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DIREITO TRIBUTÁRIO E FINANCEIRO TEXTO ADAPTADO AULA_3_4 1 ORÇAMENTO Formalmente o Orçamento tem natureza jurídica de lei. Materialmente, ou substancialmente, isto é, quanto ao conteúdo, não são pacíficas as opiniões dos autores. De maneira geral, porém, é, e em sua maioria, concluem tratar-se de um ato-condição, uma vez que, para a sua exequibilidade depende de outras leis, já existentes, e que criam as receitas e as despesas. Os orçamentos são classificados em anuais e plurianuais. Refere a CF/1988 a necessidade de elaboração de um plano plurianual e orçamentos anuais (Art. 165, caput). A lei que estatuir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada. Há também a lei de diretrizes orçamentárias que compreenderá as metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subsequente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento (cfe. Art. 165, §2º). Por meio do planejamento das ações do Estado é possível atingir o desejável equilíbrio de longo prazo entre as receitas e as despesas públicas e, ao mesmo tempo, atender às necessidades públicas e ao desenvolvimento econômico e social sustentáveis. 1.1 O PLANEJAMENTO LEIS ORÇAMENTÁRIAS - PPA, LDO E LOA Orçamento é termo derivado de orçar, do italiano orzare (estimativa de ou de custeio). Conforme Aliomar Baleeiro “o orçamento é considerado o ato pelo qual o Poder Legislativo prevê e autoriza ao Poder Executivo, por certo período e em pormenor, as despesas destinadas ao funcionamento dos serviços públicos e outros fins adotados pela política econômica ou geral do país, assim como a arrecadação das receitas já criadas em lei. A CF/ 1988 estabelece que “a lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à afixação da despesa.” (Art. 165, §8º). A Lei nº 4.320/1964, que estatui normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, por sua vez, já no art. 2º: “A Lei de Orçamento conterá a discriminação da receita e despesa de forma a evidenciar a política econômico-financeira e o programa de trabalho do Governo, obedecidos os princípios de unidade, universalidade e anualidade.” Nas finanças públicas clássicas, o orçamento consubstanciava-se apenas como instrumento de estimativa de receitas e de autorização de despesas por objeto (pessoal, material, serviços, etc.), tendo em vista, quase exclusivamente, as necessidades das unidades organizacionais e o objetivo de registrar os eventos Com o desenvolvimento do denominado orçamento de desempenho ou de realizações, o enfoque passou a ser, também, em relação aos resultados dos gastos e não apenas com o seu controle. O interesse, nesses termos, não se finda apenas em quantificar o que o governo adquiriu ou os itens de despesa, mas sim as suas ações para atender ao cidadão contribuinte. O orçamento de desempenho também se qualifica como orçamento-programa se o mesmo, além de contrapor metas objetivadas e os resultados obtidos, estiver, também, vinculado ao planejamento central das ações de governo. Nesse sentido, o orçamento-programa é o instrumento nuclear de coordenação e realização do planejamento econômico e social, na medida em que viabiliza, com programas anuais, a realização do plano geral de governo de desenvolvimento de longo prazo. A introdução oficial do planejamento de governo no Brasil ocorreu com a edição do Decreto-lei n° 200/1967, o qual estabelece no artigo 6°, I, que as atividades da Administração Federal devem obedecer, entre outros, ao princípio do planejamento. O artigo 174 da CR-88 consagra o planejamento como instrumento essencial à ação do Estado, na medida em que o mesmo é qualificado como determinante para o setor público. O dispositivo da atual Constituição enuncia: Art. 174 Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado. No mesmo sentido, da utilização do orçamento como instrumento de planejamento e de controle da ação governamental, a Constituição, no artigo 165, dispositivo inserido na Seção II do Capítulo II do Título VI, intitulada “Dos Orçamentos”, criou um sistema integrado de previsão, alocação e controle de recursos coletivos, bem como de gestão e de execução das diretrizes, objetivos, metas e prioridades do setor público, o que se dá por meio de três leis orçamentárias: o plano plurianual (PPA), as diretrizes orçamentárias (LDO) e os orçamentos anuais (LOA). Essas leis, apesar de consubstanciarem documentos distintos, possuem finalidade comum e harmônica, isto é, atender as necessidade públicas consagradas por meio do processo político. Saliente-se que os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos na Constituição, em particular aqueles de que tratam os artigos 21, IX, 174, §1° e 214, devem ser necessariamente elaborados em consonância com o plano plurianual (PPA) o qual, no âmbito da União, é apreciado pelo Congresso Nacional. Dessa forma, o planejamento estatal deve necessariamente ser coordenado ao PPA. O PPA abrange os três últimos anos do chefe do Poder Executivo em exercício; e o primeiro ano do mandato do sucessor, devendo a lei que o instituir, nos termos do artigo 165, § 1o da CR-88, estabelecer, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da Administração Pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes, bem como para as relativas aos programas de duração continuada. Ainda, nos termos do artigo 167, §1º, da CR-88, nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro poderá ser iniciado sem a sua prévia inserção no Plano Plurianual, ou sem lei que autorize a inserção, sob pena de crime de responsabilidade. Tendo em vista consubstanciar mera enunciação de programação e orientação, o PPA é lei formal, sendo dependente do orçamento anual para possuir eficácia relativamente à realização das despesas. No mesmo sentido, a LDO também é lei formal, compreendendo apenas as metas e prioridades da Administração Pública — que inclui as despesas de capital para o exercício financeiro seguinte e contém simples orientação para a elaboração da lei orçamentária anual. Diferencia-se do PPA na medida em que se refere às metas e prioridades para o exercício subsequente. Constitui-se, dessa forma, em plano prévio operacional de curto prazo, baseado em dados e informações de natureza econômica e social, para fundamentar e orientar a posterior elaboração da proposta orçamentária do Executivo, do Legislativo, do Judiciário e do Ministério Público, isto é, um verdadeiro elo elo normativo formal que liga jurídica e economicamente o PPA e a LOA. A jurisprudência tradicional do Supremo Tribunal Federal é no sentido de que, por se tratar de lei de efeitos concretos, a LDO não se submete ao controle de constitucionalidade pela via direta, conforme se depreende da ementa da ADI 2.484-MC: Lei de diretrizes orçamentárias, que tem objeto determinado e destinatários certos, assim sem generalidade abstrata, é lei de efeitos concretos, que não está sujeita à fiscalização jurisdicional no controle concentrado. (ADI 2.484-MC, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 19-12-01) Já a lei orçamentária anual (LOA), observados os princípios da universalidade, unidade, anterioridade,anualidade, legalidade, exclusividade, transparência, não afetação, equilíbrio