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PARASITAS.docx

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http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfglcAK/parasitos-intestinais-sanguineos
UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA – UNOESC
CAMPUS VIDEIRA
ÁREA DAS CIENCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE FARMÁCIA
FRANCELINE AMÉLIA DE SOUZA
PARASITAS INTESTINAIS E SANGUÍNEOS
VIDEIRA – SC
2012
FRANCELINE AMÉLIA DE SOUZA
PARASITAS INTESTINAIS E SANGUÍNEOS
Trabalho apresentado a disciplina de Parasitologia Clínica do Curso de Farmácia da Universidade do Oeste de Santa Catarina como requisito à obtenção de nota parcial na disciplina.
Prof. Dra. CLAUDRIANA LOCATELLI
VIDEIRA – SC
2012
LISTA DE QUADROS
LISTA DE IMAGENS
LISTA DE FLUXOGRAMAS
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
Desde muito tempo, os micro-organismos fazem parte do nosso cotidiano. Entre eles, estão os parasitos, podendo ser sanguíneos e intestinais. O conhecimento sobre cada um deles é fundamental para diagnóstico e tratamento eficazes. Sabe-se que cada gênero e espécie possuem determinadas características que fazem com que sejam ora brandos, ora agressivos.
Cada região possui um parasito endêmico, devido as suas características climáticas e inadequados hábitos alimentares e higiênicos da população. Em regiões que não possuem um saneamento básico adequado e condições de higiene satisfatória, as pessoas são facilmente contaminadas por formas infectantes desse micro-organismos. É importante que haja promoção e prevenção da boa saúde nesses lugares.
Há vários modos de transmissão desses parasitos, podendo ser transmitidos pela água, alimentos contaminados, mãos sujas ou poeira. Também há transmissão pelo solo contaminado por larva ou até mesmo por vetores ou hospedeiros intermediários. Já a Trichomonas vaginalis, por exemplo, é transmitida de pessoa para pessoa. 
O tratamento vai além de medicamentos, consiste principalmente de prevenção, fazendo com que a população tenha uma educação da saúde, ou seja, construções adequadas de banheiros, saneamento básico, lugares limpos e arejados. A higiene pessoal também se torna relevante, para evitar transmissão do patógeno.
O presente trabalho procura definir características de alguns parasitos sanguíneos e intestinais, seus ciclos biológicos, diagnósticos, controles e profilaxia, bem como outras informações importantes.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
HELMINTOS
Os helmintos são constituídos por três filos: Platyhelminthes, Aschelminthes e Acanthocephala, incluindo espécies de vida livre e espécies de parasitas. Também existem os helmintos intestinais e sanguíneos (ANDRADE, 2010).
Filo Platyhelminthes
Os parasitas incluídos nesse filo possuem como característica a ausência do exo ou endoesqueleto, são achatados, celoma ausente, com ou sem tubo digestivo, sem ânus e aparelho circulatório, sistema excretor tipo protonefrídico, com tecido conjuntivo enchendo os espaços entre os órgãos. Os tipos de vida desses parasitas podem ser livre, exo ou endoparasitas. Os representantes dessa classe são: tuberlaria, trematoda, cestoda, sendo as duas últimas as mais importantes e citadas a seguir (NEVES, 2003).
Classe trematoda
Caracterizados por ecto ou endoparasitas, achatados ou recurvados, volumosos com extremidade posterior alongada e anterior afilada. Tem forma típica de folha. Poucos trematódeos são vivíparos, prevalecendo às espécies ovíparas. O número de ovos depositados varia consideravelmente com a espécie (Fasciola hepática: milhares de ovos.). São hospedeiros intermediários e passam pelas fases de esporocisto, rédia, cercaria e metacercaria. A formação de metacercaria algumas vezes exige um segundo hospedeiro intermediário. A transmissão da forma cercaria se dá pela penetração na pele ou mucosa. A transmissão da forma metacercaria se dá pela ingestão (NETO; 2008).
