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TEORIA-DA-PENA

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ESPIRITO SANTO 
TEORIA DA PENA 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO – FAVENI 
 
 
1 
 
SUMÁRIO 
1 TEORIA DA PENA ...................................................................................... 4 
1.1 Conceito de Pena ................................................................................. 4 
1.2 Princípios aplicados a pena .................................................................. 5 
1.3 Fundamentos da Pena ......................................................................... 6 
1.4 Das Teorias da Pena ............................................................................ 8 
1.5 Teoria Absoluta e finalidade retributiva ................................................ 8 
1.6 Teoria relativa ou preventiva .............................................................. 10 
2 PENA PRIVATIVA DE LIBERTADE .......................................................... 11 
2.1 Direitos humanos do preso e garantias legais na execução da pena 
privativa de liberdade ............................................................................................. 11 
3 PENAS ALTERNATIVAS .......................................................................... 18 
3.1 Espécies de Penas Alternativas ......................................................... 19 
3.1.1 Código Penal ................................................................................ 19 
3.1.2 Legislação pertinente ................................................................... 20 
3.1.3 Lei nº 11.340/06 (Lei Maria da Penha) ......................................... 20 
3.1.4 Lei nº 11.343/06 (Lei Antidrogas) ................................................. 20 
3.1.5 Lei nº 9.605/98 (Lei Crime Ambiental) .......................................... 20 
3.1.6 Lei nº 9.503/97 (Código de Trânsito) ............................................ 21 
4 MEDIDAS ALTERNATIVAS À PRISÃO .................................................... 21 
4.1 Suspensão Condicional Da Pena ....................................................... 23 
4.2 Livramento Condicional ...................................................................... 24 
5 dosimetria da pena ................................................................................... 30 
5.1 Dosimetria das penas na individualização da reprimenda estatal. ..... 32 
5.2 Para que serve a dosimetria da pena. ................................................ 33 
5.3 Conceito de Pena ............................................................................... 33 
5.4 Tipos de pena ..................................................................................... 33 
 
2 
 
5.4.1 Pena de Multa .............................................................................. 33 
5.4.2 Pena privativa de liberdade .......................................................... 34 
5.4.3 Pena restritiva de direitos. ............................................................ 35 
5.5 Cálculo da pena ................................................................................. 36 
6 CONCURSO DE CRIMES- EFEITOS DA CONDENAÇÃO PENAL ......... 36 
6.1 Do Concurso De Crimes ..................................................................... 36 
6.1.1 Concurso Material ........................................................................ 37 
6.1.2 Concurso Formal .......................................................................... 39 
6.1.3 Concurso Formal Imperfeito → Autonomia de Desígnios............. 41 
6.1.4 Crime Continuado ........................................................................ 42 
6.2 SISTEMAS DE APENAMENTO ......................................................... 43 
6.3 Dos efeitos da condenação penal ...................................................... 43 
6.3.1 Efeitos Genéricos ......................................................................... 43 
6.3.2 Primeira Parte .............................................................................. 44 
6.3.3 Segunda Parte ............................................................................. 46 
7 AÇÃO PENAL ........................................................................................... 47 
7.1 Do conceito ........................................................................................ 48 
7.2 Das características ............................................................................. 49 
7.3 Das espécies ...................................................................................... 49 
7.4 Da Ação penal pública........................................................................ 50 
7.5 Ação Penal Pública Incondicionada ................................................... 50 
7.6 Ação Penal Pública Condicionada ..................................................... 52 
7.7 Da Ação Penal Privada ...................................................................... 53 
8 Extinção da punibilidade ........................................................................... 55 
8.1 Extinção Da Punibilidade e Prescrição ............................................... 56 
8.1.1 Punibilidade .................................................................................. 56 
 
3 
 
8.1.2 Extinção da punibilidade ............................................................... 56 
8.2 As Causas da Extinção da Punibilidade previstas no Art.107 e Fora Dele
 56 
8.3 Prescrição in genérico ........................................................................ 57 
8.3.1 Conceito fundamento e modalidades ........................................... 57 
8.4 Prescrição da Pretensão Punitiva e seus Prazos ............................... 57 
8.5 PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA .............................. 59 
8.5.1 Efeitos .......................................................................................... 60 
8.6 Prescrição Superveniente À Sentença condenatória Ou Prescrição 
Intercorrente - 110 § 1 ........................................................................................... 60 
8.6.1 Os efeitos ..................................................................................... 62 
8.7 Prescrição Retroativa - ART. 110, § 2º ............................................... 63 
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 65 
 
 
 
 
4 
 
1 TEORIA DA PENA 
 
Fonte: www.domboscoead.com.br 
A origem da pena coincide com o surgimento do Direito Penal, em virtude da 
constante necessidade de existência de sanções penais em todas as épocas e todas 
as culturas. A pena é a consequência jurídica principal que deriva da infração penal. 
A pena não tem uma definição genérica, válida para qualquer lugar e qualquer 
momento. Consiste em um conceito legal de cada código penal em particular, em que 
se são elencadas sanções, cujas variações refletem as mudanças vividas pelo Estado 
(NERY, 2005) 
O Estado utiliza a pena para proteger de eventuais lesões determinados bens 
jurídicos, assim considerados, em uma organização sócio econômica especifica. 
1.1 Conceito de Pena 
Cleber Masson, em seu livro de direito penal esquematizado ensina-nos essa 
diferença ao abordar que: “Sanção penal é a resposta estatal, no exército do ius 
 
5 
 
puniend após o devido processo legal, ao responsável pela pratica de um crime ou de 
uma contravenção penal. Divide-se em duas espécies: penas e medidas de 
segurança.” (COSTA, 2015) 
Portanto, de acordo com o celebre autor concluímos que pena seria uma 
espécie do gênero Sanção penal. Feita essa distinção passamos agora a ver o que 
se entende por pena. 
Para Damásio de Jesus pena seria “A sanção aflitiva pelo Estado, mediante 
ação penal, ao autor de uma infração (penal), como retribuição de seu ato ilícito, 
consistente na diminuição de um bem jurídico, e cujo fim é evitar novos delitos”. 
Cleber Massonnos ensina que: 
“Pena é espécie de sanção penal consistente na privação ou na restrição de 
determinados bens jurídicos do condenado, aplicada pelo Estado em decorrência do 
cometimento de uma infração penal, com as finalidades de castigar seu responsável, 
readapta-lo ao convívio em comunidade e, mediante a intimidação endereçada a 
sociedade, evitar a pratica de novos crimes ou contravenções penais. (MASSON, 
2012, p.540) 
1.2 Princípios aplicados a pena 
São aplicados as penas os seguintes princípios: 
I. Princípio da reserva legal ou da estrita legalidade: por este princípio entende-
se que somente a lei pode cominar penas. Este princípio encontra respaldo no art. 1° 
do código penal e também no art. 5°,XXXIX, da Constituição Federal de 1988. 
II. Princípio da anterioridade da lei: segundo o art. 1° do código penal bem como 
o art.5,XXXIX, da constituição federal de 1988 que aduzem que “ não há crime sem 
lei anterior que o defina, nem pena sem previa cominação legal” entende-se, que a lei 
que cominar a pena deve ser anterior ao fato delituoso que se pretende punir. 
III. Princípio da personalidade, intransmissibilidade, intranscedência ou 
Princípio da reponsabilidade pessoal: segundo esse princípio que encontra amparo 
no art. 5°,XVL, da CF/88, a pena não pode ultrapassar da pessoa do condenado, não 
alcançando familiares do infrator nem mesmo pessoas estranhas a infração penal. 
logo, esse postulado impede que sanções penais superem a dimensão 
estritamente pessoal da pessoa do infrator. 
 
6 
 
IV. Princípio da proporcionalidade: segundo este princípio a resposta penal 
deverá ser justa e suficiente para cumprir o papel de reprovação do ilícito, devendo 
haver correspondência entre o ato ilícito e o grau da sanção penal imposta. 
V. Princípio da individualização: com amparo no art. 5°,XLVI, da CF de 88 esse 
princípio repousa do sentido de que se deve distribuir a cada indivíduo o que lhe cabe 
de acordo com as circunstancias especificas do seu comportamento, significando 
eleger a justa e adequada sanção penal ao sentenciado. Nas lições de Nelson Hungria 
este princípio significa: 
Retribuir o mal concreto do crime com a mal da pena, na concreta 
personalidade do criminoso. Ao ser cominada em abstrato, a pena é individualizada 
objetivamente; mas, ao ser aplicada in concreto, não prescinde da sua 
individualização subjetiva. Após a individualização convencional da lei, a 
individualização experimental do juiz, ao mesmo tempo objetiva e subjetiva. 
(HUNGRIA, 1949, p.86) 
1.3 Fundamentos da Pena 
Os fundamentos da pena significa o objetivo que se busca alcançar com a 
imposição e a sua aplicação. Na doutrina são apontados seis principais fundamentos: 
retribuição, reparação, denuncia, incapacitação, reabilitação, e dissuasão. 
Retribuição: de acordo com esse fundamento é conferido ao condenado uma 
pena que seja proporcional e correspondente a infração penal na qual este se 
envolveu. O mal que a pena transmite ao condenado dever ser equivalente ao mal 
produzido por este a coletividade. (COSTA, 2015) 
Reparação: consiste esse fundamento em conferir algum tipo de benefício a 
vítima da infração penal. É uma reparação do dano, como forma de recompor o mal 
causado pelo delito. 
Denuncia: é a reprovação social á pratica do crime ou da contravenção penal. 
Incapacitação: é a privação da liberdade do condenado, retirando-o do seio 
social, para a proteção das pessoas e dos bens jurídico tutelados pelo estado. 
Reabilitação: esse fundamento se baseia em considerar a pena como meio 
educativo, de reinserção social e não punitivo. A pena precisa restaurar o criminoso, 
tornando-o novamente útil a sociedade. (COSTA, 2015) 
 
