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DISSERTAÇÃO_João Paulo Romanelli_UFSJ/CAP

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI – UFSJ 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIAS 
PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
 
 
JOÃO PAULO ROMANELLI 
 
 
 
 
 
PROPOSTA DE UM MÉTODO DE AVALIAÇÃO SOCIOAMBIENTAL VISANDO A 
IDENTIFICAÇÃO E O MAPEAMENTO DE REGIÕES SENSÍVEIS À INSTALAÇÃO 
DE NOVAS PEQUENAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS EM MINAS GERAIS 
 
 
 
 
 
 
 
OURO BRANCO-MG 
2016
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI – UFSJ 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIAS 
PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
 
JOÃO PAULO ROMANELLI 
 
 
PROPOSTA DE UM MÉTODO DE AVALIAÇÃO SOCIOAMBIENTAL VISANDO A 
IDENTIFICAÇÃO E O MAPEAMENTO DE REGIÕES SENSÍVEIS À INSTALAÇÃO 
DE NOVAS PEQUENAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS EM MINAS GERAIS 
 
Dissertação de mestrado apresentada ao Programa 
de Pós-Graduação em Tecnologias para o 
Desenvolvimento Sustentável da Universidade 
Federal de São João Del-Rei como parte dos 
requisitos necessários para obtenção do título de 
Mestre em Tecnologias para o Desenvolvimento 
Sustentável. 
 
Orientador: Professor Dr. Rogério Antônio Picoli 
Coorientador: Professor Dr. Luiz Gustavo M. da Silva 
 
 
OURO BRANCO-MG 
2016 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
À Deus e meus guias espirituais que têm me sustentado com seu amor e misericórdia ao longo 
de toda a vida. 
Aos meus pais, meus irmãos e a minha namorada, que formam a minha base emocional; sem 
a força de vocês eu não teria conseguido. 
Aos amigos queridos Cássia, Mayara e Débora que foram grandes companhias durante o 
mestrado e agora para a vida. 
Aos amigos e familiares que me apoiaram com orações e palavras amigas. 
Ao meu orientador Prof. Rogério Antônio Picoli pela oportunidade e confiança. 
Ao meu coorientador Prof. Luiz Gustavo M. da Silva pela amizade, dedicação e 
companheirismo. 
Aos professores do PPGTDS pelo conhecimento compartilhado. 
À UFSJ-CAP pela oportunidade de cursar o mestrado. 
À CAPES pelo apoio financeiro. 
 
Muito Obrigado! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Everybody is a genius. But if you judge a fish by its ability to climb a tree, it will live its 
whole life believing that it is stupid.” 
Albert Einstein 
 
 
RESUMO 
 
As discussões sobre as mudanças climáticas globais têm incentivado o desenvolvimento de 
políticas voltadas ao incentivo da participação das fontes renováveis de energia para o 
atendimento da demanda por esse recurso. No caso do Brasil, a exploração do potencial 
hidrelétrico representa uma opção estratégica para o país, principalmente por ter caráter 
renovável. Nesse sentido, as pequenas centrais hidrelétricas (PCH’s) têm um papel 
importantenos planos de expansão do parque de geração de energia elétrica nos próximos 
anos. Dessa forma, propõe-se uma ferramenta de auxílio ao processo de planejamento da 
instalação de novas PCH’s nas bacias hidrográficas do estado de Minas Gerais; partindo de 
considerações sistêmicas e das recomendações das abordagens da Avaliação Ambiental 
Estratégica (AAE) e da Avaliação Ambiental Integrada (AAI). Por meio da manipulação dos 
dados do Zoneamento Ecológico e Econômico de Minas Gerais (ZEE-MG) e da utilização da 
técnica de suporte à decisão AHP (Analytic Hierarchy Process), foram elaborados cenários de 
restrições socioambientais em ambiente de sistemas de informações geográficas (SIG’s), 
buscando apontar as áreas mais sensíveis à instalação desses empreendimentos. Para a 
validação da metodologia, foram analisadas duas Unidades de Planejamento e Gestão de 
Recursos Hídricos: a UPGRH PN3 - Afluentes Mineiros do Baixo Paranaíba e a UPGRH PS2 
– Afluentes Mineiros dos Rios Pomba e Muriaé. O resultado da ponderação dos pesos das 
variáveis mostrou-se satisfatório segundo o método AHP, obtendo-se o valor de Razão de 
Consistência 0,0689. O resultado da análise dos cenários de restrições socioambientais 
apresentou valores condizentes com a realidade das duas regiões analisadas, concluindo-se 
que a metodologia é efetiva para a avaliação socioambiental de PCH’s. 
Palavras-chave: pequenas centrais hidrelétricas; avaliação socioambiental; análise 
hierárquica de processos; zoneamento ecológico e econômico de Minas Gerais 
 
 
 
ABSTRACT 
 
Discussions on global climate change have encouraged the development of policies to 
stimulate the participation of renewable energy sources to meet the demand for this resource. 
In Brazil, the exploitation of hydropower potential is a strategic option for the country, mainly 
for having renewable character. In this sense, small hydropower plants (SHP) have an 
important role in the expansion plans of the electricity generation park in the coming years. 
Thus, we propose a tool to aid the process of planning the installation of new SHPs in river 
basins of Minas Gerais; starting from systemic considerations and recommendations of the 
approaches of the Strategic Environmental Assessment (SEA) and Integrated Environmental 
Assessment (IEA). Through manipulation of the data of the Ecological and Economic Zoning 
of Minas Gerais (ZEE-MG) and the use of support technical decision AHP (Analytic 
Hierarchy Process) have been drawn up environmental restrictions scenarios in geographic 
information systems (GIS's ), seeking to identify the areas most sensitive to the installation of 
this kind of enterprises. To validate the methodology, we analyzed two Units of Planning and 
Management of Water Resources: the UPGRH PN3 - Afluentes mineiros do Baixo Paranaíba 
and UPGRH PS2 - Afluentes mineiros dos rios Pomba e Muriaé. The result of the weight of 
the weights of the variables was satisfactory according to the AHP method, getting the 
consistency ratio value 0.0689. The result of the analysis of environmental constraints 
scenarios presented consistent values with the realities of the two regions analyzed, 
concluding that the methodology is effective for the environmental assessment of PCH. 
Keywords: Small hydroelectric plants; environmental assessment; hierarchical process 
analysis; ecological and economic zoning of Minas Gerais 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1. Potencial hidroenergético por região, (p. 7) 
Figura 2. Diagrama simplificado dos procedimentos necessários para implantação de uma 
PCH, (p.16). 
Figura 3. Fluxograma das etapas de implantação de uma PCH, (p. 18). 
Figura 4. Fluxograma de elaboração do cenário de restrições socioambientais (p. 51). 
Figura 5. Região Hidrográfica do Paraná, (p. 83). 
Figura 6. Região Hidrográfica Atlântico Sudeste, (p. 84). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1. Variáveis selecionadas para compor o cenário de restrições socioambientais 
separadas em grupos temáticos, (p. 6). 
Tabela 2. Indicadores ambientais e indicadores socioeconômicos considerados na elaboração 
do índice ISUH (NT DEA 21/10), (p. 33). 
Tabela 3. Indicadores de impactos ambientais, indicadores de impactos socioeconômicos e 
indicadores de benefícios socioeconômicos considerados na NT DEA 17/12, (p. 33). 
Tabela 4. Síntese da análise socioambiental integrada dos projetos de UHE e PCH para a 
região sudeste, (p. 34). 
Tabela 5. Conversão de classes da componente fauna para o sistema utilizado no ZEE-MG, 
(p. 37). 
Tabela 6. Conversão de classes da componente flora para o sistema utilizado no ZEE-MG, (p. 
39). 
Tabela 7. Estimativa do risco potencial de erosão com base na associação das variáveis 
erodibilidade e declividade, (p. 42).Tabela 8. Escala Fundamental de Saaty para julgamentos comparatives, (p. 45). 
Tabela 9. Matriz de comparação pareada e pesos calculados, (p.46). 
Tabela 10. Índices de Consistência Randômicos (IR), (p. 48). 
Tabela 11. Definição dos pesos de cada variável com base no método AHP, (p. 49). 
Tabela 12. Definição de notas dos componentes de legenda das variáveis com base nos 
atributos estabelecidos pelo ZEE-MG, (p. 50). 
Tabela 13. Resultado da análise espacial do cenário de restrições para a UPGRH – PN3, (p. 
54). 
Tabela 14. Resultado da análise espacial do cenário de restrições para a UPGRH – PS2, (p. 
55). 
 