Classe cestoda
Endoparasitas desprovidos de epiderme, corpo alongado e segmentado, podendo ser parecido com os trematódeos. Compreende duas subclasses: Cestodaria e Eucestoda (Pseudophyllidea e Cyclophyllidea, espécies parasitas de homem). Não há órgãos sensoriais especiais. São geralmente hermafroditas, na maioria dos cestódeos ocorre um conjunto de órgãos genitais masculinos e femininos por segmento. Porém em outros ocorrem dois conjuntos de órgãos genitais masculinos e femininos por segmento. Nos Pseudophyllideos a forma do ovo é ovóide ou elíptico, com ou sem opérculo, em algumas espécies, o embrião é guarnecido por um embrióforo ciliado e é conhecido como “coracídio”, que quando liberado, nada na água sendo ingerido pelo hospedeiro intermediário, um crustáceo copépode, no interior do qual a larva se liberta do embrióforo, migrando para a cavidade geral do crustáceo, onde se desenvolve, tornando-se a larva “procercóide”. O segundo hospedeiro intermediário (peixe), ingere o crustáceo; a larva “procercóide” é liberada no intestino do peixe e migra para os músculos, onde se desenvolve para larva “plerocercóide”. O hospedeiro definitivo infecta-se pela ingestão de formas infectantes contidas em tecidos musculares do peixe, crus, mal cozidos ou mal passados (ANDRADE, 2010).
Já nos Cyclophyllidea (espécies mais importantes da parasitologia humana), o ovo contém uma oncosfera armada com três pares de gancho e o ciclo só tem continuidade quando o ovo é ingerido pelo hospedeiro intermediário, que pode ser um invertebrado ou vertebrado. Nas espécies que têm como hospedeiro intermediário um invertebrado, a oncosfera, após se libertar do ovo, atravessa a parede intestinal caindo na cavidade geral, onde se desenvolve para “Cisticercóide”. Excepcionalmente, em Hymenolepis nana pode ocorrer a formação de larvas Cisticercóides nas vilosidades da parede intestinal do homem, já parasitado por formas adultas, registrando-se auto-infecção (REY, 2011).
Filo Aschelminthes
Simetria bilateral, não segmentado com tubo digestivo completo. Corpo cilíndrico e pequeno. Tem forma de vida aquática, livre e parasita. Inclui várias classes: Rotifera, Gordiacea, Gastrotricha, Kinorhyncha (Echinoderma), Priapulida e Nematoda, sendo a última descrita a seguir (SODEMAN, 2003).
Classe nematoda
São cilindros, alongados, desprovidos de células em flama. A reprodução e o processo de atingir os hospedeiros são diversificados nos nematóides. São de sexos separados, mas existem hermafroditas. O seu desenvolvimento ocorre por dois ciclos: clico direto onde não há necessidade de hospedeiro intermediário e no ciclo indireto onde há necessidade de um hospedeiro intermediário (NEVES, et al; 2011).
Filo Acantocephala
São endoparasitos, pseudocelomados, com simetria bilateral, sem tubo digestivo e apresenta uma probóscida armada de ganchos. Corpo cilíndrico, comprido, tamanho variável. Os ovos eliminados pelo parasito vão para o solo ou água e quando ingeridos pelos hospedeiros intermediários continuam sua função, aonde chegam ao aparelho digestivo liberando as larvas alcanthor, essas se transformam em acanthella e depois cystacanth (forma infectante). A infecção definitiva do hospedeiro ocorre por ingestão do hospedeiro intermediário ou por ingestão de hospedeiros paratênicos. São agrupados em ordens: Archiacanthocephala, Palaeacanthocephala e Eoacanthocephala (NEVES, 2003).
Helmintos intestinais
Platelmintos
Taenia solium e saginata
Figura . Ovo de Taenia sp.
Reino: Animalia
Filo: Platyhelminthes
Classe: Cestoda
Ordem: Cyclophyllidea
Família: Taeniidae
Gênero: Taenia
Características gerais
A Taenia solium e a Taenia saginata, são conhecidas como solitárias, sendo os hospedeiros intermediários o suíno e o bovino respectivamente. Os quadros patológicos se dão pelas larvas (cisticercos, hidátide), já os cestodas humanos causam pouco dano ao hospedeiro (NEVES, et al; 2004).
É importante saber a diferença da Teníase e Cisticercosa, a primeira é uma alteração provocada pela presença da forma adulta da Taenia solium ou da T. saginata no intestino delgado humano; a cisticercose é alteração provocada pela presença da larva nos tecidos de seus hospedeiros intermediários (MALTEZ, 2002).
