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MOREIRA, PEREIRA O Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos

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11
O Alto Comissariado das Nações Unidas Para Direitos Humanos (ACNUDH) 
O ALTO COMISSARIADO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA DIREITOS 
HUMANOS (ACNUDH) 
Aline De Oliveira Moreira1
Luciana Diniz Durães Pereira2
“The human rights monitoring and protection work 
undertaken by the United Nations is essential to 
safeguard civilians in armed conflict and elsewhere.”
Navanethem Pillay3
RESUMO 
O presente artigo dedica-se a investigar a história, a composição e as 
principais competências do Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos 
Humanos (ACNUDH). Assim, fornece um panorama acerca da atuação deste órgão 
dentro da estrutura da Organização, bem como dispõe a respeito da interação do Alto 
Comissariado com outros órgãos e mecanismos das Nações Unidas vinculados à 
salvaguarda e à promoção dos direitos humanos em perspectiva universal. 
Palavras-Chave: Organização das Nações Unidas. Alto Comissariado das Nações 
Unidas para Direitos Humanos. ACNUDH. 
 
1 Mestre em Conflict Studies and Human Rights pela Universidade de Utrecht, Holanda; Graduada em 
Direito pela Universidade de São Paulo (USP); Graduada em Relações Internacionais pela Pontifícia 
Universidade Católica de São Paulo (PUC SP); Estagiária e Pesquisadora do Programa de Capacitação em 
Direitos Humanos da Missão Diplomática do Brasil junto à Organização das Nações Unidas em 
Genebra/Suíça (DELBRASGEN/ONU/2009) e; Advogada Especializada em Direito Imigratório. 
2 Doutoranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); Mestre em Direito Público 
com ênfase em Direito Internacional pela Faculdade Mineira de Direito da Pontifícia Universidade 
Católica de Minas Gerais (FMD PUC Minas); Especialista em Direito Internacional pelas Faculdades 
Milton Campos (FMC); Graduada em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas 
Gerais (FDUFMG); Graduada em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); 
Pesquisadora do Centro de Direito Internacional (CEDIN); Pesquisadora do Diretório Nacional do Grupo 
de Pesquisa “Direitos Humanos e Vulnerabilidade” da Universidade Católica de Santos (UNISANTOS); 
Estagiária e Pesquisadora do Programa de Capacitação em Direitos Humanos da Missão Diplomática do 
Brasil junto à Organização das Nações Unidas em Genebra/Suíça (DELBRASGEN/ONU/2009) e; 
Professora Universitária dos Cursos de Graduação em Direito da Universidade FUMEC e do Centro 
Universitário UNA. 
3 Parte de um discurso proferido pela sul-africana Navanethem Pillay, carinhosamente chamada nos 
headquarters da ONU e do ACNUDH de Navi Pillay, ao Conselho de Segurança (CS) da Organização, 
quando esta exercia o posto de Alta Comissária das Nações Unidas para Direitos Humanos, cargo no qual 
esteve empossada por três mandatos consecutivos, entre os anos de 2008 e 2014. Disponível em: 
<http://www.ohchr.org/EN/NewsEvents/Pages/DisplayNews.aspx?NewsID=12288&LangID=E> Acesso 
em: 01 mar. 2015. 
12
X ANUÁRIO BRASILEIRO DE DIREITO INTERNACIONAL
ABSTRACT 
The following article is dedicated to investigate the history, the composition 
and core competencies of the Office of the United Nations High Commissioner for 
Human Rights (OHCHR). Thus, it provides an overview about the role of this Office
within the Organization's structure and also describes its interactions with other UN 
agencies and mechanisms related to safeguarding and promoting human rights in a 
universal perspective. 
 
