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Sucessão testamentária / Inventário / Partilha - Lethicia Cassador

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Lethicia Cassador Pereira – 6DI1 – 2016 – Faculdade Metodista Granbery
SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA 
 
3.1. TESTAMENTO EM GERAL 
Legítima: Não pode ser incluída: Art. 1.857, CC 
Haverá sucessão testamentária quando o autor da herança deixar testamento. Se não houver testamento, não existe a sucessão testamentária e será feita apenas a sucessão legítima. 
A sucessão testamentária pode coexistir com a sucessão legítima. Ex.: Se uma pessoa tem herdeiros necessários, ela não pode dispor de todos os seus bens, ou seja, deverá preservar pelo menos a parte legítima que é 50%. Então se uma pessoa tem herdeiros necessários e faz testamento, esse inventário terá tanto a sucessão legítima como a sucessão testamentária. 
Haverá sucessão testamentária somente quando o testador puder dispor da totalidade de seu patrimônio, ou seja, quando não tiver herdeiros necessários. Se ele tiver somente irmãos poderá dispor da totalidade do patrimônio porque colateral não é herdeiro necessário. 
Quando uma pessoa faz testamento, poderá dispor de parte de seus bens, ou apenas de um bem. Ex.: Suponha-se que eu tenha 10 apartamentos, mas quero que apenas 1 deles vá para testamento e os outros 9 sejam feitos sucessão legítima. Não sou obrigada a falar no meu testamento de todos os meus bens, posso falar de apenas parte dele. O restante dos bens segue a sucessão legítima. 
Pessoa capaz: Art. 1.857, CC 
Qualquer pessoa capaz pode fazer um testamento. A capacidade é requisito essencial para legitimidade de testar. 
Uma pessoa entre 16 e 18 anos é RELATIVAMENTE capaz. Neste caso, terá legitimidade para testar porque o § único do Art. 1.860 diz que "tem legitimidade para fazer testamento a pessoa maior de 16 anos". Então o maior de 16 anos tem legitimidade para testar, mas uma pessoa maior de 18 anos que tiver curatela, ainda que seja relativa, não poderá testar porque não tem a livre disposição de seu patrimônio. A curatela nesse caso, é justamente para praticar atos de disposição patrimonial. Portanto, qualquer pessoa capaz pode testar. A idade mínima para testar é 16 anos e não é necessário assistência. Mas a pessoa maior de 18 anos que tem curatela sobre ela, sendo relativamente capaz, não tem legitimidade para testar porque testamento implica em dispor patrimonialmente de alguma coisa. O Estatuto da Pessoa com Deficiência, o Código Civil e o CPC falam justamente que a curatela impede que o curatelado pratique atos de disposição patrimonial. 
Ato personalíssimo: Art. 1.858, CC 
O testamento é ato personalíssimo, ou seja, somente a própria pessoa pode fazê-lo. Exs.: Se uma pessoa é curatelada ela não pode ser representada por um curador, para fazer o testamento; Se porventura alguém quiser nomear um procurador para que faça um testamento para ele, não poderá. Somente a pessoa, o testador é que poderá assinar pessoalmente seu testamento em quaisquer das formas que a lei permite que seja feito. 
Revogabilidade: Art. 1.858, CC (testamentaria) 
É revogável a qualquer tempo. Obviamente a única pessoa que poderá revogar é o próprio testador. Deverá ser revogado da mesma forma que foi feito. Ex.: Se foi feito um testamento público, será revogado comparecendo ao cartório e fazendo uma declaração de revogação daquele testamento. 
O art. 1.859 do CC traz o prazo para que seja impugnada a validade do testamento: Extingue-se em 5 anos o prazo para impugnar a validade de um testamento contado da data do seu registro.  
Obs.: Quando é que se tem o registro de um testamento? Ex.: Uma pessoa fez um testamento, assinou, registrou em cartório mas morre apenas 20 anos após. Um testamento tem eficácia e aplicabilidade depois da abertura da sucessão. Não se pode pedir a invalidade de um testamento antes do óbito do testador até porque ele pode revogar o testamento a qualquer momento antes de morrer, já que não tem ainda eficácia, pois está apenas no plano da existência. Qualquer invalidade de testamento só pode ser arguida depois do óbito. Não  pode-se considerar  o "registro" pela data em que o testamento é feito, porque se não, seria letra morta. Ninguém pediria invalidade se o óbito ocorrer daqui 20, 30, 50 anos depois de quando se faz o testamento. Mas também não pode-se considerar a data do registo como a partir da abertura da sucessão porque caso o testamento seja descoberto 20 ou 30 anos depois do óbito pelos herdeiros, eles também não poderiam arguir a invalidade. Essa é mais uma impropriedade de redação de lei.  
Assim, o "registro" aqui considera-se a partir da testamentaria. Quando uma pessoa morre e deixa um testamento, a leitura (publicidade) dele não é feita dentro do inventário. A leitura necessariamente deve ser feita judicialmente através de um procedimento chamado "testamentaria". Leva-se o testamento em juízo para que ele mande o cartório expedir uma certidão de testamentaria. Os herdeiros são intimados para tomar conhecimento da existência do testamento. Depois de intimados, o juiz expede uma certidão chamada de "testamentaria". Isso é considerado o registro do testamento. Então, da ordem do juiz de registro do testamento, é lavrada a certidão de testamentaria e começa-se a contar o prazo de 5 anos para requerer a invalidade desse testamento. O advogado deverá juntar no processo de inventário essa certidão de testamentaria para requerer a invalidade do mesmo. 
Há cerca de alguns meses saiu um provimento do CNJ determinando que todo o processo de inventário, para que prossiga, deverá ter uma certidão negativa de inexistência de testamento. Existe um cartório que é conectado com os demais cartórios do país que busca se há ou não um testamento daquela pessoa. Porém, esse caso só funciona para testamentos feitos em cartórios públicos. Se for feito particular, não dá para saber, porque pode aparecer 15 ou 20 anos depois e deverá ser dada a aplicabilidade a ele. 
Existem testamento judicial e extrajudicial. Se houver testamento, o inventário deverá necessariamente ser judicial porque a testamentaria não pode ser feita por tabelião, mas apenas por um juiz. 
Legatário / legado / herdeiro instituído 
Legatário: Pessoa beneficiada em testamento com um bem certo e determinado, devidamente especificado. Ex.: "Deixo meu apartamento na Rua Halfeld para Fulano.". 
Legado: O bem específico, certo e determinado deixado em testamento para alguém. 
Herdeiro Instituído: Pessoa que vai receber um percentual de todo o patrimônio, ou seja, vai participar de todo o patrimônio que compõe a herança, ainda que em partes pequenas. Ex.: "Deixo 10% do apartamento, 5% da casa, 15% do carro para Ciclano". 
 
3.2. CAPACIDADE PARA TESTAR 
Art. 1.860, § único, CC 
A pessoa que tiver mais de 16 anos, mas não tendo pleno discernimento, não poderá testar. Ex.: Uma pessoa que tem sonambulismo, ou bêbada, não tem capacidade para testar enquanto estiver sob essa incapacidade momentânea. Portanto, esse testamento é inválido. Se a pessoa não estiver na plena capacidade, não tem possibilidade de testar e o testamento será inválido. 
Senilidade, Analfabetismo (Art. 1.865), Surdez (Art. 1.866), Cegueira (Art. 1.867). 
A senilidade por si só não impede a pessoa de testar, ou seja, a pessoa idosa pode testar enquanto for plenamente capaz. Se ela tiver uma doença que a incapacite, perderá a legitimidade para testar. 
Uma pessoa analfabeta pode testar, mas devem ser respeitados requisitos específicos: 1) tem que ser por instrumento público na presença do tabelião, 2) o testamento deverá ser lido em voz alta para o analfabeto testador, 3) o testador analfabeto designará uma das testemunhas que ele levar, para além de assinar como testemunha, também assinar a rogo para ele. 
Uma pessoa surda pode testar. Inclusive se souber ler, poderá ler seu próprio testamento e isso é suficiente junto da sua assinatura. O grande problema é quando ele não sabe ler e o testamento público tem várias formalidades, sendo que uma delas é a leitura em voz alta pelo tabelião. Portanto, também devem ser respeitados requisitos específicos, os mesmos do analfabeto. 
Uma pessoacega pode testar. Só poderá ser feito por instrumento público e deverá ser lido em voz alta duas vezes. Obs.: Embora tanto o cego quanto o analfabeto não possam ler o testamento, possuem requisitos diferentes. 
Incapacidade superveniente (Art. 1.861, CC) 
Se há uma incapacidade posterior à feitura do testamento, não invalida-o porque quando ele foi feito, a pessoa era capaz. 
Capacidade posterior (Art. 1.861, CC) 
Se uma pessoa faz um testamento em estado de incapacidade (ex.: tinha alzheimer) e depois se cura e torna-se plenamente capaz, esse testamento não torna-se válido com sua cura, porque quando foi feito, a pessoa era incapaz. 
A capacidade não é analisada no momento da eficácia, quando há a abertura do testamento. Deve-se observar a capacidade da pessoa no momento em que ela está testando. 
Testamento conjuntivo (Art. 1.863, CC) 
Testamento conjuntivo é um testamento feito por mais de uma pessoa. Isso não é permitido! Cada pessoa tem que ter seu próprio testamento, ou seja, um testamento para cada indivíduo. Se for feito um testamento conjuntivo, ele será inválido por força do art. 1.863. 
3.3. FORMAS ORDINÁRIAS DE TESTAMENTO 
3.3.1. Testamento Público (Art. 1.864) 
Cartório 
O testamento público é feito no Cartório de Notas na presença do tabelião e tem que haver necessariamente a presença de duas testemunhas que o próprio testador deverá levar.  
Não é necessário a participação de advogado, mas o ideal é que esteja sim acompanhado por um especialista em sucessões para que não haja problema de invalidade depois do óbito. Se a pessoa está testando, está dispondo daquela forma para depois de sua morte e se não estiver amparada por alguém que entenda, poderá haver alguma invalidade de cláusula, por exemplo. 
O tabelião tem que ler o testamento em voz alta na presença de todos ao mesmo tempo, em conjunto. 