7 
 
Dissuasão: seria esse fundamento a busca ou tentativa de convencer a 
coletividade, e também o condenado, de que o crime é uma tarefa desvantajosa e 
censurável. A pena teria duas vertentes: a primeira, destinada a impedir que o 
transgressor torne-se nocivo a sociedade, e a segunda, dizendo que a pena serviria 
de instrumento de intimidação da coletividade. 
Classificação da Penas 
A doutrina classifica as penas em diversos critérios: quanto ao bem jurídico do 
condenado atingido pela sanção penal, quanto ao critério constitucional e quanto ao 
critério adotado pelo Código Penal. 
Quanto ao bem jurídico do condenado atingido pela pena 
Segundo esse critério as penas podem ser dividas em: 
I. Pena privativa de Liberdade; 
II. Pena Restritiva de Direito; 
III. Pena de Multa; 
IV. Pena Restritiva da liberdade; 
V. Pena Corporal. 
Quanto ao critério constitucional 
De acordo com esse critério que tem amparo no art.5, XLVI, da CF de 88 as 
penas estariam classificadas em: 
I. Penas de privação ou restrição da liberdade; 
II. Perda de bens; 
III. Multa; 
IV. Prestação social alternativa; 
V. Suspenção ou interdição e direitos. 
Quanto ao critério adotado pelo Código Penal 
De acordo com o art. 32 do Código Penal Brasileiro, as penas são: 
I. Privativas de liberdade; 
II. Restritivas de direito; 
III. Multa. 
 
8 
 
1.4 Das Teorias da Pena 
Através dos tempos o Direito Penal tem dado respostas diferentes a questão 
de como solucionar o problema da criminalidade. Essas soluções são chamadas 
Teorias da pena, que são ideias científicas sobre a pena, principal forma de reação 
do delito. (COSTA, 2015) 
O estudo das construções teóricas sobre as finalidades das penas, possibilita 
uma compreensão adequada acerca de como a razão humana vem justificando a 
punição criminal, que é a faceta mais violenta do direito moderno. 
1.5 Teoria Absoluta e finalidade retributiva 
Para as teorias absolutas também denominadas de retributivas a pena é uma 
forma de retribuição ao criminoso pela conduta ilícita realizada, é a maneira de o 
Estado lhe contrapesar pelo possível mal causado à uma pessoa específica ou à 
própria sociedade como um todo (bens jurídicos). Diante desta teoria, não se 
vislumbra qualquer outro objeto a não ser o de punir o condenado, lhe causando um 
prejuízo, oriundo de sua própria conduta, um meio de o condenado entender que está 
sendo penalizado em razão de seu desrespeito para com as normas jurídicas e para 
com seus iguais. (COSTA, 2015) 
As teorias absolutas abordam a pena como sendo instrumento de retribuição, 
ou seja, a pena funda-se na retribuição, reparação ou compensação do mal do crime. 
Para Jorge de Figueiredo Dias é a “justa paga do mal que com o crime se realizou, é 
o justo equivalente do dano do fato e da culpa do agente”. (DIAS, 2007, p.43-44). 
Haroldo Caetano e Silva, ao lecionar sobre a execução penal, afirma que a 
teoria absoluta tem por peculiaridade a retribuição, é uma forma de recompensar o 
mal causado, causando um mal ao criminoso, para esta teoria a pena é um fim em si 
mesma: 
“Pela teoria absoluta ou retributiva, a pena apresenta a característica de 
retribuição, de ameaça de um mal contra o autor de uma infração penal. A pena não 
tem outro propósito que não seja o de recompensar o mal com outro mal. Logo, 
objetivamente analisada, a pena na verdade não tem finalidade. É um fim em si 
mesma”. 
 
9 
 
Conceituando de maneira um pouco diversa dos demais autores, Mirabete 
afirma que esta teoria tem por fundamento a justiça, e utilizando dos ensinamentos de 
Kant, o jurista ainda afirma que o castigo compensa o mal: 
“As teorias absolutas (de retribuição ou retribucionista) têm como fundamentos 
da sanção penal a exigência da justiça: pune-se o agente porque cometeu o crime 
(punitur quia pecatum est). Dizia Kant que a pena é um imperativo categórico, 
consequência natural do delito, uma retribuição jurídica, pois ao mal do crime impõe-
se o mal da pena, do que resulta a igualdade e só está igualdade traz a justiça. O 
castigo compensa o mal e dá reparação à moral”. (COSTA, 2015) 
Da mesma forma, Cezar Roberto Bitencourt ensina que a teoria absoluta da 
pena além de buscar a justiça, tempor finalidade devolver o mal causado pelo delito, 
e que o homem é livre para agir, e se optou pelo crime, deve auferir uma penalidade 
maldosa como foi sua conduta: 
“Segundo este esquema retribucionista, é atribuída à pena, exclusivamente, a 
difícil incumbência de realizar a justiça. A pena tem como fim fazer justiça, nada mais. 
A culpa do autor deve ser compensada com a imposição de um mal, que é a pena, é 
o fundamento da sanção estatal está no questionável livre-arbítrio, entendido como a 
capacidade de decisão do homem para distinguir entre o justo e o injusto. Isto se 
entende quando lembramos da substituição do divino homem operada neste momento 
histórico, dando margem à implantação do positivismo legal”. (COSTA, 2015) 
A pena desponta como retribuição estatal justa ao mal injusto provocado pelo 
condenado, consistente na pratica de um crime ou e uma contravenção penal ( punitur 
quia peccatum est). Não tem finalidade pratica, pois não se preocupa com a 
readaptação social do infrator da lei penal. Pune-se simplesmente como retribuição a 
pratica do ilícito penal. (MASSON, 2012, p.543) 
As teorias absolutas fundam-se numa exigência de justiça: pune-se porque se 
cometeu crime (punitur quia peccatum est.) Negam elas fins utilitários a pena, que se 
explica plenamente pela retribuição jurídica. É ela simples consequência do delito. É 
mal justo aplicado ao mal injusto do crime (COSTA, 2015) 
Basileu Garcia aponta que a pena detém a característica de aflição como meio 
de punir, afirmando que "para alguns, a pena é meramente aflitiva. Para outros, 
constituí, exclusiva, precípua ou subsidiariamente, um meio para a obtenção de certos 
benefícios, quer para o condenado, quer para a coletividade". 
 
10 
 
1.6 Teoria relativa ou preventiva 
Ao contrário das teorias absolutas, as teorias relativas não possuem uma 
finalidade em si mesma. Estas teorias dão uma finalidade a pena – prevenção e 
ressocialização. Esta teoria possui uma pretensão diversa da anterior, e têm por 
objetivo a prevenção de novos delitos, ou seja, busca obstruir a realização de novas 
condutas criminosas e impedir que os condenados voltem a delinquir. (COSTA, 2015) 
Júlio Fabbrini Mirabete afirma que a teoria relativa da pena atribuía um fim à 
mesma, e que a pena não era uma consequência do delito, mas sim o momento 
oportuno para sua aplicação, para o autor: “nas teorias relativas (utilitárias ou 
utilitaristas), dava-se à pena um fim exclusivamente prático, em especial o de 
prevenção. O crime não seria causa da pena, mas a ocasião para ser aplicada". 
Cleber Masson nos ensina que: “para essa variante, a finalidade da pena 
consiste em prevenir, isto é, evitar a pratica de novas infrações penais (punitur ne 
peccetur). É irrelevante a imposição de castigo ao condenado. (MASSON, 2012, 
p.544) 
Nesse mesmo sentido, Cezar Roberto Bitencourt afirma que para a teoria 
relativa da pena, o objetivo primordial é a prevenção: 
A formulação mais antiga das teorias relativas costuma ser atribuída a Sêneca, 
que, se utilizando de Protágoras de Platão, afirmou: “nenhuma pessoa responsável 
castiga pelo pecado cometido, mas sim para que não volte a pecar. Para as duas 
teorias a pena é considerada um mal necessário. No entanto, para as teorias 
preventivas, essa necessidade da pena não se baseia na ideia de realizar justiça, mas 
na função, já referida, de inibir, tanto quanto possível, a pratica de novos fatos 
delitivos. (COSTA, 2015) 
Para Magalhães Noronha a teoria relativa da pena não dá origem à pena, é 
uma necessidade da sociedade, não havendo qualquer ligação com a ideia de justiça, 
pois: 
“As teorias relativas procuram um fim utilitário para a punição. O delito não é 
causa da pena, mas ocasião para que seja aplicada. Não repousa na ideia de justiça, 
mas de necessidade social (punitur ne peccetur). Deve ela dirigir-se não só ao que 
delinquiu, mas advertir aos delinquentes em potencial que não cometam crime. 
Consequentemente, possui um fim que é a prevenção geral e a particular”. 
 
