Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Curso Gratuito Introdução ao conhecimento de: Jacques-Marie Émile Lacan Por Paulo Bregantin Psicanalista Clinico– SBPI (Sociedade Brasileira de Psicanálise Integrativa). Como faremos esse material: A ideia desse material é avaliarmos o que Lacan escreveu e falou sobre Psicanálise. Nesse material não tenho a intenção de acrescentar nada, pois a ideia é que com a leitura do que Lacan escreveu e falou seja o suficiente para iniciarmos o desejo de entendimento da importância de Lacan para a Psicanálise. Vamos tentar expressar um pouco sobre o que Lacan influenciou a Psicanálise nos dias atuais e, para isso, vamos passar pelos assuntos acima citados, claro que, não aprofundaremos os assuntos, pois aqui é um material onde teremos uma ideia sobre Lacan e sua obra, bem como sua importância para quem deseja ser Psicanalista-clinico. Não seguirei um roteiro muito que lógico, pois tenho em mente passar as informações de Lacan conforme tenho dado as aulas dele (Lacan) na SBPI (Sociedade Brasileira de Psicanálise Integrativa), portanto, creio que seja muito importante que o leitor não seja tão crítico os o cronológico do que Lacan escreveu ou falou, ou seja, as datas podem variar, porém o conteúdo será preservado para que as ideias propostas por Lacan para a releitura de Freud sejam sempre preservadas e mantidas. Claro que como Professor da SBPI, utilizarei nossa forma integrativa para escrever esse material, sempre levando em conta uma forma simples para o entendimento e, tentando desmistificar o “medo” do ensino e aprendizado que Lacan oferece. Desafio você aluno e leitor a viver esse desafio de conhecer Lacan, um homem que em seu tempo ensinou e desvendou muitos mistérios sobre o ser humano, fazendo uma releitura minuciosa sobre a obra de Freud. Paulo Bregantin – Psicanalista Clinico Um pequeno resumo sobre LACAN: Jacques-Marie Émile Lacan, nasceu em Paris, 13 de abril de 1901 e, faleceu em Paris, 9 de setembro de 1981 foi um psicanalista francês. Formado em Medicina, passou da neurologia à psiquiatria, tendo sido aluno de Gatian de Clérambault. Teve contato com a psicanálise através do surrealismo e a partir de 1951, afirmando que os pós-freudianos haviam se desviado, propõe um retorno a Freud. Para isso, utiliza-se da linguística de Saussure (e posteriormente de Jakobson e Benveniste) e da antropologia estrutural de Lévi-Strauss, tornando-se importante figura do Estruturalismo. Posteriormente encaminha-se para a Lógica e para a Topologia. Seu ensino é primordialmente oral, dando-se através de seminários e conferências. Em 1966 foi publicada uma coletânea de 34 artigos e conferências, os Écrits (Escritos). A partir de 1973 inicia-se a publicação de seus 26 seminários, sob o título Le Séminaire (O Seminário), sob a direção de seu genro, Jacques-Alain Miller. Sua primeira intervenção na psicanálise é para situar o Eu como instância de desconhecimento, de ilusão, de alienação, sede do narcisismo. É o momento do Estádio do Espelho. O “Eu” é situado no registro do Imaginário, juntamente com fenômenos como amor e ódio. É o lugar das identificações e das relações duais. Distingue-se do Sujeito do Inconsciente, instância simbólica. Lacan reafirma, então, a divisão do sujeito, pois o Inconsciente seria autônomo com relação ao Eu. E é no registro do Inconsciente que deveríamos situar a ação da psicanálise. Esse registro é o do Simbólico, é o campo da linguagem, do significante. Lévi- Strauss afirmava que "os símbolos são mais reais que aquilo que simbolizam, o significante precede e determina o significado”, no que é seguido por Lacan. Marca-se aqui a autonomia da função simbólica. Este é o Grande Outro que antecede o sujeito, que só se constitui através deste - "o inconsciente é o discurso do Outro", "o desejo é o desejo do Outro". O campo de ação da psicanálise situa-se então na fala, onde o inconsciente se manifesta, através de atos falhos, esquecimentos, chistes e de relatos de sonhos, enfim, naqueles fenômenos que Lacan nomeia como "formações do inconsciente". A