Keywords: United Nations. The Office of the United Nations High Commissioner 
for Human Rights. OHCHR. 
INTRODUÇÃO 
As ponderações acadêmicas ora realizadas acerca do Alto Comissariado das 
Nações Unidas para Direitos Humanos (ACNUDH) foram originalmente redigidas 
no ano de 2009, quando as autoras, naquele então pesquisadoras e estagiárias do 
Programa de Capacitação em Direitos Humanos da Missão Diplomática do Brasil 
junto à Organização das Nações Unidas em Genebra/Suíça (DELBRASGEN/ONU), 
tiveram a incumbência de escrever um paper a respeito deste nobre Office da 
Organização. O trabalho foi realizado e faria parte de um livro a ser publicado pelo 
Ministério das Relações Exteriores (MRE) brasileiro. Todavia, por múltiplas razões,
este projeto, infelizmente, não foi levado adiante e, portanto, restou não concretizado. 
Sendo assim, diante do honroso convite do Centro de Direito Internacional 
(CEDIN) em submetermos um artigo à aprovação do Conselho Editorial do Anuário 
Brasileiro de Direito Internacional, resolvemos por reavivar o já existente texto, 
atualizando-o e transformando-o no presente artigo. Para tanto, este foi 
metodologicamente organizado em três grandes blocos de análise: (i) o primeiro 
apresentará um breve histórico sobre o ACNUDH; (ii) o segundo buscará identificar 
suas principais funções institucionais e, finalmente; (iii) o terceiro debaterá as 
interações existentes entre o Alto Comissariado e os demais órgãos e mecanismos da 
ONU ligados à salvaguarda dos direitos humanos. 
Espera-se, neste sentido, que o leitor possa desfrutar de uma visão 
didaticamente organizada e intelectualmente acertada sobre o ACNUDH, o qual 
representa, em síntese, o comprometimento da Organização e do mundo com os mais 
altivos ideais universais de dignidade da pessoa humana.
I. BREVE HISTÓRICO SOBRE O ALTO COMISSARIADO DAS NAÇÕES 
UNIDAS PARA DIREITOS HUMANOS 
A criação de um programa específico da Organização das Nações Unidas 
direcionado à proteção e promoção dos direitos humanos iniciou-se há quase sessenta 
anos atrás, mais precisamente na segunda metade da década de 1940, com o 
estabelecimento, sob o ponto de vista institucional, de uma pequena Divisão de 
13
O Alto Comissariado das Nações Unidas Para Direitos Humanos (ACNUDH) 
Direitos Humanos na sede da Organização, em Nova York4. Posteriormente, na 
década de 1980, devido à importância do trabalho realizado, a Divisão mudou-se 
para Genebra, sendo elevada à condição de Centro de Direitos Humanos.
Em 1993, durante a Conferência Mundial de Direitos Humanos, a 
Assembleia Geral (AG) da ONU, seguindo recomendação expressa do artigo 18 da 
Seção II da Declaração e Programa de Ação de Viena5, decidiu, através da resolução 
48/1416, criar o Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos. 
Sua sede, de acordo com o artigo 6 da citada resolução, ficou estabelecida 
na cidade diplomática de Genebra, na Suíça, mais precisamente no Palais Wilson,
porém com a obrigatoriedade de possuir o órgão, igualmente, um escritório em Nova 
York, nos Estados Unidos da América (EUA). A estrutura do Alto Comissariado,
contudo, não se limita a suas representações e instalações físicas nestas duas cidades. 
O ACNUDH possui, ainda, presença em 13 países7, 128 escritórios regionais 
espalhados pelo mundo e uma força tarefa de 689 funcionários (do seu total de 1085
colaboradores, montante documentado em 31 de dezembro de 2013) trabalhando em 
Missões de Paz ou em Missões Políticas estabelecidas pelas Nações Unidas9.
Para financiar toda a sua estrutura orgânica, o Alto Comissariado conta com 
uma fonte dupla de financiamento: (i) o repasse de verbas ao órgão pela própria 
ONU, correspondente, para o biênio de 2014/2015, ao valor de US$173,5 milhões de 
dólares, ou seja, 3% de toda a budget da Organização e, também, (ii) doações 
voluntárias de Estados membros das Nações Unidas, bem como de organizações 
intergovernamentais, ONGs, fundações e, até mesmo, doações de pessoas físicas, em 
caráter individual10.
No tocante ao comando do Alto Comissariado, segundo o disposto no artigo 
2 da resolução que o criou, este pertence àquele que ocupa o cargo de Alto 
Comissário, mediante aprovação prévia da Assembleia Geral, ou seja, a um indivíduo 
responsável pela chefia e coordenação dos trabalhos, visando, sempre, a promoção e4 Disponível em: <http://www.ohchr.org/EN/AboutUs/Pages/BriefHistory.aspx> Acesso em: 03 jan. 2015.
5 “A Conferência Mundial sobre Direitos Humanos recomenda à Assembleia Geral que, ao examinar o 
relatório da Conferência em seu quadragésimo oitavo período de sessões, comece a analisar, 
prioritariamente, a questão da criação de um cargo de Alto Comissário para Direitos Humanos, visando a 
promoção e proteção de todos os direitos humanos”. MAZZUOLI, Valério de Oliveira (org.). Coletânea de 
Direito Internacional e Constituição da República Federativa do Brasil. 5ª. ed. rev. ampl. e atual. São 
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007, p. 793. 
6 A/RES/48/141 de 20 de dezembro de 1993.
7 Bolívia, Camboja, Colômbia, Guatemala, Guiné, Mauritânia, México, Territórios Ocupados da Palestina, 
Kosovo, Togo, Tunísia, Uganda e Iêmen. Disponível em: 
<http://www.ohchr.org/EN/Countries/Pages/WorkInField.aspx> Acesso em: 02 jan. 2015. 
8 Adis Abeba (Leste da África), Pretória (África do Sul), Dakar (Oeste da África), Cidade do Panamá 
(América Central), Santiago (América do Sul), Bruxelas (Europa), Bisqueque (Ásia Central), Bancoc 
(Ásia do Sul), Suva (Pacífico), Beirute (Oriente Médio e Norte da África), Yaoundé (África Central) e 
Doha (Ásia do Oeste e Arábia). Disponível em: 
<http://www.ohchr.org/EN/Countries/Pages/WorkInField.aspx> Acesso em: 02 jan. 2015. 
9 Disponível em: <http://www.ohchr.org/EN/AboutUs/Pages/WhoWeAre.aspx> Acesso em: 03 jan. 2015.
10 Disponível em: < http://www.ohchr.org/EN/AboutUs/Pages/FundingBudget.aspx> Acesso em: 04 jan. 
2015. 
14
X ANUÁRIO BRASILEIRO DE DIREITO INTERNACIONAL
proteção de todos os direitos humanos. Este deve ser alguém que, além da expertise 
técnica e política necessária às atividades inerentes ao cargo, detenha as qualidades 
de ser uma pessoa íntegra, moral e de conduta ilibada. 
Neste sentido, curioso destacar que, na Língua Inglesa, a sigla OHCHR
significa, em tradução literal para o Português, Office of the High Commissioner for 
Human Rights, ou seja, Escritório do Alto Comissário e não propriamente Alto 
Comissariado, referindo-se, portanto, não apenas à pessoa do Alto Comissário como 
também ao órgão como um todo. Contudo, como a legislação e os textos acadêmicos 
brasileiros optaram pelo uso da expressão Alto Comissariado, esta é a mais adotada 
pelos internacionalistas nacionais. Atualmente, e desde 01 de setembro de 2014, o
cargo de Alto Comissário é ocupado pelo jordaniano Zeid Ra’ad Al Hussein11.
Ocuparam o cargo antes dele a sul-africana Navanethem Pillay (2008-2014), 
a canadense Louise Arbour (2004-2008), o guianense Bertrand Ramcharan (2003-
2004), o brasileiro Sérgio Vieira de Mello (2002-2003), a irlandesa Mary Robinson
(1997-2002) e o equatoriano José Ayala-Lasso (1994-1997)12. 
Dentre os mandatos dos Altos Comissários destaca-se, por sua interrupção 
trágica e infeliz, o do brasileiro Sérgio Vieira de Mello. Devido à eclosão da invasão 
do Iraque pelos EUA, Kofi Annan, então Secretário Geral da ONU, em maio de 
2003, pediu a Sérgio, na ocasião Alto Comissário das Nações Unidas para Direitos 
Humanos em exercício, que aceitasse ser, pelo período de quatro meses, o 
representante especial da ONU em Bagdá. Pensando, talvez, que pudesse obter 
sucesso nas negociações de paz como havia conseguido em Kosovo e, sobretudo, no 
Timor Leste – apesar dos perigos e da insegurança que o Iraque representava, à 
época, para os agentes de paz – Vieira de Mello aceitou a missão e, em dois de junho 
de 2003, chegou ao país. Naquele então, quando indagado por um jornalista sobre o 
motivo de ter aceito ir ao Iraque, Sérgio respondeu: “porque não encontrei bons 
argumentos para recusar”. Infelizmente, e forma abrupta, seu trabalho à frente do 
Alto Comissariado não pode ser concluído, tampouco sua missão no Iraque. 
Sérgio foi vítima fatal, junto com outros vinte e um colegas da ONU, de um 
atentado terrorista, em Bagdá, na tarde do dia 19 de agosto de 200313. Com o seu 
falecimento, o guianense Bertrand Ramcharan assumiu o cargo de Alto Comissário,
permanecendo no mesmo, para o cumprimento do mandato, até julho de 200414. A
morte de Vieira de Mello, bem como a dimensão do ataque sofrido pela Organização 
na figura de seus agentes humanitários naquele fatídico episódio, levou a ONU a
 
