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Psicologia Hospitalar AULA 6

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Aula 6
O trabalho do psicólogo nos hospitais psiquiátricos
A reforma psiquiátrica é uma discussão que toma conta quando se fala em saúde mental.
 O psiquiatra italiano Franco Basaglia, bastante conhecido no século XX, desenvolveu sua ideia sobre a saúde mental negando a instituição psiquiátrica e seus conceitos como sendo a forma mais adequada para o tratamento dos doentes mentais.
De acordo com Basaglia, a loucura é na verdade uma resposta do indivíduo ao sistema em que ele vive. Na verdade, não só ao sistema, mas toda a sua realidade em um dado momento. E, não conseguindo lidar com sua própria realidade, o indivíduo acaba desenvolvendo uma forma ineficaz de existir como solução.
A função do hospital psiquiátrico acaba sendo a de receber aqueles que não conseguiram se adaptar à sociedade em que vive. O tratamento e o ato terapêutico têm como objetivo amenizar as reações dos excluídos em relação aos excludentes.Com a ideia da reforma psiquiátrica, muitos autores acreditam na necessidade de transformar os hospitais psiquiátricos em instituições de curta permanência, para que funcionem como espaços de preparação para uma vida saudável, com bem-estar.A utilização dos hospitais deveria ficar então restrita aos casos específicos em que a abordagem nos espaços externos se mostrasse impossível.E, quando a utilização da institucionalização se tornar imprescindível, devem ser usados todos os recursos disponíveis pelas várias ciências que ocupam o espaço hospitalar (Psicologia, Psiquiatria, Serviço Social, Terapia Ocupacional etc.), em um trabalho multidisciplinar.Deve-se buscar sempre o bem-estar do acometido pela doença mental, em um movimento de inclusão e de resgate de possibilidade para um existir autêntico.
Basaglia afirma que qualquer ação psicoterápica acaba sendo barrada pela estrutura hospitalar, que tenta a todo custo manter o sistema. Ou ainda pela estrutura humanista ou paternalista, que não acredita na possibilidade de escolha do interno resistindo a uma intervenção inclusiva para ele. 
Sendo assim, as ações terapêuticas devem acontecer fora do ambiente opressor, ou seja, fora do sistema hospitalar.
Mas não se deve ignorar que o hospital sempre terá uma importante função neste processo, e sua permanência se faz necessária enquanto um suporte. Quem já conviveu com alguém com quadro agudo de desorganização sabe da necessidade da existência desse ambiente protetor, tanto para o paciente como para seus familiares
Ruptura na continuidade existencial
Deve-se levar em conta que o momento de crise leva a uma ruptura na linha de continuidade existencial do indivíduo e de sua família, torna-se necessário constituí-lo como um lugar de acolhimento para essa pessoa em crise.
 
Esse acolhimento dará condições para a família, de também se reorganizar e ser assistida, para mais tarde poder receber novamente esse sujeito, de forma mais habilidosa e adequada.
 
Sendo assim, pode-se pensar no hospital de curta permanência como mais um recurso em um projeto terapêutico amplo que serviria para os momentos mais agudos, jamais ignorando sua importância dentro do contexto da saúde mental.
Mudança de postura
Se faz necessário uma mudança de postura, com uma ação mais favorável à inclusão, apesar de todas as dificuldades e entraves que permeiam este ambiente.
 
O que muitos autores comentam é que a falta de preparo do paciente e de seus familiares para o seu retorno se constitui a principal demanda de retorno dos pacientes aos hospitais, em vez dos sintomas em si.
 
Isso nos leva à reflexão da necessidade de se repensar a ação junto a esses pacientes e seus parentes, para que eles consigam se reinserir enquanto cidadãos na sociedade em que vivem.
 
Essas recaídas mostram o quanto os hospitais encontram-se despreparados para auxiliar os pacientes na resolução de seus conflitos e na preparação para que levem uma vida como cidadãos.
A partir desta percepção, muitos profissionais passaram a discutir e experimentar, em suas práticas, alternativas que visassem a auxiliar na conduta mais adequada para esses pacientes.
 
Eles buscam assim configurar o hospital como um espaço promotor de uma ação que facilite uma relação mais habilidosa do interno diante das várias situações de exclusão e adaptação com as quais se deparar em decorrência da institucionalização.
 
A proposta é que o relacionamento deixe de acontecer com a doença e passe a se dar pelas pessoas envolvidas nesse processo. Proporciona-se assim um trabalho de inclusão para o portador de doença mental.
 
Essa proposta envolve levar em consideração a singularidade de cada sujeito em cada caso.
“Se cada membro da equipe terapêutica tentasse desenvolver uma relação de cuidado que buscasse construir um espaço propício para o emergir das possibilidades tolhidas, abrir-se-ia um universo de possibilidades no sentido do resgate da cidadania” (Junior; Morato, 2009, p.150).
 
Isto significa descobrir modos de ações terapêuticas pertinentes e específicas de cada competência, com a ajuda do próprio paciente.
 
Percebe-se assim que o papel do psicólogo, do cuidador, precisa estar voltado primeiro para amenizar o isolamento e proporcionar a manifestação e a construção de instrumentos mais aptos no trato com a realidade.
 
Isso se dá a partir do aceite do paciente em recontar a sua história para a construção de uma nova experiência.
O papel do psicólogo na loucura
O psicólogo poderá auxiliar a resgatar a identidade e o compartilhamento para levar a organização de uma história que faça sentido e que lance o indivíduo ao futuro, a partir de um novo projeto existencial.
 
Neste sentido, “transpor a crise e resgatar a saúde (bem-estar) diz respeito a rearticular e ressignificar presente, passado e futuro” (Junior; Morato, 2009, p.152).
 
O Serviço de Psicologia deve configurar um lugar de possibilidades tanto para o paciente quanto para seus familiares.
 
Nesses espaços deve-se procurar dar ênfase à ampliação do diálogo do paciente consigo mesmo e com o mundo que o cerca. Desta maneira, possa desenvolver uma compreensão melhor de seu espaço no mundo e uma forma mais criativa de lidar com ele.
Alem da ação terapêutica
Esses objetivos podem ser atingidos através da criação de grupos psicoterapêuticos, atendimentos individuais e plantões psicológicos.
 
Estes espaços vão além da ação terapêutica proposta pela instituição. Elas não visam assumir responsabilidade sobre a alta desse paciente, por exemplo. Mas acaba sendo uma porta de entrada para o usuário usufruir dos serviços a ele destinados.
O conceito de loucura nem sempre foi o mesmo ao longo da história, ele já foi considerado um erro, um desvio, algo como sendo necessário de exclusão para depois de anos ser entendido enquanto uma doença mental e com isso se pensar em formas de intervenção que visem a inclusão social destes portadores de doença mental.

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