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Direito Civil - Aula 03: Dos Bens

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Aula 03
Direito Civil p/ TRE-PE (Analista Judiciário - Área Judiciária) - Com videoaulas
Professores: Aline Santiago, Marcos Girão
 
 
 
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DIREITO CIVIL - TRE-PE - AJAJ 
Teoria e Questões 
Aula 03 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi 
 
 
Aula 03 
Dos Bens 
 
 
Apresentação da Aula 03 .............................................................................................................. 2 
Cronograma da Aula - 03 .............................................................................................................. 2 
Relação dos Assuntos com o Código Civil ...................................................................................... 2 
Dos Bens ...................................................................................................................................... 3 
Das Diferentes Classes de Bens..................................................................................................... 5 
1. Dos bens considerados em si mesmos (arts. 79 a 91). ............................................................... 6 
1.1 Bens Imóveis e Bens Móveis. .................................................................................................. 6 
1.2 Bens Fungíveis e Bens Infungíveis ......................................................................................... 10 
1.3 Bens Consumíveis e Inconsumíveis ....................................................................................... 11 
1.4 Bens Divisíveis e Indivisíveis ................................................................................................. 12 
1.5 Bens Singulares e Coletivos ................................................................................................... 14 
2. Dos bens reciprocamente considerados (arts. 92 a 97). ........................................................... 15 
3. Dos bens públicos. Classificação dos bens quanto ao titular do seu domínio (arts. 98 a 103). ... 21 
3.1 Bens de uso comum do povo ................................................................................................ 22 
(também denominados bens de domínio público). ..................................................................... 22 
3.2. Bens de uso especial. ........................................................................................................... 23 
3.3. Bens dominicais. ................................................................................................................. 24 
Características dos bens públicos. .............................................................................................. 25 
Bens no comércio e fora do comércio ......................................................................................... 27 
Resumo da Matéria .................................................................................................................... 32 
QUESTÕES COM COMENTÁRIOS. ................................................................................................ 37 
LISTA DAS QUESTÕES E GABARITO. ............................................................................................ 53 
 
 
 
 
 
 
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Teoria e Questões 
Aula 03 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi 
 
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Apresentação da Aula 03 
Olá aluno (a)! 
 
Como você está? Muito estudo? Lembre-se de que o sacrifício é 
momentâneo, os frutos serão duradouros! 
Nesta aula vamos conversar sobre os bens, seu conceito e sua grande 
classificação. Não será uma aula muito extensa, mas ela pode se tornar 
complexa, uma vez que envolve uma vasta terminologia, justamente no que diz 
respeito à classificação desses bens. 
 
Cronograma da Aula - 03 
 
AULA Tópicos abordados DATA 
AULA 03 Bens. Diferentes classes. Bens Corpóreos e incorpóreos. Bens no comércio e fora do comércio. (22/09/2016) 
 
Relação dos Assuntos com o Código Civil 
 
A
U
L
A
 0
3
 
Tópicos que serão abordados neste curso Artigos da Lei 
Dos Bens Considerados em Si Mesmos Art. 79 ao 91 do CC 
Dos Bens Reciprocamente Considerados Art. 92 ao 97 do CC 
Dos Bens Públicos Art. 98 ao 103 do CC 
 
 
 
 
 
 
 
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Teoria e Questões 
Aula 03 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi 
 
2%6(59$d­2� ,03257$17(�� HVWH� FXUVR� p� SURWHJLGR� SRU� GLUHLWRV� DXWRUDLV�
�FRS\ULJKW��� QRV� WHUPRV� GD� /HL� ���������� TXH� DOWHUD�� DWXDOL]D� H� FRQVROLGD� D�
OHJLVODomR�VREUH�GLUHLWRV�DXWRUDLV�H�Gi�RXWUDV�SURYLGrQFLDV� 
*UXSRV� GH� UDWHLR� H� SLUDWDULD� VmR� FODQGHVWLQRV�� YLRODP� D� OHL� H� SUHMXGLFDP� RV�
SURIHVVRUHV� TXH� HODERUDP�RV� FXUVRV�� 9DORUL]H�R� WUDEDOKR�GH�QRVVD�HTXLSH�
DGTXLULQGR�RV�FXUVRV�KRQHVWDPHQWH�DWUDYpV�GR�VLWH�(VWUDWpJLD�&RQFXUVRV�
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Dos Bens 
As nossas primeiras aulas versaram sobre as pessoas, as pessoas 
naturais e as pessoas jurídicas ± que são os sujeitos de direito. Pois bem, a 
partir de agora vamos estudar o objeto do direito. Pois, todo direito pressupõe 
a existência de um objeto, que vem a ser justamente aquilo que pode se 
submeter ao poder dos sujeitos de direito e, desta forma, instrumentalizar a 
realização de suas pretensões jurídicas. 
 
Em sentido amplo, o objeto de direito pode recair sobre coisas, ações humanas, 
atributos da personalidade e até mesmo determinados direitos, como, por exemplo, o 
poder familiar ou a tutela. 
Em sentido estrito, o objeto de direito recai sobre os bens ± que são o objeto dos 
direitos reais e também determinadas ações humanas denominadas prestações. 
 
 
³0DV�R�TXH�p�XP�EHP"´� 
 
De acordo com Carlos Roberto Gonçalves1 - ³Bens são coisas materiais, 
concretas, úteis aos homens e de expressão econômica, suscetíveis de 
apropriação, bem como as de existência imaterial economicamente 
apreciáveis´� 
 
1 Direito Civil Esquematizado, ed. Saraiva, 2ª ed. 
 
 
 
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Teoria e Questões 
Aula 03 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi 
 
Maria Helena Diniz2, sobre o conceito de bens, diz - ³&RPR�bens só se 
consideram as coisas existentes que proporcionam ao homem uma utilidade, 
sendo suscetíveis de apropriação, constituindo, então seu patrimônio. 
Compreendem não só os bens corpóreos, mas também os incorpóreos, 
FRPR�DV�FULDo}HV�LQWHOHFWXDLV´� 
Para Silvio de Salvo Venosa3, sobre o mesmo assunto ± ³(QWHQGH-se por 
bens tudo o que pode proporcionar utilidade aos homens. (...) Bem, numa 
concepção ampla, é tudo que corresponde a nossos desejos, nosso afeto em uma 
visão não jurídica. No campo jurídico, bem deve ser considerado aquilo que 
tem valor, abstraindo-se daí a noção pecuniária GR�WHUPR´� 
E, ainda, Washington de Barros Monteiro4 assim lecionava ± ³-XULGLFDPHQWH�
falando, bens são valores materiais ou imateriais que podem ser objeto de 
uma relação de direito´. 
Independente da problemática doutrinária que envolve os conceitos de 
bens e coisas, podemos concluir que bens ¹são coisas concretas como um 
carro, uma casa, uma joia, que possuem valor econômico e que podem ser 
apropriados ao patrimônio da pessoa ± tanto natural quanto jurídica, ²mas, 
também, podem ser coisas imateriais, coisas que não são concretas, mas 
que tenham uma valoração econômica, a exemplo dapropriedade intelectual. 
 
Então atenção! Integram o patrimônio das pessoas (física ou jurídica) 
tanto os bens corpóreos ± os que têm existência física (material) e podem ser 
tocados ou sentidos pelo homem, a exemplo dos bens imóveis por natureza - 
como os bens incorpóreos ± que são aqueles que têm existência abstrata ou 
ideal, são, portanto, entendidos como abstrações do direito, possuem existência 
jurídica mas não física, a exemplo das propriedades literária, científica ou 
artística. 
O patrimônio vem a ser a projeção econômica, é tudo aquilo avaliável 
pecuniariamente (ou seja, que tem avaliação em dinheiro). 
 
 
2 Curso de Direito Civil Brasileiro, ed. Saraiva, 28ª ed. 
3 Direito Civil I, Parte Geral, ed. Atlas, 11 ed. 
4 Curso de Direito Civil 1, ed. Saraiva, 43 ed. 
 
 
 
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Teoria e Questões 
Aula 03 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi 
 
 
Lembre-se de que quando vimos os direitos da personalidade, 
na aula 01, falamos que uma das características destes direitos 
era justamente o fato de serem extrapatrimoniais, porque não 
eram passíveis de avaliação pecuniária (o que somente ocorria 
com a sua projeção econômica). Neste sentido é que surge a 
definição que o patrimônio é a projeção econômica da 
personalidade. 
 
