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Resumo Fundamentos das Ciências Sociais

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SEMANA AULA 01 - A QUESTÃO DO CONHECIMENTO: SENSO COMUM E PENSAMENTO CIENTÍFICO.
A LINGUAGEM COMO ATIVIDADE HUMANA
A linguagem é um sistema simbólico. Para que os símbolos façam sentido, devem ser dotados de aceitação social. Ex.: Palavra “Carro”. O que é? Como você sabe o que representa?
Logo, a linguagem é um sistema de representações aceitas por um grupo social que possibilita a comunicação entre os seus integrantes.
É a linguagem que nos diferencia dos demais animais. Construída com base na razão, serve para nos aproximar da realidade, só existindo onde há racionalidade.
No momento em que damos nome a alguma coisa, tal coisa se torna individualizada, passa a existir para a nossa consciência. O nome tem a capacidade de tornar presente para a nossa consciência o objeto que está longe de nós.
Não precisamos mais da existência física das coisas: criamos, através da linguagem, um mundo estável de ideias que nos permite lembrar o que já foi e projetar o que será. Assim é instaurada a temporalidade no existir humano. Pela linguagem, o homem deixa de reagir somente ao presente, ao imediato; passa a poder pensar o passado e o futuro e, com isso, a construir o seu projeto de vida.
Pelas palavras, podemos transmitir o conhecimento acumulado por uma pessoa ou sociedade. Podemos passar adiante esta construção da razão que se chama cultura.
O pensamento de nada serviria se não houvesse a linguagem, não existindo, também, linguagem sem o pensamento.
Assim, as coisas não têm sentido em si mesmas, mas os homens lhes dão sentido, por meio do pensamento e da palavra, que formam o conhecimento.
AS FORMAS DE CONHECIMENTO
São maneiras pelas quais o homem procura explicar o mundo.
1) O conhecimento mítico: trata-se de uma forma de conhecimento não-lógico, fantasioso, isto é, embasa-se na sensação de que existem modelos naturais e sobrenaturais donde advém o sentido de tudo o que existe; ajudando o ser humano a “esclarecer” o mundo por meio de alegoria; não é produzido através de experimentações científicas, e sim a partir da imaginação humana. Por exemplo, na mitologia grega, o comportamento do mar, isto é, se havia tempestades em alto mar, ondas fortes, escassez de peixes, ou o contrário, era resultado do temperamento de Poseidon, governador dos mares; um dos muitos deuses da mitologia grega. Temos como exemplo também o Cupido. Geralmente são criados para explicar algo ainda não explicado pela ciência.
2) O conhecimento religioso (teológico): Baseado na fé, parte da compreensão e da aceitação de um Deus ou deuses, os quais constituem a razão de ser de todas as coisas. Eles “revelam-se” aos humanos e lhes transmitem suas verdades marcadamente incontestáveis, assim, não é necessário à razão compreendê-las, e sim aceitá-las, são leis absolutas.  O teólogo busca continuamente racionalizar a fé, que é algo de essência místico-emotiva. A Teologia cristã, de todas as existentes hoje, é a mais bem organizada, pois utilizou-se da Filosofia grega para arquitetar seu racionalismo.
3) O conhecimento filosófico: É o amor pela sabedoria, a busca pelo conhecimento. É interrogar o próprio conhecimento e transformá-lo em um problema. Trata-se de um conhecimento racional, isto é, argumentado, debatido e compreendido que busca saber a índole e as conjecturas do pensamento humano, partindo de determinadas normativas de lógica do pensamento, dando sentido a discussão e viabilizando atingir-se desenlaces compreensíveis que possam ser aceitos e respeitados pelos restantes. Por exemplo, em um debate, ambas as partes expõem seus argumentos com lógica, frutos de pesquisas e reflexões pessoais; ao término pode-se não haver um ganhador, e sim uma conclusão racional, fruto das exposições e lucubrações dos componentes que atende como resposta verdadeira, aceita e compreendida ao questionamento que originou a discussão.
4) O senso comum (conhecimento empírico): Para se orientar no mundo, o ser humano assume como certas e seguras diversas coisas, situações e relações entre fatos, coisas e situações. Estabelece, assim, sistemas de discursos sobre o que tem vivido, isto é, sistemas de conhecimento.
Nem sempre o senso comum representa a realidade. Às vezes, conceitos errôneos são formulados e adotados por coletividades. São, na realidade, crenças e conceitos que parecem “normais”, mas não são dotados de investigação detalhada para se alcançar a verdade mais profunda. Geralmente dão origem aos ditados populares. Exemplo: “o preguiçoso trabalha dobrado”, “quem ri por último ri melhor”, “o leite só ferve quando você sai de perto”, “a fila do lado sempre vai mais rápido”, “o telefone só toca quando a gente sai de perto”.
5) O conhecimento científico: esta forma do conhecimento é também racional, gerado a partir do exame da realidade, por meio de experimentos ou por meio da averiguação da compreensão lógica de fatos, fenômenos, enfim, o que se passa na existência cósmica, humana e da natureza. É uma forma de conhecimento produzido metodicamente, que se alicerça na experimentação, validação e comprovação daquilo que se pretende a verdade. Por meio dos princípios que obtém, possibilita ao homem desenvolver ferramentas as quais lhe permite alterar a realidade para melhor ou pior. Exemplo: através do estudo do vírus H1N1 pode-se desenvolver um medicamento para combatê-lo, mas antes que este chegasse ao mercado foi testado para garantir não apenas sua eficácia contra o vírus citado como também eliminar riscos de possíveis reações nocivas ao organismo humano. Nasce com a hipótese e só existe depois de verificado pela experiência, por meio do método científico, gerando o conhecimento científico.
SEMANA AULA 02 – A INVESTIGAÇÃO CIENTIFICA DA SOCIEDADE: AS ASSIM CHAMADAS CIÊNCIAS SOCIAIS. PROBLEMAS SOCIAIS E SOCIOLÓGICOS. INDIVÍDUO E SOCIEDADE.
As ciências sociais englobam as áreas da Antropologia, Sociologia e Ciência Política. As ciências sociais fazem parte do grupo das ciências humanas (ex.: direito, história, geografia).
Objeto do estudo: a sociedade em seus aspectos antropológicos, sociológicos e políticos.
Enquanto as outras ciências são passíveis de experimentação e avaliação, nas ciências sociais se trabalha muito com o discurso, com as ideias das pessoas, razão pela qual os resultados serão, em sua maioria, subjetivos.
As ciências sociais nos fazem enxergar de forma diferente a realidade em que vivemos. Elas ajudam a identificar e compreender os diferentes grupos sociais, contextualizando seus hábitos e costumes na estrutura de valores que rege cada um deles.
Permitem a análise de um problema sob vários aspectos diversos. Pergunta: Por que alguns se tornam assassinos e outros não? Por que as pessoas se agrupam ou se dispersam?
As áreas constitutivas das Ciências Sociais
- Sociologia: estuda as relações entre os seres humanos, analisando os diversos fenômenos sociais que surgem dessas relações. A partir de bases teóricas, estudam-se as ações sociais, as relações de trabalho, as relações econômicas, as instituições religiosas, os movimentos sociais, etc.
Obs.: O estudo do homem em si mesmo é realizado pela psicologia.
