção exige a intervenção do judiciário através de ação própria, a ação de adoção tem foro preferencial;
 
7-) sendo conhecidos os pais do adotado, os mesmos participam do processo de adoção, e devem manifestar vontade e concordarem pela adoção;
 
8-) o adotado também manifesta a sua vontade, se contar com no mínimo 12 anos de idade;
 
9-) o consentimento é irrevogável, após o trâmite processual, desta forma entende-se que até a prolação da sentença pode-se voltar atrás, os pais naturais, uma vez consentindo em dar o filho em adoção, durante o processo podem voltar atrás, havendo-se a publicação da sentença, isso não pode mais ocorrer, só cabendo recurso da decisão;
 
10-) os divorciados podem adotar em forma de casal, igual situação ocorre para os separados, desde que naqueles processos seja regulamentada a questão da guarda e sistema de visita, exige-se ainda, que o estágio de convivência tenha se iniciado na constância da sociedade conjugal; a lei permite que duas pessoas separadas ou divorciadas procedam a adoção, desde que o processo tenha se iniciado enquanto estavam casados, e que o estágio de convivência tenha se iniciado durante a constância do casamento;
 
11-) a sentença de adoção tem caráter constitutivo, ela constitui o adotado nos direitos do adotante, e vice e versa;
 
12-) a sentença atribui a situação de filho ao adotado, desligando-o de todos os vínculos com os pais e parentes naturais dele, ocorre-se apenas uma exceção feita na matéria “impedimento matrimonial”, que se mantém o vínculo de parentesco;
 
13-) ao desligar-se do parentesco natural, o adotado liga-se a todos os parentes consangüíneos do adotante;
 
14-) o adotado terá o sobrenome do adotante, alterar o prenome, só poderá ocorrer se for pedido pelos adotantes, ou quando pedido pelo adotado, na adoção dos maiores é proibido alterar o prenome;
 
15-) os direitos da adoção começam com o trânsito em julgado da sentença, exceção feita na ocorrência da morte do adotante, no curso do processo, situação que traz à sentença a retroatividade dos efeitos, à data do falecimento; adotante falece antes da prolação da sentença, efeitos “ex tunc”, dá-se a ele a condição de filho para que possa receber a herança;
 
16-) toda adoção é precedida pelo estágio de convivência que tem como função avaliar as reais vantagens para o adotado, esse período ocorre antes da prolação da sentença, sendo fiscalizado diretamente pelo juiz através de atos de fiscalização como visitas de assistentes sociais, psicólogos, sendo essas visitas não programadas; o prazo para o estágio de convivência fica a critério do juiz, exceção feita para o menor de um ano, o prazo é facultado ao juiz.
 
Efeitos da adoção:
 
Os principais efeitos da adoção podem ser de ordem pessoal e patrimonial. Os de ordem pessoal dizem respeito ao parentesco, ao poder familiar e ao nome; os de ordem patrimonial concernem aos alimentos e ao direito sucessório.
 
Efeitos de ordem pessoal:
 
Os efeitos de ordem pessoal, como foi dito, dizem respeito ao:
 
a-) Parentesco – A adoção gera um parentesco entre o adotante e o adotado, chamado de civil, mas em tudo equiparado ao consangüíneo (CF, art. 227, parágrafo 6). Preceitua, com efeito, o art. 1.626 do Código Civil que “a adoção atribui a situação de filho ao adotado, desligando-o de qualquer vínculo com os pais e parentes consangüíneos, salvo quanto aos impedimentos para o casamento”.
 
Essa a principal característica da adoção, nos termos em que se encontra estruturada no novo Código Civil. Ela promove a integração completa do adotado na família do adotante, na qual será recebido na condição de filho, com os mesmos direitos e deveres dos consangüíneos, inclusive sucessórios, desligando-o, definitiva e irrevogavelmente, da família de sangue, salvo para fins de impedimentos para o casamento. Para este último efeito, o juiz autorizará o fornecimento de certidão, processando-se a oposição do impedimento em segredo de justiça. Malgrado as finalidades nobres e humanitárias da adoção, não pode a lei, com efeito, permitir a realização de uniões incestuosas.
 
b-) Poder Familiar – Com a adoção, o filho adotivo é equiparado ao consangüíneo sob todos os aspectos, ficando sujeito ao poder familiar, transferido do pai natural para o adotante com todos os direitos e deveres que lhe são inerentes, especificados no art. 1.634 do Código Civil, inclusive administração e usufruto de bens (art. 1.689). Como a adoção, nos termos em que se acha disciplinada no Código de 2002, extingue o poder familiar dos pais biológicos (art. 1.635, IV) e atribui a situação
de filho ao adotado, “desligando-o de qualquer vínculo com os pais e parentes consangüíneos” (art. 1.626), deverá o menor ser colocado sob tutela em caso de morte do adotante, uma vez que o aludido poder não se restaura.
 
c-) Nome – No tocante ao nome, prescreve o art. 1.627 do Código Civil que a sentença de adoção “confere ao adotado o sobrenome do adotante, podendo determinar a modificação de seu prenome, se menor, a pedido do adotante ou do adotado”. O sobrenome dos pais adotantes é direito do adotando. Mais se acentua a correta finalidade da norma em apreço quando os adotantes já têm outros filhos, biológicos ou adotados. Neste caso, o sobrenome deve ser comum, para não gerar discriminação, vedada constitucionalmente.
 