Assinatura 
O testador tem que assinar o testamento na presença de duas testemunhas, e ambas também deverão assinar, bem como o tabelião. 
Obs.: Suponha-se que o tabelião tenha feito o testamento, já tenha lido em voz alta para todos, mas antes de assinar, o testador tem um infarto e morre. Assim, o testamento nem chegou a existir porque a formalidade não foi cumprida até o final. 
Certidão 
O testamento público pode ser visto por qualquer pessoa independentemente de autorização do testador, podendo pegar cópia da certidão. 
3.3.2. Testamento Cerrado (Art. 1.868) 
Secreto 
Também chamado de místico, somente o testador sabe o conteúdo desse testamento. A cédula testamentária é costurada com linha e agulha para não correr o risco de fraude. O conteúdo desse testamento só será revelado quando houver a abertura da sucessão. 
Escrito pelo testador 
Somente o testador assina esse testamento. 
Duas partes: 1) cédula testamentária e 2) auto de aprovação 
1) Cédula testamentária é o papel do testamento, seja ele público, cerrado, ou particular, contendo as disposições testamentárias e costurado para posteriormente depositá-la no cartório de notas; 
2) Auto de aprovação é feito pelo cartório de notas, ou seja, expede-se um documento dizendo que Fulano, no dia tal, deu entrada naquele cartório com o testamento cerrado que se encontra devidamente lacrado. Deve ir acompanhado de duas testemunhas para que elas vejam a entrega do testamento lacrado e assinem o auto de aprovação. Além disso, o tabelião deverá ler o auto de aprovação em voz alta para todos. 
Testamento dilacerado 
Se o lacre for rompido e o testamento for dilacerado, haverá a caducidade do testamento, ou seja, ele será inválido. 
3.3.3. Testamento Particular (Art. 1.876, CC) 
Hológrafo 
É o testamento redigido inteiramente pelo próprio testador, seja de próprio punho ou de forma mecânica, mas deverá datar e assinar. Se o testamento não tiver data e assinatura do testador e das três testemunhas, haverá a invalidade desse testamento particular. 
Para revogar um testamento particular, basta destruí-lo. Não é preciso fazer um documento para revogá-lo. 
Confirmação testemunhas 
Juntamente com ele, devem assinar 3 testemunhas. Além disso, quando um testador falece, essas testemunhas têm que corroborar esse testamento, ou seja, são chamadas para dizer se realmente presenciaram aquele ato. Se porventura, duas delas forem ausentes ou já tiverem falecido, poderá apenas uma confirmar, ou seja, no mínimo uma tem que ratificar o testamento. Se as três estiverem vivas, as três confirmam, porém, se as três testemunhas já não estiverem vivas, a regra é que aquele testamento estará invalidado e não poderá ser aceito, salvo se o juiz entender de acordo com as provas produzidas no processo que dá pra poder confirmar que aquele testamento foi efetivamente feito pelo testador. 
Desaparecimento 
Sem a cédula testamentária, não tem como dar eficácia àquele testamento. Se o testamento desaparecer, não adianta a confirmação das testemunhas, simplesmente não haverá testamento, já que é inexistente por falta da cédula testamentária. 
3.4. CODICILOS (Art. 1.881, CC) 
Ato de última vontade 
Assim como o testamento, o codicilo é um ato de última vontade. Uma pessoa pode fazer atos de disposição através de um codicilo. 
Não institui herdeiros, legatários ou disposição de vultoso valor 
O codicilo não possui formalidade alguma, porém, não se pode instituir herdeiros, legatários nem fazer disposição patrimonial de grande valor. 
Valor 
Só pode ser feita disposição de pequeno valor. A lei usa a expressão "esmola de pouca monta". Poderá, através do codicilo, deixar roupas, móveis e joias de pequeno valor, poderá dispor sobre seu próprio funeral. 
OSB.: A lei não diz que valor seria considerado "pouca monta". Assim, é algo muito subjetivo, porque para uma pessoa rica, "pouco" é um valor, assim como para uma pessoa pobre, é outro valor. Portanto, a jurisprudência entende que "pouca monta" é até 10% do valor do patrimônio da pessoa que faz o codicilo. Nesse caso, ainda assim, para uma pessoa rica, 10% do valor de seu patrimônio não seria pouca monta, como uma Ferrari para o Eike Batista, por exemplo. Deveria entender-se pouca monta por aquilo que é a realidade da população, ou seja, não deve superar o senso comum. 
Anulação por testamento (Art. 1.884, CC) 
Um codicilo jamais revoga um testamento. Porém, um testamento sempre revoga um codicilo se eles tratarem sobre o mesmo assunto. Deve-se fazer a pergunta: O que eu faço depois revoga o que eu fiz antes? Depende se eles tratarem do mesmo assunto. 
Ex.: - Eu faço um codicilo que diz o seguinte: "Deixo para Fulano todos os meus pares de sapato". Um ano depois faço um testamento em que diz "Deixo para Ciclano os meus sapatos". O testamento irá prevalecer, Ciclano ficando com os sapatos. 
- Eu faço um testamento dizendo que deixo para Fulano meus sapatos e falo também do restante do meu patrimônio. Depois, eu faço um codicilo dizendo que deixo meus sapatos para Ciclano. O testamento irá prevalecer, ficando Fulano com os sapatos. 
- Se eu faço um codicilo dizendo que "Deixo meus sapatos para Fulano" e depois faço um testamento dizendo que "Deixo meu carro para Ciclano". Ambos vão valer porque não tratam do mesmo assunto, não têm conteúdo contraditório. 
Execução 
Como um codicilo é informal, para dar cumprimento a um codicilo, utiliza-se a mesma forma de um testamento particular.  
3.5. TESTAMENTOS ESPECIAIS 
Marítimo (Art. 1.888, CC) 
Quando uma pessoa está a beira da morte em alto-mar num navio e quiser testar, o comandante fará o testamento para quando o navio atracar, puder ser dado o cumprimento ao testamento. SÓ O COMANDANTE tem legitimidade para fazer o testamento. O navio deverá ser nacional porque vige a soberania nacional. 
Só terá eficácia se a pessoa morrer no navio, porque se ela chegar em terra firme, terá 90 dias para ratificar esse testamento, ou melhor, converter em uma das formas ordinárias (público, particular ou cerrado). Se não o fizer no prazo de 90 dias, o testamento irá caducar. 
Aeronáutico (Art. 1.889, CC) 
Quem estiver em viagem a bordode aeronave e estiver passando mal, quiser testar, o comandante irá designar alguém para que faça o testamento. Assim como no testamento marítimo, deverá também a pessoa morrer na aeronave para que o testamento tenha validade. Tem que assinar o comandante, o testador e as testemunhas. Se a pessoa não morrer na aeronave, terá 90 dias a partir do dia que chegar em terra firme, para transformar aquele testamento em uma das formas de testamento ordinário sob pena de caducar, não ter validade, nem eficácia e deixará de existir. 
Militar (Art. 1.893, CC) 
O militar que estiver em terra firme, mas estiver em uma situação em que não consiga fazer o testamento como numa missão especial, guerra, campanha, por exemplo, deverá testar na presença de seu superior. Mas da mesma forma que os anteriores, a partir do dia que cessar a missão, guerra, campanha, terá 90 dias corridos para converter aquele testamento em uma das formas ordinárias sob pena de caducidade. 
Caducidade: Art. 1.891, CC; Art. 1.895, CC 
O art. 1.891 fala da caducidade de 90 dias nas hipóteses marítima e aeronáutica e o art. 1.895 fala da caducidade na hipótese militar.  
3.6. TESTAMENTO VITAL 
Visa evitar distanásia 
O testamento vital tem por objetivo evitar a distanásia, que é o prolongamento da vida de uma pessoa que está em um estado irreversível, mas o coração ainda bate, através da intervenção de equipamentos médicos, o que acaba perdurando o sofrimento da pessoa. 
OBS.: Eutanásia: a pessoa quer tirar a própria vida (ex.: tetraplégico - filme "Mar Adentro") mas é proibido no Brasil; Ortotanásia: é o desligamento dos aparelhos que mantêm uma pessoa viva, a fim de abreviar o sofrimento da pessoa. 
Omissão legislativa 
O testamento vital é permitido em vários países, mas no Brasil, há omissão legislativa, ou seja, não é nem permitido, nem proibido. A nossa legislação não trata do testamento vital. 
Quando uma pessoa capaz, lúcida, dispor no testamento que se porventura estiver num estado de incapacidade em que não possa manifestar o seu desejo, que ela não quer ser mantida viva por aparelhos e quer que os médicos pratiquem a ortotanásia, ou seja, ela pede que não seja feita a distanásia, já que não quer prolongar o sofrimento mantendo-a viva apenas por aparelhos. 
Somente os médicos podem praticar a ortotanásia, depois de um laudo dizendo que o quadro é irreversível. 
Impropriedade nome: 
Conteúdo: Testamento é disposição patrimonial e nesse caso, está sendo feita uma disposição existencial, com relação a vida. 
Eficácia: Um testamento propriamente dito só tem eficácia após o óbito, quando da abertura da sucessão; porém, o testamento vital terá eficácia imediata. 
Doutrina majoritária 
Aceitação: A doutrina majoritária defende a possibilidade do testamento vital. Como a lei não proíbe, é permitido e  o médico deverá dar cumprimento a partir do momento que lhe é entregue esse documento. 
Descumprimento = violação direito da personalidade, dano, constrangimento ilegal, lesão corporal: Se o médico se recusar a dar cumprimento ao testamento vital, ele incidirá em responsabilidade civil e criminal. Civilmente, com relação ao direito da personalidade, em virtude do dano patrimonial e extrapatrimonial causado à pessoa; Criminalmente, com relação ao constrangimento ilegal, fazendo com que a pessoa passe por aquele sofrimento prolongado, quiçá uma lesão corporal pelo fato de fazer com que a pessoa passe por determinadas intervenções médicas e cirúrgicas sem a autorização dela. 
Doutrina minoritária 
Não aceitação: O código civil diz que é proibido dispor do próprio corpo. Não é porque a lei não proíbe que é permitido. Se o médico dar cumprimento ao testamento vital, estará praticando homicídio, ainda que privilegiado. 