Surgiu entre a Revolução Francesa e a Revolução Industrial em razão das grandes mudanças ocorridas na sociedade à época, tendo como precursor o filósofo Augusto Comte, que se destacou na busca pela construção de uma área do conhecimento completamente voltada para o estudo desses novos fenômenos sociais.
- Antropologia: privilegiam-se os aspectos culturais do comportamento de grupos e comunidades. Visa abordar questões cruciais para o entendimento da vida em grupo (ex.: etnocentrismo).
Pergunta: quem vive melhor? Os índios ou nós?
Todas as culturas possuem uma explicação lógica, que deve ser observada, entendida e respeitada por quaisquer que dela não participem.
- Ciência Política: analisam-se as questões ligadas às instituições políticas. Em linhas gerais, são estudados os conceitos de poder, dominação, autoridade, povo, nação, governo, bem comoo papel do Estado como instituição legitimamente reconhecida como a detentora do monopólio da dominação e do controle de determinado território.
Ciências Sociais X Ciências Naturais
As ciências sociais não comportam técnicas rígidas de avaliação, nem fórmulas de aplicação imediata que permitam a obtenção de resultados objetivos e exatos. O que mais importa é a interpretação dos fenômenos e dos sujeitos, sendo este analisado contextualmente.
A importância do estudo socioantropológico na compreensão da realidade
Por estudar a ação dos homens em sociedade, de seus símbolos, sua linguagem, seus valores e cultura, das aspirações que os animam e das alterações que sofrem, as Ciências Sociais constituem ferramenta importante para o desenvolvimento de compreensão crítico-reflexivo da realidade.
Problemas sociais X Problemas sociológicos
Podem ser considerados problemas sociais aqueles que atingem um determinado indivíduo e são compartilhados por outras tantas pessoas, ou seja, geralmente atinge um grupo ou uma categoria de pessoas. Ex.: Drogas, pobreza.
Os problemas sociológicos nascem dos problemas sociais e são “interrogações” sobre os processos de relação social. Cabe à sociologia explicá-las, mas não resolvê-las. Ex.: Violência urbana, violência doméstica.
Todo problema social é um problema sociológico, mas não o contrário não é verdade.
O papel do indivíduo na sociedade
Não existem sociedades sem indivíduos e somente com a socialização os indivíduos se tornam verdadeiramente humanos.
O papel de cada um vai depender de questões éticas, morais, sociais, culturais, religiosas, etc.
SEMANA AULA 03 – A ANÁLISE ANTROPOLÓGICA DA CULTURA. O MÉTODO ETNOGRÁFICO, O ETNOCENTRISMO E O RELATIVISMO CULTURAL.
O conceito de cultura
Área apropriada para debater acerca da cultura – Antropologia.
Cultura é “todo aquele complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem como membro da sociedade” – Edward B. Tylor.
Reflexão: a cultura está relacionada com a erudição? É correto o entendimento de que “o povo não tem cultura” somente por não ter um vasto conhecimento acerca de arte, música, leitura, etc?
- Diversidade cultural: são os diferentes costumes de uma sociedade, dentre os quais se incluem as vestimentas, culinária, religiões, etc. No Brasil há diversidade cultural?
Globalização X Diversidade cultural
Algumas pessoas consideram a globalização um perigo para a preservação da diversidade cultural, pois acreditam na perda de costumes tradicionais e típicos de cada sociedade, dando lugar a características globais e "impessoais".
O olhar eurocêntrico sobre a cultura
- Eurocentrismo: visão que tende a colocar a Europa como sendo o centro cultural do mundo.
Todo o estudo sobre a humanidade se iniciou sob esta perspectiva, servindo como parâmetro o homem europeu e a sociedade europeia.
O descobrimento de novos povos e novas culturas fez com que os europeus se perguntassem se de fato seriam os outros também seres humanos, bem como quais seriam os motivos de tantas diferenças entre eles. Pela visão eurocêntrica, esses novos povos eram primitivos, perigosos, brutos, e deveriam ser “civilizados” pela cultura europeia.
No século XIX, os antropólogos começaram a estudar as culturas dos povos, buscando descrever seus hábitos, costumes e sua forma de ver o mundo. Contudo, não eram eles que experimentavam diretamente o dia a dia dos grupos “selvagens” – “antropologia de gabinete”.
A prática etnográfica (estudo etnográfico)
Na segunda metade do século XIX a metodologia utilizada – “antropologia de gabinete” – foi questionada, afinal, como descrever uma cultura que nunca se viu, nunca se vivenciou?
Assim, nasceu a prática etnográfica, que consiste no estudo de um objeto por meio da vivência direta onde este se insere – “ver” e “ouvir”.
O etnógrafo é aquele que deve ser capaz de viver nele mesmo a tendência principal da cultura que estuda.
Etnocentrismo
O etnocentrismo é uma visão do mundo onde o nosso próprio grupo é tomado como o centro de tudo, sendo considerado o modelo “padrão” de normalidade. Assim, tudo que é diferente é concebido como estranho, errado.
A discriminação em razão das diferenças culturais é o mais comum exemplo de etnocentrismo.
Tal prática revela, sob o olhar do etnocêntrico, um sentimento de “superioridade” em relação aos outros. O etnocentrismo, no plano sentimental, causa medo, estranheza, hostilidade.
Imagine que um ser jamais visto na Terra parasse bem à sua frente. Qual seria a sua reação?
Por exemplo, uma visão etnocêntrica nos leva a classificar como atrasada a prática cultural chinesa feminina de deformar os pés para que eles não cresçam, e a ver como avançada a prática cultural ocidental de usar salto alto.
A experiência antropológica visa justamente buscar entender a lógica da vida do outro, acabando/diminuindo com o sentimento de que há uma maneira “melhor” de viver, ou que determinado grupo é melhor que outro.
Alguns exemplos de etnocentrismo estão relacionados ao vestuário. Um deles é o hábito indígena de vestir pouca ou nenhuma roupa; outro caso é o uso do kilt (uma típica saia) pelos escoceses. São duas situações que podem ser tratadas com alguma hostilidade ou estranheza por quem não pertence àquelas culturas.
O relativismo cultural
O relativismo cultural é uma corrente de pensamento ou doutrina que tem como objetivo entender as diferenças culturais e estudar o porquê das diferenças entre culturas distintas. Enquanto o etnocentrismo tem uma vertente de confronto, o relativismo aborda as diferenças de uma forma apaziguadora.
É importante destacar que o relativismo cultural é uma ideologia que defende que os valores, princípios morais, o certo e o errado, o bem e o mal, são convenções sociais intrínsecas a cada cultura. Um ato considerado errado em uma cultura não significa que o seja também quando praticado por povos de diferente cultura.
SEMANA AULA 04 - DIVERSIDADE CULTURAL E GLOBALIZAÇÃO. A EMERGÊNCIA DO MULTICULTURALISMO
Diversidade cultural e globalização
 
Em todas as sociedades humanas percebemos a existência de diversos hábitos, costumes, linguagem, estilos de vida, etc.  Essa  multiplicidade de formas de ver, sentir e se inserir no mundo denomina-se  diversidade cultural.
 
Como consequência das grandes transformações verificadas com a expansão do processo de globalização nas últimas décadas, o mundo tornou-se, cada vez mais, marcado pela diversidade cultural e a convivência de diferentes formas de agir, de padrões culturais, de estilos de vida. Esse processo colocou em contato, principalmente através das tecnologias de mídia, povos e culturas distintas.