Cabe ressaltar que existem determinadas coisas que, podendo integrar o 
patrimônio de alguém, não estão ligadas a ninguém, como, por exemplo, é o caso 
das coisas de ninguém (res nullius) ± que são coisas sem dono, que nunca 
pertenceram a ninguém, como os peixes no mar - e também das coisas 
abandonadas (res derelictae) ± que são coisas que foram jogadas fora. 
Além disso, outras coisas não estarão no patrimônio de ninguém 
especificamente porque pertencem a todos (a coletividade), como é o caso das 
coisas de uso comum do povo ± a exemplo da praia, das praças e dos parques 
públicos. 
 
Das Diferentes Classes de Bens. 
O Código Civil de 2002 em seu livro II, denominado Dos bens, apresenta 
um Título Único ± Das Diferentes Classes de Bens, entretanto o subdivide em 
três capítulos: 
1. Dos bens considerados em si mesmos; 
2. Dos bens reciprocamente considerados; 
3. Dos bens públicos. 
 
A partir deste momento vamos estudar cada uma destas classificações. 
Cabe antes fazermos uma observação: cada classificação baseia-se numa 
característica peculiar do bem, entretanto este bem pode enquadrar-se em 
várias categorias, dependendo das características que serão intrínsecas a ele. 
Não se preocupe! Você logo entenderá o que isto quer dizer. - 
 
 
 
 
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Teoria e Questões 
Aula 03 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi 
 
1. Dos bens considerados em si mesmos (arts. 79 a 91). 
Esta talvez seja a mais importante classificação (é também a mais 
extensa). É a classificação mais importante porque diz respeito à natureza dos 
bens. Neste sentido os bens podem ser: imóveis ou móveis; fungíveis ou 
infungíveis; consumíveis ou inconsumíveis; divisíveis ou indivisíveis; e singulares 
ou coletivos. 
 
1.1 Bens Imóveis e Bens Móveis. 
Baseia-se na efetiva natureza do bem. 
 
Bens imóveis 
Assim está no art. 79 do CC: 
Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou 
artificialmente. 
 
Deste modo, os bens imóveis ± também conhecidos como bens de raiz, 
são os que, absolutamente, não podemos transportar ou remover, sem 
alteração de sua substância. 
De acordo com o artigo visto acima, são considerados bens imóveis o solo 
e tudo o que lhe for acrescentado, de forma natural ou artificial. 
Assim, os bens imóveis podem ser classificados, subdivididos em: 
- imóveis por natureza: é imóvel por natureza o solo, incluídos a sua 
superfície o seu subsolo e o seu espaço aéreo. 
- imóveis por acessão5 natural: aqui estão incluídas as árvores com seus 
frutos, desde que ainda pendentes (enquanto não se destacarem da árvore); as 
 
5 Entende-se por acessão aquilo que se incorpora, que se junta, podendo ocorrer de forma 
natural ou artificial. 
Bens considerados em si mesmos
Móveis ou 
Imóveis
Fungíveis ou 
Infungíveis
Consumíveis 
ou 
Inconsumíveis
Divisíveis ou 
Indivisíveis
Singulares ou 
Coletivos
 
 
 
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águas, as pedras, as fontes (naturais). Enfim, tudo que for ligado ao solo de 
forma natural entra nesta classificação. 
- imóveis por acessão artificial ou industrial: incluem-se nesta 
categoria tudo que o homem incorporar permanentemente ao solo. Por isso 
chama-se artificial, porque não veio da natureza e sim do homem. Como 
exemplos, temos as plantações e as construções. Enquanto são, por exemplo, 
sementes ou, então, materiais de construção, são bens móveis, mas uma vez 
incorporado ao solo se tornam bens imóveis por acessão industrial ou artificial ± 
visto que (como falamos) sua incorporação não veio naturalmente. 
 
Diante do que falamos acima, observe, no entanto, o que dispõe o art. 81 
do CC: 
Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis: 
I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem 
removidas para outro local; 
II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se 
reempregarem. 
 
O que é considerado para saber se um bem é móvel ou imóvel é sua 
finalidade, o destino final. Por exemplo, quando uma casa vai ser demolida e dela 
são retiradas as portas e as janelas, quando isso acontece as portas e as janelas 
readquirem sua qualidade de bem móvel, quando forem reutilizados, em outra 
casa, serão novamente bens imóveis. Explicando especificamente o art. 81, se a 
separação for provisória, segundo o inciso II do art. 81, os materiais nem 
chegam a perder a qualidade de imóveis desde que a finalidade seja o 
reemprego no mesmo prédio. O inciso I se refere, por exemplo, àquelas situações 
mais comuns em outros países, onde uma casa (normalmente de madeira) é 
transportada com toda a sua estrutura (conservando a sua unidade). 
 
 
³1mR� HQWHQGL� EHP� SRU� TXH� GHVWD� LPSRUWkQFLD� GDGD� j�
classificaomR�GRV�EHQV�HP�PyYHLV�RX�LPyYHLV"´ 
 
 
 
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É muito importante que os bens sejam classificados em móveis e imóveis 
porquê de acordo com esta classificação decorrerão seus efeitos. 
 
 
Vamos explicar melhor. Os bens móveis são adquiridos, em 
regra, por tradição (ou seja, pela simples entrega da 
coisa), já os bens imóveis de valor superior ao legal 
precisam de escritura pública e registro no Cartório de 
Registros de Imóveis. 
 
- imóveis por determinação legal: 
Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais: 
I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram; 
II - o direito à sucessão aberta. 
 
No art. 80 temos a atribuição da característica de bem imóvel a um 
bem que por sua natureza não o é. 
Os direitos são coisas imateriais e, por este motivo, não entram 
diretamente na classificação de bens móveis ou imóveis. Entretanto, tendo em 
vista a segurança das relações jurídicas, os direitos reais sobre imóveis são 
tratados como se fossemimóveis. 
E, dada à natureza de bem imóvel de que se revestem os direitos 
hereditários, a cessão desses direitos, quando já aberta a sucessão, deve ser 
feita por instrumento público. OBS: A herança mesmo que composta de bens 
móveis será considerada bem imóvel. 
 
Bens Móveis 
Assim está no art. 82 do CC: 
Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por 
força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social. 
 
São, portanto, coisas corpóreas que podem se movimentar (por força 
própria ou alheia) sem que esta capacidade de movimentação prejudique ou 
altere a sua essência ou o seu valor comercial. 
 
 
 
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Teoria e Questões 
Aula 03 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi 
 
Podem ser classificados em: 
- móveis por natureza: é o mesmo conceito de bem móvel utilizado acima, 
de acordo com o art. 82. São aqueles bens que podem ser transportados de um 
lugar para outro, por força própria ou de terceiro, sem prejudicar sua substância 
e sem alterar sua destinação econômico-social. Podem ser: semoventes ± são os 
que se movimentam por sua própria força, como os animais; e móveis 
propriamente ditos ± são os que precisam da força alheia para se locomover, 
como moedas, mercadorias, produtos agrícolas. 
- móveis por determinação legal: 
Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais: 
I - as energias que tenham valor econômico; 
II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; 
III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. 
Vamos lá! 
 
Quanto ao inciso I, as energias são: o gás ± que pode ser transportado por 
tubulação ou em botijão, e também a energia elétrica, que embora não tenha 
a mesma corporalidade do gás, é bem móvel. Neste sentido, Caio Mário da Silva 
Pereira6 afirmava: 
³No direito moderno qualquer energia natural, elétrica inclusive, que tenha 
valor econômico, considera-se bem móvel´� (grifos nossos) 
Quanto aos direitos tratados no inciso II, eles compreendem tanto o gozo 
quanto a fruição sobre objetos móveis e também as ações a eles 
correspondentes. 
Quanto ao inciso III, que trata dos direitos obrigacionais pessoais de caráter 
patrimonial e suas respectivas ações, este inclui, dentre outros, a propriedade 
intelectual e as cotas de capital de uma empresa. 
 
- móveis por antecipação: são aqueles bens que foram incorporados ao 
solo, mas com a intenção de oportunamente separá-los, transformando-os, 
assim, em bens móveis (isto em função da finalidade econômica). Por exemplo, 
são móveis por antecipação árvores abatidas para serem convertidas em lenha, 
ou as casas vendidas para serem demolidas. 
 