isto se refere o aforismo lacaniano "o inconsciente é estruturado como uma linguagem". O Simbólico é o registro em que se marca a ligação do Desejo com a Lei e a Falta, através do Complexo de Castração, operador do Complexo de Édipo. Para Lacan, "a lei e o desejo recalcado são uma só e a mesma coisa". Lacan pensa a lei a partir de Lévi-Strauss, ou seja, da interdição do incesto que possibilita a circulação do maior dos bens simbólicos, as mulheres. O desejo é uma falta-a-ser metaforizada na interdição edipiana, a falta possibilitando a deriva do desejo, desejo enquanto metonímia. Lacan articula neste processo dois grandes conceitos, o Nome-do-Pai e o Falo. Para operar com este campo, cria seus Matemas. É na década de 1970 que Lacan dará cada vez mais prioridade ao registro do Real. Em sua tópica de três registros, Real, Simbólico e Imaginário, RSI, ao Real cabe aquilo que resiste a simbolização, "o real é o impossível", "não cessa de não se inscrever". Seu pensamento sobre o Real deriva primeiramente de três fontes: a ciência do real, de Meyerson, da Heterologia, deBataille, e dos conceitos de realidade psíquica e de pulsão, de Freud. O Real toca naquilo que no sujeito é o "improdutivo", resto inassimilável, sua "parte maldita", o gozo, já que é "aquilo que não serve para nada". Na tentativa de fazer a psicanálise operar com este registro, Lacan envereda pela Topologia, pelo Nó Borromeano, revalorizando a escrita, constrói uma Lógica da Sexuação ("não há relação sexual", "A Mulher não existe"). Se grande parte de sua obra foi marcada pelo signo de um retorno a Freud, Lacan considera o Real, junto com o Objeto a ("objeto ausente"), suas criações. No Brasil, um dos principais pioneiros da psicanálise lacaniana é MD Magno, fundador do Colégio Freudiano do Rio de Janeiro, em 1975, bem como Célio Garcia, um dos primeiros a introduzir o pensamento de Lacan na Universidade, em Minas Gerais. O trabalho de Lacan exerce forte influência nos rumos do tratamento psíquico, inclusive na definição de políticas de saúde mental, especialmente no Brasil. CRONOLOGIA DA VIDA DE LACAN 1901: Nasce em Paris, no dia 13 de abril, Jacques-Marie Émile Lacan, primeiro filho de uma próspera família católica. 1907: Nascimento de seu irmão, Marc-Marie, que mais tarde entrará para a ordem dos beneditinos como o nome de Marc-François. 1919: Matricula-se na faculdade de medicina. Paralelamente estuda literatura e filosofia, aproximando-se dos surrealistas. 1928: Trabalha como interno da Enfermaria Especial para alienados da Chefatura de Polícia, dirigida por Gaëtan Gatian Clérambault, que mais tarde reconhecerá como seu único mestre na psiquiatria. 1931: Após examinar Marguerite Pantaine, que havia tentado assassinar a atriz Huguette Duflos, escreve sobre o episódio (conhecido como "Caso Aimée") uma monografia que está na gênese de sua tese de doutorado. 1932: Inicia sua análise com Rudolf Loewenstein. Defende a sua tese de doutorado, Da psicose paranoica em suas relações com a personalidade. 1934: Casa-se com Marie-Louise Blondin, com quem terá três filhos. Caroline (1937), Thibault (1939) e Sybille (1940). 1936: Sua comunicação sobre o estádio do espelho, durantecongresso da Associação Internacional de Psicanálise (IPA) em Marienbad, é interrompida no meio por Ernest Jones, discípulo e biógrafo de Freud. 1938: Inicia relações com Sylvia Bataille, ex-mulher do escritor e filósofo Georges Bataille. Torna-se membro da Sociedade Psicanalítica de Paris (SPP). 1941: Separa-se de Marie-Louise. Nasce Judith Sophie, filha de Lacan com Sylvia. 1951: Sua técnica de sessões curtas gera controvérsias na SPP. Dá início aos Seminários, uma série de apresentações orais que constituirão o núcleo de seu trabalho teórico. 1953: Em meio à crise na SPP, faz conferências fundamentais como "O mito individual do neurótico" (em que utiliza pela primeira vez a expressão Nome do Pai), "O real, o simbólico e o imaginário" (que coloca suas teorias sob o signo do "retorno a Freud") e "Função e campo da palavra e da linguagem em psicanálise" (pronunciada em Roma). Deixa a SPP junto com Daniel Lagache, Françoise Dolto e outros 40 analistas. Funda a Sociedade Francesa de Psicanálise (SFP). Realiza o seminário os escritos técnicos de Freud, primeiro a ser registrado por estenotipista, possibilitando posterior publicação. 