11 Para maiores informações sobre o atual Alto Comissário, consultar a página do ACNHDU. Disponível 
em: <http://www.ohchr.org/EN/AboutUs/Pages/HighCommissioner.aspx> Acesso em: 04 jan. 2015.
12 Disponível em: <http://www.ohchr.org/EN/AboutUs/Pages/HighCommissioner.aspx> Acesso em: 04 
jan. 2015.
13 Detalhes do ataque terrorista mencionado estão disponíveis nas seguintes reportagens: Disponível em: 
<http://edition.cnn.com/2003/WORLD/meast/08/19/sprj.irq.main/> Acesso em: 04 jan. 2015. Disponível 
em: <http://www.huffingtonpost.com/carolina-larriera/remembering-sergio-vieira_b_3779106.html> 
Acesso em: 04 jan. 2015. 
14 Para informações verticalizadas sobre a vida e o trabalho de Sérgio Vieira de Mello, consultar o website 
“Sérgio Vieira de Mello, Pensamento e Memória”. Disponível em: <http://www.usp.br/svm/>Acesso em: 
04 jan. 2015. 
15
O Alto Comissariado das Nações Unidas Para Direitos Humanos (ACNUDH) 
marcar, a partir de 2009, o dia 19 de agosto como o Dia Internacional Humanitário, 
nomeando-o, igualmente, de Dia Sérgio Vieira de Mello15.
II. PRINCIPAIS FUNÇÕES DO ALTO COMISSARIADO DAS NAÇÕES 
UNIDAS PARA DIREITOS HUMANOS 
O Alto Comissariado possui o principal mandato da ONU para a proteção e 
promoção dos direitos humanos. Por assim ser, se configura como órgão de liderança 
global na luta pelos direitos humanos e, especialmente, na ação preventiva e punitiva 
a violações destes direitos. 
Logo, visando o cumprimento satisfatório de seu amplo mandato, o qual, 
por si só, configura-se como sua principal função, detém competência para executar e 
desempenhar, as seguintes funções: (i) promover espaços e fóruns de identificação, 
discussão e desenvolvimento de respostas aos desafios atuais dos direitos humanos; 
(ii) atuar como o centro do Sistema ONU para a pesquisa, educação, monitoramento, 
informação pública e realização de advocacy activities na área dos direitos humanos; 
(iii) auxiliar os países (já que são estes os responsáveis primeiros pela promoção e 
salvaguarda dos direitos humanos a partir da realização de programas de cooperação 
técnica, jurídica, informacional, dentre outras medidas) em áreas como as de 
administração da justiça, processo eleitoral, implementação de standards mínimos de 
proteção à pessoa humana e reforma/adequação legislativa na área dos direitos 
humanos; (iv) auxiliar entidades privadas e públicas que trabalham com direitos 
humanos, tanto as de direito interno como as de internacional, na execução de seus 
fins, visando, dessa maneira, a realização plena dos direitos dos indivíduos por elas 
protegidos ou orientados16.
 Utiliza-se, para o cumprimento de suas funções, de quatro estratégias 
precisas, as quais orientam, portanto, a forma de atuação prática do Alto 
Comissariado: (i) injetar, em todos os programas da Organização, através do trabalho 
de seus funcionários e departamentos, a perspectiva da proteção e promoção dos 
direitos humanos; (ii) estabelecer parcerias com os demais órgãos, agências e fundos 
do Sistema ONU, bem como com Estados, ONGs, organizações intergovernamentais, 
institutos e centros nacionais de direitos humanos, para a concretização e real 
efetivação de seu mandato, ou seja, visando realizar, de forma fática, os direitos 
humanos no globo; (iii) formulação de estratégias teóricas e práticas de ação do Alto 
Comissariado sob o tripé metodológico da a) identificação de standards protetivos, 
b) monitoramento da situação fática de respeito ou não ao direito em análise e c)a
implementação de atividades de campo que visem assegurá-lo efetivamente; (iv) 
realização, com a ajuda dos países, de ações de campo que visem atingir as 
populações mais necessitadas e carentes e, também, de projetos que visem identificar 
 
15 World Humanitarian Day, August 19th. Disponível em: 
<http://www.un.org/en/events/humanitarianday/> Acesso em: 04 jan. 2015. 
16 Disponível em: <http://www.ohchr.org/EN/AboutUs/Pages/WhatWeDo.aspx> Acesso em: 08 jan. 2015. 
16
X ANUÁRIO BRASILEIRO DE DIREITO INTERNACIONAL
e responder tanto a situações desafiadoras à proteção e promoção dos direitos 
humanos, como a eventuais e possíveis violações. 
Sob o enfoque jurídico-legislativo, o trabalho do Alto Comissariado 
fundamenta-se, a saber, no artigo 1º da Carta da ONU de 1945 que demonstra a 
vinculação direta da Organização com a salvaguarda destes direitos, dispondo que 
“desenvolver e encorajar o respeito aos direitos do homem e às liberdades 
fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião”17 configura-
se como um de seus principais desígnios e propósitos. Para cumpri-lo, a ONU 
estabeleceu, ao longo de seus quase sessenta e cinco anos de existência, um 
arcabouço de normas direcionadas à proteção e positivação destes direitos, bem 
como criou órgãos específicos para assegurar o respeito e cumprimento dos mesmos. 
Neste sentido, foi adotada e proclamada pela Assembléia Geral18, em 10 de 
dezembro de 1948, a Resolução 217A (III), isto é, o texto original da Declaração 
Universal dos Direitos Humanos. Este documento, marco do início da 
internacionalização e da universalização da proteção aos direitos humanos no mundo 
contemporâneo19, possui sua origem histórica convergente à da própria criação da 
ONU, qual seja, o horror e repúdio da humanidade, após o final da I e II Grandes 
Guerras, às gravíssimas, violentas, genéricas e maciças violações de direitos 
humanos que, durante a ocorrência destes dois conflitos, foram perpetradas, 
sobretudo, no território europeu. Neste sentido, a garantia da paz e segurança 
internacionais, objetivo institucional central da Organização20, bem como a 
sobrevivência sadia da raça humana e a preservação e consolidação de seus direitos 
essenciais, passaram a ter lugar de destaque na agenda internacional, constituindo-se 
na máxima “direito a ter direitos”21. Mais recentemente, e neste mesmo sentido, após 
 