Contudo, devemos notar que esse processo foi liderado pelos Estados Unidos da América, que impôs seu modelo de vida como o padrão a ser seguido pelos outros países, provocando movimentos contestatórios a esse domínio, denominados movimentos antiglobalização. Esses movimentos que buscam não apenas combater o domínio econômico e cultural norte-americano, mas também propor novas formas de organização do mundo, com base na valorização das diferenças étnicas e culturais entre os povos do planeta.
Multiculturalismo
O multiculturalismo é conhecido como um fenômeno que estabelece a coexistência de várias culturas em um mesmo espaço territorial e nacional e preconiza a interação entre as diferentes culturas, via de regra sem hierarquização de saberes e modos de vida. Desta forma, o multiculturalismo pressupõe uma visão positiva da diversidade cultural, privilegiando  o reconhecimento, valorização e incorporação de identidades múltiplas nas formulações de políticas públicas e nas práticas cotidianas.
A política multiculturalista visa resistir à homogeneidade cultural, principalmente quando esta homogeneidade é considerada única e legítima, submetendo outras culturas a particularismos e dependência. Sociedades pluriculturaiscoexistiram em todas as épocas, e hoje, estima-se que apenas 10 a 15% dos países sejam etnicamente homogêneos.
Obs.: Vale ressaltar que a cultura é dinâmica, pois os padrões de comportamento mudam a partir de reflexões realizadas dentro da própria cultura.
SEMANA AULA 05 - ILUMINISMO, REVOLUÇÃO FRANCESA E REVOLUÇÃO INDUSTRIAL. NEOCOLONIALISMO E DARWINISMO SOCIAL
O ILUMINISMO
O iluminismo, surgido no séc. XVIII, na Europa, foi um movimento intelectual que defendia o uso da razão (luz) contra o antigo regime (trevas/tradição medievel) e pregava maior liberdade econômica e política.
A discussão trazida com o iluminismo foi a mudança do “estado de natureza” para o “contrato social”.
O “estado de natureza”, em linhas gerais, caracteriza a época em que os indivíduos viviam isolados, sobrevivendo com o que a natureza lhes dava, sempre em estado de alerta, com medo de outros indivíduos, inventando armas e protegendo os lugares que ocupavam. Tal situação perduraria até o momento em que os seres humanos decidiram se sujeitar a regras, viver sob a égide das leis, pois o “estado de natureza” ocasionava os mais diversos conflitos.
O “contrato social”, por sua vez, é a evolução do “estado de natureza”, onde os indivíduos renunciam o seu estado natural e pactuam um “contrato” com a sociedade, de forma implícita, demonstrando que se sujeitam às regras de convívio com os outros indivíduos, em um verdadeiro “acordo de vontades”.
John Locke é o pai do iluminismo – Teoria da tábula rasa: para Locke, os seres humanos nascem como uma “folha em branco”, sem conhecimento algum, e todo o processo de conhecimento, do saber e do agir é aprendido por meio da experiência.
De acordo com o pensamento iluminista, a burguesia se considerava superior aos pobres, acreditando que eram eles mesmos os culpados por ocupar uma posição inferior.
Charles de Secondat Montesquieu foi o responsável por defender a tripartição dos poderes em executivo, legislativo e judiciário. Não era a favor de um governo burguês.
Jean-Jacques Rousseau é o autor da obra “o contrato social”, na qual afirma que o soberano deve governar de acordo com a vontade do povo, que aderiu ao “pacto” social. Entendia que somente um governo democrático poderia oferecer justiça/igualdade jurídica.
Adam Smith é o pai do liberalismo econômico e acreditava que a economia deveria ser conduzida pelo livre jogo da oferta e da procura – Teoria da mão invisível (a economia se regularia sozinha, como se houvesse uma “mão invisível” que a guiasse, não havendo necessidade de interferência estatal).
AS REVOLUÇÕES BURGUESAS
Revolução burguesa: processo pelo qual o capitalismo passou a dominar a vida humana. A burguesia era uma classe social surgida na idade média, que explorava o trabalho como fonte de riqueza.
As maiores mudanças no contexto da Europa ocorreram em razão da Revolução Francesa e Revolução Industrial. Tais revoluções formaram a base do Estado moderno.
A REVOLUÇÃO FRANCESA
Em meados do século XVIII, a situação social era tão grave e o nível de insatisfação popular tão grande que o povo foi às ruas com o objetivo de tomar o poder e arrancar do governo a monarquia comandada pelo rei Luis XVI. O primeiro alvo dos revolucionários foi a Bastilha. A Queda da Bastilha em 14/07/1789 marca o início do processo revolucionário, pois a prisão política era o símbolo da monarquia francesa.
O lema dos revolucionários era "Liberdade, Igualdade e Fraternidade", pois ele resumia muito bem os desejos do terceiro estado (o povo) francês. (Obs.: Primeiro estado = clero; Segundo estado = nobreza).
Durante o processo revolucionário, grande parte da nobreza deixou a França, porém a família real foi capturada enquanto tentava fugir do país. Presos, os integrantes da monarquia, entre eles o rei Luis XVI e sua esposa Maria Antonieta foram guilhotinados em 1793. O clero também não saiu impune, pois os bens da Igreja foram confiscados durante a revolução.
 
No mês de  agosto de 1789, a Assembleia Constituinte cancelou todos os direitos feudais que existiam e promulgou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Este importante documento trazia significativos avanços sociais, garantindo direitos iguais aos cidadãos, além de maior participação política para o povo.
A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E O NEOCOLONIALISMO
O século XIX foi marcado pela Revolução Industrial e pelo Neocolonialismo, cujas consequências se projetaram para os séculos XX e XXI.
A Revolução industrial foi um conjunto de mudanças que aconteceram na Europa nos séculos XVIII e XIX. A principal particularidade dessa revolução foi a substituição do trabalho artesanal pelo assalariado e com o uso das máquinas.
O desenvolvimento industrial se fez acompanhar pelo desenvolvimento científico, que por sua vez impulsionou ainda mais a indústria em função de descobertas e invenções. Nos centros urbanos europeus respirava-se desenvolvimento e acreditava-se que a tecnologia e a máquina resolveriam todos os problemas do homem. A indústria cresceu e com esse crescimento vieram as crises de produção porque a superprodução não era acompanhada pelo consumo. A solução para a crise de consumo foi encontrada no neocolonialismo, ou imperialismo do século XIX.
Diferente do colonialismo dos séculos XV e XVI, o neocolonialismo representou nova etapa do capitalismo, do momento em que as nações europeias saíram em busca de matérias-primas para sustentar as indústrias, de mercados consumidores para os produtos europeus e de mão-de-obra barata. Esse colonialismo se direcionou para a África e a Ásia, que foi partilhada entre as nações europeias.
Todas as tentativas de reação por parte das nações dominadas pelos impérios europeus foram enfrentadas com o uso das armas por parte das nações europeias. Nem a China ficou de fora da corrida imperialista: foi dominada economicamente e teve territórios ocupados pelos japoneses. Foi neste cenário de expansão imperialista que surgem inéditas tentativas de explicação da realidade social. A primeira delas, como vermos a seguir, foi o chamado darwinismo social.