financeiro, redistribuição de rendas, desenvolvimento econômico, e economicidade, é o instrumento normativo que fixa a despesa e estima a receita anualmente, evidenciando a política econômica e financeira de curto prazo do governo. Saliente-se, no que se refere à LOA, a relevância do orçamento-programa como instrumento de medição do desempenho e de vinculação da execução orçamentária ao planejamento central. Destaque-se, ainda nesse contexto, a essencialidade da programação financeira de desembolso para a definição do ritmo da execução orçamentária. O fluxograma abaixo visa auxiliar a compreensão do que foi até aqui exposto. Dessa forma, a Constituição estabelece três planejamentos orçamentários. Objetivando aprofundar o estudo das três leis orçamentárias, inicialmente serão abordados os seus aspectos essenciais quanto à elaboração, iniciativa, apreciação e votação dos projetos, bem como à vigência das leis orçamentárias, o que ajudará a traçar o perfil de cada uma das leis. Com efeito, o conjunto dessas matérias constitui parte do denominado Ciclo Orçamentário, o qual corresponde ao período em que se realizam as atividades próprias e específicas do processo orçamentário no âmbito de cada ente político (da União, de cada Estado, do Distrito Federal e de cada Município), compreendendo a elaboração, envio do projeto de lei, apreciação, emendas, votação, sanção e publicação, execução das leis orçamentárias e de créditos adicionais e, por fim, o controle interno, externo e social. Pode-se visualizar graficamente o exposto nos seguintes termos: 2- INICIATIVA, ELABORAÇÃO, APRECIAÇÃO E VOTAÇÃO DOS PROJETOS O PPA, a LDO e a LOA são leis de iniciativa do Poder Executivo, nos termos do caput do artigo 165 da CR-88, e servem, conforme já salientado, de elo entre o planejamento e a ação governamental, ou seja, a atuação concreta do poder público pressupõe a existência dos orçamentos, sem os quais não pode haver utilização do dinheiro público para realizar despesas (art. 167, I e II da CR-88). Nos termos do artigo 84, XXIII, e artigo 166, §6° da CR-88, a iniciativa das leis orçamentárias é vinculada e privativa do Chefe do Poder Executivo a quem incumbe enviar ao Congresso Nacional os projetos de lei do plano plurianual, das diretrizes orçamentárias e do orçamento anual. Assim, a proposta orçamentária anual (LOA) do Poder Legislativo, na qual se inclui o Tribunal de Contas, do Poder Judiciário, do Ministério Público e, após a Emenda Constitucional no 45/2004, também das Defensorias Públicas: “são unificadas antes do envio ao Parlamento para discussão”, o que não afasta as respectivas competências para elaborar as suas proposições dentro dos limites estipulados conjuntamente com os demais Poderes na lei de diretrizes orçamentárias, nos termos fixados nos artigos 99, § 1º, e 127, § 3º da CR-88 e da Lei de Responsabilidade Fiscal, Lei Complementar n° 101/2000 (LRF). O artigo 22 da LDO que trata das diretrizes para a elaboração da LOA de 2015 da União, Lei no 13.080, de 2 de janeiro de 2015, dispõe: Art. 22. Os órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério Público da União e da Defensoria Pública da União encaminharão à Secretaria de Orçamento Federal do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, por meio do Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento – SIOP, até 15 de agosto de 2014, suas respectivas pro- postas orçamentárias, para fins de consolidação do Projeto de Lei Orçamentária de 2015, observadas as disposições desta Lei. § 1º As propostas orçamentárias dos órgãos do Poder Judiciário e do Ministério Público da União, encaminhadas nos termos do caput, deverão ser objeto de parecer do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, de que tratam arts. 103-B e 130-A da Constituição Federal, respectivamente, a ser encaminhado à Comissão Mista a que se refere o § 1º do art. 166 da Constituição Federal, até 28 de setembro de 2014, com cópia para a Secretaria de Orçamento Federal do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. § 2º Não se aplica o disposto no § 1º ao Supremo Tribunal Federal, ao Conselho Nacional de Justiça, ao Ministério Público Federal e ao Conselho Nacional do Ministério Público. Destaque-se que ao Conselho Nacional de Justiça e ao Conselho Nacional do Ministério Público, aos quais foi conferida a atribuição para exarar pareceres, nos termos do transcrito §1°, com a ressalva determinada no §2°, compete o do Ministério Público, nos termos do artigo 103-B, § 4°, caput, e artigo 130-A, § 2°, caput, da CR-88, respectivamente. O Poder Executivo procederá aos ajustes necessários, para fins de consolidação da proposta da LOA, na hipótese em que as propostas do Poder Judiciário e do Ministério Público sejam encaminhadas em desacordo com os limites estipulados na LDO. Em sentido análogo, se o Poder Judiciário e o Ministério Público não encaminharem as respectivas propostas orçamentárias anuais dentro do prazo estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para fins de consolidação da proposta orçamentária anual, os valores aprovados na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com os limites estipulados conjuntamente com os demais Poderes na LDO. No âmbito do Poder Judiciário a competência para o encaminhamento da proposta orçamentária, a ser consolidada pelo Poder Executivo, é: na esfera federal, dos Presidentes do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, com a aprovação dos respectivos tribunais; e no âmbito dos Estados e no do Distrito Federal e Territórios, aos Presidentes dos Tribunais de Justiça, com a aprovação dos respectivos tribunais. Importante repisar que a Emenda Constitucional no 45/2004 incluiu §2º ao artigo 133 da CR-88, para estender também às Defensorias Públicas Estaduais a “autonomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias e subordinação ao disposto no art. 99, § 2º”. Cabe ressaltar, ainda, — quanto ao encaminhamento dos projetos de leis orçamentárias, o qual consubstancia competência vinculada e indelegável — que a não apresentação tempestiva das propostas do PPA, da LDO e da LOA ao Poder Legislativo constitui crime de responsabilidade política praticado pelo Presidente da República tendo em vista que a hipótese se enquadra como ato atentatório às leis orçamentárias. O artigo 32 da Lei n° 4.320/1964, disciplina apenas as consequências do não recebimento da proposta de LOA pelo parlamento, isto é, “se não receber a proposta orçamentária no prazo fixado nas Constituições ou nas Leis Orgânicas dos Municípios, o Poder Legislativo considerará como proposta a Lei de Orçamento vigente”. Por sua vez, o artigo 165, §§§ 5º, 6º, e 7º da CR-88, estabelece o escopo da lei orçamentária anual nos seguintes termos: § 5º — A lei orçamentária anual compreenderá: I — o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público; II — o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto; III — o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entida- des e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público. § 6º — O projeto de lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia. § 7º — Os orçamentos previstosno § 5o, I e II, deste artigo, com- patibilizados com o