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O Significado do Trabalho na Contemporaneidade

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EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
O MUNDO DO TRABALHO 
NA CONTEMPORANEIDADE
ESTUDOS SOCIOLÓGICOS E 
ANTROPOLÓGICOS 
15
UNIDADE
Unidade 15. O mundo do trabalho na Contemporaneidade.
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
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O MUNDO DO TRABALHO NA
CONTEMPORANEIDADE
 APRESENTAÇÃO
 As sociedades humanas criaram formas de atender às necessi-
dades de sobrevivência de um número cada vez maior de indivíduos. 
O meio utilizado para suprir as necessidades, podemos chamar de 
trabalho. Embora permaneçam situações de desigualdade, é inegá-
vel que as instituições econômicas ao longo do tempo foram dando 
maior perspectiva de vida à espécie humana. E, uma vez que as neces-
sidades básicas de alimentação, moradia, vestuário, proteção estejam 
supridas pelo trabalho, criam-se novas necessidades, como o lazer, o 
entretenimento, entre outros desejos.
 A produção, a distribuição e o consumo de bens e serviços são 
considerados, portanto, instituição econômica, inserida em um sis-
tema social e cultural. Assim, o ser humano busca prover os meios 
necessários de sobrevivência na sociedade.
	 Ao	longo	da	história,	podemos	identificar	alguns	tipos	de	siste-
mas de produção: coletivista, escravista, feudal, capitalista, socialista, 
entre outros.
 Como já vimos, o capitalismo, sistema econômico predominan-
te no mundo atual, teve seu desenvolvimento com a Revolução Indus-
trial na Inglaterra no século XVIII. O capitalismo é altamente dinâmico 
e vem se reinventando ao longo do tempo, principalmente nos en-
frentamentos de suas crises. 
 O trabalho num sistema escravista, feudal ou coletivista acaba 
possuindo	significados	diferentes	uns	dos	outros,	apesar	de	o	objeti-
vo ser o mesmo: suprir necessidades humanas. 
 Cada modelo de produção acaba condicionando um modo es-
pecífico	de	se	trabalhar.	A	categoria	“trabalho”,	portanto,	nesta	unida-
de, será analisada dentro do sistema de produção capitalista.
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 Há muitos livros, artigos e vídeos para continuar se apro-
fundando sobre o Capitalismo. No século XIX, por exemplo, 
Karl	Marx	contribuiu	de	maneira	significativa	para	se	compreender	o	
que é o capitalismo, quando divulgou suas obras, em especial o con-
junto de livros chamado de O Capital (sendo o volume 1 do ano de 
1867).
 Recomendamos também, a leitura do texto: O Capitalismo, de 
Ernest Mandel (1981). Disponível em: <https://www.marxists.org/por-
tugues/mandel/1981/mes/capitalismo.htm>. Acesso em 30 jun. 2016.
 Você deve assistir também ao vídeo: A história das coisas (The 
Story	of	Stuff),	 com	Annie	Leonard,	que	 trata	 sobre	o	ciclo	de	vida	
de bens materiais no sistema capitalista e de nossa obsessão pelo 
consumo,	consequência	da	influência	dos	meios	de	comunicação	de	
massa e das empresas produtoras desses bens, o que levará, inevita-
velmente,	à	destruição	do	planeta.	Enfim,	o	que	fazer	para	mudar	essa	
tendência,	também	faz	parte	das	reflexões	de	Annie	Leonard.
 Vídeo disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=-
7qFiGMSnNjw>. Acesso em 30 jun. 2016.
 É importante você destacar os pontos principais da leitura do 
texto	de	Ernest	Mandel	e	do	vídeo	de	Annie	Leonard.
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O significado do trabalho
	 O	trabalho	é	uma	realidade	para	todo	ser	humano,	afinal,	tra-
balhamos a maior parte de nossas vidas. Podemos, então, procurar 
entender o que é o trabalho abordando-o sob diferentes aspectos. 
Primeiro, por suas características, seus efeitos na transformação da 
natureza e do próprio ser humano; pela divisão do trabalho na socie-
dade,	sendo	o	que	cada	um	realiza	algo	específico	no	processo	pro-
dutivo.	Segundo,	do	significado	que	o	trabalho	tem	para	cada	um	de	
nós; seu aspecto subjetivo; da sobrevivência; da realização pessoal; da 
questão de pertencer a um grupo.