 
Tabela 15. Percentual de ocorrência das classes restrições de cada variável para a UPGRH 
PN3, (p. 56). 
Tabela 16. Percentual de ocorrência das classes restrições de cada variável para a UPGRH 
PS2, (p. 57). 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1 
1.1 Objetivos ............................................................................................................................... 3 
1.1.1 Objetivo geral .................................................................................................................... 3 
1.1.2 Objetivos específicos ......................................................................................................... 3 
1.2 Procedimentos e Métodos ..................................................................................................... 4 
2 REFERENCIAIS TEÓRICOS ............................................................................................. 6 
2.1 RECURSOS HÍDRICOS ................................................................................................... 6 
2.1.1 Potencial hidrelétrico brasileiro ......................................................................................... 6 
2.1.2 Viabilidade ambiental da instalação de novas PCH’s ....................................................... 8 
2.2 BASE NORMATIVA PARA A IMPLANTAÇÃO DE PCH’S .................................... 11 
2.2.1 O setor elétrico nacional: o caso das PCH’s .................................................................... 11 
2.2.2 Procedimentos de autorização e outorga para implantação de pequenas centrais 
hidrelétricas .............................................................................................................................. 14 
2.2.3Procedimentos de implantação de pequenas centrais hidrelétricas no Brasil ................... 17 
2.2.4 Impactos ambientais de pequenas centrais hidrelétricas: considerações sobre suas 
diferentes tipologias .................................................................................................................. 20 
2.2.5 Licenciamento ambiental de pequenas centrais hidrelétricas .......................................... 24 
2.3 ABORDAGENS DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL ...................................................... 26 
2.3.1 Avaliação Ambiental Estratégica .................................................................................... 26 
2.3.2 Avaliação Ambiental Integrada ....................................................................................... 28 
2.3.3 Esforços governamentais para o aprimoramento da gestão ambiental ............................ 31 
3 SELEÇÃO, JUSTIFICATIVA E INTERPRETAÇÃO DAS VARIÁVEIS ................... 35 
3.1 Meio Biótico ....................................................................................................................... 35 
3.1.1 Prioridade de conservação da fauna ................................................................................ 35 
3.1.2 Prioridade de conservação da flora .................................................................................. 37 
3.1.3 Prioridade de conservação da ictiofauna ......................................................................... 39 
3.2 Meio Físico ......................................................................................................................... 41 
3.2.1 Erodibilidade e Inclinação do terreno .............................................................................. 41 
3.3 Componentes-Síntese ......................................................................................................... 42 
3.3.1 Unidades de Conservação ................................................................................................ 42 
3.3.2 Tribos Indígenas .............................................................................................................. 43 
4 ESPACIALIZAÇÃO E ELABORAÇÃO DOS MAPAS TEMÁTICOS ........................ 44 
4.1 Método da Análise Hierárquica de Processos (AHP) ......................................................... 44 
 
 
4.2 Elaboração e composição dos cenários de restrições ......................................................... 48 
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................... 52 
5.1 Análise do cenário de restrições socioambientais para PCH’s ........................................... 52 
5.1.1 UPGRH PN3 - Afluentes Mineiros do Baixo Paranaíba (Bacia hidrográfica do Rio 
Paranaíba) ................................................................................................................................. 52 
5.1.2 UPGRH PS2 - Afluentes mineiros dos rios Pomba e Muriaé (Bacia do rio Paraíba do 
Sul) ........................................................................................................................................... 54 
5.2 Discussões .......................................................................................................................... 55 
6 CONCLUSÕES .................................................................................................................... 58 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 61 
ANEXO I ................................................................................................................................. 73 
ANEXO II ................................................................................................................................ 74 
ANEXO III .............................................................................................................................. 75 
ANEXO IV .............................................................................................................................. 76 
ANEXO V ................................................................................................................................ 77 
ANEXO VI .............................................................................................................................. 78 
ANEXO VII ............................................................................................................................. 79 
ANEXO VIII ........................................................................................................................... 80 
ANEXO IX .............................................................................................................................. 81 
ANEXO X ................................................................................................................................ 82 
ANEXO XI .............................................................................................................................. 83 
ANEXO XII ............................................................................................................................. 84 
 
 
 
 
 
 
1 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Asdiscussões sobre as mudanças climáticas globais têm incentivado o 
desenvolvimento de políticas voltadas ao estímulo da maior participação das fontes 
renováveis de energia na composição da matriz energética dos países (THE WORLD BANK, 
2010). Desde a entrada em vigor do Protocolo de Quioto, em 16 de fevereiro de 2005,os 
projetos de MDL1 - Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, cresceram significativamente, e 
em 2012, com o fim da vigência do Protocolo, registrou-se um grande número de projetos 
dessa natureza pelo mundo(USA, 2014). 
Segundo dados do The World Bank (2010) a América Latina contribui com o maior 
porcentual de geração de energia renovável mundial, considerando as diferentes fontes de 
geração dessa categoria. 
No Brasil, de acordo com o Balanço Energético Nacional (BEN, 2015), a participação 
das fontes renováveis na composição da matriz energética nacional representou em 2014, 
39,4% do total de energia gerada, ao passo que a média mundial em 2012 era de 13, 2%. 
Dessa forma, o país se mantém com as mais elevadas médias mundiais de geração de energia 
renovável. 
Considerando a matriz elétrica brasileira, a participação das fontes renováveis é ainda 
maior. Esse fato decorre, dentre outros fatores, a participação expressiva do potencial 
hidrelétrico já instalado. Ademais, segundo Tolmasquin (2012), aproximadamente 10% de 
todo o potencial hidráulico técnico mundial encontra-se no Brasil, portanto, o aproveitamento 
desse recurso é estratégico para o país. No ano de 2014 a geração hidráulica representou 
65,2% de todo o potencial elétrico gerado (BEN, 2015). 
O parque hidrelétrico brasileiro, ao longo do século XX,desenvolveu-se priorizando a 
construção de grandes usinas hidrelétricas, controladas principalmente por estatais 
(ELETROBRÁS, 2000). Durante esse período, as pequenas centrais hidrelétricas (PCH’s) não 
tinham participação expressiva no contexto hidroenergético do país (CARNEIRO, 2010). 
No entanto, o endividamento e a falência de algumas dessas estatais, além dos 
entraves ambientais associados à aprovação desses projetos, favoreceram a ascensão de um 
 
1 O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo - MDL, tornou-se uma alternativa para os países em 
desenvolvimento buscarem investimentos em infraestrutura e tecnologia limpa, além da criação de um mercado 
internacional de créditos de carbono (certificados emitidos quando há a redução da emissão de gases poluentes 
que podem ser negociados em um mercado internacional) (MMA, 2007). 
 
 
2 
 
 
 
 
novo modelo setorial, baseado na privatização de concessionárias de energia 
(ELETROBRÁS, 2000; LEÃO, 2008). Foi então que, por volta de 1980 se verificou um 
aumento significativo no número de PCH’s no Brasil (ELETROBRÁS, 2000). 
As PCH’s ainda surgem nesse contexto como uma das saídas para a questão da crise 
energética de 2001. Dessa forma, diversos esforços governamentais promoveram a expansão 
dessa classe de empreendimentos, de modo que a elevação da oferta de energia se desse de 
forma rápida e eficiente (SOUZA et al., 2002). 
Dentre os diversos esforços governamentais que buscaram o incentivo às “fontes 
alternativas” de energia, destaca-se o PROINFA – Programa de Incentivo às Fontes 
Alternativas de Energia Elétrica, instituído com objetivo de aumentar a participação da 
energia elétrica produzida por empreendimentos de produtores independentes autônomos, 
com base em PCH, fonte eólica e biomassa (ANEEL, 2003; CARNEIRO 2010). Esse 
programa visou à expansão da oferta de energia emergencial e àuniversalização do serviço 
público de energia elétrica, através da fixação dessas fontes no Sistema Interligado Nacional – 
SIN (MME, 2010; CARVALHO, 2014). 
Esse marco representou um passo importante no sentido da diversificação e 
descentralização da matriz elétrica nacional, e estimulou a viabilização econômica das PCH’s 
(FARIA, 2011). Além de simplificar o processo de outorga, o Governo concedeu uma série 
de outros benefícios com o objetivo de intensificar os investimentos nesse setor (ANEEL, 
2003). 
Com isso, em comparação com as exigências do processo de licenciamento ambiental 
para as demais categorias de aproveitamentos hidrelétricos, as aprovações de alguns projetos 
de PCH’s passaram a ter modelos simplificados de avaliação de impactos ambientais 
conforme a sua potência instalada(LEÃO, 2008). 
Assim, o setor elétrico vem se desenvolvendo rapidamente,com a participação 
expressiva das PCH’s; e ainda existe um enorme potencial a ser explorado (FARIA et al., 
2012). 
Segundo dados do Banco de Informações de Geração – BIG, da Agência Nacional de 
Energia Elétrica - ANEEL, está prevista para os próximos anos uma adição de 
aproximadamente 27 GW na capacidade de geração do país. Desse montante, o potencial 
outorgado proveniente de novas PCH’s é de 2.277.329 kW. Do total previsto, 37 já estão em 
processo de construção e outras 125 em processo ainda não iniciado (ANEEL, 2016). 
 
3 
 
 
 
 
Tendo em vista a importância das PCH’s no contexto energético do país, é importante 
ressaltar que, embora a geração hidrelétrica reúna importantes atributos do ponto de vista 
econômico, a sua expansão acelerada e sem uma avaliação adequada pode acarretar impactos 
ambientais e sociais significativos, que podem ser irreversíveis (WCD, 2000). De acordo com 
Andrade et al. (2015) o impacto ambiental negativo advindo desse tipo de exploração é 
substancialmente maior quando o local de implantação do projeto é situado em áreas sensíveis 
e ambientalmente significantes. 
Dessa forma, propõe-se com esse estudo, uma metodologia de avaliação 
socioambiental de pequenas centrais hidrelétricas, a qual visa contribuir com o 
aprimoramento da sistemática de avaliação socioambiental desses empreendimentos, 
considerando a sua fase de planejamento. 
 
1.1 OBJETIVOS 
1.1.1 OBJETIVO GERAL 
 
O objetivo principal desse trabalho é propor uma metodologia de avaliação 
socioambiental que auxilie o processo de planejamento estratégico da instalação de novas 
PCH’s no estado de Minas Gerais, a partir da elaboração de cenários de restrições 
socioambientais em ambientes de sistemas de informações geográficas (SIG’s). 
 O termo ‘metodologia’ é entendido como o conjunto de fatores, procedimentos e 
recomendações que analisados e articulados que embasam a presente proposta de avaliação 
socioambiental, representando um esforço para contornar as deficiências e limitações das 
avaliações vigentes. 
 
