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Resumão PENAL II (1)

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Concurso de pessoas 
 O concurso de pessoas (também chamado de concurso de
agentes) pode ser definido como a concorrência de duas ou mais pessoas
para o cometimento de um ilícito penal.
 O Código Penal Brasileiro, em seu artigo 29, não define
especificamente o concurso de pessoas, porém, afirma que “quem, de
qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas,
na medida de sua culpabilidade”.
 Art. 29. Concurso de pessoas
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre
para o crime incide nas penas a este cominadas, na
medida de sua culpabilidade.
§ 1º - Se a participação for de menor
importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a
um terço.
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis
participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a
pena deste; essa pena será aumentada até metade, na
hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.
Na doutrina, tem-se definido o concurso de agentes como a reunião
de duas ou mais pessoas, de forma consciente e voluntária, concorrendo ou
colaborando para o cometimento de certa infração penal.
Para a caracterização de um ilícito penal, é necessário,
primeiramente, uma conduta humana, positiva ou negativa, cometida por
uma ou várias pessoas, não sendo todo comportamento do homem um
delito, em face do princípio de reserva legal somente os que estão
tipificados pela lei penal podem assim ser considerados.
Já os requisitos para a caracterização do concurso de pessoas serão
demonstrados a seguir.
TEORIAS
 Quando um crime é cometido por mais uma de uma pessoa,
ocorre o concurso de pessoas. Nas palavras do doutrinador Fábio
Miranda Mirabete, o concurso pode ser definido como a ciente e
voluntária participação de duas ou mais pessoas na mesma infração
penal, havendo uma convergência de vontades visando um fim
comum, sendo dispensável um acordo prévio entre as pessoas.
Seguindo essa mesma linha, Guaracy Moreira adiciona mais uma
característica ao concurso de pessoas, ao salientar que nem todos praticam
a mesma ação num evento criminoso. Há os que praticam o verbo previsto
no tipo penal, os coautores, e há os que colaboram para o resultado, os
participes.
Discordando de certa parte da doutrina, o mestre Nelson Hungria,
adota outra postura quando se trata da questão de haver ou não um acordo
prévio entre os agentes. Em sua doutrina ensina que, deve haver um acordo
de vontades que o acordo de vontades verse sobre o objetivo crime e sobre
os meios de alcança-lo. Enquanto não se fundem em uma só as opiniões
dos co-partícipes, ou enquanto não se estabelece entre eles a perfeita
unidade de intenção (desígnios) e de planos, não é atingido o summatum
opus, ou seja, não é atingida a consumação do concurso de agentes.
Contudo, para que se tenha o concurso de pessoas é preciso preencher os
seguintes requisitos:
a. Pluralidade de condutas: é necessária a participação de duas ou
mais pessoas, cada uma com a sua conduta delituosa;
b. Relevância causal de cada uma: a participação deve ser
relevante para a concretização do delito;
c. Liame subjetivo: deve existir um vinculo entre os agentes, um
liame subjetivo, ou seja, as condutas devem ser homogêneas: todos devem
ter a consciência de que estão colaborando para a realização de um crime; e
d. Identidade de infração para todos participantes: todos devem
responder pelo mesmo crime.
 Quando ao requisito b. relevância causal, é pelo código penal
no art. 29, §1º do Código Penal, que deve ser apurado no caso concreto, em
que a pena será reduzida de um sexto a um terço. Tratando deste assunto, o
mestre Marcelo Fortes Barbosa utiliza como exemplo de participação de
menor importância a do motorista que se limitou a levar os latrocidas ao
local do crime sem espera-los para dar-lhes fuga. Emprestar um veículo
para a prática de furto se nos afigura como uma participação de menor
importância.
No Direito Penal Brasileiro, existem duas principais teorias
adotadas no concurso de pessoas: a teoria monista e a pluralista.
 Na teoria monista crime é único e indivisível, ainda que
tenha sido praticado em concurso de várias pessoas. Não se distingue entre
as várias categorias de pessoas (autor, partícipe, instigador, cúmplice e
etc.), sendo todos autores (ou coautores) do crime.
 A crítica para essa teoria, que se baseia no fato de que essa
posição dificulta o estabelecimento da “equivalência das condições”, que
torna assunto de grande discussão, pois a própria lei estabelece que seja
unitário o crime, mas admite causas de agravação e atenuação da pena.
 Na teoria pluralista, a pluralidade de agentes corresponde a
um real concurso de ações distintas, tendo como consequência uma
multiplicidade de delitos, praticando cada agente um crime próprio,
autônomo, independente dos demais.
 A crítica existente para essa teoria baseia-se na ideia de que
a participação de cada agente não são autônomas, nem independentes, pois
conversem para uma mesma ação de um único resultado derivado de todas
as causas diversas.
 A lei penal vigente adota a teoria monista ou unitária. Assim,
todos aqueles que concorrem para a produção do crime, devem responder
por ele. A teoria comporta algumas exceções, como por exemplo, no caso
de aborto consentido, a gestante responde por infração ao art. 124
(consentir que outrem lhe provoque) e quem realizou o aborto pelo crime
do art. 126 (provocar aborto com consentimento da gestante), nesses casos
é aplicada a teoria pluralista, que admite que cada um dos concorrentes
responda pela sua própria conduta, pois cada um pratica um crime próprio,
autônomo.
REQUISITOS CARACTERIZADORES
Para que se configure o concurso (eventual) de pessoas é
indispensável a existência de requisitos de natureza objetiva e subjetiva,
somados a outros que possam complementar e aperfeiçoar a prática
criminosa.
É possível extrair, pelo menos quatro requisitos básicos para o
concurso de pessoas na prática criminosa, os quais se algum desses
inexistentes, não há de se falar em concurso de pessoas. São eles:
1) Pluralidade de agentes e de condutas
Concorrência de mais de uma pessoa na execução de uma infração
penal. No concurso de pessoas nem todos os participantes, embora assim o
desejem, contribuem com sua ação na infração penal. Alguns praticam o
fato material típico, núcleo do tipo; outros praticam atos que, por si sós,
configurariam atos atípicos.
Todos os participantes de um evento criminoso não o fazem
necessariamente da mesma forma, nas mesmas condições e nem com a
mesma importância, mesmo que contribuindo livre e espontaneamente para
o seu resultado. Para Esther Ferraz, “enquanto alguns praticam o fato
material típico, representado pelo verbo núcleo do tipo, outros se limitam a
instigar, a induzir, a auxiliar moral ou materialmente o executor ou
executores praticando atos que, em si mesmos, seriam atípicos”. Contudo,
como disposto no caput do artigo 29 do Código Penal, a participação de
cada um deve se conjugar, para colaboração causal de obtenção resultado
criminoso, razão pela qual, todos respondem pelo mesmo crime.
Todavia, é necessária a diferenciação de autor do mero partícipe, até
pelo primado maior da culpabilidade, ou seja, da responsabilização das
pessoas "na medida de sua culpabilidade", como dispõe o caput do art. 29
do Código Penal. Por autor entende-se aquele que executa com suas
próprias mãos todos os elementos do tipo penal, em que poderá ainda
utilizar de outra pessoa como instrumento ou aquele que realiza a parte
necessária de decisão criminosa para prática criminosa.
Esteé o principal requisito para que se caracterize o concurso de
pessoas.
2) Relevância causal das condutas
A conduta de típica ou atípica de cada participante deve se integrar
em uma corrente causal que determina o resultado. Para configurar
participação a conduta precisa ter eficácia causal, provocando, facilitando,
estimulando a conduta principal. Portanto, conduta irrelevante para a
produção do crime não possui qualquer eficácia causal.
Não satisfaz a multiplicidade de agentes e condutas para que se
configure o concurso de agentes, é necessário ainda que o crime se faça por
meio de condutas nas quais se possa vislumbrar o nexo de causalidade
entre elas e o resultado obtido. Desse modo, cada conduta deve ser
relevante para a contribuição objetiva do crime, no encadeamento causal
dos eventos. Caso a conduta típica ou atípica de cada participante não seja
da corrente causal para determinação do resultado, será ela por si só
irrelevante. Obviamente, se conclui que nem todo comportamento vai
caracterizar a participação, pois é necessário que haja, no mínimo,
estimulação, induzimento ou facilitação para prática criminosa. Nesse
sentindo, condutas irrelevantes ou insignificantes para existência do crime
serão desprezadas, não constituindo sequer participação criminosa.
3) Vínculo Subjetivo
Para aperfeiçoamento do concurso de pessoas, devem existir vários
agentes que contribuam para uma ação comum. Não satisfaz o agente atuar
com dolo/culpa. É necessário que haja uma relação subjetiva entre os
participantes do crime, pois, do contrário, várias condutas poderão ser
isoladas, autônomas e até mesmo desprezíveis. Deve haver, portanto, um
vínculo psicológico e normativo entre os diversos autores do crime, de
forma a se analisar essas condutas como um todo, e a ser possível a
aplicação do art. 29 do Código Penal.
Ensina Cezar Roberto Bittencourt que, todavia, o simples
conhecimento da realização de uma infração penal ou mesmo a
concordância psicológica caracterizam, no máximo, “conivência”, que não
é punível, a título de participação, se não constituir, pelo menos, alguma
forma de contribuição causal, ou, então, constituir, por si mesma, uma
infração típica.