 O trabalho humano deve ser consciente e proposital, diferente 
dos animais que trabalham por instinto. O trabalho deve promover a 
interação	e	tem	por	objetivo	manter	a	espécie	humana.	Ele	modifica	a	
natureza,	formando	as	culturas	e	modifica	a	própria	natureza	da	pes-
soa, fazendo com que ela se desenvolva e se realize.
	 Leia	 o	 texto	 a	 seguir,	 publicada	 em	 01/05/2013,	 por	 Glenda	
Mendes,	em	O	NACIONAL.	
 Disponível em: http://migre.me/ussce. Acesso em 30 jun. 2016.
O trabalho dignifica o homem
 A expressão, tão comumente usada, encontra explicação na psi-
cologia, pois o trabalho é sim condição preponderante para a realiza-
ção humana.
 Trabalhar é condição essencial, não somente pela manutenção 
financeira,	mas	pela	dignificação	da	vida.	Trabalhar	se	constitui	numa	
parte importante da vida. E vai além do ganha-pão. Tem a ver com 
realização pessoal, com sentir-se útil e encontrar sentido para os dias. 
“A	importância	do	trabalho	na	vida	do	ser	humano	vai	muito	além	do	
fato de que, através dele, satisfazemos nossas necessidades básicas. 
O trabalho, por si só, é revelador da nossa humanidade, uma vez que 
possibilita ação transformadora sobre a natureza e si mesmo. Além 
disso, a nossa capacidade inventiva e criadora é exteriorizada através 
do	ofício	que	realizamos”,	afirma	a	psicóloga	organizacional	Vanessa	
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Rissi.
 De outro lado, o fato de não trabalhar pode ter consequên-
cias	negativas,	que	afetam	diretamente	a	personalidade.	 “Em	 razão	
da centralidade que o trabalho ocupa em nossas vidas, é que pode-
mos compreender as consequências negativas do não-trabalho, da 
inatividade. Um sujeito sem trabalho é impedido de se realizar como 
homem	e	cidadão,	o	que	afeta	diretamente	sua	dignidade”,	salienta	
Vanessa, que é mestre em Saúde Coletiva/Saúde do Trabalhador, es-
pecialista em Gestão de Recursos Humanos e professora da Imed.
 Ter um ofício é primordial na vida do ser humano. Durante a 
própria evolução, cada indivíduo veio desempenhando um papel, o 
que	não	é	diferente	nos	dias	de	hoje.	“O	trabalho	é	um	meio	inexorá-
vel da existência humana e constituinte da identidade do sujeito. Isto 
significa	que	cada	um	se	torna	o	que	é	por	meio	do	ofício	que	execu-
ta. Através do trabalho as pessoas podem imprimir sua marca, o seu 
registro. Isto tanto é verdadeiro que quando não conhecemos uma 
pessoa e, então, perguntamos ‘quem é fulano?’, a resposta sempre 
estará relacionada a função executada no mundo do trabalho: ‘ele é 
professor da escola x, ele é vendedor da empresa y, é médico’, e assim 
por	diante”,	argumenta	a	psicóloga.
Gostar do que faz
 Tão importante quando desempenhar o seu ofício é gostar do 
que se faz. Quem realiza o seu trabalho sem estar contente com o 
que executa, certamente não terá empenho e sua produção será me-
nor,	além	da	propensão	ao	desenvolvimento	da	depressão.	“Trabalhar	
sem sentir prazer é sinônimo de sofrimento e de adoecimento. Um 
trabalho que não for considerado gerador de bem-estar trará mais 
prejuízos do que benefícios. Não é possível que um trabalho, ao cau-
sar	sofrimento,	cumpra	a	sua	 função	de	dignificar	o	homem.	A	gê-
nese do sofrimento pelo trabalho está, por exemplo, relacionada a 
fatores	como	conflitos	constantes	entre	líderes	e	liderados,	ausência	
de espaço para discussão, expressão e resolução de problemas e/ou 
fragmentação e inserção muito limitada das tarefas no processo pro-
dutivo”,	ressalta.
