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Émile Durkheim 1858-1917 Foi o criador da Escola Sociológica Francesa. A sociologia se constitui como uma disciplina rigorosamente científica. Define o objeto da sociologia: os fatos sociais e atribui-lhe um método de investigação: a análise objetiva dos fatos sociais. Defendia que os problemas sociais vividos pela sociedade européia eram de natureza moral e não de fundo econômico Teoria de Durkheim Antes de criar propriamente o seu método sociológico, Durkheim tinha que defrontar-se com duas questões: 1. Como ele concebia a relação entre indivíduo e sociedade 2. Como ele entendia o papel do método científico na explicação dos fenômenos sociais Teoria de Durkheim A sociedade (objeto) é superior ao indivíduo (sujeito); Ele entendia que a sociedade predominaria sobre o indivíduo, uma vez que ela é que imporia a ele o conjunto das normas de conduta social. As estruturas sociais funcionam de modo independente dos indivíduos, condicionando suas ações. O TODO condiciona as PARTES. Intenção de fazer da sociologia uma ciência “madura”, como as ciências naturais; A realidade social é idêntica à realidade da natureza: equipara-se aos fenômenos por ela estudados; “a primeira regra [da sociologia] e a mais fundamental é considerar os fatos sociais como coisas” (1978, p. 94) Teoria de Durkheim 1. Qual o objeto de estudo da sociologia? FATO SOCIAL “é um fato social toda maneira de agir, fixa ou não, capaz de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior, ou ainda, que é geral no conjunto de uma dada sociedade tendo, ao mesmo tempo, uma existência própria, independente de suas manifestações individuais.” Fatos sociais são “maneiras de agir, pensar e sentir que apresentam a características marcantes de existir fora da consciência individual”. Características: coerção social, exterioridade e generalidade Objeto de estudo da sociologia O FATO SOCIAL É: 1) GERAL 2) EXTERIOR 3) COERCITIVO 1) Geral É geral todo fato que é geral, ou seja, que se repete em todos os indivíduos, ou, pelo menos, na maioria deles; Os fatos sociais manifestam sua natureza coletiva ou um estado comum ao grupo; Exemplos: formas de habitação; arquitetura das casas; formas de comunicação; os sentimentos e a moral coletiva. A generalidade de um fato social, isto é, sua unanimidade, é garantia de normalidade na medida em que representa o consenso social, a vontade coletiva, ou o acordo do grupo a respeito de determinada questão. 2) Exterior Define-se em função de os fatos existirem antes e fora das pessoas, atuando de modo autônomo em relação a seus desejos ou apoio consciente Os fatos sociais existem e atuam sobre os indivíduos, independentemente de sua vontade ou de sua adesão consciente. Exemplos: sistemas de moedas, instrumentos de crédito, práticas profissionais, que funcionariam independentemente do uso que delas os indivíduos fizessem. . 3) Coerção A força que os fatos exercem sobre os indivíduos, levando-os a conformarem-se às regras da sociedade em que vivem, independentemente de suas vontades/escolhas; Exemplos: subordinação de todos aos estatutos das leis. (sanções) Sanções: podem ser legais ou espontâneas; Legais: são as sanções prescritas pela sociedade, sob a forma de LEIS, nas quais se identifica a infração e a penalidade subseqüente; Espontâneas: afloram como decorrência de uma conduta NÃO ADAPTADA à estrutura do grupo ou da sociedade à qual pertence o indivíduo. .: Teoria de Durkheim 2. Como a sociologia deve proceder para explicar seu objeto de estudo? Formulação da metodologia funcionalista; Os fatos sociais (ou as maneiras padronizadas como agimos na sociedade) não existem por acaso: existem porque cumprem uma função; Método Funcionalista: 1) Durkheim compara a sociedade a um “corpo vivo”. Cada órgão cumpre uma função = metodologia funcionalista. 2) O todo predomina sobre as partes; As partes (os fatos sociais) existem em função do todo (a sociedade); Função social: a ligação que existe entre as partes e o todo. Método Funcionalista: A sociedade é semelhante a um corpo vivo; A sociedade (assim como o corpo humano) é composta de várias partes; Cada parte cumpre uma função em relação ao todo. Família Religião Trabalho Escola Exército Leis Governo Amigos Cada instituição cumpre uma função para o bom funcionamento da sociedade. É na determinação da função social que as instituições cumprem que o método funcionalista procura explicar sua existência, bem como das nossas formas de agir. A análise objetiva dos fatos sociais, que deveriam ser estudados como “coisas”, ou seja, o investigador deveria manter uma relação