1.1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
 
1) Analisar de forma crítica os procedimentos de autorização, implantação e 
licenciamento ambiental de pequenas centrais hidrelétricas no Brasil e, em particular, no 
Estado de Minas Gerais, com o intuito de detectar com embasamento científico, as questões 
deficientes de avaliação socioambiental. 
 
4 
 
 
 
 
2) Identificar as variáveis críticas para a avaliação socioambiental de pequenas 
centrais hidrelétricas, e posteriormente,buscar dados geoespaciais que as representem. 
3) Analisar a metodologia, estrutura e conteúdo do banco de dados do Zoneamento 
Ecológico e Econômico de Minas Gerais, com o intuito de investigar o seu potencial e suas 
limitações para a avaliação socioambiental de PCH’s. 
4) Propor, a partir das diretrizes da Avaliação Ambiental Integrada (AAI), da 
Avaliação Ambiental Estratégica(AAE) e das recomendações das Notas Técnicas da Empresa 
de Pesquisa Energética – EPE, um método de avaliação socioambiental de PCH’s que 
possibilite um diagnóstico baseado em mapas temáticos gerados em ambiente SIG. 
5) Validar a metodologia proposta a partir da análise de duas Unidades de 
Planejamento e Gestão de Recursos Hídricospresentes no estado de Minas Gerais. 
6) Indicar as limitações da pesquisa e sugestões para o seu aprimoramento. 
 
 
1.2 PROCEDIMENTOS E MÉTODOS 
 
Voltada para a fase de planejamento, esta proposta envolve a elaboração de cenários 
de restrições socioambientais em ambiente de sistemas de informações geográficas (SIG’s), 
como forma de representar as áreas dentro do estado de Minas Gerais sensíveis à instalação de 
novas PCH’s. A fundamentação teórica e as diretrizes de sua elaboração estão embasadas nas 
recomendações da Avaliação Ambiental Integrada (AAI), Avaliação Ambiental Estratégica 
(AAE) e Avaliação Socioambiental Integrada (EPE, 2012). 
No primeiro momento, por meio da investigação de referenciais técnicos sobre PCH’s, 
buscou-se detectar, sob um viés crítico, os aspectos deficientes das diretrizes e exigências 
legais de avaliação socioambiental associados à essa fonte de geração. Para isso, foram 
analisados: a atual estruturação do setor elétrico nacional, com ênfase nas PCH’s; a evolução 
dos mecanismos e procedimentos de autorização, outorga e implantação; as abordagens de 
avaliação de impactos ambientais e o processo vigente de licenciamento ambiental;com o 
intuito de incorporar essas questões na metodologia, em uma tentativa de contornar as 
limitações detectadas. 
A próxima etapa preocupou-se em levantar uma lista de potenciais variáveis julgadas 
como críticas para o processo de avaliação socioambiental de PCH’s,como forma de evitar ou 
 
5 
 
 
 
 
mitigar os impactos ambientais que geralmente decorrem desse tipo de exploração; para isso 
foram considerados: os quesitos técnicos sobre PCH’s (ADRADA, 2013), de forma a 
selecionar variáveis relevantes comuns às tipologias de PCH’s existentes; as notas técnicas da 
EPE (NT DEA 21/10; NT DEA 12/12 e NT DEA 19/12), fazendo as devidas adaptações para 
o contexto das PCH’s; o Estudo de Impacto Ambiental de PCH’s já licenciadas e artigos 
científicos. 
Dessa lista de potenciais variáveis, foram selecionadas sete (7), as quais tornaram-se 
efetivas na composição do cenário de restrições socioambientais.Um dos critérios utilizados 
para selecionar essas variáveis, foi a correspondência das mesmas com a existência de dados 
expressos em formato shapefile, presentes no banco de dados do Zoneamento Ecológico e 
Econômico de Minas Gerais (ZEE-MG). Ademais, essas variáveis tiveram de atender aos 
seguintes requisitos: a) possibilidade de manipulação em ambiente SIG; b) existência e 
disponibilidade de dados e; c) informações suficientes e com qualidade. 
Dessa forma, foram selecionadas as variáveis para compor o cenário de restrições 
socioambientais. As suas justificativas e modo de interpretação estão descritos no capítulo 3 
desse trabalho. Os procedimentos e métodos utilizados na elaboração dos cenários de 
restrições socioambientais, expressos por meio de mapas temáticos, estão descritos no 
capítulo 4. 
A validação dessa proposta é feita a partir da análise dos resultados obtidos com o 
cenário de restrições socioambientais para duas UPGRH’s. 
A tabela 1 apresenta as variáveis selecionadas para compor o cenário de restrições 
socioambientais. 
 
 
6 
 
 
 
 
Tabela 1 - Variáveis selecionadas para compor o cenário de restrições socioambientais separadas em grupos 
temáticos. 
Grupo temático Variáveis 
(1) Meio biótico Prioridade de conservação da fauna 
Prioridade de conservação da flora 
Prioridade de conservação da ictiofauna 
 
(2) Meio físico Erodibilidade 
Inclinação do terreno 
 
(3) Componentes-síntese Unidades de conservação 
Tribos indígenas 
 
 
2 REFERENCIAIS TEÓRICOS 
 
2.1 RECURSOS HÍDRICOS 
 
2.1.1 POTENCIAL HIDRELÉTRICO BRASILEIRO 
 
No Brasil, a maior parte da produção de energia elétrica é proveniente das fontes 
hidráulicas. Estas fontes de geração são responsáveis por 67,5% da capacidade instalada do 
país, e a sua importância advém do grande potencial hidrelétrico nacional, o qual representa 
uma opção estratégica para a expansão do parque de geração de energia, principalmente por 
ser renovável (ANEEL, 2014; EPE, 2006). 
A geração hidrelétrica brasileira fundamenta-se em plantas de larga escala e com 
grande capacidade de armazenamento, que juntamente com as demais fontes de geração de 
energia, compensam as variações de suprimento pelo país, de modo a complementar as 
sazonalidades naturais de recursos de algumas regiões (LUCENA et al., 2010). 
Ainda que a maior parte da matriz elétrica brasileira seja caracterizada pela geração 
hidrelétrica, a taxa de utilização desse potencial é relativamente pequena em comparação com 
os países industrializados como Alemanha, Japão, Estados Unidos e Noruega. Estima-se que 
 
7 
 
 
 
 
somente cerca de 30% do potencial hídrico nacional é explorado atualmente (FERREIRA et 
al., 2016). 
Figura 1 - Potencial hidroenergético por região. 
Fonte: Adaptado de Ministério de Minas e Energia (MME, 2007). 
 
A baixa utilização do potencial hidrelétrico no norte do Brasil pode ser explicada, 
dentre outros fatores, devido à predominância topográfica da região, caracterizada por 
planícies; pela grande diversidade biológica do bioma Amazônico, e pela distância dos 
principais centros de consumo de energia. (EPE, 2006). Dessa forma, é possível dizer que a 
disponibilidade de recursos e a configuração socioeconômica, juntamente com os 
condicionantes socioambientais, direcionam fortemente a distribuição espacial dos projetos 
energéticos (EPE, 2013). 
De acordo com o Atlas de Energia Elétrica da ANEEL (2008), cerca de 60% da 
capacidade hidrelétrica instalada no Brasil está localizada na Bacia do Rio Paraná; as bacias 
do São Francisco e a do Tocantins, representam 16% e 12%, respectivamente; e as bacias com 
menor potência instalada são as do Atlântico Norte/Nordeste e Amazonas, que somam juntas 
1,5% da capacidade instalada do Brasil (EPE, 2013). 
 
8 
 
 
 
 
Segundo a EPE (2013), os pequenos aproveitamentos hidrelétricos se localizam 
principalmente nas regiões sul e sudeste, nas bacias do Paraná e Atlântico Sudeste, próximos 
aos grandes centros consumidores de energia elétrica. Na Bacia do Paraná, destacam-se as 
sub-bacias do Rio Grande, do Tietê e Paraná/Paranapanema. Na Bacia do Atlântico Sudeste, 
destacam-se as sub-bacias do Rio Doce e Rio Paraíba do Sul. Os demais aproveitamentos se 
localizam no centro-oeste do país, principalmente nos estados de Mato Grosso e Tocantins. A 
expansão das PCH’s tende para as regiões sul e sudeste; e na região centro-oeste, tende para o 
Estado de Mato Grosso. 
De acordo com Tiago Filho et al. (2006), o Centro Nacional de Referências em 
Pequenas Centrais Hidrelétricas – CERPCH, desenvolveu uma série de trabalhos de 
estimativa do potencial hidrelétrico remanescente do Brasil, com o objetivo de avaliar as 
expectativas de mercado para PCH’s. Estes estudos resultaram em estimativas do potencial 
teórico ainda não inventariado no Brasil, o qual aponta para o montante aproximado de 
15.453 MW passíveis de serem explorados. 
Nessas estimativas foram consideradas: as vazões específicas das bacias e o desnível 
estimado por mapas do IBGE (escala 1:15.000 em alguns pontos da região sul e sudeste, e a 
escala 1:50.000 no restante do Brasil); e a readequação de aproveitamentos inventariados 
anteriormente, tendo em vista os aspectos ambientais e de uso múltiplo de recursos hídricos, 
com as perspectivas de uma nova redivisão de quedas das bacias (TIAGO FILHO et al.,2006). 
Diante do que foi exposto, é possível dizer que as PCH’s têm um papel extremamente 
importante nos planos de expansão de geração de energia elétrica para os próximos anos, 
principalmenteno atendimento das demandas próximas aos centros de carga. Mas também em 
áreas periféricas ao sistema de transmissão e em pontos marcados pela expansão agrícola 
nacional, tendo em vista o desenvolvimento econômico do país ancorado numa fonte de 
geração considerada limpa e renovável. 
 