plano plurianual, terão entre suas funções a de reduzir desigualdades interregionais, segundo critério populacional. O artigo 5° da Lei de Responsabilidade Fiscal complementa o dispositivo constitucional ao prever que a LOA conterá também: 1) a explicitação das medidas de compensação a renúncias de receita e ao aumento de despesas obrigatórias de caráter continuado; 2) demonstrativo da compatibilidade da programação dos orçamentos com os objetivos e metas constantes do Anexo de Metas Fiscais da LDO; 3) conterá reserva de contingência, cuja forma de utilização e montante, definido com base na receita corrente líquida, serão estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, destinadas ao atendimento de passivos contingentes e outros riscos e eventos fiscais imprevistos; 4) as despesas relativas à dívida pública, mobiliária ou contratual, e as receitas que as atenderão; 5) o refinanciamento da dívida pública constará separadamente na lei orçamentária e nas de crédito adicional. Destaque-se, ainda, que o artigo 22 da Lei n° 4.320/1964 define a estrutura e composição da proposta orçamentária. Uma vez apresentados os projetos das leis orçamentárias (PPA, LDO e LOA) pelo Poder Executivo, consoante os termos dos citados artigo 84, XXIII, caput do artigo 165 e artigo 166, §6°, todos da CR-88, serão os mesmos apreciados, no âmbito da União, pelas duas Casas do Congresso, na forma do regimento comum. O artigo 166 da CR-88 que disciplina a matéria não o faz expressamente, apenas se referindo à apreciação do projeto. O artigo 48 da CR-88 também não disciplina expressamente a questão ao estatuir caber somente ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, dispor “sobre plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito, dívida pública e emissões de curso forçado”. Assim, é importante destacar o artigo 1º, V, do regimento comum do Parlamento Nacional, nos termos do Ato da Mesa do Congresso Nacional, no 63 de 2006, que disciplina a matéria: Art. 1º A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, sob a direção da Mesa deste, reunir-se-ão em sessão conjunta para: ���V — discutir e votar o Orçamento (arts. 48, II, e 166 da Constituição); O artigo 103 do regimento dispõe que à “tramitação de projetos de orçamento plurianual de investimentos aplicar-se-ão, no que couber”, as normas ali disciplinadas quanto ao orçamento anual, cabendo no que for aplicável à apreciação da lei de diretrizes. A Resolução n. 1 de 2006-CN, do Congresso Nacional, por sua vez, dispõe sobre a Comissão Mista Permanente a que se refere o § 1º do art. 166 da Constituição, denominando-a de Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização — CMO. À Comissão mista permanente de Senadores e Deputados, compete examinar e emitir parecer sobre os projetos do PPA, LDO e LOA e aos créditos adicionais, os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos na Constituição, assim como a análise das emendasaos projetos de leis orçamentárias, que podem ser individuais, de Comissão Permanente do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, ou de bancada estadual, nos termos do artigo 43 a 50 da Resolução no1 de 2006-CN. As emendas devem ser apresentadas à Comissão mista, consoante o disposto no § 2o do artigo 166, a qual deve examinar as condições e restrições impostas pelos §§ 3o e 4o do mesmo dispositivo, e são apreciadas, em sessão conjunta e nos termos do regimento interno, pelo Plenário das duas Casas do Congresso Nacional. As emendas ao projeto da LDO devem ser compatíveis com o PPA. No mesmo sentido, a emendas ao projeto da LOA têm de ser compatíveis com o PPA e com a LDO, além de indicar os recursos necessários para viabilizar a alteração, admitindo-se, entretanto, apenas os recursos provenientes de anulação de despesas, sendo vedada esta indicação sobre as dotações para pessoal e seus encargos; serviços da dívida; transferências tributárias constitucionais para Estados, Municípios e Distrito Federal. Também é possível apresentar emendas para corrigir questões redacionais, erros ou omissões. Também é atribuição da Comissão Mista desempenhar inúmeras funções na seara do controle orçamentário, incluindo o exame e parecer sobre as contas apresentadas anualmente pelo Presidente da República e também exercer o acompanhamento e a fiscalização orçamentária sem prejuízo da atuação das demais comissões temporárias ou permanentes. A Constituição conferiu amplos poderes à citada Comissão Mista, o que tem sido objeto de muitas críticas por parte de especialistas na material. Há um a distorção no sistema, que adotou o modelo de orçamento próprio do parlamentarismo praticado na França e na Alemanha dentro de uma estrutura política presidencialista (tanto LDO como Comissão Mista do Congresso Nacionalsão figuras típicas do regime parlamentarista). As divergentes perspectivas da matéria revelam a complexidade da questão, podendo-se advogar e sustentar diferentes pesos e ponderações na participação de cada Poder. O núcleo central do problema, entretanto, é realmente de natureza jurídico-política, na medida em que se refere à definição dos modelos e interconexões entre: o sistema de governo parlamentarismo-presidencialismo de um lado e, de outro, o sistema de distribuição de funções entre os Poderes no que se refere à matéria orçamentária. O desafio central, entretanto, não diz respeito apenas à difícil escolha e implementação de um modelo de distribuição de funções e orçamento (impositivo-autorizativo) que aumente a estabilidade política, impõe-se, no mundo atual, que seja contemplada, ao mesmo tempo, a ampla e transparente participação da sociedade no processo e que se reduza ao máximo a possibilidade de desvios. 3 PRAZOS DE APRESENTAÇÃO E A VIGÊNCIA DAS LEIS ORÇAMENTÁRIAS Estabelece o artigo 165, §9°, I da CR-88, que cabe à lei complementar (norma até hoje não editada) “dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentária anual”. Tendo em vista a inexistência do referido diploma complementar para disciplinar a questão, aplica-se a regra prevista no artigo 35, §2°, do ADCT, que dispõe: § 2º — Até a entrada em vigor da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º, I e II, serão obedecidas as seguintes normas: I — o projeto do plano plurianual, para vigência até o final do pri- meiro exercício financeiro do mandato presidencial subseqüente, será encaminhado até quatro meses antes do encerramento do primeiro exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa; II — o projeto de lei de diretrizes orçamentárias será encaminhado até oito meses e meio antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento do primeiro período da sessão legislativa; III — o projeto de lei orçamentária da União será encaminhado até quatro meses antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa. 4 O PLANO PLURIANUAL (PPA) Relativamente ao PPA, disciplinado no inciso I do transcrito §2° artigo 35 do ADCT, dois aspectos devem ser salientados para a definição do prazo de vigência da lei e do encaminhamento do Projeto do PPA pelo Executivo: o mandato presidencial; e o encerramento da sessão legislativa. O artigo 82 da CR-88, com a sua redação dada pela Emenda Constitucional no 16, de 