6 Caio Mário da Silva Pereira, Instituições de Direito Civil, Volume I, Ed. Forense, 25ª ed. 
 
 
 
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Teoria e Questões 
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³Da mesma forma que as árvores, também os frutos, pedras e metais enquanto 
aderentes ao imóvel são imóveis; separados para fins humanos tornam-se 
móveis��6mR�RV�FKDPDGRV�EHQV�PyYHLV�SRU�DQWHFLSDomR´��7 
 
Vamos agora tecer algumas considerações sobre o art. 84: 
Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem 
empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os 
provenientes da demolição de algum prédio. 
 
Este artigo endossa o que já foi visto anteriormente. O que se considera 
neste tipo de classificação é a finalidade da separação e a destinação dos 
materiais (o seu emprego). 
 
 
 
Cuidado! Os materiais vindos da demolição de um prédio 
readquirem a qualidade de bens móveis, entretanto, quando 
a separação for provisória (como já explicamos), estes não 
perderão sua característica de bem imóvel quando a intenção 
for reutilizá-los na reconstrução do prédio. O que vale é a 
intenção do dono da coisa (isto deverá estar bem explicado na 
questão da prova). 
 
1.2 Bens Fungíveis e Bens Infungíveis 
Bens Fungíveis (Substituíveis) 
O CC em seu art. 85 nos fala o que são os bens fungíveis: 
Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma 
espécie, qualidade e quantidade. 
 
Como principal exemplo de coisa fungível, nós temos o dinheiro ± que 
é o bem fungível por excelência. Qualquer nota de R$ 10,00 pode ser substituída 
por outra de R$ 10,00. Ambas apresentam as mesmas características, são da 
mesma espécie, qualidade e quantidade. Outro exemplo é o atribuído aos gêneros 
alimentícios em geral. 
Ser fungível é atributo exclusivo dos bens móveis. O mútuo (espécie de 
empréstimo) é um exemplo do emprego de um bem fungível. A compensação 
 
7 Washington de Barros Monteiro, Curso de Direito Civil I, 43 ed., pág. 196. 
 
 
 
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Teoria e Questões 
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(forma de pagamento especial de pagamento) também deverá englobar coisa 
fungível. 
 
Art. 586. O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a restituir 
ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade. 
 
 
DICA PARA MEMORIZAR que fungível é o mesmo que 
substituível, sendo característica apenas dos bens móveis: 
FUnGI e SUBi no autoMÓVEL. - 
 
Bens Infungíveis 
A contrário sensu dos bens fungíveis, temos que os bens infungíveis são 
aqueles que não podem ser substituídos por outros da mesma espécie, qualidade 
e quantidade. Ou seja, são aqueles que são únicos, são personalizados. Como 
exemplo, temos um determinado quadro ou uma escultura de alguém famoso. 
Atenção: para saber se um bem possui a característica da fungibilidade, 
devemos comparar com outro que seja equivalente. Pois a fungibilidade deriva 
da própria natureza do bem. No entanto, pode acontecer de um bem, que por 
sua natureza seja fungível, tornar-se infungível por vontade das partes. 
Pode ser o exemplo de uma moeda que é um bem fungível, mas que para um 
colecionador pode tornar-se infungível. Outro exemplo, uma cesta de frutas é 
coisa fungível, mas, emprestada ad pompam vel ostentationem, ou seja, para 
ornamentação, transformar-se-á em coisa infungível.8 
 
1.3 Bens Consumíveis e Inconsumíveis 
Bens Consumíveis 
Seu conceito está no art. 86 do CC: 
Art. 86. São consumíveis ¹os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da 
própria substância, ²sendo também considerados tais os destinados à alienação. 
Deste conceito podemos perceber que existem duas espécies de bens 
consumíveis: 
 
8 Washington de Barros Monteiro, Curso de Direito Civil I, 43 ed., pág. 199. 
 
 
 
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Os consumíveis de fato ± que são aqueles que no seu primeiro uso já 
serão consumidos, ou seja, há a destruição imediata da própria substância, como 
um picolé -, por exemplo; 
Os consumíveis de direito ± que decorrem de uma classificação 
jurídica. São aqueles bens destinados à venda (alienação), como os remédios de 
uma farmácia, um livro posto em uma loja, enfim os bens enquanto destinados 
à alienação. 
 
 
Atenção!! Consuntibilidade é característicade algo que é 
consumível. 
 
Bens Inconsumíveis 
São aqueles bens que podem ser usados de forma continuada e mesmo 
assim não perderão sua substância, nem serão destruídos. Claro que, se 
analisarmos rigorosamente, toda coisa um dia irá se consumir, acabar-se, mas, 
aqui, o que levamos em consideração é se esta destruição se dá no primeiro uso 
ou não. 
 
 
Atenção! Um bem pode ser consumível por sua própria natureza 
ou, então, por vontade das pessoas. Vamos a um exemplo: uma 
roupa, se você considerá-la na sua essência, concluirá que se trata 
de um bem inconsumível, tendo em vista que, em regra, irá 
demorar a se acabar. Porém, quando esta roupa está em uma loja 
para ser vendida será considerada um bem consumível, o mesmo 
ocorre com um livro enquanto na livraria, exposto para venda 
(como visto anteriormente, são os chamados consumíveis de 
direito). Tudo dependerá da destinação econômico-jurídica 
que será dada ao bem. 
 
1.4 Bens Divisíveis e Indivisíveis 
Bens Divisíveis 
Seu conceito jurídico está no art. 87 do CC: 
Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua 
substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam. 
 
 
 
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Teoria e Questões 
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Portanto, bens divisíveis são aqueles que podem ser partidos, ou 
repartidos, sem que com isso se perca sua substância, além disso, importa que 
esta divisão também não implique a sua desvalorização econômica. Por exemplo, 
se pegarmos um saco de arroz de 20 kg e dividirmos em 4 sacos de 5kg cada, 
cada fração conservará as mesmas qualidades do produto, ou seja, ainda 
será arroz, podendo ter a mesma utilização do todo, uma vez que não houve 
nenhuma alteração de sua substância. (1X20KG = 4X5KG -). A divisibilidade 
jurídica não se confunde com a divisibilidade física, para aquela o entendimento 
que precisamos ter é o de que 1kg de arroz dentro do saco de 20 kg equivale a 
1kg de arroz dentro do saco de 5kg, não há nem desvalorização econômica nem 
prejuízo do uso. 
 
Bens Indivisíveis 
Indivisíveis são os bens que se opõe a definição de bens divisíveis, além 
disso, o art. 88 do código civil dispõe o seguinte: 
 Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis ¹por 
determinação da lei ou ²por vontade das partes. 
Portanto, de acordo com o artigo, os bens podem ser indivisíveis 
por: 
Sua própria natureza (indivisibilidade física ou material) - são aqueles 
bens que não podem ser partidos sem alteração na sua substância ou no seu 
valor, como por exemplo, um quadro de Picasso. 
Por determinação legal (indivisibilidade jurídica), quando a lei de forma 
expressa proíbe que determinado bem seja dividido. Como exemplo, veja o CC 
art. 1.791, parágrafo único: 
³$Wp�D�SDUWLOKD��R�direito dos coerdeiros, quanto à propriedade e posse da herança, 
será indivisível, e regular-se-i�SHODV�QRUPDV�UHODWLYDV�DR�FRQGRPtQLR´� 
Por vontade das partes (indivisibilidade convencional), quando as partes 
fazem um acordo para tornar alguma coisa indivisível. Cuide, no entanto que, de 
acordo com o art. 1.320, § 2º: 
³1mR� SRGHUi� H[FHGHU� GH� FLQFR� DQRV� D� LQGLYLVmR� HVWDEHOHFLGD� SHOR� GRDGRU� ou pelo 
WHVWDGRU´. 
 
 
 
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Se a indivisão for promovida, então, pelo doador ou pelo testador, não 
poderá exceder de cinco anos. 
 
1.5 Bens Singulares e Coletivos 
Bens Singulares 
Assim está no art. 89 do CC: 
Art. 89. São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, 
independentemente dos demais. 
 
Para esta classificação os bens são analisados em sua individualidade, 
como exemplo, serão bens singulares: um boi, um lápis, um carro, uma casa. 
Os bens singulares podem ser: simples ± quando suas partes são unidas 
pela própria natureza, como o exemplo o boi; ou podem ser compostos ± 
quando suas partes são unidas pelo esforço do homem, como um carro, uma 
casa. 
 
Quando junta-se coisas simples para formar uma coisa composta, e estas 
coisas simples mantem a sua identidade elas se denominam partes 
integrantes. Quando as coisas simples perdem sua identidade ao se juntarem 
para fazer a coisa composta elas se denominam partes componentes. 
 
