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Interações homem animal

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Interações homem-animal 
Módulo 9 
 
Objetivos de aprendizagem 
-Entender a variedade de diferentes interações que as pessoas têm com os animais 
-Conhecer as variações culturais e históricas na popularidade de animais de companhia 
-Entender os conflitos que surgem nas interações do homem com diferentes tipos de animais 
-Avaliar criticamente a evidência sobre as conexões entre crueldade e preocupação com animais e 
outras pessoas 
Sumário do conteúdo 
-Animais de companhia, animais de utilidade e animais selvagens 
-Influências culturais e históricas 
-Conflitos nas atitudes com animais 
-Educação humanitária 
-Abuso de animais 
Interações homem-animal 
Animais de companhia 
 
Animais de utilidade 
 
Animais selvagens 
 
As pessoas interagem com uma variedade de animais de várias maneiras. Os animais podem ser 
classificados em três grandes grupos, de acordo com as diferentes maneiras com que nos relacionamos 
com eles. Na maioria das vezes, diferentes espécies ocupam diferentes grupos de relacionamento, 
porém algumas espécies podem aparecer em todos os três grupos (ex.: cães de companhia, cães de 
guarda ou de pastoreio, cães selvagens ou ferais*). 
*O adjetivo feral se refere a um indivíduo membro de uma espécie animal domesticada que se reverte 
ao estado selvagem em um habitat não doméstico. 
 YOUNG, M.S. “The evolution of domestic pets and companion animals”. Veterinary Clinics of North 
America: Small Animal Practice, v. 15, p. 297-309, 1985 
Animais de companhia 
Animais de companhia são mantidos em ambientes domésticos, geralmente com o propósito de fazer 
companhia ou desempenhar papéis sociais e emocionais. A expressão “animal de estimação” é 
comumente usada para se referir a uma grande variedade de animais domésticos, apesar de que 
“animais de companhia” seja a expressão preferida por muitos pesquisadores das interações 
homem-animal por se referir diretamente à suposta função principal desses animais. A expressão 
também é usada para fugir das conotações negativas que alguns acreditam estarem implícitas no 
termo “animal de estimação”, de um animal como propriedade e sob o controle de uma pessoa em 
vez de uma relação de igualdade e companheirismo. As espécies comumente mantidas como 
animais de estimação ou companhia em muitos países são cães, gatos, coelhos, porquinhos-da-
Índia, hamsters, papagaios, periquitos, peixinhos dourados e outros peixes tropicais, insetos, 
aracnídeos, répteis e anfíbios. Algumas delas passaram por muitos anos de seleção e 
domesticação para se adaptar ao cativeiro, enquanto outras foram tiradas da vida selvagem 
recentemente. 
 
Em muitas sociedades ocidentais, a maior parte das experiências que as pessoas têm com animais se 
refere a animais de companhia. Gatos, cães e animais menores como coelhos, pássaros em 
gaiolas e peixes, são particularmente populares. 
 
 
Animais de utilidade 
Animais de utilidade são animais domésticos (ou ocasionalmente animais selvagens em cativeiro, como 
elefantes) mantidos predominantemente para finalidades práticas. Animais de produção (bovinos, 
ovinos, suínos, aves, etc), animais de experimentação (camundongos, ratos, cobaias, drosófilas, 
diferentes primatas, etc), animais de trabalho (cavalos, burros, mulas, camelos e bois de tração, cães de 
caça e pastores, cães de guarda, animais terapeutas, cães de salvamento/farejadores, etc) e animais de 
esporte (Greyhounds, cavalos de corrida, etc.) são os principais exemplos. Nas diferentes partes do 
mundo se mantêm diferentes animais de utilidade. 
 
Os tipos de relacionamento emocional que as pessoas mantêm com animais de utilidade variam 
tremendamente. Também existem sobreposições consideráveis entre animais de utilidade e de 
companhia. Por exemplo, cavalos e pôneis mantidos para montaria podem ser considerados tanto 
animais de utilidade quanto de companhia. Animais terapeutas, como os usados em visitas a hospitais, 
são claramente animais de utilidade, mas sua utilidade está na companhia e no afeto que oferecem. 
Outros animais principalmente mantidos pela sua utilidade, como animais de experimentação, cães de 
guarda e de caça, às vezes também desempenham forte papel de companheiros (Arluke, 1988). 
 
ARLUKE, A.B., 1988: “Sacrificial symbolism in animal experimentation: Object or pet?” Anthrozoos, 11, 
98-117. 
Animais selvagens 
Os animais silvestres vivem mais distantes do homem mas, ainda assim, se pode interagir com eles das 
mais variadas maneiras. 
 
Animais selvagens que disputam recursos como comida com os humanos e os que transmitem doenças 
são geralmente considerados pragas (ex.: ratos, camundongos, vários insetos). Dificilmente são 
vistos com carinho e muitas vezes são mortos em grande número. Pragas podem causar 
problemas, especialmente na agricultura, onde grandes quantidades de alimento são estocadas 
por muito tempo. 
 