A resolução do CFM não tem força normativa. Ainda que um médico pratique a ortotanásia e alegue estar respaldado por essa resolução, do ponto de vista jurídico, não terá aplicabilidade. 
Médico -> homicídio -> Resolução 1.805/2006 CFM 
O Conselho Federal de Medicina em 2006 aprovou a resolução 1.805 na qual permite a ortotanásia. Porém, também é proibida pela nossa legislação como a eutanásia, sendo considerado homicídio.  
3.7. DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS 
De acordo com a doutrina e jurisprudência majoritárias, não aplicam-se as regras da parte geral do Código Civil no Direito das Sucessões porque há previsão específica de regras de nulidade para os direitos sucessórios (Arts. 1.859, 1.900, 1.901 e 1.909, CC). 
Se uma cláusula for considerada nula, o bem nela constante voltará ao monte mor para seguir a sucessão legítima, dividindo para os herdeiros (Art. 1.829, CC). 
Nula a disposição (Art. 1.900, CC) 
Hipóteses de nulidade de cláusula testamentária. O testamento não necessariamente será integralmente nulo, podendo ser nula apenas uma cláusula e as demais válidas. Será analisado o conjunto do testamento e as cláusulas individualmente. 
Esse artigo não traz um prazo para poder entrar com a Ação Declaratória de Nulidade da Cláusula testamentária, não menciona isso expressamente, porque o artigo que fala da invalidade do testamento é o 1.859, CC. Ele fala que o prazo para invalidar o testamento é de 5 anos a contar da data do registro do testamento (expedição da certidão de testamentaria pelo juiz). 
Invalidade é o gênero cujas espécies são nulidade e anulabilidade. Como o Art. 1.859, CC fala em invalidade e como o 1.900 não tem prazo específico, o prazo que será usado será o de 5 anos que está previsto no Art. 1.859, CC. Porém, temos duas impropriedades:  
1) Negócio jurídico nulo não convalece e não gera efeitos. Por esse motivo, uma ação para declarar nulo um negócio jurídico, o prazo é imprescritível, podendo pleitear nulidade a qualquer tempo. Porém, isso não acontece no testamento por causa do Art. 1.900 que traz um rol de nulidades e prevê um prazo prescricional de 5 anos para poder entrar com uma Ação Declaratória de Nulidade, constante no art. 1.859, CC. Se passarem-se esses 5 anos sem a impugnação,  
2) No art. 1.900 não deveria estar escrito "nula" mas sim, "inválida" porque assim estaria compatível com o art. 1.859.  
Valerá a disposição (Art. 1.901, CC) - O 1.901 é a exceção do 1.900. 
O inciso I refere-se a uma pessoa determinável, que esteja dentro de uma categoria de pessoas designada pelo testador. Ex.: "Deixo meu carro, ou para A ou para B, podendo o C dentre eles escolher." Assim, o testador optou por quem o terceiro poderá escolher. Essa é uma exceção do inciso II do art. 1.900. Não é uma pessoa totalmente incerta, pois é determinável. 
O inciso II é uma exceção em que o legado poderá ser escolhido por uma terceira pessoa, devendo ser a pessoa que o testador designar no testamento, mas não tendo ele designado ninguém, serão os herdeiros. Isso acontecerá somente quando for feita uma cláusula testamentária remuneratória por serviços prestados no momento de doença do testador. Ex.: O testador está doente e uma pessoa é a cuidadora dele. Ele poderá fazer uma cláusula testamentária dizendo: "Deixo um legado para A que cuidou de mim no período da minha doença". Como o testador não especificou qual é o valor do legado, quem vai escolher serão os herdeiros. 
Invalidação = após óbito 
A eficácia do testamento só se dá após a morte do testador, já que ele pode revogá-lo a qualquer tempo enquanto vivo. Portanto, a validade do testamento será também verificada após o óbito. Consequentemente, a invalidação do testamento só poderá ser requerida após o óbito que é quando ele gera efeitos. 
Anulabilidade (Art. 1.909, CC) 
Se a cláusula testamentária tiver erro, dolo ou coação poderá ser anulada. Diferentemente do negócio jurídico em que as hipóteses de anulabilidade são 6: erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão e fraude contra credores. Mas no testamento, não se estendem às regras da parte geral do Código Civil porque no Art. 1.909 constam expressas as três hipóteses. 
O doutrinador Flávio Tartuce diz que o legislador se esqueceu das demais hipóteses e que pode-se estender para otestamento as regras de anulabilidade previstas na Parte Geral. 
O prazo para requerer a anulação é de 4 anos (Art. 1.909, § único), contados a partir do momento em que o interessado tiver conhecimento do vício, ou seja, reconhecimento do erro, dolo ou coação. A ação cabível é Ação Anulatória de Cláusula Testamentária. 
Cláusula de inalienabilidade (Art. 1.911, CC) 
Alienar é DISPOR. Posso fazer um testamento dispondo de um bem e gravá-lo com cláusula de inalienabilidade? Sim. O Art. 1.911 permite gravar um bem ou a herança com cláusula de inalienabilidade. Todo bem inalienável necessariamente é incomunicável e impenhorável. No entanto, a recíproca não é verdadeira. Se num testamento eu gravar um bem com cláusula de incomunicabilidade, esse bem não é inalienável nem impenhorável, apenas não comunicará com o cônjuge. 
Posso gravar todo meu patrimônio com cláusula de inalienabilidade? Art. 1.848, CC. De todo o patrimônio de uma pessoa, 50% é parte da legítima, que herdarão os herdeiros necessários. Os outros 50% é parte disponível. Assim, a cláusula de inalienabilidade somente poderá incidir sobre o bens que compõe a parte disponível. Portanto, se uma pessoa tem herdeiros necessários, a regra é que a parte legítima não pode ter cláusula de inalienabilidade, exceto se houver justa causa, conforme expresso no art. 1.848,CC. Tendo sido declarada justa causa no testamento, poderá o testador gravar toda a herança com cláusula de inalienabilidade, mesmo tendo herdeiros necessários. Nesse caso, a justa causa pode ser por exemplo um filho pródigo, que por desvio de personalidade acabe com todo o patrimônio, devendo o testador fazer prova disso no testamento. 
Art. 1.911, § único: A cláusula de inalienabilidade impede que os herdeiros disponham daquele bem enquanto vivam. Exceto se tiverem autorização judicial para tanto, MAS com o produto dessa alienação, deverão comprar outro bem, que será sub-rogado pela cláusula de inalienabilidade. 
É personalíssima a cláusula de inalienabilidade, ou seja, no exemplo do filho pródigo, ele não poderá dispor daquele bem enquanto viver, mas quando seus filhos herdarem esse bem, não terá mais essa cláusula que fora imposta pelo testador. Somente se esse filho pródigo fizer testamento colocando uma cláusula de inalienabilidade nesse bem é que seus filhos não poderão aliená-lo. 
Regras práticas: 
Expressões masculina e feminina 
A expressão masculina engloba também a feminina, ex.: "Deixo meu carro para meus filhos", envolve tanto os filhos homens quanto as mulheres, mas a recíproca não é verdadeira. Quando houver no testamento a especificação "Deixo meu carro para as minhas filhas", os filhos homens não receberão. Quando quiser especificar que o bem é somente para o(s) homem(ns), deve-se deixar claro. Ex.: "Deixo meu carro para meus filhos de sexo masculino". 
Vocábulo "bens" 
"Bens" são todos aqueles que tem valor econômico. Não somente móveis e imóveis, mas bens imateriais também como por exemplo direito autoral, crédito a ser recebido de empréstimo ou trabalhista. Portanto, bens é tudo aquilo deixado pelo autor da herança que tenha conteúdo patrimonial, ou seja, que tenha valor econômico. 
Beneficiário por cargo/função 
A pessoa que receberá a herança é aquela que ocupar o cargo no momento da abertura da sucessão. Se eu fizer um testamento no ano de 2001 dizendo: "Deixo meu apartamento da Rua Halfeld para o pároco (padre) da Igreja Bom Pastor. Meu falecimento foi no ano de 2016. Qual o pároco que vai receber: o de 2001 quando fiz o testamento, ou o de 2016, quando da abertura da sucessão em decorrência do meu óbito? Receberá o pároco de 2016 porque ele receberá a herança em decorrência da função que exerce. Se eu quisesse que o pároco de 2001 recebesse, eu deveria especificar com o nome dele. 
Beneficiário categoria de pessoas 
As pessoas que receberão o legado são as que ocuparem a categoria no momento da abertura da sucessão e não quando foi feito o testamento. Ex.: "Deixo meu carro para os alunos do 6º período noturno do curso de Direito da Faculdade Granbery.".  
Regras proibitivas: 
Nomeação de herdeiro a termo (Art. 1.898, CC) 
A nomeação a termo é proibida, constante no art. 1.898, CC. Não poderá o testador estabelecer termo (prazo) para que o herdeiro exerça seu direito por causa do Princípio da Saisine. A partir do momento que se abre a sucessão, a pessoa se torna proprietária daquele bem pelo simples fato de haver o óbito. No entanto, tem uma exceção. 
Instituir herdeiro sob condição captatória (Art. 1.900, I, CC) 
Condição captatória é obter alguma vantagem; colocar no testamento uma cláusula testamentária "Deixo minha herança para João se ele também deixar sua herança para mim". Um testador tentar obter uma vantagem para ele próprio através da cláusula captatória. Se isso acontecer, está-se diante de uma cláusula nula. 
Cláusula que se refira a pessoa incerta (Art. 1.900, II, CC) 
É nula a cláusula que o legatário for totalmente eleito pelo terceiro, não pode ser uma escolha livre e absoluta do terceiro sem que haja uma indicação determinável pelo testador. Uma pessoa faz testamento dizendo: "Deixo meu carro para a pessoa mais digna da cidade.". Nesse caso, é algo subjetivo, uma pessoa incerta, que não e possível identificar. O legatário tem que ser uma pessoa certa e determinada pelo próprio testador ou pelo menos determinável, que se possa encontrar. Ex.: Marcela deixa seu carro para o aluno do 6º período noturno do segundo semestre de 2016 do curso de Direito da Faculdade Granbery, que obtiver melhor nota em Direito das Sucessões. 