1963: A IPA admite a filiação da SFP. 1964: Lacan funda a Escola Freudiana de Paris (EFP) com antigos alunos como Françoise Dolto, Maud e Octave Mannoni, Serge Leclaire, Moustapha Safouan e François Perrier. 1966: Publicação de Escritos e criação da coleção Campo Freudiano, dirigida por Lacan. 1967: Propõe a criação do "passe", dispositivo regulador da formação do analista. 1968: Lançamento da revista Scilicet, do Campo Freudiano. 1973: Publicação da transcrição do Seminário XI, Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise, realizado em 1964. A partir daí, os seminários passam a ser editados segundo esse procedimento. Caroline morre num acidente de automóvel. 1975: Lançamento de Ornicar?, boletim do Campo Freudiano. 1980: Anuncia a dissolução da EFP e funda em outubro a Escola da Causa Freudiana. 1981: Morre em Paris no dia 09 de setembro. O QUE LACAN ESCREVEU E PUBLICOU: Seminário 1 - “Os escritos técnicos de Freud” (1953-54) Seminário 2 - “O eu na teoria de Freud e na técnica da psicanálise” (1954- 55) Seminário 3 - “As psicoses” (1955-56) Seminário 4 - “A relação de objeto” (1956-57) Seminário 5 - “As formações do inconsciente” (1957-58) Seminário 6 - “Les désir et son interprétation” (1958-59) Seminário 7 - “A ética da psicanálise” (1959-60) Seminário 8 - “A transferência” (1960-61) Seminário 9 - “L’identification” (1961-62) Seminário 10 - “A Angústia” (1962-63) Seminário 11 - “Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise” (1963- 64) Seminário 12 - “Problèmes cruciaux pour la psychanalyse” (1964-65) Seminário 13 - “L’objet de la psychanalyse” (1965-66) Seminário 14 - “La logique du fantasme” (1966-67) Seminário 15 - “L’acte psychanalytique” (1967-68) Seminário 16 - “De um Outro ao outro” (1968-69) Seminário 17 - “O avesso da psicanálise” (1969-70) Seminário 18 - “D’un discours qui ne serait pás du semblant” (1970-71) Seminário 19 - “...Ou pire” (1971-72) Seminário 20 - “Mais, ainda” (1972-73) Seminário 21 - “Les non-dupes errent” (1973-74) Seminário 22 - “R.S.I.” (1974-75) Seminário 23 - “O Sinthoma” (1975-76) Seminário 24 - “L’insu que sait de l’une bévue s’aile à mourre” (1976-77) Seminário 25 - “Le moment de conclure” (1977-78) Seminário 26 - “La topologie et le temps” (1978-79) Tese Da psicose paranóica em suas relações com a Personalidade. Rio de Janeiro, Forense Universitária, 1987 Seminários publicados O Seminário – Livro 1 – Os Escritos Técnicos de Freud. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1979 O Seminário – Livro 2 - O Eu na Teoria de Freud e na Técnica da Psicanálise. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1985. O Seminário – Livro 3 - As Psicoses, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Edit. 1985. O Seminário – Livro 4 - A Relação de Objeto. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1995. O Seminário – Livro 5 - As formações do inconsciente, Rio de Janeiro: Jorge Zahar Edit. 1999 O Seminário – Livro 7 - A ética da psicanálise, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Edit. 1991. O Seminário – Livro 8 - A transferência, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Edit. 1992. O Seminário - Livro 10 - A Angústia ,Rio de Janeiro, Jorge Zahar Edit., 2005 O Seminário – Livro 11 - Os Quatro Conceitos Fundamentais da Psicanálise, São Paulo, Jorge Zahar Editor, 1979. O Seminário - Livro 16 - De um Outro ao outro, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Edit., 2008. O Seminário – Livro 17 - O Avesso da Psicanálise, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1992. O Seminário - Livro 18 - De um discurso que não fosse semblante, Jorge Zahar Edit., 2009. O Seminário – Livro 20 - Mais, Ainda. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editores, 1982. O Seminário - Livro 23 - O sinthoma. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editores, 2007 Coletâneas, Conferências, Aulas de Seminários, Artigos Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1998. 937 p. Temas que estudaremos sobre Lacan nesse curso: SINTOMA UM POUCO DE FREUD SIGNO – SIGNIFICADO - SIGNIFICANTE GOZO I E GOZO II O INCONSCIENTE – EXISTE ONDE? ALÍNGUA / SUJEITO DO INCONSCIENTE OBJETO / “A” , “a” REAL – SIMBÓLICO – IMAGINÁRIO / NÓ BORROMEANO ESTÁGIO DO ESPELHO A FANTASIA QUARTO NÓ / SINTOMA. “O Inconsciente é estruturado como uma linguagem” LACAN. Vamos conhecer um pouco sobre sintoma, pois para Lacan o sintoma tem três características: Lacan adota a grafia sinthome, "forma antiga de escrever o que foi posteriormente escrito symptôme", e fundamenta a distinção que faz recorrendo a etimologia da palavra symptôme, onde ptôma, do grego, significa queda. O sintoma, que se espera que caia durante a analise, não e o mesmo que sinthome, da antiga grafia francesa, para designar aquilo que não cai, que se fixa em torno da falta primeira e da necessidade de que esta não cesse, para que continuem sendo possíveis gozo e desejo. Escrito isso vamos sempre que pensar em “Sintoma” levar em conta o que Lacan pensa sobre essa palavra e, em todo esse material é fundamental que tenhamos em mente que Lacan utilizava de todas as ferramentas gramaticais e o que for preciso para explicar suas teorias e entendimento dos escritos de Freud para que por fim a psicanálise fosse como ele mesmo escreveu: “O inconsciente é estruturado como uma linguagem. ” Para Lacan o sintoma é muito importante e, por isso, vamos analisar como Lacan vê a palavra sintoma: 1- O psicanalista faz parte do sintoma. (Sujeito-suposto-saber). 2- Um sintoma é também um signo, mas também um significante. 3- O sintoma é um sofrimento questionador. Bem, mas o que é um sintoma para Lacan? Vamos tentar explicar como ele entendia o que era sintoma: “O sintoma é, propriamente falando, um evento na análise, uma das imagens através das quais a experiência se apresenta. Nem todas as experiências analíticas são sintomas, mas todo sintoma que se manifesta no correr da análise constitui uma experiência analítica. ”, sim isso é fundamental percebermos, pois para Lacan o sintoma por seruma “queda” ou algo que aprece durante o processo de conversa dentro do campo analítico, é muito importante que o analista tem uma escuta muito apropriada e treinada para o entendimento disso. Experiência para o analista é quando o paciente diz e não sabe o que diz, é quando o paciente gagueja, é o instante que ele hesita, balbucia e sua fala subtrai...enfim, é quando o paciente sem perceber “fala” ou até gesticula fazendo com que o inconsciente fale e, ás vezes, até mesmo grite. Os Analista lacanianos “adoram” essa linguagem descrita acima... Pois um tropeço da linguagem dentro do set de atendimento para um lacaniano é fundamental para uma caminhada na terapia. E, para que isso aconteça com tranquilidade é fundamental entender cada princípio do entendimento sobre sintoma “lacaniano”. O devemos ouvir, ver e perceber quando dentro do set de atendimento para avaliarmos e quem sabe entendermos o que é um sintoma? O Lacaniano quando ouve um sonho fica atento a “como” ele é contado e não o sonho em si. O Lacaniano aguarda quando o paciente “derrapa” ou “tropeça na linguagem” É quando o paciente diz: “...Não sei?” , “ Não me lembro?” , “...talvez...” , “provavelmente”... A ISSO CHAMAMOS EXPERIÊNCIA. É assim que devemos iniciar o processo de entendimento e aprendizado sobre sintoma...Vamos avaliar mais algumas questões sobre isso... Para Lacan um sintoma é uma manifestação do inconsciente, ou seja, o sofrimento é um ato involuntário, produzido além de qualquer intenção. E, se apresenta de forma metafórica ou com palavras desconectadas. Lacan observa o sintoma com algum muito importante para o Analista e o analisando, vamos avaliar como ele faz isso... As três características do sintoma: 1- A “maneira” como o analisando fala sobre o sintoma. 