O DARWINISMO SOCIAL
Charles Darwin era um estudioso que expôs que as espécies se transformavam a partir de uma seleção em que características mais adaptadas a um ambiente se tornavam predominantes. Com isso, os organismos que melhor se adaptavam a um meio poderiam sobreviver através do repasse de tais mudanças aos seus descendentes. Em contrapartida, os seres vivos que não apresentavam as mesmas capacidades acabavam fadados à extinção.
Pensadores sociais começaram a transferir os conceitos de evolução e adaptação para a compreensão das civilizações e demais práticas sociais. A partir de então o chamado “darwinismo social” nasceu desenvolvendo a ideia de que algumas sociedades e civilizações eram dotadas de valores que as colocavam em condição superior às demais.
Na prática, essa afirmativa acaba sugerindo que a cultura e a tecnologia dos europeus eram provas vivas de que seus integrantes ocupavam o topo da civilização e da evolução humana. Em contrapartida, povos de outras regiões (como África e Ásia) não compartilhavam das mesmas capacidades e, por tal razão, estariam em uma situação inferior ou mais próxima das sociedades primitivas.
Segundo o Darwinismo Social, as sociedades se modificam e se desenvolvem como os seres vivos. As transformações nas sociedades representam a passagem de um estágio inferior para outro superior, onde o organismo social se mostra mais evoluído, adaptado e complexo. Se na natureza a competição gera a sobrevivência do mais forte, também na sociedade favorece a sobrevivência de sociedades e indivíduos mais fortes e evoluídos.
A consequência foi que as sociedades foram divididas em raças superiores e inferiores, cabendo aos mais fortes dominar os mais fracos e, consequentemente, aos mais desenvolvidos levar o desenvolvimento aos não desenvolvidos.
Foi nesse cenário de constantes conflitos sociais, políticos, econômicos e religiosos, cenário marcadopela industrialização e pelo cientificismo, que nasceu a Sociologia.
O darwinismo social ainda está presente nos dias de hoje em manifestações de intolerância – racismo, sexismo, homofobia, xenofobia, etc.
SEMANA AULA 06 - O POSITIVISMO DE AUGUSTE COMTE. A LEI DOS TRÊS ESTADOS E A CLASSIFICAÇÃO DAS CIÊNCIAS. A INFLUÊNCIA DO POSITIVISMO NO BRASIL
O positivismo
Corrente surgida na França no século XIX, tendo como principal idealizador Augusto Comte, foi a primeira a sistematizar o pensamento sociológico e a definir precisamente o objeto, estabelecer conceitos e uma metodologia de investigação – “ciência da sociedade”.
O positivismo é derivado do cientificismo, ou seja, da crença de que a razão humana seria a única forma de conhecer a realidade das leis naturais. E, sendo as leis naturais a base da regulamentação da vida humana, o método científico também poderia ser utilizado para explicar os fenômenos sociais.
O positivismo caracterizava-se pela suposição de que o saber científico é superior ao saber filosófico (dito metafísico por Comte) e ambos são superiores ao saber religioso (chamado teológico): O positivismo  refletiu o entusiasmo burguês pela consolidação capitalista, por meio do desenvolvimento industrial e científico. Comte devotou-se à Sociologia, uma palavra que ele elaborou para descrever a ciência da sociedade. Ele acreditava que sua principal contribuição foi a teoria de que a humanidade passou por três estágios de evolução histórica e cultural e de desenvolvimento intelectual (Lei dos Três estados): o teológico, o metafísico e o positivo.
Para Comte, as ideias conduzem e transformam o mundo e é a evolução da inteligência humana que comanda o desenrolar da história. O espírito humano, em seu esforço para explicar o universo, passa sucessivamente por três estados:
1) Teológico ou “religioso”: explica os fatos por meio de vontades análogas à nossa vontade, de cunho sobrenatural/religioso (a tempestade. p.e., será explicada por um capricho do Deus dos ventos). É o estado onde Deus está presente em todas as coisas.
2) Metafísico: substitui os deuses por princípios abstratos como “o horror do vazio” por longo tempo atribuído à natureza. A tempestade, p.e., será explicada pela virtude dinâmica do ar. São igualmente metafísicas as tentativas de explicação dos fatos biológicos que partem do “princípio vital”, assim como as explicações das condutas humanas que partem da noção de “alma”. Esse estado foi conceituado como sendo aquele em que a ignorância social e a total descrença em um Deus criaria explicações misteriosas para os fatos, como a existência de espíritos, por exemplo.
3) Positivo: é aquele em que o espírito renuncia a procurar os fins últimos e procura responder aos últimos “porquês”. Esse último seria o estado cientificista, que buscava explicações científicas para os fatos que ocorriam. Seria definido como a busca pela explicação de tudo que ocorre na natureza, o uso da razão, a desmistificação de todos os fenômenos. A natureza passaria a ser estudada e explicada com um enfoque científico, e não mais com enfoque religioso ou místico. Esse terceiro estado seria a soma dos dois anteriores adaptados. Foi a partir da criação desse terceiro estado, que surgira a corrente Positivista de Pensamento.
Os traços mais marcantes do Positivismo são certamente a excessiva valorização das ciências e dos métodos científicos, a exaltação do homem e suas capacidades e o otimismo em relação ao desenvolvimento e progresso da humanidade.
É importante ressaltar o estudo das mudanças sociais em sua obra. Para ele, era necessário resolver a crise social que se apresentava não apenas na França, mas também em toda Europa. Ele preconizava uma nova ordem social, combinando ordem e progresso.
Para tal, valendo-se de raciocínio análogo à Física, ele identifica dois movimentos na sociedade: a estática social e a dinâmica social.
Comte distingue a sociologia estática da sociologia dinâmica.
A primeira estuda as condições gerais de toda a vida social, considerada em si mesma, em qualquer tempo e lugar. Três instituições sempre são necessárias para fazer com que o altruísmo predomine sobre o egoísmo (condição de vida social). A propriedade (que permite ao homem produzir mais do que para as suas necessidades egoístas imediatas, isto é, fazer provisões, acumular um capital que será útil a todos), a família (educadora insubstituível para o sentimento de solidariedade e respeito às tradições), a linguagem (que permite a comunicação entre os indivíduos e, sob a forma de escrita, a constituição de um capital intelectual, exatamente como a propriedade cria um capital material).
A sociologia dinâmica estuda as condições da evolução da sociedade: do estado teológico ao estado positivo na ordem intelectual, do estado militar ao industrial na ordem prática - do estado de egoísmo ao de altruísmo na ordem afetiva. A ciência que prepara a união de todos os espíritos concluirá a obra de unidade (que a Igreja católica havia parcialmente realizado na Idade Média) e tornará o altruísmo universal, "planetário".
Vê-se que é sobre a sociologia que vem articular a mudança de perspectiva, a mutação que faz do filósofo um profeta. A sociologia, cuja aparição dependeu de todas as outras ciências tornadas positivas, transformar-se-á na política que guiará as outras ciências, "regenerando, assim, por sua vez, todos os elementos que concorreram para sua própria formação". Assim é que, em nome da "humanidade", a sociologia regerá todas as ciências.
Para Comte, havia a necessidade de separar teoria e prática, constituindo uma ciência abstrata das relações coletivas: a física social. Através dela, seria possível unir espiritualmente as classes sociais, sendo o poder temporal uma extensão desse poder espiritual (racional). Considerava ser essa ciência a instância capaz de conduzir à renovação dos costumes, da moral, das ideias, reorganizando, assim, a sociedade. Na nova sociedade, de regime distinto do teológico-militar, o povo seria orientado e associado à indústria. Os chefes seriam: no plano espiritual, os cientistas; no plano temporal, os industriais.