2.1.2 VIABILIDADE AMBIENTAL DA INSTALAÇÃO DE NOVAS PCH’S 
 
As preocupações inerentes comas alterações climáticas e ambientais, tais como o 
aquecimento global e a acidificação dos oceanos, traçaram novos rumos nas decisões políticas 
dos países nos últimos anos. Os incentivos voltados à utilização das fontes renováveis de 
energia para o atendimento do desenvolvimento econômico enfatizam, dentre outros aspectos, 
a substituição dos combustíveis fósseis e têm por objetivo a mitigação das mudanças 
 
9 
 
 
 
 
climáticas, na premissa de que essa medida pode reduzir substancialmente a degradação 
ambiental e o aquecimento global (PREMALATHA et al., 2014). 
No entanto, conciliar o desenvolvimento econômico com o fornecimento de energia 
compatível com seu ritmo torna-se um grande desafio para as economias emergentes como o 
Brasil; especialmente, quando se tem em conta as metas de redução das emissões de gases do 
efeito de estufa e outros objetivos de proteção ambiental (PRADO et al., 2016) 
Com o intuito de evitar futuras crises de abastecimento de energia e garantir o 
desenvolvimento econômico, muitos países estabelecem normas de segurança energética 
(BAJAY, 2006; KELMAN, 2001). Geralmente, opta-se por aumentar os níveis de segurança, 
incluem mandatos de ampliação da capacidade instalada de geração do país, partindo do 
pressuposto que o aumento da produção pode evitar as crises de abastecimento e o que dela 
decorre (BAJAY, 2006; JABUR, 2001). 
Em contrapartida, o aumento da capacidade de geração implica também no aumento 
dos conflitos ambientais e as emissões de gases do efeito estufa. Tais fatores, por sua vez, 
podem comprometer a produção futura de energia em países que dependem fortemente da 
energia hidrelétrica, entendendo que essa fonte de geração é suscetível às mudanças 
climáticas e às alterações do ciclo hidrológico (PHILLIPS et al., 2009). 
É possível dizer, portanto, que a energia hidrelétrica envolve uma complexa relação 
com a integridade ambiental. Embora muitos ecologistas e ambientalistas não considerem as 
grandes usinas hidrelétricas como fontes de energia limpa, as pequenas centrais hidrelétricas 
podem ser consideradas uma possível solução para parte dos problemas advindos dos grandes 
empreendimentos hidrelétricos (KOSNIK, 2010; ABBASI e ABBASI, 2011). 
Nesse sentido, nos últimos anos, vem sendo dada uma maior atenção ao 
desenvolvimento e integração de projetos de pequenas centrais hidrelétricas em sistemas 
fluviais, com o intuito de minimizar os efeitos ambientais negativos oriundos da exploração 
hidrelétrica, priorizando a conservação da água (NAUTIYAL et al., 2011). 
A crença de que as PCH’s são fontes de energia limpa, com poucos problemas 
ecológicos e efeitos ambientais aparentemente insignificantes contribui para o incitamento de 
uma rápida expansão desse tipo de empreendimento (PANG et al., 2015; FERREIRA et 
al.,2016). 
No entanto, existem divergências sobre esses argumentos. De acordo Premalatha et al. 
(2014) não é difícil constatar, à luz dos fundamentos da ecologia e hidrologia, os problemas 
 
10 
 
 
 
 
ambientais causados por pequenas centrais hidrelétricas, os quais podem ser tão numerosos 
quanto aqueles associados às grandes centrais hidrelétricas, podendo ser não menos graves. 
Os trabalhos elaborados por Zhang et al.(2014) e Pang et al. (2015) apontam para essa 
questão. Os autores discutem os impactos negativos e efeitos deletérios das PCH’s sob uma 
análise diferenciada em escalas espaciais, considerando: os impactos ambientais no entorno 
da planta hidrelétrica e os impactos à sua jusante. A partir dessa abordagem é discutido o 
potencial ambientalmente viável a ser explorado em um curso d’água e o modo como o 
recurso é utilizado. 
O potencial ambientalmente viável determina não só o potencial crítico para o 
desenvolvimento hidrelétrico das bacias hidrográficas, mas também o potencial de 
desenvolvimento específico para empreendimentos hidrelétricos. Este potencial crítico e os 
potenciais específicos têm por objetivo equilibrar a geração de energia hidrelétrica com a 
proteção ambiental (HENNIG et al., 2013). 
Essa discussão permite que novas variáveis sejam consideradas na análise 
socioambiental, ampliando o leque dos aspectos que podem ser contemplados na avaliação da 
viabilidade ambiental da instalação de uma PCH em um determinado local. 
De acordo com Li et al. (2007), Zhang et al. (2007) e Pascale, Urmee e Moore (2011), 
os impactos ambientais no entorno de uma planta hidrelétrica estão associados, em grande 
parte, às obras civis e à formação do reservatório. As atividades como: movimentações de 
solos e escavações das rochas, implantação do conduto forçado, formação do reservatório, 
construção da casa de força e instalação dos equipamentos técnicos, tendem a perturbar o 
status original do ecossistema. 
Os principais impactos ambientais decorrentes dessas atividades estão associados aos 
processos erosivos do solo, à poluição ambiental, à deposição de sedimentos, à destruição de 
habitats terrestres e aquáticos, à inundação da vegetação, à diminuição da qualidade da água e 
da produtividade da terra, bem como à supressão de habitat humano (ZHANG et al., 2014). 
Já no tocante aos impactos ambientais à jusante da planta hidrelétrica, Mcmanamay, 
Orth e Dolloff (2012) e Yüksel, (2010) mencionam que são impactos muito complexos de 
difícil avaliação e estão diretamente associados às alterações da hidrologia. 
Como normalmente os projetos hidrelétricos desviam parte do fluxo do rio para 
possibilitar a geração de energia, essa redução do fluxo normal, juntamente com as flutuações 
sazonais dos rios, afetam negativamente o habitat da flora e da fauna à jusante dos canais, 
planícies aluviais e estuários (ASAEDA; RASHID, 2012; GUO et al., 2012). 
 
11 
 
 
 
 
Segundo Pang et al. (2015), a degradação dos serviços ecossistêmicos à jusante, 
ocasionada pelas diminuições periódicas de fluxo dos rios, constitui a maior parte dos 
impactos induzidos pelo desenvolvimento desses empreendimentos. No entanto, os autores 
ressaltam que se tais danos forem evitados, por exemplo, se a PCH operar a “fio d’água”, os 
projetos tendem a produzir efeitos deletérios relativamente menores sobre o meio ambiente. 
Conforme o que foi apresentado, pode-se concluir que novas abordagens e 
considerações devem ser incorporadas ao processo de avaliação socioambiental de PCH’s, 
uma vez que foi possível detectar na revisão da literatura técnica que as variáveis e fatores 
econômicos se sobressaem, de certa forma, às variáveis e aos fatores ecológicos na 
determinação da viabilidade de instalação de um empreendimento. Esse assunto será melhor 
discutido no próximo tópico. 
 
 
2.2 BASE NORMATIVA PARA A IMPLANTAÇÃO DE PCH’S 
 
2.2.1 O SETOR ELÉTRICO NACIONAL: O CASO DAS PCH’S 
 
 O setor elétrico brasileiro, ao longo de seu desenvolvimento, passou por diversas 
reestruturações. Tais reestruturações incluíram desmembramento das empresas de geração, 
transmissão, distribuição e o surgimento de empresas exclusivas para a comercialização de 
energia elétrica (LEÃO, 2008). 
Nesse contexto, é possível citar a criação da Agência Nacional de Energia Elétrica – 
ANEEL, em substituição à antiga DNAEE, e também a instituição do Operador Nacional do 
Sistema – ONS, entes jurídicos que foram criados com funções administrativas específicas noque se refere à distribuição de energia elétrica. Além disso, outros órgãos e instituições 
possuem atribuições normativas e funções reguladoras. A Empresa de Pesquisas Energéticas – 
EPE tem a função de planejamento do setor elétrico; o Comitê de Monitoramento do Setor 
Elétrico – CMSE é responsável pelo monitoramento da segurança de suprimento de 
eletricidade; e a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica – CCEE, uma associação 
civil composta pelos agentes das categorias de geração, distribuição e de comercialização, é 
responsável por negociar a aquisição de energia elétrica no sistema interligado. Merecem 
destaque ainda o poder de regulador normatizador do Ministério de Minas e Energia e a 
relativa autonomia do ONS (LEÃO, 2008; CCEE, 2014). 
 