Pessoa beneficiada identificada por terceiros (Art. 1.900, III, CC) 
Um terceiro não pode escolher quem vai receber o legado. Ex.: "Deixo meu carro para uma pessoa que Fulano escolher". Quem tem que escolher é o testador, inclusive aquilo que vai ser deixado, sob pena de nulidade. 
Valor legado fixado por terceiros (Art. 1.900, IV, CC) 
Não pode o testador deixar a cargo de um terceiro escolher o valor do legado. Tem que ser determinado pelo próprio testador sob pena de nulidade. 
Favorecimento pessoas (Art. 1.801/1.802, CC) 
As pessoas que estão nos arts. 1.801 e 1.802 são os impedidos de serem beneficiados em testamento, como as testemunhas do próprio testamento, o tabelião, a concubina, etc. Se essas pessoas forem beneficiadas por cláusula testamentária, essa cláusula é nula. 
Regras permissivas: 
Nomeação pura e simples (Art. 1.897, CC) 
Quando o testador diz qual é o legado e quem é o beneficiário. Ex.: "Deixo meu carro para Fulano". 
Nomeação sob condição (Art. 1.897, CC) 
Quando o testador impõe uma condição ao beneficiário. É uma condição suspensiva: você adquire o direito se praticar a condição. Essa condição não fere o Princípio da Saisine porque basta que o beneficiário cumpra a condição para que tenha acesso ao patrimônio. Ex.: "Deixo meu apartamento para Daniel se ele se casar.". Daniel só terá acesso ao bem se ele se casar.  
Porém, se for imposta uma condição ilícita, a cláusula não será toda inválida, apenas a condição.  Ex.: 1) "Deixo meu apartamento para Daniel se ele plantar no quintal um pé de maconha.". Assim, passará a ser uma nomeação pura e simples; 
Ex.: 2) “Deixo meu apartamento para Daniel se ele se casar com Angelina Jolie.”. Essa condição é inválida não por ser impossível ou improvável, mas porque fere o Princípio da Liberdade de Escolha dos Nubentes. A doutrina e jurisprudência majoritária entendem pela invalidade dessa cláusula, já que não se pode determinar com quem uma pessoa vai se casar.
Nomeação com imposição de encargo (Art. 1.897, CC) 
A imposição de encargo também é permitida. Ex.: “Deixo meu carro para Daniel se ele mandar todo mês uma cesta básica para a APAE.”. 
Esse tipo de cláusula testamentária é válida, porém, se não for cumprido o encargo, os herdeiros, bem como aqueles que têm legítimo interesse - moral e econômico – (a instituição beneficiária, por exemplo) poderão revogar ou exigir o cumprimento da cláusula, sob pena de o bem voltar parao monte mor. A ação para revogar tal cláusula pelo descumprimento do encargo chama-se Ação Revogatória. 
A doutrina divide-se quanto à possibilidade da revogação. A doutrina e jurisprudência majoritária dizem que os herdeiros e interessados só poderão entrar para ajuizar a Ação Revogatória se houve essa previsão no testamento. Ou seja, o testador deverá constar no testamento o seguinte: “Se houver o descumprimento do encargo, poderão os herdeiros ajuizar ação revogatória”. Se o testador não definiu isso no testamento, a jurisprudência e doutrina majoritária entendem que não é possível que os herdeiros ajuízem essa ação, restando uma única alternativa que é entrar com a Ação Cominatória de Obrigação de Fazer (obedecer ao encargo), sob pena de multa astreintes.
Disposição motivada (Art. 1.897, CC) 
A cláusula é feita por um motivo específico. Ex.: “Deixo meu carro para a pessoa que salvou minha vida no incêndio na data X, hora X, local X.”. No testamento não é preciso deixar expresso o motivo pelo qual quer beneficiar alguém. Caso saiba o nome da pessoa, poderá fazer a nomeação pura e simples. Mas esse artigo traz a possibilidade de o testador fazer uma cláusula testamentária na hipótese de não saber o nome da pessoa, por determinado motivo. Porém, esse motivo tem que ser verdadeiro, porque se for falso, essa cláusula não terá validade porque o art. 140, CC diz que toda vez que se tiver um negócio jurídico cujo motivo for falso, esse negócio jurídico é nulo. Nesse caso, a cláusula será nula.
Nomeação a termo na fideicomisso (Art. 1.898, CC) 
A nomeação a termo não é permitida, mas o art. 1.898 traz uma exceção que é o fideicomisso. O fideicomisso é quando o testador deixa um bem para uma pessoa que ainda não nasceu. O testador morre e a pessoa beneficiária ainda não é viva. Essa é uma hipótese de se instituir um herdeiro a termo.
Disposição com cláusula de inalienabilidade (Art. 1.911, CC) 
Gravar um bem com cláusula de inalienabilidade é permitido, porém somente sobre a parte disponível, ou excepcionalmente sobre a parte legítima se tiver comprovadamente justa causa.
3.8. DIREITO DE ACRESCER (Art. 1.941/Art. 1.942)
Testador contempla várias pessoas com mesmo legado
O direito de acrescer é o direito de um legatário de um determinado legado ficar com a parte do outro legado de outro legatário que morreu antes do testador. Para ele poder acrescer essa parte na parte dele, há presença de 3 requisitos: o bem tem que ser indivisível, não pode ter substituto e também não pode ter uma cota específica expressa no testamento. 
Obs.: Não cabe direito de representação com relação aos herdeiros legatários. Ex.: Suponha-se que uma pessoa fez testamento e nomeou Fulano como legatário. Fulano morre antes do testador e esse não muda o testamento. Os filhos de Fulano não terão direito de representá-lo nessa cláusula testamentária, ou seja, não poderão receber esse legado no lugar dele, porque não cabe direito de representação na sucessão testamentária. Nessa hipótese, como Fulano era o único legatário nomeado no testamento, o legado que ficou para Fulano volta para o monte mor e vai seguir a sucessão legítima.
Quando existe mais de um legatário nomeado para um mesmo bem pode acontecer o que o código chama de Direito de Acrescer. Ex.: Suponha-se que uma pessoa fez testamento e nomeou Fulano e Ciclano como legatários de um mesmo apartamento. Antes de o testador morrer, morre o Fulano e ele tem filhos. A parte de Fulano não vai para os filhos porque não há direito de representação na sucessão testamentária. A parte de Fulano poderá acrescer para Ciclano que vai ficar com todo o apartamento. Porém, para esse direito de acrescer acontecer e ser viável, tem que estar presentes alguns pressupostos, basta a presença de um deles para que não haja o direito de acrescer. Portanto, para ter o direito de acrescer, o legado tem que ser indivisível, sem cota específica e sem substituto:
Requisitos 
Indivisibilidade
Não pode haver a possibilidade de o bem ser divisível, porque se for divisível, como uma fazenda, por exemplo, a parte do legatário que morreu volta para o monte mor e segue a sucessão legítima.
Sem cota específica 
Não pode haver cota especificada. No exemplo dado, foi deixado uma cota presumida do apartamento, ou seja, não foi expressamente especificada pelo testador a cota que tocaria a cada uma. Se a cota estiver especificada (ex.: 30% para A e 70% para B, ou 50% para A e 50% para B), não cabe o direito de acrescer. A parte do legatário que morreu volta para o monte mor e segue a sucessão legítima.
Sem substituto 
Não pode haver substituto (aquele que entra no lugar do legatário que morreu). Só existirá substituto se o testador colocar uma cláusula especificando que tem substituto. Ex.: “Deixo um apartamento para Fulano e para Ciclano. Na falta de um dos dois, ficará para o Beltrano”. Nesse caso, Beltrano é o substituto e a parte de quem morreu antes do testador vai para o substituto.
Cumprimento encargo (Art. 1.943, § único, CC) 
O testador pode colocar uma cláusula com encargo. Ex.: “Deixo um apartamento para A e para B. A terá que prestar assistência à APAE”. Nesse caso, o testador deixou um encargo apenas para A. Porém, A é pré-morto, ou seja, morreu antes do testador. Assim, para B receber a cota de A deverá cumprir esse encargo porque não se trata de encargo personalíssimo. Se fosse um encargo personalíssimo (Ex.: Se A fosse artista plástico e tivesse que pintar um quadro), B não teria que cumprir e ficaria com a totalidade do bem. Mas como é um encargo genérico, terá que cumprir.
Renúncia (Art. 1.945, CC)
A regra é que o legatário não pode renunciar somente ao acréscimo. Ou ele renuncia tudo, ou ele não renuncia a nada porque não cabe renúncia parcial, já que o legado é um só.
Mas o código traz a exceção de poder renunciar se essa cota que viria de acréscimo tiver encargo. No exemplo acima, poderia também B renunciar a cota parte de A e ficar somente com sua cota caso não quiser cumprir o encargo. Assim, a parte que ele renunciar não volta par o monte mor, mas reverte para quem seria beneficiado com o encargo.
Não é somente no caso de pré-morto que gera direito de acrescer, pois se A não quiser ou não puder (for indigno – é excluído da sucessão) cumprir o encargo.
Legítima (Art. 1.944, CC) 
O art. 1.944 diz que se não tiver o direito de acrescer, a cota parte vai para o monte mor para seguir a sucessão legítima. Porém, o art. 1.945 traz uma exceção ao art. 1.944, CC: a parte que houver encargo e for renunciada, não segue a sucessão legítima mas reverte para a entidade que seria beneficiada com aquele encargo. 
3.9. SUBSTITUIÇÕES TESTAMENTÁRIAS 
Não cabe direito de representação na sucessão testamentária.
Indicação substituto pelo testador
Quando o testador em cláusula testamentária nomeia um substituto para o legatário (recebe um bem específico) ou para o herdeiro testamentário (recebe um percentual do todo). Ex.: “Deixo um carro para A. Na falta dele, fica para B”. A é o legatário e B é o substituto.
Espécies: 
Substituição vulgar: nomeia outra pessoa para substituir (Art. 1.947, CC) 
Singular: nomeia 1 substituto Ex: “Deixo 1 carro para A. Na falta dele, fica para B”.
Plural: nomeia mais de 1 substituto Ex: “Deixo 1 carro para A. Na falta dele, fica para B e C”.
Recíproca: herdeiros legatários são substitutos entre si Ex.: “Deixo um carro para A, B e C. Na falta de um ou mais deles, um vai substituir ao outro”.