Outros animais selvagens são caçados por esporte ou para se obter comida. Culturas que dependem da 
caça de subsistência têm contato considerável com animais selvagens próprios para esta 
finalidade. Entretanto, comunidades agrícolas ou urbanas ainda caçam, mas em nível menor. 
 
Em todas as culturas, animais selvagens aparentemente desempenham um papel importante no folclore, 
em contos, na criação de mitos, diversão, etc. Alguns animais, por exemplo, são reverenciados por 
qualidades como valentia ou lealdade, que são encorajadas e admiradas também no homem. Da 
mesma forma, são desprezados por preguiça ou depravação. Histórias e imagens de animais 
selvagens aparecem nas artes, nas tradições orais, em livros, filmes e na televisão. 
 
Por que as pessoas têm animais de estimação? 
Companhia 
Vontade de cuidar 
Moda/status 
Coleção 
Por que tantas pessoas em tantas culturas mantêm animais de companhia ou de estimação? Note: daí 
em diante esses termos serão usados alternativamente. 
 
Animais socialmente interativos como gatos e cães oferecem uma forte sensação de companheirismo 
aos seus proprietários. O comportamento afetuoso, a ligação ao proprietário e a alegria podem ser 
particularmente importantes para pessoas isoladas, solitárias e idosas. 
 
Muitos animais de estimação mostram características e padrões comportamentais similares aos de 
bebês, o que tende a despertar “o cuidar” e a vontade de tomar conta nos seus proprietários 
humanos. 
 
Como no caso dos acessórios de moda, o tipo de animal com o qual uma pessoa é vista em público 
indica a sua visão de si própria e sua posição na sociedade. 
 
Animais como peixes tropicais, répteis e anfíbios são mais raramente mantidos como animais individuais 
do tipo companhia, principalmente porque tais espécies são menos sociais que muitos mamíferos 
e pássaros. Entretanto, muitos proprietários desenvolvem profunda afeição e interesse por esses 
animais, muitas vezes colecionando grande número deles. 
 
Animais de companhia são universais 
 
Animais de companhia são particularmente comuns nas sociedades modernas urbanas, em especial no 
mundo ocidental. Na verdade, a manutenção de animais de estimação é vista por alguns como 
uma indulgência das sociedades ricas e indolentes (veja Serpell, 1996, discutindo os pontos de 
vista contra animais de estimação). No entanto, a prática de manter animais como companheiros é 
na verdade um fenômeno bastante universal, ocorrendo em muitas culturas diferentes e através de 
toda a história. Culturas diferentes, no entanto, preferem diferentes tipos de animais como 
companheiros, e em muitas sociedades onde raramente se mantêm animais puramente de 
estimação combinam-se relacionamentos de companhia e de utilidade com animais. . 
 
Assim sendo, talvez seja uma questão particularmente interessante o fato de que algumas pessoas em 
algumas culturas não mantêm animais de estimação. Voltaremos a esta questãomais tarde. 
 
Por que interagimos com animais? 
 
Humanos são seres sociais e emotivos com forte necessidade de se comunicar e de sentir empatia pelos 
outros 
 
Por que tantos seres humanos parecem sentir essa vontade de interagir com animais, de criar 
relacionamentos emocionais e de companheirismo com eles? 
 
A resposta está quase certamente ligada à evolução do homem. Estamos adaptados, de forma única, à 
vida em grupos sociais grandes, complexos e desafiadores, nos quais o estabelecimento de laços 
afetivos e de alianças com outros é decisivo. Os humanos também evoluíram para formar laços 
intensos com seus descendentes, para guiá-los através do longo caminho até a vida adulta. 
 
Pelo fato de muitos animais, particularmente mamíferos, terem aparência e comportamentos tão 
parecidos com os do ser humano (e crianças), achamos difícil não nos relacionarmos com eles 
como fazemos com as pessoas. Especialmente quando tivemos a oportunidade de interagir com 
animais de companhia desde a infância, a tendência a se comunicar e a sentir empatia com eles 
parece surgir automaticamente. 
Empatia é a habilidade de entender e compartilhar as sensações/sentimentos de outros seres. 
 