 “Somente a adesão voluntária, objetiva (nexo
causal) e subjetiva (nexo psicológico), à atividade
criminosa de outrem, visando à realização do fim
comum, cria o vínculo do concurso de pessoas e
sujeita os agentes à responsabilidade pelas
consequências da ação.” (MIRABETE, Manual, v.1,
p.226)
Portanto, deve haver uma participação consciente e voluntária no
fato, mas não é indispensável o acordo prévio de vontade para a existência
do concurso de pessoas. A adesão tem que ser antes ou durante a execução
do crime, nunca posterior. No caso de acordo posterior a execução do
crime, esse caracteriza o favorecimento pessoal ou real previsto nos art.
348 e 349 do Código Penal, e não o concurso de pessoas.
Nos crimes dolosos, basta apenas que o agente adira à vontade do
outro, em que os participantes deverão atuar com vontade homogênea, no
sentido todos visarem a realização do mesmo tipo penal. A existência de
vínculo subjetivo não significa a necessidade de ajuste prévio (pactum
sceleris) entre os delinquentes. Rogério Greco afirma que se não se
conseguir vislumbrar o liame subjetivo entre os agentes do crime doloso,
cada um responderá isoladamente por sua conduta.
Já nos delitos culposos há divergência doutrinária. Antigamente, se
pesava a possibilidade de concurso de agentes, porém, atualmente tem se
admitido, até com certa tranquilidade que alguém possa conscientemente
contribuir para a conduta culposa de terceiro. Aqui, deve-se verificar o
elemento vontade na realização da conduta, mas não na produção do
resultado. Diferentemente do concurso de pessoas no crime doloso, o
binômio consciência e vontade não conectam para um objetivo de prática
criminosa, mas sim de realizar a conduta culposa pela imprudência,
negligência, ou imperícia. Sendo assim, é importantíssimo diferenciar o
vínculo subjetivo que existe no concurso de pessoas (crimes dolosos) com
o normativo (crimes culposos).
4) Identidade de fato
O quarto e último requisito para se configurar o concurso de
pessoas, as infrações praticadas pelos concorrentes sejam únicas – Unidade
da Infração Penal. É imprescindível que todos atuem com esforços
conjugados a fim do mesmo objetivo criminoso.
Damásio de Jesus considera que se trata de identidade de infração
para todos os participantes, não propriamente de um requisito, mas sim de
verdadeira consequência jurídica diante das outras condições. Desse modo,
não há de se falar em concurso de pessoas se a concorrência entre dois ou
mais agentes não se destinar a mesma prática de certa e determinada
infração penal.
Deve-se existir, portanto, uma unidade da infração penal, requisito
básico para concurso de pessoas e produto lógico-necessário em face do
concurso de agentes. Essa infração penal deverá ser ao menos tentada, bem
como dispõe o art. 31 do Código Penal, em casos de impunibilidade de
ajuste, determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa
em contrário.
TEORIA GERAL DA PENA ( PDF )
PENAS PRIVATIVAS DE LJBERDADE 
1. Introdução
Na aula sobre Teoria Geral da Pena vimos que a pessoa que comete um 
delito deverá sofrer uma sanção a ser imposta pelo Estado que tem o “jus 
puniendi”. Vimos ainda que são três as espécies de pena: privativas de 
liberdade; restritivas de direito e de multa.
Na presente aula estudaremos as penas privativas de liberdade, prevista no 
artigo 32 inciso I do Código Penal.
Art. 32 - As penas são:
I - privativas de liberdade;
II - restritivas de direitos;
III - de multa.
2. Conceito
Também conhecida como pena de prisão, ou ainda pela sigla PPL, as penas 
privativas de liberdade são aquelas que têm como objetivo privar o 
condenado do seu direito de locomoção (ir e vir) recolhendo-o à prisão. 
Doutrinariamente a prisão pode ser dividida perpétua ou por tempo 
determinado. O ordenamento jurídico brasileiro adota apenas a prisão por 
tempo determinado. Vejamos o que diz o art. 5, inc. XLLII, b da CF/88:
XLVII - não haverá penas:
b) de caráter perpétuo;
3. Espécies de penas privativas de liberdade
São espécies de penas privativas de liberdade prevista no Código Penal: 
a detenção e a reclusão. Elas estão estabelecidas no preceito secundário de
cada tipo penal.
Pune-se com reclusão os crimes mais graves, reservando-se os de menor 
gravidade para a detenção.
Admite-se para o cumprimento da pena de reclusão os seguintes regimes: 
fechado, semi-aberto ou aberto. Já as penas cumpridas com detenção é 
admitido o regime semi-aberto ou aberto. 
Há a possibilidade de uma pessoa condenada por detenção cumprir a pena 
em regime fechado desde que este cometa uma falta grave. Isso é possível 
graças ao instituto da regressão da pena.
A fiança nas infrações penais punidas com reclusão só poderá ser 
concedida pelo juiz quando houver requerimento da parte. Se, todavia for a 
infração penal punida com detenção a autoridade policial, poderá concedê-
la.
4. Forma de execução da pena nos regimes
Conforme visto acima, as penas podem ser executadas em regime fechado, 
semi-aberto ou aberto, de acordo com a previsão legal. Esses regimes 
representam o modo pelo qual deverá ser cumprida a pena, onde conforme 
a figura abaixo podemos perceber que a progressão de um regime para 
outro acontece sempre de forma sequencial e a regressão poderá ocorrer 
sequencialmente ou por saltos.
Será a execução da pena feita em estabelecimento de segurança máxima ou
médiaquando o regime for fechado.
No regime semi-aberto a execução da pena é feita em colônia agrícola, 
industrial ou estabelecimento similar.
Quando a execução da pena é feita em casa de albergado ou 
estabelecimento adequado estaremos diante do regime aberto.
5. Formas de execução das penas privativas de liberdade
Deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito do 
condenado, para tanto é necessário observar alguns critérios. Ressalvada 
ainda as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso.
6. Critérios a serem observados para estabelecer o inicio do regime de
cumprimento da pena
Para determinar o regime inicial de cumprimento da pena, o juiz deverá 
fazer a observância dos seguintes critérios: culpabilidade, antecedentes, 
conduta social, personalidade do agente, motivos, circunstâncias e 
consequências do crime, bem como o comportamento da vítima.
Deverá o Magistrado fazer a observação das seguintes regras:
 Se a pena cominada for superior a oito anos é obrigatório que o
regime inicial seja o fechado
 Poderá, desde o princípio, cumprir em regime semi-aberto o
condenado não reincidente, cuja pena seja superior a quatro anos e
não exceda a oito.
 Se a pena for igual ou inferior a quatro anos e o condenado não for
reincidente poderá este, desde o início, cumpri-la em regime aberto.
 A progressão de regime do cumprimento da pena para o condenado
por crime contra a administração estará condicionada à reparação do
dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado,
com os acréscimos legais.
7. Regras do regime fechado
O condenado ao iniciar o cumprimento da pena será submetido a exame 
criminológico de classificação para individualização da execução.
Fica o condenado sujeito ao trabalho, sempre remunerado sendo-lhe ainda 
garantidos os benefícios da Previdência Social, no período diurno (manha e
tarde) e a isolamento no período noturno. O trabalho será realizado dentro 
do estabelecimento em que o condenado se encontrar cumprindo a pena. 
Deverá o trabalho atender as conformidades das aptidões ou ocupações 
anteriores do condenado. O trabalho terá que ser compatível com a 
execução da pena. Admissível, como exceção, o trabalho externo, no 
regime fechado, nos casos em que este seja para realizar serviços ou obras 
públicas.
8. Regras do regime semi-aberto
Quando for estabelecido como regime inicial de cumprimento da pena o 
regime semi-aberto, o condenado será submetido a exame criminológico de
classificação para individualização da execução.
Ao trabalho fica sujeito o condenado a ser realizado no local onde o mesmo
estiver cumprindo a pena: colônia agrícola; industrial ou estabelecimento 
similar. É admissível o trabalho externo, bem como a frequência a cursos 
supletivos profissionalizantes, de instrução de segundo grau ou superior.
9. Regras do regime aberto
A concessão de cumprimento da pena em regime aberto esta alicerçado na 
autodisciplina e senso de responsabilidade aferido no condenado.
Fica obrigado, o condenado que estiver cumprindo a pena no regime aberto
a trabalhar, frequentar curso ou exercer outra atividade autorizada, 
permanecendo recolhido durante o período noturno e nos dias de folga.
O condenado que não atender aos preceitos do regime aberto será 
transferido para um regime mais severo. Não poderá praticar fato definido 
como crime doloso, nem frustrar os fins da execução, ou ainda se podendo 
não pagar a multa cumulativamente aplicada.
10. Regime especial
Tem direito a regime especial as mulheres, que cumpriram a pena em 
estabelecimento próprio, observando os deveres e direitos inerentes à sua 
condição pessoal.
11. Direitos do preso
Sabendo que aquele que é condenado com pena privativa de liberdade tem 
o seu direito de locomoção cerceado, os direitos do preso a serem 
conservados são todos aqueles que a perda da liberdade não atingir. As 
autoridades tem o dever de respeito à integridade física e moral do preso, 
proporcionando um tratamento digno.
12. Legislação especial
O legislador regulamentou em legislação especial (Lei de Execuções Penais
– 7.210/84) sobre o trabalho do preso, especificou os deveres e direitos do 
preso, os critérios para revogação e transferência dos regimes e 
estabelecerá as infrações disciplinares e correspondentes sanções.
13. Superveniência de doença mental
Aquele que for condenado à pena privativa de liberdade devido ser na 
época imputável e sobre este sobrevier, após o inicio de cumprimento da 
pena, doença mental terá um regramento especial, devendo ser recolhido a 
hospital de custódia e tratamento psiquiátrico. Na falta destes deverá ser 
encaminhado a outro estabelecimento adequado. Aqui temos um exemplo 
de substituição da pena privativa de liberdade por medida de segurança.