O pedido de mudança de prenome deve ser formulado desde logo, na petição inicial. Tal alteração constitui exceção à regra sobre a imutabilidade de prenome (Lei n. 6.015/73, art. 58). Geralmente é solicitada quando o adotado é de tenra idade e ainda não atende pelo prenome original. Tendo em vista que os pais têm o direito de escolher o prenome dos filhos, e que a adoção procura imitar a natureza e a família, permite a lei que os adotantes também escolham o prenome do adotado, como se, por uma “fictio iuris”, acabassem de ter um filho natural. Sendo o nome um direito da personalidade (CC, art. 16), incorpora-se ao adotado e transmite-se aos seus descendentes.
 
Efeitos de ordem patrimonial:
 
a-) Alimentos – São devidos alimentos, reciprocamente, entre adotante e adotado, pois tornam-se parentes. A prestação de alimentos é decorrência normal do parentesco que então se estabelece. São devidos alimentos pelo adotante nos caos em que o são pelo pai ao filho biológico. Quanto aos adotados, ao direito de receberem alimentos enquanto menores, e enquanto maiores se impossibilitados de prover ao próprio sustento, corresponde à obrigação de prestarem tal assistência quando capazes economicamente e necessitarem os pais.
 
O adotante, enquanto no exercício do poder familiar, é usufrutuário e administrador dos bens do adotado (CC, art. 1.689, I e II), como compensação pelas despesas com sua educação e manutenção, em substituição ao pai natural.
 
b-) Direito sucessório – Com relação ao direito sucessório, o filho adotivo concorre, hoje, em igualdade de condições com os filhos de sangue, em faze da paridade estabelecida pelo art. 227, parágrafo 6, da Constituição e do disposto no art. 1.628 do Código Civil. Em conseqüência, “os direitos hereditários envolvem também a sucessão dos avós e dos colaterais, tudo identicamente como acontece na filiação biológica. Na linha colateral, na falta de parentes mais próximos, o adotivo, como acontece com o filho biológico, sucede até o quarto grau, isto é, pode ser contemplado no inventário por morte dos tios (art. 1.839 do Código Civil de 2002 e art. 1.612 do Código de 1916)”.
 
Neste sentido é expressa a segunda parte do art. 1.628: “As relações de parentesco se estabelecem não só entre o adotante e o adotado, como também entre aquele e os descendentes e entre o adotado e todos os parentes do adotante”. Desaparece qualquer parentesco com os pais consangüíneos. Por outras palavras, não há sucessão por morte dos parentes de sangue, eis que afastados todos os laços de parentesco”.
 
O filho adotado, do mesmo modo como sucede com os filhos consangüíneos, pode ser deserdado nas hipóteses legais, elencadas no art. 1.962 do Código Civil, quais sejam: a) ofensa física; b) injúria grave; c) relações ilícitas com a madrasta ou com o padrasto; e d) desamparo do ascendente em alienação mental ou grave enfermidade. Além destas, também autorizam a deserdação dos descendentes por seus ascendentes as causas de exclusão da sucessão por indignidade relacionadas no art. 1.814 do mesmo diploma e que consistem, em síntese, em atentado contra a vida, contra a honra e contra a liberdade de testar do de “cujus”.
 
Sob a ótica do filho, além das hipóteses previstas no aludido art. 1.814 do Código Civil, cabe a deserdação do ascendente pelo descendente nos casos do art. 1.963: a) ofensa física; b) injúria grave; c) relações ilícitas coma mulher ou companheira do filho ou a do neto, ou com o marido ou companheiro da filha ou da neta; d) desamparo do filho ou do neto com deficiência mental ou grave enfermidade.
 
Adoção Internacional:
 
1-) o adotante sendo estrangeiro tem procedimento próprio, não fazendo diferença de estar ou não domiciliado em nosso país, aplica-se aos estrangeiros todas as regras anteriores mais as regras particulares a eles impostas;
 
2-) o adotante deverá provar estar habilitado no seu país de origem para adotar entre nós, através de documento expedido pela autoridade de seu domicílio;
 
3-) o juiz de direito pode, de ofício, ouvir a requerimento do Ministério Público e exigir a juntada aos autos do texto da lei do país adotante, com a prova de sua vigência;
 
4-) é obrigatório a juntada com a inicial a comprovação de um estudo psico-social, realizado em seu país de origem;
 
5-) todo documento em língua estrangeira será traduzido por tradutor juramentado, bem como a comprovação consular da autenticidade documental;
 
6-) o estágio de convivência será realizado no território brasileiro, existe prazo mínimo a este estágio: crianças até dois anos mínimo quinze dias, crianças com mais de dois anos mínimo trinta dias.
 
 
BIBLIOGRAFIA:
 
Carlos Roberto Gonçalves, Direito Civil Brasileiro, 6ª Edição, Volume VI, Direito de Família, Editora Saraiva.
 
 
* Arthur José Garcia, Curso a sétima etapa do curso de Direito na Faculdade Unaerp no Campus de Ribeirão Preto.

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