17 Artigo 1º da Carta da ONU. Disponível em: <https://treaties.un.org/> Acesso em: 08 jan. 2015. 
18 A Assembléia Geral, estabelecida pelo artigo 7, parágrafo 1º da Carta da ONU, detém a condição de 
órgão plenário das Nações Unidas. Disponível em: <https://treaties.un.org/> Acesso em: 08 jan. 2015. 
Possui tal natureza parlamentar devido à composição que lhe é própria, visto ser formada pela participação 
de todos os membros da Organização. Neste sentido, é pacífico afirmar que este órgão da ONU constitui-
se no mais amplo foro mundial de discussão das questões previstas na agenda internacional. 
19 A partir da elaboração e adoção da Declaração, em 1948, os direitos fundamentais de todo o ser humano 
passaram a ser resguardados e garantidos não somente pelas respectivas Constituições dos Estados que 
compõem a sociedade internacional, ou seja, apenas em âmbito interno, como também em esfera global. 
Assim, com sua vigência, os Estados passaram a ter a obrigação internacional de também protegê-los. 
20 Artigo 1, 1, da Carta da ONU que expõem os “Propósitos e Princípios” da Organização: “Manter a paz e 
segurança internacionais e, para esse fim: tomar coletivamente medidas efetivas para evitar ameaças à paz 
e reprimir atos de agressão ou outra qualquer ruptura da paz e chegar, por meios pacíficos e de 
conformidade com os princípios da justiça e do direito internacional, a um ajuste ou solução das 
controvérsias e situações que possam levar a uma perturbação da paz”. Disponível em: 
<https://treaties.un.org/> Acesso em: 08 jan. 2015.
21 Os direitos essenciais e fundamentais de todo ser humano são aqueles necessários à manutenção de uma 
existência digna, ou seja, o direito à saúde, à dignidade humana, à educação, à alimentação, à vida, ao 
meio ambiente saudável, entre outros tantos. Neste sentido, Hannah Arendt cunhou a expressão “direito a 
ter direitos” em sua célebre obra “Origens do Totalitarismo – Anti-Semitismo, Imperialismo, 
Totalitarismo”. ARENDT, Hannah. Origens do Totalitarismo – Anti-Semitismo, Imperialismo, 
Totalitarismo. 3ª ed. São Paulo: Cia das Letras, 1989. 
17
O Alto Comissariado das Nações Unidas Para Direitos Humanos (ACNUDH) 
a adoção da Declaração e Programa de Ação de Viena22, em 1993, os direitos 
humanos foram qualificados e categorizados como direitos “universais, indivisíveis, 
interdependentes e inter-relacionados”23.
Integram, ainda, consolidando a base normativa convencional universal de 
proteção e resguardo mínimo aos direitos humanos, o Pacto Internacional sobre os 
Direitos Civis e Políticos e seu Protocolo Adicional e o Pacto Internacional sobre 
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais24. Além destes três fundamentais 
documentos, uma série de outros tratados temáticos igualmente compõem o escopo 
das fontes internacionais convencionais de proteção aos direitos humanos como, por 
exemplo, a Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados25, de 1951; Convenção 
contra a Tortura, e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanas ou 
Degradantes26, de 1984; a Convenção Internacional sobre todas as Formas de 
Discriminação Racial27, de 1965; a Declaração sobre o Direito ao 
Desenvolvimento28, de 1986; a Convenção para a Prevenção e Repressão ao Crime 
de Genocídio29, de 1948; Convenção Internacional sobre a Proteção dos Direitos de 
Todos os Trabalhadores Migrantes e suas Famílias30, de 1990 e a Convenção sobre 
todas as Formas de Discriminação contra a Mulher31, de 1979. 
Não obstante esta vasta normativa internacional, o sistema universal de 
proteção dos direitos humanos é dotado de órgãos e mecanismos específicos que 
visam salvaguardar e garantir efetivamente estes direitos. Tem-se, no trabalho da 
extinta Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas – atual Conselho de 
Direitos Humanos das Nações Unidas 32 –, nas atividades da própria Assembléia 
 
22 Foi adotada no plenário da Conferência Mundial de Direitos Humanos, em 25 de junho de 1993, em 
Viena, na Áustria. 
23 Artigo 5º da Declaração e Programa de Ação de Viena, de 1993. Disponível em: 
<http://www.ohchr.org/EN/ProfessionalInterest/Pages/Vienna.aspx> Acesso em: 09 jan. 2015.
24 Adotados pela Assembléia Geral da ONU, pela Resolução 2200A (XXI) de 16 de dezembro de 1966. 
Contudo, só entraram em vigor 10 (dez) anos depois, em 1976, após terem alcançado o número mínimo de 
35 (trinta e cinco) Estados que a estes ratificaram ou aderiram. O Brasil aderiu a ambos os Pactos em 24 de 
janeiro de 1992. Os dois Protocolos Adicionais aos Pactos, de 1976 e 1989, respectivamente, ainda não 
foram assinados pelo Brasil. 
25 O Brasil ratificou esta Convenção em 1960 e possui lei especial a respeito, qual seja, a Lei nº. 9.474 de 
1997. 
26 O Brasil ratificou esta Convenção em 28 de setembro de 1989. 
27 O Brasil ratificou esta Convenção em 27 de março de 1968. 
28 Adotada, em 04 de dezembro de 1986, pela Resolução nº 41/128 da Assembléia Geral das Nações 
Unidas. 
29 O Brasil ratificou esta Convenção em 15 de abril de 1952. 
30 Aprovada em 18 de dezembro de 1990 e em vigor desde 1º de julho de 2003, esta Convenção ainda não 
foi ratificada pelo Brasil. 
31 O Brasil ratificou esta Convenção em 1º de fevereiro de 1984. 
32 A extinta Comissão (desde27 de março de 2006 encerrou suas atividades) foi criada, em 1946, no 
interior do ECOSOC. Trabalhava com três funções básicas: a) elaborar e endereçar ao ECOSOC relatórios 
e recomendações acerca da proteção internacional dos direitos humanos; o que fez muito bem a partir do 
trabalho de seus grupos de atuação como, por exemplo, o Grupo de Trabalho encarregado de elaborar o 
Projeto de Declaração das Nações Unidas sobre o Direito dos Povos Indígenas; b) assistir o ECOSOC nas 
ações de assistência à proteção dos direitos humanos e, c) receber de vítimas ou de seus parentes, 
denúncias de violação a direitos humanos. Atualmente, o trabalho exercido pela Comissão fica a cargo do 
18
X ANUÁRIO BRASILEIRO DE DIREITO INTERNACIONAL
Geral, nas ações do Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (ECOSOC)33
e, até mesmo, em algumas decisões da Corte Internacional de Justiça (CIJ)34 e do 
Conselho de Segurança (CS)35, exemplos desta relevante atuação. 
III. INTERAÇÕES DO ALTO COMISSARIADO DAS NAÇÕES UNIDAS 
PARA DIREITOS HUMANOS COM OS DEMAIS ÓRGÃOS E 
MECANISMOS DA ONU 
Pouco mais de vinte e um anos após a criação do Alto Comissariado, é 
possível reconhecer que vários avanços foram conquistados no campo dos direitos 
humanos no planeta, embora muitos reveses tenham surgido no meio do caminho. 
Importante ressaltar, neste sentido, que tais conquistas só foram possíveis através do 
trabalho conjunto do Alto Comissariado e de outros órgãos específicos de 
monitoramento dos direitos humanos, todos estes umbilicalmente ligados à estrutura 
das Nações Unidas. Isto, pois, o Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos 
Humanos trabalha em regime de cooperação e oferece o necessário apoio aos 
diferentes mecanismos de monitoramento de direitos humanos do Sistema ONU, 
quais sejam, os órgãos criados pela Carta das Nações Unidas (Charter-Based 
Bodies), incluindo o Conselho de Direitos Humanos e os Procedimentos Especiais, 
bem como os órgãos criados por Tratados Internacionais de Direitos Humanos 
(Treaty-Bodies), constituídos por Peritos Independentes responsáveis por fiscalizar o 
cumprimento, pelos Estados-Parte, das obrigações impostas por tais tratados. A 
maioria destes órgãos recebe apoio do Conselho de Direitos Humanos e da Divisão 
de Tratados do Alto Comissariado para exercer seus mandatos.
 
