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LIBRAS – N2 No passado, os surdos eram considerados incapazes de ser ensinados, por isso eles não frequentavam escolas. Proibidas de casar, possuir ou herdar bens e viver como as demais pessoas. Assim, privadas de seus direitos básicos, ficavam com a própria sobrevivência comprometida. Foi no início do século XVI que se começou a admitir que os surdos poderiam aprender por procedimentos pedagógicos sem que houvesse interferências sobrenaturais. Procurava-se ensiná-los a falar e a compreender a língua falada, mas a fala era considerada uma das estratégias, entre outras, de se alcançar esses objetivos. EXCLUSÃO > SEGREGAÇÃO > INTEGRAÇÃO > INCLUSÃO Pedro Ponce de Leon é, em geral, reconhecido nos trabalhos de caráter histórico como o primeiro professor de surdos (Lacerda, 1998). Muitos professores de surdos iniciavam o ensinamento de seus alunos através da leitura-escrita e, a partir disso, instrumentalizavam-se diferentes técnicas para desenvolver outras habilidades, como leitura labial e articulação das palavras. Século XVIII, foi aberta uma brecha que aumentaria com o passar do tempo e que separaria irreconciliavelmente oralistas de gestualistas. Os ORALISTAS exigiam que os surdos se reabilitassem, superando a surdez, que falassem e, de certo modo, que se comportassem como se não fossem surdos. Os segundos, GESTUALISTAS, eram mais tolerantes diante das dificuldades do surdo com a língua falada e viram que os surdos desenvolviam uma linguagem que, ainda que diferente da oral era eficaz para a comunicação e lhes abriaas portas para o conhecimento da cultura, incluindo aquele dirigido para a língua oral. Como representante mais importante do que se conhece como abordagem gestualista está o “método francês” de educação de surdos. O abade Charles M. De L’Epée foi o primeiro a estudar uma língua de sinais usada por surdos, com atenção para suas características linguísticas. O abade, a partir da observação de grupos de surdos, verifica que eles desenvolviam um tipo de comunicação apoiada no canal visogestual, que era muito satisfatória. Charles M. De L’Epée - ele desenvolveu um método educacional apoiado na linguagem de sinais da comunidade de surdos, adicionando a ela sinais que tornavam sua estrutura mais próxima à do francês, sistema que chamou de “sinais metódicos”. A proposta educativa defendia que os educadores deveriam aprender tais sinais para se comunicar com os surdos; eles aprendiam com os surdos e, por essa forma de comunicação, ensinavam a língua falada e escrita do grupo socialmente majoritário. Em 1775, fundou uma escola, a primeira em seu gênero, com aulas coletivas, nas quais professores e alunos usavam os chamados sinais metódicos. Para De L’Epée, a linguagem de sinais é concebida como a língua natural dos surdos e como veículo adequado para desenvolver o pensamento e sua comunicação. Heinicke é considerado o fundador do oralismo e de uma metodologia que ficou conhecida como o “método alemão”. Para ele, o pensamento só é possível pela língua oral e depende dela. I Congresso Internacional sobre a instrução de surdos - o direito a assinar documentos, tirando-os da “marginalidade” social, mas ainda estava distante a possibilidade de uma verdadeira integração social. Em 1880, foi realizado o II Congresso Internacional, em Milão - O congresso foi preparado por uma maioria oralista com o firme propósito de dar força de lei às suas proposições no que dizia respeito à surdez e à educação de surdos. As decisões tomadas no Congresso de Milão levaram a que a linguagem gestual fosse praticamente banida como forma de comunicação a ser utilizada por pessoas surdas no trabalho educacional. Com o Congresso de Milão encerra-se uma época de convivência tolerada na educação dos surdos entre a linguagem falada e a gestual e, em particular, desaparece a figura do professor surdo que, até então, era frequente. CONSEQUÊNCIA: A maioria dos surdos profundos não desenvolveu uma fala socialmente satisfatória e, em geral, esse desenvolvimento era parcial e tardio em relação à aquisição de fala apresentada pelos ouvintes, implicando um atraso de desenvolvimento global significativo. De forma geral, sinais e alfabeto digitais são proibidos, embora alguns aceitem o uso de gestos naturais, e recomenda- se que a recepção da linguagem seja feita pela via auditiva (devidamente treinada) e pela leitura orofacial. Na década de 1960, começaram a surgir estudos sobre as línguas de sinais utilizadas pelas comunidades surdas. Apesar da proibição dos oralistas quanto ao uso de gestos e sinais, algumas escolas para surdos desenvolveram às margens do sistema, um modo próprio de comunicação através dos sinais. Anos 70 - “comunicação total”. A comunicação total pode utilizar tanto sinais retirados da língua de sinais usada pela comunidade surda quanto sinais gramaticais modificados e marcadores para elementos presentes na língua falada, mas não na língua de sinais. Dessa forma, tudo o que é falado pode ser acompanhado por elementos visuais que o representam, o que facilitaria a aquisição da língua oral e, posteriormente, da leitura e da escrita. A comunicação total favoreceu de maneira efetiva o contato com sinais, que era proibido pelo oralismo, e esse contato propiciou que os surdos se dispusessem à aprendizagem das línguas de sinais, externamente ao trabalho escolar Com o surgimento da comunicação total, a grande mudança pedagógica foi a entrada dos sinais em sala de aula. Educação bilíngue - Essa proposta defende a ideia de que a língua de sinais é a língua natural dos surdos, que, mesmo sem ouvir, podem desenvolver plenamente uma língua visogestual. O que se propõe é que sejam ensinadas duas línguas, a língua de sinais e, secundariamente, a língua do grupo ouvinte majoritário; no caso do Brasil, a língua portuguesa. Um projeto educacional de qualidade para surdos deve enfocar como premissas básicas o acesso à língua de sinais na infância como primeira língua, e o ensino da língua portuguesa como segunda língua. Para que esse objetivo seja atingido, faz-se necessária a atuação de educadores bilíngues (surdos e ouvintes), como interlocutores no processo de aquisição da linguagem. Em 26 de setembro de 1857, é fundado o Instituto Nacional de Surdos-Mudos, atual Instituto Nacional de Educação do Surdo (INES). Final da década de 70 – chega ao Brasil a filosofia da comunicação total; introduzida a comunicação total no Brasil sob a influência do Congresso Internacional de Gallaudet. 1977 – Criada, no Rio de Janeiro, a Federação Nacional de Educação e Integração dos Deficientes Auditivos (FENEIDA) com diretoria de ouvintes. 1981 – início das pesquisas sistematizadas sobre a língua de sinais no Brasil. 2002 – A LIBRAS é oficializada no Brasil em 24 de abril, pela Lei federal nº 10.436. Intérprete de LIBRAS/língua portuguesa: Profissional com competência linguística em LIBRAS/língua portuguesa que atua no contexto do ensino regular no qual há alunos surdos matriculados; O intérprete não substitui a figura do professor em relação à função central na mediação do processo de aprendizagem. Sua atuação será a de mediador na comunicação entre surdos e ouvintes. Instrutor surdo de LIBRAS: Profissional surdo que atua em serviços especializados, desenvolvendo atividades relacionadas ao ensino e a difusão da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) e de aspectos socioculturais da surdez na comunidade escolar. Deficiência auditiva é considerada genericamente como a diferença existente entre a performance do indivíduo e a habilidade normal para a detecção sonora de acordo com padrões estabelecidos pela AmericanNational Standards Institute. Considera-se, em geral, que a audição normal corresponde à habilidade para detecção de sons até 20 dB N.A. (decibéis, nível de audição). Classicamente, surdez é descrita como perda de audição para determinado número de decibéis e, frequentemente, não se leva em conta o aspecto funcional da audição como propósito de comunicação. Tipos de deficiência auditiva: • Deficiência Auditiva Condutiva: qualquer interferência na transmissão do som desde o conduto auditivo externo até a orelha interna (cóclea). A orelha interna tem capacidade de funcionamento normal, mas não é estimulada pela vibração sonora. • Deficiência auditiva sensório-neural: ocorre quando há uma impossibilidade de recepção do som por lesão das células ciliadas da cóclea ou do nervo auditivo. • Deficiência auditiva mista: ocorre quando há uma alteração na condução do som até o órgão terminal sensorial associada à lesão do órgão sensorial ou do nervo auditivo. Graus de severidade da deficiência auditiva: • audição normal – limiares entre 0 a 24 dB nível de audição; • deficiência auditiva leve – limiares entre 25 a 40 dB nível de audição; • deficiência auditiva moderna – limiares entre 41 e 70 dB nível de audição; • deficiência auditiva severa – limiares entre 71 e 90 dB nível de audição; • deficiência auditiva profunda – limiares acima de 90 dB. MÓDULO V A declaração de Salamanca 1994 considerou uma das características mais peculiar na educação dos surdos, “a importância da “linguagem” de sinais como meio de comunicação para todos os surdos”. Desde o século XVIII a língua de sinais era conhecida, porem foi somente nas ultimas décadas que essa modalidade viso-espacial da língua foi reconhecida cientificamente pela linguística. A partir do congresso de Milão 1880, o oralismo foi