11 
 
2 PENA PRIVATIVA DE LIBERTADE 
Apesar da contribuição para eliminação da pena sobre o corpo (suplícios, 
mutilações) a pena de prisão não tem correspondido com as finalidades de 
recuperação do preso. No sistema de penas privativas de liberdade e seu fim 
constituem verdadeira contradição. 
No entanto é pacifico no mundo da ciência penal, a afirmação de que a pena 
justifica-se por sua necessidade. Pois sem a pena não seria possível a convivência 
na sociedade de nossos dias. A pena constitui um recurso elementar com que conta 
o Estado e o qual este recorre, quando necessário, para tornar possível à convivência 
entre os homens. 
O conceito da tríplice finalidade da pena é bastante familiar mesmo ao homem 
comum, o preso é colocado na penitenciária com objetivo de ser punido, intimidado e, 
principalmente reformado. 
As penas privativas de liberdade estão previstas pelo código penal, para os 
crimes ou delitos são as de reclusão e detenção. A lei das contravenções penais 
também prevê pena privativa de liberdade que é a prisão simples. 
Com a lei 9.714/98 reformulou dispositivos do código penal, introduzindo mais 
duas penas restritivas de direitos, a prestação pecuniária e a perda de bens e valores. 
Ou seja, as penas restritivas de direito tem caráter substitutivo aplicadas à pena 
privativa de liberdade concretizada na decisão condenatória, (44, caput, 54 e 55, do 
CP) e as com a lei 9.099/95, com sua política criminal consensual descaracterizadora, 
adotou as penas restritivas de direitos em caráter alternativo. 
A possibilidade de substituição a pena privativa de liberdade está estabelecida 
no código penal em seu art. 44 que elenca os requisitos necessários para a 
substituição da pena, analisando os seguintes requisitos: 
1º requisitos objetivos: a) quantidade de pena aplicada que não deve ser 
superior a 4 anos, pode ser reclusão ou detenção no crime doloso e no que tange o 
crime culposo independe da pena aplicada. 
b) natureza do crime cometido (com privilegio o crime culposo, pois independe 
da pena aplicada). 
 
12 
 
c) modalidade de execução: sem violência ou grave ameaça a pessoa. Passa-
se a considerar, não só o desvalor do resultado, mas também o desvalor da ação, pois 
nos crimes violentos, o seu autor não merece o benefício da substituição. 
2º requisitos subjetivos: a) réu não reincidente em crime doloso (art.44 inciso II 
do CP), b) pro gnose de suficiência da substituição, sendo critério de analise, a 
culpabilidade, antecedentes, conduta social, personalidade do agente e motivos e 
circunstancias do fato (art.44 inciso III do CP ) 
Uma vez condenado o réu, o juiz analisa os requisitos para a substituição da 
pena privativa de liberdade por pena restritiva de direito, não sendo possível a 
substituição o juiz passará para a análise da possibilidade da suspensão condicional 
da pena ( art.77 inciso III do CP e 157 da LEP). 
As leis 9.099/95 e a 9.714/98, adotam em princípio a mesma política 
descarcerizadora e despenizadora, ambos buscam evitar o encarceramento do 
sentenciado, substituindo a pena privativa de liberdade com a pena alternativa. Porém 
não atuam na mesma faixa de infrações e de sanções, a lei 9.099/95 limita-se as 
infrações de menor potencial ofensivo, ressalvada a hipótese de seu art.89, cuja 
sanção não ultrapasse a dois anos de privação de liberdade, independentemente de 
sua forma de execução, em princípio, será beneficiada pela lei ora já mencionada, no 
entanto a lei 9.714/98, são para penas não superiores a quatro anos, exige que o 
crime não seja cometido com violência ou grave ameaça à pessoa (art.44,I, do 
CP) [56]. 
O art.180 da LEP afirma que a pena privativa de liberdade, não superior a dois 
anos, poderá ser convertida em restritivas de direitos, desde que o condenado esteja 
cumprindo em regime aberto, tenha cumprido um quarto da pena, os antecedentes ea personalidade do condenado indiquem ser a conversão recomendável. 
2.1 Espécies 
As espécies de penas privativas de liberdade são: reclusão, detenção e prisão 
simples. 
Reclusão e detenção são penas privativas de liberdade reservadas para crimes 
e prisão simples para contravenções penais. 
 
http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8494#_ftn56
 
13 
 
2.2 Regimes penitenciários 
De acordo com os arts. 34 a 36 do Código Penal e 110 a 119 da LEP (Lei de 
Execução Penal – Lei nº 7.210/84), são três os regimes penitenciários: fechado, semi-
aberto e aberto. 
2.3 Fixação do regime inicial 
A fixação do regime inicial deve ser feita na sentença condenatória pelo juiz (se 
o juiz não fixar, cabe embargos de declaração em virtude da omissão; se fixar e gerar 
inconformismo, cabe apelação). A fixação do regime inicial deve se pautar pela 
quantidade de pena, primariedade ou reincidência do condenado e circunstâncias 
judiciais do art. 59 do CP, atentando-se para o teor das Súmulas n. 718 e N. 719 do 
STF. 
2.4 Sistema de cumprimento 
O sistema de cumprimento das penas privativas de liberdade é o progressivo, 
previsto no art. 112 da LEP, sendo dois os requisitos exigidos para tanto: cumprimento 
de parte da pena (1/6) e merecimento. 
a) Lei 8.072/90 – Lei dos Crimes Hediondos – com a modificação havida pela 
Lei nº 
11.464/07, de 29 de março de 2007, a pena será cumprida inicialmente em 
regime fechado e a progressão dar-se-á após o cumprimento de 2/5 da pena (para o 
condenado primário) e de 3/5 da pena (para o condenado reincidente). 
 b) crimes contra a administração pública – observar o disposto no art. 33 § 4º 
do Código Penal. 
c) progressão antes do trânsito em julgado da sentença condenatória – 
possibilidade – Súmulas 716 e 717 do STF. 
2.5 Algumas regras 
a) trabalho – é direito e dever do condenado: 
 
14 
 
* direito – o preso tem direito ao trabalho porque aufere remuneração (de 
acordo com o art. 39 do CP, o trabalho do preso será sempre remunerado, e o art. 29 
da LEP confere remuneração mínima de ¾ do salário mínimo), tem garantido o 
benefício da Previdência Social (art. 39 do CP) e a prática laboral confere direito à 
remição (arts. 126 a 130 da LEP). 
* dever – o preso, se puder trabalhar e se recusar a fazê-lo, comete falta grave 
(arts. 39 V e 50 VI da LEP). 
 b) remição – dispõe o art. 126 caput da LEP que “o condenado que cumpre a 
pena em regime fechado ou semi-aberto poderá remir, pelo trabalho, parte do tempo 
de execução da pena”. 
* de acordo com o art. 126 § 1º da LEP, “a contagem do tempo para o fim deste 
artigo será feita à razão de 1 (um) dia de pena por 3 (três) dias de trabalho” (o melhor 
entendimento é que o tempo remido deva ser somado ao tempo de pena cumprido). 
* a Súmula nº 341 do STJ prevê que “a freqüência a curso de ensino formal é 
causa de remição de parte do tempo de execução de pena sob regime fechado ou 
semi-aberto”. 
Regime disciplinar diferenciado (RDD) 
1) Natureza Jurídica – trata-se de sanção disciplinar (LEP art. 53 V). 
2) Hipóteses – estão elencadas no art. 52 caput §§ 1º e 2º da LEP. 
3) Cumprimento – far-se-á nos termos do art. 52 incisos I a IV da LEP. 
2.6 Detração penal 
 Tem previsão no art. 42 do Código Penal; “Computam-se, na pena privativa de 
liberdade e na medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no 
estrangeiro, o de prisão administrativa e o de internação em qualquer dos 
estabelecidos referidos no artigo anterior”. 
2.7 Limite do cumprimento de pena 
Embora a pena imposta ao condenado não tenha limites, o tempo de 
cumprimento da pena privativa de liberdade não pode ser superior a 30 (trinta) anos 
(art. 75 caput do Código Penal). 
 
15 
 
 Se o agente for condenado a diversas penas privativas de liberdade, cuja soma 
seja superior a 30 (trinta) anos, deve-se proceder à unificação das penas para atender 
ao limite de 30 anos (art. 75 § 1 do Código Penal). E se depois da unificação, sobrevier 
condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena, far-se-á nova 
unificação, desprezando o período de pena já cumprido (art. 75 § 2º do Código Penal). 
Lembre-se do teor da Súmula nº 715 do STF: “A pena unificada para atender 
ao limite de 30 anos de cumprimento, determinado pelo art. 75 do CP, não é 
considerada para a concessão de outros benefícios, como o livramento condicional ou 
regime mais favorável de execução”. 
2.8 Direitos humanos do preso e garantias legais na execução da pena 
privativa de liberdade 
As garantias legais previstas durante a execução da pena, assim como os 
direitos humanos do preso estão previstos em diversos estatutos legais. Em nível 
mundial existem várias convenções como a Declaração Universal dos Direitos 
Humanos, a Declaração Americana de Direitos e Deveres do Homem e a Resolução 
da ONU que prevê as Regras Mínimas para o Tratamento do Preso. (ASSIS, 2007) 
Em nível nacional, nossa Carta Magna reservou 32 incisos do artigo 5º, que 
trata das garantias fundamentais do cidadão, destinados à proteção das garantias do 
homem preso. Existe ainda em legislação específica – a Lei de Execução Penal – os 
incisos de I a XV do artigo 41, que dispõe sobre os direitos infraconstitucionais 
garantidos ao sentenciado no decorrer na execução penal. 
No campo legislativo, nosso estatuto executivo-penal é tido como um dos mais 
avançados e democráticos existentes. Ela se baseia na ideia de que a execução da 
pena privativa de liberdade deve ter por base o princípio da humanidade, sendo que 
qualquer modalidade de punição desnecessária, cruel ou degradante será de natureza 
desumana e contrária ao princípio da legalidade. (ASSIS, 2007) 
No entanto, o que tem ocorrido na prática é a constante violação dos direitos e 
a total inobservância das garantias legais previstas na execução das penas privativas 
de liberdade. A partir do momento em que o preso passa à tutela do Estado ele não 
perde apenas o seu direito de liberdade, mas também todos os outros direitos 
fundamentais que não foram atingidos pela sentença, passando a ter um tratamento 
 