Conselho de Direitos Humanos da ONU. Vinculado à Assembléia, o Conselho formalmente substituiu a 
Comissão, em 15 de março de 2006, mediante adoção da Resolução A/Res/60/251. 
33 Previsto pelo disposto nos artigos 61 a 72 do Capítulo X da Carta da ONU, o ECOSOC é o órgão 
institucional responsável pela coordenação, desenvolvimento e fomento das atividades de cunho 
econômico, cultural e social da Organização33, assim como pelo de suas Agências Especializadas e demais 
instituições integrantes do Sistema das Nações Unidas. Neste sentido, tem-se, por exemplo, atividades 
relacionadas com o desenvolvimento, comércio internacional, industrialização, recursos naturais, direitos 
humanos, condição da mulher, população, ciência e tecnologia, prevenção de crimes, bem-estar social e 
muitas outras questões de natureza econômico-social ou que com estas tenham afinidade.
34 Parecer Consultivo de 09 de julho de 2004 “Conseqüências Jurídicas da Edificação de um Muro no 
Território Palestino Ocupado” que, entre outros direitos, discute a questão do direito à autodeterminação 
do povo palestino; Parecer Consultivo de 29 de abril de 1999 “Disputa relacionada à Imunidade de 
Jurisdição de um Relator Especial da Comissão de Direitos Humanos”; Caso do Direito de Asilo/Caso 
Haya de la Torre (Colômbia X Peru) de 1949-1951, que debateu o direito de asilo político de Victor Raul 
Haya de la Torre; e o Caso dos Testes Nucleares (Nova Zelândia X França) de 1973-1974 que discutiu a 
questão da legalidade da ocorrência de testes nucleares patrocinados pela França, no Pacífico Sul, fato que 
degradava a fauna e flora marítima, bem como a atmosfera da região, causando impactos ambientais na 
costa da Nova Zelândia e Austrália.
35 O Conselho de Segurança, nos termos dos Capítulos VI e VII da Carta da ONU, protege, ainda que 
indiretamente (segundo preconizam alguns internacionalistas), direitos humanos. Disponível em: 
<http://www.un.org/en/sc/> Acesso em: 10 jan. 2015. 
19
O Alto Comissariado das Nações Unidas Para Direitos Humanos (ACNUDH) 
A. Interação do Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos com 
os Órgãos de Tratado
“Os Órgãos de Tratado constituem um sistema único para 
diálogo e debate sobre mudanças na política e na legislação que 
são necessárias para aprimorar a justiça social e o 
desenvolvimento equitativo. Eles guiam e auxiliam os Estados 
a atingir tais objetivos através de uma proteção maior dos 
direitos humanos. E, através de sua rigorosa e abrangente 
análise das situações dos países, eles podem agir como 
ferramentas para alertas precoces. Os Estados criaram estes 
órgãos para garantir que os direitos dos indivíduos não 
permanecessem como ideais e compromissos vazios. Eles são 
um elo indispensável entre os padrões universais e os 
indivíduos que foram feitos para capacitar e proteger.” Ban Ki 
Moon, Secretário Geral da ONU 36.
No âmbito dos direitos humanos, dez são os tratados que se destacam por 
sua relevância protetiva (sendo um deles o Protocolo Adicional à Convenção contra a 
Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanas ou Degradantes),
conforme mencionado anteriormente e, neste sentido, são estes o núcleo duro, os 
core treaties da proteção internacional à pessoa humana37. É importante ressaltar que,
desde 1948, ano da adoção da Declaração Universal dos Direitos Humanos, todos os 
países membros das Nações Unidas assinaram e/ou ratificaram pelo menos um desses 
instrumentos. O último tratado a entrar em vigor foi a Convenção Internacional para 
a Proteção de Todas as Pessoas e Contra os Desaparecimentos Forçados, em 23 de 
dezembro de 201038. Deste modo, todos os estes instrumentos, juntos, ensejaram a 
criação dos Órgãos de Tratados na forma de Comitês compostos por peritos 
independentes, a fim de monitorar a implementação das referidas convenções 
internacionais. O décimo Órgão de Tratado, que iniciou seus trabalhos em fevereiro 
de 2007, é o Subcomitê para a Prevenção da Tortura, estabelecido sob o alicerce
normativo do citado Protocolo Opcional à Convenção contra a Tortura. Possui como 
função principal monitorar, nos Estados-Partes do Protocolo, locais de detenção de 
pessoas. Não obstante, possui também uma função consultiva, que envolve o 
 
36 Texto original do discurso do Secretário Geral da ONU: “The treaty bodies constitute a unique 
framework for dialogue and debate on changes in policy and law that are necessary to improve social 
justice and equitable development. They guide and assist States to achieve those goals through greater 
human rights protection. And, through their rigorous and comprehensive analysis of country situations, 
they can act as early warning tools. States created these bodies to ensure that the rights of individuals did 
not remain as empty ideals and commitments. They are the indispensable link between universal standards 
and the individuals they were designed to empower and protect”. Disponível em: 
<http://www.un.org/press/en/2012/sgsm14206.doc.htm> Acesso em: 20 jan. 2015. 
37 Disponível em: <http://www.ohchr.org/EN/ProfessionalInterest/Pages/CoreInstruments.aspx> Acesso 
em: 21 jan. 2015.
38 Em 2007, a Convenção foi assinada pelo Brasil e ratificada em 2010. Disponível em: 
<http://indicators.ohchr.org/> Acesso em: 21 jan. 2015. 
20
X ANUÁRIO BRASILEIRO DE DIREITO INTERNACIONAL
aconselhamentoaos Estados no estabelecimento dos chamados Mecanismos 
Nacionais de Prevenção. 
A seguir, a lista dos principais Órgãos de Tratados, os quais mantêm 
relações diretas com o ACNUDH:
- Comitê dos Direitos Humanos (Human Rights Committee – CCPR)39 
- Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (Committee on Economic, 
Social and Cultural Rights – CESCR)40
- Comitê para a Eliminação da Discriminação Racial (Committee on the Elimination 
of Racial Discrimination – CERD)41
- Comitê para a Eliminação da Discriminação contra as Mulheres (Committee on the 
Elimination of Discrimination Against Women – CEDAW)42
- Comitê contra a Tortura e Protocolo Facultativo à Convenção contra a Tortura e 
Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanas ou Degradantes (Committee 
Against Torture – CAT – and Optional Protocol to the Convention against Torture 
and other Cruel, Inhuman or Degrading Treatment or Punishment – OPCAT)43
- Subcomitê para a Prevenção da Tortura (Subcommitte on Prevention of Torture –
SPT) 
- Comitê dos Direitos da Criança (Committee on the Rights of the Child – CRC)44
- Comitê para os Trabalhadores Migrantes (Committee on Migrant Workers –
CMW)45
- Comitê para os Direitos das Pessoas com Deficiência (Committee on the Rights of 
Persons with Disabilities – CRPD)46
- Comitê sobre Desaparecimentos Forçados (Committee on Enforcer Disappearances 
– CED)47
Ao ratificarem tais documentos, os Estados assumem a obrigação legal de 
assegurar a proteção e a implementação dos direitos resguardados por eles, além de 
 