14. Detração
A detração penal é um instituto jurídico criado com o objetivo de, aquele 
que for preso, poder ter descontado esse tempo cumprido, antes da 
condenação definitiva, sendo esse tempo considerado como pena 
efetivamente cumprida. 
Assim para efeito de desconto computam-se na pena privativa de liberdade 
o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, e o de prisão 
administrativa.
15. Limite das penas
Como já explanado na aula sobre Teoria Geral da Pena, no Brasil não se 
admite pena de prisão perpetua onde o legislador fixou um quantum 
máximo de 30 anos para cumprimento das penas privativas de liberdade.
PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE (PPL) NO DIREITO PENAL
 Conceito de Pena 
A pena é a sanção imposta ao infrator de um tipo penal pelo Estado. Teoria 
das Penas 
 Teoria absoluta: Entende-se a sanção como uma punição. Nega-se fins 
utilitários a pena, ela se torna simplesmente consequência do delito. A 
retribuição do mal injusto cometido pelo criminoso. 
 Teoria relativa: Entende-se que a pena tem fins utilitários, a sanção como 
necessidade social, como advertência para os futuros infratores. Seu fim 
prático é a prevenção. Promover a reeducação do criminoso para que ele 
não volte a cometer algum delito e intimidar outras pessoas para que não 
cometam nenhum delito e não sofrerem a sanção.
 Teoria mista: Envolve as teorias anteriores. Endente a pena como uma 
retribuição ao mal causado, porém, também afirma um objetivo para a 
pena, sendo, reeducar o infrator e intimidar futuros delitos. 
Espécies de Pena 
 De acordo com o art. 32 as penas são: I – Privativas de liberdade II – 
Restritivas de direitos III – De multa 3 Espécies de Penas Privativas de 
Liberdade (PPL)
  Reclusão – Art. 33: Pena cumprida inicialmente em regime fechado. 
 Detenção – Art. 33: Pena cumprida inicialmente em regime semi-aberto.
  Prisão simples: Para contravenções penais, não se admite o regime 
fechado em nenhuma hipótese. (Decreto-lei 3688/41, Leis das 
contravenções penais). Regimes Prisionais  Regime fechado – Art. 34: O 
infrator cumprirá a pena inicialmente em regime fechado quando sua 
condenação ultrapassar 8 anos de reclusão.
  Regime semi-aberto – Art. 35: O infrator não reincidente, cumprirá a 
pena inicialmente em regime semi-aberto quando sua condenação for entre 
4 e 8 anos nos casos de reclusão e nos casos de detenção, quando a 
condenação for superior a 4 anos. 
 Regime aberto – Art. 36: O infrator não reincidente cumprirá a pena 
inicialmente em regime aberto, quando na reclusão ou na detenção, sua 
condenação for igual ou inferior a 4 anos. 
Progressão de Regime 
A progressão de regime é um instrumento para a readaptação do condenado
no convívio social, possibilitando a transferência do regime mais gravoso 
para o menos gravoso gradualmente. O requisito objetivo para a progressão
é que o preso tenha cumprido pelo menos 1/6 da pena para crimes comuns 
(Art. 112 da LEP) e para crimes hediondos, após o cumprimento de pelo 
menos 2/5 da pena (Lei 8.072 de 25/07/1990). 4 Consideram-setambém os 
elementos subjetivos para esse benefício, como o bom comportamento 
carcerário do preso que será avaliado e comprovado pelo diretor do 
estabelecimento prisional. A Lei de Execuções Penais não admite a 
“progressão por salto”, ou seja, que o preso progrida do regime fechado 
diretamente para o aberto. Porém, admite-se esta hipótese na jurisprudência
quando o preso já cumpriu 3/6 de sua pena em regime fechado por falta de 
vaga no regime semi-aberto, nesse caso há possibilidade de progredi-lo 
diretamente para o aberto. 
Regressão de Regime
 A regressão de regime é o instrumento pelo qual o preso passa do regime 
menos gravoso para o mais gravoso. Acontece quando demonstrado a 
inexistência de sua reintegração social. De acordo com o art. 118 da LEP, a 
regressão de regime se dá quando o condenado pratica fato definido como 
crime doloso ou grave (Art. 118, inc. I da LEP), quando sofrer condenação 
por crime anterior e essa pena, somada com o restante da pena em 
execução torne o regime cabível (Art. 118, inc. II c/c art. 111 da LEP), ou 
na hipótese do condenado frustrar os fins da execução ou não pagar, 
podendo, a multa imposta. 
Remição Penal 
A remição da pena, art. 126 da LEP, é o instrumento pelo qual o 
condenado, em cumprimento no regime fechado ou semi-aberto, obtém o 
desconto de um dia de pena á cada três dias de trabalho ou, no caso da 
atividade escolar, um dia de pena a cada 12 horas de frequência. 
5 Detração Penal
 A detração penal é o abatimento na pena privativa de liberdade ou na 
medida de segurança do tempo que o condenado ficou preso antes da 
prolação da sentença. Desconta-se o tempo da pena provisória na pena 
definitiva. A detração é matéria de competência do juiz de execução, cabe 
apenas a ele aplicar fixar um regime inicial mais brando. A decisão que 
concede a detração penal deve ser fundamentada, sob pena de nulidade, por
força constitucional (artigo 93, IX, CF).
SISTEMA DE PROGRESSÃO DE REGIME
Progressão e Regressão de regime
Os regimes de cumprimento de pena adotados no Brasil são três: regime 
fechado, regime semi-aberto e regime aberto, e se diferenciam pela 
intensidade de restrição da liberdade do condenado, conforme salienta 
Cezar Roberto Bitencourt. 
A progressão de regime, ao contrário da regressão, ocorre quando o 
condenado passa de um regime mais rigoroso de cumprimento de pena para
um regime menos rigoroso. Ex: do regime fechado para o regime semi-
aberto. 
Porém, para que este fenômeno aconteça, são necessários alguns requisitos 
que estão descritos no art. 112 da LEP (Lei de Execução Penal – 7.210/84), 
quais sejam: 
- ter cumprido 1/6 da pena no regime inicial; * 
- ter bom comportamento carcerário (atestado de conduta carcerária). 
* para os crimes hediondos (Lei 8.072/90) a progressão se dá após o 
cumprimento de 2/5 da pena, se o condenado é primário, e 3/5 da pena, se o
condenado é reincidente. Vale ressaltar aqui que esta é uma novidade do 
direito penal brasileiro, pois até Março de 2007 não era possível progredir 
de regime nos crimes hediondos. 
Nos crimes contra a administração pública, além dos requisitos acima 
citados, é preciso ainda que seja reparado o dano, salvo efetiva 
impossibilidade de fazê-lo. 
Outra observação que não podemos deixar de fazer e que se faz oportuna 
neste momento é que o nosso direito penal veda a progressão em saltos, ou 
seja, não se pode progredir do regime fechado para o aberto, sem que se 
tenha passado pelo semi-aberto. O contrário não é verdadeiro quando 
falamos de regressão, uma vez que é perfeitamente possível que o preso 
que se encontra em regime aberto regrida para o regime fechado, conforme 
art. 118 da LEP. 
Outra particularidade que podemos ressaltar neste sistema é que para se 
progredir do regime semi-aberto para o aberto há que respeitar mais dois 
requisitos, descritos no art. 114 da LEP, conforme descrito a seguir: 
- o condenado precisa estar trabalhando ou comprovar a possibilidade de 
fazê-lo imediatamente; 
- apresentar fundados indícios de que irá ajustar-se, com autodisciplina e 
senso de responsabilidade, ao novo regime. 
Antes de entrar em vigor a Lei de Execução Penal, já anteriormente citada, 
para que houvesse a progressão de regime eram necessários, além dos 
requisitos já citados, o exame criminológico e o parecer da Comissão 
Técnica de Classificação. No exame criminológico, que ainda é feito, mas 
não para progressão, era realizada pesquisa dos antecedentes pessoais, 
familiares, sociais, psíquicos, psicológicos do condenado, para obtenção de 
dados que possibilitavam revelar sua personalidade. A Comissão Técnica 
de Classificação ficava responsável por elaborar um programa 
individualizador e de acompanhar a execução das penas privativas de 
liberdade. Esta comissão ainda existe, mas não com a mesma função. 
Havia também uma discussão muito grande a cerca da possibilidade de se 
progredir de regime antes do trânsito em julgado da sentença penal 
condenatória. Esta questão hoje é pacificada, uma vez que o Supremo 
editou uma súmula 716, com a seguinte redação: “Admite-se a progressão 
de regime de cumprimento de pena ou a aplicação imediata de regime 
menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado da sentença 
condenatória.”
Calculo da pena e Sistema Trifásico 
O Código Penal adotou o critério trifásico para a fixação da pena, ou seja, o
juiz, ao apreciar o caso concreto, quando for decidir a pena a ser imposta ao
réu, deverá passar por 03 (três) fases: a primeira, em que se incumbirá de 
fixar a pena-base; a segunda, em que fará a apuração das circunstâncias 
atenuantes e agravantes; e, por fim, a terceira e última fase, que se 
encarregará da aplicação das causas de aumento e diminuição da pena para 
que, ao final, chegue ao total de pena que deverá ser cumprida pelo réu. 