12 
 
 
 
 
Juntamente com as reestruturações e as novas instituições estabelecidas no país nesse 
período, foram alteradas inúmeras resoluções do setor elétrico. No tocante às pequenas 
centrais hidrelétricas – PCH’s, essas alterações influenciaram, por exemplo, os procedimentos 
de licenciamento e os critérios de enquadramento e classificação atuais. 
Desde a instalação das primeiras PCH’s no Brasil, foram removidas uma série de 
barreiras relacionadas à viabilização econômica desses empreendimentos, o que favoreceu a 
entrada de novos agentes na indústria de energia elétrica; resultado de esforços 
governamentais e políticas setoriais em prol dos investimentos no setor (SOUZA et. al., 
2002). 
 O critério segundo o “tamanho” levou à criação dos conceitos de “pequenas 
hidrelétricas” e “grandes hidrelétricas” no Brasil, sendo definido pela capacidade instalada 
medida em MW. 
Os critérios de enquadrament onuma ou outra categoria podem variar de um país para 
outro, conforme os níveis de desenvolvimento alcançados em cada um deles, e de suas 
particularidades naturais, bem como outros fatores intrínsecos à geração de energia 
(ADRADAet al., 2013). 
Segundo o Special Report do IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change de 
2011, a classificação de acordo com o tamanho dos empreendimentos, ainda que bastante 
comum e administrativamente simples, não representam critérios técnicos e científicos 
capazes de avaliar seu desempenho sustentável ou econômico. 
 No Brasil, a primeira referência sobre a definição de pequenas centrais hidrelétricas foi 
citada em 1982, pela na Portaria nº 109, do Departamento Nacional de Águas e Energia 
Elétrica – DNAEE, que definiu as pequenas centrais como empreendimentos que 
contemplassem cumulativamente as seguintes características (CARVALHO, 2014): 
Operassem a fio d’água (sem acumulação, com aproveitamento das quedas já 
existentes nos rios),ou no máximo com regularização diária; 
Tivessem barragens e vertedouros com altura máxima de 10 metros; 
Não utilizassem túneis; 
Possuíssem estruturas hidráulicas no circuito de geração para vazão turbinável de no 
máximo 20m3/s; 
Fossem dotadas de unidades geradoras com potência individual de até 5.000 kW; 
Tivessem potência instalada total de no máximo 10.000 kW. 
 
13 
 
 
 
 
 Em 1997, o DNAEE criou um grupo multidisciplinar para realizar um novo 
diagnóstico das PCH’s no Brasil e indicou, dentre outras recomendações, que houvesse uma 
alteração no sentido de aumentar o limite da potência instalada para o enquadramento das 
categorias desses empreendimentos. Nessa época, também foram promovidos esforços do 
setor empresarial, recomendando que as pequenas centrais hidrelétricas tivessem potência de 
50 MW e que a outorga fosse concedida através de uma autorização, sem a necessidade de 
processo licitatório (CARNEIRO, 2010). 
Assim, os limites foram sendo aumentados de 10 MW para 25 MW, através de 
diversas medidas provisórias, até chegar ao limite contemplado pela Lei n.º 9.648/98, que 
fixou em no máximo 30 MW a potência instalada de pequenas centrais hidrelétricas.Também 
ficou definido o limite máximo de 3,0km² para a área de inundação dos reservatórios, tendo 
como referência a vazão com tempo de recorrência de 100 anos (CARNEIRO, 2010). 
 Em 2003, com a publicação da Resolução n.º 652, da ANEEL, foram mantidos alguns 
critérios de enquadramento e outros foram flexibilizados. Dessa forma, foi definido que: as 
pequenas centrais hidrelétricas englobam os empreendimentos de potência superior a 1 MW e 
igual ou inferior a 30 MW, destinado à produção independente ou autoprodução, com área de 
reservatório inferior a 3,0 km². No entanto, o aproveitamento que não atendesse à condição 
estabelecida para a área do reservatório, mas que respeitasse os limites de potência e a 
modalidade de exploração, teria a possibilidade de expandir a limitação do reservatório para 
até 13 km², desde que atendesse a seguinte inequação, especificada no Art. 4º da referida 
resolução (CARVALHO, 2014): 
 
𝐴 ≤
14,3 . 𝑃
𝐻𝑏
 
 
Sendo: 
P = potência elétrica instalada em (MW); 
A = área do reservatório em (km²); 
Hb = queda bruta em (m), definida pela diferença entre os níveis d'água máximo normal de montante e normal 
de jusante. 
 
 A última alteração nos critérios de enquadramento ocorreu recentemente, com a 
Resolução Normativa - ANEEL Nº 673, de 4 de agosto de 2015. Essa resolução estabelece 
que as pequenas centrais hidrelétricas representam os empreendimentos com potência 
superior a 1 MW e igual ou inferior a 30 MW; e o limite para a área do reservatório pode 
chegar até 13,0 km², excluindo a calha do leito regular do rio (ANEEL, 2016). 
 
14 
 
 
 
 
 Remetendo ao início dos anos 80, os benefícios concedidos pelo governo não 
implicaram em um aumento significativo no número de empreendimentos de PCH’s como era 
esperado. No entanto, com o advento dos procedimentos de simplificação de concessões e 
flexibilização de exigências ambientais, além dos programas de incentivos, do ponto de vista 
técnico e econômico, criou-se um cenário atrativo para a exploração desses empreendimentos. 
Embora tenham sido importantes para o país os avanços do setor elétrico e o aumento 
da participação das PCH’s na composição de sua matriz elétrica, tanto no que se refere ao 
aumento da capacidade instalada, quanto pela diversificação da matriz e demais benefícios, é 
perceptível que, desde o início do processo de implantação do sistema regulador, inúmeras 
questões foram negligenciadas ou não foram apreciadas da maneira devida, permitindo, dessa 
forma, que fossem executados empreendimentos empresarialmente e ambientalmente 
contestáveis. 
 
2.2.2 PROCEDIMENTOS DE AUTORIZAÇÃO E OUTORGA PARA IMPLANTAÇÃO DE 
PEQUENAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS 
 
 Os procedimentos para a implantação de pequenas centrais hidrelétricas no Brasil 
podem ser divididos em três processos que caminham paralelamente: (i) o processo de 
autorização de exploração do potencial hidroenergético, tramitado junto à ANEEL; (ii) o 
processo de outorga de uso da água, articulado com os órgãos de gestão dos recursos hídricos 
e (iii) o procedimento do licenciamento ambiental, nas esferas dos órgãos ambientais 
responsáveis (FARIAS, 2013). 
 A autorização para a exploração do potencial hidráulico é regulamentada pela 
Constituição Federal de 1988, em seu artigo 20º, inciso VIII, o qual assegura o potencial 
hidráulico como bem da União. A exploração do potencial energético dos cursos d’água deve 
ser feita mediante a concessão (no caso das grandes usinas) ou autorização (no caso das 
pequenas centrais). 
Uma vez aprovado o projeto básico de um empreendimento segundo as normas 
regulamentadas, é dado início ao procedimento de outorga do potencial hidráulico, o qual é 
praticado nas modalidades de autorização plena ou condicionada (ANEEL, 2004; FARIAS, 
2013). 22 Para a obtenção da autorização “plena” é necessária a apresentação da Licença Prévia, conclusão da análise e 
aprovação do projeto básico. Para autorização “condicionada”, é necessária a apresentação do protocolo de 
 
15 
 
 
 
 
 Os procedimentos gerais para a outorga de uso de recursos hídricos são definidos pela 
Resolução nº 16 do Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH, de 08 de maio de 
2001, a qual faculta ao outorgado o direito de uso do recurso hídrico, por prazo determinado e 
consideradas as legislações específicas vigentes. Vale ressaltar que a outorga não implica 
alienação total ou parcial das águas, que são inalienáveis (FARIAS, 2013). 
Os critérios adotados pelas instituições outorgantes na avaliação dos pedidos de 
outorga são bastante diversificados e variam conforme a instituição de cada Estado. É 
possível constatar que existem diversos conceitos para se definir: a vazão remanescente não 
outorgada (ou vazão residual), a vazão ecológica3, a vazão ambiental4 e o Trecho de Vazão 
Reduzida - TVR5(ANA, 2005). 
Existe ainda uma clara divisão de responsabilidades nos cumprimentos legais inerentes 
à instalação de um empreendimento hidrelétrico, tanto na esfera federal, quanto nas esferas 
estaduais. De acordo com a Gerência de Outorgas da ANA, a integração de informações com 
o IBAMA, por exemplo, é realizada usualmente por meio de reuniões. Com relação aos 
demais órgãos ambientais estaduais, essa articulação é habitualmente feita via ofício, devido à 
distância física entre esses órgãos. 
Os procedimentos de integração de informações entre os diferentes órgãos, segundo o 
artigo 1º da Resolução CNRH nº 65/2006, fundamentam-se nos princípios do uso múltiplo e 
racional dos recursos hídricos e possuem a bacia hidrográfica como unidade de planejamento 
e gestão, com foco nas prioridades estabelecidas nos planos de recursos hídricos e ambientais, 
e nas legislações pertinentes. 
A Figura 2 apresenta um diagrama simplificado dos procedimentos necessários para a 
implantação de uma pequena central hidrelétrica no Brasil, resumindo as principais etapas do 
processo e os agentes envolvidos em cada uma delas. 
 
entrega dos estudos ambientais ao órgão responsável, sendo a aprovação do projeto básico efetuada a posteriori, 
época que deverá ser entregue a licença prévia, permitindo que as atividades de licenciamento ambiental sejam 
implementadas em paralelo com o processo de outorga de autorização da exploração do potencial (ANEEL, 
2004). 
3 A vazão ecológica é definida como a vazão que deve ser mantida no rio para atender aos ambientais, incluindo 
os usos de recursos hídricos a jusante da intervenção do corpo de água (ANA, 2005). 
4A vazão ambiental é considerada a vazão necessária para garantir a preservação da bacia de forma integrada, de 
modo a assegurar a sua sustentabilidade, levando em conta todo o ecossistema (ANA, 2005). 
5 O trecho de vazão reduzida é a distância medida ao longo do curso do rio entre o eixo do barramento e o canal 
de restituição das águas turbinadas (canal de fuga) de um aproveitamento hidrelétrico cuja adução é proposta por 
derivação (ANA, 2005). 
 