Como exemplo de partes integrantes, nós temos as peças usadas para 
fabricar um automóvel, pois uma vez separadas mantéP�VHX�³YDORU´�H�LGHQWLGDGH��
Como exemplo de partes componentes, nós temos a farinha quando colocada 
em um bolo, uma vez utilizada não se pode separar, é componente. 
 
Bens Coletivos 
As coisas coletivas ou universais são as formadas por várias coisas 
singulares, que consideradas conjuntamente, formam um todo único que passa 
a ter uma identidade própria, distinta das partes que a compõe. Como 
exemplo clássico, temos uma floresta ou um rebanho. 
 
 
 
 
 
 
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Os bens coletivos abrangem as universalidades: 
 -Universalidades de Fato 
Art. 90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, 
pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária. 
Como exemplo, temos uma galeria de obras de arte, onde, dependendo da 
vontade de seu dono, pode ser vendida a totalidade da universalidade, ou ainda, 
de acordo com o § único do art. 90, cada bem pode ser considerado 
individualmente e vendido separadamente: 
Art. 90. § único. Os bens que formam essa universalidade podem ser objeto de relações 
jurídicas próprias. 
 
 -Universalidades de Direito 
Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de uma 
pessoa, dotadas de valor econômico. 
Como principal exemplo nós temos o patrimônio. 
 
 
A diferença básica entre uma universalidade de fato e uma 
universalidade de direito é que a universalidade de fato assim o é por 
uma vontade particular de seu proprietário, enquanto que uma 
universalidade de direito advém da lei��RX�VHMD��³GD�SOXUDOLGDGH�GH�
bens corpóreos e incorpóreos a que a lei, para certos efeitos, atribui 
o caráter de unidade, como, por exemplo: na herança, no 
SDWULP{QLR��QD�PDVVD�IDOLGD�´ 
 
 
2006 / TRE-SP / Analista Judiciário / Área Administrativa. Foi 
considerado correto o seguinte enunciado: Com relação à 
classificação dos bens adotada pelo Código Civil Brasileiro, é correto 
afirmar: Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens 
singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação 
unitária. 
 
2. Dos bens reciprocamente considerados (arts. 92 a 97). 
Depois de estudarmos os bens quanto a sua própria natureza (com relação 
a eles mesmos), vamos passar ao estudo dos bens em sua relação entre uns e 
outros. Neste item veremos os bens principais e os bens acessórios, além dos 
conceitos de frutos, de produtos, de benfeitorias e pertenças. 
 
 
 
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Logo no art. 92 temos a definição do que é um bem principal e do que é 
um bem acessório: 
Art. 92. Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; 
acessório, aquele cuja existênciasupõe a do principal. 
 
Assim, principal é o bem que possui existência própria, que existe por si, 
independentemente de outros. Já o bem acessório dependerá da existência do 
principal. 
Como consequência imediata desta distinção que acabamos de fazer, temos 
que o bem acessório segue o destino do principal ± esta é a regra. (Para 
que isso não aconteça será necessário que seja assim acordado ou, então, que 
esteja previsto em algum dispositivo legal). 
 
Da regra que conhecemos acima, decorrem as seguintes consequências: 
¾ A natureza do acessório é a mesma natureza do principal, 
princípio da gravitação jurídica, onde, um bem atrai o outro para 
sua órbita estabelecendo o mesmo regime jurídico (bonito isso, né? 
-). Assim, se o solo é imóvel a casa que está ligada a ele também o 
é. 
¾ O acessório acompanhará o principal em seu destino, deste 
modo, se num contrato de locação (principal), existir um contrato 
acessório, como é a fiança, uma vez acabado o contrato de locação, 
se extinguirá também o de fiança, que é acessório. Cuidado que, no 
entanto, a recíproca não é verdadeira, se o contrato acessório se 
extinguir não atingirá necessariamente o contrato principal. 
¾ O proprietário do principal é o proprietário do acessório, se 
uma pessoa possuir uma bananeira (principal) as bananas 
(acessórios) que esta árvore vier a dar serão também suas. 
 
Bens reciprocamente considerados
Principais Acessórios
 
 
 
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Com relação às classes de bens acessórios, assim dispõem os arts. 95 
e 96: 
Art. 95. Apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos podem 
ser objeto de negócio jurídico. 
Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias. 
 
Vamos ao estudo destas três figuras, os frutos, os produtos e as 
benfeitorias! 
- Os Frutos: 
São as utilidades que uma coisa periodicamente produz sem, com isso, sofrer 
alteração em sua substância. Como exemplos, o leite das vacas e as frutas que 
uma árvore dá. Para se reconhecer um fruto devemos observar três elementos: 
periodicidade; inalterabilidade da substância da coisa principal e a 
separabilidade desta. 
Quanto à sua origem os frutos podem ser naturais ± quando se 
desenvolvem e se renovam periodicamente pela própria força orgânica da própria 
coisa; industriais ± são aqueles que têm a sua origem vinculada a alguma ação 
humana sobre a natureza; civis ± quando se tratar de rendimentos oriundos da 
utilização de coisa frutífera por outrem que não o proprietário. Como exemplos 
de frutos naturais, citamos: os ovos e as crias dos animais. Dos frutos 
industriais temos a produção de uma fábrica. Como exemplo de frutos civis, 
temos o aluguel. 
Quanto ao seu estado os frutos podem ser pendentes ± enquanto ainda 
estão ligados a coisa que os produziu; percebidos ou colhidos ± quando já 
separados da coisa que os produziu; estantes ± os que foram separados e estão 
armazenados ou acondicionados para a venda; percipiendos ± os que deveriam 
ter sido percebidos ou colhidos mas não foram; e consumidos ± os que não mais 
existem porque foram consumidos. 
 
Esta classificação dos frutos é importante no que diz respeito aos efeitos 
com relação à posse das coisas. De acordo com o art. 1.214 do CC, o possuidor 
de boa-fé tem direito aos frutos percebidos, enquanto a posse durar, mas 
não tem direito nem aos pendentes nem aos colhidos por antecipação. 
 
Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos. 
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser 
restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também 
restituídos os frutos colhidos com antecipação. 
 
 
 
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Já o possuidor de má-fé não tem direito aos frutos, devendo restituir os 
colhidos e percebidos: 
Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, 
bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se 
constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio. 
 
- Os Produtos: 
O conceito de produto parte da ideia de algo que pode ser retirado do 
principal diminuindo-lhe a quantidade, porque não se reproduzem 
periodicamente. Como os metais, por exemplo. 
Atenção: os produtos quando são utilidades que provém de uma riqueza, postos 
em utilidade econômica, seguem a mesma natureza dos frutos. Assim, os 
produtos devem ser tratados, no que diz respeito aos possuidores de boa-fé pelo 
mesmo art. 1.214 do CC. 
 
- As Benfeitorias: 
Também são consideradas bens acessórios. São aqueles melhoramentos 
acrescidos à coisa com a ¹finalidade de evitar que se deteriore, ou ²para 
aumentar seu valor ou com a finalidade de ³torná-la mais vistosa ou 
agradável. Deste modo, as benfeitorias são obras ou despesas que se faz em 
bem, móvel ou imóvel, para ¹conservá-lo, ²melhorá-lo ou ³embelezá-lo. 
 
Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias. 
 
Portanto, existem três tipos de benfeitorias: 
1. Benfeitorias Necessárias ± são aquelas destinadas a conservação do 
bem, para evitar que este se deteriore. Estão prevista no § 3º do art. 96: 
Art. 96. § 3º. São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se 
deteriore. 
 
Como exemplos, nós temos o reforço de fundações de um prédio; uma 
cerca de arame farpado para defesa da terra cultivada. 
 
 
 
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2. Benfeitorias Úteis ± são as que aumentam ou facilitam o uso da 
coisa. Está prevista no § 2º do art. 96: 
Art. 96. § 2º. São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem. 
 
O que não for benfeitoria necessária e que aumente o valor do bem será 
considerado benfeitoria útil. Como exemplos podemos citar a construção de uma 
garagem ou de mais um banheiro em uma casa ou, então, a modernização de 
encanamentos. 
 
3. Benfeitorias Voluptuárias ± são aquelas feitas para o prazer, não 
aumentam o uso habitual da coisa, ainda que a tornem mais agradável e seu 
valor seja elevado. Estão normatizadas no § 1º do art. 96: 
Art. 96. § 1º. São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso 
habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor. 
Como exemplos, podemos citar: a pintura da casa; a construção de uma 
quadra de tênis, ou de uma piscina, ou de um mirante. 
 