2- A “teoria” como o analisando formula seu mal-estar e descreve-o. 3- “o OUTRO”, quando o analisando descreve a teoria ou o sintoma ele conclama o psicanalista para participar do sintoma(destinatário). COMO FICA O SINTOMA NO LACANIANO? Sintoma signo Gozo Saber inconsciente (S2) Características Do sintoma: Significante (S1) O inconsciente é estruturado com uma linguagem •A maneira de exprimir Meu sofrimento. •A teoria sobre a causa Do meu sofrimento. *O Analista faz parte do Meu sintoma. Não existe relação sexual No sintoma conforme o quando acima podemos perceber que para Lacan o sintoma é divido entre o Signo, Significantes( O inconsciente é estruturado como uma linguagem), Saber inconsciente, Gozo(Não existe relação sexual) e, características do sintoma: A maneira de exprimir meu sofrimento, A teoria sobre a causa do meu sentimento, o analista faz parte do meu sintoma. “O ANALISTA FAZ PARTE DO SINTOMA” Lacan chama essa frase acima de: SUJEITO-SUPOSTO-SABER... O Analisando “lembra” do analista quando passa por situações de sofrimento, logo, o analista faz parte do sintoma vivido pelo analisando. ...E, a isso chamamos transferência. (Freud). Exemplo: O analisando fala que tudo que ele está vivendo desde quando começou a análise tem relacionamento com o que está sendo tratado no período da análise. Ouvir (escuta atenta) do paciente é que faz a diferença entre o diagnóstico psiquiátrico e a identificação da psicanalítica de uma neurose. Lacan nos oferece uma oportunidade de iniciarmos em nós mesmos (Psicanalistas) um desejo de ouvir, se lermos com atenção e ouvirmos com atenção Lacan, nós poderemos perceber que a psicanálise é feita quando ouvimos com muita atenção nosso analisando, porém é um ouvir observando cada detalhe do analisando, cada movimento, cada lapso, procurando entender cada fala, cada história (metáfora), ou jeito de se falar... Não podemos ficar ouvindo o analisando se nos identificarmos com o que está sendo falado e, como veremos para Lacan o falar é muito mais que simplesmente expressar sentenças pela boca. O falar que Lacan descreve é como ele mesmo chama “Alíngua” – falaremos sobre isso mais adiante... . Antes de caminhar para o entendimento sobre sintoma é fundamental fazermos uma revisão “rápida” sobre os princípios de Freud sobre o início da psicanálise e como ele começou o processo, pois aí sim, iniciaremos o que Lacan escreve e fala sobre sintoma e outros princípios. Lacan escreveu e ensinou sobre Psicanálise com base uma releitura da obra de Freud e, como Lacan fez essa releitura muitas vezes falando “seminários”, a complexidade de alguns ensinamentos são realmente uma marca registrada, mas isso pode ser minimizado com uma leitura minuciosa e um estudo aprofundado das falas e escritos de Lacan. Todo sintoma é um signo Para Lacan, todo sintoma é um Signo e ao mesmo tempo um significante. O Signo para Laca é aquilo que representa algo para alguém. É um dado sintoma que representa algo para aquele que sofre e, ás vezes, para aquele que escuta. (Analista e Analisando). Ex.: A gravidez representa para uma moça o fruto do trabalho da análise, e, para o analista, um dos efeitos terapêuticos do tratamento. Esse é um aspecto de SIGNO do sintoma, pois é a constituição do fator que favorece a instalação e o desenvolvimento da TRANSFERENCIA. Para entendermos esse princípio Lacaniano sobre signo, significado e significante vamos entender um pouco sobre a gramática de FERDINAND DE SAUSSURE. Lacan indicará aos analistas em formação que lhes sejam ensinados alguns rudimentos de lingüística, nem que fosse apenas “ a instituição do significado e significante”. O lingüista Ferdinand de Saussure afirma que a língua não é uma nomenclatura, nem uma lista de palavras que corresponde a outra lista de coisas. Ele demonstra que o vínculo entre um nome e uma coisa é, ao contrário do que pode parecer, uma operação complexa. Lingüística Estrutural – Estuda os signos- significados e significantes; A língua fenômeno social; ( patrimônio social ). A fala é individual; ( expressão e compreensão ). A letra- é material suporte do significante Discurso- oral e escrito; provém de uma ideologia; Classes de palavras- pronomes, artigos e os verbos; Sinais de pontuação- reticência, exclamação, interrogação e ponto; Recursos Semânticos- metáfora e a metonímia; Variação lingüística- geográfica, histórica, social, etc. Conceito de Ciência- objeto de estudo. DEFINIÇÃO DE ALGUNS TERMOS LINGUÍSTICOS: O signo, o significado e o significante: Quanto ao signo, o significado e o significante, partimos primeiramente da premissa de seu significado em dicionário: O signo: s.m. 1. sinal, símbolo. 