1997, estabelece que “o mandato do Presidente da República é de quatro anos e terá início em primeiro de janeiro do ano seguinte ao da sua eleição”. Assim, o mandato presidencial coincide com o exercício financeiro. Já a sessão legislativa, nos termos do artigo 57 da CR-88, com a sua redação conferidapela Emenda Constitucional nº 50 de 2006, se encerra em 22 de dezembro. Desta forma, visando à continuidade das ações estatais no médio prazo (período de quatro anos), a lei do plano plurianual possui vigência por quatro anos, os quais englobam os três últimos do governo de determinado Chefe do Poder Executivo e o primeiro exercício financeiro do mandato presidencial subsequente, período dentro do qual, até 31 de agosto, deve o presidente seguinte encaminhar o seu projeto de PPA para ter vigência nos três anos restantes de seu governo e no primeiro ano do mandato presidencial A elaboração do plano plurianual é uma tarefa que se estende muito além dos limites do órgão de planejamento do governo, visto que mobiliza todos os órgãos e unidades do Executivo, do Legislativo e do Judiciário. Além disso, o novo modelo de planejamento e gestão das ações, pelo qual se busca a melhoria de qualidade dos serviços públicos, exige uma estreita integração do plano plurianual com o Orçamento da União e os planos das unidades da Federação. Acrescente-se, ainda, que todo esse trabalho deve ser executado justamente no primeiro ano de mandato do Presidente da República, quando a Administração Pública sofre as naturais dificuldades decorrentes da mudança de governo e a necessidade de formação de equipes com pessoal nem sempre familiarizado com os serviços e sistemas que devem fornecer os elementos essenciais para a elaboração do plano. A Constituição Federal, no § 2º do art. 35 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, determina que, até a entrada em vigor da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º, I e II, o projeto de lei orçamentária da União seja encaminhado até quatro meses antes do encerramento do exercício financeiro. Estados e Municípios possuem prazos de encaminhamento que são determinados, respectivamente, pelas Constituições Estaduais e pelas Leis Orgânicas Municipais. A fixação de uma mesma data para que a União, os Estados e os Municípios encaminhem, ao Poder Legislativo, o projeto de lei orçamentária anual contraria o interesse público, na medida em que não leva em consideração a complexidade, as particularidades e as necessidades de cada ente da Federação, inclusive os pequenos municípios. Além disso, a fixação de uma mesma data não considera a dependência de informações entre esses entes, principalmente quanto à estimativa de receita, que historicamente tem sido responsável pela precedência da União na elaboração do projeto de lei orçamentária. 5 A LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS (LDO) O inciso II do §2° do artigo 35 do ADCT, constata-se que o projeto da lei de diretrizes orçamentárias (LDO) deve ser encaminhado até 15 de abril de cada ano (oito meses e meio antes do encerramento do exercício financeiro) e devolvido para a sanção do Chefe do Poder Executivo até o dia 17 de julho, termo de encerramento do primeiro período da sessão legislativa, consoante o disposto no citado artigo 57 da CR- 88. Em sentido diverso da inexistência de disciplina quanto à hipótese de não aprovação e devolução do PPA no prazo fixado, não há possibilidade de o Congresso Nacional rejeitar o projeto de lei de diretrizes orçamentárias, uma vez que a Constituição Federal determina em seu art. 57, §2°, que “a sessão legislativa não será interrompida sem a aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias”. A vigência da LDO é matéria controvertida, podendo-se sustentar que a sua vigência é de um ano, pois se trata de mera orientação ou sinalização, de caráter anual, para a feitura do orçamento. Mas, mesmo que alguns autores falem de vigência anual da LDO, isso, a rigor, não é correto, pois valendo-nos do conceito jurídico de vigência, há que se concluir que a LDO vigora por mais de um ano. Normalmente é aprovada em meados do exercício financeiro, orientando a elaboração da LOA no segundo semestre e continuando em vigor até o final do exercício financeiro subsequente. Embora a vigência formal seja maior que um ano, a LDO traça as metas e as prioridades da Administração apenas para o exercício subsequente. 6 O PROJETO DE LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL (LOA) O projeto da lei orçamentária anual (LOA) da União, nos termos do inciso III do artigo 35, §2° do ADCT, deve ser encaminhado até o dia 31 de agosto (até quatro meses antes do encerramento do exercício financeiro) e devolvido para sanção até 22 de dezembro, data do encerramento da sessão legislativa. Assim, o prazo para o envio do projeto da LOA pelo Chefe do Poder Executivo e de devolução pelo Poder Legislativo para o Poder Executivo são iguais àqueles determinados para o PPA, com a diferença de que o prazo de vigência deste é quadrienal, ou seja, até o final do primeiro exercício financeiro do mandato presidencial subsequente, enquanto a lei do orçamento tem vigência anual. O que ocorre se o projeto da LOA não for votado pelo Poder Legislativo no prazo consignado ou o mesmo for rejeitado? A interpretação do artigo 166, §8° da CR-88, permite concluir pela possibilidade de rejeição total ou parcial do projeto de lei do orçamento anual, tendo em vista a literalidade do dispositivo, o qual declara que: § 8º— Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou rejeição do projeto de lei orçamentária anual, ficarem sem despesas correspondentes poderão ser utilizados, conforme o caso, mediante créditos especiais ou suplementares, com prévia e específica autorização legislativa. Mas, há quase um consenso na doutrina acerca da impossibilidade jurídica de o Poder Legislativo rejeitar o PPA e a LDO. Primeiro, porque a CF não previu essa possibilidade, uma vez que estabeleceu, no artigo 35 do ADCT, que ambas as leis devem ser devolvidas ao Poder Executivo para SANÇÃO. Se o legislador mencionou apenas a possibilidade de sanção fica afastada a possibilidade de rejeição, uma vez que não cabe sancionar o que foi rejeitado. O segundo argumento toma por base o disposto no artigo 57, § 2o segundo o qual a sessão legislativa não será interrompida sem a aprovação da LDO. Não obstante, o mesmo raciocínio — no sentido de impossibilidade de rejeição — não pode ser empregado em relação ao projeto de LOA. É que neste caso, a própria CF/88 previu tal possibilidade ao assinalar em seu artigo 166, §8. A consequência mais séria da rejeição do projeto de lei orçamentária anual é que a Administração fica sem orçamento, pois não pode ser aprovado outro. Não é possível elaborar orçamento para o mesmo exercício financeiro. A Constituição dá solução possível e plausível dentro da técnica do direito orçamentário: as despesas, que não podem efetivar-se senão devidamente autorizadas pelo Legislativo, terão que ser autorizadas prévia e especificamente, caso a caso, mediante leis de abertura de créditos especiais. Assim, na hipótese de rejeitada a LOA pelo Poder Legislativo, a aplicação dos recursos públicos e a realização