Quinhão vago em partes proporcionais 
Ex.: “Deixo 3/6 do meu carro para A, 2/6 para B e 1/6 para C. Nomeio os três substitutos entre si dentro desse legado”. Suponha-se que A não quis ou não pôde porque é pré-morto, seu quinhão de 3/6 ficará vago. Assim, voltará ao monte mor e deverá ser divido em cotas proporcionais à cota que já se tem (Art. 1.950, 1ª parte, CC), ficando +2/6 para B e +1/6 para C.
						
									+1/6
			A				B				C
		 3/6			 2/6 = 4/6		 1/6 = 2/6
					+2/6
Quinhão vago em partes iguais
Ex.: “Deixo3/6 do meu carro para A, 2/6 para B e 1/6 para C. Nomeio os três, juntamente com D (que não é legatário) substitutos entre si”. O testador trouxe uma terceira pessoa que estava fora daquele testamento para ser também substituto naquele legado. O Art. 1.950, 2ª parte, CC diz que se tiver uma pessoa nomeada substituta que não seja legatária, será dividido em partes iguais. Suponha-se que A não quis ou não pôde porque é pré-morto, seu quinhão de 3/6 ficará vago. Assim, deverá ser divido em cotas iguais para B, C e D, ficando +1/6 para B, +1/6 para C e +1/6 para D.
						
						+1/6			 +1/6
 A				B				C				D
3/6			 2/6 = 3/6		 1/6 = 2/6		 	 1/6
		+1/6
Substituição fideicomissária 
Testador nomeia herdeiro legatário que deverá, após termo/condição transmitir a herança a pessoa ainda não concebida. (Art. 1.951, CC). 
O testador nomeia determinada pessoa como sendo herdeira testamentária ou legatária com a seguinte obrigação: Depois de cumprida determinada condição ou termo (prazo), ela deverá transferir para outra pessoa, que é uma prole eventual, ou seja, uma pessoa que não foi concebida quando da feitura do testamento. 
Ex.: Eu faço um testamento dizendo: “Deixo meu apartamento para A, que, no prazo de 2 anos deverá conceber uma criança e após 10 anos do nascimento dessa criança, A deverá passar esse bem para a criança”.
Portanto, temos 3 pessoas envolvidas: o testador, o primeiro legatário e o legatário (destinatário) final do bem. Tem-se sucessões sucessivas. O primeiro sucessor testamentário é A e o segundo é B, filho de A. Só existe substituição fideicomissária se o destinatário final for uma prole eventual, ou seja, for uma pessoa que ainda não foi concebida.
Fiduciário/fideicomissário
Aquele que faz o testamento é o testador; Aquele que receberá primeiro o bem, dá-se o nome de fiduciário; Aquele destinatário final, a prole eventual, dá-se o nome de fideicomissário.
O fiduciário, naquele período determinado pelo testador, será proprietário do bem, mas a propriedade dele é resolúvel, já que no momento estipulado no testamento, deverá transferir essa propriedade ao fideicomissário. Assim, o fiduciário é proprietário resolúvel (a propriedade resolúvel é aquela que, quando chega determinado tempo, se resolve, se revoga) antes do fideicomissário.
Prole eventual (Art. 1.952, CC)
A regra é que o fideicomissário não pode ter nascido quando o testador morreu, pois ainda tem que ser concebido.
Quanto tempo o fiduciário tem para conceber o fideicomissário? Depende se o testador colocou prazo. Se tiver constado no testamento o prazo, este deverá ser respeitado. Mas caso não tenha previsão de prazo no testamento, será de 2 anos para que haja a concepção (fecundação), conforme art. 1.800, § 4º, CC.
Nascimento fideicomissário antes da abertura da sucessão (Art. 1.952, § único)
O Art. 1.952, § único é exceção ao caput: não acaba completamente o fideicomisso, mas, se porventura o fideicomissário nascer depois da feitura do testamento, e antes da abertura da sucessão, o fiduciário não será proprietário resolúvel, mas será usufrutuário do bem. A propriedade será imediatamente transferida para o fideicomissário porque ele é o destinatário final da herança. 
O fiduciário será usufrutuário do bem pelo prazo estipulado pelo testador; mas caso não tenha sido determinado no testamento, o prazo será vitalício, ou seja, até sua morte.
Existe uma contradição no Art. 1.952 caput e § único: Pelo caput entende-se que se a prole nascer antes do óbito do testador, há caducidade do testamento, mas o § único diz que se nascer antes do óbito e já feito o testamento, não caduca, sendo que, nesse caso, o fiduciário não será proprietário resolúvel, mas usufruturário.
Renúncia fideicomissário -> fiduciário proprietário pleno
O fideicomissário poderá renunciar ao bem apenas quando adquirir a capacidade plena (18 anos). Enquanto ele não tiver nascido e nem tiver capacidade, não poderá renunciar.
Se o fideicomissário renunciar, o fiduciário deixa de ser proprietário resolúvel e passa a ser proprietário pleno, ou seja, o bem passa a pertencer a ele com todos os direitos inerentes ao direito de propriedade.
Renúncia fiduciário -> transmissão imediata para fideicomissário
Se o fiduciário renunciar, o bem passa a ser de propriedade plena do fideicomissário.
3.10. DESERDAÇÃO (Art. 1.961 + 1.962, CC)
Expressa declaração de causa (Art. 1.964, CC)
O próprio autor da herança diante de determinados atos de seus herdeiros, poderá deserdar seus herdeiros. No Brasil, há reserva da legítima (50% do patrimônio aos herdeiros necessários). Portanto, somente nas hipóteses do rol taxativo é que poderá haver deserdação por parte do autor da herança (Art. 1.814 + 1.962, CC). Assim, se o autor da herança toma conhecimento que seus herdeiros praticaram alguns desses atos, poderá deserdá-los.
No art. 1.962, inciso II, calúnia e difamação também entram como hipótese de deserdação em razão do art. 1.814, inciso II dizer que estará excluído da sucessão aquele que incorrer em crime contra a honra do autor da herança.
No inciso III do art. 1.962, “relações ilícitas” são relações sexuais entre o herdeiro com o padrasto/madrasta, ou seja, cônjuge de seu pai/mãe. É uma forma de deslealdade do herdeiro, porém, eventualmente caberia perdão concedido pelo autor da herança e não haveria deserdação.
Prova da causa (Art. 1.965, CC)
Para que o autor da herança deserde, deverá fazê-lo por meio de testamento, e deverá fazer menção expressa à causa: “Estou deserdando porque meu filho atentou contra minha vida...”. Não basta mencionar, porque depois que o autor da herança morrer, que é quando o testamento vai gerar efeitos, os herdeiros deverão provar essa causa.
Caso o autor da herança não tenha mais nenhum herdeiro, quem terá que fazer essa prova é o Poder Público, ou seja, aquela pessoa que será beneficiada com a deserdação.
Prazo (Art. 1.965, § único, CC)
Há prazo decadencial para que essa prova seja feita sob pena de se convalidar o direito de herança ao excluído do testamento. O prazo é de 4 anos contados a partir da abertura do testamento (expedição da certidão de testamentaria pelo juiz).
3.11. REVOGAÇÃO TESTAMENTÁRIA (Art. 1.969 / 1.970, CC)
Mesma forma
O testamento deverá ser revogado pela mesma forma que foi feito, ou seja, se foi feito o testamento público, então deverá ser revogado de forma pública: vou ao cartório e faço uma escritura pública de revogação de testamento; Se foi feito um testamento particular, basta destruir o testamento, pois inutilizando-o, automaticamente estará revogado.
Qualquer tempo
Poderá ser revogado a todo e qualquer tempo, sem motivo, sem causa, basta que o autor da herança não queira mais o testamento e poderá revogá-lo.
Porém, nem sempre a revogação do testamento é expressa. Poderá ocorrer de forma tácita. Ex.: Suponhamos que foi feito um testamento há dez anos e ontem foi feito outro testamento. O anterior não foi expressamente revogado, mas tudo que foi mencionado no segundo, também estavam no primeiro. Assim, esse segundo testamento automaticamente revogou o primeiro.
Total/Parcial
A revogação poderá ser total ou parcial. Poderá haver a existência concomitante de vários testamentos, desde que tratem de assuntos diferentes, ou seja, sejam incompatíveis no seu conteúdo.
Ex.: 1) Há dez anos foi feito um testamento em que deixava um apartamento no centro da cidade para A. Ontem foi feito no cartório um outro testamento em que o mesmo apartamento era deixado para X e Y e uma casa para Z. – Embora tenha sido acrescentada uma informação, foi revogado o primeiro testamento.
2) Há dez anos foi feito um testamento em que deixava um apartamento no centro da cidade para A e uma casa para B. Ontem foi feito no cartório um outro testamento em que o mesmo apartamento era deixado para C. – O primeiro testamento não foi revogado totalmente porque a casa permanece para B, apenas foi revogada a cláusula constante do apartamento para A, que passará a serde C.
3.12. ROMPIMENTO DO TESTAMENTO (Art. 1.973 / 1.974, CC)
Sobrevier herdeiro necessário que não tinha ou não conhecia
O rompimento do testamento é uma forma de invalidação do testamento. “Romper o testamento” significa invalidar o testamento em todas as suas cláusulas.
Há rompimento do testamento quando durante a feitura do testamento o testador não tinha ou não sabia da existência de um herdeiro necessário. Ou efetivamente o filho não tinha nascido quando foi feito o testamento, ou o testador não sabia da existência daquele filho porque a mãe não comunicou-lhe do nascimento.
Havendo essa situação, a regra é que o testamento se rompa em todas as suas cláusulas, ou seja, não terá validade nenhuma. 
Exceção (Art. 1.975, CC)
A exceção é a pessoa beneficiada no testamento não ser herdeiro necessário. 
Ex.: 1) Suponha-se que A é casado e tem 2 filhos registrados e reconhecidos. A faz testamento beneficiando B com a parte disponível, ou seja, B não é herdeiro necessário de A. Porém, depois que foi feito o testamento, A descobre que C é seu herdeiro necessário. Em tese, o testamento estaria rompido, mas nesse caso, terá validade porque a pessoa que foi beneficiada no testamento não é herdeira necessária dele.