2. ( linguíst) qualquer unidade significativa entre o significado e o significante. O significado: s.m. 1. Significação, sentido, acepção. 2. (linguíst) a parte significativa de um signo. Opõe-se ao significante. O significante: adj. 1. Significativo. 2.(linguíst) a parte sonora do signo. Opõe-se ao significado. O Signo Lingüístico O signo não une uma coisa a um nome. Assim, o signo “árvore”, por exemplo, estabelece uma relação entre dois termos de ordem psíquica: o conceito árvore e a imagem árvore. O signo é a combinação do conceito e da imagem acústica. Conceito _______________________ Imagem acústica A presença na mente da imagem acústica “árvore se vincula ao conceito de árvore. Os termos que Suassure utiliza são: significado e significante. S significado S significante O significado e significante se correspondementre si no interior do signo. Não há uma relação natural entre o significado e significante. O significado adere a diferentes significantes. EX Pássaros. Valor Lingüistico: Suassure trata a língua como um sistema de puros valores. Cada uma das partes se sustenta pelas outras. Assim, os signos não podem cumprir sua função de significação sem a sustentação que supõe a estrutura da linguagem. A Língua: Não da para conceber idéias sem que elas estejam configuradas na ordem da língua. Sem a língua, os sons, a substância fônica são apenas barulho. Não há pensamento sem linguagem. Significado: Suassure conclui que o nível do significado se constitui unicamente pelas conexões diferentes com outros conceitos da língua. Não é o som em si mesmo, mas a diferença entre uma palavra e outra. Significante: Imagem acústica; valor diferencial. Para Suassure, a significação é ao unir significado e significante, implica uma relação de reciprocidade, de conveniência, de adequação entre ambos os termos. Rompimento Lacan X Suassure Lacan entende que entre o significado e significante não há união em si, mas sim uma separação. Lacan vai operar mudanças importantes: O traço de separação entre significado e significante será mais grossa. Colocará o significante acima da barra para simbolizar a prevalência do significante, invertendo os termos saussurianos. O significado desce ficando abaixo da barra. ALGORITMO LACANIANO S S A barra engrossada indica uma resistência do significante à significação. O significado vai se reproduzir por efeito de combinação de significantes. Lacan afirma que o significante entra de fato no significado. Dois exemplos para descrever o que Lacan está propondo: No primeiro quando pensamos em uma árvore ( significante) cada pessoa faz uma imagem individual, veja: Se eu te perguntar pense em uma árvore muito provavelmente você pensará em uma árvore específica, porém será muito diferente da minha e de tantas outras pessoas... Isso é significante. Arvore Nesse outro exemplo pense em duas portas de banheiro, o que faz com essas portas sejam diferentes? Vejam a figura abaixo: Cavalheiros Damas O que modifica é o significante, pois a porta é um signo(porta), o significado é para abrir, fechar, proteger, etc. Agora o significante é para cada um. Todo sintoma é um significante... Significante é uma categoria formal, e não descritiva. O significante pode ser um lapso, um sonho, um relato do sonho, um detalhe desse relato, ou mesmo um gesto, um som, ou até um silêncio ou uma interpretação do Psicanalista. 3 aspectos do significante: 1- O significante é sempre a expressão involuntária de um ser falante. Um gesto qualquer só será significante se for um gesto desejado e imprevisto, executado fora de qualquer intencionalidade e saber consciente. 