O verme adulto desenvolve-se a partir de formas císticas, para o estágio metacercóide, que ocorre emvertebrados, invertebrados e seres humanos. Como não há invasão da mucosa, as infecções por vermes adultos são, na maioria das vezes, assintomáticas ou oligossintomáticas. Então o diagnóstico pode ser dado pelo encontro de proglotes nas fezes em indivíduos assintomáticos (ANDRADE, 2010).
Morfologia
São vermes grandes, em forma de fita. A largura do corpo cresce de um extremo ao outro, como um triângulo estreito e muito longo. Tem cor branca, aspecto leitoso, superfície lisa, brilhante, enrugada. Os adultos de ambas as espécies atingem até 10 metros de comprimento e são hermafroditas: cada proglote tem órgãos genitais masculinos e femininos que se abrem para o exterior pelo poro genital. São constituídos de colo ou pescoço e na dua porção distal há um grupo de células que produzem proglotes (anéis). O verme adulto atinge seu maior tamanho cerca de 3 meses após a infecção (ANDRADE, 2010).
Os órgãos masculinos são representados por cerca de 200 a 300 testículos, dos quais saem um canal eferente que continua em canal deferente e vai se abrir junto a vagina no poro genital. Os últimos anéis são aonde estão o útero, aonde emite ramificações laterais e estão os ovos (NEVES, 2003).
Os ovos são indistinguíveis a microscopia comum, e apresentam resistência ao meio externo de até 12 meses em ambiente úmido. O indivíduo infectado elimina 500 mil ovos diariamente (NEVES, et al; 2011).
O 1 salienta mais características morfológicas entre a T. solium e T. saginata.
	Característica
	Taenia solium
	Taenia saginata
	Escólex
	Quatro ventosas e rosto com dupla coroa e ganchos
	Quatro ventosas sem rosto nem coroa de ganchos
	Proglotes grávidas
	Menos de 12 ramificações uterinas em cada lado
	Com mais de 12 ramificações uterina em cada lado
	Tamanho
	Menor, até 5 metros
	Maior, até 10 metros
	Número de proglotes
	Até 1.000
	Até 2 mil
	Desprendimento das proglotes ou apólice
	Eliminados com as fezes, em porções do estróbilo
	Destacam-se um a um, forçam a passagem anal e são expelidos de forma espontânea
	Ovos nas proglotes grávidas
	De 30 a 40 mil
	Até 80 mil
Quadro . Características do parasito Taenia (Adaptado: NETO, 2008)
A T. saginata e a T. solium, são divididas em escólex ou cabeça, colo ou pescoço e estróbilo ou corpo.
O escólex é um órgão adaptado para a fixação do cestoda na mucosa do intestino delgado. Apresenta quatro ventosas formadas por tecido muscular, arredondadas e proeminentes. O colo está situado imediatamente abaixo do escólex, não tem segmentação, mas suas células estão em constante atividade reprodutora, dando origem a proglotes jovens. O estróbilo é o corpo do helminto, formado pela união de proglotes ou proglótides podendo ter de 800 a 1000 aneis e atingir três metros na T. solium ou ter mais de mil aneis e atingir até oito metros na T. saginata (NETO; 2008).
O cisticerco da T. saginata é conhecido como Cysticercus bovis, e o da T. solium por C. cellulosae. Apresentam-se como uma vesícula de tamanho de uma ervilha, cheia de um líquido transparente que protege o escólex, diferenciado desde então entre as duas espécies pela presença da coroa de acúleos no escólex da T. solium, exclusivamente. O tempo decorrente desde a infecção pela ingestão de ovos até a formação de cisticerco corresponde a 10 ou 12 semanas. A longevidade dos cisticercos nos ruminantes pode ultrapassar dois anos. São muito sensíveis a calor acima de 56°C, morrendo rapidamente sob 80°C, à salmoura concentrada, durante no mínimo três semanas, e, ao frio, a -10°C por 10 dias. A ingestão de carnes cruas ou mal cozidas de porco ou de boi contendo cisticercos vivos põe em liberdade os escólex que, sob ação dos sucos digestivos e após desenvaginação, fixam-se à mucosa por meio das ventosas e acúleos, no caso da T. solium, e completam o desenvolvimento no intestino. Após três meses, o homem já poderá expulsar proglotes maduras. O período pré-patente da infestação é de cerca de quatro meses (REY, 2011).