Popularidade das espécies 
Espécies como cães e gatos domésticos são também altamente sociais e estabelecem interações 
recíprocas com o homem. 
Cães e gatos estão entre as espécies mais populares de animais de companhia no mundo. Isto 
principalmente por serem espécies altamente sociais e se adaptarem bem à sociedade humana. Mas 
também há razões históricas: cães e gatos há muito têm se mostrados úteis ao homem para caçar, ficar 
de guarda, no pastoreio e no controle de pragas. 
 Cães também são muito comuns como animais de companhia/utilidade (caça, pastoreio) em uma 
variedade de culturas no mundo inteiro (ex.: cães de caça africanos). 
 A popularidade de espécies distintas de animais de companhia foi quantificada de forma detalhada 
somente em estudos conduzidos na Europa e na América do Norte. Alguns desses estudos são de 
natureza acadêmica e muitos estão sendo conduzidos por fabricantes de rações para animais de 
estimação, com o intuito de avaliar a demanda para os seus produtos. A prevalência de posse e 
interação (nem todos os animais de companhia são ‘possuídos’ no estrito sentido da palavra) com 
animais de companhia em outras partes do mundo ainda precisa ser estabelecida. 
Visões conflitantes em relação a animais 
Serpell (1986) enfatizou que: 
Ao passo que o desenvolvimento de relacionamentos afetuosos com animais de companhia é um 
fenômeno natural e universal… 
…os humanos também se sentem motivados a usar e matar animais, principalmente para obter carne, 
uma fonte de alimentação altamente valiosa 
Serpell (1986) chamou atenção para o fato de que os diferentes relacionamentos das pessoas com 
animais podem ser incompatíveis. Em particular o estabelecimento de relações afetivas com animais de 
estimação pode estar em conflito com o desejo de matar animais para a obtenção de comida (também 
de roupa, controle de pragas, etc.). As pessoas podem desenvolver relacionamentos positivos muito 
fortes com animais individuais. No entanto, carne, couro, etc. são recursos muito valiosos e por isso as 
pessoas podem estar altamente motivadas a matar animais para obter esses recursos. Mesmo que 
animais de estimação não fossem mortos para servir de alimento, as similaridades entre animais 
“utilizados” para companhia e animais utilizados para alimentação, etc.são inegáveis. 
A teoria da dissonância cognitiva é essencial para o entendimento desse tipo de conflito (veja próxima 
projeção). 
SERPELL, J., 1986: In the Company of Animals: A Study of Human-Animal Relationships. Oxford: Basil 
Blackwell. 
Teoria da dissonância cognitiva 
As pessoas experimentam sensações desagradáveis de “dissonância cognitiva” quando abrigam opiniões 
ou motivações conflitantes. Elas mudarão seu comportamento ou sua atitude para evitar ou superar a 
dissonância. Festinger (1957) 
A teoria da dissonância cognitiva (Festinger, 1957) tem influenciado fortemente os estudos psicológicos 
dos processos através dos quais atitudes são formadas e mudadas e dos modos pelas quais influenciam 
o comportamento. 
 A teoria é que as pessoas experimentam sensações emocionais desagradáveis de dissonância quando 
abrigam pontos de vista ou motivações incompatíveis ou conflitantes e que elas mudarão seu 
comportamento ou suas atitudes para superar essa dissonância. 
 No contexto das atitudes em relação a animais, isto significa que as pessoas tendem a exibir 
comportamentos ou a formar atitudes/opiniões que superem ou evitem o conflito que surge da 
coexistência de relações de afeto e utilitaristas com animais. 
FESTINGER, L. A., 1957: A Theory of Cognitive Dissonance. Stanford, C.A.: Stanford University Press. 
Dissonância 1: Ritual 
 
Pessoas que caçam para sua subsistência muitas vezes usam práticas rituais para ganhar a 
“aprovação” do animal caçado: 
 
-Abstinência alimentar e sexual 
-Ritual de purificação 
-Falar da caça com respeito 
-Pedir desculpas ao animal morto 
-Tratamento cerimonial das carcaças 
-Ritual de descarte das partes não aproveitáveis 
-Evitar desperdício 
 
Diversos estudos antropológicos mostraram que, em sociedades que caçam para sua subsistência, o ato 
de matar animais está muitas vezes associado com práticas de rituais. Essas práticas incluem abstinência 
alimentar e sexual antes da caça, rituais de purificação do caçador antes e depois da caça, falar 
respeitosamente e pedir desculpas à presa, e tratamento e descarte cuidadosos da carcaça 
remanescente. Serpell e Paul (1994), em uma revisão dessa pesquisa, propuseram que esses rituais 
desempenhassem a função de reconhecer e agradecer a participação do animal no abate e de tornar os 
consumidores da carne “dignos” do presente recebido do animal. Em nível de interpretação psicológica, 
essas práticas podem ser vistas como tentativa de evitar a experiência desagradável da dissonância que, 
presumidamente, ocorre quando animais são usados, seja de modo afetuoso ou respeitoso, seja 
objetivamente, como fonte de comida (etc.). 
Basso (1973) enfatiza que povos que caçam para sua subsistência, como os kalapalos no Brasil, também 
têm tabus estritos contra matar animais de estimação. Matar animais de estimação, ou seja, animais 
individuais vistos afetuosamente como verdadeiros companheiros, resultaria nos níveis mais altos de 
conflito e na conseqüente dissonância. 
BASSO, C. B., 1973: The Kalapalo Indians of Central Brazil. Nova York: Holt, Rinehart and Winston. 
SERPELL, J. and PAUL, E., 1994: “Pets and the development of positive attitudes to animals”. In 
MANNING, A. e SERPELL, J. (Eds.): Animals and Human Society. Londres: Routledge. 
Dissonância 2: Separação 
-Montanhas da Nova Guiné: as mulheres criam os porcos, os homens os matam e os comem 
-Japão: Açougueiros e curtidores eram um grupo à parte (burakumim). Estigmatizados até hoje. 
-Cultura urbana moderna: a criação e o abate de animais para obtenção de carne são executados 
por uma ínfima parte da população. 
 