2) Suponha-se que A é casado e tem 2 filhos registrados e reconhecidos. A faz testamento beneficiando um de seus filhos com a parte disponível, portanto, o beneficiário agora é um herdeiro necessário. Neste caso, quando se descobre um filho extraconjugal, o testamento se romperá.
Portanto, quando o testador beneficia uma pessoa que não é herdeira necessária, parte-se do pressuposto que ele quer beneficiar uma terceira pessoa. Quando ele beneficia o herdeiro necessário sem saber que ele tem outro herdeiro necessário, presume-se que ele poderia não querer beneficiar de forma desigual daquele que ele não conhecia, porque ele passa a ser um herdeiro necessário.
Ou seja, ele não pode beneficiar no testamento o herdeiro necessário. Se ele o fizer, estará rompido. Mas se for uma pessoa desconhecida, o testamento estará valendo (obviamente com o legado da parte disponível). O nexo é que se ele soubesse que tem outro herdeiro necessário, presume-se que ele poderia não querer beneficiar um em detrimento do outro, pela isonomia entre os herdeiros necessários. “Se eu soubesse que eu tinha aquele outro filho eu não teria beneficiado mais esse daqui.”, presume-se que o testador poderia querer algo diferente para que haja isonomia entre os herdeiros necessários.
TESTAMENTO ROMPIDO:
			 Surge Joaquim, herdeiro necessário que João desconhecia
 João (morreu)			 Maria
			 José				Benedito		 Joaquim
João deixou 50% da sua parte disponível para José.
TESTAMENTO VÁLIDO (NÃO ROMPIDO):
				 João deixou 50% da sua parte disponível para Antônio, seu amigo.
 João (morreu)			 Maria
		 José			Benedito	 	Antônio
Surge Joaquim, herdeiro necessário que João desconhecia.
“Basicamente, o testamento fica roto, cai completamente, não terá efeito algum, quando o testador tem descendente, mas não sabia que tinha, e o descendente aparece. A rupção é denominada revogação ficta porque seu fundamento é a presunção de que o testador não teria disposto dos seus bens, ou, pelo menos, não teria decidido daquele modo, se tivesse descendente, ou se não ignorasse a existência do que tinha” (Zeno Veloso in Flávio Tartuce) pág. 491
“Com efeito, a disposição da lei visa a preservar a vontade do testador e, a um só tempo, os interesses de herdeiro superveniente ao testamento que, em razão de uma presunção legal, poderia ser contemplado com uma parcela maior da herança, seja por disposição testamentária, seja por reminiscência de patrimônio não comprometido pelo testamento.”
Obs.: Ele não tinha herdeiro necessário nenhum, então fez um testamento dispôs de 100% do seu patrimônio para um terceiro que não é herdeiro necessário. Haverá o rompimento do testamento? Rompimento não, mas haverá a redução de legítima, ou seja, 50% ficará com o beneficiado pelo testamento e 50% para o herdeiro necessário que surgiu. Art. 2.007, CC
A partir do momento que o testamento é invalidado, segue a sucessão legítima do art. 1.829, CC.
3.13. TESTAMENTEIRO (Art. 1.976, CC)
	É a pessoa designada pelo testador no testamento para dar cumprimento à sua última vontade. Será responsável por verificar no inventário, depois que o testador morrer, se o testamento está sendo cumprido. Irá acompanhar o inventário e, se porventura, não for cumprida a última vontade do testador, o testamenteiro pode praticar atos para conduzir aquele inventário da forma correta.
	Ele vai precisar ....mente? Depende se o testamenteiro é herdeiro ou não. Se o testamenteiro for herdeiro, ele não tem direito de receber nada por isso. Se o testamenteiro for uma pessoa que não é herdeiro, receberá uma espécie de prêmio/pro labore/renda por exercer essa atividade que o juiz fixará de um a cinco por cento da herança líquida. (Art. 1.987, CC).
INVENTÁRIO E PARTILHA
Só se fala em partilha quando tenho 2 ou mais herdeiros. Se tem apenas um herdeiro se chama adjudicação, mas deverá ter inventário da mesma forma. No inventário, não importa a quantidade de herdeiros, o fato é que quando se tem dois ou mais herdeiros é feita a partilha e quando se tem apenas um herdeiro é feita a adjudicação do patrimônio.
4.1. CONCEITO 
	No sentido estrito é o rol de todos os haveres e responsabilidades patrimoniais de um indivíduo; No sentido amplo é o processo ou procedimento no qual se descrevem e avaliam os bens da pessoa falecida para fins de partilha entre os seus sucessores daquilo que sobrar depois de pagas as despesas judiciais ou cartorárias, impostos e dívidas deixadas pelo falecido.
Lei 6.858/80 – Alvará
Essa lei autoriza que se possa entrar com uma ação com pedido judicial de alvará para evitar o inventário quando exista saldo bancário de valor pequeno deixado pelo falecido. A única coisa que o falecido deixou foi o saldo bancário, numa quantia pequena, não sendo necessário, portanto, que se faça a abertura do inventário. O juiz vai expedir o alvará para que os herdeiros compareçam no banco e façam o levantamento/saque daquela quantia. Porém, esse valor está adstrito àquilo que a lei determina, ou seja, está estipulado o valor limite para que se tenha alvará.
Bem de família voluntário
Bem voluntário de família é quando uma pessoa determina que um bem específico será gravado como bem de família, sendo que esse bem não ultrapasse o valor de 1/3 do patrimônio (Art. 1.711, CC). Assim, o decreto/lei de 3.200/41 diz que o bem de família voluntário não precisa ser inventariado quando um dos cônjuges morre tendo deixado o cônjuge supérstite e filhos menores de idade. Isso não significa que não deverá ser aberto o inventário. Enquanto tiver cônjuge supérstite e filhos menores ou incapaz, não precisa fazer inventário. Poderá ser feito depois que não tiver mais filho menor/incapaz e que morrer o cônjuge supérstite. A única vantagem disso é que não se tem despesas naquele momento, pois será adiada para mais tarde.
Bem doado a marido E mulher
O art. 551, § único, CC diz que quando determinado bem for doado para um casal, na falta de um, a parte dele será transferia para o outro. Ex.: A é casado com B. Eu faço uma doação de um bem para o casal. A morre, mas não é necessário inventariar sua parte porque automaticamente passa a propriedade para o cônjuge supérstite. Não importa o regime de bens, porque quando é feita a doação, metade pertence a um e a outra metade ao outro.
Abertura
Prazo: 
O único que prevê sanção é o Decreto Estadual 43.981/05, no qual deverá pagar multa se abrir o inventário após esses 90 dias, devendo-se obedecê-lo na prática. Mas caso caia em uma prova, utiliza-se o CC se for prova de Direito Civil; utiliza-se o CPC se for uma prova de Processo Civil; se forem conjuntas, utiliza-se o CPC porque é mais específica e maisrecente.
Art. 1.976, CC – 30 dias
Art. 611, CPC – 2 meses
Decreto 43.981/05 – 90 dias http://www.fazenda.mg.gov.br/empresas/legislacao_tributaria/decretos/d43981_2005.htm
Abertura – Legitimados (Art. 615 / 616, CPC)
O que é abrir o inventário? Ajuizar petição para comunicar o óbito, dizer como ele aconteceu, juntar a certidão de óbito e requerer a abertura do inventário. 
Quem é legitimado para abrir o inventário? Aquele que estiver na posse e na administração do espólio (Art. 615, CPC) ou aqueles que têm legitimidade concorrente (Art. 616, CPC). 
Ex.: Determinada pessoa faleceu e deixou muitas dívidas, mas também tinha muito patrimônio (era fazendeiro com muita produção). Um credor do falecido queria se habilitar no inventário para receber seu dinheiro, mas a viúva não queria abri-lo. Assim, poderá esse credor fazer uma petição informando o óbito, juntando a certidão de óbito, provando que era credor e que tinha legitimidade para requerer a abertura, dando o nome e endereço da viúva, pedindo ao juiz que a nomeasse como inventariante para que ela desse prosseguimento no inventário.
Administrador provisório (Art. 613 / 614, CPC)
O administrador provisório vai administrar a herança enquanto não for nomeado um inventariante. O inventariante vai administrar a herança enquanto não houver a partilha.
Os frutos percebidos durante a provisória administração não pertencem ao adm. provisório, pois devem ser trazidos ao acervo do espólio, ou seja, deverá prestar contas dessa administração.
Cumulação de inventário (Art. 672, CPC)
Se durante o inventário de uma pessoa, um de seus herdeiros necessários também falecer, não é preciso abrir outro inventário, pois dentro do inventário em curso, poderá ser feito também o do herdeiro falecido. Porém, para cada morte, haverá recolhimento de impostos distintos. Ainda que se tenha um inventário (uma só partilha), o ITCD deverá ser feito um para cada óbito.
Não deverá fazer inventário conjunto quando o patrimônio for diferente. Ex.: João e Maria são casados. João morre. Depois morre seu filho José. Não poderá nesse caso ter cumulação de inventário porque José, além da herança de seu pai, também tinha vasto patrimônio próprio. Portanto, o ideal é que se faça inventários diferentes, separados.
Espécies
Tradicional (Arts. 610 a 658, CPC / Arts. 668 a 673)
Também chamado de rito ordinário. É a espécie mais comum. Ele possui o procedimento mais demorado, cheio de atos e diligências: Abertura > Primeiras Declarações > Avaliação > Impugnação > Citação > etc...
Arrolamento (Arts. 659 a 667, CPC / Arts. 668 a 673)
O rito do arrolamento é bem mais rápido porque várias etapas são puladas, mas existem alguns requisitos que devem estar presentes para que se possa seguir por essa espécie:
Consenso entre os herdeiros com relação à forma com que a partilha será feita. Se houver qualquer tipo de litígio, dissenso, deverá ser ajuizado o inventário tradicional, rito ordinário.
Não poderá ter a participação de pessoas menores ou incapazes nesse rito arrolamento, exceto se, ainda que haja o incapaz ou o menor, houver a participação do Ministério Público e o valor do patrimônio total da herança não for superior a mil salários mínimos. 
Extrajudicial
Só pode ser feito o inventário extrajudicial se não houver testamento, porque caso haja, deverá ser inventário judicial haja vista que o juiz deve fazer a leitura do mesmo e expedir a certidão de testamentaria. 