A fixação do quantum da pena servirá para o juiz fixar o regime inicial de 
seu cumprimento obedecendo as regras do artigo 33 do CP (regimes 
fechado, semi-aberto e aberto) bem como para decidir sobre a concessão 
do sursis e sobre a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva 
de direitos ou multa. 
Circunstâncias judiciais ou inominadas - 1ª fase
Como vimos, essa primeira fase se destinará a fixação da pena-base, onde o
juiz, em face do caso concreto, analisará as características do crime e as 
aplicará, não podendo fugir do mínimo e do máximo de pena cominada 
pela lei àquele tipo penal. 
As circunstâncias judiciais se refletem também na concessão do sursis e na 
suspensão condicional do processo, posto que a lei preceitua que tais 
benefícios somente serão concedidos se estas circunstâncias assim o 
permitirem, ou seja, quando estas forem favoráveis ao acusado. 
São circunstâncias judiciais:
a) Culpabilidade: é o grau de reprovação da conduta em face das 
características pessoais do agente e do crime; 
b) Antecedentes: são as boas e as más condutas da vida do agente; até 05 
(cinco) anos após o término do cumprimento da pena ocorrerá a 
reincidência e, após esse lapso, as condenações por este havidas serão tidas 
como maus antecedentes; 
c) Conduta social: é a conduta do agente no meio em que vive (família, 
trabalho, etc.); 
d) Personalidade: são as características pessoais do agente, a sua índole e 
periculosidade. Nada mais é que o perfil psicológico e moral; 
e) Motivos do crime: são os fatores que levaram o agente a praticar o 
delito, sendo certo que se o motivo constituir agravante ou atenuante, 
qualificadora, causa de aumento ou diminuição não será analisada nesta 
fase, sob pena de configuração do bis in idem; 
f) Circunstâncias do crime: refere-se à maior ou menor gravidade do delito 
em razão do modus operandi (instrumentos do crime, tempo de sua 
duração, objeto material, local da infração, etc.); 
g) Consequências do crime: é a intensidade da lesão produzida no bem 
jurídicoprotegido em decorrência da prática delituosa; 
h) Comportamento da vítima: é analisado se a vítima de alguma forma 
estimulou ou influenciou negativamente a conduta do agente, caso em que 
a pena será abrandada. 
Circunstâncias atenuantes e agravantes - 2ª fase
Além das circunstâncias judiciais, são previstas pela lei vigente as 
circunstâncias atenuantes, que são aquelas que permitirão ao magistrado 
reduzir a pena-base já fixada na fase anterior, e as circunstâncias 
agravantes, as quais, ao contrário das atenuantes, permitirão ao juiz 
aumentar a pena-base, ressaltando que nessa fase o magistrado não poderá 
ultrapassar os limites do mínimo e do máximo legal. As circunstâncias 
agravantes somente serão aplicadas quando não constituem elementar do 
crime ou os qualifiquem. 
- Circunstâncias atenuantes:
a) ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 
(setenta) anos, na data da sentença de 1° grau;
b) o desconhecimento da lei: não ocorre a isenção da pena, mas seu 
abrandamento;
c) ter o agente cometido o crime por motivo de relevante valor social ou 
moral: valor moral é o que se refere aos sentimentos relevantes do próprio 
agente e valor social é o que interessa ao grupo social, à coletividade;
d) ter o agente procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, 
logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes 
do julgamento, reparado o dano: não se confunde com o instituto do 
arrependimento eficaz (artigo 15 do CP), nesse caso ocorre a consumação 
e, posteriormente, o agente evita ou diminui suas consequências;
e) ter o agente cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em 
cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob influência de 
violenta emoção, provocada por ato injusto da vitima: observa-se as regras 
do artigo 22 do CP (coação irresistível e ordem hierárquica);
f) ter o agente confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria 
do crime: se o agente confessa perante a Autoridade Policial porém se 
retrata em juízo tal atenuante não é aplicada; 
g) ter o agente cometido o crime sob influência de multidão em tumulto, se 
não o provocou: é aplicada desde que o tumulto não tenha sido provocado 
por ele mesmo. 
De acordo com o artigo 66, do CP, "a pena poderá ser ainda atenuada em 
razão de circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, embora 
não prevista expressamente em lei", razão pela qual pode-se concluir que o 
rol das atenuantes do artigo 65 é exemplificativo. 
- Circunstâncias agravantes: 
a) reincidência: dispõe o artigo 63, do CP, que "verifica-se a reincidência 
quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a 
sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime 
anterior";
b) ter o agente cometido o crime por motivo fútil ou torpe: motivo fútil é 
aquele de pouca importância e motivo torpe é aquele vil, repugnante;
c) ter o agente cometido o crime para facilitar ou assegurar a execução, a 
ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: nessa circunstância 
tem que existir conexão entre os dois crimes;
d) ter o agente cometido o crime à traição, por emboscada, ou mediante 
dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa
do ofendido: essa circunstância será aplicada quando a vítima for pega de 
surpresa; a traição ocorre quando o agente usa de confiança nele depositada
pela vitima para praticar o delito; a emboscada é a tocaia, ocorre quando o 
agente aguarda escondido para praticar o delito e, por fim, a dissimulação 
ocorre quando o agente utiliza-se de artifícios para aproximar-se da vítima; 
e) ter o agente cometido o crime com emprego de veneno, fogo, explosivo, 
tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo 
comum: essa circunstância se refere ao meio empregado para a prática 
delituosa; tortura ou meio cruel é aquele que causa imenso sofrimento 
físico e moral à vítima; meio insidioso é aquele que usa de fraude ou 
armadilha e, por fim, perigo comum é o que coloca em risco um número 
indeterminado de pessoas; 
f) ter o agente cometido o crime contra ascendente, descendente, irmão ou 
cônjuge: abrange qualquer forma de parentesco, independente de ser 
legítimo, ilegítimo, consanguíneo ou civil;
g) ter o agente cometido o crime com abuso de autoridade ou 
prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade,
ou com violência contra a mulher na forma da lei específica: o abuso de 
autoridade refere-se a relações privadas; relações domésticas são as 
existentes entre os membros de uma família; e coabitação significa que 
tanto autor quanto vítima residem sob o mesmo teto;
h) ter o agente cometido o crime com abuso de poder ou violação de dever 
inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão: o abuso de poder se dá 
quando o crime é praticado por agente público, não se aplicando se o delito 
constituir em crime de abuso de autoridade; as demais hipóteses referem-se
quando o agente utilizar-se de sua profissão para praticar o crime (atividade
exercida por alguém como meio de vida);
i) ter o agente cometido o crime contra criança, contra maior de 60 
(sessenta) anos, ou contra enfermo ou mulher grávida: são pessoas mais 
vulneráveis, por isso ganham maior proteção da lei; criança é o que possui 
idade inferior a 12 (doze) anos da idade; 
j) ter o agente cometido o crime quando o ofendido estava sob imediata 
proteção da autoridade: aumenta-se a pena pela audácia do agente em não 
respeitar à autoridade;
k) ter o agente cometido o crime em ocasião de incêndio, naufrágio, 
inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular do 
ofendido: se dá pela insensibilidade do agente que se aproveita de uma 
situação de desgraça, pública ou particular, para praticar o delito;
l) ter o agente cometido o crime em estado de embriaguez preordenada: 
ocorre quando o agente se embriaga para ter coragem para praticar o delito.
- Circunstâncias agravantes no concurso de pessoas: referindo-se ao 
concurso de pessoas, o artigo 62, do CP, dispõe que a pena será agravada 
em relação ao agente que:
a) promove, organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos 
demais agentes: pune-se aquele que promove ou comanda a prática 
delituosa, incluindo o mentor intelectual do crime;
b) coage ou induz outrem à execução material do crime: existe o emprego 
de coação ou grave ameaça a fim de fazer com que uma outra pessoa 
pratique determinado delito;
c) instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade 
ou não-punível em virtude de condição ou qualidade pessoal: instigar é 
reforçar uma idéia já existente, enquanto determinar é uma ordem; a 
autoridade referida nesta circunstância pode ser pública ou particular; as 
condições ou qualidades pessoais que tornam a pessoa não-punível pode 
ser a menoridade, a doença mental, etc.; 
d) executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de 
recompensa: a paga é o pagamento anterior a execução do delito, enquanto 
a recompensa é o pagamento após a execução.
- Concurso de circunstâncias atenuantes e agravantes: havendo o concurso
entre as circunstâncias agravantes e as atenuantes o magistrado não deverá 
compensar uma pela outra e sim ponderar-se pelas circunstâncias 
preponderantes que, segundo o legislador, são aquelas que resultam dos 
motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da 
reincidência. 
Causas de aumento e diminuição - 3ª fase 
As causas de aumento e diminuição podem tanto estar previstas na Parte 
Geral do Código Penal (ex.: a tentativa, prevista no artigo 14, inciso II, que 
poderá diminuir a pena de um a dois terços) quanto na Parte Especial (ex.: 
no crime de aborto a pena será aplicada em dobro se ocorrer a morte da 
gestante - artigo 127). Elas são causas que permitem ao magistrado 
diminuir aquém do mínimo legal bem como aumentaralém do máximo 
legal. 
O parágrafo único do artigo 68, do CP, dispõe que se ocorrer o concurso de 
causas de diminuição e de aumento previstas na parte especial, deverá o 
juiz limitar-se a uma só diminuição e a um só aumento, prevalecendo a que 
mais aumente ou diminua, porém se ocorrer uma causa de aumento na parte
especial e outra na parte geral, poderá o magistrado aplicar ambas, posto 
que a lei se refere somente ao concurso das causas previstas na parte 
especial do CP.