Um caminho alternativo para evitar dissonância parece ser separar os relacionamentos afetuosos dos 
úteis, com apenas um número pequeno de indivíduos dentro de uma sociedade encarregados do abate 
de animais. Assim, as pessoas que têm relacionamento afetivo com (alguns) animais não comem carne 
ou somente a comem se o animal foi morto e os cortes foram produzidos por outras pessoas. 
Fisher (1983) descreve uma separação sexual nos relacionamentos afetivos e utilitários em relação a 
porcos nas montanhas da Nova Guiné. Aqui, diz ele, homens e mulheres vivem separados em casas 
distintas. As mulheres criam e cuidam dos porcos, muitas vezes estabelecendo laços afetivoscom eles. 
Os homens, não envolvidos com esse papel, matam os porcos e consomem sua carne. 
No Japão, um grupo social isolado, os burakumin, assumiu as tarefas não desejadas como o abate ou 
trabalhar com couro (os ensinamentos do budismo são contra matar animais e o xintoísmo associa tais 
profissões com a poluição da morte). Mesmo nos dias de hoje, apesar dos burakumins terem direitos 
legais iguais, existe preconceito contra eles (veja www.uncc.edu) 
FISHER, M. P., 1983: “Of pigs and dogs: Pets as produce in three societies”. In KATCHER, A. H. e BECK, 
A.M. (Eds.) New Perspectives on Our Lives with Companion Animals. Filadélfia: University of 
Pennsylvania Press. (p. 132-137). 
 
Dissonância 3: Objetificação 
Livro da Gênese: 
 O homem tem domínio sobre todas as coisas vivas 
Aristóteles: 
 Hierarquia natural, com o homem no topo, acima do resto da criação 
Tomás de Aquino: 
 Somente os humanos possuem almas racionais; todos os animais foram criados para servir à 
humanidade 
Ver animais mais como objetos que como seres sencientes torna emocionalmente mais fácil matar e 
comer os animais. Exemplos de tal objetificação podem ser vistos na filosofia e teologia antigas, 
grega e cristã. Esses tipos de visão eram proeminentes na Europa pré-industrial, onde os 
relacionamentos utilitários com os animais eram o padrão (economias baseadas em sistemas 
agropecuários para subsistência) e os relacionamentos com animais de companhia eram raros 
(veja Thomas, 1983). 
Em muitas sociedades modernas, determinados animais são vistos como objetos (ex.: animais de 
laboratório, animais em sistemas de produção intensiva). Diferentes indivíduos certamente 
objetificam (e personificam) animais em graus diferentes, porém a sociedade como um todo 
também tende a objetificar determinadas espécies ou tipos de animais (ex.: animais de fazendas, 
peixes, invertebrados) mais que outros, aparentemente estando menos preocupada com seu bem-
estar e status moral. 
O idioma pode ajudar no processo de objetificação. Por exemplo: em inglês, os nomes de animais de 
fazenda comuns como porcos, gado (vacas) e carneiro são diferentes dos nomes dados às carnes 
que produzem. 
THOMAS, K., 1983: Man and the Natural World: Changing attitudes in England, 1500-1800. Londres: 
Allen Lane. 
 
Dissonância de atitudes no Brasil 
Além do conflito individual interno, explicado pela teoria da dissonância cognitiva, percebe-se um quadro 
de dissonância ao nível da sociedade como um todo. 
Uma informação científica a respeito da filosofia da sociedade brasileira com relação aos animais se 
refere à população de Umuarama e região, noroeste do estado do Paraná. Dados preliminares 
mostram que essa sociedade tende, em média, a seguir uma filosofia utilitarista, em contraste com 
as filosofias cartesianas e dos direitos dos animais (Molento et al., 2002, Arquivos de Ciências 
Veterinárias e Zoologia da UNIPAR, v. 5, n. 2, p. 324). A ligação da sociedade brasileira aos 
animais é forte, como exemplificado pela quantidade e qualidade do relacionamento homem-
animal de estimação e pelo crescente número de organizações não-governamentais nacionais que 
lutam por uma melhoria na qualidade de vida dos animais. Por outro lado, existem inúmeros 
exemplos de ações condenáveis e até mesmo ilegais que são abertamente fomentadas por grupos 
nacionais. Exemplos seriam a criação e organização de eventos envolvendo rinhas de galo, rinhas 
de cães, a farra do boi em Santa Catarina, entre outros. Uma busca rápida na Internet sobre as 
rinhas, por exemplo, revela um imenso número de grupos organizados promovendo a atividade, 
inclusive com oferta de animais. 
A foto mostra uma cena doméstica de interação homem-animal e um galo de briga da raça Shamo, à 
venda em página nacional da Internet. 
 