de despesas somente será possível por meio de créditos adicionais, nos termos disciplinados pela própria Constituição (artigo 167, V), isto é: créditos suplementares, caso a rejeição parlamentar seja parcial, ou créditos especiais, na hipótese de rejeição parcial ou total, toda elas, entretanto, a exigir autorização legislativa. O quadro abaixo apresenta resumo do que foi até aqui exposto quanto aos prazos de envio das leis orçamentárias pelo Poder Executivo e devolução pelo Poder Legislativo: Projeto de lei (1) ���Prazo de envio pelo Poder Executivo ao Poder Legislativo (2) ���Prazo de devolução pelo Poder Legislativo ao Poder Executivo Fundamento normativo (1.1) Termo final (1.2) Se não cumprido o prazo (2.1) Termo final (2.2) Se não cumprido o prazo PPA 31 de Agosto “encaminhado até quatro meses antes do encerramento do primeiro exercício financeiro” Crimede responsabilidade 22 de Dezembro “devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa” Sem previsão (1.1 e 2.1) artigo 35, §2°, I, do ADCT (1.2 e 2.2) artigo 84, XXIII, caput do artigo 165 e artigo 166, §6°, c/c art. 85, VI da CR-88, art. 10, 1, da Lei 1.079/50 ou Decreto-lei 201/67 LDO 15 de Abril “encaminha- do até oito meses e meio antes do encerramento do exercício financeiro” Crime de res- ponsabilidade 17 de Julho “devolvido para sanção até o encerramento do primeiro período da sessão legislativa” Sessão legis- lativa não se interrompe (1.1 e 2.1) artigo 35, §2°, II, do ADCT (1.2) artigo 84, XXIII, caput do artigo 165 e artigo 166, §6°, c/c art. 85, VI da CR-88, art. 10, 1, da Lei 1.079/50 ���(2.2) artigo 57, §2°, da CR-88, LOA 31 de Agosto “encaminhado até quatro meses antes do encerramento do exercício financeiro” Crime de res- ponsabilidade e será considerada como “proposta a Lei de Orçamento vigente” 22 de dezembro “devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa” Sem previsão expressa. Na prática ���a matéria vem sendo disciplinada na LDO, todos os anos. (1.1 e 2.1) artigo 35, §2°, II, do ADCT (1.2) artigo 84, XXIII, caput do artigo 165 e artigo 166, §6°, c/c art. 85, VI da CR-88, art. 10, 1, da Lei 1.079/50 ou Decre- to-lei 201/67 c/c Art. 32 da Lei 4.320/64 (2.2) artigo 72 da Lei 11.514/2007 (LDO para 2008) 7 PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS Os princípios, ao lado das regras, consubstanciam normas jurídicas, os quais, a despeito de seu alto grau de abstração e generalidade, direcionam os diversos sistemas normativos (Constitucional, Civil, Penal, Tributário, Financeiro etc.). O Direito Financeiro, como ramo autônomo do Direito, também é regido por um conjunto de princípios e regras. A Constituição da República de 1988 em conjunto com a Lei n° 4.320/64 estabelecem vários princípios, os quais se vinculam e formam também um conjunto. Alguns exemplos: 1. Princípio da Unidade: consiste na proibição de mais de uma lei orçamentária em cada ente da Federação em dado exercício financeiro, haja vista a unicidade finalística do orçamento. Nesse sentido, ainda que a CR/88 em seu art. 165,§5o, conforme já destacado, disponha que a lei orçamentária compreenderá o orçamento fiscal, o orçamento de investimento e o orçamento da Seguridade Social, todas as receitas e despesas, ainda que constantes de três peças orçamentárias distintas, devem constar de uma única (unidade) lei orçamentária, sendo possível, dessa forma, uma visão global e consolidada do desempenho das finanças públicas do ente federado como um todo, o que facilita a sua fiscalização e controle. Portanto, pressupõe e introduz o princípio geral da unidade de caixa ou de tesouraria, previsto no artigo 56 da Lei n° 4.320/64, o qual será objeto de estudo na aula pertinente às re- ceitas públicas. 2. Princípio da Universalidade: O princípio da universalidade prescreve que a Lei orçamentária única (princípio da unidade) deve incorporar todas as receitas e despesas, ou seja, nenhuma instituição pública do ente federado, compreendendo todas as entradas e saídas de recursos financeiros, deve ficar de fora do orçamento da unidade política respectiva (União, Estados, Distrito Federal e Municípios). Nesse sentido os artigos 3° e 4° da Lei n° 4.320/64 estabelecem que: “A Lei do Orçamento compreenderá todas as receitas, inclusive as operações de crédito autorizadas em lei” e “A Lei do Orçamento compreenderá todas as despesas próprias dos órgãos do Governo (...)” 3. Princípio do Orçamento bruto: Segundo essa norma-princípio, todas (princípio da universalidade) as receitas e despesas constantes da lei orçamentária única (princípio da unidade) devem ser consignadas pelos seus valores brutos, qualquer que seja sua natureza ou o seu destino, isto é, independentemente de sua origem e de qual será a sua aplicação efetiva. Esse princípio encontra positivado no art. 6o, da Lei n° 4.320/64, o qual estabelece: “todas as receitas e despesas devem constar de lei orçamentária e de créditos adicio- nais pelos valores brutos, vedadas as deduções”. 4. Princípio da Exclusividade: está contemplado no art. 165, §8º, da Carta de 1988, e prescreve que a lei orçamentária deve conter apenas matéria de direito financeiro e orçametária, permitindo, a título de exceção, a abertura de créditos suplementares, a serem estudados na próxima aula, e a contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receitas. Não cabe, portanto, as denominadas caudas orçamentárias, assim intituladas pelas inúmeras tentativas de se incluir nos orçamentos matérias não relacionadas às questões exclusivamente orçamentárias (art. 165, §8o). 5. Princípio da Especificação (discriminação, especialização): consiste na proibição de dotações globais e genéricas, impondo, com isso, que a lei orçamentária discrimine a despesa por elementos. Tal princípio encontra-se positivado nos artigos 5o e 15 da Lei n° 4.320/64. Dessa forma, é possível saber, pormenorizadamente as origens e as aplicações dos recursos, o que fa- cilita o controle e a gestão dos recursos públicos e limita a flexibilidade e arbítrio dos executores do orçamento, em especial o Poder Executivo, responsável pela execução da maior parcela, o que confe maior segurança à sociedade e ao Poder Legislativo. Há, no entanto, algumas exceções, como, por exemplo, as reservas de contingência (disciplinada nos termos do artigo 5o, III, da LRF e nas respectivas leis de diretrizes orçamentárias) e programas especiais de trabalho (art. 20, parágrafo único c/c art. 22, IV, da Lei n° 4.320/64). 