(Parte 1 de 12)
Habitat
A T. solium e a T. saginata na fase adulta ou reprodutiva, vivem no intestino delgado do homem, já o C. cellulosae é encontrado no tecido subcutâneo, muscular, cardíaco, cerebral e no olho de suínos e acidentalmente no homem e cão. O C. bovis é encontrado nos tecidos dos bovinos (ANDRADE, 2010).
O parasito deve estar mergulhado no conteúdo intestinal, onde se desenvolvem os processos digestivos do hospedeiro. A microecologia do habitat é extremamente complexa, variável ao longo do tubo digestivo e dependendo do estado funcional do órgão. Há também a insinuação do escólex entre as vilosidades da mucosa e sua aderência a esta, criando em certos casos uma interface parasito-hospedeiro completamente distinta da que existe na luz intestinal. A adaptação a estas circunstâncias são influenciadas até a seleção dos hospedeiros adequados para cada espécie de cestóide (REY, 2011).
Ciclo biológico
O homem parasitado elimina as proglotes grávidas cheias de ovos para o meio exterior. Em alguns casos, a proglote pode romper dentro do intestino e os ovos serem eliminados nas fezes. Frequentemente a proglote se rompe no meio exterior, liberando os ovos no solo. Um hospedeiro intermediário próprio (suíno: T. solium; bovino: T. saginata) ingere os ovos. No estômago, os embrióforos (cascas de ovos) sofrem a ação da pepsina, que atua sobre a substância cementante dos blocos de quitina. No intestino, as oncosferas sofrem a ação dos sais biliares, que são de grande importância na sua ativação e liberação. Uma vez ativadas, as oncosferas liberam-se do embrióforo e movimentam-se no sentido da vilosidade, onde penetram com auxílio dos acúleos. Permanecem nesse local durante cerca de quatro dias para adaptarem-se às condições fisiológicas do novo hospedeiro. Em seguida, penetram nas vênulas e atingem as veias e linfáticos mesentéricos. Atingem a corrente circulatória, sendo transportadas por via sanguínea a todos os órgãos e tecidos do organismo. As oncosferas desenvolvem-se para cisticercos em qualquer tecido mole, mas preferem os músculos de maior movimentação e oxigenação (língua, coração, cérebro) (NEVES, 2003).
No interior dos tecidos perdem os acúleos e cada oncosfera transforma-se em um pequeno cisticerco delgado e translúcido, que começa a crescer atingindo ao final de quatro ou cinco meses de infecção 12mm de comprimento. Permanecem viáveis nos músculos por alguns meses. A infecção do homem pelos cisticercos se dará pela ingestão de carne crua ou malcozida de porco ou de boi infectado. O cisticerco ingerido sofre ação do suco gástrico, evagina-se e fixa-se, através do escólex, na mucosa do intestino delgado, onde se transforma em uma tênia adulta, que pode atingir até oito metros em alguns meses. Três meses após ingestão da larva, inicia-se a eliminação de proglotes grávidas. A proglote grávida de T. solium tem menor atividade locomotora que a da T. saginata, sendo observada em alguns pacientes a eliminação de proglotes de T. saginata ativamente pelo ânus e raramente pela boca (NEVES, et al; 2011).
O 1 descreve resumidamente o ciclo heteroxênico da Taenia sp.
Fluxograma . Ciclo heteroxênico do helminto Taenia sp
Sinais e sintomas
A Taenia sp causa fenômenos tóxicos alérgicos, através de substâncias excretadas, provoca hemorragia através da fixação da mucosa, destrói o epitélio e produz inflamação com infiltrado celular com hipo ou hipersecreção de muco (CINERMAN; CINERMAN. LEW, 2001).
O acelerado crescimento do parasito requer um considerável suplemento nutricional, que leva a uma competição com o hospedeiro, provocando consequências maléficas para o mesmo. Tonturas, astenia, apetite excessivo, náuseas, vômitos, alargamento do abdômen, dores de vários graus de intensidade em diferentes regiões do abdômen e perda de peso são alguns dos sintomas observados em decorrência da infecção (ANDRADE, 2010).