O surgimento da forma moderna de manutenção de animais de estimação 
-Aumento de afluência 
-Urbanização das populações 
O processo de industrialização na Europa e no resto do mundo tirou muitas pessoas do campo e as 
trouxe para as cidades, separando-as muito dos relacionamentos com animais baseados na utilidade. A 
maioria das pessoas nessas culturas não mais cria ou abate nem prepara os cortes de sua carne, apesar 
de que relacionamentos “negativos” com animais não tenham desaparecido por completo; pragas, 
como ratos e camundongos, ainda representam um problema para muitas pessoas. Contudo, um 
número significativo de pessoas era e ainda é capaz de desenvolver relacionamentos afetivos com 
animais de companhia sem experimentar dissonância e conflito significativos. 
 Apesar de que, historicamente, os ricos aristocratas sempre mantiveram animais de estimação, a 
afluência de novos moradores para as cidades também contribuiu para o fato de ter animais de 
estimação ter se tornado muito mais comum. Além disso, como um maior número de pessoas é criado 
com animais de companhia, a tradição ou o hábito de ter animais de estimação continua se expandindo. 
Quais são os efeitos causados pelos animais de estimação? 
Efeitos sobre a saúde 
Efeitos sociais 
Efeitos sobre atitudes 
A pesquisa dos relacionamentos homem-animal e, particularmente, dos efeitos que animais de 
companhia podem ter sobre a saúde das pessoas e sobre seu desenvolvimento sócio-psicológico cresceu 
consideravelmente em anos recentes. Essa pesquisa, no entanto, estava quase que inteiramente 
limitada aos estudos conduzidos na Europa e na América do Norte. Este trabalho mostrou que, nessas 
culturas, manter animais de companhia pode ter uma série de efeitos mensuráveis sobre as pessoas 
(veja Podberseck et al., 2000), incluindo uma melhoria da saúde e do bem-estar percebidos, apesar de 
que zoonoses também podem causar problemas de saúde. Os efeitos sociais da posse de animais de 
estimação também parecem ser importantes, oferecendo companhia e facilitando relacionamentos 
sociais entre humanos. Mas, quando vistos no contexto do bem-estar animal, alguns dos efeitos mais 
interessantes que animais de estimação podem promover são sobre as atitudes das pessoas. 
Existe um número de organizações utilizando animais na tentativa de melhorar a vida de pessoas 
doentes e deficientes, como a Delta Society, www.deltasociety.org, que atua nos EUA em prol da 
melhoria da saúde humana através de animais de serviço e terapia. 
 PODBERSCEK, A. L., PAUL, E. S. e SERPELL, J. A., 2000: Companion Animals and Us: Exploring the 
Relationships Between Pets and People. Cambridge, UK: CUP. 
Quais são os efeitos causados pelos animais de estimação? 
Iniciativas no Brasil 
Existem várias iniciativas brasileiras, tanto na área de terapia assistida por animais quanto na utilização 
de animais, para melhorar a qualidade de vida humana em situações específicas. A projeção mostra 
fotos do projeto “Enriquecimento da experiência escolar dos alunos da escola de educação especial Nice 
Braga, da APAE” (Molento et al., 2001, Arquivos de Ciências Veterinárias e Zoologia da UNIPAR, v. 4, n. 2 
2001), que foi realizado em 2000 e repetido em 2002, na cidade de Umuarama, Paraná. O 
acompanhamento da interação das crianças com animais domésticos (bezerros, pintos, coelhos, leitões 
e carneiros) revelou que alunos com maior dificuldade de se expressar demonstraram comunicação 
verbal ativa durante o projeto e que certos conteúdos didáticos foram mais facilmente trabalhados após 
a interação com os animais. 
A médica veterinária e psicóloga Hannelore Fuchs se especializou na relação entre seres humanos e 
animais e em comportamento animal. Preside a ABRAZOO (Associação Brasileira de Zooterapia) e foi 
presidente da primeira Comissão de Interação Homem-Animal do Conselho Regional de Medicina 
Veterinária do Estado de São Paulo. É fundadora e coordenadora geral do Projeto Petsmile. Este projeto 
assistencial, auto-sustentado, tem como proposta a utilização doanimal como agente terapêutico junto 
a indivíduos com necessidades especiais. O animal exerce papel relevante na humanização de ambientes 
hospitalares, escolares e institucionais. O projeto, desde sua fundação, em 1997, até 2003, já atendeu a 
mais de 5.400 pessoas. 
Uma área também desenvolvida no Brasil é a fisioterapia assistida por cavalos. Uma breve busca na 
literatura produziu 3.400 páginas de assuntos ligados ao termo equoterapia. Alguns exemplos: 
1. http://www.equoterapia.com.br/ 
2. http://www.equoterapia.org.br/ 
Um livro sobre o assunto, que se encontra no Brasil: Equoterapia: Bases e Fundamentos, por Mylena 
Medeiros e Emília Dias. 
Efeitos sobre atitudes 1
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Proprietários reais 
ou potenciais
Sem animais ou 
intenção de possuí-
los
Animais na 
infância
Sem animais
na infância
n
Serpell (1981)
 