16 
 
execrável e a sofrer os mais variados tipos de castigos que acarretam a degradação 
de sua personalidade e a perda de sua dignidade, num processo que não oferece 
quaisquer condições de preparar o seu retorno útil à sociedade. 
Dentro da prisão, dentre várias outras garantias que são desrespeitadas, o 
preso sofre principalmente com a prática de torturas e de agressões físicas. Essas 
agressões geralmente partem tanto dos outros presos como dos próprios agentes da 
administração prisional. (ASSIS, 2007) 
Os abusos e as agressões cometidas por agentes penitenciários e por policiais 
ocorre de forma acentuada principalmente após a ocorrência de rebeliões ou 
tentativas de fuga. Após serem dominados, os amotinados sofrem a chamada 
“correição”, que nada mais é do que o espancamento que acontece após a contenção 
dessas insurreições, o qual tem a natureza de castigo. Muitas vezes esse 
espancamento extrapola e termina em execução, como no caso que não poderia 
deixar de ser citado do “massacre” do Carandiru, em São Paulo, no ano 1992, no qual 
oficialmente foram executados 111 presos. (ASSIS, 2007) 
O despreparo e a desqualificação desses agentes fazem com que eles 
consigam conter os motins e rebeliões carcerárias somente por meio da violência, 
cometendo vários abusos e impondo aos presos uma espécie de “disciplina 
carcerária” que não está prevista em lei, sendo que na maioria das vezes esses 
agentes acabam não sendo responsabilizados por seus atos e permanecem impunes. 
Entre os próprios presos a prática de atos violentos e a impunidade ocorrem de 
forma ainda mais exacerbada. A ocorrência de homicídios, abusos sexuais, 
espancamentos e extorsões são uma prática comum por parte dos presos que já estão 
mais “criminalizados” dentro da ambiente da prisão e que, emrazão disso, exercem 
um domínio sobre os demais presos, que acabam subordinados a essa hierarquia 
paralela. Contribui para esse quadro o fato de não serem separados os marginais 
contumazes e sentenciados a longas penas dos condenados primários. 
Os presos que detém esses poder paralelo dentro da prisão, não são 
denunciados e, na maioria das vezes também permanecem impunes em relação a 
suas atitudes. Isso pelo fato de que, dentro da prisão, além da “lei do mais forte” 
também impera a “lei do silêncio”. (ASSIS, 2007) 
Outra violação cometida é a demora em se conceder os benefícios àqueles que 
já fazem jus à progressão de regime ou de serem colocados em liberdade os presos 
 
17 
 
que já saldaram o cômputo de sua pena. Essa situação decorre da própria negligência 
e ineficiência dos órgãos responsáveis pela execução penal, o que constitui-se num 
constrangimento ilegal por parte dessas autoridades, e que pode ensejar inclusive 
uma responsabilidade civil por parte de Estado pelo fato de manter o indivíduo 
encarcerado de forma excessiva e ilegal. 
Somam-se a esses itens o problema dos presos que estão cumprindo pena nos 
distritos policias (devido à falta de vagas nas penitenciárias), que são 
estabelecimentos inadequados para essa finalidade, e que, por conta disso, acabam 
sendo tolhidos de vários de seus direitos, dentre eles o de trabalhar, a fim de que 
possam ter sua pena remida, e também de auferir uma determinada renda e ainda 
evitar que venham a perder sua capacidade laborativa. (ASSIS, 2007) 
O que se pretende ao garantir que sejam asseguradas aos presos as garantias 
previstas em lei durante o cumprimento de sua pena privativa de liberdade não é o de 
tornar a prisão num ambiente agradável e cômodo ao seu convívio, tirando dessa 
forma até mesmo o caráter retributivo da pena de prisão. No entanto, enquanto o 
Estado e a própria sociedade continuarem negligenciando a situação do preso e 
tratando as prisões como um depósito de lixo humano e de seres inservíveis para o 
convívio em sociedade, não apenas a situação carcerária, mas o problema de 
segurança pública e da criminalidade como um todo tende apenas a agravar-se. 
A sociedade não pode esquecer que 95% do contingente carcerário, ou seja, a 
sua esmagadora maioria, é oriunda da classe dos excluídos sociais, pobres, 
desempregados e analfabetos, que, de certa forma, na maioria das vezes, foram 
“empurrados” ao crime por não terem tido melhores oportunidades sociais. Há de se 
lembrar também que o preso que hoje sofre essas penúrias dentro do ambiente 
prisional será o cidadão que dentro em pouco, estará de volta ao convívio social, junto 
novamente ao seio dessa própria sociedade. 
Mais uma vez cabe ressaltar que o que se pretende com a efetivação e 
aplicação das garantias legais e constitucionais na execução da pena, assim como o 
respeito aos direitos do preso, é que seja respeitado e cumprido o princípio da 
legalidade, corolário do nosso Estado Democrático de Direito, tendo como objetivo 
maior o de se instrumentalizar a função ressocializadora da pena privativa de 
liberdade, no intuito de reintegrar o recluso ao meio social, visando assim obter a 
pacificação social, premissa maior do Direito Penal. (ASSIS, 2007) 
 
18 
 
3 PENAS ALTERNATIVAS 
 
Fonte: www.cnj.jus.br 
Outra dimensão que merece destaque é a concepção de senso comum 
disseminada na sociedade brasileira, de que as penas alternativas não são “penas”, 
pois os infratores continuam em “liberdade” agindo ao seu bel prazer e cometendo 
novos delitos. Esse modo de ver as penas alternativas pode ser fruto de uma cultura 
autoritária enraizada na sociedade brasileira que não consegue pensar formas 
alternativas de punição que não seja manter o indivíduo atrás das grades. 
No Brasil, apenas no Código Penal de 1984 é que as penas alternativas surgem 
como penas autônomas, pois até então, no ordenamento jurídico brasileiro, somente 
com a Lei 6416/77 é que nossos legisladores esboçam alguma preocupação em 
reservar a prisão somente para delitos mais graves, sendo que os principais avanços 
advindos com esta reforma foram a instituição dos regimes de prisão (aberto, 
semiaberto e fechado) e uma maior amplitude à concessão do sursis e do livramento 
condicional. 
As penas alternativas são destinadas aos criminosos não perigosos e às 
infrações de menor gravidade, visando substituir as penas detentivas de curta 
duração. Elas podem substituir as penas privativas de liberdade quando imposta na 
sentença condenatória por crime doloso (aquele em que há intenção de se atingir o 
 
19 
 
resultado, ou em que, pelo menos, é assumido o risco de produzi-lo) não for superior 
a 4 anos. 
Dentre as penas alternativas pode-se citar as Restritivas de Direitos, previstas 
nos arts. 32 43 a 48 do Código Penal. Também podem ser adotadas outras formas de 
sanção, como as penas intimidatórias, vexaminosas e patrimoniais, como: confisco, 
expropriação, multa, desterro, liberdade vigiada e proibição de frequentar 
determinados lugares. 
Os crimes sujeitos às penas alternativas são: pequenos furtos, apropriação 
indébita, estelionato, acidentes de trânsito, desacato à autoridade, uso de drogas, 
lesões corporais leves e outras infrações de menor gravidade. Com o advento da Lei 
9.714/98, as penas alternativas são: 
 Prestação pecuniária; 
 Perda de bens e valores pertencentes ao condenado em favor do Fundo 
Penitenciário Nacional; 
 Prestação de serviço à comunidade ou a entidade pública; 
 Proibição de exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de 
mandato eletivo; 
 Proibição de exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de 
habilitação oficial, de licença ou autorização do Poder Público; 
 Suspensão de autorização ou habilitação para dirigir veículos; 
 Proibição de frequentar determinados lugares; 
 Limitação de fim de semana ou “prisão descontínua”; 
 Multa; 
 Prestação inominada. 
3.1 Espécies de Penas Alternativas 
3.1.1 Código Penal 
Art. 43 - As penas restritivas de Direito são: 
I - Prestação Pecuniária (PP); 
II - Perda de bens e Valores (PBV);I 
II - (vetado); 
 
20 
 
IV - Prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas (PSC) 
V - Interdição temporária de direitos (ITD);VI - limitação de fim de semana 
(LFS); 
3.1.2 Legislação pertinente 
Constituição da República Federativa do Brasil Código Penal (Artigos 
Específicos) 
Lei de Execução Penal Nº 7.210/84Lei Institui os Juizados Especiais Criminais 
Nº 9.099/95 Lei Institui as Penas Restritivas de Direito Nº 9.714/98 
3.1.3 Lei nº 11.340/06 (Lei Maria da Penha) 
Art. 17 - É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar 
contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem 
como a substituição de pena que implique o pagamento isolado de multa. 
É possível a aplicação da pena alternativa substitutiva, quando a pena aplicada 
não exceder a quatro anos, desde que presentes os demais requisitos do artigo 44 do 
Código Penal. 
3.1.4 Lei nº 11.343/06 (Lei Antidrogas) 
Art. 28 - Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transporta ou trouxer 
consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar será submetido as seguintes penas: 
I - advertência sobre os efeitos das drogas; 
II - prestação de serviços à comunidade (PSC); 
III - medida educativa de comparecimento à programa ou curso educativo (ME). 
3.1.5 Lei nº 9.605/98 (Lei Crime Ambiental) 
A lei que define os crimes ambientais apresenta novas alternativas penais. 
Assim temos a figura do recolhimento domiciliar e a suspensão parcial ou total de 
atividade. 
 