O grau de alteração da cisticercose ainda não está bem estabelecido. Em geral, os suínos são abatidos precocemente, muitas vezes não se nota alterações, mas em reprodutores maisvelhos, o encontro de cisticercos no coração, músculos mastigadores e respiratórios e cérebro levam a crer que sejam capazes de produzir sintomatologia. As manifestações clínicas causadas pelo C. cellulosae dependem não somente da localização, bem como do número de parasitos e de seu estágio de desenvolvimento e da característica orgânica do paciente. As localizações mais frequentes dos neurocisticercos são: leptomeninge e córtex, no cerebelo e medula espinhal já são mais raros. As manifestações clínicas aparecem alguns meses após a infecção, o cisticerco está maduro aos seis meses, quando então morre, desenvolve um processo inflamatório e calcifica-se. Em todos esses períodos há manifestações clínicas, que são mais intensas durante a inflamação. Esse é característico por infiltrado de grande número de eosinófilos e neutrófilos (REY, 2011).
As lesões presentes nos hemisférios, ventrículos e na base do cérebro podem causar dores de cabeça com vômitos, ataques epileptiformes, desordem mental com formas de delírios, prostração, alucinações, hipertensão intracraniana (mais comum). No caso de localização ectópica, tal como a presença de proglote no apêndice, sempre se produz apendicite. Casos de obstrução intestinal e bronquite rara. Complicações agudas embora raras são mais comuns por T. saginata e consequentes das migrações ectópicas para o apêndice e ductos biliares ou pancreáticos (SODEMAN, 2003).
A teníase por T. solium parece menos evidente talvez porque o verme seja menor e mostra complicações geralmente benignas, embora a gravidade da teníase por esta espécie decorra do fato de que o homem, além de ser o hospedeiro definitivo, pode ser também hospedeiro intermediário, resultando na cisticercose humana (NEVES, 2003).
Diagnóstico
A pesquisa de proglotes nas fezes é realizada pela técnica de tamização. O bolo fecal deve ser lavado em peneira fina, em água corrente. A diferenciação das espécies se faz comprimindo-os entre duas lâminas de microscopia e após serem submersos em ácido acético para clarificação e dissolução das concentrações calcárias, que permitiram a visualização e contagem das ramificações uterinas, de ambos os lados da haste. Quando muito numerosas as dicotômicas, são de T. saginata no caso de pouco numerosas e dendríticas, são de T. solium (NEVES, et al; 2011).
O diagnóstico clínico da cisticercose é praticamente impossível de ser feito em pacientes assintomáticos, enquanto que nos sintomáticos está sempre associado às alterações patológicas causadas pelos cisticercos. O diagnóstico radiológico pode auxiliar o clínico, mas nem sempre são evidenciáveis, havendo necessidade dos cisticercos estarem calcificados para melhor detecção pelos raios X (NETO; 2008).
A pesquisa de ovos pode também ser feita utilizando a técnica anal swab ou método da fita gomada. As contrações da musculatura da proglote durante a expulsão expelem parte do conteúdo uterino, que pode aderir à região perianal. Após aplicação da fita adesiva transparente sobre a pele, ela é colada em lâmina e submetida à microscopia comum, com 90% de eficiência na visualização de ovos e confirmação de teníase (ANDRADE, 2010).
A detecção de antígenos Taenia - específicos nas fezes do hospedeiro pode ser a técnica diagnóstica mais sensível (MALTEZ, 2002).
Os métodos mais usados para se detectar anticorpos anticisticercos no soro, líquido cefalorraquidiano e humor aquoso (olho) são: reação de fixação do complemento (reação de Weimberg). O antígeno mais usado nesta técnica é um extrato metílico solúvel de cisticercose; hematoglutinação indireta, onde o antígeno mais usado é o extrato aquoso solúvel do cisticerco; reação imunoenzimática, empregando o antígeno aquoso de cisticercos, especialmente extraído do escólex e colo. Para imunodiagnóstico seguro e eficaz, deve-se utilizar pelo menos duas dessas técnicas citadas (REY, 2011).
Controle e profilaxia
As ações sanitárias para o controle das teníases baseiam-se em estudos da frequência e distribuição espécie-específica, tanto do parasitismo humano como animal. Os serviços de vigilância não devem restringir-se à fiscalização em área urbana, mas implantar medidas de saneamento e de educação sanitária, principalmente nas fazendas de criação. A inspeção em matadouros e frigoríficos é a principal medida sanitária e profilática. O salgamento e o congelamento com aproveitamento condicional de carnes se dão quando do encontro de até cinco cisticercos vivos acima deste valor, com até 20 parasitos a carne é útil apenas às conservas e totalmente condenada com mais de 70 (ANDRADE, 2010).