39 O referido Comitê monitora a implementação do Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos 
e seu Protocolo Adicional (1966).
40 O referido Comitê monitora a implementação do Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais 
e Culturais (1966).
41 O referido Comitê monitora a implementação da Convenção Internacional para a Eliminação de todas as 
Formas de Discriminação Racial (1965).
42 O referido Comitê monitora a implementação da Convenção Internacional para a Eliminação de todas as 
Formas de Discriminação contra as Mulheres (1979) e seu Protocolo Adicional (1999).
43 O referido Comitê monitora a implementação da Convenção Internacional contra a Tortura e Outros 
Tratamentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes (1984).
44 O referido Comitê monitora a implementação da Convenção Internacional sobre os Direitos das 
Crianças (1989) e seu Protocolo Adicional (2000).
45 O referido Comitê monitora a implementação da Convenção Internacional sobre a Proteção dos Direitos 
de Todos os Trabalhadores Migrantes e suas Famílias (1990). 
46 O referido Comitê monitora a implementação da Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas 
com Deficiência (2006). 
47 O referido Comitê monitora a implementação da Convenção Internacional para a Proteção de Todas as 
Pessoas e Contra o Desaparecimento Forçado (2006). 
21
O Alto Comissariado das Nações Unidas Para Direitos Humanos (ACNUDH) 
proteger os indivíduos e evitar abusos e qualquer interferência no gozo de seus 
direitos. Para tanto, devem garantir a criação de medidas e legislações domésticas 
compatíveis com as obrigações e deveres impostos pelos tratados. Quando os 
procedimentos legais domésticos falham em seu propósito de evitar violações de 
direitos humanos, pode-se recorrer a mecanismos de reclamação regionais e 
internacionais, a fim de garantir a implementação e o respeito aos padrões 
internacionais, em nível local. 
Para comprovar o cumprimento dos deveres impostos por estes tratados de 
direitos humanos, os Estados-Parte devem submeter aos Comitês relatórios regulares 
sobre as medidas tomadas para garantir a efetividade dos direitos correlatos. Os 
Estados, contudo, não são a única fonte de informação dos Comitês, que podem 
receber denúncias da mídia, de Agências da própria ONU, instituições acadêmicas,
instituições nacionais de direitos humanos ou organizações não-governamentais. 
Após coletar todas as informações, os Comitês analisam os relatórios e publicam, 
posteriormente, recomendações e conclusões. 
Alguns Comitês possuem mandato para apurar denúncias de violações de 
direitos humanos através de procedimentos adicionais, como os processos 
investigativos, análise de denúncias entre Estados e a análise de denúncias 
individuais ou de grupos de indivíduos48. Qualquer indivíduo cujo direito protegido 
por um dos tratados tenha sido violado por um Estado-Parte deste mesmo tratado 
pode apresentar uma comunicação ao Comitê competente, desde que o referido 
Estado reconheça a competência deste Comitê e que todos os remédios domésticos 
tenham sido exauridos. 
Desde a criação da Organização das Nações Unidas, em 1945, tratados de 
direitos humanos têm sido adotados, universal e regionalmente, com o intuito de 
refletir as preocupações com os direitos humanos em todos os âmbitos, com 
temáticas gerais e/ou específicas. Internamente, como dito, a maioria dos Estados-
Partes destes documentos já adotou legislações para a proteção dos direitos humanos, 
além de incorporar, na maioria das vezes com hierarquia normativa constitucional, as 
normas internacionais. No entanto, o respeito pelos direitos humanos exige uma 
ampla e efetiva rede de proteção, a qual é colocada em prática com o apoio do Alto 
Comissariado. 
a. Discussões do Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos 
Sobre a Reforma e Fortalecimento dos Órgãos de Tratado 
 
Como órgão máximo no âmbito dos direitos humanos dentro da estrutura 
das Nações Unidas, o Alto Comissariado deve estar sempre envolvido com as 
atividades desempenhadas pelos Órgãos de Tratado, a fim de acompanhar o 
monitoramento dos direitos protegidos pelas convenções que lhes deram vida e de 
 
48 Os Comitês que, sob determinadas circunstâncias, podem receber petições de indivíduos são: o CCPR, 
CERD, CAT, CEDAW, CRPD e o CED. 
22
X ANUÁRIO BRASILEIRO DE DIREITO INTERNACIONAL
dar apoio a seus mecanismos, além de, por óbvio, sugerir modificações benéficas ao
desenvolvimento de suas respectivas funções. 
 Com este intuito, entre os meses de novembro e dezembro de 2005, o Alto 
Comissariado realizou um ciclo de debates sobre a reforma dos Órgãos de Tratado, 
trazendo a proposta de criação de um órgão unificado, agregando todos aqueles 
previamente existentes. Tal iniciativa surgiu no mesmo ano em que o então 
Secretário-Geral da ONU, Kofi Annan, lançou seu famoso relatório intitulado In 
Larger Freedom.49 No documento, o Secretário enfatizou a necessidade de fortalecer 
o sistema dos Órgãos de Tratado e clamou pela criação de guias de harmonização no 
trato com os demais órgãos da ONU, a fim de que estes pudessem operar como um 
sistema unificado. 
Em seu Plano de Ação, o Alto Comissariado reiterou este chamado, mas 
esclareceu que, a longo prazo, o trabalho dos Órgãos de Tratado deveria ser 
fortalecido e consolidado, inclusive por meio da criação de um órgão unificado. Para 
tanto, convocou os Estados-Parte a participarem, em 2006, de um encontro 
intergovernamental que pudesse discutir as opções disponíveis à eventual unificação, 
a partir da promoção de um amplo e diplomático debate. Contudo, a Alta Comissária 
à época, Sra. Louise Arbour, condicionou o desenvolvimento das propostas de modo 
a garantir que os objetivos últimos dos Órgãos de Tratado, a saber, garantir a 
proteção dos titulares dos direitos, fossem resguardados em eventual reforma. A 
partir de então, a reforma dos Órgãos de Tratado passou a ser discutida 
frequentemente, em Encontros Anuais dos Presidentes dos Órgãos de Tratados50
(Annual Meeting of Chairpersons of the Human Rights Treaty Bodies) e nos 
encontros entre os Comitês51 (Inter-Committee Meeting).O foco das discussões foi a
harmonização dos métodos de trabalho dos Órgãos e os indicadores para a promoção 
e monitoramento da implementação dos direitos humanos. 
No ano de 2009, o ACNUDH ressaltou que o sucesso do sistema de 
proteção dos direitos humanos, em nível global, dependia muito do trabalho 
desenvolvido pelos Órgãos de Tratado e, assim, a Alta Comissária, Sra. Navi Pillay,
através de um processo de consulta, convocou a todos para refletir sobre formas de 
fortalecer tal sistema. Em resposta a tal chamado, entre os anos de 2009 e 2012, 20
consultas foram feitas por partes interessadas. No início de 2012, a Assembleia Geral 
da ONU adotou uma resolução52 que deu o pontapé inicial a um processo 
intergovernamental de fortalecimento e ampliação do sistema de Órgãos de Tratado.
Em junho do mesmo ano, o Alto Comissariado publicou um relatório53 compilando 
as várias propostas surgidas durante o processo de consulta, provenientes de todos os 
 