Comte entendia que a desordem e a anarquia eram devidas à vigência de dogmas teológicos e metafísicos na educação e na moral. O empirismo deveria ser abolido do campo social e político, através da elaboração de doutrinas gerais, baseadas metodologicamente nas ciências naturais. A ciência social deveria, então, “conhecer para agir; compreender para organizar”, conduzindo a sociedade para uma nova organização. Assim, afirmava ele:
 “Estou convencido de que a sociedade cairá em dissolução se daqui a duas ou três gerações não se conseguir formar um código de opiniões políticas e morais admitido sem contestação por todas a classes; e, em segundo lugar, estou também firmemente persuadido de que se não conseguir formar uma doutrina que preencha todas as condições necessárias, tratando a política como ciência física, não se alcançará por outro meio aquele objetivo”.
A sistematização da Sociologia estava condicionada à elaboração de uma doutrina básica a todas as ciências. Essa seria realizada pela física social. Este campo de estudos era vista como a filosofia geral de todas as ciências positivas. Segundo Comte, existia somente cinco ciências que haviam atingido o nível positivo, detentoras de um método geral, e que seriam: a matemática, a astronomia, a física, a química e a biologia.
Influência do positivismo no Brasil
Essa corrente filosófica foi muito influente no pensamento da época. Prova disso é o lema da bandeira brasileira - "ordem e progresso" -, um dos principais preceitos do Positivismo, que afirma que, para que haja progresso, é preciso que a sociedade esteja organizada.
Intelectuais renomados, como Benjamim Constant, incentivaram a leitura e o debate dos textos de Augusto Comte em instituições como o Colégio Militar e o Colégio Pedro II, e tais debates propiciaram a base para programas de estudo de escolas oficiais.Além disso, o positivismo foi inspiração para movimentos políticos importantes, como:
1889 -  Proclamação da República – influência das ideias positivistas. Lema “Comteano” presente na Bandeira Nacional:  “A ordem para aperfeiçoar e levar ao progresso”!? 
1930 – Vargas toma posse liderando um golpe das forças armadas; “pai”, “patrão” – controle sobre o operariado;
Golpe Militar de 1964 - Goulart é deposto por uma revolta das Forças Armadas.
SEMANA AULA 07 - A SOCIOLOGIA DE ÉMILE DURKHEIM (1)
Durkheim foi um sociólogo francês, herdeiro do positivismo.  Partindo da afirmação de que o fato social é o objeto da sociologia, desenvolveu diversos conceitos que mostram a influência do fato social sobre o indivíduo. É de sua autoria a célebre frase “a sociedade é nosso cárcere, se dela nós não nos sentimos prisioneiros é porque a ela nos conformamos”. 
Para Durkheim, é preciso delinear com clareza os fatos que podem e devem ser objeto de  estudo da sociologia.  Eles não se confundem com fenômenos orgânicos, pois consistem em representações  e ações coletivas; nem com os fenômenos psíquicos, que tem por substrato o indivíduo.
O processo de socialização
O crescimento de um indivíduo é acompanhado de outro processo simultâneo,  a socialização, sem o qual ele não se integraria à sociedade. Os processos pelos quais os seres humanos são induzidos a adotar os padrões de comportamento, normas, regras e valores do seu mundo social são denominados socialização. Começam na infância e prosseguem ao longo da vida. 
A socialização é um processo de aprendizagem que se apoia, em parte, no ensino explícito e, também em parte, na aprendizagem “latente”, ou seja, na absorção inadvertida de formas consideradas evidentes de relacionamento com os outros.
Durkheim afirmava que “a educação tem justamente por objeto formar o ser social. A  pressão de todos os instantes que sofre a criança é a própria pressão do meio social tendendo moldá-la à sua imagem, pressão de que tanto os pais quanto os mestres não são senão representantes e intermediários”. Esta frase pode sugerir a existência de uma entidade sociológica superior quando diz que os responsáveis pelos processos de socialização, os pais e mestres, são meros intermediários. Mas Durkheim está querendo dizer que eles também não inventaram as instituições sociais, que eles também foram formados sob a sua influência e que agora estão repassando este conhecimento, este conteúdo social. 
Fato Social
Para Durkheim, fato social consiste em maneiras de agir, pensar e sentir exteriores ao indivíduo e dotados de um poder coercitivo em virtude do qual lhe impõem. Só há fatos sociais onde houver organização definida. Há, por exemplo, certas correntes de opinião que nos levam, com intensidades desiguais segundo o tempo e os países, ao casamento, ao suicídio ou a uma natalidade mais ou menos forte; estes são, evidentemente, fatos sociais.
Define-se o fato social como uma norma coletiva com independência e poder de coerção sobre o indivíduo. Tudo está relacionado ao meio em que se está inserido. O fato social de acordo com Émile Durkheim, “é geral na extensão de uma sociedade dada e, ao mesmo tempo, possui uma existência própria, independente de suas manifestações individuais”.
Isto significa dizer que os fatos sociais são comuns a todos os indivíduos em uma determinada sociedade, pois todas as pessoas tem um modo, um jeito de interagir.
Fatos morais ou sociais são externos em relação aos indivíduos e, portanto, são estranhos a eles em alguma medida. No mínimo são coisas que não foram criadas pela pessoa e assim podem diferir mais ou menos de seu pensamento. Além disso, esses fatos externos e “estranhos” têm a capacidade de exercer coerção, isto é, podem se impor aos indivíduos como uma obrigação.
Desse ponto de vista, a sociedade, as regras e a moral aparecem como realidades que constrangem o indivíduo, que limitam a sua ação e a possibilidade de realização de suas vontades. Viver em sociedade representaria, assim, um sacrifício ou, no mínimo, um incômodo.
Mas esse é apenas um dos lados dessa questão. Se a sociedade e a moral só tivessem esse lado negativo e coercitivo, seria muito difícil explicar a existência da ordem social. 
É sabido que nenhum grupo ou sociedade pode sobreviver por muito tempo com base apenas na coerção. Pessoas muito insatisfeitas são capazes de enfrentar qualquer tipo de perigo para encontrarem uma saída. Basta observar que mesmo nos regimes políticos muito fechados, mantidos pela violência, a resistência não deixa de existir e, na maioria das vezes, leva o sistema à ruína.
Os fatos sociais ou morais não são apenas obrigações desagradáveis que temos que seguir independentemente de nossa vontade. São também coisas que queremos e necessitamos. Nesse caso, a coerção deixa de se fazer sentir, se transforma em respeito. Aquilo que antes era uma obrigação se transforma em um dever. Algo que poderia ser visto como um sacrifício passa a ser visto como um prazer.
Isso acontece porque o indivíduo não se realiza fora da sociedade ou do grupo. Só entre outras pessoas, num meio onde exista ordem e um conjunto de instituições morais reguladoras do comportamento coletivo, o indivíduo pode encontrar segurança (tanto física como psicológica) e tranquilidade para levar a sua vida.
Por isso, ou seja, em retribuição a essa segurança, o indivíduo passa a ver a sociedade não como um conjunto de obrigações estranhas a ele, mas como um conjunto de direitos e deveres que ele precisa e, acima de tudo, quer respeitar.