6. Princípio da Programação: é um enunciado normativo decorrente do processo natural de planejamento das ações e dos planos de governo, segundo o qual, a elaboração e a aprovação do orçamento devem observar o PPA e a LDO. 7. Princípio do Equilíbrio Orçamentário: Vincula-se ao fato de que a fixação de despesas deve observar as receitas estimadas, visando evitar déficit público estrutural (despesas maiores do que as receitas). É aequalização de receitas e gastos, harmonia entre capacidade contributiva e legalidade e entre distribuição de rendas e desenvolvimento econômico. Embora a CR/88 não contemple expressamente o referido princípio, algumas normas determinam a indispensabilidade do controle de gastos. O §1o do artigo 7o da Lei n° 4.320/64 determina que “em casos de déficit, a Lei do Orçamento indicará as fontes de recursos que o Poder Executivo fica autorizado a utilizar para atender à sua cobertura”. Em complemento, o artigo 98 do mesmo diploma legal preceitua que “a dívida fundada compreende os compromissos de exigibilidade superior a doze meses, contraídos para atender”: (1) “a desequilíbrio orçamentário”; “ou” (2) “a financiamento de obras e serviços públicos”. Assim, pela lei, o déficit apurado, pela diferença entre as despesas e receitas, exclui as operações de crédito, pois estas constituem os meios aptos para financiar os déficits orçamentários, consoante o disposto no artigo 98. Na prática, as leis orçamentárias, que tratam apenas das estimativas de re- ceitas e da fixação de despesas, têm respeitado aludido princípio, ao prever o total da receita estimada em montante equivalente à despesa fixada. A Lei Complementar 101/2000 estabelece o equilíbrio entre receitas e despesas públicas como princípio fundamental a ser perseguido também na execução do orçamento, podendo, ainda, ser fixada uma meta de superávit (receitas superiores às despesas), conceito que pode ser adotado levando-se em consideração ou não os pagamentos com juros (superávit primário exclui os juros e o superávit nominal inclui o pagamento de juros da dívida).8. Princípio da Igualdade: deve o orçamento contemplar a redistribuição de rendas, a economicidade, o desenvolvimento econômico sustentável, a legalidade e a impessoalidade. O princípio da igualdade tem aspectos de rara dificuldade no plano orçamentário: conduz às ‘escolhas trágicas’, pois as opções de despesa se fundam sobretudo no desigual tratamento dos desiguais. 9. Princípio da Publicidade: princípio basilar da Administração Pública que impõe ao administrador o dever de tornar público a lei orçamentária, o que ocorre por meio de sua publicação em órgão de imprensa oficial (art. 37 caput da CR-88). 10. Princípio da Clareza: estabelece que o orçamento deve ser expresso de forma clara e objetiva a fim de que todos possam entender o seu conteúdo. 11. Princípio da Uniformidade (da consistência): significa que orçamento, em razão de seu caráter formal, deve conservar uma estrutura uniforme. 12. Princípio da Não-afetação das Receitas (não-vinculação de receitas): As vinculações, em regra, reduzem o grau de liberdade do gestor e engessa o planejamento. O princípio está positivado no art. 167, inciso IV, da CR/88 e aplica-se somente aos impostos, espécie do gênero tributo, o qual compreende, ainda, as taxas, as contribuições, especiais, de melhoria, de iluminação pública e os empréstimos compulsórios, exações afetadas aos fins que lhe deram fundamento. A regra-princípio veda a vinculação da receita de impostos órgão, fundo ou despesa da Administração Pública, havendo, no entanto, diversas exceções a serem examinadas na aula pertinente às receitas públicas. 13. Princípio Participativo: aplicado, em regra, no âmbito dos Entes municipais, sendo condição sine qua non para legitimar as leis orçamentárias, a realização de debates, audiências e consultas públicas sobre as suas propostas, conforme de depreende do art. 44, da Lei 10.257/2001 (Estatuto das Cidades). 14. Legalidade: Princípio fundamental do Estado de Direito, em que o Poder Público se subordina e vincula às regras que somente o Parlamento expede e que informa toda a atividade da Administração Pública. Quanto aos orçamentos, o artigo 166 suscita a aprovação parlamentar e, em relação ao orçamento anual, preceitua que toda e qualquer despesa pública deve estar qualitativa e quantitativamente especificada em lei formal, sob pena de absoluta nulidade, nos termos do artigo 167, I e II, da CR-88. 15. Princípio da Anualidade Orçamentária ou Periodicidade: Segundo este princípio, ainda hoje vigente, a teor do artigo 165, III, e §5o, da CR-88, o Orçamento deve ser elaborado para ser realizado no período de um ano, o qual, no Brasil, coincide com o ano civil, conforme já salientado. Dessa forma, é princípio que expressa o controle do Parlamento sobre os demais Poderes relativamente ao Orçamento, ao prever a necessidade de renovação da autorização legislativa anualmente. A periodicidade pode coincidir ou não com o ano civil, como é o caso brasileiro. Na Itália e na Suécia, por exemplo, o exercício financeiro começa em 01/07 e termina em 30/06. Na Inglaterra, no Japão e na Alemanha o exercício financeiro vai de 01/4 a 31/03. Nos Estados Unidos começa em 01/10, prolongando-se até 30/09. 16. Anterioridade Orçamentária: prevê que o orçamento deve ser aprovado antes do início do exercício financeiro ao qual se aplica. Nos termos já salientados, a LDO tem disciplinado a hipótese de não aprovação antes do início do exercício financeiro, como é o caso da LDO para o exercício de 2010, Lei n° 12.017/2009, que fixa disciplina em seu artigo 68. 17. Princípio da Transparência: A transparência fiscal é um princípio constitucional implícito. Sinaliza no sentido de que a atividade financeira deve se desenvolver segundo os ditames da clareza, abertura e simplicidade. Dirige-se assim ao Estado como à Sociedade, tanto aos organismos financeiros supra- nacionais quanto às entidades não-governamentais. Baliza e modula a problemática da elaboração do orçamento e da sua gestão responsável, da criação de normas antielisivas, da abertura do sigilo bancário e do combate à corrupção. 18. Princípio da Melhor Estimativa ou da Exatidão possível: As estimativas devem ser tão exatas quanto possíveis, de forma a garantir à peça orçamentária razoável grau de consistência e utilidade, isto é, a fim de que possa ser utilizada como instrumento de programação, gestão e fiscalização. Têm sido apontados os artigos 7o e 16 do Decreto-lei no 200/67 como fun- damento. 19. Economicidade: Segundo o princípio estampado no caput do artigo 70 da CR-88, o orçamento deve prever a máxima satisfação das necessidades públicas com a aplicação do menor montante de receita possível, isto é, refere-se à otimização na utilização dos recursos públicos. 8 ELABORAÇÃO, EXECUÇÃO E CONTROLE 8.1 ELABORAÇÃO Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos Créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento comum (Art. 166). Caberá a uma Comissão mista permanente de Senadores e Deputados: I - examinar e emitir parecer sobre os projetos referidos no artigo citado e sobre as contas apresentadas anualmente pelo Presidente da República; II - examinar e emitir parecer sobre os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos na CF e exercer o acompanhamento e a fiscalização orçamentária, sem prejuízo da atuação das demais comissões do Congresso Nacional e de suas Casas. As emendas serão apresentadas na Comissão mista, que sobre elas emitirá parecer, e apreciadas, na forma regimental, pelo Plenário das duas Casas do Congresso Nacional. As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem somente podem ser aprovadas caso: I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias; II - indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes de anulação de despesa, excluídas as que incidam sobre: a) dotações para pessoal e seus encargos; b) serviço da dívida; c) transferências tributárias constitucionais para Estados, Municípios e Distrito Federal; ou III - sejam relacionadas: a) com a correção de erros, ou omissões; ou b) com os dispositivos do texto do projeto de lei. Não poderão ser aprovadas as emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias quando incompatíveis com o plano plurianual. Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou rejeição do projeto de lei orçamentária anual, ficarem sem despesas correspondentes poderão ser utilizados, conforme o caso, mediante créditos especiais ou suplementares, com prévia e específica autorização legislativa. Integrarão a Lei de Orçamento: I - Sumário geral da receita por fonte e da despesa por funções do Governo; II - Quadro demonstrativo da Receita e da Despesa segundo as categorias econômicas, III - Quadro discriminativo da receita por fontes e respectiva legislação; IV - Quadro das dotações por órgãos do Governo e da Administração. Acompanharão a Lei de Orçamento: I - Quadros demonstrativos da receita e planos de aplicação dos fundos especiais; II - Quadros demonstrativos da despesa; III - Quadro demonstrativo do programa anual de trabalho do Governo, em termos de realização de obras e de prestação de serviços. Há, ainda, a possibilidade da consignação de créditos adicionais. 8.2 EXECUÇÃO Imediatamente após a promulgação da Lei de Orçamento e com base nos limites nela ficados, o Poder Executivo aprovará um quadro de cotas trimestrais da despesa que cada unidade orçamentária fica autorizada a utilizar. Começa, aí, a fase de execução orçamentária. Empenho – Denomina-se empenho de despesa o ato emanado de autoridade competente, que cria para o Estado uma obrigação de pagamento, pendente ou não de implementode condição. O empenho não poderá exceder o limite dos créditos concedidos. É vedada a realização de despesa sem prévio empenho. Em casos especiais previstos na legislação específica, será dispensada a emissão da nota de empenho. Será feito por estimativa o empenho da despesa cujo montante não se possa determinar. É permitido o empenho global de despesas contratuais e outras, sujeitas a parcelamento. Para cada empenho será extraído um documento denominado nota de empenho, que indicará o nome do credor, a importância da despesa, bem como a dedução desta do saldo da dotação própria. Liquidação - O pagamento da despesa somente se fará quando ordenado após sua regular liquidação. Esta consiste na verificação do direito adquirido pelo credor, tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito. Essa verificação tem por fim apurar: I - a origem e o objeto do que se deve pagar; II - a importância exata a pagar; III - a quem deve ser paga a importância, para extinguir a obrigação. A liquidação da despesa por fornecimentos feitos ou serviços prestados terá por base: I - o contrato, ajuste ou acordo respectivo; II - a nota de empenho; III - os comprovantes de entrega de material ou da prestação efetiva do serviço. Ordem de Pagamento - Feita a liquidação, pode ser emitida a ordem de pagamento, que é o despacho exarado por autoridade competente, determinando que a despesa seja paga. A ordem de pagamento só poderá ser exarada em documentos processados pelos serviços de contabilidade. Pagamento - Segue-se, então, o pagamento, extinguindo-se a obrigação do Estado. 8.3 CONTROLE O cumprimento da Lei Orçamentária é fiscalizado mediante controles internos e externos. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de controle interno com a finalidade de: I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos da União; II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial, nos órgãos e entidades da administração federal, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado; III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da União; IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional. (CF/1988, art. 74). A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder. Prestará contas qualquer pessoa física ou entidade pública que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União. (CF/1988, artigo 70 e 71). O Poder Executivo publicará, até trinta dias após o encerramento de cada bimestre, relatório resumido da execução orçamentária. (CF/1988, art. 165, §3º). O Poder Executivo, anualmente, prestará contas ao Poder Legislativo, no prazo estabelecido nas Constituições ou nas Leis Orgânicas dos Municípios. (Lei nº 4.320/1964, art. 82). As contas prestadas pelos Chefes do Poder Executivo incluirão, além das suas próprias, as dos Presidentes dos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e do Chefe do Ministério Público, as quais receberão parecer prévio, separadamente, do respectivo Tribunal de Contas. (Lei Complementar 101/2000, art. 56). 9 CRÉDITOS ORÇAMENTÁRIOS E ADICIONAIS São créditos adicionais as autorizações de despesa não computadas ou insuficientemente dotadas na Lei de Orçamento. Os créditos adicionais classificam-se em: I - suplementares, os destinados a reforço de dotação orçamentária; II - especiais, os destinados a despesas para as quais não haja dotação orçamentária específica; III – extraordinários, os destinados a despesas urgentes e imprevistas, em caso de guerra, comoção intestina ou calamidade pública. Os créditos suplementares e especiais serão autorizados por lei e abertos por decreto legislativo. Os créditos extraordinários serão abertos por decreto do Poder Executivo, que deles dará imediato conhecimento ao Poder Legislativo. Os créditos especiais e suplementares podem, também, com prévia e específica autorização legislativa, nos termos do artigo 166, §8° da CR-88, ser os instrumentos utilizados para alocar os recursos que ficaram sem despesas correspondentes em decorrência de veto, emenda ou rejeição parcial do projeto de lei orçamentária anual, isto é, se a despesa inicialmente prevista no projeto sofreu redução ou supressão. Essa hipótese pode ocorrer se, após a aprovação da LOA, ocorreram sobras em relação à dotação inicialmente consignada, por força de veto do Chefe do Poder Executivo, por emenda parlamentar ou rejeição parcial do projeto de lei que atribuía determinada dotação para despesa específica. Esse montante, agora sem destino, pode ser utilizado por meio de créditos suplementares e especiais. O crédito suplementar, como o próprio nome revela, reforça e supre a dotação de despesas já previstas no orçamento, as quais, entretanto, ao longo do exercício financeiro, revelam-se insuficientemente dotadas financeiramente. Já os créditos especiais visam atender as despesas não previstas na LOA, mas que durante a execução do orçamento, mostram-se necessárias, razão pela qual se impõe a abertura de crédito novo, especial, com dotação específica a autorizar a despesa que surge. Os créditos suplementares e especiais, consoante o disposto no artigo 42 da Lei n° 4.320/64, “serão autorizados por lei e abertos por decreto executivo”, ou seja, o dispositivo diferencia o ato legislativo de autorização do ato administrativo que o integra para a produção de efeitos concretos. Por fim, os extraordinários visam a suprir as despesas impre- visíveis e urgentes que ocorram durante o exercício financeiro. Relativamente à abertura do crédito extraordinário, duas observações devem