49 Report A/59/2005. 
50 Até o presente momento foram realizados 26 encontros formais, o último deles em junho de 2014, e um 
encontro informal, realizado entre os dias 16 e 18 de janeiro de 2015.
51 Até o presente momento foram realizados 12 encontros, o último deles em junho de 2011. 
52 Resolução GA/RES/66/254, adotada em 23 de fevereiro de 2012. 
53 Disponível em: <http://www2.ohchr.org/english/bodies/HRTD/docs/HCReportTBStrengthening.pdf>
Acesso em: 27 de jan. 2015.
23
O Alto Comissariado das Nações Unidas Para Direitos Humanos (ACNUDH) 
grupos de stakeholders, incluindo Órgãos de Tratado, Estados, entidades das Nações 
Unidas, sociedade civil e instituições nacionais de direitos humanos. 
Finalmente, em 2014, a Assembleia Geral adotou uma nova resolução54
como forma de conclusão do processo iniciado dois anos antes. Através deste 
documento, a Assembleia tratou, de forma abrangente, os desafios impostos aos 
Órgãos de Tratado incluindo, dentre estes, o aumento de recursos humanos e 
financeiros e a promoção da capacidade e incentivo aos Estados-Parte para o 
cumprimento de suas obrigações. Recomendou, ainda, a harmonização dos métodos 
de trabalho dos dez Órgãos de Tratado e reafirmou sua independência, condenando 
qualquer forma de intimidação à sua atuação. 
B. Interação do Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos com o 
Conselho de Direitos Humanos
Ao contrário dos Órgãos de Tratado, cuja criação está vinculada a 
convenções internacionais, o Conselho de Direitos Humanos (CDH) é um
mecanismo criado pela Assembleia-Geral das Nações Unidas, com base na Carta da 
ONU. Ele se reúne durante 10 semanas no ano, em Genebra, na Suíça, e é composto 
por 47 Estados-Membros da Organização, devidamente eleitos para um mandato de 
três anos55. Substituto da antiga Comissão de Direitos Humanos56, o Conselho 
pretende promover os direitos humanos fundamentais e proteger as liberdades 
individuais de todos. Desta forma, o Conselho representa um foro de discussões, 
chamando a atenção para violações de direitos humanos, analisando e debatendo a 
situação dos direitos humanos nos Estados e, igualmente, trabalhando para prevenir 
abusos. Ademais, para desempenhar suas funções, o CDH conta com o apoio de 
relatores especiais, peritos independentes e outros especialistas, os quais fornecem 
informação sobre questões e temas específicos da agenda internacional dos direitos 
humanos. 
Em 2007, um ano após a sua criação, o Conselho de Direitos Humanos 
adotou, através da Resolução 5/1, um “pacote institucional”, definindo 
procedimentos, mecanismos e estruturas que iriam servir de base para o 
desenvolvimento de seu trabalho a partir dali. Dentre os principais mecanismos 
criados destacam-se a Revisão Periódica Universal (Universal Periodic Review –
UPR), o Comitê Consultivo (Advisory Committe) e o Procedimento de Reclamações 
(Complaint Procedure). 
A Revisão Periódica Universal (RPU) é um processo de revisão ao qual 
todos os Estados-Membros da ONU são submetidos periodicamente, com o intuito de 
debater e avaliar as ações tomadas, nacionalmente e internacionalmente, por cada 
 
54 Resolução A/RES/68/268, adotada em 21 de abril de 2014.
55 A lista dos atuais Estados-Membros com mandato no Conselho de Direitos Humanos pode ser 
encontrada na página oficial do CDH. Disponível em: 
<http://www.ohchr.org/EN/HRBodies/HRC/Pages/Membership.aspx> Acesso em: 22 jan. 2015. 
56 O Conselho de Direitos Humanos foi criado pela Assembleia Geral da ONU, em 15 de Março de 2006, 
através da Resolução 60/251, tendo realizado sua primeira sessão entre 19 e 30 de junho de 2007.
24
X ANUÁRIO BRASILEIRO DE DIREITO INTERNACIONAL
país para a proteção e promoção dos direitos humanos. Já o Comitê Consultivo, que 
se reúne duas vezes ao ano, tem como principais funções fornecer expertise e 
aconselhamento ao Conselho, sobre temas pertinentes ao mandato do órgão. Por fim, 
o Procedimento de Reclamações permite que indivíduos, grupos de indivíduos e/ou
organizações não-governamentais levem à atenção do CDH violações de direitos 
humanos eventualmente ocorridas. 
Após cinco anos de funcionamento, em 2011, o trabalho do Conselho foi 
submetido à sua primeira revisão, após debates entre os Estados-Membros para 
definir como seria conduzido tal processo. A primeira sessão do Grupo de Trabalho 
criado para a revisão ocorreu em outubro de 2010 e a segunda em fevereiro de 2011,
tendo sido publicado, em seguida, um relatório com os resultados do processo57.
O Alto Comissariado, como mencionado anteriormente, tem a missão de 
incentivar a implementação dos direitos previstos na Carta da ONU, bem como nos 
tratados internacionais de direitos humanos, de modo a preservá-los e evitar 
violações. Uma de suas principais funções, portanto, é o monitoramento do
cumprimento dos direitos civis, políticos, culturais, sociais e econômicos, dentre 
outros, além de identificar pessoas em situação de vulnerabilidade e, quando assim,
chamar a atenção da comunidade internacional para situações de risco e de graves 
violações destes direitos. Neste sentido, além de receber do Conselho informações 
atualizadas sobre o grau de eficácia e resguardo dos direitos humanos ao redor do 
mundo e de participar ativamente do debate de temas relevantes durante algumas 
sessões do CDH, em Genebra, o Alto Comissariado pode, também, através da figura 
do Alto Comissário ou de seus representantes, levar ao Conselho relatórios, análises 
ou tópicos de discussão a fim de ensejar debates e reflexões sobre temas de direitos 
humanos que requeiram imediata atenção da comunidade internacional. Assim, a 
interação entre estes dois órgãos é essencial ao monitoramento, à consecução e à 
salvaguarda das atividades da agenda internacional dos direitos humanos. 
C. Interação do Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos com 
os Procedimentos Especiais
Procedimentos Especiais (Special Procedures) é o nome genérico dado aos 
mecanismos estabelecidos pela hoje extinta Comissão de Direitos Humanos (que, 
desde 2006, como já visto, foi substituída pelo CDH), com a função de tratar de 
situações específicas em Estados (Country Mandates) ou questões temáticas em todo 
o mundo (Thematic Mandates), no tocante à proteção e tomada de medidas contra 
eventuais violações de direitos humanos. Os mandatos temáticos são, por vezes, a 
única fonte de informação e alerta para a comunidade internacional sobre violações 
que estão ocorrendo em lugares específicos do mundo, pois tais mandatos podem 
 