 
Atenção para não misturar os conceitos de benfeitorias, acessões 
industriais e acessões naturais. 
As benfeitorias são obras ou despesas feitas em bem já 
existente. 
As acessões industriais são obras que criam coisas novas. 
As acessões naturais são acréscimos decorrentes de fatos 
naturais e fortuitos. São, portanto, obras exclusivas da natureza, 
quem lucra é o dono da coisa. Assim dispõe o art. 97. 
Art. 97 Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou 
acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervenção do proprietário, 
possuidor ou detentor. 
 
Pertenças 
Agora vamos falar sobre as pertenças. Pertenças são coisas auxiliares 
das outras. Diferentemente do que ocorre na regra do acessório, as pertenças 
não estão abrangidas nos negócios jurídicos pertinentesao bem 
principal. 
 
 
 
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³1mR� VH� FRQIXQGHP� QHFHVVDULDPHQWH�� FRP� DV� FRLVDV� DFHVVyULDV�� YLVWR� TXH� D�
GHILQLomR�GH�³SHUWHQoD´�QmR�SUHVVXS}H�TXH�VXD�H[LVWrQFLD�HVWHMD�VXERUGLQDGD�j�
do principal.´9 
 
Estão normatizadas no art. 93: 
Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, 
de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro. 
 
Pertença é, portanto, um bem que é acrescido a outro, que é o principal, 
sem, no entanto, ser parte integrante deste. 
São pertenças, todos os bens móveis ajudantes, que o dono, por sua 
vontade e querer, colocar na exploração industrial ou econômica de um 
imóvel, no seu embelezamento ou na sua comodidade. São coisas auxiliares das 
outras. São coisas móveis que são postas de modo estável a serviço de outras 
coisas móveis ou, então, imóveis. Como exemplos, podemos citar: a moldura de 
um quadro que é usado na sala de uma residência; os tratores que são usados 
para melhorar a exploração de propriedade rural. 
 
 
Atenção! As pertenças não se confundem com as coisas 
acessórias, visto que a definição de pertença não pressupõe 
que sua existência esteja subordinada à do principal. 
 
O art. 94 traz a distinção entre parte integrante10 e pertenças: 
Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as 
pertenças, salvo se o contrário resultar da ¹lei, da ²manifestação de vontade, ou 
das ³circunstâncias do caso. 
 
Assim, as pertenças não obedecem à regra de que o acessório segue o 
principal, porque são coisas que não formam partes integrantes e também não 
são fundamentais para a utilização do bem principal. 
Parte integrante é o acessório que, unido ao principal, forma com ele um 
todo, sendo desprovida de existência material própria, embora mantenha sua 
 
9 Nelson Nery Junior, Código Civil Comentado, 8ª ed., pág. 296. 
10 Parte integrante são os frutos, os produtos e as benfeitorias. 
 
 
 
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identidade. Exemplo de parte integrante já citado em provas11 foi o dos dutos e 
estações de compressão de um gasoduto. 
 
 
2016 / TRT - 1ª REGIÃO (RJ) / Juiz do Trabalho Substituto 
Foi considerado correto o seguinte enunciado: Sobre os bens 
reciprocamente considerados, e de acordo com o que estabelece o 
Código Civil: São pertenças os bens que, não constituindo partes 
integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou 
ao aformoseamento de outro. E não se consideram benfeitorias os 
melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervenção 
do proprietário, possuidor ou detentor. 
 
3. Dos bens públicos. Classificação dos bens quanto ao 
titular do seu domínio (arts. 98 a 103). 
Os bens quanto a sua titularidade ou em relação aos sujeitos a que 
pertencem (em relação às pessoas) classificam-se em ¹bens públicos e ²bens 
privados. 
O art. 98 traz a conceituação dos bens públicos e dos bens particulares. 
 
 
 
Art. 98. São ¹públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas 
de direito público interno; todos os outros são ²particulares, seja qual for a pessoa a 
que pertencerem. 
 
Deste modo, são bens públicos os de domínio nacional pertencentes à 
União, aos Estados, aos Territórios ou aos Municípios e às outras pessoas jurídicas 
de direito público interno. Todos os outros, os que tiverem, por exemplo, como 
 
11 Pela banca ESAF. 
Bens quanto ao titular de seu domínio
Públicos Particulares
 
 
 
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titular de seu domínio pessoa natural ou pessoa jurídica de direito privado, 
serão bens particulares. 
O art. 99 traz a classificação dos bens públicos, ela se baseia no modo 
como esses bens são utilizados: 
Art. 99. São bens públicos: 
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças; 
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou 
estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os 
de suas autarquias; 
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito 
público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. 
 
Portanto, os bens públicos de acordo com sua destinação foram 
classificados em três categorias: ¹bens de uso comum do povo, ²bens de uso 
especial, ³bens dominicais. 
 
3.1 Bens de uso comum do povo 
(também denominados bens de domínio público). 
A primeira observação que devemos fazer é de que os bens de uso comum 
do povo citados no art. 99, I, são meramente exemplificativos, porque neles não 
se exaurem, ou seja, há outros além dos citados. 
 
Art. 99. São bens públicos: 
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças; 
... 
 
São os bens públicos que podem ser utilizados, sem restrições, de forma 
gratuita ou onerosa, por todos, sem necessidade de qualquer permissão especial, 
ou seja, se destinam ao uso de todos. 
Explicando melhor: Todos têm acesso a estes bens, podendo o acesso 
ocorrer gratuitamente ou não. Como exemplo temos as ruas, as estradas, as 
praças, os jardins públicos, o mar. ³9LD�GH�UHJUD��VXD�XWLOL]DomR�p�SHUPLWLGD�DR�
SRYR�� VHP� UHVWULo}HV� H� VHP� {QXV´12 , ou seja, o acesso é permitido a toda 
 
12 Caio Mário da Silva Pereira, Instituições de Direito Civil, Volume I, Ed. Forense, 25ª ed., pág. 
368. 
 
 
 
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coletividade, no entanto, nada impede que a utilização deste bem possa ser 
cobrada, desde que regulamentada. 
Assim, bens de uso comum do povo, são bens que, embora mantidos sob 
gestão da administração pública - uma pessoa jurídica de direito público 
interno, podem ser utilizados, sem restrição, gratuita ou onerosamente, por 
todos, sem necessidade de qualquer permissão especial. Pertencem à 
coletividade (res communes omnium), também podem ser denominados bens 
de domínio público e se destinam ao uso de todos. 
Mesmo se regulamentos administrativos condicionarem ou restringirem o 
seu uso a certos requisitos ou mesmo se instituírem pagamento de contribuição 
(uso retribuído), não perdem a natureza de bens de uso comum do povo, como 
exemplo disto temos: o pedágio, nas estradas; a venda de ingressos, em museus 
públicos; a taxa de embarque, em aeroportos, a taxa de ancoragem, em portos. 
 
Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme 
for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem. 
 
Veja que o uso do bem até pode ser franqueado (o usuário é o povo), mas 
o domínio sobre o bem continua sendo da pessoa jurídica de direito público. 
 
Sobre os bens de uso comum do povo citamos esta jurisprudência13: 
Administrativo. Ação de reintegração de posse. Estabelecimento comercial 
construído em terreno de marinha. Ocupação irregular. Mesas e cadeiras emárea 
de praia. Bem da União de uso comum do povo. Impossibilidade de ocupação por 
particular. Demolição, com direito a indenização. Boa fé do ocupante. Cobrança 
de multa prevista na Lei n. 9.636/98. Impossibilidade. Irretroatividade. (TRF, 5ª 
Região, AP. n. 2002.800.000.13756/AL, rel. Des. Frederico Pinto de Azevedo, j. 
05.07.2007). 
A situação jurisprudencial descrita se refere a uma ação de reintegração de 
posse movida pela União contra uma empresa privada que construiu em terreno 
de marinha sem a devida autorização para a ocupação. 
 