 
16 
 
 
 
 
Figura 2 – Diagrama simplificado dos procedimentos necessários para implantação de uma PCH. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Adaptado de (Farias, 2013).
 
17 
 
 
 
 
2.2.3PROCEDIMENTOS DE IMPLANTAÇÃO DE PEQUENAS CENTRAIS 
HIDRELÉTRICAS NO BRASIL 
 
 Os primeiros estudos visando a implantação de um empreendimento hidrelétrico 
começam com a estimativa do potencial hidrelétrico da bacia ou sub-bacia onde se deseja 
implantar um projeto. Trata-se de uma avaliação preliminar das características hidrológicas, 
topográficas, geológicas e ambientais, no sentido de verificar a vocação do local para a 
geração de energia elétrica (CEPEL, 2007). 
É característica dessa fase a análise de dados disponíveis nos diversos órgãos 
existentes, pretendendo uma primeira avaliação do potencial e a estimativa de custo do 
aproveitamento da bacia hidrográfica, além das definições de prioridades para as etapas 
posteriores, como os Estudos de Inventário Hidrelétrico(CEPEL, 2007; FARIA, 2011; 
MAKARON, 2012). 
Segundo o artigo 4 da Resolução 393 da ANEEL, os aproveitamentos de no máximo 
50 MW podem conduzir os Estudos de Inventário Hidrelétrico de forma simplificada. Nestes 
casos, cabe ao interessado submeter à ANEEL um relatório de reconhecimento, no qual se 
fundamenta de forma técnica a simplificação desse relatório (ELETROBRÁS, 2000). 
Fica reservado, portanto, às usinas com potência instalada máxima de até 50 MW o 
Inventário Hidrelétrico Simplificado, enquanto os demais aproveitamentos (acima de 50 MW) 
devem conduzir o Inventário Hidrelétrico Pleno (PEDREIRA, 2004; SCHWEITZER, 2010). 
O Manual de Inventário Hidrelétrico de Bacias Hidrográficas – Edição 2007 é a 
referência para a realização de inventários plenos, apresentando “um conjunto de critérios, 
procedimentos e instruções para a realização do inventário do potencial hidroelétrico de 
bacias hidrográficas” (CEPEL, 2007). 
A edição de 2007 é uma atualização da edição de 1997, utilizada para a elaboração e 
análise de inventários hidrelétricos simplificados. Dessa forma, entende-se que o Inventário 
Hidrelétrico é o primeiro estudo necessário para a obtenção da outorga de um aproveitamento 
hidrelétrico, cujo objetivo principal é apresentar a melhor divisão de quedas para cada curso 
d’água estudado (SCHWEITZER, 2010). 
O fluxograma a seguir descreve as etapas de implantação de uma PCH e as suas 
interações, contemplando os estudos de engenharia, ambientais e providências institucionais: 
 
 
 
18 
 
 
 
 
Potencial
conhecido?
Avaliação Expedita da 
Viabilidade da Usina
Potencial
interessante?
Levantamento de Dados
Estudos Básicos
Lay-out Preliminar
Orçamento Estimado
Economicamente
Viável?
Estudos Energéticos
Estudos Ambientais
Negociação Proprietários
Estudos de Interligação
Detalhamento do Projeto
Estudos Geológicos
Estudos Hidrometeorológicos
Apresentação do PB para 
Aprovação da ANEEL 
juntamente da LP
Projeto
Básico
Aprovado
Desenvolvimento do Projeto 
Executivo, Construção da 
Usina e Implantação dos 
Programas Ambientais
PCH
em Operação
Projeto
Arquivado
Solicitação da 
Licença de 
Instalação (LI)
LI
concedida
não
não
não
s
im
s
im
não Cumprir 
exigências
FLUXOGRAMA DE IMPLANTAÇÃO DE UMA PCH
Inventário Simplificado 
(Res. 393 - ANEEL)
Elaboração do Projeto Básico 
de Engenharia
Levantamentos 
Complementares de Campo
Obtenção da Licença 
de Operação (LO)
Solicitação da 
Licença 
Prévia (LP)
Definição com o Órgão 
Ambiental dos Termos de 
Referência Ambientais
Cumprir 
Exigências
não
s
im
Registro na 
 ANEEL para Execução do
Projeto Básico
Elaboração do EIA/RIMA 
ou Relatório de Impacto 
Ambiental Simplificado
Obtenção da LP junto ao 
Órgão Ambiental
LP
concedida
Cumprir 
Exigências 
Referentes ao 
Estudo
não
s
imOtimização do 
Projeto de 
Engenharia
Consulta aos Órgãos de 
Recursos Hídricos para 
Obtenção de Outorga de 
Uso da Água
Outorga de 
Uso
concedida
nãoCumprir 
Exigências
sim
s
im
sim
INÍCIO
interação
Elaboração do 
Projeto Básico 
Ambiental (PBA)
 
Figura 3 - Fluxograma das etapas de implantação de uma PCHFonte: ELETROBRÁS, 2000.
 
19 
 
 
 
 
Antes de dar início aos procedimentos de implantação de uma PCH, é fundamental o 
levantamento preliminar acerca da existência de dados prospectivos sobre o local onde se 
pretende instalar determinado empreendimento. Isso contribui para a redução de incertezas e 
riscos associados aos aspectos técnicos e socioambientais. Desse modo, é possível orientar os 
investimentos, antecipando e prevenindo alguns dos impactos socioambientais inerentes a 
cada projeto, conforme predizem as orientações da Avaliação Ambiental Estratégica (AAE), 
discutida no item 2.3.1. 
Por essa razão, é importante o inventário das informações disponíveis, bem como a 
sua sistematização e sintetização em quantidade e qualidade suficientes para a caracterização 
da bacia hidrográfica em questão. Ressalta-se, assim, a importância dos estudos de 
zoneamento para subsidiar informações que possibilitam as análises preliminares, estratégica 
e integradas6 das regiões com potencias de utilização. 
Contudo, o primeiro passo para a definição de um potencial hidroenergético é a 
condução do Inventário Hidrelétrico. A sequência que se propõe a partir desse estudo é a 
realização de uma avaliação expedita do aproveitamento e, caso seja interessante continuar, 
são conduzidos estudos mais detalhados (FARIA, 2011). 
A definição do potencial hidroenergético para as pequenas centrais hidrelétricas não é 
uma tarefa simples, até porque historicamente este tipo de fonte energética foi negligenciada 
até muito recentemente. 
Uma ilustração desse aspecto crítico encontramos no antigo “Manual de Inventário 
Hidrelétrico da ELETROBRÁS” (1997), o qual indica que: no caso dos estudos de inventário 
nas regiões sul, sudeste, centro-oeste e nordeste, deveriam ser descartados da análise os 
aproveitamentos com potência inferior a 20 MW; e no caso dos estudos de inventário na 
região norte, deveriam ser descartados da análise os aproveitamentos com potência inferior a 
50 MW. Desta forma, durante décadas, deixou-se de avaliar um número considerável de 
aproveitamentos nos inventários hidrelétricos (CARVALHO, 2014) 
Ademais, os estudos de inventário, da forma como são conduzidos e interpretados, 
objetivam, segundo a interpretação do fluxograma (Figura 6), a determinação da viabilidade 
técnica e econômica do empreendimento (ELETROBRAS, 2000). Nota-se que, até esse 
momento, os condicionantes socioambientais não são elencados como fatores determinantes. 
 
6 A abordagem da Avaliação Ambiental Integrada (AAI) está discutida no item 2.3.2. 
 
20 
 
 
 
 
Dando sequência à discussão sobre os procedimentos de implantação, com a entrega 
do estudo de inventário à ANEEL, é realizada a análise dos requisitos necessários à emissão 
do despacho de aceite. A partir de então, o processo evolui para a elaboração do projeto 
básico, concomitantemente aos estudos de impacto ambiental (EIA), visando a obtenção da 
licença prévia. A caracterização dos condicionantes socioambientais, detalhados nos estudos 
técnicos do EIA, somente são conduzidos após a determinação da viabilidade econômica do 
projeto. 
Após a aprovação do projeto básico e do projeto ambiental, é obtida a Licença de 
Instalação do empreendimento, que juntamente com a Outorga, conduz o processo para a 
elaboração do projeto executivo. O passo final é a obtenção da Licença de Operação para o 
comissionamento da usina. 
Goodland (2005) chama a atenção para o aspecto reativo, característico de um EIA, e 
o relaciona diretamente com a demanda da análise de impacto ambiental para um projeto 
específico. Segundo o MMA (2002), o licenciamento ambiental e a avaliação de impacto 
ambiental são instrumentos que se limitam a subsidiar as decisões de aprovação de projetos de 
empreendimentos individuais e não as decisões políticas e estratégicas que originam esses 
projetos ou o seu processo de planejamento. 
Andrade et al. (2015) sinalizam, dentre outras questões, o fato de muitas decisões 
importantes já terem sido tomadas antes de serem iniciados os EIA’s, também criticam o 
modo e o formato da participação pública nesse processo, considerada pelos autores limitada 
e restrita. 
Uma das formas de se corrigir essas lacunas que tornam o processo de avaliação 
socioambiental de PCH’s deficiente é fornecer informações sintetizadas e específicas já para a 
etapa de planejamento desses empreendimentos. É o que se pretende mostrar nesse trabalho, 
com a elaboração dos cenários de restrições socioambientais com base nos inventários de 
informações e na sua sistematização e sintetização. 
 