21 
 
3.1.6 Lei nº 9.503/97 (Código de Trânsito) 
O Código Brasileiro de Trânsito (CNT), quando define os delitos, apresenta 
algumas situações em que a pena alternativa aparece não em caráter substitutivo mas 
cumulativo com aprivativa de liberdade. É o caso do homicídio culposo, onde temos 
além da pena privativa que pode ser de detenção de 02 a 04 anos de detenção e a 
pena restritiva de direito na modalidade de suspensão ou proibição de obter a 
permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor (Artigo 302). 
4 MEDIDAS ALTERNATIVAS À PRISÃO 
 
Fonte: www.blogdoantoniomartins.com 
As penas e medida alternativa, a partir de 2000, passaram a ser tratadas pelo 
Poder Executivo brasileiro como uma política pública criminal, fomentada pelo 
Departamento Penitenciário Nacional, com base nas diretrizes definidas pelo 
Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária e pela Comissão Nacional de 
Penas e Medidas Alternativas, colegiados do Ministério da Justiça. (DE ALENCAR,2008) 
As penas e medidas alternativas, atualmente conhecidas por “alternativas 
penais”, foram sendo progressivamente fortalecidas como uma estratégia de superar 
o simplismo que clama “prisão para todos os envolvidos” e buscar meios mais 
inteligentes de resolver os conflitos sociais. Quinze anos depois, no entanto, a 
 
22 
 
população prisional do Brasil mais que dobrou, e espera-se um número ainda maior 
de pessoas cumprindo alternativas. 
A regulamentação da administração do sistema de justiça criminal das 
alternativas à prisão depende do reconhecimento do Poder Executivo como o 
ambiente responsável pela institucionalização do monitoramento deste sistema penal, 
através da estruturação de suporte técnico-operacional disponibilizados aos Juízos de 
Execução das Penas e Medidas Alternativas e aos Ministérios Públicos para viabilizar 
a fiscalização do cumprimento da determinação judicial; e, na mesma proporção, às 
Defensorias Públicas para assegurar a defesa frente aos incidentes da execução. (DE 
ALENCAR,2008) 
Existem duas formas de se evitar ou interromper o cumprimento da pena 
privativa de liberdade: a suspensão condicional da pena e o livramento condicional. 
Verificados determinados requisitos objetivos e subjetivos, são impostas condições ao 
condenado por um período de tempo determinado que, se cumpridas, extinguem a 
pena privativa de liberdade. (MENDES 2014) 
Desta forma, ao captar, cadastrar e capacitar à rede social, o Poder Executivo 
cria um sistema integrado de monitoramento das penas e medidas alternativas que se 
materializam através das vagas e serviços oferecidos ao cumpridor da sanção penal 
voltados para sua reintegração social, como demonstra o quadro a seguir: 
 
23 
 
 
Fonte: Mendes, 2014 
4.1 Suspensão Condicional Da Pena 
O sursis, como é chamado, impede a execução da pena de prisão, por isso é 
aplicada entre a sentença condenatória e o cumprimento da pena. Tem como 
pressuposto a impossibilidade de conversão da pena privativa de liberdade em 
restritiva de direitos e por isso não se aplica a pena restritiva de direitos e a multa. 
(MENDES 2014) 
Os requisitos gerais para a concessão do sursis são: 
a) Objetivos: a execução de pena não superior a 2 anos, poderá ser suspensa 
pelo prazo de 2 a 4 anos (art.77, caput CP); 
b) Subjetivos: o condenado não ser reincidente em crime doloso e as 
circunstâncias judiciais serem favoráveis: culpabilidade, antecedentes, conduta social, 
personalidade, motivos e circunstâncias do crime (art.77, I e II CP). 
As condições a que o condenado deverá se sujeitar são a prestação de serviços 
à comunidade e a limitação de fim de semana, que podem ser substituídas, casos as 
 
24 
 
circunstâncias sejam inteiramente favoráveis por outras restrições mais brandas 
(art.78 CP). 
Existem duas modalidades especiais de sursis, denominados por Cezar 
Roberto Bittencourt de etário e humanitário. Ambos preveem a suspensão condicional 
de pena não superior a 4 anos, pelo prazo de 4 a 6 anos. No sursis etário, ao 
condenado maior de 70 anos de idade. Já o sursis humanitário, por razões de saúde 
que justifiquem a suspensão (art.77, §2° CP). 
O descumprimento das condições de suspensão pode gerar a revogação. A 
revogação é obrigatória quando: a) é condenado, em sentença irrecorrível, por crime 
doloso; b) não efetua sem motivo justificado a reparação do dano; c) descumpre as 
condições de prestação de serviço à comunidade e limitação de fi m de semana 
(art.81, I, II, III CP). O não pagamento da multa, por ser dívida de valor, não gera a 
prisão. Caso o condenado responda a processo por outro crime ou contravenção, o 
prazo é prorrogado até o julgamento definitivo (art.81, §2°).(MENDES 2014) 
Na condenação por crime culposo ou contravenção e no descumprimento de 
outras condições impostas na suspensão a revogação é facultativa (art.81, §1° CP). 
Nesse caso, o juiz pode ao invés de decretar a revogação prorrogar o prazo da 
suspensão condicional até o máximo (ex. em vez de revogar uma suspensão com 
prazo de 3 anos, prorrogá-la pra 4 anos). Cumprido o prazo sem revogação a pena é 
extinta (art.82 CP). A suspensão condicional da pena perdeu aplicabilidade com a 
ampliação da possibilidade de substituição da pena privativa de liberdade por restritiva 
de direitos, abrangendo poucas hipóteses, já que o limite objetivo de 4 anos é comum 
a ambos os institutos e a aplicação da pena restritiva de direitos precede a de 
suspensão condicional da pena. (MENDES 2014) 
4.2 Livramento Condicional 
É a interrupção da fase final de cumprimento da pena de prisão igual ou 
superior a 2 anos, em que o preso tem sua liberdade condicionada a determinações 
previstas na decisão de concessão (v. art.132 LEP). Para fazer jus ao livramento, deve 
o condenado reparar o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo. O pedido de concessão 
do livramento requer o preenchimento de elemento subjetivo (comportamento) e 
objetivo (tempo): 
 
25 
 
a) Subjetivo: bom comportamento carcerário verificado pela ausência de 
prática de falta disciplinar e, nos casos de violência e ameaça à pessoa, 
constatado que o liberado não voltará a delinquir, critério criticado pela 
doutrina (art.83, III e parágrafo único CP); 
b) b) Objetivo: se refere ao prazo para a concessão do livramento que são 
respectivamente: 1) de 1/3 da pena para o primário; 2) ½ para o reincidente 
em crime doloso; 3) 2/3 para o condenado em crime hediondo ou 
equiparado, não sendo passível de liberação antecipada o reincidente em 
crimes dessa natureza (art.83, I, II e V CP, v. crimes hediondos em art.2° da 
L.8072/90). 
c) A revogação é obrigatória em caso de condenação definitiva e facultativa 
em caso de condenação por contravenção ou que implique pena diferente 
da privativa de liberdade; e quando descumprida as condições do livramento 
(art. 86 e 87 CP). 
d) Caso a condenação seja por crime anterior ao período de prova (tempo do 
cumprimento do livramento condicional), as penas se somam para 
contagem de novo prazo e são descontados os dias em liberdade. Se a 
condenação é por crime cometido durante o período de prova, não se 
desconta os dias em liberdade e o condenado não pode mais obter o 
livramento condicional pelo mesmo crime (art. 86 e 88 CP). A pena se 
extingue com o término do livramento não revogado (art.90 CP). 
4.3 Dos Incidentes Da Execução - Da Suspensão Condicional Da Pena 
Segundo o Código Penal, descreve-se as seguintes leis: 
 Art. 710. O livramento condicional poderá ser concedido ao condenado a pena 
privativa da liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que se verifiquem as 
condições seguintes: (Redação dada pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977) 
I - cumprimento de mais da metade da pena, ou mais de três quartos, se 
reincidente o sentenciado; (Redação dada pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977) 
II - ausência ou cessação de periculosidade; 
III - bom comportamento durante a vida carcerária; 
IV - aptidão para prover à própria subsistência mediante trabalho honesto; 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6416.htm#art710
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6416.htm#art71026 
 
V - reparação do dano causado pela infração, salvo impossibilidade de fazê-
lo. (Redação dada pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977) 
Art. 711. As penas que correspondem a infrações diversas podem somar-se, 
para efeito do livramento. (Redação dada pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977) 
Art. 712. O livramento condicional poderá ser concedido mediante requerimento 
do sentenciado, de seu cônjuge ou de parente em linha reta, ou por proposta do diretor 
do estabelecimento penal, ou por iniciativa do Conselho 
Penitenciário. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 6.109, de 16.12.1943) 
Art. 713. As condições de admissibilidade, conveniência e oportunidade da 
concessão do livramento serão verificadas pelo Conselho Penitenciário, a cujo 
parecer não ficará, entretanto, adstrito o juiz. 
Art. 714. O diretor do estabelecimento penal remeterá ao Conselho 
Penitenciário minucioso relatório sobre: 
I - o caráter do sentenciado, revelado pelos seus antecedentes e conduta na 
prisão; 
II - o procedimento do liberando na prisão, sua aplicação ao trabalho e seu trato 
com os companheiros e funcionários do estabelecimento; 
III - suas relações, quer com a família, quer com estranhos; 
IV - seu grau de instrução e aptidão profissional, com a indicação dos serviços 
em que haja sido empregado e da especialização anterior ou adquirida na prisão; 
V - sua situação financeira, e seus propósitos quanto ao seu futuro meio de 
vida, juntando o diretor, quando dada por pessoa idônea, promessa escrita de 
colocação do liberando, com indicação do serviço e do salário. 
Parágrafo único. O relatório será, dentro do prazo de quinze dias, remetido ao 
Conselho, com o prontuário do sentenciado, e, na falta, o Conselho opinará 
livremente, comunicando à autoridade competente a omissão do diretor da prisão. 
Art. 715. Se tiver sido imposta medida de segurança detentiva, o livramento 
não poderá ser concedido sem que se verifique, mediante exame das condições do 
sentenciado, a cessação da periculosidade. 
Parágrafo único. Consistindo a medida de segurança em internação em casa 
de custódia e tratamento, proceder-se-á a exame mental do sentenciado. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6416.htm#art710
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6416.htm#art711
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/1937-1946/Del6109.htm#art712
 