3.2. Bens de uso especial. 
Como o próprio nome diz bens de uso especial são os bens que possuem 
uma destinação especial, bens que são utilizados pelo próprio poder público 
 
13 Citação em Ministro Cezar Peluso, Código Civil Comentado, Doutrina e Jurisprudência, Manole, 
6ª ed., pág. 90. 
 
 
 
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para a execução de seus serviços públicos. Por exemplo, os prédios onde estão 
instaladas repartições públicas e os prédios de escolas públicas. Constituem o 
aparelhamento administrativo, assim, são afetados a um serviço ou 
estabelecimento público, ou seja, destinam-se especialmente à execução dos 
serviços públicos e, por isso mesmo, são considerados instrumentos deste 
serviço. São os edifícios e terrenos aplicados ao funcionamento da administração. 
Não integram propriamente a Administração, mas constituem (como já falamos) 
o aparelhamento administrativo. 
 
Art. 99. São bens públicos: 
... 
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou 
estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive 
os de suas autarquias; 
 
São também chamados bens patrimoniais indisponíveis, pois possuem uma 
finalidade pública permanente14. Para finalizar o tema assim lecionava o saudoso 
Caio Mario da Silva Pereira15: ³E, quando não mais se prestem à finalidade a que 
se destinam, é facultado ao poder público proprietário levantar a sua condição de 
inalienabilidade, e expô-lo à aquisição, na oportunidade e pela forma que a lei 
prescrever´. 
 
3.3. Bens dominicais. 
São os bens que compõem o patrimônio da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios. Abrangem tanto bens imóveis quanto bens móveis. São 
aqueles que, embora integrando o domínio público, diferem dos outros bens 
públicos pela possibilidade, sempre presente, de serem utilizados em qualquer 
fim ou, mesmo, alienados pela Administração, se assim o desejar. Constituem o 
patrimônio disponível e alienável da pessoa jurídica de direito público. ³6REUH�HOHV�
R� SRGHU� S~EOLFR� H[HUFH� SRGHUHV� GH� SURSULHWiULR´ 16 . São bens que não são 
afetados a qualquer destino público. Como exemplos, temos as terras devolutas, 
oficinas, fazendas e indústrias pertencentes ao Estado. 
 
Art. 99. São bens públicos: 
... 
 
14 Hely. Dir. Administrativo, p. 520. Em Nelson Nery Júnior, Código Civil Comentado, Revista dos 
Tribunais, 8ª ed., pág. 298. 
15 Caio Mário da Silva Pereira, Instituições de Direito Civil, Volume I, Ed. Forense, 25ª ed., pág. 
369. 
16 Carlos Roberto Gonçalves, Direito Civil Esquematizado, Saraiva, 2ª ed., pág. 249. 
 
 
 
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III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, 
como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. 
Art. 99. Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se 
dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha 
dado estrutura de direito privado. 
 
 
 
³1mR�HQWHQGL�EHP��R�TXH�R�†~QLFR�GR�DUWLJR����TXHU�GL]HU"´ 
 
Ele quer dizer que quando não houver lei em contrário, a própria lei 
instituidora da pessoa jurídica de direito público poderá qualificar seus bens, isto 
sem depender da destinação que dá a eles. O que acontece é o seguinte, ³FDVR�
nenhuma lei estabeleça normas especiais sobre os dominicais, seu regime jurídico 
VHUi�R�GH�GLUHLWR�SULYDGR��3RGHP�VHU�GHVDIHWDGRV´�17 
 
Características dos bens públicos. 
A primeira característica é a inalienabilidade, desde que 
destinados ao uso comum do povo ou para fins administrativos, ou seja, 
enquanto guardarem a afetação pública os bens públicos de ¹uso comum do 
povo e ²os de uso especial são inalienáveis. 
 
É o que diz o art. 100 do código civil: 
Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são 
inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar. 
 
Porém, esta característica poderá ser revogada, se mediante lei especial 
tenham tais bens perdido sua utilidade ou necessidade, não mais conservando a 
sua qualificação. Quando ocorre a desafetação, que é a mudança da destinação 
de um bem público, ele acaba incluído no rol dos bens dominicais, sendo que, de 
acordo com o art. 101: 
Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as 
exigências da lei. 
 
 
17 Regina Sahm. Em, Costa Machado, Código Civil Interpretado, Manole 2012, 5ª ed., pág. 126. 
 
 
 
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A venda ocorre em hasta pública ou por meio de concorrência 
administrativa. 
 
A segunda característica é a imprescritibilidade das pretensões a 
eles relativas. Deste modo os bens públicos não podem ser adquiridos por 
usucapião, de acordo com o art. 102: 
Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião. 
 
STF 340: ³'HVGH a vigência do CC (1916) os bens dominiais, bem como 
RV�GHPDLV�EHQV�S~EOLFRV�QmR�HVWmR�VXMHLWRV�D�XVXFDSLmR´��Ou seja, TODOS os 
bens públicos não estão sujeitos a chamada prescrição aquisitiva. 
 
A proibição da usucapião de imóveis públicos está no texto constitucional: 
Constituição Federal 
Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinquenta 
metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a 
para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja 
proprietário de outro imóvel urbano ou rural. 
... 
§ 3º - Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião. 
... 
Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como 
seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não 
superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua 
família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. 
Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião. 
 
 
2016 / Prefeitura de Campinas - SP/ Procurador. 
 
 
 
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Teoria e Questões 
Aula 03 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi 
 
Foi considerado correto o seguinte enunciado: Caio estabeleceu-se, 
com animus domini18, em praça pública abandonada pelo Município. 
Decorridos mais de 20 anos, sem oposição das pessoas que 
frequentavam o local, requereu fosse declarada usucapida a área. Tal 
praça constitui bem de uso comum do povo, insuscetível deusucapião, assim como os de uso especial e os dominicais. 
E a terceira característica é a impenhorabilidade 19 , que é 
decorrência da primeira característica, pois uma vez que os bens públicos são 
inalienáveis não se pode também dá-los em garantia. 
 
³2V� FUpGLWRV� FRQWUD� D� )D]HQGD� 3~blica se satisfazem por meio de precatórios 
�&)������SRLV�QmR�Ki�H[FXVVmR�GH�EHQV�S~EOLFRV��TXH�VmR�LPSHQKRUiYHLV´.20 
 
Bens no comércio e fora do comércio 
O código civil de 1916 trazia a seguinte redação com relação às coisas fora 
GR�FRPpUFLR��³são coisas fora do comércio as insuscetíveis de apropriação e as 
legalmente inalienáveis�´�-i�R�FyGLJR�GH�������HPERUD�FRQVLGHUH�D�H[LVWrQFLD�GH�
tais bens, não lhes reservou dispositivo algum. 
$�SDODYUD�³FRPpUFLR´�HPSUHJDGD�QR�FyGLJR�GH������VLJQLILFD�D�SRVVLELOLGDGH 
de compra e venda, a liberdade de circulação, o poder de movimentação dos 
bens. Logo, podemos concluir que coisas no comércio são as que se podem 
vender, comprar, doar, dar, alugar, trocar, emprestar etc.; e as fora do 
comércio são aquelas legalmente inalienáveis e as insuscetíveis de apropriação. 
Existem bens que são passíveis de compra e venda, doação, empréstimo, 
penhor etc. Todavia, há bens que não podem ser comercializados; são aqueles 
bens sobre os quais os particulares não podem, exercer direitos exclusivos , ou 
aqueles que não podem ser alienados21. 
 
São espécies de bens inalienáveis (fora do comércio): 
Os individualmente inaproveitáveis: o ar, o mar, o sol. Por sua utilização 
ser inesgotável, não são passíveis de posse exclusiva pelo homem, logo, estão 
 
18 Animus Domini é uma expressão em latim muito utilizada no campo jurídico para indicar a 
intenção de possuir, de ser dono. "Posse animus domini" traduz-se como "intenção de obter o 
domínio da coisa". 
19 A impenhorabilidade impede que o bem passe do patrimônio do devedor ao do credor, ou de 
outrem, por força da execução judicial. 
20 Nelson Nery Junior, Código Civil Comentado, 8ª ed., pág. 298. 
21 Silvio de Salvo Venosa, Direito Civil I, 11 ed. 
 
 
 
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fora do comércio. Sendo, portanto sua extracomercialização absoluta e decorre 
da própria natureza. 
Vale ressaltar que, a captação de energia dessas fontes são alienáveis. 
Os inalienáveis por foça de lei: são as coisas que embora suscetíveis de 
apropriação pelo homem, são excluídas propositadamente pela lei. Como os bens 
públicos, os bens das fundações, os bens de menores (art. 1.691), assim 
considerados em sua própria proteção. A extracomercialização, nesses casos, é 
apenas relativa. 
Art. 1.691. Não podem os pais alienar, ou gravar de ônus real os imóveis dos filhos, nem 
contrair, em nome deles, obrigações que ultrapassem os limites da simples 
administração, salvo por necessidade ou evidente interesse da prole, mediante prévia 
autorização do juiz. 
 