A sociedade – estado normal e estado patológico
Para Durkheim a sociedade, como todo organismo vivo, apresenta estados normais e patológicos (saudáveis e doentes).
 
Os fenômenos sociológicos são definidos como normais quando não extrapolam os limites dos acontecimentos mais gerais de determinada sociedade que refletem as  condutas mais aceitas  pela maior parte da população.
Os fenômenos considerados patológicos variam na proporção inversa daqueles considerados normais. Assim, patológicos são aqueles fenômenos que se encontram fora dos limites permitidos pela ordem social e moral vigente. Eles são transitórios e excepcionais assim como as doenças.
O crime como fato social normal
“Os atos qualificados de crime não são os mesmos em toda a parte; mas sempre e em todo lugar existiram homens que se conduziram de maneira a chamar sobre si a repressão penal.”
Frequentemente consideramos o crime como um fenômeno sociológico patológico da sociedade.
Para Durkheim ele deve ser avaliado como um fato social normal nas espécies sociais: É encontrado em sociedades de todos os tipos (ou seja, em qualquer sociedade sempre há uma forma de criminalidade) e em todos os tempos.
 
O crime pode ser entendido como necessário (útil) para uma sociedade, pois se a consciência coletiva (moral) fosse excessiva ela se cristalizaria e a consciência individual, inovadora, não se manifestaria. Desse modo, onde o crime existe é porque os sentimentos coletivos estão no estado de maleabilidade necessária para tomar nova forma.
Representa um fato social que integra as pessoas em torno de uma conduta valorativa, que pune o comportado considerado nocivo,  que fere a consciência coletiva.
O crime é importante para a evolução e adaptação das instituições sociais cujo papel é moldar  e controlar padrões perduráveis de comportamento. É normal porque seria inteiramente impossível uma sociedade que se mostrasse isenta dele.
SEMANA AULA 08 - A SOCIOLOGIA DE ÉMILE DURKHEIM (2)
Coesão, solidariedade social e consciência coletiva
A “solidariedade social”, para Durkheim, é formada pelos laços que ligam os indivíduos, membros de uma sociedade, formando a coesão social.
Há dois tipos diferentes de solidariedade social. Esses tipos têm relação com o “espaço” ocupado na mentalidade dos membros da sociedade pela consciência coletiva e pela consciência individual.
 
A consciência coletiva é representada pelo “conjuntodas crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade que forma um sistema determinado que tem vida própria”. São as crenças, os costumes, as ideias que todos que vivem em um mesmo grupo compartilham uns com os outros. É a soma de todas as consciências individuais.
A consciência individual é aquilo que é próprio do indivíduo, que o faz diferente dos demais. São crenças, hábitos, pensamentos, vontades que não são compartilhados pela coletividade, mas que são especificamente individuais. A consciência individual estaria ligada, de certo modo, à nossa personalidade.
Evolução das sociedades e  das formas de solidariedade entre os homens
Para Durkheim a substância da sociedade é a solidariedade. Destacou dois tipos de solidariedade: 1) Mecânica e; 2) Orgânica.
- Solidariedade mecânica: era aquela que predominava nas sociedades pré-capitalistas, onde os indivíduos se identificavam por meio da família, da religião, da tradição e dos costumes permanecendo em geral independentes e autônomos em relação à divisão do trabalho social (a consciência coletiva exerce todo seu poder de coerção sobre o indivíduo). O coletivo se sobressai.
- Solidariedade orgânica: é aquela típica das sociedades capitalistas, onde, pela acelerada divisão do trabalho social, os indivíduos se tornam interdependentes. (Nas sociedades capitalistas a consciência coletiva se afrouxa). O individualismo se sobressai. A solidariedade orgânica define-se como aquela em que a coesão se dá pela diferenciação das funções.
Os indicadores dos tipos de solidariedade
Durkheim se utilizou da predominância de certas normas do Direito como indicador da presença de um ou do outro tipo de solidariedade, já que esta, por ser um fenômeno moral, não pode ser diretamente observada.
Não obstante se sustente nos costumes difusos, o Direito é uma forma estável e precisa, e serve, portanto, de fator externo e objetivo que simboliza os elementos mais essenciais da solidariedade social. Por outro lado, as sanções que são aplicadas aos preceitos do Direito mudam de acordo com a gravidade destes, sendo assim possível estudar suas variações.
O papel do Direito seria, nas sociedades complexas, análogo ao do sistema nervoso: regular as funções do corpo. Por isso expressa também o grau de concentração da sociedade devido à divisão do trabalho social, tanto quanto o sistema nervoso exprime o estado de concentração do organismo gerado pela divisão do trabalho fisiológico, isto é, sua complexidade e desenvolvimento. Enquanto as sanções impostas pelo costume são difusas, as que se impõem através do Direito são organizadas. A maior ou menor presença de regras repressivas pode ser atestada através da fração ocupada pelo Direito Penal ou Repressivo no sistema jurídico da sociedade.
A partir dessas constatações, Durkheim classifica o Direito em duas classes: 1) Direito repressivo -  no qual as sanções infligem ao culpado uma dor, uma privação e; 2) Direito restitutivo - que faz com que as coisas e relações perturbadas sejam restabelecidas à sua situação anterior, levando o culpado a reparar o dano causado. 
Anomia
Caracteriza-se pela ausência ou desintegração das normas sociais (“anarquia”). É um estado de falta de objetivos e regras e de perda de identidade. O estado de anomia gera conflitos e desordens. Seu aparecimento ocorreria quando diversas funções sociais se tornassem muito tênues ou intermitentes. Ex.: As falências, na sociedade industrial, como efeito dos desajustes das funções da economia.
Como as sociedades mais complexas são baseadas na diferenciação, é necessário que as tarefas individuais correspondam  a seus desejos e aptidões. As forças litigantes se desenvolvem sem limites e acabam se chocando umas contra as outras para se recalcarem e se reduzirem mutuamente.
 “As paixões humanas só cessam diante de uma potência moral que respeitem. Não são sancionadas senão pela opinião, não pela lei, e sabe-se quanto a opinião se mostra indulgente com a maneira pela qual essas vagas obrigações são realizadas. Os atos mais censuráveis são frequentemente absolvidos pelo sucesso, que o limite entre o que é proibido e o que é permitido, o que é justo e o que não é, não tem mais nada fixo.” (Durkheim, E. As regras do método sociológico).
SEMANA AULA 09 - A SOCIOLOGIA CRÍTICA DE KARL MARX
A Contribuição de Karl Marx à análise sociológica
Ao contrário de Durkheim, Marx não teve como preocupação a elaboração de uma disciplina sociológica, visto que seu pensamento englobava uma série disciplinas, como  a Economia, a História e a Filosofia. Entretanto, suas ideias tiveram enorme impacto nas Ciências Sociais constituindo-se numa das fontes mais importantes da Sociologia e da Ciência Política. 
Por essa razão, Marx é um dos autores mais lidos e discutidos nas Ciências Sociais, proporcionando acalorados debates entre seus adeptos e seus detratores.
O fato é que a antiga forma de ver o mundo não mais podia resolver os novos problemas sociais.
Materialismo histórico
A grande preocupação de Marx foi compreender a sociedade capitalista que, como vimos, tinha se tornado o modelo hegemônico de produção da riqueza humana após a Revolução Industrial.