27 
 
Art. 716. A petição ou a proposta de livramento será remetida ao juiz ou ao 
tribunal por ofício do presidente do Conselho Penitenciário, com a cópia do respectivo 
parecer e do relatório do diretor da prisão. 
§ 1o Para emitir parecer, o Conselho poderá determinar diligências e requisitar 
os autos do processo. 
§ 2o O juiz ou o tribunal mandará juntar a petição ou a proposta, com o ofício 
ou documento que a acompanhar, aos autos do processo, e proferirá sua decisão, 
previamente ouvido o Ministério Público. 
Art. 717. Na ausência da condição prevista no art. 710, I, o requerimento será 
liminarmente indeferido. (Redação dada pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977) 
Art. 718. Deferido o pedido, o juiz, ao especificar as condições a que ficará 
subordinado o livramento, atenderá ao disposto no art. 698, §§ 1o, 2o e 
5o. (Redação dada pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977) 
§ 1o Se for permitido ao liberado residir fora da jurisdição do juiz da execução, 
remeter-se-á cópia da sentença do livramento à autoridade judiciária do lugar para 
onde ele se houver transferido, e à entidade de observação cautelar e 
proteção. (Redação dada pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977) 
§ 2o O liberado será advertido da obrigação de apresentar-se imediatamente à 
autoridade judiciária e à entidade de observação cautelar e 
proteção. Redação dada pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977) 
Art. 719. O livramento ficará também subordinado à obrigação de pagamento 
das custas do processo e da taxa penitenciária, salvo caso de insolvência 
comprovada. 
Parágrafo único. O juiz poderá fixar o prazo para o pagamento integral ou em 
prestações, tendo em consideração as condições econômicas ou profissionais do 
liberado. 
Art. 720. A forma de pagamento da multa, ainda não paga pelo liberando, será 
determinada de acordo com o disposto no art. 688. 
Art. 721. Reformada a sentença denegatória do livramento, os autos baixarão 
ao juiz da primeira instância, a fim de que determine as condições que devam ser 
impostas ao liberando. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689.htm#art710
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6416.htm#art717
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689.htm#art698
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689.htm#art698
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6416.htm#art718
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6416.htm#art718
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6416.htm#art718
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689.htm#art688
 
28 
 
Art. 722. Concedido o livramento, será expedida carta de guia, com a cópia 
integral da sentença em duas vias, remetendo-se uma ao diretor do estabelecimento 
penal e outra ao presidente do Conselho Penitenciário. 
Art. 723. A cerimônia do livramento condicional será realizada solenemente, 
em dia marcado pela autoridade que deva presidi-la, observando-se o seguinte: 
I - a sentença será lida ao liberando, na presença dos demais presos, salvo 
motivo relevante, pelo presidente do Conselho Penitenciário, ou pelo seu 
representante junto ao estabelecimento penal, ou, na falta, pela autoridade judiciária 
local; 
II - o diretor do estabelecimento penal chamará a atenção do liberando para as 
condições impostas na sentença de livramento; 
III - o preso declarará se aceita as condições. 
§ 1o De tudo, em livro próprio, se lavrará termo, subscrito por quem presidir a 
cerimônia, e pelo liberando, ou alguém a seu rogo, se não souber ou não puder 
escrever. 
§ 2o Desse termo, se remeterá cópia ao juiz do processo. 
Art. 724. Ao sair da prisão o liberado, ser-lhe-á entregue, além do saldo do seu 
pecúlio e do que Ihe pertencer, uma caderneta que exibirá à autoridade judiciária ou 
administrativa sempre que Ihe for exigido. Essa caderneta conterá: 
I - a reprodução da ficha de identidade, ou o retrato do liberado, sua 
qualificação e sinais característicos; 
II - o texto impresso dos artigos do presente capítulo; 
III - as condições impostas ao liberado; 
IV - a pena acessória a que esteja sujeito. (Incluído pela Lei nº 6.416, 
de 24.5.1977) 
§ 1o Na falta de caderneta, será entregue ao liberado um salvo-conduto, em 
que constem as condições do livramento e a pena acessória, podendo substituir-se a 
ficha de identidade ou o retrato do liberado pela descrição dos sinais que possam 
identificá-lo. (Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977) 
§ 2o Na caderneta e no salvo-conduto deve haver espaço para consignar o 
cumprimento das condições referidas no art. 718. (Incluído pela Lei nº 6.416, 
de 24.5.1977) 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6416.htm#art724iv
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6416.htm#art724iv
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6416.htm#art724iv
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689.htm#art718
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6416.htm#art724iv
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6416.htm#art724iv
 
29 
 
Art. 725. A observação cautelar e proteção realizadas por serviço social 
penitenciário, patronato, conselho de comunidade ou entidades similares, terá a 
finalidade de: (Redação dada pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977) 
I - fazer observar o cumprimento da pena acessória, bem como das condições 
especificadas na sentença concessiva do benefício; (Redação dada pela Lei 
nº 6.416, de 24.5.1977) 
II - proteger o beneficiário, orientando-o na execução de suas obrigações e 
auxiliando-ona obtenção de atividade laborativa. (Redação dada pela Lei nº 
6.416, de 24.5.1977) 
Parágrafo único. As entidades encarregadas de observação cautelar e 
proteção do liberado apresentarão relatório ao Conselho Penitenciário, para efeito da 
representação prevista nos arts. 730 e 731. (Redação dada pela Lei nº 6.416, 
de 24.5.1977) 
Art. 726. Revogar-se-á o livramento condicional, se o liberado vier, por crime 
ou contravenção, a ser condenado por sentença irrecorrível a pena privativa de 
liberdade. 
Art. 727. O juiz pode, também, revogar o livramento, se o liberado deixar de 
cumprir qualquer das obrigações constantes da sentença, de observar proibições 
inerentes à pena acessória ou for irrecorrivelmente condenado, por crime, à pena que 
não seja privativa da liberdade. (Redação dada pela Lei nº 6.416, de 
24.5.1977) 
Parágrafo único. Se o juiz não revogar o livramento, deverá advertir o liberado 
ou exacerbar as condições. (Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977) 
Art. 728. Se a revogação for motivada por infração penal anterior à vigência do 
livramento, computar-se-á no tempo da pena o período em que esteve solto o liberado, 
sendo permitida, para a concessão de novo livramento, a soma do tempo das duas 
penas. 
Art. 729. No caso de revogação por outro motivo, não se computará na pena o 
tempo em que esteve solto o liberado, e tampouco se concederá, em relação à mesma 
pena, novo livramento. 
Art. 730. A revogação do livramento será decretada mediante representação do 
Conselho Penitenciário, ou a requerimento do Ministério Público, ou de ofício, pelo 
juiz, que, antes, ouvirá o liberado, podendo ordenar diligências e permitir a produção 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6416.htm#art725
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6416.htm#art725
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6416.htm#art725
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6416.htm#art725
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6416.htm#art725
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689.htm#art730
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6416.htm#art725
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6416.htm#art725
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6416.htm#art727
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6416.htm#art727
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6416.htm#art727
 
30 
 
de prova, no prazo de cinco dias. (Redação dada pela Lei nº 6.416, de 
24.5.1977) 
Art. 731. O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público, ou mediante 
representação do Conselho Penitenciário, poderá modificar as condições ou normas 
de conduta especificadas na sentença, devendo a respectiva decisão ser lida ao 
liberado por uma das autoridades ou por um dos funcionários indicados no inciso I do 
art. 723, observado o disposto nos incisos II e III, e §§ 1o e 2o do mesmo 
artigo. (Redação dada pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977) 
Art. 732. Praticada pelo liberado nova infração, o juiz ou o tribunal poderá 
ordenar a sua prisão, ouvido o Conselho Penitenciário, suspendendo o curso do 
livramento condicional, cuja revogação ficará, entretanto, dependendo da decisão final 
no novo processo. 
Art. 733. O juiz, de ofício, ou a requerimento do interessado, do Ministério 
Público, ou do Conselho Penitenciário, julgará extinta a pena privativa de liberdade, 
se expirar o prazo do livramento sem revogação, ou na hipótese do artigo anterior, for 
o liberado absolvido por sentença irrecorrível. 
5 DOSIMETRIA DA PENA 
A dosimetria da pena, em verdade é o momento de maior importância ao 
aplicador do Direito Penal e Processual Penal, é nessa ocasião que o julgador, 
revestido do poder jurisdicional que o Estado lhe confere, comina ao indivíduo 
criminoso, a sanção que reflete a reprovação estatal do crime cometido, através da 
pena imposta, objetivando com isso a prevenção do crime e sua correção. E é por 
intermédio desta punição que o Estado, legítimo detentor do jus puniendi, exteriora e 
concretiza a reprovação do ato praticado. 
A parte especial do Código Penal Brasileiro, especifica as penas em um limite 
abstrato, um mínimo e um máximo, aplicável ao agente no delito cometido, a 
dosimetria da pena é uma metodologia que tem a função de quantificar um valor exato 
deste limite abstrato. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6416.htm#art730
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6416.htm#art730
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689.htm#art723
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689.htm#art723
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689.htm#art723
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689.htm#art723
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6416.htm#art731
 