Com relação as qualificadoras é possível que o juiz reconheça duas ou mais
em um mesmo crime e, segundo a doutrina, a primeira deverá servir como 
qualificadora e as demais como agravantes genéricas, senão vejamos: um 
indivíduo pratica homicídio qualificado mediante promessa de recompensa 
com o emprego de veneno - o juiz irá considerar a promessa de recompensa
como qualificadora (artigo 121, § 2°, I do CP) e o emprego de veneno 
como agravante genérica (artigo 61, II, "d" do CP) ou vice-versa.
Entretanto pode acontecer que em determinados casos a outra qualificadora
não seja considerada como circunstância agravante, devendo então o 
magistrado aplicá-la como circunstância do crime (artigo 59, do CP - 
circunstâncias judiciais), como no caso de um furto qualificado praticado 
mediante escalada e rompimento de obstáculo, o juiz poderá qualificar o 
crime pela escalada (artigo 155, § 4°, II do CP) e, como o rompimento de 
obstáculo não é considerado como agravante, deverá considerá-lo na 1ª 
fase, como circunstância do crime. 
Cálculo da pena
A pena será calculada obedecendo o critério trifásico, onde primeiramente 
caberá ao magistrado efetuar a fixação da pena base, de acordo com os 
critérios do artigo 59, do CP (circunstâncias judiciais), em seguida aplicar 
as circunstâncias atenuantes e agravantes e, finalmente, as causas de 
diminuição e de aumento.
Penas Restritivas de direito 
 Conceito: A pena restritiva de direitos é sanção penal imposta em 
substituição à pena privativa de liberdade consistente na supressão ou 
diminuição de um ou mais direitos do condenado. Trata-se de espécie de 
pena alternativa. Irá ser aplicado aos crimes com menores grau de 
responsabilidade, com penas mais brandas. Está ligada ao princípio da 
proporcionalidade.
– Espécies: São penas restritivas de direitos: a prestação pecuniária, a perda
de bens e valores, a prestação de serviço à comunidade ou a entidades 
públicas, a interdição temporária de direitos e a limitação de fim de 
semana, conforme preceitua o art. 43, CP.
Art. 43, CP – As penas restritivas de direitos são:
I – prestação pecuniária;
II – perda de bens e valores;
III – (vetado)
IV – prestação de serviços à comunidade ou à entidades públicas;
V – interdição temporária de direitos;
VI – limitação de fim de semana.
– Requisitos para substituição:
Art. 44, CP – As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as
privativas de liberdade, quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o 
crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, 
qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;
II – o réu não for reincidente em crime doloso;
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do
condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa 
substituição seja suficiente.
§ 3º Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, 
desde que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente 
recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da prática 
do mesmo crime.
 
OBS: Nos crimes de extorsão (art. 158, CP) e roubo (art. 157, CP) não cabe
a substituição da pena. Já quando se tratar de lesão corporal, normalmente, 
não vai para pena privativa de liberdade, pois é julgado pelo rito 
sumaríssimo.
– Duração das penas restritivas de direito:
 
Art. 55, CP – As penas restritivas de direitos referidas nos incisos III, IV, V 
e VI do Art. 43 terão a mesma duração da pena privativa de liberdade 
substituída, ressalvado o disposto no § 4º do Art. 46.
 
 
Via de regra, irão durar o mesmo tempo da pena privativa de liberdade, as 
de prestação de serviço, interdição temporária e limitação de finais de 
semana. Já as outras não tem a mesma duração, pois são de caráter 
patrimonial/pecuniário. Na lei de drogas (Lei 11.343/06), a pena restritiva 
de direito é autônoma, mas não é substitutiva. Art. 28. Quem adquirir, 
guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo 
pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal 
ou regulamentar será submetido às seguintes penas: I – advertência sobre 
os efeitos das drogas; II – prestação de serviços à comunidade; III – medida
educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.
– Tipos:
* Pena de Prestação Pecuniária:
Artigo 45, § 1º, CP: A prestação pecuniária consiste no pagamento em 
dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública ou privada com
destinação social, de importância fixada pelo juiz, não inferior a 1 (um) 
salário mínimo nem superior a 360 (trezentos e sessenta) salários mínimos. 
O valor pago será deduzido do montante de eventual condenação em ação 
de reparação civil, se coincidentes os beneficiários.
OBS: Artigo 17 da Lei Maria da Penha (É vedada a aplicação, nos casos de 
violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou 
outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que 
implique o pagamento isolado de multa).: vedação à cesta básica e 
prestação pecuniária, mas pode, por exemplo, prestação comunitária.
* Pena de Perdas de bens e valores:
Esta pena foi introduzida em nosso Código Penal através da Lei 9.714/98 – 
responsável pela criação do sistema de penas alternativas ou substitutivas 
da privação de liberdade, denominadas restritivas de direitos –, tendo como
principal objetivo a restituição do prejuízo causado pelo infrator, a fim de 
satisfazer os anseios da sociedade e do Estado, encontrando uma efetiva 
sanção para os crimes contra a economia popular, o sistema financeiro, e 
principalmente os crimes de “colarinho branco”. Elencada no art. 43, esta 
pena veio regulamentar o artigo 5º, XLVI, b, da Constituição Federal.
A perda de bens e valores consiste em retirar do agente o benefício que 
auferiu com o crime além de privá-lo da vantagem, diminuindo seu 
patrimônio e desestimulando a reiteração. Conseqüentemente, a atividade 
criminosa não ocasionará lucro, além de enfraquecer o poder econômico, 
servindo inclusive para desconstituir uma eventual estrutura já existente 
para o cometimento de ilícitos.
Recai sobre bens (móveis e imóveis) e valores (dinheiro, ações, títulos,..).
O que é arrecadado é direcionado ao fundo penitenciário nacional. à Art. 
45,§3º, CP (a perda de bens e valores pertencentes aos condenados dar-se-á,
ressalvada a legislação especial, em favor do Fundo Penitenciário Nacional,
e seu valor terá como teto – o que for maior – o montante do prejuízo 
causado ou do provento obtido pelo agente ou por terceiro, em 
conseqüência da prática do crime).
OBS: ressalvado legislação especial, como na Lei drogas que direciona ao 
FUNAD (cuida da política antidrogas à art. 62, § 9, da Lei 11.343/96: 
Realizado o leilão, permanecerá depositada em conta judicial a quantia 
apurada, até o final da ação penal respectiva, quando será transferida ao 
Funad, juntamente com os valores de que trata o § 3o deste artigo. ).
Artigo 63, CPP à Ação civil que visa a reparação dos danos à a pena de 
perdas de bens e valores não tem nada a ver com a reparação na esfera 
civil.
A pena de bens e valores é uma exceção ao princípio da intranscendência.
OBS: confisco é diferente de perdas de bens e valores.
Confisco: é o efeito da condenação; recai em cima de patrimônio adquirido 
de forma ilícita(atividade criminosa).
Perda de bens e valores: é restritiva de direitos; recai sobre o patrimônio 
lícito do acusado.
O confisco não está elencado entre as penas restritivas de direitos (art. 43 
do CP), encontrando-se discriminado, ainda que tacitamente, no art. 91, II, 
do Código Penal. Outra diferença é que, enquanto, o confisco visa tão 
somente a apreensão dos instrumentos do crime e seus produtos, a pena da 
perda de bens e valores atinge o próprio patrimônio do condenado.
Seguindo-se, enquanto o lucro obtido através do ato ilícito na pena da perda
de bens e valores destina-se para o Fundo Penitenciário Nacional (salvo 
destinação diversa que lhe for dada), no confisco esses valores irão para a 
União, ressalvado o direito do lesado ou do terceiro de boa fé.
Por fim, o confisco poderia, no máximo, ser confundido com a pena de 
multa, consistente em retirar do patrimônio do condenado, 
compulsoriamente, determinada soma em dinheiro que pode chegar a 1.800
(mil e oitocentos) salários mínimos de acordo com o art. 49 do Código 
Penal, até 18.000 (dezoito mil) salários mínimos, no caso de crimes contra 
o sistema financeiro (art. 33 da Lei nº 7.492/86).
* Pena de Prestação de serviços à comunidade:
Artigo 46, CP: A prestação de serviços à comunidade ou a entidades 
públicas é aplicável às condenações superiores a seis meses de privação da 
liberdade.
Artigo 149 da LEP: Caberá ao juiz da execução: I – designar a entidade ou 
programa comunitário ou estatal, devidamente credenciado ou 
convencionado, junto ao qual o
condenado deverá trabalhar gratuitamente, de acordo com as suas aptidões; 
II – determinar a intimação do condenado, cientificando-o da entidade, dias
e horário em que deverá cumprir a pena; III – alterar a forma de execução, 
a fim de ajustá-la às modificações ocorridas na jornada de trabalho.
 
Quem define onde prestará a pena: Juiz da Execução.
OBS: § 1, artigo 149: O trabalho terá a duração de 8 (oito) horas semanais 
e será realizado aos sábados, domingos e feriados, ou em dias úteis, de 
modo a não prejudicar a jornada normal de trabalho, nos horários 
estabelecidos pelo juiz; § 3, artigo 46: As tarefas a que se refere o § 1º 
serão atribuídas conforme as aptidões do condenado, devendo ser 
cumpridas à razão de uma hora de tarefa por dia de condenação, fixadas de 
modo a não prejudicar a jornada normal de trabalho. à a doutrina considera 
que o §1 do art. 149 foi revogado pelo art. 46,§3.