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Bem-estar no trabalho
	 “A	sensação	de	bem-estar	no	trabalho	está	ligada	diretamente	a	
características	como:	trabalho	estimulante	e	desafiador,	possibilidade	
de crescimento na carreira, aprendizado e desenvolvimento, ter um 
bom chefe, clima organizacional positivo, remuneração e benefícios 
justos,	entre	outros”,afirma	Vanessa.	Por	isso,	tão	importante	quanto	
gostar do que se faz é desempenhar esta função num local que ofe-
reça	as	condições	necessárias.	“Durante	mais	de	50	anos,	os	pesquisa-
dores estudaram os fatores que satisfazem, motivam ou envolvem os 
seus	funcionários	talentosos.	Abraham	Maslow,	por	exemplo,	identifi-
cou as necessidades básicas de sobrevivência e descobriu que, quan-
do essas necessidades eram satisfeitas, as pessoas se concentravam 
nas necessidades sociais e na auto-realização do trabalho. Frederick 
Herzberg	identificou	os	‘fatores	de	higiene’	como	o	ambiente	de	tra-
balho, salário e benefícios decentes como possíveis motivos de insa-
tisfação, quando são inadequados, mas eles não são necessariamente 
motivadores.	Se	as	pessoas	não	forem	desafiadas	no	trabalho	ou	não	
estiverem progredindo, ou ainda, se não se dão bem com o chefe, o 
salário	provavelmente	não	os	reterá	por	muito	tempo”,	exemplifica.
 A frase a seguir de Steve Jobs revela um aspecto da realidade do 
trabalho, que é a sua realização:
	 “Seu	trabalho	vai	preencher	boa	parte	da	sua	vida	e	a	única	ma-
neira de ser verdadeiramente satisfeito é fazer o que acredita ser um 
ótimo trabalho. E a única maneira de fazer um ótimo trabalho é amar 
o que você faz”	–	Steve	Jobs.
	 A	charge	de	Laertes	 revela	outro	aspecto	do	 trabalho:	o	pre-
conceito. Muitas vezes, ocorre contra imigrantes e seu trabalho nas 
grandes	cidades.	A	sustança,	a	que	se	refere	a	charge	significa	a	força	
de trabalho do migrante numa grande cidade.
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 O sociólogo brasileiro Ricardo Antunes possui inúmeros 
livros e artigos sobre o tema trabalho. 
 No livro Adeus ao trabalho? Ensaio sobre as metamorfoses e a 
centralidade do mundo do trabalho, Ricardo Antunes apresenta de 
forma bastante interessante como o trabalho é algo central no mun-
do	atual,	 apesar	de	 toda	a	modificação	pelo	qual	 seu	 sentido	vem	
tomando (metamorfose ), principalmente com objetivos de desquali-
ficar	sua	própria	importância.
 Ricardo Antunes discute inúmeros temas referentes ao mundo 
do trabalho, debate a metamorfose das práticas no capitalismo ao 
analisar, por exemplo, como se deu o trabalho sobre uma estrutura 
dita como fordismo, taylorismo, toyotismo e a atual concepção de 
acumulação	 flexível	 ou	 trabalho	 flexível,	 terceirização,	 entre	 outros.	
Cada um desses conceitos nos remete a uma realidade no sistema ca-
pitalista. Bem como ao longo do século XX, como os sindicatos foram 
também	modificando	as	formas	de	representação	dos	trabalhadores.	
E, ainda, questões como daquelas pessoas que estão fora de um tra-
balho protegido pelas leis. Seria importante a leitura do livro como 
forma de entender a dinâmica do trabalho na sociedade capitalista e 
a importância do conceito para nossa vida.
 REFERÊNCIAS
ANTUNES, Ricardo. Adeus ao trabalho? Ensaio sobre as metamor-
foses e a Centralidade do Mundo do Trabalho. 7ªed. rev. ampl. São 
Paulo: Cortez; Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2000.
ARAÚJO, Sílvia Maria de. Sociologia: volume único: ensino médio. 
Silvia	Maria	de	Araújo,	Maria	Aparecida	Bridi,	 Benilde	 Lenzi	Motim.	
São Paulo: Scipione, 2013.
COSTA, Cristina. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. 
2ª.ed. São Paulo: Moderna, 1997.
LAPLANTINE,	François.	Aprender antropologia. São Paulo: Brasilien-
se, 2003.
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