31 
 
Os elementos do Direito Penal vão se ajustando ao tempo em que a sociedade 
se transforma, certo que não em sua velocidade, geralmente iniciam-se pelas 
jurisprudências dos tribunais. 
Antes da reforma do Código Penal Brasileiro, em 1984, com edição na lei 
7.209/84, o sistema de aplicação da pena era o chamado bifásico, onde o magistrado, 
ao aplicar a pena, analisava em uma primeira etapa simultaneamente as 
circunstâncias judiciais, atenuantes e agravantes, fixando a partir daí a pena base, e 
em uma segunda etapa só pesava as causas de aumento e de diminuição da pena, 
fixando a pena definitiva. 
Depois da reforma, a fixação da pena passou a ser feita em três etapas ou 
fases, também conhecido como método de Hungria, consolidado no artigo 68, caput 
do Código Penal Brasileiro. 
Consiste em três operações sucessivas, sendo a primeira de fixação da pena 
fundamental ou base, levando-se em conta o artigo 59 do Código Penal Brasileiro, 
neste artigo o magistrado deve considerar os oito fatores relacionados: culpabilidade, 
antecedentes, conduta social, personalidade, motivos, consequências e 
circunstâncias do crime e o comportamento da vítima. 
Na segunda operação são apreciadas as circunstâncias legais, previstas no 
artigo 61, 62, 65 e 66 do Código Penal Brasileiro, que são aplicadas sobre a pena 
previamente estabelecida. 
Por último são consideradas as causas especiais de aumento ou diminuição da 
pena, aplicadas sobre o resultado a que se chegou na segunda fase, estas ora vem 
elencadas na parte especial, ora na parte geral. 
Há o caso de uma mesma circunstância ser incidente em mais de uma fase na 
dosimetria da pena, assim deverá o magistrado utilizá-la uma única vez e na última 
fase em que couber. Desse modo, por exemplo, se o agente comete o crime de 
estupro contra sua própria filha, a agravante legal do artigo 61, II, alínea e, do Código 
Penal Brasileiro, será desconsiderada face a ocorrência da causa especial de 
aumento de pena do artigo 226, II, do Código Penal Brasileiro. 
Em outra hipótese, em se tratando do réu reincidente, esta circunstância, não 
poderá incidir a título de antecedentes para fins do artigo 59, do Código Penal 
Brasileiro, mas tão somente como circunstância legal na segunda fase da dosimetria 
da pena, artigo 61, I, do Código Penal Brasileiro. 
 
32 
 
O ponto de partida para a fixação da pena base, embora Hungria estabelece o 
termo médio entre a pena mínima e máxima, a jurisprudência modernamente adotou 
o mínimo legal como termo inicial. 
Ao estipular a pena base o magistrado deverá fundamentar cada fator, na 
doutrina moderna é ponto pacífico que o réu tem direito de saber das razões que 
levaram o juiz a graduação de determinada pena. Os tribunais de justiça tem 
entendido que a simples referência do artigo 59, do Código Penal Brasileiro, não supre 
a exigência. 
5.1 Dosimetria das penas na individualização da reprimenda estatal. 
A dosimetria da pena encontra-se prevista no Título II, Capítulo III, arts. 59 a 76 
do Código Penal (Decreto-lei 2.848, de 07.12.1940) e intitula-se "DA APLICAÇÃO DA 
PENA". No art. 68, "caput" e seu parágrafoúnico, estão às regras com as quais deverá 
o juiz proceder à dosagem da pena a ser cominada ao condenado. 
No primeiro momento, é realizado o cálculo da pena-base. O juiz, valendo-se 
dos critérios estabelecidos no art. 59 do CP, estabelecerá, de acordo com o que julgar 
necessário para a reprovação e prevenção do crime, a pena-base. Os critérios 
previstos no mencionado artigo são chamados de circunstâncias judiciais. A 
culpabilidade é a circunstâncias judicial preponderante, em conformidade ao princípio 
do nullo poena sine culpa, destacando-se que nenhumas das outras circunstâncias 
poderá ser utilizada para acréscimo da pena além dos limites determinados pela 
culpabilidade. 
A dosimetria da pena é para muitos doutrinadores um momento de maior 
importância ao aplicador do Direito Penal e Processual Penal é nesse momento que 
o julgador como o poder adquirido pelo Estado comina ao indivíduo criminoso, a 
sanção que para ele e seguindo critérios legais, reflete a reprovação estatal do crime 
cometido, por intermédio de uma pena imposta, cujo propósito seria a prevenção do 
crime e sua correção. E é por meio dessa punição que o Estado-Juiz, legítimo detentor 
do jus puniendi, exteriora e concretiza a reprovação do ato praticado. 
Após a definição da pena-base, ocorre o segundo momento da dosimetria da 
pena, na qual é calculada a pena provisória. Sobre a pena base, o juiz fará incidirem 
as circunstâncias atenuantes e agravantes, previstas nos artigos 62, 62, 65 e 66 do 
 
33 
 
Código Penal, ressaltando-se que o máximo e mínimo legais estabelecidos em lei não 
podem ser ultrapassados neste segundo momento. 
5.2 Para que serve a dosimetria da pena. 
É o momento processual no qual o juiz com o poder jurisdicional que o estado 
lhe confere ao indivíduo criminoso a sanção que para ele e seguido critérios legais, 
reflete a reprovação estatal do crime cometido, por intermédio de uma pena imposta, 
cujo propósito seria a prevenção do crime e sua correção. E é por meio dessa punição 
que o Estado – Juiz jus puniend exteoriza e concretiza a reprovação do ato praticado. 
5.3 Conceito de Pena 
A palavra sentença deriva, etimologicamente, do latim sentire, dando a ideia de 
que através da sentença o Juiz declara o que sente. Já a palavra decidir, em sua 
origem latina, vem de decadere, cortar o nó, extinguir o ponto de discórdia, acabar 
com a controvérsia. 
5.4 Tipos de pena 
5.4.1 Pena de Multa 
A pena de multa ou patrimonial opera uma diminuição do patrimônio do 
indivíduo delituoso, em nosso Direito Penal, figura como pena pecuniária, apenas de 
multa (artigo 5º, XLVII, alínea c da Constituição Federal e artigo 49 do Código Penal 
Brasileiro). Consiste no pagamento, ao fundo penitenciário da quantia fixada na 
sentença e calculada em dias multa, conforme artigo 49, caput do Código Penal 
Brasileiro. O sistema de cominação da multa penal subdivide-se em três: 
a) Clássico (multa total): Previsão legal dos limites mínimo e máximo da multa 
a ser individualizada pelo juiz de acordo com a gravidade da infração e a situação 
econômica da réu. 
b) Temporal: fixação da multa em número preciso de dias, semanas ou meses 
correspondentes a cada delito, cabendo ao magistrado determinar a quantia 
 
34 
 
equivalente a cada tipo conforme as condições pessoais e econômicas do autor e fixar 
prazos de pagamento. 
c) Dias – Multa: A pena de multa penal, resulta da multiplicação do número de 
dias – multa, fixados segundo a gravidade da infração pela cifra que represente a taxa 
diária variável de acordo com a situação econômica do condenado. A determinação 
do número de dias – multa é determinada entre o mínimo de 10 e o máximo de 360, 
observando a gravidade do fato e a culpabilidade do autor. O valor da multa é 
determinado segundo as condições econômicas do réu (artigo 60 caput do Código 
Penal Brasileiro), não podendo aquele ser inferior a um trigésimo do maior salário 
mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a cinco vezes esse salário 
(artigo 49, parágrafo 1º do Código Penal Brasileiro). Assim observa-se que a pena de 
multa passa apenas por duas fases. 
5.4.2 Pena privativa de liberdade 
A pena privativa de liberdade é aquela que restringe, com maior ou menor 
intensidade, a liberdade do condenado, consistente em permanecer em algum 
estabelecimento prisional, por um determinado tempo. São duas as penas privativas 
de liberdade: Reclusão e Detenção. A primeira, a mais grave, compreende seu 
cumprimento em três regimes: fechado, semiaberto e aberto; a segunda comporta 
apenas dois regimes: semiaberto e aberto, salvo necessidade de transferência a 
regime fechado. Todas previstas e impostas na conformidade da gravidade do crime. 
A pena privativa de liberdade é cumprida em regime progressivo. É um 
programa gradual de cumprimento da privação da liberdade, por fase ou etapas. A 
fase inicial caracteriza-se pelo intenso controle do interno, assim como pelo seu 
regime muito estrito em relação a condições materiais e liberdade de movimentos. A 
última etapa é o regime aberto. Passa-se de uma fase para outra conforme as 
condutas e as respostas mais socializadas do recluso. 
Este sistema contribui para uma melhoria sensível da motivação dos internos 
em tarefas formativas, culturais e escolares. Pelo caráter retributivo a pena deve recair 
sobre quem praticou o crime e somente sobre ele. Deve guardar uma proporção com 
o delito (proporcionalidade penal), não se pune, igualmente, o furto e o homicídio. 
A pena de prisão não tem correspondido às esperanças de cumprimento, com 
finalidade de recuperação do delinquente, pois é praticamente impossível a 
 