Serpell entrevistou 120 ingleses adultos, perguntando se tiveram animais de estimação na infância. 
Também perguntou se tinham algum animal de estimação atualmente ou se gostariam de ter no 
futuro. Pessoas que tiveram animais de estimação durante a infância eram significativamente mais 
inclinadas a ter animais de estimação ou gostariam de possuí-los no futuro, se as circunstâncias 
permitirem. Serpell (1981) também descobriu que proprietários de cães na infância estavam mais 
inclinados a possuir/querer cães como adultos, enquanto proprietários de gatos na infância 
estavam mais inclinados a possuir/querer gatos. 
 
SERPELL, J. A., 1981: “Childhood pets and their influence on adults’ attitudes”. Psychological Reports, 
49, 651-654. 
 
Efeitos sobre atitudes 2
0
5
10
15
20
25
30
0 1 2 3 4 5 6 7 8+
Número de animais de estimação na infância
% membros de 
organizações 
para o bem-
estar animal
 
Paul e Serpell (1993) fizeram uma pesquisa, através da aplicação de um questionário a 385 estudantes 
universitários britânicos, para investigar se o fato de ter sido proprietário de um animal de 
estimação na infância estava relacionado com suas atitudes para com animais e em relação a 
questões de bem-estar animal como jovens. O número de indivíduos membros de organizações 
sem fins lucrativos voltadas para o bem-estar animal que informaram ter tido animais de estimação 
foi significativamente maior que o de indivíduos que não eram membros de tais organizações. 
 
PAUL, E.S. e SERPELL, J. A., 1993: “Childhood pet keeping and humane attitudes in young adulthood”. 
Animal Welfare, 2, 321-337. 
 
Educação humanitária
Animais de estimação
animais
pessoas
“O crescente círculo da compaixão”
 
 
A teoria da transferência é a base da educação humanitária: a idéia é que ensinar as crianças a cuidar e 
a ter compaixão de animais de estimação levará a maior compaixão e a atitudes mais humanitárias 
em relação a todas as espécies, inclusive aos humanos. A posse de animais de estimação na 
infância parece estar associada a um mais alto grau de compaixão com animais (não somente de 
estimação), porém não está claro se essa compaixão maior também se estende aos humanos 
(Paul e Serpell, 1993; Paul, 2000). Também não está claro como essa aparente “transferência” 
acontece, exceto pela possibilidade de um simples processo de generalização de um estímulo (ex.: 
animais que não são de estimação lembram os de estimação e assim provocam respostas 
emocionais semelhantes). 
 
PAUL, E. S.e SERPELL, J. A., 1993: “Childhood pet keeping and humane attitudes in young adulthood”. 
Animal Welfare, 2, 321-337. 
PAUL, E. S., 2000: “Empathy with animals and with humans: Are they linked?” Anthrozoos, 14, 194-202. 
 
A crueldade com animais tem relação com a crueldade com humanos? 
Nos Estados Unidos, as leis contra a crueldade com crianças e animais estão ligadas historicamente: a 
lei contra a crueldade com animais precedeu uma lei semelhante em relação a crianças e a 
primeira acusação por crueldade com uma criança se baseou na legislação de crueldade com 
animais, argumentando que a criança era um animal humano e, portanto, não deveria ser 
prejudicada. 
 
A Fundação Latham para a Promoção da Educação Humanitária, fundada em 1918, foi pioneira na 
pesquisa na área da relação entre violência contra humanos e animais (veja www.latham.org.). 
 
Hoje diversas sociedades humanitárias de proteção aos animais estão particularmente interessadas na 
idéia de que pessoas que prejudicam animais podem também prejudicar outras pessoas (crianças 
e adultos). Isto envolve questões importantes como a interação entre organizações voltadas à 
proteção de crianças e de animais e a condenação de perpetradores de abusos de animais 
convictos. Para ter um exemplo, veja a Sociedade Humanitária dos Estados Unidos (HSUS), 
campanha “First Strike” www.hsus.org. 
 