A proteção individual e mais recomendada é o total cozimento das carnes previamente à ingestão. A presença de saneamento básico em geral evita-se o uso inadequado de resíduos fecais na fertilização de pastagens e plantações, a modernização do manejo na criação dos animais, de forma confinada e higiênica, principalmente para suínos, e a educação sanitária com esclarecimento da população sobre os hábitos de consumo e de defecação somam o único conjunto de efeitos preventivo e profilático à instalação ou expansão de teníases (MALTEZ, 2002).
Hymenolepis diminuta
Figura . Hymenolepis diminuta
Reino: Animalia
Filo: Platythelminthes
Classe: Cestoda
Ordem: Cyclophyllidea
Família: Hymenolepididae
Gênero: Hymenolepis
Espécie: H. diminuta
Características gerais
H. diminuta é um parasito de ratos e camundongos domésticos, podendo infestar humanos. As infestações são comuns em comunidades pobres ou isoladas, populações de aldeias indígenas, deficientes de saneamento (NEVES, et al; 2011).
É um cestóide obrigatoriamente heteroxeno. Humanos são hospedeiros raros e acidentais, que infestam-se pela ingestão exclusiva de insetos parasitados por larvas cisticercóides (NEVES, et al; 2004).
Morfologia
Mede cerca de 30 cm, possui escólex com quatro ventosas, sem rostro. É maior que a H. nana, as quatro ventosas presentes são profusas e apicais, mais próximas a extremidade. Colo curto e um longo estróbilo com numerosos anéis, mais largos do que longos. Nos maduros, observa-se poro genital unilateral e três testículos ovóides por proglotes. Os anéis grávidos se destacam do estróbilo, rompendo-se e ponto em liberdade os ovos que são expulsos com as fezes. São bastante resistentes à dissecação e putrefação de seus substratos biológicos (NETO; 2008).
Habitat
Intestino delgado, principalmente íleo e jejuno. Os ovos saem nas fezes e a larva cisticercóide pode ser encontrada nas vilosidades intestinais do homem ou na cavidade geral do inseto
Ciclo biológico
Há dois ciclos: monoxênico e heteroxênico.
O ciclo monoxênico ocorre após ingestão pelo homem dos ovos contidos nas fezes, há semidigestão dos embrióforos. O embrião hexacanto (oncosfera) é liberado no intestino, penetra nas vilosidades intestinais e forma a larva cisticercóide. Essa larva se fixa na mucosa intestinal pelo escólex. Isso pode estimular o sistema imune e ocorrer imunidade ativa específica. Já o ciclo heteroxênico, os ovos das fezes são ingeridos pelas larvas de insetos. No intestino do inseto, o embrião hexacanto é liberado e se transforma em larvas cisticercóides. O homem ingere acidentalmente um coleóptero contendo larvas cisticercóides, podendo causar hiperinfecção, pois não forma imunidade e milhares de ovos podem ser liberados no intestino. As larvas então desenvaginam-se no intestino, se fixando à mucosa e transformando-se em vermes adultos (CINERMAN; CINERMAN. LEW, 2001).
Os pequenos besouros de grama (Trilobium) são provavelmente os vetores mecânicos mais comumente envolvidos em ciclos sinantrópicos. A infestação humana ocorre por ingestão do “bicho da farinha”, que pode estar presente em outros alimentos, como cereais e frutas secas (NEVES, 2003).
Fluxograma . Ciclo do helminto Hymenolepis diminuta
Sinais e sintomas
As manifestações são assintomáticas, embora as manifestações gastrintestinais, como anorexia, náusea, cólicas abdominais, diarreia e cefaleia sejam consideradas (ANDRADE, 2010).
Diagnóstico
O diagnóstico é feito peloencontro de ovos característicos nas fezes, diferenciáveis dos de H. nana pela ausência de filamentos polares (SODEMAN, 2003).
Controle e profilaxia
O controle requer medidas sanitárias coletivas, domiciliares e individuais. Tem importância epidemiológica relevante. Deve cuidar da contaminação em alimentos por fezes de roedores domiciliados e a presença de artrópodes coprófagos, principalmente em depósito de cereais (ANDRADE, 2010).