A vantagem desse rito é a celeridade, já que é muito mais rápido que o inventário judicial. Só ficará paralisado enquanto não houver o recolhimento do ITCD porque o cartório precisa do comprovante do recolhimento do imposto para poder lavrar a escritura, mas a partir do momento que o tabelião tem esse recibo, dentro de 24h a escritura está lavrada. No entanto, é mais caro que o inventário judicial por conta das taxas e emolumentos cartorários.
Surgiu em 2007 através da Lei 11.441/07 que trouxe a possibilidade de separações, divórcios e inventários serem feitos extrajudicialmente, ou seja, através de escritura pública (Cartório de Notas), mas também existem requisitos para seguir o rito extrajudicial:
Consenso.
Não poderá ter a participação de menores ou incapazes. Nessa hipótese não há exceção porque o Ministério Público não atua nos cartórios.
Não há limite de valor nem mínimo, nem máximo para seguir esse rito. Portanto, qualquer que seja o valor do patrimônio, poderá ser feito por inventário extrajudicial. Deverá haver a presença de advogado acompanhando esse procedimento.
Geralmente, quando o falecido deixa muitas dívidas, os herdeiros fazem o inventário extrajudicial para que os credores não tomem conhecimento e não habilitem crédito, mas se eles descobrirem depois, conseguem revogar a partilha desde que dentro do prazo prescricional para cobrança da dívida.
OBS.: Por determinação do CNJ, para levantamento de valores no banco, basta comparecer no banco com a escritura pública do inventário para retirada do valor, não havendo a necessidade do alvará. Porém, caso não se tenha o extrato ou se saiba o valor que tem na conta, não poderá ser feito o inventário extrajudicial porque deverá requerer ao juiz que envie um ofício ao banco para que informem o valor, se existe ou não a conta, etc.
Inventário Negativo
É o inventário de quem não deixa patrimônio. É necessário que haja esse inventário porque pode ser que o falecido tenha deixado pendências que precisam ser resolvidas, assinadas, e precisa da nomeação de um inventariante para que pratique essas diligências. Não está previsto na lei mas é aceito pela doutrina e jurisprudência.
Ex.: 1) Suponha-se que uma pessoa tinha um único bem e vendeu esse imóvel, mas não assinou a escritura para que o comprador fizesse a transferência no cartório de registro de imóveis para seu nome. Então essa pessoa morre sem deixar nenhum bem. Nenhum herdeiro poderá assinar o documento porque em momento algum esse bem chegou a integrar o patrimônio deles, porque a venda foi feita antes do óbito. Nesse caso, é necessário que seja feito o inventário negativo explicando para o juiz a situação, e requerendo a expedição de alvará autorizando o inventariante a assinar a escritura no lugar do falecido.
2) Suponha-se que alguém morre deixando créditos trabalhistas na Justiça do Trabalho. Quando se tem uma ação cível em que uma das partes morre, o Código Civil e Processo Civil permite a substituição processual, ou seja, os herdeiros entrem no lugar do falecido. No entanto, a Justiça do Trabalho não permite, pois exige representação por parte do espólio, portanto, deve-se nomear um inventariante. E caso o falecido não tenha deixado bens, deverá ser feito um inventário negativo para que o inventariante a ser nomeado represente o falecido perante aquela ação na Justiça do Trabalho. 
Inventariança – Procedimento propriamente dito do inventário
Nomeação inventariante (Art. 617, CPC)
O caput do art. 617, CPC fala “preferencialmente”, ou seja, não é uma ordem absoluta. De acordo com a necessidade e interesse das partes e do próprio juiz, pode haver alteração da ordem.
Atribuições inventariante (Arts. 618 / 619, CPC)
O inventariante deverá cuidar do processo de inventário, do patrimônio, representar o espólio, conservar os bens e fazer com que esse inventário tenha seu fim da forma mais rápida possível, ou seja, passa a ser o administrador daquela herança, prestando contas de tudo, sem receber nada por isso caso seja herdeiro. Se o inventariante for pessoa estranha nomeada pelo juiz.
Remoção e Destituição do inventariante (Art. 622, CPC)
Pode ser que o inventariante não esteja exercendo adequadamente a sua função e assim, poderá ser removido desse cargo que ocupa. Poderá o juiz fazê-lo de ofício, mas também se for provocado pela parte. Se porventura, a parte entrar com pedido de remoção, esse pedido é feito através de um incidente processual, que é um processo distribuído por dependência, mas é um processo autônomo, independente, porque ao inventariante tem que ser dado o direito de contraditórioe ampla defesa. Pode ser que seja feita alguma alegação injusta contra ele, mas pode ser que seja verdadeira. Tanto é, que se houver indícios, provas, ainda que iniciais, o juiz poderá remover liminarmente e deixar para analisar o mérito desse incidente de remoção depois, mas deverá ser autuado em apenso porque o inventário pode ser suspenso ou prosseguir. Na mesma sentença que o juiz julgar procedente a remoção do inventariante, já deverá nomear outro no lugar, seguindo a ordem preferencial ou por indicação dos herdeiros, para dar prosseguimento ao inventário porque não pode deixar o inventário sem um inventariante.
Processamento inventário
Foro competente (Arts. 23, 48, 50 CPC)
O inventário deve ser ajuizado no foro de último domicílio do falecido. 
Porém, suponha-se que um estrangeiro tenha imóveis no Brasil, ou seja, mora no exterior, mas tem imóveis aqui. Quando esse estrangeiro morre, a competência da sucessão do inventário será o país de origem dele, mas com relação ao bem imóvel daqui, deverá ser feito o inventário no Brasil (Art. 23, II, CPC). 
Se um brasileiro possui um bem no exterior e vem a óbito, o inventário referente àquele bem deverá ser feito naquele país, em que pese ter que mencionar a existência desse bem no inventário feito aqui. O tributo será recolhido no país em que o bem estiver localizado de acordo com as regras dos direitos sucessórios daquele país.
Se um juizforano falece mas bens em Juiz de Fora, no Rio de Janeiro, em São Paulo e Salvador. O inventário vai tramitar em Juiz de Fora pois é o domicílio dele, mas os impostos (ITCD é de competência estadual) de cada imóvel serão recolhidos nos estados correspondentes MG, RJ, SP e BA. Assim, deverão ser feitos 4 processos administrativos perante a Receita Estadual da localização de cada bem. Quitados os 4 impostos, deverá apresentar o comprovante no inventário para conseguir a expedição do formal de partilha.
Quando houver mais de um domicílio, poderá optar por um deles. 
Primeiras declarações (Art. 620, CPC)
O inventariante deverá prestar as primeiras declarações. Através de uma petição no processo, informa tudo aquilo que é necessário para o inventário poder prosseguir, bem como junta os documentos comprobatórios: se o falecido deixou cônjuge/companheiro vivos e qual o regime de bens (certidão de casamento/união estável); se deixou herdeiros e quem são (qualificando-os, dizendo se são casados ou não, também juntando certidões nascimento/casamento); relação de todo e qualquer bem deixado (bem imóvel: compra e venda/registro; bem móvel: recibos/documentação; depósito bancário: extrato/crédito/nota promissória, etc.); deverá dizer quem está na posse e administração do patrimônio; 
Citação Interessados (Art. 626, CPC)
Além disso, vai requerer a citação dos herdeiros e demais interessados no processo de inventário (Fisco Estadual, Receita Estadual).
Impugnação (Art. 627, CPC)
Após citados os interessados, abre-se o prazo para impugnação das primeiras declarações. No prazo de 15 dias, poderão as partes de manifestarem, concordando com as primeiras declarações e pedindo o prosseguimento do inventário ou impugnando, ou seja, contestando alguma coisa que foi dita ou omitida nas primeiras declarações.
I – Se o inventariante deixou de constar algum bem, faltou algum herdeiro, ou tem alguma informação errada nas primeiras declarações;
II – Poderá impugnar uma qualificação do inventariante para que não possa ocupar aquele cargo;
Questões de alta indagação (Art. 612 e 628, CPC)
III – Contestar a qualidade de herdeiro é uma questão de alta indagação pois está-se contestando o fato de a pessoa ser herdeira. Isso costuma acontecer muito quando aparece companheiros sobreviventes em que não havia uma escritura pública de reconhecimento de união estável, e os herdeiros querem excluir a companheira do direito sucessório ou uma pessoa que realmente não tinha relação nenhuma com o falecido aparece querendo ser parte no inventário.
Assim, o Novo CPC trouxe uma nova informação que é contraditória ao Código Civil. O momento de se impugnar é no prazo de 15 dias, devendo-se contestar a qualidade de herdeiro. O juiz vai analisar e se tiver prova documental, o próprio juiz vai decidir essa questão se é ou não herdeiro. Mas se porventura for necessário fazer outra prova que não seja somente a documental, ou seja, se precisar de prova testemunhal ou pericial, o juiz do inventário não pode decidir essa questão de alta indagação, que deverá ter um processo próprio, independente, totalmente autônomo. O(a) companheiro deverá ajuizar ação de reconhecimento de união estável na vara de família, os herdeiros serão citados para apresentar contestação, o juiz deverá dar uma sentença e se for declarada a união estável, essa sentença é levada para dentro do inventário para ser admitida a companheira como herdeira/meeira, a fim de participar daquela sucessão.
O processo ficará suspenso se for pedido no juízo do inventário e ele deferir a suspensão. A pessoa que pode ser prejudicada com o prosseguimento do inventário poderá pedir para que a cota parte dela seja reservada até que haja essa decisão. O que não pode acontecer, é a suspensão desse procedimento administrativo no fisco (ITCD), devendo prosseguir mesmo se estiver suspenso o processo de inventário porque tem-se 180 dias a contar da abertura da sucessão para pagar o imposto e caso não seja pago há juros e multa.
Avaliações (Art. 630, CPC)
Só vai haver avaliação judicial se houver dissenso entre os herdeiros com relação ao valor dos bens, ou seja, somente se eles não estiverem de acordo com o valor que foi dado pelo inventariante (próprio IPTU, ITR, da Tabela Fipe da época da abertura da sucessão), que será feita a avaliação judicial dos bens que compõem o acervo hereditário, ou seja, o patrimônio deixado da herança. O juiz nomeará um perito especialista em avaliação para dizer quanto vale cada bem.