objetividade com o objeto, estudando, desfazendo-se de qualquer pré-noção em relação a eles. Observação, medição e comparação dos fenômenos sociais. Normal e Patológico Finalidade da Sociologia: encontrar remédios para regularizar a vida social. A sociedade, como todo organismo, apresenta estados normais e patológicos, ou seja, saudáveis e doentios. Um fato social é normal quando: Se encontra generalizado pela sociedade; Desempenha alguma função importante para a adaptação ou evolução da sociedade. Estado normal: seria o de convivência harmônica da sociedade consigo mesma e com as demais sociedades, harmonia essa a ser obtida pelo exercício imperativo do consenso social. . Um fato social é patológico quando Estado patológico: seria caracterizado por fatos que colocassem em risco essa harmonia, os acordos de convivência, o consenso e, portanto, a adaptação e a evolução histórica natural da sociedade. Normal e Patológico Normal: aqueles fatos que não extrapolam os limites dos acontecimentos mais gerais da sociedade; Reflete os valores e as condutas aceitas pela maior parte da população. Patológico: Aqueles fatos que se encontram fora dos limites permitidos pela ordem social e pela moral vigente; Os fatos patológicos, como as doenças, são considerados transitórios e excepcionais. Exemplo: o crime Não existe, pois, fenômeno que apresente de maneira mais irrecusável todos os sintomas de normalidade, uma vez que aparece estreitamente ligado às condições de toda a vida coletiva. Não há dúvida que o próprio crime pode apresentar formas anormais; é o que acontece quando, por exemplo, atinge taxas exageradas; O que é normal é simplesmente a existência da criminalidade, desde que, para cada tipo social, atinja e não ultrapasse determinado nível. O crime é um fator da saúde pública, é parte integrante de toda sociedade sã. Criminoso: agente regular da vida social normal. Coesão, Solidariedade e a Consciência Coletiva O interesse científico durkheimiano era inteiramente voltado para a compreensão do funcionamento das chamadas formas padronizadas de conduta e pensamento, definidas por ele como consciência coletiva. Conceito de solidariedade social – responsável pela coesão entre os homens; A solidariedade social varia de acordo com o tipo de organização social, dada a presença mais forte ou mais fraca da divisão do trabalho e de uma consciência mais ou menos similar entre os membrosda sociedade. Coesão, Solidariedade e a Consciência Coletiva Consciência Coletiva: “conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade [que] forma um sistema determinado que tem vida própria”; Quanto maior é a consciência coletiva, mais a coesão entre os participantes da sociedade refere-se a uma “conformidade de todas as consciências particulares de tipo comum”, o que faz com que todos se assemelhem. Consciência Coletiva Os membros do grupo se assemelham e se sentem atraídos pelas similitudes uns dos outros A individualidade é menor Consciência Coletiva Solidariedade Mecânica Liga diretamente o indivíduo à sociedade, sem nenhum intermediário; A sociedade é um conjunto mais ou menos organizado de crenças e sentimentos comuns a todos os membros do grupo: É O TIPO COLETIVO; A consciência individual é uma simples dependência do tipo coletivo: o indivíduo não se pertence os direitos pessoais não se distinguem dos reais; Só pode ser forte na medida em que as idéias e as tendências comuns a todos os membros da sociedade ultrapassam as que pertencem pessoalmente a cada um deles. Solidariedade Mecânica Total predomínio do grupo sobre os indivíduos; Forte semelhança entre os indivíduos, há pouco espaço para a individualidade; Os indivíduos vivem em sociedade pelo fato de que eles partilham de uma “cultura comum” que os obriga a viver em coletividade. Solidariedade orgânica Nas sociedades mais complexas, em especial quando tem início o desenvolvimento da agricultura, a sedentarismo e o sistema de propriedade privada, surge uma divisão social mais complexa, com a criação de novas funções sociais. A indústria foi o sistema produtivo que mais desenvolveu a divisão social do trabalho, criando uma imensa gama de funções e atribuições diferenciadas. Solidariedade Orgânica A sociedade é um sistema de funções diferentes e especiais que unem relações definidas. É produzida pela divisão do trabalho; Supõe que os indivíduos difiram entre si; Só é possível se cada um tem uma esfera própria de ação e, por conseguinte, uma personalidade; O indivíduo depende da sociedade porque depende das partes que a compõem; Cada um depende tanto mais da sociedade quanto mais dividido é o trabalho; A atividade de cada