Quem fiscaliza: Art. 150 da LEP ( A entidade beneficiada com a prestação 
de serviços encaminhará mensalmente, ao juiz da execução, relatório 
circunstanciado das atividades do condenado, bem como, a qualquer 
tempo, comunicação sobre ausência ou falta disciplinar.) à a própria 
entidade beneficiária.
* Interdição temporária de direitos:
– Artigo 47, CP: As penas de interdição temporária de direitos são:
I – proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como
de mandato eletivo;
II – proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam 
de habilitação especial, de licença ou autorização do poder público;
III – suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo.
IV – proibição de freqüentar determinados lugares.
V – proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame públicos.
 
Não há pena efetiva e sim suspensão da atividade de exercer algumas 
atividades).
Artigo 92, I, CP: São efeitos da condenação: a perda de cargo, função 
pública ou mandato eletivo: a) quando aplicada pena privativa de liberdade 
por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de 
poder ou violação de dever para com a Administração Pública; b) quando 
for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) 
anos nos demais casos. à fala dos efeitos da condenação, da perda que é 
diferente dessa suspensão.
 
Artigo 47, II: caráter retributivo (ser penalizado pelo crimeà recaindo sobre
o trabalho do condenado) e caráter preventivo (impede que uma atividade 
do Estado seja utilizada para caráter ilícito).
Essa pena recai unicamente sobre a profissão do condenado, sobre essa 
atividade que é autorizado pelo Estado.
Medidas cabíveis para que a própria pena se concretize da melhor formaà 
quem aplica essas medidas é o juiz da execução: artigo 154, §2º, LEP: 
Caberá ao juiz da execução comunicar à autoridade competente a pena 
aplicada, determinada a intimação do condenado. §2º: Nas hipóteses do 
Art. 47, II e III, do Código Penal, o Juízo da Execução determinará a 
apreensão dos documentos, que autorizam o exercício do direito 
interditado.
OBS: a decisão administrativa não tem influência na decisão do juiz da 
execução.
Artigo 47, III à culposo!
Artigo 92, III: a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como 
meio para a prática de crime doloso à efeitos da condenação
Obs.: art.47,III, CP, ficou meio em desuso devido ao CTB
* Proibição de frequentar certos lugares:
Art. 47, IV à proibição de frequentar certos lugares.
Deve-se levar em consideração o crime cometido e a personalidade do 
condenado.
De difícil fiscalização. Na prática, só se toma conhecimento quando o 
condenado se envolve em outra ocorrência.
* Limitação de fim de semana:
Art. 48, CP: A limitação de fim de semana consiste na obrigação de 
permanecer, aos sábados e domingos, por 5 (cinco) horas diárias, em casa 
de albergado ou outro estabelecimento adequado.
Art. 150 da LEP: A entidade beneficiada com a prestação de serviços 
encaminhará mensalmente, ao juiz da execução, relatório circunstanciado 
das atividades do condenado, bem como, a qualquer tempo, comunicação 
sobre ausência ou falta disciplinar. à Cabe ao juiz da execução; tem seu 
início na data do comparecimento.
Artigo 152, P.U, LEP: Nos casos de violência doméstica contra a mulher, o 
juiz poderá determinar o comparecimento obrigatório do agressor a 
programas de recuperação e reeducação.
Fiscalização: Art. 153, LEP: O estabelecimento designado encaminhará, 
mensalmente, ao juiz da execução, relatório, bem assim comunicará, a 
qualquer tempo, a ausência ou falta disciplinar do condenado.
– Conversão da pena restritiva de direitos:
Art. 181, LEP – A pena restritiva de direitos será convertida em privativa 
de liberdade nas hipóteses e na forma do Art. 45 e seus incisos do Código 
Penal.
Em primeiro lugar irá se buscar a pena base (art. 59, CP), depois de 
encontrá-la vai se buscar as atenuantes e agravantes + causas de aumento 
ou diminuição da pena (art. 68, CP). Assim, chegará na pena definitiva.
Tanto a pena privativa de liberdade pode ser convertida em restritiva de 
direitos, que não deixa de ter caráter sancionador, como, também, pode 
converter a restritiva de direitos em privativa de liberdade.
Art. 51, LEP: Comete falta grave o condenado à pena restritiva de direitos 
que: I – descumprir, injustificadamente, a restrição imposta; II – retardar, 
injustificadamente, o cumprimento da obrigação imposta; III – inobservar 
os deveres previstos nos incisos II e V do Art. 39 desta Lei.
 
Havendo o descumprimento INJUSTIFICADO o juiz não o fará ex officio, 
vai haver a audiência de justificação (princípio do contraditório e da ampla 
defesa).
 
Durante o cumprimento de uma pena restritiva de direitos, caso surja uma 
nova condenação, sendo anterior a restritiva de direitos, se aplica o art. 44, 
§5º, CP: sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro 
crime, o juiz da execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar
de aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a pena substitutiva 
anterior. Já se for durante a restritiva de direitos, há conversão automática, 
pois o réu não faz jus a restritiva de direitos.
1. Conceito de pena de multa e suas características
O Direito penal comporta dois tipos de sanção: a pena (privativa de
liberdade,restritiva de direitos e multa) e a medida de segurança (detentiva
ou restritiva), sendo que este trabalho ficará restrito à pena de multa.
A pena de multa, também conhecida como pena pecuniária, é uma
sanção penal (não é tributo), consistente na imposição ao condenado da
obrigação de pagar ao fundo penitenciário determinada quantia em
dinheiro, calculada na forma de dias-multa, atingindo o patrimônio do
condenado.[1]
A pena de multa, na lei penal, pode ser prevista como punição única, a
exemplo do que ocorre na Lei de Contravenções Penais (Decreto-lei nº.
3688/41), ou pode ser cominada e aplicada cumulativamente com a pena
privativa de liberdade, a exemplo do artigo 155 do Código Penal, quando
trata do crime de furto, prevendo em seu preceito secundário a pena de
reclusão de 1 a 4 anos e multa, ou ainda de forma alternativa, com a pena
de prisão, a exemplo do crime de perigo de contágio venéreo, previsto no
Art. 130, cominando pena de detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Quando a multa é punição única ou nos casos em que ela encontra-se
cumulada com a pena de prisão, ao magistrado, no caso de condenação,
será obrigatória a sua aplicação, sob pena de ferir o princípio da legalidade
ou da inderrogabilidade da pena.
Já nos casos em que a pena de multa estiver cominada de forma
alternativa com a pena privativa de liberdade, o magistrado, terá uma
discricionariedade regrada pelo art. 59, inc. I, do Código Penal, para
escolher entre uma ou outra, conforme seja necessário e suficiente para
reprovação e prevenção do crime.
Todas as vezes que o magistrado estiver fazendo a aplicação da pena de
multa, seja ela isolada, cumulada ou alternativamente aplicada, deve seguir
os limites legais, ou seja, a expressão “multa” deve ser entendida como
sendo de 10 a 360 dias-multas[2]. É o que se depreende do artigo 49, caput,
do CP, quando dispõe: “A pena de multa consiste no pagamento ao fundo
penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa.
Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e sessenta)
dias-multa”.
2. Fixação da pena de multa.
É pacífico o entendimento de que a fixação da pena de multa deve ser
feita em duas fases. Assim, segundo a doutrina[3] e jurisprudência, o juiz,
na primeira fase, levará em conta para fixar entre 10 a 360 dias-multa,
as circunstâncias judiciais (à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta
social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e
conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima), pois o
artigo 59 do CP, assim o determina, no seu inciso II: “a quantidade de pena
aplicável, dentro dos limites previstos”[4], devendo nesta fase ser
desprezada a situação econômica do réu.
Superada esta primeira fase de aplicação da pena entre os seus limites
legais (10 a 360 dias-multa), deverá o magistrado dar um valor a cada dia-
multa, que não poderá ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo
mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse
salário (art. 49, § 1º, CP), valor este que deverá ser atualizado, quando da
execução, pelos índices de correção monetária (art. 49,§ 2º, CP).O valor de
cada dia-multa será aplicado pelo juiz que deverá atender, principalmente,
à situação econômica do réu (art. 60, caput, do CP).
Vamos imaginar duas situações, um réu sendo punido com pena de
multa nos seus valores mínimos e nos seus valores máximos, levando em
consideração o salário mínimo atual que é de R$ 380,00 (trezentos e oitenta
reais), sem esquecer que a multa é aplicada com base no maior salário
vigente ao tempo do crime.
Para o primeiro réu, na primeira fase da dosimetria da pena, o juiz
levando em consideração as circunstancias judiciais, que sendo
consideradas favoráveis, fixaria em 10 dias-multa. Em seguida (segunda
fase), levando em consideração a situação econômica do réu, sendo ele
miseravelmente pobre, fixaria em um trigésimo do salário mínimo. Ou seja,
1/30 x 380,00 = 12,66 que multiplicado pelos 10 dias-multa, daria um total
de R$ 126,60 (cento e vinte e seis reais e sessenta centavos).
Para o segundo réu, vamos imaginar que o juiz considerou todas as
circunstâncias judiciais desfavoráveis e resolveu aplicar o limite máximo
dos dias-multa (360 dias-multa). Na segunda fase, analisando as condições
econômica do réu, percebendo que era abastado, valorou os dias multa em
cinco vezes o salário mínimo, ou seja, R$ 380,00 x 5 = R$ 1.900,00 (mil e
novecentos reais), que se multiplicado pelos 360 dias-multa, resultará em
um montante de R$ 684.000,00 (seiscentos e oitenta e quatro mil reais).