2.2.4 IMPACTOS AMBIENTAIS DE PEQUENAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS: 
CONSIDERAÇÕES SOBRE SUAS DIFERENTES TIPOLOGIAS 
 
Toda ação ou atividade antrópica que causa alterações no meio ambiente ou em algum 
de seus componentes é considerada impacto ambiental. Essas alterações, segundo Carvalho 
 
21 
 
 
 
 
(2014) devem ser quantificadas, uma vez que apresentam diversos níveis de influência: direto, 
indireto, positivo, negativo, de curto, de médio ou de longo prazo. 
No Brasil, o primeiro mecanismo legal associado à avaliação de impactos ambientais 
foi colocado pela Lei Federal 6.938, de 31 de agosto de 1981, que estabeleceu a Política 
Nacional do Meio Ambiente e o Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA. A partir 
desse marco, a Avaliação de Impactos Ambientais – AIA passou a ser requerida nos processos 
de licenciamento ambiental (SÁNCHEZ, 2008). 
A Resolução CONAMA nº 01/86 consagrou o Estudo de Impacto Ambiental - EIA 
como o principal documento veiculador da avaliação de impactos ambientais; e por meio da 
Resolução CONAMA nº 237/1997, firmou-se a obrigatoriedade da emissão de EIA/RIMA 
para empreendimentos e atividades consideradas efetiva ou potencialmente causadoras de 
degradação ambiental (SÁNCHEZ, 2008). 
Como cada empreendimento é desenhado de forma a atender as especificidades do 
local selecionado para a sua implantação, os impactos ambientais são altamente variáveis em 
magnitude, extensão e efeitos (CARVALHO, 2014). Portanto, o correto entendimento sobre a 
dinâmica dos impactos socioambientais gerados pelas PCH’s deve considerar assuas 
diferentes tipologias. 
Conforme a capacidade de regularização da vazão explorada, as PCH’s podem ser 
classificadas como: (i) a fio d’água; (ii) de acumulação com regularização diária do 
reservatório; e (iii) com regularização mensal (ELETROBRÁS, 2000). Uma PCH típica, 
normalmente opera a fio d’água, ou seja, gera energia a partir de uma parte do fluxo normal 
de um rio (BRASIL, 2013). Já as PCH’s de acumulação são instaladas em locais onde é 
possível estabelecer um reservatório, visando a regularização de uma vazão (ELETROBRÁS, 
2000). 
Embora existam diferentes configurações e componentes de obra civil nesses 
empreendimentos, é possível associar a eles uma lista de potenciais impactos ambientais que 
geralmente decorrem desse tipo de exploração, considerando os impactos positivos e 
negativos nas diferentes fases de evolução do projeto. 
Segundo TIAGO FILHO et al. (2008); ELETROBRÁS, (2013); CARVALHO, 
(2014); e ANDRADE et al., (2015), os impactos ambientais positivos geralmente são: 
aumento da oferta de energia elétrica; atendimento a comunidades isoladas e geração 
distribuída; geração de empregos diretos e indiretos; aumento na arrecadação de impostos; 
 
22 
 
 
 
 
valorização imobiliária no entorno do reservatório e contribuição para a sustentabilidade 
local. 
Segundo ANDRADE, (2006) e SALIBA et al. (2002) a dinâmica dos impactos 
ambientais de uma PCH pode ser entendida a partir de uma concepção simplificada de 
grandes empreendimentoshidrelétricos. Seus impactos ambientais geralmente são similares, 
obedecendo obviamente, a uma escala de grandeza diferente. Dessa forma, acrescenta-se aos 
impactos ambientais positivos a menor emissão de gases de efeito estufa, em comparação com 
as grandes usinas, e a possibilidade de venda de créditos de carbono. 
Da mesma forma, é possível elencar os principais impactos negativos associados a 
esses empreendimentos. Segundo ANEEL (2002); Andrade (2006); Leão (2008); Tiago Filho 
et al. (2008) e Andrade et al. (2015), tais impactos incluem: o aumento do tráfego de veículos 
nas vias de acesso; riscos de acidentes; supressão da vegetação; alteração das características 
físicas, químicas e microbiológicas da água; deslocamento e alteração comportamental da 
fauna; poluição atmosférica e sonora; alteração das características do solo; impactos sobre a 
ictiofauna; diminuição da vazão do rio no trecho entre a barragem e o canal de fuga; alteração 
no ritmo de vida da população da área de entorno; e a alteração da paisagem natural. 
Os impactos ambientais de empreendimentos hidrelétricos podem repercutir, de uma 
forma geral, na dinâmica de todo o ecossistema de uma bacia ou sub-bacia hidrográfica. 
Portanto, a potencialidade e a fragilidade desse meio, frente às especificidades das obras, 
devem ser consideradas, já que podem ser gerados impactos irreversíveis sob a fauna e a flora, 
assim como nas comunidades locais (ANDRADE, 2006). 
Vale ressaltar que o impacto ambiental negativo advindo desse tipo de exploração é 
substancialmente maior quando o local de implantação do projeto é situado em áreas sensíveis 
e ambientalmente significantes(ANDRADE et al., 2015). 
Embora as pequenas centrais gerem uma gama de impactos ambientais menores do 
que as grandes usinas, principalmente no que se refere à área de alagamento dos reservatórios 
e a emissão de gases do efeito estufa, deve-se considerar que esses empreendimentos podem 
resultar na construção de vários barramentos se forem instalados em “cascata”.7 Ademais, o 
sequenciamento de vários desses barramentos em um mesmo corpo d’água pode aumentar o 
número de conflitos de uso e torná-los mais problemáticos (MAIA et al., 2011). 
 
7 Uma cascata de pequenas centrais hidrelétricas corresponde a um conjunto de PCH’s que dependam da vazão 
de jusante da anterior para sua geração de energia (MAIA, 2011). 
 
 
23 
 
 
 
 
Como os impactos ambientais não se limitam ao local de implantação dos projetos, é 
possível dizer que diversos fatores influenciam suas características, como por exemplo: o tipo 
de fonte de geração, as tecnologias utilizadas, o local de instalação do empreendimento, 
dentre outros (PDE, 2022). 
A abordagem integradora das questões socioambientais que envolvem as PCH”s pode, 
dessa forma, apontar para discussões acerca de impactos cumulativos e sinérgicos 8 
ocasionados por um conjunto de empreendimentos de geração de energia (PDE, 2022). Essa 
perspectiva permite que novos desdobramentos sejam considerados no processo de avaliação 
socioambiental (CARVALHO, 2014). 
Embora exista um certo reconhecimento sobre a importância da avaliação de impactos 
cumulativos e sinérgicos no contexto da avaliação de impactos ambientais, a viabilização 
dessa prática sofre interferências de diversos fatores (DIAS, 2001), o que dificulta a sua 
operacionalização. Dentre esses fatores, pode-se citar a insuficiência de definição de 
conceitos, normas e procedimentos de avaliação. Sendo assim, a avaliação continua a ser 
limitada pela consideração dos impactos diretos provocados pelos empreendimentos 
(OLIVEIRA, 2008). 
Também a forma como atualmente as informações são obtidas e o modo como são 
interpretadas no processo de tomada de decisão influenciam a tendência a se desconsiderar os 
impactos cumulativos. O processo de avaliação ambiental começa com informações pouco 
precisas, que progressivamente tornam-se mais detalhadas, sobretudo em nível técnico e 
econômico. Em contrapartida, o que se espera de uma avaliação de impactos ambientais 
(AIA) é uma análise uniforme dos aspectos e domínios do escopo do projeto, já na fase do 
planejamento, até que uma opção possa ser determinada por uma análise comparativa 
(CARVALHO, 2014). 
De fato, um grande número de estudos em vários países mostra que a forma como os 
impactos cumulativos são descritos e incluídos nos AIA não é satisfatória (WÄRNBÄCK E 
HILDING-RYDEVIK, 2009). 
Segundo USA (2011) e Egré e Milewski (2002), os impactos socioambientais 
cumulativos e sinérgicos gerados por um conjunto de empreendimentos de PCH’s, em 
 
8 Entende-se por impacto cumulativo, o impacto que resulta de uma ação acrescida de outras ações (passadas, 
presentes e futuras), razoavelmente previsíveis, independentes de sua magnitude, mas que coletivamente são 
significativas (USA, 2016). Segundo Canter (1986), impactos cumulativos são impactos de natureza aditiva, 
interativa, sinergética ou irregular (imprevisível), gerados por ações individualmente insignificantes, mas 
coletivamente significativas que se acumulam no espaço e tempo. 
 
 
24 
 
 
 
 
comparação aos impactos socioambientais oriundos de uma grande usina hidrelétrica, ainda 
permanecem obscuros; e dependem, dentre outros fatores, das especificidades de cada um dos 
empreendimentos em análise. 
Como forma de superar alguns desses impasses e aspectos deficientes da avaliação 
socioambiental, especialistas e instituições têm sugerido que a avaliação de impactos 
ambientais se desenvolva nos moldes da Avaliação Ambiental Estratégica – AAE (Strategic 
Environmental Assessment – SEA, no inglês) (SADLER; VERHEEM, 1996; MMA, 2002; 
RODRIGUES E ROSA, 2013; e ANDRADE et al.,2015). 
A AAE se realizada em uma etapa preliminar do processo de planejamento da 
expansão do setor elétrico possibilita que as demais opções de um determinado plano sejam 
consideradas, contribuindo com a avaliação e mitigação de impactos ambientais (COOPER, 
2004). Esse direcionamento, entretanto, só será efetivo se ocorrer de maneira transparente e 
com a participação dos diversos interessados (ANDRADE et al., 2015). 
 