A crueldade com animais tem relação com a crueldade com humanos? 
Infelizmente não são raros os casos de desentendimento entre seres humanos em que pessoas 
descontroladas extravasam nos animais seus sentimentos negativos acumulados. Exemplos 
brasileiros seriam o caso da esposa abandonada que pôs álcool e fogo no cão do ex-marido 
(Clínica Veterinária, Ano V, n. 28, p. 10, 2000) e o caso dos cinco cães mortos violentamente a 
facadas (foto) pelo genro da proprietária dos animais, em Santa Maria, RS, em novembro de 2003. 
Segundo o jornal local, o criminoso foi procurar a esposa e a sogra, porém encontrou somente os 
cães. 
Exemplos de livros que tratam da relação entre a crueldade com animais e com seres humanos: 
Lockwood, R.; Ascione, F. R. Cruelty to Animals na Interpersonal Violence – Readings in research and 
application. Purdue University Press, ISBN 1-55753-105-6 
Ascione, F. R.; Arkow, P. Child Abuse, Domestic Violence and Animal Abuse – Linking the circles of 
compassion for prevention and intervention. Purdue University Press, ISBN 1-55753-142-0 
 
Duas associações possíveis
• Uma criança cruel 
com animais
• Abuso de animais 
tem relação com o 
abuso 
infantil/espancamen
to de mulheres?
• Negligência com 
animais tem 
conexão com 
negligência com 
crianças ou auto-
negligência?
1 2
• “Graduando-se” 
para ferir pessoas 
como adulto
 
 
É improvável que exista somente uma única forma de conexão entre crueldade com crianças e animais. 
Deve existir uma série de tipos diferentes de associações. Dois tipos principais de conexão vêm 
sendo considerados em detalhes: 
 
• A primeira é a chamada “hipótese da graduação”. Ela se baseia na idéia de que se a uma criança é 
permitido (ou até encorajado) ser cruel com animais, essa criança desenvolverá um gosto pelo 
abuso e pela violência que mais tarde irá progredir em direção à crueldade com humanos. 
• A segunda é a idéia de que, em famílias nas quais o abuso ou negligência de animais é costumeiro, 
existe uma tendência maior para o abuso de crianças ou negligência/abuso do parceiro. Esse 
abuso pode ser cometido pelo mesmo indivíduo dentro da família (um dos pais), ou uma criança 
que sofreu abuso pode, por sua vez, abusar de animais. 
 
Métodos de pesquisa 
-Estudos de casos de terríveis assassinos em série 
-Entrevistas retrospectivas com criminosos agressivos e não agressivos 
-Entrevistas retrospectivas com estudantes 
-Problemas: autodescrições podem ser mal lembradas ou fabricadas 
A pesquisa nessa área utilizou diversos métodos, mas se baseia principalmente em entrevistas com 
pessoas sobre suas experiências passadas de infligir ou testemunhar crueldade com animais. 
 
Esses estudos forneceram algumas informações úteis, mas não são ideais. Criminosos agressivos podem 
querer parecer rudes e perigosos e assim exagerar o seu passado abusivo. Às vezes, eles simplesmente 
procuram confirmar as hipóteses dos pesquisadores. Ao contrário, não-criminososou criminosos presos 
por crimes não violentos costumam estar bem conscientes do desgosto da sociedade em relação à 
crueldade com animais, e por isso podem negar qualquer abuso de animais durante a infância. 
Evidência: A hipótese da “graduação” 
• Crueldade extrema de crianças com animais contribui para o diagnóstico de desordem da 
conduta 
• A desordem da conduta pode preceder um futuro diagnóstico de desordem de personalidade 
anti-social severa no adulto (psicopatia) 
• Crianças agressivas maltratam animais e humanos 
• A “graduação” do animal para o homem ainda não está provada 
Kellert e Felthous (1985) observaram que 25% dos criminosos agressivos, 5,8% dos criminosos não 
agressivos e 0% dos não criminosos por eles estudados relataram ter abusado de animais cinco ou 
mais vezes durante a infância (veja também Seção 13 – educação humanitária). 
 Recentemente, apesar de alguns estudos retrospectivos não terem evidenciado correlação entre 
crueldade com animais e comportamento agressivo, um número de outros estudos encontrou 
evidências disso (Arluke et al., 1999). A hipótese da graduação é difícil de se provar porque as 
correlações entre crueldade com animais na infância e crueldade com humanos na vida adulta não 
provam que ser cruel com animais na infância realmente cause uma desintegração moral que, no 
adulto, se desenvolva para agressão contra outras pessoas. No entanto, é amplamente aceito que 
crianças extremamente agressivas podem prejudicar não somente animais mas também humanos, 
sendo o abuso de animais reconhecido como componente no diagnóstico da desordem de conduta 
(um precursor potencial da psicopatia adulta, Associação Psiquiátrica Americana, 1994) 
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 1994: Diagnostic and Statistical Manual, vol. 4. 
ARLUKE, A., LEVIN, J., LUKE, C.e ASCIONE, F., 1999: “The relationship of animal abuse to violence and 
other forms of antisocial behaviour”. Journal of Interpersonal Violence, 14, 963-975. 
KELLERT, S. AND FELTHOUS, A., 1985: “Childhood cruelty toward animals among criminals and non-
criminals”. Human Relations, 18, 113-1129. 
Evidência: a hipótese da co-ocorrência 
• Estudos de casos e entrevistas sugerem uma ligação entre abuso/negligência em relação a 
animais e abuso/negligência em relação a crianças 
• Entretanto, nem sempre o abuso de animais passa para o abuso de humanos (e vice-versa) 
• O que é preciso: vigilância profissional (ex.: médicos veterinários), maior coleta de dados, mais 
pesquisa 
A hipótese da co-ocorrência vem sendo sustentada por uma série de estudos que descobriram 
conexões entre o abuso de crianças e o abuso de animais (veja Duncan e Miller, 2002). Atenção 
especial, entretanto, tem sido dispensada à idéia de que crianças que sofrem abuso abusam de 
animais. Mais pesquisa será necessária para estabelecer a relação entre o abuso/negligência de 
animais e o abuso/negligência de crianças. Parece provável que estejam relacionados com famílias 
violentas e mal adaptadas à sua rotina. Isto, no entanto, não significa que os dois sempre andarão 
juntos. Diferentes indivíduos, diferentes tipos de ambiente familiar e diferentes dificuldades sociais 
e emocionais podem muito bem levar a diferentes padrões de abuso. 
 Organizações voltadas para o bem-estar das crianças e dos animais estão preocupadas com as 
questões práticas levantadas pelo resultado desse tipo de pesquisa. Elas esperam conscientizar o 
público e propõem vigilância aumentada (ex.: entre profissionais como médicos veterinários), 
particularmente em relação ao abuso de animais, assim como mais contatos entre organizações 
relevantes. A Sociedade Humanitária dos Estados Unidos (HSUS): Campanha “First Strike”, 
disponibiliza, entre outros, apoio em investigações, testemunho de peritos e informação sobre a 
conexão entre crueldade com animais e com humanos para promotores em casos de crueldade com 
animais (veja www.hsus.org). 
 DUNCAN, A. e MILLER, C., 2002: “The impact of an abusive family context on childhood animal 
cruelty and adult violence”. Aggression and Violent Behaviour, 7, 365-383. 
No entanto… 
Crueldade com animais institucionalizada ou 
socialmente sancionada tende menos a se 
generalizar para crueldade/violência com humanos. 
Pessoas que abusam de animais sozinhas 
são as mais prováveis de constituírem um perigo para os outros 
 