2- O significante é desprovido de sentido, não significa nada e, portanto, não entra na alternativa de ser explicável ou inexplicável. O significante é e nada mais. 3- O significante é, sim, desde que permaneça ligado a um conjunto de outros significantes. “Um significante só é significante para outros significantes” Lacan. É sempre um “UM” não vários acontecimentos ou sintomas. Obs: Para Lacan a repetição tem como conceito S1 – Significante UM, ou seja, o número 1 vem assinalar que trata de um acontecimento ÚNICO, o sintoma é sempre da ordem de UM e a letra S é notação da palavra SIGNIFICANTE. O significante pode ser um chiste...: O chiste (expressão que provoca riso). Ou seja, uma piada ou forma de falar que leva o analisando a demonstrar uma forma de falar espontânea e, que mesmo triste abatido força uma risada dele mesmo e do analista. Pois se o analista avaliar um chiste, pode fazer uma pergunta pertinente que dê acesso ao inconsciente do analisando. Não é “por que” que o analista quer e necessita saber e sim o “como” ex.; Como se organiza o desfile dos acontecimentos de sua vida? Qual é a ordem da repetição? Distinção entre signo e significante: Quando tomo o sofrimento do sintoma pelo ângulo da “causa” é fazer dele um SIGNO, ao passo que surpreender-me por sofrer essa mesma infelicidade num instante propício, como se ela fosse imposta por um saber que ignoro, é reconhecê-lo como SIGNIFICANTE. Ex.: Quando o analisando ri, fala um chiste, sonho, etc., e, o analista percebe somente “como” e não “por que” entra no inconsciente e, isso é terapia... O Inconsciente é um saber, não apenas porque sabe colocar uma dada palavra num dado instante, mas também porque garante a característica da repetição, logo, o inconsciente é o saber da repetição. Podemos afirmar então que o inconsciente é um processo constante ativo, que não pára de se exteriorizar através de atos, acontecimentos ou palavras que reúnam as condições definidoras do SIGNIIFCANTE, a saber: ser uma expressão involuntária, oportuna, desprovida de sentido e identificável como um acontecimento ligado a outros acontecimentos ausentes e virtuais. S1... Um único que toma o mesmo lugar toda vez que é necessário. “O inconsciente é um saber estruturado como uma linguagem. ” Lacan Tarefas sobre esse módulo: 1 - Fale um pouco sobre quem é Lacan e o que ele fez ( depois dessa introdução)? 2- O que é um sintoma para Lacan? 3- Descreva o que você aprendeu sobre Signo, Significado e Significante e, Lacan, 4- Descreva a importância dos significantes para os ensinos de Lacan. 5- Fale sobre a importância de Lacan para a Psicanálise. Vídeos sobre os temas Lacaniano: Vídeo 1 – Sobre Signo, Significa e Significante Ministrante: Paulo Bregantin https://www.youtube.com/watch?v=n6JnwM0FXvQ Vídeo 2 – O outro sou eu mesmo – Uma avalia do autoconhecimento Ministrante: Paulo Bregantin https://www.youtube.com/watch?v=vX5CNrVIPrQ Vídeo 3 – Sonhos e Ato Falho Ministrante: Paulo Bregantin https://www.youtube.com/watch?v=UHcqJkC6Fx8 Vídeo 4 – Autoconhecimento e auto entendimento Ministrante: Paulo Bregantin https://www.youtube.com/watch?v=BXLHyRkYBt0 Vídeo 5 – Simbólico, Imaginário e Real Ministrante: Paulo Bregantin https://www.youtube.com/watch?v=OI8tQQkXVI8 Vídeo 6 – Introjeção, Identificação e Projeção Ministrante: Paulo Bregantin https://www.youtube.com/watch?v=ZjxrxPZgKnI ARTIGOS QUE ESCREVI DOS ENSINAMENTOS LACANIANOS: 1- Transferência e amor em psicanálise http://horoscopovirtual.uol.com.br/artigos/transferencia-e-amor-na-psicanalise 2- Paranoica http://horoscopovirtual.uol.com.br/artigos/paranoica 3- EGO-ISMO http://horoscopovirtual.uol.com.br/artigos/ego-ismo 4- Ressonância Límbica – o que é e como funciona. http://horoscopovirtual.uol.com.br/artigos/ressonancia-limbica-o-que-e Vídeos que vale muito assistir 1- Fenomenologia e existencialismo https://www.youtube.com/watch?v=Z2XPHjSYBfw 2- Nietzsche - Café Filosófico - Viviane Mosé – Completo https://www.youtube.com/watch?v=Mgr-6_cdSiE Professor Paulo Bregantin - SBPI
Compartilhar