Este valor, embora aplicado no máximo, percebendo o juiz que em virtude
da situação econômica do réu, seja ineficaz para reprovação e prevenção do
crime, poderá multiplicá-lo por três, conforme art. 60, § 1º do CP, ou seja,
daria um total de R$ 2.052.000,00 (dois milhões e cinqüenta e dois mil
reais) que seria destinado ao Fundo Penitenciário Nacional, para ser
aplicado na reforma e manutenção dos presídios.
Veja então que o valor mínimo da multa, levando em consideração o
salário mínimo atual, seria de R$ 126,60 (cento e vinte e seis reais e
sessenta centavos) e o valor máximo, seria de R$ 2.052.000,00 (dois
milhões e cinqüenta e dois mil reais).
Infelizmente, na prática, isso não ocorre, pois não se tem dado muita
importância à aplicação da pena de multa que, em regra, tem sido fixada na
mínima legal, tanto quanto aos dias-multa, quanto na valoração de cada
dia-multa.
Assim, basta folhearmos algumas sentenças criminais que isso será
perfeitamente comprovado, especialmente nos casos de crimes contra o
patrimônio, em que os autores são muito pobres. É muito comum no crime
de roubo (pena de reclusão de quatro a dez anos e multa), ser fixado a
pena-base da prisão em cinco anos e a multa em 10 dias-multa. Isso não
está correto, pois se entre 4 a 10 anos de reclusão, o juiz ao analisar as
circunstâncias judiciais, achou um valor de 5 anos, certamente a pena de
multa deveria ficar acima dos 10 dias-multa, pois as mesmas circunstâncias
judiciais serão consideradas na fixação do número de dias-multa (10 a
360).
O ideal seria (veja graficamente):
Reclusão de 4 a 10 anos:
4_______5___________________________10 anos
(16%) pena-base = 5 anos
Multa (10 a 360 dias-multa):
10______56__________________________360 dias-multa
(16%) pena-base = 56 dias-multa
Fixada a pena-base, no caso da multa, deve o magistrado dizer qual o
valor de cada dia-multa, levando-se em consideração a situação econômica
do réu, estabelecendo, entre um trigésimo do salário mínimo, até cinco
vezes esse mesmo salário, vigente à época do crime.
3. cobrança da pena de multa – sanção simbólica
Até a Lei nº. 9.268/96, a pena de multa era de competência do Juiz da
Execução penal, sendo que no caso do seu descumprimento, a pena de
multa era convertida em pena de detenção, a razão de um dia-multa, por um
dia de prisão, limitado à 360 dias de detenção, pois este é o limite da pena
de multa em dia-multa. Assim, se alguém fosse condenado a pena de multa
de 200 dias-multa, e injustificadamente não pagasse, ela seria convertida
em 200 dias de detenção.
Com a Lei nº. 9.268/96, isso mudou, pois ela trouxe nova redação ao
artigo 51 do Código Penal, dispondo: “Transitada em julgado a sentença
condenatória, a multa será considerada dívida de valor, aplicando-se-lhes as
normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive
no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição.”
Desta forma a pena de multa não é mais convertida em pena de
detenção. Isso foi importante, pois era comum as pessoas mais pobres
cumprirem pena maiores, tendo em vista aconversão em pena de detenção.
Por outro lado, com a Lei n. 9.268/96, a atribuição para execução da
multa passou a ser da Fazenda Pública[5] (Procuradoria Fiscal), deixando
de ser do MP, apesar de opiniões em contrário[6], no sentido de que seria
da competência do MP que se utilizaria da Lei n° 6.830/80.
Assim o procedimento da cobrança da pena de multa se dá da seguinte
forma: a) após o transito em julgado, emite-se uma certidão de sentença
condenatória, para formação de autos apartados, os quais serão utilizados
para realização da execução; b) O Ministério Público requer a citação do
condenado para, dentro de 10 dias, pagar a pena de multa ou indicar bens à
penhora; c) Em seguida, decorrido este prazo, sem pagamento ou
manifestação do executado, emite-se uma nova certidão, informando
detalhadamente o ocorrido, remetendo-a à Procuradoria Fiscal (Federal ou
Estadual, conforme crime comum ou federal), a qual se encarregará de
promover a execução da multa perante a Vara da Fazenda Pública, nos
termos do procedimento previsto na legislação tributária (Lei nº. 6.830/80).
Ocorre que, como se mencionou antes, a práxis é fixar a pena de multa
nos seus patamares mínimos, tanto em dias-multa, quanto nos valores de
cada dia-multa, e como visto, levando em consideração o salário atual, a
pena mínima da multa ficaria em um valor irrisório, cerca de R$ 126,60
(cento e vinte e seis reais e sessenta centavos), sendo certo que a Fazenda
Pública não iria se interessar em mover uma ação de execução para cobrar
estes valores, acarretando a prescrição da pena de multa.
A conseqüência disto, é que, a multa passou a ser uma sanção
simbólica, pois se não é cobrada no prazo legal pela Procuradoria dos
Estados, ocorrerá a extinção da punibilidade pela prescrição, e
consequentemente, gerará a impunidade, causando na sociedade o
sentimento de revolta.
Apenas para esclarecimento, na área federal, o Ministério da Fazenda,
através da Portaria nº 49 de 01 de abril de 2004, estipulou que valores até
R$ 10.000,00 (dez mil reais), não serão executados, autorizando ainda a
não inscrição como dívida ativa da União, os débitos com a Fazenda
Nacional de valores de até R$ 1.000,00 (mil reais), o que foi ratificado pela
Lei nº 11.034 de 21 de dezembro de 2004.
Com isso, a pena de multa acaba prescrevendo, pois com as novas
regras, temos duas orientações: a) a pena de multa prescreve em dois anos,
nos termos do art. 114 do Código Penal, e; b) o prazo prescricional da pena
de multa segue a regra da Lei nº 6.830/80, ou seja, prescreve em 5 anos.[7]
4. Novidade legislativa quanto à pena de multa – Lei de Drogas,
sanção exagerada que leva ao inadimplemento da multa e
consequentemente à prescrição.
O legislador, recentemente nos surpreendeu com a cominação da pena
de multa, na Lei nº. 11.343/06 (Lei antidrogas) prevendo limites de pena
exorbitantes, a exemplo do art. 36, que trata do crime de financiamento e
custeio para o tráfico de drogas, cuja pena cominada é de reclusão de 8 a 20
anos e pagamento de multa de 1.500 (mil e quinhentos) a 4.000 (quatro
mil) dias-multa.
Na referida lei, o legislador trouxe dois tratamento diferenciados para
os crimes nela previstos, o de posse, porte e plantio de drogas para
consumo próprio (art. 28, e seu § 1º) e os crimes de tráfico propriamente
ditos (art. 33 a 39).
Em relação ao primeiro (art. 28), a lei não prevê a pena de prisão,
apenas a pena de advertência sobre os efeitos da droga, a prestação de
serviços à comunidade e a medida educativa de comparecimento a
programa ou curso educativo (art. 28, inc. I,II, III, respectivamente), sendo
que em caso de descumprimento de tais penas, o juiz poderá submeter o
condenado, sucessivamente à admoestação verbal e a pena de multa (art.
28, § 6º). Veja que a lei fala em sucessivamente.
Assim, se houver de aplicar a pena de multa para o usuário que foi
pego com droga, os valores da multa serão em dias-multa, em quantidade
nunca inferior a 40 (quarenta) nem superior a 100 (cem) dias-multa,
atribuindo a cada um, segundo a capacidade econômica do agente, o valor
de um trinta avos até 3 vezes o valor do maior salário mínimo (art. 29 da
Lei n. 11.343/06).
Observe que, neste caso, a pena mínima da multa será de 4 vezes mais
do que a multa mínima do Código Penal. O valor mínimoentão, levando em
consideração o salário de R$ 380,00 (trezentos e oitenta reais), seria de R$
506, 40 (quinhentos e seis reais e quarenta centavos). A pena máxima para
o usuário, seria de R$ 114.000,00 (cento e quatorze mil reais),
demonstrando a insensatez por parte do legislador.
Essa pena de multa, nos termos do parágrafo único do art. 29, aplicada
ao usuário, será creditada em conta do Fundo Nacional Antidrogas -
FUNAD.
Já em relação aos crimes de tráfico, previsto nos artigos 33 a 39,
teríamos uma segunda regra de aplicação da pena de multa, nos termos dos
arts. 42 e 43, senão vejamos:
"Art. 42. O juiz, na fixação das penas, considerará, com
preponderância sobre o previsto no art. 59 do Código Penal, a natureza e a
quantidade da substância ou do produto, a personalidade e a conduta social
do agente.
Art. 43. Na fixação da multa a que se referem os arts. 33 a 39 desta
Lei, o juiz, atendendo ao que dispõe o art. 42 desta Lei, determinará o
número de dias-multa, atribuindo a cada um, segundo as condições
econômicas dos acusados, valor não inferior a um trinta avos nem superior
a 5 (cinco) vezes o maior salário-mínimo.