Ele percebeu que, no capitalismo, havia uma minoria que comandava a produção e a distribuição dos bens materiais e uma maioria a ela subordinada. Foi a partir dessa constatação que Marx buscou entender esse desequilíbrio, por meio de um método que privilegia as relações materiais que os homens, em diferentes períodos da História, estabeleceram entre si.  A esse método Marx denominou materialismo histórico.
Na concepção marxista o termo “materialismo” se refere à teoria filosófica preocupada em destacar a importância dos seres objetivos (os homens) como elementos constitutivos da realidade do mundo.  Este é o método de análise social marxista,  segundo  o qual, as relações materiais que os homens estabelecem entre si e o modo como produzem seus meios de vida formam a base de todas as suas relações.
Dialética
O modo de pensarmos as contradições da realidade, de pensarmos as diferenças sociais e, consequentemente, a transformação permanente da realidade é chamado de realidade dialética.
Na concepção marxista do termo, a dialética diz respeito às contradições entre termos. Em todo processo há uma proposição inicial (tese) que vai gerar um efeito contrário (antítese). Do embate entre ambos surgirá uma nova proposição (síntese).  Por exemplo, se se discute a questão da redução da criminalidade, e alguém propõe a redução da maioridade penal, alegando que aos 12 anos os jovens possuem pleno discernimento de suas ações, isso é uma tese. Quando, por outro lado, alguém diverge e argumenta que a questão da criminalidade está mais ligada a uma estrutura social excludente, tem-se uma antítese. Do resultado do debate, surgirá um novo entendimento da questão. Tem-se aí a síntese, que, proposta por alguém, torna-se nova tese, que gerará nova antítese e resultará em nova síntese, num movimento contínuo.
Modo de produção
Segundo Marx, o entendimento da realidade da vida só seria possível à medida em que conhecemos o modo de produção da sociedade. “Modo de produção” é aqui entendido como a maneira pela qual os homens obtêm seus meios de existência material. Como demonstram Marx e Engels, é através do modo de produção que conhecemos uma sociedade em sua especificidade histórica e social. Não é a consciência que determina a vida material, mas a vida material que determina a consciência. A partir do modo de produção é possível identificar as diferenças históricas e as relações sociais presentes em cada época determinada.
Na história, podemos distinguir pelo menos cinco grandes modos de produção: o primitivo, baseado na propriedade comum a todos os indivíduos (caçadores e coletores); o patriarcal, em que a produção da riqueza se dá com base na propriedade familiar, sob a autoridade do pai (patriarca); o escravista, no qual a riqueza é oriunda do direitode propriedade de um indivíduo sobre outro, que é obrigado a produzir recebendo apenas o necessário à sua subsistência;  o feudal, cuja base econômica é a terra (feudo) que na qual o servo trabalha e se apropria de parte da produção para si e transfere a outra parte para o senhor feudal;  e o  capitalista, fundado na relação dialética entre quem detém o capital (o burguês) e quem sobrevive através da venda de sua força de trabalho em forma de salário (o proletário).
Foi no estudo das características e contradições deste último que Marx empreendeu seu esforço analítico com maior rigor.
SEMANA AULA 10 - A SOCIOLOGIA CRÍTICA DE KARL MARX
Luta de classes
A luta de classes é o confronto entre duas classes antagônicas quando lutam por seus interesses de classe. Na visão marxista, no modo de produção capitalista, a relação antagônica se faz entre o burguês, que é o detentor dos meios de produção, do capital, e o proletariado que nada possui e só vive porque vende sua força de trabalho.
Para Marx, o capitalismo foi o modo de produção que separou de modo mais profundo o trabalho e os meios de produzi-lo, acentuando a exploração da classe não proprietária dos meios de produção (proletariado) pelos proprietários dos meios de produção (burgueses). 
A luta de classes, na perspectiva materialista da história, relaciona-se diretamente à mudança social, à superação dialética das contradições existentes.  Daí a luta de classes ser considerada o motor da História, a responsável pelas transformações sociais.
Contudo, para que os explorados possam empreender a luta de classes, é preciso que tenham o que Marx chamava de consciência de classe, ou seja, que se percebam como partes (indivíduo) de um todo (classe). Dessa forma, a consciência de classe possibilita a união dos grupos mais explorados na sociedade em diferentes instituições (partidos políticos, sindicatos, movimentos sociais) buscando a transformação do quadro de exploração, que é, a seu ver, estrutural no sistema capitalista.
A burguesia defendia a liberdade como sendo uma ideia válida para todos, mas na verdade tratava-se de uma liberdade de que somente os burgueses desfrutavam.
“As ideias dominantes de uma época sempre foram as ideias da classe dominante.” - Marx e Angels.
Ideologia
Ideologia é  o conjunto de proposições existentes com a finalidade de fazer aparentar os interesses da classe dominante com o interesse coletivo, construindo uma hegemonia daquela classe, tornando-se uma verdade absoluta e natural.
Dessa forma, a manutenção da ordem social requer menor uso da violência.  A ideologia torna-se um dos instrumentos da reprodução do status quo e da própria sociedade, à medida que nos faz perceber apenas parcialmente (e de forma mascarada) a totalidade das relações sociais.
O vencedor ou poderoso é transformado em único sujeito da história não só porque impediu que houvesse a história dos vencidos (ao serem derrotados, os vencidos perderam o “direito” à história), mas simplesmente porque sua ação histórica consiste em eliminar fisicamente os vencidos ou, então, se precisa do trabalho deles, elimina sua memória, fazendo com que se lembrem apenas dos feitos dos vencedores. Não é, assim, por exemplo, que os estudantes negros ficam sabendo que a Abolição foi um feito da Princesa Isabel? As lutas dos escravos estão sem registro e tudo que delas sabemos está registrado pelos senhores brancos. Não há direito à memória para o negro. Nem para o índio. Nem para os camponeses. Nem para os operários?
Práxis
É um conceito central no pensamento de Marx. A Práxis não se confunde com a prática. A Práxis é a união da interpretação da realidade à prática, em outras palavras, é a ação consciente do sujeito na transformação de si mesmo e do mundo que o cerca.
Em outras palavras, é uma atividade teórico-pratica em que a teoria se modifica constantemente com a experiência prática, que por sua vez se modifica constantemente com a teoria. É a atividade de transformação das circunstâncias, as quais nos determinam a formar ideias, desejos, vontades, teorias, que, por sua vez, simultaneamente, nos determinam a criar na prática novas circunstâncias e assim por diante, de modo que nem a teoria se cristaliza como um dogma e nem a prática se cristaliza numa alienação.
“Os filósofos se limitaram a interpretar o mundo de diferentes maneiras; o que importa é transformá-lo”. (Karl Marx)
A relação “Estado X sociedade” na concepção marxista
Segundo Marx e Engels, o Estado é a forma na qual os indivíduos de uma classe dominante fazem valer seus interesses comuns e na qual se resume toda a sociedade civil de uma época. Daí a ilusão de que a lei se baseia na vontade e, mais ainda, na vontade destacada de sua base real na vontade “livre”. Da mesma forma, o direito é reduzido novamente à lei.
Marx afirmava que o aparelho jurídico do Estado, nesse tipo de sociedade, tem como objetivos: (i) organizar e justificar a dominação da burguesia sobre o proletariado; (ii) favorecer os negócios da classe dominante. Segundo ele, “o direito privado desenvolve-se simultaneamente com a propriedade privada, a partir da desintegração da comunidade natural (...)”.