ser feitas: a primeira, conforme será analisado detidamente a seguir: 1) que a Constituição faculta a abertura de crédito extraordinário por meio de Medida Provisória; e, 2) a segunda, que nos interessa no momento, refere-se ao fato de que o Supremo Tribunal Federal tem jurisprudência firme no sentido de que as re- gras básicas de processo legislativo previstas na Constituição Federal servem de modelo obrigatório a ser seguido pelas Constituições Estaduais, conforme se infere do seguinte trecho da ADI 822. Assim, se a Constituição faculta a autorização de crédito extraordinário por meio de Medida Provisória (artigo 167, §3°), mas o Estado ou o Município não possui aludida espécie normativa, é permitida a sua criação e abertura por Decreto. Nesses termos, dispõe o artigo 44 da Lei n° 4.320/64 que “os créditos extraordinários serão abertos por decreto do Poder Executivo, que deles dará imediato conhecimento ao Poder Legislativo”. Saliente-se que o termo conhecimento utilizado no dispositivo deve ser interpretado não apenas como simples anuência, mas sim como pedido formal de autorização ratificadora superveniente e vinculativa. O elemento comum às aludidas modalidades de crédito é o objetivo de possibilitar a geração e realização de despesas, o que pressupõe autorização legislativa em qualquer caso, ou seja, os créditos orçamentários e os adicionais corporificam, na norma que os autoriza, especifica e limita em termos monetários, por meioda dotação, a permissão do povo para que o governante possa gastar os recursos públicos, ainda que sejam distintas: a forma como a abertura do crédito é autorizada e realizada, e bem assim, o momento em que essas autorizações legislativas são efetivadas, podendo ser prévia ou não. Em suma, a LOA fixa os gastos, determinando as despesas qualitativa e quantitativamente, por meio de dotações específicas, consignadas nas respectivas rubricas orçamentárias a serem detalhadas no quadro de detalhamento das despesas de cada unidade orçamentária, sendo classificadas sob diversos critérios, mas sempre visando à realização dos projetos e programas previamente determinados pelo legislador, compatibilizados com as diretrizes, objetivos, metas e prioridades expressos na lei de diretrizes e no plano plurianual, os quais norteiam a ação governamental. Na hipótese de não estar prevista na LOA ou, se prevista, não for dotada suficientemente para atender determinado gasto a ser realizado durante o exercício financeiro, somente por meio dos créditos adicionais será possível a sua realização. Um outro exemplo pode facilitar a compreensão da questão: imagine, hipoteticamente, que em relação à estimativa do orçamento ocorra excesso de arrecadação durante a execução orçamentária de determinado exercício financeiro. Enquanto não houver a abertura de crédito adicional, suplementar ou especial, os recursos arrecadados acima do previsto, ainda não utilizados para dotar determinada despesa específica, por meio do ato próprio, não poderão ser gastos. Nesses termos, sob o ponto de vista da autorização, os créditos dizem-se orçamentários ou adicionais, a requerer, nas duas hipóteses, autorização parlamentar, a qual, como visto, pode ser prévia ou não. Os créditos orçamentários são disciplinados nos §§ 4° e 5° do artigo 5° da LRF, dispositivos que determinam serve dado consignar, na lei orçamentária, crédito com finalidade imprecise ou com dotação ilimitada, em sintonia com o disposto no artigo 167, VII, da CR-88, bem como dotação para investimento com duração superior a um exercício financeiro que não esteja previsto no plano plurianual ou em lei que autorize a sua inclusão, sob pena crime de responsabilidade, conforme disposto no § 1° do art. 167 da Constituição. Nesse sentido, o artigo 10, IX, da Lei no 8.429, de 2 de junho de 1992, estabelece que constitui ato de improbidade administrativa ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou regulamento. 9.1 VIGÊNCIA DOS CRÉDITOS ORÇAMENTÁRIOS No que se refere à vigência dos créditos adicionais, duas regras são aplicáveis: 1) no sentido de que os créditos suplementares somen- te são vigentes no exercício financeiro em que forem abertos, vedada a sua prorrogação, nos termos do artigo 45 da Lei n o 4.320/64 (“Art. 45. Os cré- ditos adicionais terão vigência adstrita ao exercício financeiro em que forem abertos, salvo expressa disposição legal em contrário, quanto aos especiais e extraordinários.”); e 2) aos créditos especiais e extraordinários, exceções ao princípio da Anualidade Orçamentária, conforme já mencionado na aula passada, aplica-se o disposto no artigo 167, § 2o, da CR-88 que dispõe, in verbis: § 2o — Os créditos especiais e extraordinários terão vigência no exercício financeiro em que forem autorizados, salvo se o ato de autorização for pro- mulgado nos últimos quatro meses daquele exercício, caso em que, reabertos nos limites de seus saldos, serão incorporados ao orçamento do exercício financeiro subseqüente. A aplicabilidade desses dispositivos pode ser melhor explicitada por meio do gráfico a seguir: O quadro abaixo consolida as características e especificidades das três espécies de Créditos Adicionais: Créditos Suplementares Créditos Especiais Créditos Extraordinários Objetivo Reforça e supre a dotação de despesa já prevista no orçamento, a qual, entretanto, ao longo do exer- cício financeiro, revela-se insuficientemente dotada Permitir a realização de programa e despesa não contemplada no orçamento. Atendimento das despesas urgentes e imprevisíveis. Autorização Legislativa Prévia, em lei especial, ou na própria LOA que pode delegar competência ao Poder Executivo (art. 165, § 8o, e 167, V, da CR- 88) Prévia, somente por meio de lei específica. ���(art. 167, V, da CR- 88) Posterior, tendo em vista a possibilidade de abertura do crédito por Medida Pro- visória ou Decreto Estadual. (art. 167, §3o, CR-88) Forma de Abertura Decreto do Poder Executivo Decreto do Poder Executivo Medida Provisória ���ou Decreto do Executivo Indicação de Recurso Obrigatória, devendo estar expressa na lei autorizadora e no Decreto que efetiva a abertura do crédito. Obrigatória, devendo estar expressa na lei autorizadora e no Decreto que efetiva a abertura do crédito. Independe de Indicação Indicação de limite Obrigatória, devendo estar expressa na lei autorizadora e no Decreto que efetiva a abertura do crédito. Obrigatória, devendo estar expresso na lei autorizadora e no Decreto que efetiva a abertura do crédito. Obrigatória, devendo estar expresso no ato que efetiva a abertura do crédito (MP ou Decreto do Executivo). Vigência e possibilidade de prorrogação Restrita ao exercício finan- ceiro em que foi aberto, sem possibilidade de prorrogação. Em regra no exercício financeiro em que foi aberto, mas permitida para o exercício seguinte. Na hipótese de previsão na lei autorizadora e, também, ter sido autorizado durante os últimos quatro meses do exercício financeiro. Em regra no exercício financeiro em que foi aberto, mas permitida para o exercício seguinte. Na hipótese de previsão no ato autorizador e, ainda, ter sido autorizado durante os últimos quatro meses do exercício financeiro.
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