A avaliação judicial difere da avaliação que o Estado pode fazer. Quando é feito o procedimento administrativo no fisco, será apresentado o valor venal de IPTU, ITR, Tabela Fipe, mas quando se trata de imóvel, os valores venais estão muito abaixo do valor de mercado, portanto, a Fazenda Estadual não aceita aquele valor como sobre o qual ela incidirá o imposto, ou seja, seus próprios avaliadores farão as constatações dos bens para saber o valor real. Se os herdeiros não concordarem com o valor da avaliação feita, poderá ser feito um processo administrativo dentro do próprio fisco (prazo de 10 dias de quando se toma ciência daquela avaliação). O fisco pode rever ou pode manter. Se o fisco manter e ainda sim, os herdeiros discordarem, poderá ser requerida uma avaliação judicial.
Últimas Declarações
São as informações prestadas pelo inventariante no sentido de que não há mais nada a retificar nem a fazer, para que se encerre o inventário e requer a homologação ou decretação da partilha. Muitas vezes o inventariante não faz essa declaração de forma expressa, apresentando simplesmente o plano de partilha no processo. Portanto, quando o plano de partilha é apresentado, subentende-se que não há mais retificações a fazer, exceto levar ao juiz a apreciação daquele plano de partilha.
Partilha (Art. 647, CPC)
A partilha será feita quando houver mais de um herdeiro. Se for um único herdeiro não há partilha, mas sim adjudicação.
Homologação
A homologação se dá quando o inventário se deu consensualmente, ou seja, todos os herdeiros concordam com aquilo que foi apresentado.
Decretação
A decretação de partilha é quando não há o consenso entre os herdeiros e terá que fazer a partilha judicial.
Homologado ou decretado, transitado em julgado essa decisão, o próximo passo é a expedição do formal de partilha, que é uma ordem expedida pelo juiz para que os cartórios façam os registros/transferências para os herdeiros na forma como constou-se no formal de partilha.
Tutela de Evidência (Art. 647, § único, CPC)
Tutela de Evidência é uma tutela provisória que o juiz dá de forma antecipada, ou seja, antes dedecidir o mérito do processo, desde que o direito da parte esteja evidenciado por prova documental de forma que é pouco provável que ele decida de forma diferente no final do processo.
Ex.: Um falecido deixou uma companheira e uma filha. A filha do testador cedeu há anos um imóvel comercial no qual ela desenvolve suas atividades comerciais. A companheira, com o óbito do de cujus, entrou com processo de inventário, pediu para ser nomeada inventariante e o juiz assim a nomeou. Porém, notificou a filha pedindo que se retirasse do imóvel. Então a filha peticionou com base nesse artigo, comprovando o tempo que já está naquele imóvel, o fundo de comércio que possui, requerendo em tutela de antecipada de evidência que ela permanecesse na posse e administração daquele bem e dizendo que ao final da partilha, quer ficar com aquele imóvel. Deverá portanto, arcar com todas as despesas, mas se ao final do inventário ela disser que não quer ficar com aquele imóvel o juiz dirá que ela estava de litigância de má-fé. Mas se ela realmente tiver interesse de ficar com aquele bem, ela já pode ficar com ele como uma espécie de antecipação daquilo que ele vai ter direito lá no final da partilha.
Comprovada a posse e administração do imóvel, há o direito de preferência, sendo certo que de alguma forma se integrou à ele.
4.2. SONEGADOS (Art. 1.992/1.993, CC)
Ocultar
Sonegar é ocultar, esconder. O descendente e o cônjuge que recebem em vida uma doação do autor de determinada herança, é obrigado a apresentar esse bem no inventário. Doação é uma transferência gratuita. Não pode ser feita uma doação sem que seja preservada a legítima. Toda vez que se fala em doação em vida, presume-se que existe uma antecipação da legítima. A lei determina que todo descendente e cônjuge que em vida tenha recebido alguma doação e que a pessoa que doou (sendo o ascendente ou cônjuge) morrer, deverá trazer esse bem para o inventário para poder averiguar e igualar a legítima para que não haja prejuízo para os demais herdeiros.
Se a pessoa que está obrigada a colacionar, não colaciona, ou seja, não traz esse bem ao inventário, há a sonegação.
Sanção
Toda pessoa que deveria trazer o bem ao inventário e não traz, ou seja, sonega, sofre uma sanção: perder o direito que lhe cabia naquele bem. Ela não perderá o direito com relação à totalidade da herança, continuará participando dos demais bens, mas apenas com relação ao sonegado perderá seu direito nele.
Colacionar é levar o bem ao inventário. Existem duas espécies de doação em vida que uma pessoa pode fazer: com dispensa de colação e sem dispensa de colação. 
1) Se em vida a doação for sem dispensa, o doador está dizendo que deverá ser apresentado esse bem no inventário quando ele morrer. Isso configura a antecipação de legítima. A pessoa está recebendo antes aquilo que receberia somente depois da morte; 
2) Se em vida foi feita a doação com dispensa de colação, o doador quer dizer que não será necessário levar esse bem ao inventário. Portanto, esse bem saiu da parte disponível do patrimônio.
Em ambos os casos deverá levar os bens para o inventário para ser analisado se a legítima não foi ferida, porque se foi ferida, haverá consequência. Aquele que não estiver obrigado a colacionar e não levar o bem ao inventário não sofrerá sansão.
Se quem sonegar for o inventariante, a penalidade é que além de perder o direito sobre o bem, também será removido do cargo de inventariante.
Ex.: Suponha-se que há uma viúva que é inventariante no processo de inventário de seu falecido marido. O regime de bens era o da comunhão parcial de bens. Durante o casamento foi comprado um imóvel. A viúva sonegou esse bem (ocultou). Os herdeiros descobrem a sonegação e pedem ao juiz que aplique à ela a sanção. Assim, haverá a remoção dela como inventariante mas não perde o direito na totalidade do bem, já que é meeira e não é herdeira, ou seja, a meação ela não perde, o que se perde é a cota-parte referente à herança. Como ela não é herdeira desse bem, ela não perderá cota-parte desse bem porque meação é patrimônio dela.
Momento arguição (Art. 1.996, CC)
Se o herdeiro/cônjuge sonegador for inventariante, deverá esperar que ele se manifeste expressamente no sentido de que não há outros bens a apresentar. Assim, quando são apresentadas as últimas declarações, o plano de partilha, está dizendo que não há outros bens. E se for descoberto pelos herdeiros outro bem depois disso, poderá acusá-lo de sonegação. Se ele simplesmente ocultou, ninguém pediu que fosse apresentado aquele bem e ele não se negou, não pode arguir sonegação. Só tem ocultação/sonegação se houver má-fé.
Quando o herdeiro sonegar, o juiz intimará para apresentar o bem. Só se fala que ele sonegou, quando ele comparecer no processo e disser que não tem bens e os herdeiros provarem a existência do bem posteriormente. É necessária a manifestação no sentido de que não tem bens. (Art. 621, CPC)
Ação (Arts. 1.994, CC + 641, CPC)
Se puder provar a sonegação somente com documentos, no próprio processo de inventário deverá pedir ao juiz para declarar a sonegação e aplicar a sanção. Entretanto, se forem necessárias outras provas para comprovar que existe a sonegação, deverá ajuizar uma ação autônoma e independente chamada Ação Declaratória de Sonegados. O objetivo é declarar o sonegador e aplicar a ele a sanção. Com a sentença dessa ação, insere-a no processo de inventário a fim de excluir o sonegador com relação à parte que lhe cabia naquele bem.
Prazo
Os herdeiros têm prazo para poder entrar com ação declaratória de sonegados. Não há prazo específico, sendo usado, portanto, o prazo prescricional de 10 anos, regra geral do art. 205, CC, a contar a partir do momento em que for praticada a sonegação, ou seja, a declaração no sentido de não ter o bem. E se for o inventariante, é a partir das últimas declarações.
Após ultimada partilha (Art. 2.022, CC)
Se já tiver ocorrido o inventário e a partilha tiver sido feita, os herdeiros deverão entrar com Ação Declaratória de Sonegados, atentando-se sempre para o prazo prescricional. Se for procedente, o bem sonegado deverá ser partilhado, excluindo-se o sonegador. Como a partilha e o inventário já se encerraram, será feita a sobrepartilha. Todo e qualquer bem que fica fora da partilha, deverá ser feito através de sobrepartilha (partilha posterior).
4.3. COLAÇÃO
É o ato pelo qual os herdeiros descendentes que concorrem a sucessão dos ascendentes comuns declaram, no inventário, as doações que dele receberam em vida sob pena de sonegados, para que sejam conferidas e igualadas as legítimas.
Descendente/Cônjuge (Art. 2.002/2.003, CC)
Quando um herdeiro recebe em doação um bem de seu pai em vida, deverá informar no inventário que recebeu o bem em vida e colocar o valor dele para que seja feita a análise da legítima. A partir do momento que é doado o bem, é feita a transferência no cartório e o herdeiro sabe que deverá colacionar esse valor no inventário. Entretanto, poderá vender o bem e se porventura tiver que devolver alguma coisa, deverá devolver o valor desse bem. Inclusive se saiu da parte disponível ou feriu a legítima, deverá devolver. Não é somente bem imóvel, mas qualquer bem que tenha valor econômico que tenha sido recebido em vida, como dinheiro.
Essa doação em vida é um adiantamento daquilo que se receberia lá na frente, após o óbito, desde que não prejudique os demais herdeiros, mas devendo colacionar quando feito o inventário. Exceto que se queira fazer uma doação da parte disponível, em que deverá o doador mencionar expressamente no contrato de doação ou no testamento que aquela doação saiu da parte disponível, ou utilizando a expressão “COM DISPENSA DE COLAÇÃO”, pois assim refere-se aos 50% de seu patrimônio que pode dispor livremente. Se o doador for omisso não dizendo nada a respeito, significa SEM DISPENSA DE COLAÇÃO, ou seja, antecipação da legítima.
Renunciante (Art. 2.008, CC)
A pessoa que renuncia à herança tem posse nas que recebeu em vida? Ex.: “A” recebeu uma doação em vida de

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