um é tanto mais pessoal quanto mais especializada; A unidade do organismo é tanto maior quanto mais marcada é a individuação das partes O Papel da Divisão do Trabalho: Aumenta simultaneamente a força produtiva e a habilidade do trabalhador; É a condição necessária do desenvolvimento intelectual e material das sociedades; É a fonte da civilização; Função de criar entre duas ou várias pessoas um sentimento de solidariedade. Estabelece uma ordem social e moral sui generis: indivíduos que, sem isso, seriam independentes, estão ligados uns aos outros/conjugam seus esforços/são solidários. Divisão do Trabalho: A diferenciação social faz com que a ‘unidade do organismo seja tanto maior quanto mais marcada a individualidade das partes’; Uma solidariedade ainda mais forte funda- se agora na interdependência e na individuação dos membros que compõem a sociedade. Os dois tipos de solidariedade As sociedades passam por processos de evolução, caracterizados pela diferenciação social. Evolução Solidariedade Orgânica Solidariedade Mecânica Os dois tipos de solidariedade Solidariedade Mecânica Solidariedade Orgânica Laço de solidariedade Consciência individual Divisão social do trabalho Organização social Sociedade Fragmentada Sociedade coesa Indicadores dos tipos de solidariedade Certas normas do Direito servem como indicador da presença de um ou do outro tipo de solidariedade, já que esta, por ser um fenômeno moral, não pode ser diretamente observada. O papel do Direito seria, nas sociedades complexas, análogo ao do sistema nervoso: regular as funções do corpo Indicadores dos tipos de solidariedade As sanções impostas pelo Direito são organizadas. Elas constituem duas classes: repressivas - que infligem ao culpado uma dor, uma diminuição, uma privação; restitutivas - que fazem com que as coisas e relações perturbadas sejam restabelecidas à sua situação anterior, levando o culpado a reparar o dano causado. . Anomia É a ausência, desintegração ou inversão das normas vigentes em uma sociedade, neste caso, a consciência “perde” os parâmetros de julgamento da realidade. Ela vai acontecer em momentos extremos, tais como: guerras, desastres ecológicos, econômicos, etc.. É também nesses momentos que se verifica um número excessivo de suicídios, razão pela qual Durkheim trata esse fenômeno como um fato social, e não somente como um ato resultante da consciência individual. O suicídio Problemas de integração do indivíduo na sociedade moderna; O comportamento de suicidar-se também possui causas sociais; A sociedade é que explica o comportamento do indivíduo; “Todo caso de morte que resulte direta ou indiretamente de um ato positivo ou negativo praticado pela própria vítima, ato que a vítima sabia dever produzir resultado.” Toda sociedade tem, em cada momento de sua história, uma aptidão definida para o suicídio. Suicídio egoísta: Quando os indivíduos não estão integrados às instituições ou a redes sociais que regulam suas ações e lhes imprimam a disciplina e a ordem (como a igreja, o trabalho, a família), acabam tendo desejos infinitos que não podem satisfazer; Os homens estão mais inclinados ao suicídio quando não estão integrados num grupo social, quando seus desejos não podem ser reduzidos à autoridade e à força impostos pelo grupo; Os indivíduos pensam essencialmente em si mesmos, sofrendo com depressão, melancolia e outros sentimentos. Suicídio altruísta: Se trata do suicídio pelo completo desaparecimento do indivíduo no grupo; O indivíduo se mata devido a imperativos sociais, sem sequer pensar em fazer valer seu direito à vida; O indivíduo se identifica tanto com a coletividade que é capaz de tirar sua vida por ela (mártires, kamikases, honra, etc) Suicídio anômico: Se deve a um estado de desregramento social, em que as normas estão ausentes ou perderam o sentido; Quando os laços que prendem os indivíduos aos grupos se afrouxam, há uma crise social que provoca o aumento desse tipo de suicídio; Atinge os indivíduos em função das condições de vida nas sociedades modernas; Correlação entre a freqüência do suicídio e as fases do ciclo econômico. A educação como elemento integrador Toda a educação consiste num esforço contínuo para impor às crianças maneiras de ver, de sentir e de agir às quais elas não chegariam espontaneamente; Desde os primeiros anos de vida as crianças são forçadas a beber, comer, dormir em horas regulares; são constrangidas a terem hábitos higiênicos, a serem obedientes; A educação tem justamente por objeto formar o ser social; A pressão que sofre a todos os instantes a criança é a própria pressão do meio social tendendo a moldá-la à sua imagem.