57 O relatório do Grupo de Trabalho sobre o processo de revisão das ações e do funcionamento do 
Conselhode Direitos Humanos das Nações Unidas pode ser encontrado no link a seguir. Disponível em: 
<http://daccess-dds-ny.un.org/doc/UNDOC/GEN/G11/130/43/PDF/G1113043.pdf?OpenElement> Acesso 
em: 29 jan. 2015.
25
O Alto Comissariado das Nações Unidas Para Direitos Humanos (ACNUDH) 
atuar em qualquer lugar, mesmo em países que não tenham ratificado os instrumentos 
internacionais de proteção dos direitos humanos. Desde 1º de outubro de 2014, 
existem, em curso, 39 mandatos temáticos e 14 mandatos em países específicos58.
Os mandatários (indicados sempre pelo Conselho de Direitos Humanos),
que podem ser indivíduos (Special Rapporteurs) ou grupos de trabalho59, têm a 
função de monitorar e reportar a situação dos direitos humanos em países específicos 
ou territórios, ou então de descrever as situações de graves violações de direitos 
humanos. Os Procedimentos Especiais podem, ainda, reagir a reclamações 
individuais, conduzir estudos e promover cooperação técnica em nível nacional. Por 
fim, os Procedimentos Especiais podem desenvolver orientações e determinar 
padrões de direitos humanos, participar de seminários e conferências, organizar 
painéis durante as sessões do Conselho, preparar estudos temáticos, dentre outros. 
Vale ressaltar que tais mandatários desenvolvem seu trabalho de forma voluntária, 
por um período máximo de seis anos. 
Na mesma linha dos debates envolvendo a reforma dos Órgãos de Tratado, 
em junho de 2007, o Conselho de Direitos Humanos adotou a Resolução 5/2, 
contendo o Código de Conduta dos mandatários dos Procedimentos Especiais. No 
ano seguinte, durante o Encontro Anual dos Procedimentos Especiais60, foi adotado o 
Manual da ONU para Procedimentos Especiais, trazendo orientações de métodos de 
trabalho, de modo a melhorar a efetividade e a independência dos Procedimentos e 
seus mandatários. Durante o Encontro Anual de 2005, um Comitê de Coordenação já 
havia sido criado pelos mandatários para servir de ponte entre os Procedimentos 
Especiais, o Alto Comissariado e demais atores atuantes no cenário internacional dos 
direitos humanos. Durante o processo de revisão de seu trabalho, em 2011, o CDH
ressaltou a importância da atuação dos Procedimentos Especiais para o cumprimento 
de seu próprio papel, bem como reafirmou os princípios que conduzem as atividades 
dos Procedimentos, tais como responsabilidade, transparência e independência. 
Ademais, através da Resolução 16/21, destacou a importância de um financiamento 
equitativo dos Procedimentos. 
Neste contexto, ao Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos 
Humanos cabe fornecer a tais mecanismos todo o suporte de pessoal, logística e 
pesquisa necessários à execução de seus mandatos e, acima de tudo, que estes sejam 
operacionalizados de modo imparcial. Dentre outras funções, o Alto Comissariado 
apoia os Procedimentos Especiais na execução de várias de suas responsabilidades, 
 
58 Lista dos Mandatos Temáticos. Disponível em: 
<http://www.ohchr.org/EN/HRBodies/SP/Pages/Themes.aspx> Acesso em: 22 jan. 2015. Lista dos 
Mandatos em Países. Disponível em: <http://www.ohchr.org/EN/HRBodies/SP/Pages/Countries.aspx>
Acesso em: 22 jan. 2015. 
59 Os Grupos de Trabalho são compostos por cinco membros, provenientes de cada um dos cinco 
agrupamentos regionais das Nações Unidas, quais sejam, África, Ásia, América Latina e Caribe, Europa 
Oriental e Grupo Oriental. 
60 Até o momento, foram realizados 21 encontros, o último deles entre setembro e outubro de 2014. Todos 
os stakeholders participam destes encontros, incluindo os Estados-Membros, o Presidente do Conselho de 
Direitos Humanos, as organizações regionais e instituições nacionais de direitos humanos, representantes 
do Alto Comissariado e entidades ligadas à sociedade civil, em especial ONGs. 
26
X ANUÁRIO BRASILEIRO DE DIREITO INTERNACIONAL
incluindo: (i) visita a países61; (ii) envio de comunicação a Estados a fim de atuar em 
casos de violações de direitos humanos; (iii) condução de estudos temáticos e 
convocação de consultas de experts e, por fim; (iv) sensibilização da opinião pública 
sobre temas específicos. Ademais, os Special Rapporteurs e os Grupos de Trabalho 
recebem, igualmente, apoio institucional da ONU por meio da Divisão de 
Procedimentos Especiais, que auxilia os vários Mandatos Temáticos, da Divisão de 
Pesquisa e Direito ao Desenvolvimento, que pretende promover a integração dos 
padrões e princípios de direitos humanos e da Divisão de Operações de Campo e 
Cooperação Técnica, que dá suporte aos mandatos conduzidos em países específicos. 
CONCLUSÃO 
Por se tratar de uma das principais ramificações institucionais da ONU, 
quiçá a principal, quando a temática é o monitoramento, a promoção e a salvaguarda 
dos direitos humanos em dimensão universal, o Alto Comissariado das Nações 
Unidas para Direitos Humanos deseja e necessita, para a elaboração de um trabalho 
de qualidade, atuar sempre e em cooperação obrigatória com outros órgãos da 
Organização que, igualmente, operam com a agenda dos direitos humanos. A troca 
de experiências, de fluxos de atuação e de informações (confidenciais ou não), serve 
não somente para monitorar a boa realização de suas atividades protetivas, mas, em 
especial, para aprimorar constantemente a rede de salvaguarda a tais direitos. Deste 
modo, pode-se afirmar que os Órgãos de Tratado, o Conselho de Direitos Humanos, 
através de seus mecanismos e procedimentos internos, bem como os Procedimentos 
Especiais, representam três pilares fundamentais à proteção à pessoa humana dentro 
do Sistema ONU, sobretudo quando atuam de forma integrada, complementar e 
intercambiada ao Alto Comissariado, e vice-versa. Assim, se evidencia, cabalmente, 
a importância dos processos de revisão e reforma constantes dos referidos órgãos, o
que pode trazer, em um futuro próximo, mudanças positivas para o sistema como um 
todo, não o deixando engessar-se ao longo da história, e, é claro, para a preservação, 
promoção e garantida dos direitos humanos fundamentais de toda a humanidade, 
objetivos máximos da existência do próprio Sistema Universal de Proteção dos 
Direitos Humanos. É justamente neste sentido, de aperfeiçoamento reiterado da 
agenda dos direitos humanos e de existência e criação de mecanismos para a
efetivação dos mesmos, que se insere, a título de exemplo, o Plano de Gestão 2014-
2017 do ACNUDH (OHCRH Management Plan 2014-2017)62, o qual constituiu-se 
no último ato de Navi Pillay à frete do Alto Comissariado. Em resumo (pois, do 
contrário, estaríamos a produzir um novo artigo), este visa estabelecer, de forma 
organizada e sistemática, a logística, tanto formal como material, de atuação do órgão 
 
61 A contar de15 de setembro de 2014, 108 Estados Membros e 1 Estado Observador Não-Membro, 
estenderam convites permanentes aos Procedimentos Especiais, o que permite que recebam a visita de 
qualquer mandatário temático. 
62 Plano de Gestão 2014-2017 do ACNUDH (OHCRH Management Plan 2014-2017). Disponível em: 
<http://www2.ohchr.org/english/ohchrreport2014_2017/omp_web_version/index.html#/20-years-working-
for-your-rights> Acesso em: 26 jan. 2015. 
27
O Alto Comissariado das Nações Unidas Para Direitos Humanos (ACNUDH) 
nos próximos anos, em uma perspectiva de médio prazo que vise dar o máximo 
respeito e cumprimento possível à normativa dos direitos humanos, atrelando direitos 
à ação, em um ambiente de firme cooperação institucional e multilateral dentro da 
estrutura da ONU. 
****
REFERÊNCIAS 
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HUMANOS. Disponível em: <http://www.ohchr.org/EN/Pages/WelcomePage.aspx> 
Acesso em: 2 jan. 2015. 
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BRASIL, MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES (MRE).
Relatório Inicial Relativo ao Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos de 
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Estudos da Violência da Universidade de São Paulo. Brasília: FUNAG, 1994.
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