O estado psicológico do infrator é essencial na avaliação da possível relação entre crueldade dirigida a 
pessoas e a animais. Em particular, as pessoas mais perigosas são provavelmente aquelas que 
agem fora das normas éticas da sociedade como um todo. 
Algumas sociedades, por exemplo, não dispensam a certos animais qualquer tipo de status moral 
parecido com o humano, vendo-os mais parecidos com objetos que com pessoas. Apesar de que 
em um contexto desse tipo seja possível que ocorra grande crueldade com animais, a crueldade 
com outros humanos não tenderá a aumentar necessariamente na mesma proporção. Da mesma 
forma, uma pessoa que mata animais de maneira socialmente sancionada (ex.: no abatedouro) 
não é considerada um perigo para humanos, mas alguém que faz exatamente o mesmo no íntimo 
de sua própria casa estaria, e com razão, suspeito. Mesmo adolescentes que maltratam um animal 
para impressionar uns aos outros estão sancionando seus atos socialmente e, a longo prazo, 
podem ser menos perigosos que adolescentes individuais que cometem atos de crueldade para 
sua própria diversão. 
 
Interações positivas 
 
Existe um grande número de interações positivas entre homens e animais. Existe uma semente em 
todas as sociedades para ser desenvolvida no sentido de uma relação que respeite e melhore a 
qualidade de vida de todos, seres humanos e animais. Os médicos veterinários devem trabalhar 
ativamente para este propósito, em qualquer área de atuação. 
A interação homem-animal é muito mais proveitosa quando é feita de uma forma segura, saudável e 
prazerosa. Para garantir isto, é fundamental uma boa assistência médico veterinária, que garanta, 
além de saúde, educação sanitária e ambiental. Acreditando neste papel de formador de opinião 
do médico veterinário, a revista Clínica Veterinária, na edição n. 33, jul/ago, 2001, publicou como 
encarte da revista o poster educativo "Não atire o pau no gato". A canção é uma tentativa de 
contornar o que se ensina desde cedo às crianças brasileiras com a tradicional e infeliz canção 
infantil "Atirei o pau no gato". O poster "Não atire o pau no gato" encontra-se disponível para 
download através do endereço: http://www.editoraguara.com.br/cv/ano6/cv33/gatoto.htm 
 
Conclusões 
-Humanos têm muitas interações diferentes com animais 
-Animais de companhia compartilham do relacionamento homem-animal mais comum na sociedade 
moderna 
-Animais de companhia têm muitas funções e efeitos 
-Dissonância cognitiva surge do conflito entre os relacionamentos afetivo e utilitário com animais 
-Cuidar de animais de estimação pode levar a maior compaixão com outros animais ou até com 
humanos 
-Crueldade com animais pode estar associada com abuso e violência contra outros humanos

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