Para Marx, não existe Estado representativo do conjunto da sociedade. Seu papel é o representante dos interesses da burguesia.
 
Nesse sentido, podemos pensar que, na perspectiva marxista, a democracia representativa seria uma espécie de engodo, visto que a participação popular é reduzida e os processos eleitorais acabam por designar como “representantes do povo”, em sua maioria, políticos comprometidos com o poder econômico.
A burguesia defendia a liberdade como sendo uma ideia válida para todos, mas na verdade tratava-se de uma liberdade de que somente os burgueses desfrutavam. “As ideias dominantes de uma época sempre foram as ideias da classe dominante.” – Marx e Angels.
AULAS 11 E 12 – NÃO CAIRÃO NA PROVA.
SEMANA AULA 13 - A PRODUÇÃO DAS DIFERENÇAS. PRECONCEITO, DISCRIMINAÇÃO E SEGREGAÇÃO. PRECONCEITO RACIAL E O MITO DA DEMOCRACIA RACIAL BRASILEIRA.
Desigualdades X Diferenças sociais
Não é qualquer diferença, independentemente de sua natureza, que pode ser classificada como desigualdade.  Para que uma diferença caracterize uma desigualdade, é necessário  que haja uma privação de direitos, por parte dos que possuem uma posição privilegiada na hierarquia social, daqueles que ocupam as mais baixas posições dessa hierarquia.
Desta forma, quando se analisam eventos de desigualdade social, é fundamental levar em conta o contexto histórico em que eles se inserem. Isto porque, em determinados momentos, a diferença pode não causar uma sensação de injustiça, não se caracterizando num desigualdade. 
Em síntese, desigualdade é resultado da exclusão social. Como se sabe, os indivíduos não são diferentes na sua essência, mas a posição que ocupam na sociedade os tornam desiguais pelo tratamento diferenciado dados a eles. Dessa forma, podemos afirmar que a questão da igualdade e da desigualdade constituem princípios éticos importantes na vida social.
Como vimos, a diferença pode ser natural ou cultural. Já a desigualdade é culturalmente construída e gera uma série de preconceitos e discriminações.
Obs.: A obediência e a submissão a uma determinada autoridade política são elementos tratados pela sociologia a partir do conceito de dominação.
Preconceito, discriminação e segregação
Preconceito: É um julgamento prévio negativo sobre uma pessoa, um grupo, uma cultura etc. Quem age com preconceito costuma estar fundamentado em estereótipos negativos, indicando desconhecimento ou ausência de informações suficientes a respeito de quem está sendo julgado. O preconceito pode levar à discriminação.
Discriminação: A palavra vem do latim discriminis, que significa separar. É o nome que se dá ao ato de restringir a certos indivíduos oportunidades ou privilégios que estão disponíveis para outros indivíduos. Discriminar é, portanto, atuar de forma a fazer uma distinçãode certas pessoas, podendo levá-las à exclusão ou à marginalização.
Segregação: É uma ação política, pautada em leis ou normas, que tem como objetivo manter à distância, em espaços próprios que lhes são reservados, determinados indivíduos ou grupos considerados indesejados ou inferiores. Para isso, são estabelecidas fronteiras espaciais ou sociais que aumentam as desvantagens entre grupos discriminados. Esta prática é baseada na ideia de superioridade étnica, de gênero, de nacionalidade etc. Podemos citar como exemplos de práticas segregacionistas o regime do Apartheid, na África do Sul; o regime de segregação racial nos Estados Unidos; e o Nazismo, na Alemanha.
Obs.: A obediência e a submissão a uma determinada autoridade política são elementos tratados pela sociologia a partir do conceito de dominação.
SEMANA AULA 14 - PRECONCEITOS DE GÊNERO E ORIENTAÇÃO SEXUAL. NOVOS MODELOS DE FAMÍLIA. NÓS E ELES: A PRODUÇÃO DO ESTIGMA.
Preconceito de gênero e de orientação sexual
Sexo: Se refere apenas ao aspecto determinado biologicamente. São as diferenças anatômicas presentes nos nossos corpos desde que nascemos. Existem dois tipos de sexo: “macho” e “fêmea” ou “homem” e “mulher”.
Gênero: O conceito de gênero começou a ser usado para marcar as diferenças entre homens e mulheres, não restritas aos aspectos físicos e biológicos. A noção de gênero é, portanto, construída socialmente – “papéis sociais”. É a partir da observação das diferenças sexuais que se criam ideias sobre o que é masculino e o que é feminino, as chamadas representações de gênero. Assim, como as origens das identidades subjetivas de gênero são exclusivamente sociais, não existe uma determinação natural dos comportamentos de homens e mulheres.
Identidades de gênero: Refere-se ao gênero com o qual o indivíduo se identifica. O que isto significa? Na maioria das vezes, as mulheres se identificam no gênero feminino e os homens no gênero masculino. No entanto, nem sempre acontece desta forma. Por vezes, algumas pessoas de determinados sexos biológicos não se identificam com o gênero que lhe foi atribuído quando de seu nascimento. São os indivíduos que chamamos de travestis e transexuais, ou transgêneros.
Orientação sexual: Quando falamos da orientação sexual, estamos indicando por quais gêneros uma pessoa sente-se atraída, seja de forma emocional, sexual ou afetiva. Pode ser assexual (nenhuma atração sexual), bissexual (atração pelos gêneros masculino e feminino), homossexual (atração pelo mesmo gênero), heterossexual (atração pelo gênero oposto) ou, ainda, pansexual (atração independente do gênero).
Preconceito de orientação sexual
Durante o processo de socialização, aprendemos que existe um padrão de orientação sexual, baseado na heterossexualidade. A partir daí, tendemos a identificar e classificar lésbicas, gays, travestis, transexuais e transgênicos através da representação feita, em geral, pelos meios de comunicação, ou seja, de forma estereotipada, com faz com as mulheres afrodescendentes e outros grupos.
Muitas vezes, esse preconceito se expressa em forma de humor/piadas que satirizam e diminuem os indivíduos de orientação sexual não heterossexual, passando, depois à discriminação e, não raro, à violência.
Ressalte-se que esta minoria é, historicamente, vítima de violências físicas e simbólicas e, até recentemente, sua prática era considerada patológica.
Por essa razão, a questão do recente reconhecimento jurídico das uniões homoafetivas gerou tanta polêmica, pois trouxe para a agenda nacional a possibilidade da existência de mais de um modelo de família, o que já é uma realidade não só no Brasil, como em várias sociedades.
A produção do estigma
Devido aos padrões que são considerados normais e que nos são impostos pela sociedade abrangente, temos a tendência a considerarmos desprezível, incorreto, impuro, tudo que não se encontra dentro desses padrões pré-estabelecidos.
Nesse processo, muitas vezes separamos, excluímos, segregamos o outro com o qual sequer podemos ter mínimas relações de cordialidade. É o caso conhecido do sistema de castas na índia, onde os grupos considerados impuros são relegados aos trabalhos menos nobres, proibidos de se casar com os “puros” e sofrem uma série de violências muitas vezes toleradas socialmente, a despeito da existência de leis punitivas.  É a esse processo de criação de marcas sociais de impureza e à postura desqualificadora dela decorrente  que se dá o nome de estigma.

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