2.2.5 LICENCIAMENTO AMBIENTAL DE PEQUENAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS 
 
 O licenciamento ambiental de pequenas centrais hidrelétricas passou a ocorrer, em 
grande parte, de forma simplificada no Brasil, conforme foram sendo desenvolvidas as 
regulamentações do setor energético, visando, dentre outros fatores, o abastecimento de 
energia compatível com a demanda, a partir do incremento da capacidade instalada da matriz 
elétrica nacional. 
A estratégia de estímulos utilizada pelo governo, fez com que muitas usinas entrassem 
em funcionamento sem uma avaliação adequada desconsiderando questões socioambientais 
importantes. 
 Segundo Bastos (2013), não existe na legislação brasileira uma padronização sobre os 
critérios de análise de impactos ambientais. Tal situação favorece discrepâncias significativas 
nos estudos e projetos exigidos ao longo dos processos de licenciamento e autorizações 
ambientais. 
 O processo de licenciamento ambiental de usinas hidrelétricas está condicionado à 
elaboração do EIA/RIMA previsto pela Resolução CONAMA n°01/86 (BARÃO, 2007). O 
seu principal documento balizador é o termo de referência estadual, que orienta e condiciona 
o processo, tratando das especificidades ambientais locais e regionais dos projetos (FACURI, 
2004). 
 
25 
 
 
 
 
 Entre as exigências postas por essa resolução estão: a obrigatoriedade de elaboração 
do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e do respectivo Relatório de Impacto Ambiental 
(RIMA) para o licenciamentode usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a forma 
de energia primária, acima de 10 MW e de barragens para fins hidrelétricos, acima de 10 
MW; diferentemente do ocorre com os demais empreendimentos considerados de pequeno 
potencial de impacto ambiental, regulados pela Resolução CONAMA nº 279 de 2001, e 
sujeitos ao procedimento simplificado de licenciamento ambiental. 
Nesse caso, o documento requerido é o Relatório de Controle Ambiental (RCA), um 
documento mais simples que o EIA, seguido da apresentação de um Plano de Controle 
Ambiental (PCA), ambos elaborados de acordo com as diretrizes estabelecidas pelo órgão 
ambiental estadual ou federal competente (AGUILAR, 2011). 
Percebe-se, dessa forma, que desde as primeiras fases de regulamentação do setor 
elétrico, os procedimentos e prazos do licenciamento ambiental foram estabelecidos com base 
no potencial instalado dos empreendimentos. É possível inferir, portanto, que no tocante às 
decisões, os critérios técnicos e econômicos prevalecem sobre os demais. 
Andrade et al. (2015), analisando o processo de licenciamento ambiental de 24 (vinte 
e quatro) plantas hidrelétricas de grande porte que já passaram pela fase de licenciamento 
prévio, juntamente com a análise de estudos já publicados na área, listaram uma série de 
limitações encontradas nessa fase, dentre as quais pode-se mencionar: a baixa eficácia dos 
EIA realizados na fase de planejamento; a falta de parâmetros objetivos para a determinação 
da viabilidade ambiental do empreendimento; a limitação da análise de alternativas; a falta de 
integração do EIA e os demais instrumentos de gestão; a lentidão da informação apresentada; 
e a participação pública limitada. 
A determinação da viabilidade da instalação de projetos hidroelétricos, segundo 
Andrade et al. (2015) prioriza a possibilidade de minimização dos impactos negativos 
previstos, confrontando-os com a possibilidade de geração de renda e desenvolvimento 
regional, mas não coloca seriamente em pauta a discussão sobre da viabilidade ambiental 
desses empreendimentos. A decisão final de aprovação ou não de um projeto é baseada na 
avaliação do EIA, a qual é qualitativa e, em larga medida, subjetiva e discricionária. 
Contudo, faz parte do conteúdo dos Termos de Referência (EPE, 2013) o laudo de 
conclusão da viabilidade ambiental do empreendimento, baseado em comparação de cenários, 
de maneira que a hipótese de implantação seja confrontada com a hipótese da não 
implantação do projeto em uma determinada região. 
 
26 
 
 
 
 
A tal orientação acrescenta-se que, segundo a Agência Nacional da Águas (ANA, 
2010), para se explorar um recurso hídrico com vista à geração hidrelétrica deve-se levar em 
consideração os diferentes usos da água (Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997). Além disso, 
deve-se analisar todos os projetos propostos para uma bacia em relação a outras bacias, 
considerando seus potenciais e vulnerabilidades; sendo necessário que, ainda na fase de 
planejamento, as alternativas sejam analisadas. Conclui-se, dessa forma, que um método 
inclusivo, objetivo e criterioso de avaliação ainda deve ser criado (ANDRADE et al., 2015). 
 
2.3 ABORDAGENS DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL 
 
2.3.1 AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA 
 
As discussões relativas ao meio ambiente e à conservação ambiental se intensificaram 
em âmbito mundial a partir da segunda metade do século XX, refletindo na elaboração de 
diversas leis norteadas pelos princípios da sustentabilidade. No Brasil, a Política Nacional do 
Meio Ambiente (Lei 6.938/1981) oficializou alguns critérios e instrumentos, tais como: o 
zoneamento ambiental, a avaliação de impactos ambientais (AIA), o licenciamento ambiental, 
a criação de espaços territoriais especialmente protegidos, penalidades disciplinares, entre 
outros. 
A partir de 1995 em Minas Gerais, com a criação da Secretaria de Estado de Meio 
Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD), foram estabelecidos vários 
instrumentos de gestão ambiental integrados à Política Ambiental do Estado, dentre eles a 
Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) (RODRIGUES e ROSA, 2013). 
A AAE, segundo Rodrigues e Rosa (2013), passou a ser uma condição para aquisição 
de créditos junto ao Banco Mundial e desde 2001 é reconhecida como uma ferramenta 
importante na tomada de decisão nos estágios iniciais do planejamento de projetos e análise 
de potenciais efeitos ambientais decorrentes de sua execução; bem como, um requisito de 
avaliação da capacidade institucional dos estados e países solicitantes de crédito para lidar 
com os impactos dos projetos. 
Goodland (2005) chama a atenção para as aparentes semelhanças entre a AAE e o 
Estudo de Impacto Ambiental (EIA) exigido nos estudos para licenciamento ambiental. O 
autor ressalta o aspecto pró-ativo da primeira, diferentemente do que ocorre no Estudo de 
 
27 
 
 
 
 
Impacto Ambiental (EIA), que tem uma característica mais reativa, relacionada diretamente 
com a demanda da análise de impacto ambiental para um projeto específico. 
Por essa e outras características, a AAE é reconhecida como o instrumento da política 
ambiental capaz de promover a articulação das várias dimensões de uma dada política e de, 
dado um plano ou programa de desenvolvimento, favorecer a formulação clara dos objetivos e 
o entendimento das questões ambientais relacionadas à implementação dos projetos, além de 
orientar os agentes envolvidos no processo e indicar os caminhos para a sua viabilização 
(MMA, 2002). 
Entre os profissionais da área, em nível internacional, é cada vez mais claro o 
consenso quanto à premência da adoção de práticas que assegurem a integração dos princípios 
e do conceito geral de avaliação ambiental estratégica, o mais cedo possível, no processo 
decisório (MMA, 2002; MMA, 2006). 
O processo de AAE deve se manter flexível e se ajustar à natureza do processo de 
decisão em que está sendo aplicado, já que não existe uma formulação específica ou mais 
eficaz para a aplicação da AAE. Haverá tantas formas quantos forem os processos decisórios 
que a utilizem, fazendo com que seja praticamente impossível estabelecer uma única 
metodologia capaz de cobrir todas as atividades técnicas envolvidas na sua implementação 
(MMA, 2002). 
Em suma, a AAE tem a proposta de subsidiar a tomada de decisões governamentais e 
particulares, disponibilizando informações sobre as potenciais consequências ambientais dos 
programas governamentais dos setores considerados estratégicos: mineração, agronegócio, 
saneamento, geração de energia e rodoviário (RODRIGUES e ROSA, 2013). 
Segundo a Secretaria de Qualidade Ambiental nos Assentamentos Humanos – 
SQA/MMA, é possível listar uma série de fatores que devem ser considerados na aplicação da 
AAE, dentre os quais estão (SQA/MMA, 2002): 
a) Adoção de procedimentos de análise e avaliação ambiental em todas as etapas do 
processo de planejamento do setor elétrico; 
b) A incorporação da dimensão ambiental no planejamento, por meio da consideração 
e da avaliação ambiental de decisões alternativas, atualmente formuladas apenas a partir de 
critérios e parâmetros econômicos e energéticos (técnicos); 
c) Avaliação sistemática das consequências ambientais decorrentes das alternativas de 
composição da matriz energética, a partir do conhecimento dos impactos ambientais 
 
28 
 
 
 
 
decorrentes de cada uma das fontes de energia, considerando seus efeitos globais, regionais e 
locais, cumulativos e sinérgicos; 
d) Definição de critérios ambientais explícitos para a seleção das fontes de energia, das 
tecnologias empregadas na geração e da localização das unidades geradoras; 
e) Avaliação ambiental sistemática dos planos

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