35 
 
ressocialização de alguém que se encontre preso, quando vive em uma comunidade 
cujos valores são totalmente distintos daqueles que em liberdade deverá obedecer, 
isso sem falar na decadência que há em nosso sistema prisional. 
5.4.3 Pena restritiva de direitos. 
As penas restritivas de direitos são alternativas encontradas para a pena 
privativa de liberdade. Diante da falência da pena privativa de liberdade, 
modernamente procura-se substitutos penais, ao menos para os crimes com menor 
potencial agressivo e aos criminosos que o encarceramento não é aconselhável. 
Quanto a sua aplicabilidade subdividem-se em: 
a) Únicos - Quando existe uma só pena e não há qualquer opção para o 
julgador. 
b) Conjuntas - Nas quais se aplicam duas ou mais penas - prisão e multa - ou 
uma pressupõe a outra (prisão com trabalhos forçados). 
c) Paralelas - Quando se pode escolher entre duas formas de aplicação da 
mesma espécie de pena (reclusão ou detenção). 
d) Alternativas – Quando se pode eleger entre penas de natureza diversas 
(reclusão ou multa). 
Classificam-se em: 
I-) Prestação pecuniária – É o pagamento em dinheiro à vítima, a seus 
dependentes ou para entidade pública ou privada com destinação social. 
II-) Perda de bens e valores - É o confisco em favor do fundo penitenciário 
nacional de quantia que pode atingir até o valor referente ao prejuízo causado ou do 
proveito obtido pelo agente ou por terceiro, em consequência da prática do crime. I 
II-) Prestação de serviços à comunidade ou a entidade públicas - É a prestação 
de tarefas gratuitas do condenado, os quais são feitos em entidades assistenciais, 
hospitais, escolas, orfanatos e outros estabelecimentos congênere em programas 
comunitários ou estatais. 
IV-) Interdição temporária de direitos - São proibição de exercício de cargo, 
função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo, proibição de exercício de 
profissão, atividade ou ofício que dependam habilitação especial, de licença ou 
autorização do poder público, suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir 
veículo, proibição de frequentar determinados locais, 
 
36 
 
V-) Limitação de fins de semana - É a obrigação de permanecer aos sábados 
e domingos por cinco horas diária, em casade albergado ou outro estabelecimento 
adequado. 
5.5 Cálculo da pena 
Dentre as três fases sucessivas que compõem a dosimetria da pena, a segunda 
refere-se às circunstâncias legais agravantes e atenuantes, previstas nos artigos 
61,62,65 e 66 do Código Penal Brasileiro. Entretanto, para considerá-las, não está 
previsto uma quantidade ou “quantum” de agravação ou atenuação, situação esta que 
gera um fator de incerteza. Assim, magistrados estão involuntariamente sujeitos a 
aplicar diferentes penas a semelhantes delitos. 
Para tratamento de incertezas, Fuzzy Logic é considerada uma excelente 
técnica, sendo utilizada em diversas áreas de interesse. Sua implementação na 
Dosimetria da Pena inicia-se atribuindo o valor de importância da circunstância em 
uma função membership, que determinará o grau de pertinência deste valor ao 
subconjunto Fuzzy Set. 
Um conjunto de regras que tratarão condicionalmente da equivalência entre as 
circunstâncias. As ações das regras em conjunto com os respectivos graus de 
pertinência formarão o processo de Defuzzyficação através do método do centro de 
gravidade. O resultando deste processo será um valor exato Crisp, que representará 
o “quantum” de agravação ou atenuação da segunda fase da Dosimetria. 
6 CONCURSO DE CRIMES- EFEITOS DA CONDENAÇÃO PENAL 
6.1 Do Concurso De Crimes 
O concurso de crimes acontece quando o agente comete mais de um crime 
mediante uma ou mais ação ou omissão. No direito brasileiro, por questões de política 
criminal, cada forma de concurso tem uma maneira distinta no sistema de aplicação e 
cálculo das penas. 
 
37 
 
Os tipos de concurso admitidos no direito brasileiro são o material, que pode se 
dividir em homogêneo e heterogêneo; o formal, que pode ser dividido em próprio e 
impróprio; além do crime continuado. 
As formas adotadas para aplicação das penas a cada tipo de concurso são os 
sistemas do cúmulo material e o da exasperação, em alguns casos, também 
encontramos o cúmulo material benéfico, sendo este um desdobramento para evitar 
um prejuízo maior ao agente, sempre que o sistema de exasperação for menos 
benéfico que o cúmulo material. 
6.1.1 Concurso Material 
O concurso material de crimes acontece quando o agente comete dois ou mais 
crimes mediante mais de uma ação ou omissão. Ele pode ser tanto homogêneo, 
quando os crimes cometidos são idênticos (dois homicídios simples, por exemplo), ou 
heterogêneo, quando os crimes são de natureza diversa (Um homicídio qualificado e 
lesões corporais). Esta distinção em homogêneo e heterogêneo é apenas doutrinária, 
não importando na forma de aplicação da pena. 
Havendo concurso material, a forma de aplicação das penas será o cúmulo 
material, que é aquele onde as penas dos diversos crimes são somadas umas as 
outras, não havendo benefício ao agente. Desta forma, o agente que mediante duas 
condutas, cometeu o crime de furto simples e recebeu pena de quatro anos de 
reclusão, e um homicídio qualificado, tendo recebido pena de doze anos de reclusão, 
terá as penas destes crimes somadas para questões de cumprimento. 
Em caso as espécies de penas não sejam iguais, cumpre-se primeiro a mais 
grave, assim, a reclusão deve ser cumprida primeiro que a detenção. 
Apesar dos prazos prescricionais serem considerados individualmente para 
cada crime, o mesmo não acontece com a aplicação das penas restritivas de direitos, 
que só são permitidas, caso em um dos crimes seja permitida a concessão do sursis 
(suspensão condicional da pena). Mas caso sejam aplicadas, as penas restritivas 
serão cumpridas simultaneamente quando compatíveis, ou sucessivamente, quando 
houver incompatibilidade entre as mesmas. 
Com relação à suspensão condicional do processo, a regra é que seja feito o 
somatório das penas, se a mínima for igual ou inferior a um ano, esta será possível. 
Portanto, a aplicação não é individual. 
 
38 
 
“Art. 69 – Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica 
dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas 
privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de 
penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. 
1º – Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena 
privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será 
incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código. 
2º – Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado 
cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as 
demais”. 
Os termos ação e omissão devem ser tomados no sentido de conduta. Roubar 
quinze objetos configura quinze atos, mas só uma conduta, devendo o agente 
responder a um crime de furto. 
Para que haja concurso material, é necessário, portanto, que haja mais de uma 
conduta, tendo ele cometido, consequentemente, mais de um crime! 
Exemplo → invadir uma casa e, dentro desta, furtar objetos e cometer estupro. 
Concurso Material Homogêneo → crimes idênticos repetidos, um em 
sequência do outro, em condutas separadas. Exemplo: agente mata A, e ao notar que 
houve uma testemunha, também a mata. Duas condutas que geraram dois crimes de 
mesma figura típica. 
Concurso Material Heterogêneo → crimes diferentes em condutas diferentes, 
em sequência, pelo mesmo agente. Exemplo: invadir uma casa e, dentro desta, furtar 
objetos e cometer estupro. Três condutas que geraram três crimes diferentes uns dos 
outros. 
6.1.1.1 Aplicação da pena 
As penas são somadas. Não se pode, no entanto, ultrapassar a pena máxima 
do direito penal, que é de 30 anos. 
Se as penas forem restritivas de direitos, deve o agente, se possível, praticá-
las simultaneamente. 
Nos dois, da mesma forma, tem-se uma pluralidade de violações jurídicas. 
 
39 
 
6.1.2 Concurso Formal 
O concurso formal é aquele em que o agente mediante uma única ação ou 
omissão, comete dois ou mais crimes. Este pode se dividir em formal próprio ou 
impróprio. 
No próprio, era querido apenas um resultado, mas por erro na execução ou por 
acidente, dois ou mais são atingidos. É o exemplo do assassino que atira em seu 
inimigo, mas por ocasião o disparo além de atingi-lo, também atinge outra pessoa. 
Neste caso é utilizado o sistema da exasperação, que é quando apenas a pena de um 
dos crimes é aplicada se forem iguais, ou a maior deles se diversos, sendo em 
qualquer dos casos elevada de um sexto até metade. 
No impróprio, o agente mediante uma única ação ou omissão produz mais de 
um resultado, tendo vontade de produzi-los ou sendo indiferente quanto a estes, neste 
caso, acontece o que a doutrina chama de desígnios autônomos, que é quando se 
quer todos os resultados produzidos, mesmo a título de dolo eventual. Para que não 
torne benéfica a prática de mais de um crime por uma única ação, no concurso formal 
impróprio, é utilizado o sistema de cúmulo material das penas, o mesmo que é 
utilizado no concurso material. Havendo apenas a soma das penas aplicadas aos 
diversos crimes. 
Ainda no caso do concurso formal, quando as penas aplicadas por o sistema 
de exasperação superarem as que por ventura fossem aplicadas por o sistema do 
cúmulo material, para que o apenado não saia prejudicado, sua pena será computada 
como se desta forma fosse, este é o chamado cúmulo material benéfico. 
Exemplificando, caso o agente cometa um homicídio simples e uma lesão corporal em 
concurso formal próprio, sua pena seria a do homicídio (por ser maior) acrescida de 
um terço até metade, o que poderia, dependendo do aumento aplicado, ser maior que 
a do homicídio e das lesões corporais somadas. Assim caso a pena aplicada pelo 
sistema da exasperação seja maior que a que fosse aplicada pelo cúmulo material, 
este será o aplicado. 
O aumento de pena no concurso formal deve ser fundamentado pelo juiz, 
devendo, segundo a maioria dos doutrinadores, ser aplicado levando em 
consideração o

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