Não são bens propriamente fora do comércio, pois, sua inalienabilidade 
pode desaparecer em certos casos. Já que, de acordo com o devido processo 
legal, os bens das fundações e os bens públicos, podem ser alienados. 
Para o autor Washington de Barros Monteiro, a extracomercialização para 
certos bens é essencial, absoluta. Para outros bens, entretanto, a 
extracomercialização é meramente acidental, ou relativa22. 
 
 
³LQDOLHQDELOLGDGH´ não é, portanto, expressão equivalente a 
³FRPHUFLDOL]DomR´. 
 
Os inalienáveis pela vontade humana (bens da personalidade): a 
honra, a liberdade, o nome civil. São, portanto, aqueles bens aos quais se impõe 
a cláusula de inalienabilidade, nas doações ou testamentos. 
Ninguém pode gravar os próprios bens. Só nos atos de disposição 
mencionados o interessado poderá gravá-los, mais tais bens irão para mãos de 
terceiros. Os órgão e partes do corpo humano não podem ser considerados bens 
alienáveis. Ainda depois da morte, a doação de órgão deve ser considerada de 
valor inestimável. Permite-se a disposição gratuita de partes do corpo humano 
após a morte, para fins terapêuticos, mediante autorização escrita. As partes do 
corpo humano, porém, não devem ser consideradas mercadorias23. 
 
22 Washington de Barros Monteiro, Ana Cristina de Barros Monteiro França Pinto, Curso de direito 
Civil 1, 43 ed. 
23 Silvio de Salvo Venosa, Direito Civil I, 11 ed. 
 
 
 
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Aula 03 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi 
 
 
O código civil é expresso em reconhecer nos seus dispositivos 1.911 e 1.848 
a cláusula de inalienabilidade: 
Art. 1.911. A cláusula de inalienabilidade, imposta aos bens por ato de liberalidade, 
implica impenhorabilidade e incomunicabilidade. 
Art. 1.848. Salvo se houver justa causa, declarada no testamento, não pode o testador 
estabelecer cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade, e de incomunicabilidade, 
sobre os bens da legítima. 
A alienação só se admite nos casos de desapropriação e de execução de 
dívidas tributárias referentes ao próprio bem. 
 
Veja como esse assunto foi cobrado pelo CESPE: 
 
CESPE 2010 / TCU / Procurador do Ministério Público. 
 
Foi considerado INCORRETO o seguinte enunciado: O usufruto, por ser considerado um 
bem fora do comércio, não pode ser alienado, ainda que para o nu-proprietário. 
Comentário: 
O usufruto é um bem fora do comércio, excetuando a possibilidade de sua alienação 
unicamente para o nu-proprietário. 
RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. 
REDIRECIONAMENTO. FRAUDE À EXECUÇÃO. RENÚNCIA DE USUFRUTO. 
1. Pretende a recorrente o reconhecimento da fraude à execução da renúncia do usufruto efetuada 
pelo sócio-gerente em benefício dos nu-proprietários de imóvel dado em usufruto antes da 
ocorrência do fato gerador. 
2. Para a constatação da fraude, mostra-se necessária a discussão acerca da possibilidade de 
incidir penhora sobre o usufruto, como pretende a exequente. 
3. O usufruto é um bem fora do comércio, excetuando a possibilidade de sua alienação 
unicamente para o nu-proprietário. Desse modo, não existe motivo para se pretender o 
reconhecimento de que a renúncia do usufruto efetuada pelo executados poderia constituir fraude 
à execução, em virtude da impossibilidade de penhorar-se esse direito real. Precedente: REsp 
242.031/SP, 3ª Turma, Rel. Min. Ari Pargendler, DJ de 29.3.2004. 4. Recurso especial desprovido. 
(STJ. REsp 1095644 SP 2008/0229771-6. Relator Ministra DENISE ARRUDA. Julgamento 
04/08/2009. Primeira Turma. DJe 24/08/2009). 
Fonte: http://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/178718794/recurso-especial-resp-1514565-rs-
2015-0018983-4 
 
 
Vamos praticar? Veja como esse assunto foi 
abordado por outras bancas: 
 
 
 
 
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2015 / TJ-PI / Analista Judiciário. 
Foi considerado INCORRETO o seguinte enunciado: Margarida, artista plástica, 
contratou a compra de madeira de demolição, proveniente de um prédio do 
centro histórico de Teresina. Sobre a situação narrada, é correto afirmar que os 
bens são considerados: fora do comércio por falta de valor econômico. 
Comentário: 
Os bens são considerados móveis, pois, por serem provenientes de demolição, 
não mais integram o prédio; 
Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquantonão forem empregados, 
conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da 
demolição de algum prédio. 
 
2013 / TJ-SP/ Advogado. 
Foi considerado INCORRETO o seguinte enunciado: É correto afirmar que os bens 
públicos dominicais são considerados bens fora de comércio, seguindo a regra da 
inalienabilidade dos bens públicos. 
Comentário: 
Os bens públicos dominicais podem ser utilizados por particular, com 
exclusividade, através da utilização de institutos típicos de direito privado. 
Art. 99. São bens públicos: 
Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens 
pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de 
direito privado. 
 
2010 / PGE-RS / Procurador do Estado. 
Foi considerado INCORRETO o seguinte enunciado: As universalidades de fato 
não podem ser objeto de reivindicação, pois esta tem por finalidade a restituição 
das coisas corpóreas certas que estejam no comércio. 
Comentário: 
Art. 90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes 
à mesma pessoa, tenham destinação unitária. 
Parágrafo único. Os bens que formam essa universalidade podem ser objeto de relações 
jurídicas próprias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Assim acabamos mais uma de nossas conversas. 
Repetimos que, embora esta aula não seja longa, você deve ter atenção, 
isto principalmente no que diz respeito à classificação dos bens. E sempre 
lembrando que, em caso de dúvidas, estamos à sua disposição. Procure resolver 
as questões propostas e não hesite em utilizar o fórum dúvidas se não entender 
algo. 
 
Grande abraço e bons estudos! 
 
Aline Santiago & Jacson Panichi. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Resumo da Matéria 
Bens imóveis: 
Estes dois artigos são muito importantes para fins de prova: 
Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais: 
I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram; 
II - o direito à sucessão aberta. 
 
Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis: 
I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem 
removidas para outro local; (Exemplo: Uma casa de madeira, que pode ser retirada 
de seus alicerces, para ser fixada em local diverso do original.) 
II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se 
reempregarem. 
 
Bens móveis: 
Estes dois artigos são muito importantes para fins de prova: 
Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais: 
I - as energias que tenham valor econômico; 
II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; 
III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. (Exemplo: 
direitos autorais) 
 
Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem 
empregados, conservam sua qualidade de móveis (Bens móveis por natureza) 
readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio. 
 
Exemplo de bens móveis por antecipação: árvores convertidas em 
lenha. 
 
 
 
 
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Bens fungíveis (substituíveis) MACETE: FUNGISUBInoautoMÓVEL 
Bens infungíveis, não podem ser substituídos. 
 
Dos Bens Divisíveis 
Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, 
diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam. 
Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis ¹por 
determinação da lei ou ²por vontade das partes. 
 
 
Universalidade de fato 
Art. 90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens 
singulares que, ¹pertinentes à mesma pessoa, tenham 
²destinação unitária. 
Exemplo: Uma galeria de quadros 
Universalidade de direito 
Constitui-se por bens singulares corpóreos heterogêneos ou 
incorpóreos, ante o fato de que a norma jurídica, com o intuito de 
produzir certos efeitos, lhes dá unidade. 
 
³São benfeitorias úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem´� 
Exemplos de benfeitorias uteis realizadas em um apartamento: Colocação 
de tela nas varandas, Colocação de tela nas varandas. 
Informações: As pertenças não seguem necessariamente a lei geral de 
gravitação jurídica, por meio da qual o acessório sempre seguirá a sorte do 
principal, razão pela qual, se uma propriedade rural for vendida, desde que não 
haja cláusula que aponte em sentido contrário, o vendedor não está obrigado a 
entregar as máquinas, tratores e equipamentos agrícolas nela utilizados. 
A pertença é coisa destinada, de modo duradouro, a conservar ou facilitar o uso, 
ou prestar serviço, ou, ainda, servir de adorno do bem principal, sem ser parte 
integrante. 
 
Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as 
pertenças, salvo se o contrário resultar ¹da lei, ²da manifestação de vontade, ou 
³das circunstâncias do caso. 
 
 
 
 
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Parte integrante é o acessório que, unido ao principal, forma com ele um todo, 
sendo desprovida de existência material própria, embora mantenha sua 
identidade. 
 
Frutos e produtos: 
os frutos são as utilidades que uma coisa periodicamente produz, sem com isso 
sofrer alteração em sua substância. Os frutos industriais são os que tem sua 
origem vinculada a alguma ação humana sobre a natureza. 
Frutos estantes: são os armazenados em depósito para expedição ou venda. 
O conceito de produto parte da ideia de algo que pode ser retirado do principal 
diminuindo-lhe a quantidade, porque não se reproduzem periodicamente, 
como, por exemplo, os metais ou o petróleo de um poço. 
 
Bens públicos: 
Bens públicos são os bens do domínio nacional, pertencentes às pessoas jurídicas 
de direito público interno. Os demais são particulares, seja qual for a pessoa 
a que pertencerem (art.98) 
 
 
 
Os prédios utilizados pelo poder público, como exemplos, o Prédio da 
Secretaria de Fazenda do Estado do Paraná e os prédios das universidades 
públicas, são bens imóveis classificados como de uso especial. Tais bens não 
podem ser alienados enquanto afetados ao serviço público, além disso, 
são imprescritíveis e impenhoráveis. 
 
Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião. 
Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme 
for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem. 
 
 
 
Bens Públicos
Uso comum
uso especial
dominicais
 
 
 
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São bens públicos: 
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças; 
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinadosa serviço ou 
estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os 
de suas autarquias; 
... 
Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, 
enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar. 
 
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito 
público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. 
Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens 
pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de 
direito privado. 
... 
Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as 
exigências da lei. 
 
Bens no comércio e fora do comércio 
$�SDODYUD�³FRPpUFLR´�HPSUHJDGD�QR�FyGLJR�GH������VLJQLILFD�D�SRVVLELOLGDGH�
de compra e venda, a liberdade de circulação, o poder de movimentação dos 
bens. Logo, podemos concluir que coisas no comércio são as que se podem 
vender, comprar, doar, dar, alugar, trocar, emprestar etc.; e as fora do 
comércio são aquelas legalmente inalienáveis e as insuscetíveis de apropriação. 
Existem bens que são passíveis de compra e venda, doação, empréstimo, 
penhor etc. Todavia, há bens que não podem ser comercializados; são aqueles 
bens sobre os quais os particulares não podem, exercer direitos exclusivos , ou 
aqueles que não podem ser alienados24. 
 
São espécies de bens inalienáveis (fora do comércio): 
Os individualmente inaproveitáveis: o ar, o mar, o sol. 
Os inalienáveis por foça de lei: os bens públicos, os bens das fundações, os 
bens de menores. 
Não são bens propriamente fora do comércio, pois, sua inalienabilidade 
pode desaparecer em certos casos. Já que, de acordo com o devido processo 
legal, os bens das fundações e os bens públicos, podem ser alienados. 
 
24 
 
 
 
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Para o autor Washington de Barros Monteiro, a extracomercialização para 
certos bens é essencial, absoluta. Para outros bens, entretanto, a 
extracomercialização é meramente acidental, ou relativa25. 
 
 
³LQDOLHQDELOLGDGH´ não é, portanto, expressão equivalente a 
³FRPHUFLDOL]DomR´. 
 
Os inalienáveis pela vontade humana (bens da personalidade): a honra, a 
liberdade, o nome civil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 Washington de Barros Monteiro, Ana Cristina de Barros Monteiro França Pinto, Curso de direito 
Civil 1, 43 ed. 
 
 
 
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QUESTÕES COM COMENTÁRIOS. 
CESPE 2016/TJ-AM/Juiz substituto. Julgue os itens. 
01. Pelo princípio da gravitação jurídica, a propriedade dos bens acessórios segue 
a sorte do bem principal, podendo, entretanto, haver disposição em contrário 
pela vontade da lei ou das partes. 
 
Comentário: 
A natureza do acessório é a mesma natureza do principal, princípio da 
gravitação jurídica, onde, um bem atrai o outro para sua órbita estabelecendo 
o mesmo regime jurídico (bonito isso, né? -). Assim, se o solo é imóvel a casa 
que está ligada a ele também o é. 
No entanto, pode ser convencionado pela vontade das partes que isso não ocorra. 
Gabarito correto. 
 
02. O atributo da fungibilidade de um bem decorre exclusivamente de sua 
natureza. 
Comentário: 
Atenção: para saber se um bem possui a característica da fungibilidade, 
devemos comparar com outro que seja equivalente. Pois a fungibilidade deriva 
da própria natureza do bem. No entanto, pode acontecer de um bem, que por 
sua natureza seja fungível, tornar-se infungível por vontade das partes. 
Pode ser o exemplo de uma moeda que é um bem fungível, mas que para um 
colecionador pode tornar-se infungível. Outro exemplo, uma cesta de frutas é 
coisa fungível, mas, emprestada ad pompam vel ostentationem, ou seja, para 
ornamentação, transformar-se-á em coisa infungível.26 
Gabarito errado. 
 
03. Os rendimentos são considerados produto da coisa, já que sua extração e 
sua utilização não diminuem a substância do bem principal. 
 
Comentário: 
Quanto à sua origem os frutos podem ser naturais ± quando se desenvolvem 
e se renovam periodicamente pela própria força orgânica da própria coisa; 
industriais ± são aqueles que têm a sua origem vinculada a alguma ação 
humana sobre a natureza; civis ± quando se tratar de rendimentos oriundos da 
utilização de coisa frutífera por outrem que não o proprietário. Como exemplos 
de frutos naturais, citamos: os ovos e as crias dos animais. Dos frutos 
 
26 Washington de Barros Monteiro, Curso de Direito Civil I, 43 ed., pág. 199. 
 
 
 
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Aula 03 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi 
 
industriais temos a produção de uma fábrica. Como exemplo de frutos civis, 
temos o aluguel. 
Gabarito errado. 
 
CESPE 2015/TJ-PB/Juiz substituto. Julgue os itens com relação a bens. 
04. A infungibilidade de um bem pode decorrer da manifestação de vontade da 
parte. 
 
Comentário: 
Pode acontecer de um bem, que por sua natureza seja fungível, tornar-se 
infungível por vontade das partes. Pode ser o exemplo de uma moeda que é 
um bem fungível, mas que para um colecionador pode tornar-se infungível. Outro 
exemplo, uma cesta de frutas é coisa fungível, mas, emprestada ad pompam 
vel ostentationem, ou seja, para ornamentação, transformar-se-á em coisa 
infungível.27 
Gabarito correto. 
 
05. Os produtos são acessórios produzidos com periodicidade, e sua retirada não 
prejudica a substância da coisa principal. 
 
Comentário: 
O conceito de produto parte da ideia de algo que pode ser retirado do principal 
diminuindo-lhe a quantidade, porque não se reproduzem periodicamente. 
Como os metais, por exemplo. 
Gabarito errado. 
 
CESPE 2015/TJ-DF/Juiz de Direito Substituto. A respeito dos bens, julgue 
os itens à luz da jurisprudência pertinente. 
06. Os bens naturalmente divisíveis não se podem tornar indivisíveis. 
 
Comentário: 
Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação 
da lei ou por vontade das partes. 
Gabarito errado. 
 
 
27 Washington de Barros Monteiro, Curso de Direito Civil I, 43 ed., pág. 199. 
 
 
 
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07. É possível a cobrança de retribuição pecuniária pelo uso comum dos bens 
públicos. 
 
Comentário: 
Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for 
estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem. 
Gabarito correto. 
 
08. Com a abertura da sucessão, a herança incorpora-se ao patrimônio do 
herdeiro na qualidade de bem imóvel divisível. 
 
Comentário: 
PROCESSO CIVIL. AÇÃO DE EXECUÇÃO DE ALIMENTOS. PENHORA DOS DIREITOS 
HEREDITÁRIOS DO DEVEDOR NO ROSTO DOS AUTOS DO INVENTÁRIO. ADJUDICAÇÃO PELOS 
ALIMENTANDOS. POSSIBILIDADE. COMPETÊNCIA. JUÍZO DA FAMÍLIA. ART. ANALISADO: 685-A,

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