Parágrafo único. As multas, que em caso de concurso de crimes serão
impostas sempre cumulativamente, podem ser aumentadas até o décuplo se,
em virtude da situação econômica do acusado, considerá-las o juiz
ineficazes, ainda que aplicadas no máximo. (negrito nosso)
Neste diapasão, para o crime de tráfico previsto no artigo 33 da Lei de
regência, que prevê pena de reclusão de 5 a 15 anos e multa de 500 a 1500
dias-multas, teríamos os seguintes valores, levando em consideração o
salário mínimo de R$ 380,00 (trezentos e oitenta reais):
Pena mínima: 1/30 x 380,00 = 12,66 x 500 (dias-multa) = 6.333,33
Pena máxima: 5 x 380,00 = 1900,00 x 1500 (dias-multa)=
2.850.000,00
Sendo que se esse valor de R$ 2.850.000,00 (dois milhões e oitocentos
e cinqüenta mil reais), o juiz entender ineficaz para reprovação e prevenção
do crime, poderá ser aumentado até o décuplo.
Isso acarretará o seu inadimplemento, pois em regra o traficante
“formiga” não terá condições de pagar uma pena de multa mínima de R$
6.333,33 (seis mil trezentos e trinta e três reais e trinta e três centavos), o
que acarretará sua inscrição na dívida ativa, até a ocorrência da extinção da
punibilidade, pelo instituto da prescrição, gerando a insatisfação social, em
virtude do sentimento de impunidade.
Já, nos casos dos grandes traficantes, com certeza, também farão uso
do instituto da prescrição, pois, como dito anteriormente, a pena de multa
não se converte mais em pena de prisão e, se o Estado não localizar bens
para penhora, ficará inscrita na dívida ativa até a ocorrência da prescrição,
que para uns seria de 5 anos (Lei 6.830/80) e para outros 2 anos (art. 114 do
CP).
A Lei de Drogras foi omissa quanto ao destino da pena de multa
aplicada aos traficantes, condenados pelos crimes previstos nos artigos 33 a
39, apenas em relação a multa aplicada ao usuário, incurso no artigo 28,
estabelecendo em no parágrafo único do artigo 29 que o seu destino seria
para o Fundo Nacional Antidrogas - FUNAD. Assim, é de se concluir pela
aplicação da norma geral, ou seja, o Código Penal, que destina os valores
da pena de multa ao Fundo Penitenciário Nacional, nos termos do art. 49 do
CP.
5. Conclusão.
Diante do que foi exposto,chegamos à conclusão de que a pena de
multa prevista no Código Penal, em virtude da práxis judicial, em fixá-la
no mínimo legal, tornou-se uma pena simbólica, pois nestes casos, o Estado
perde interesse em cobrá-la, em virtude do valor irrisório, gerando a
extinção da punibilidade pela prescrição.
Já em relação à pena de multa prevista para os crimes da Lei
11.343/06, o legislador acreditando que iria sanar o problema apresentado
em relação a pena de multa do Código Penal, ao cominar penas de multa
exorbitantes, sem um meio termo, acabou por criar uma situação de
impunidade, pois se o réu não tiver condições de pagá-la, a mesma será
inscrita na dívida ativa, até a ocorrência da prescrição, causa de extinção de
punibilidade.
Concurso de Crimes 
O concurso de crimes acontece quando o agente comete mais de um
crime mediante uma ou mais ação ou omissão. No direito brasileiro, por
questões de política criminal, cada forma de concurso tem uma maneira
distinta no sistema de aplicação e cálculo das penas.
Os tipos de concurso admitidos no direito brasileiro são o material,
que pode se dividir em homogênio e heterogêneo; o formal, que pode ser
dividido em próprio e impróprio; além do crime continuado.
As formas adotadas para aplicação das penas a cada tipo de concurso
são os sistemas do cúmulo material e o da exasperação, em alguns casos,
também encontramos o cúmulo material benéfico, sendo este um
desdobramento para evitar um prejuízo maior ao agente, sempre que o
sistema de exasperação for menos benéfico que o cúmulo material.
 
Concurso Material
O concurso material de crimes acontece quando o agente comete dois
ou mais crimes mediante mais de uma ação ou omissão. Ele pode ser tanto
homogêneo, quando os crimes cometidos são idênticos (dois homicídios
simples, por exemplo), ou heterogêneo, quando os crimes são de natureza
diversa (Um homicídio qualificado e lesões corporais). Esta distinção em
homogêneo e heterogêneo é apenas doutrinária, não importando na forma
de aplicação da pena.
Havendo concurso material, a forma de aplicação das penas será o
cúmulo material, que é aquele onde as penas dos diversos crimes são
somadas umas as outras, não havendo benefício ao agente. Desta forma, o
agente que mediante duas condutas, cometeu o crime de furto simples e
recebeu pena de quatro anos de reclusão, e um homicídio qualificado, tendo
recebido pena de doze anos de reclusão, terá as penas destes crimes
somadas para questões de cumprimento.
Em caso as espécies de penas não sejam iguais, cumpre-se primeiro a
mais grave, assim, a reclusão deve ser cumprida primeiro que a detenção.
Apesar dos prazos prescricionais serem considerados
individualmente para cada crime, o mesmo não acontece com a aplicação
das penas restritivas de direitos, que só são permitidas, caso em um dos
crimes seja permitida a concessão do sursis (suspensão condicional da
pena). Mas caso sejam aplicadas, as penas restritivas serão cumpridas
simultaneamente quando compatíveis, ou sucessivamente, quando houver
incompatibilidade entre as mesmas.
Com relação à suspensão condicional do processo, a regra é que seja
feito o somatório das penas, se a mínima for igual ou inferior a um ano,
esta será possível. Portanto, a aplicação não é individual.
 
Concurso Formal
O concurso formal é aquele em que o agente mediante uma única
ação ou omissão, comete dois ou mais crimes. Este pode se dividir em
formal próprio ou impróprio.
No próprio, era querido apenas um resultado, mas por erro na
execução ou por acidente, dois ou mais são atingidos. É o exemplo do
assassino que atira em seu inimigo, mas por ocasião o disparo além de
atingi-lo, também atinge outra pessoa. Neste caso é utilizado o sistema da
exasperação, que é quando apenas a pena de um dos crimes é aplicada se
forem iguais, ou a maior deles se diversos, sendo em qualquer dos casos
elevada de um sexto até metade.
No impróprio, o agente mediante uma única ação ou omissão produz
mais de um resultado, tendo vontade de produzi-los ou sendo indiferente
quanto a estes, neste caso, acontece o que a doutrina chama de desígnios
autônomos, que é quando se quer todos os resultados produzidos, mesmo a
título de dolo eventual. Para que não torne benéfica a prática de mais de um
crime por uma única ação, no concurso formal impróprio, é utilizado o
sistema de cúmulo material das penas, o mesmo que é utilizado no
concurso material. Havendo apenas a soma das penas aplicadas aos
diversos crimes.
Ainda no caso do concurso formal, quando as penas aplicadas por o
sistema de exasperação superarem as que por ventura fossem aplicadas por
o sistema do cúmulo material, para que o apenado não saia prejudicado, sua
pena será computada como se desta forma fosse, este é o chamado cúmulo
material benéfico. Exemplificando, caso o agente cometa um homicídio
simples e uma lesão corporal em concurso formal próprio, sua pena seria a
do homicídio (por ser maior) acrescida de um terço até metade, o que
poderia, dependendo do aumento aplicado, ser maior que a do homicídio e
das lesões corporais somadas. Assim caso a pena aplicada pelo sistema da
exasperação seja maior que a que fosse aplicada pelo cúmulo material, este
será o aplicado.
O aumento de pena no concurso formal deve ser fundamentado pelo
juiz, devendo, segundo a maioria dos doutrinadores, ser aplicado levando
em consideração o número de vítimas ou a quantidade de crimes
praticados.
Para a aplicação da suspensão condicional do processo, é necessário
que se faça primeiro o cálculo da pena com o acréscimo de um terço até
metade, para só assim fixar os novos limites mínimos.
 
Crime Continuado
O crime continuado ou continuação delitiva está definido no art. 71
do Código Penal, este se dá quando o agente, mediante mais de uma ação
ou omissão, em condições de tempo, lugar, e utilizando de modos de
execução parecidos, comete crimes de mesma espécie, sendo que os
subsequentes devem ser havidos em continuação do primeiro.
Esta forma de concurso de crimes foi adotada por ficção jurídica, já
que são vários crimes que a lei adota como crime único para questões de
punibilidade.
Por crimes de mesma espécie, não há necessidade de serem
idênticos, bastando que o bem jurídico atingido no seu cometimento sejam
os mesmos. Este não é um entendimento pacífico, alguma parte da doutrina
entende que apenas crimes que fazem parte de um mesmo dispositivo legal
(artigo de lei) seriam da mesma espécie, como um homicídio simples e um
qualificado, por exemplo.
As condições necessárias que envolvem o tempo, o lugar, o modo de
execução, assim como outras semelhantes, não devem ser analisadas
individualmente, devendo o julgador fazer uma concepção conjunta das
mesmas, não sendo imprescindível a presença de todas, sendo a conclusão
obtida a partir de cada caso concreto.
Com relação a forma de cálculo das penas, o sistema utilizado é o da
exasperação, só que com um maior aumento que no concurso formal
próprio, podendo variar de um terço a dois terços.
Existe também a figura do crime continuado específico, que está
contida no parágrafo único do art. 71 do Código Penal, em que a pena pode
ser aumentada até o triplo. Para que se configure esta figura específica, é
necessária a multiplicidade de vítimas, a conduta dolosa em todos os casos,
e a utilização de violência ou grave ameaça contra a pessoa.
O percentual de aumento em ambos os casos deve ser baseado no
número de crimes ou de vítimas. E, da mesma forma que no concurso
formal próprio, as penas aplicadas pelo sistema da exasperação não podem
superar as que seriam aplicadas pelo cúmulo material, portanto, caso seja
ultrapassado o limite, será aplicado o cúmulo

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