eleito e imposto como um método mais adequado para educação de surdos, pela possibilidade de integração do indivíduo na sociedade. Skliar 1997 - Procura ver a surdez como uma patologia que, se não tratada ocasionaria outras deficiências ou incapacidade. Associada a visão oralista do conceito de surdez, esta a noção de incapacidade cognitiva dos surdos, a dificuldade de construir frases orais e escrita na língua de seu país é muito grande, essa dificuldade é explicada pelos oralista como decorrente de vários problemas mentais gerados pelo surdez, ou é justificadas pela falta de vontade dos surdos em aprender. A visão socioantropológica da surdez, pelo seu caráter inovador, ainda esta em construção (uma educação para surdos que considere suas características sociais, descartando a patologia e a aproximação do surdo com o modelo ouvinte). Skliar - dois aspectos contribuíram para o fortalecimento da perspectiva socioantropológica nessa áreas de conhecimentos: 1 - A existência de uma comunidade que se articula e se identifica pelo usa de uma língua própria, a língua de sinais, formando portanto uma comunidade linguística; 2- A confirmação de algumas características dos surdos filhos de pais surdos, que os diferenciam dos surdos filhos de pais ouvintes, melhores níveis acadêmicos e maiores habilidade para aprendizagem da língua oral e escrita. Módulo VI Decreto 5.626 Esse decreto foi “divisor de águas” no que tange a inclusão de sujeitos surdos e a formação de TILSP, pois e nesse decreto que aparece pela primeira vez o termo “Tradutor e Interprete de LIBRAS – Língua Portuguesa” e a determinação da formação desse profissional em nível superior. A formação do tradutor e intérprete de Libras/Língua Portuguesa deve efetivarse por meio de curso superior de Tradução e Interpretação, com habilitação em Libras – Língua Portuguesa. Considera-se pessoa surda aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais – Libras Considera-se deficiência auditiva a perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas freqüências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz. A certificação de proficiência em Libras habilitará o instrutor ou o professor para a função docente. LEI Nº 10.436 É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela associados. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma de comunicação e expressão, em que o sistema lingüístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema lingüístico de transmissão de idéias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil. MÓDULO VII Propostas de educação para os surdos: 1. Oralismo - para os oralistas, a linguagem falada é prioritária como forma de comunicação dos surdos e a aprendizagem da linguagem oral é preconizada como indispensável para o desenvolvimento integral das crianças. 2. Comunicação Total - é a prática de usar sinais, leitura orofacial, amplificação e alfabeto digital para fornecer inputs linguísticos para estudantes surdos, ao passo que eles podem expressar-se nas modalidades preferidas. Tudo o que é falado pode ser acompanhado por elementos visuais que o representam, o que facilitaria a aquisição da língua oral e posteriormente da leitura e da escrita. 3. Educação Bilíngue - essa proposta de educação contrapõe-se ao modelo oralista porque considera o canal viso-gestual de fundamental importância para a aquisição de linguagem da pessoa surda. E contrapõe-se à comunicação total porque defende um espaço efetivo para a língua de sinais no trabalho educacional; por isso advoga que cada uma das línguas apresentadas ao surdo mantenha suas características próprias e que não se "misture" uma com a outra. Nesse modelo, o que se propõe é que sejam ensinadas duas línguas, a língua de sinais e, secundariamente, a língua do grupo ouvinte majoritário, no caso do Brasil a língua portuguesa. MÓDULO VIII O Intérprete da Língua de Sinais é a pessoa que traduz e interpreta a língua de sinais para a língua falada (português) e vice-versa em qualquer modalidade que se apresentar (oral e escrita). Concebe-se que, numa ação pedagógica centrada no diálogo entre professor-aluno, aluno-aluno, aluno-intérprete, professor-intérprete, teoria-prática, o conhecimento construído e adquirido ocorre por meio da negociação. “Nela, as avaliações constituem um processo interativo, em que se busca o consenso entre pessoas de valores diferentes, respeitando-se, porém as dissensões.” A informação acerca dos resultados obtidos com os alunos deve levar a um replanejamento dos objetivos e conteúdos, das atividades, dos materiais utilizados e das variáveis envolvidas em sala de aula. Na década de 1960 - Começou a surgir estudos sobre as línguas de sinais utilizadas pelas comunidades surdas.