Hymenolepis nana; 
Figura . Ovo de Hymenolepis nana
Reino: Animalia
Filo: Platythelminthes
Classe: Cestoda
Ordem: Cyclophyllidea
Família: Hymenolepididae
Gênero: Hymenolepis
Espécie: H. nana
Características gerais
Também conhecido como “tênia anã”, por suas reduzidas dimensões, compreende à família de vermes de tamanho pequeno ou médio, tendo o escólex um rostro ou prolongamento retrátil provido geralmente de uma fileira de acúleos. Os membros dessa família caracterizam-se, ainda, por terem pequeno número de testículos em cada proglote, e as aberturas genitais situadas todas de um mesmo lado do estróbilo. Uma espécie morfologicamente idêntica à Hymenolepos nana do homem é encontrada no rato e no camundongo: H. fraterna, pouco infectante para o homem. Porém essa denominação não é aceita pela maioria dos autores, sendo apenas sinomínia. O consenso e as observações feitas sugerem que o homem e aqueles roedores sejam parasitados por uma única espécie – H. nana - , com raças adaptadas biologicamente ao homem, ao rato e aos camundongos, apesar de morfologicamente idênticas (MALTEZ, 2002).
Quanto ao nome dessa espécie, também há certa controvérsia. Alguns autores colocam outro gênero: Vampirolepis. Assim o fazem na tentativa de diferenciá-lo do Hymenolepis diminuta, que é um cestódeo encontrado em íleo de raros, mas que não possui rostro no escólex; como o parasito humano apresenta tal rostro armado de acúleos, acharam por bem criar novo gênero, continuando a espécie a ser denominada H. nana (ANDRADE, 2010).
Morfologia
Mede cerca de 3 a 5cm, com 100 a 200 proglotes bastante estreitas. Cada um destes possui genitália masculina e feminina. O escólex apresenta quatro ventosas e um rostro retrátil armado de ganchos (NEVES, et al; 2011).
O crescimento e a produção de proglotes são influenciados pela dieta do hospedeiro, principalmente pela disponibilidade de hidratos de carbono na luz intestinal. A redução do tamanho dos helmintos, em casos de superlotação de parasitos, parece diretamente relacionada à competição por carboidratos. O escólex é dotado de acúleos, dispostos em um círculo único, em torno do rostro, que lembram os de T. solium, mas com dimensão bem menores. A presença de acúleos permite distinguir facilmente H.nana de H. diminuta, outro parasito do rato que é desprovido deles. A região do colo é relativamente comprida e chega a formar 200 proglotes, sempre muito largas que longas (NEVES, et al; 2004).
Nos anéis maduros, os três testículos dispõem-se transversalmente, em linha, vendo-se entre eles o ovário e a glândula vitelina. Nos anéis grávidos, o útero de fprma sacular encontra-se abarrotado de ovos. Ao desprenderem-se do estróbilo, por apólise, esses proglotes rompem-se e se desintegram, ainda no intestino, libertando os ovos que saem para o exterior e mistura com as fezes do paciente (NEVES, 2003).
(Parte 2 de 12)
Habitat
O verme adulto é encontrado no intestino delgado, principalmente no íleo e jejuno do homem, os ovos são encontrados nas fezes e a larva cisticercóide pode ser encontrada nas vilosidades intestinais do próprio homem ou na cavidade geral do inseto hospedeiro intermediário (pulgas e carunchos de cereais) (REY, 2011).
Ciclo biológico
Pode apresentar dois tipos de ciclo: monoxênico e heteroxênico, em que usa hospedeiros intermediários, representados por insetos (pulgas e coleópteros). Normalmente o ciclo é monoxênico (ANDRADE, 2010).
Nas fezes das pessoas parasitadas, os ovos são abundantes. Tem forma oval ou arredondada e medem 40 a 50 um de diâmetro. Quando expulsos, eles contêm um embrião completamente formado, que é uma oncosfera típica, com seus três pares de acúleos, estando envolvida por duas cascas refringentes. Entre as cascas há um espaço amplo, ocupado parcialmente por material granuloso, em geral aderido à superfície interna do envoltório externo. A casca interna forma duas saliências mamelonares, em pólos opostos, de cada uma das quais sai um tufo de filamentos sinuosos (MALTEZ, 2002).
No ciclo monoxênico, os ovos são ingeridos por um novo hospedeiro, dá-se a eclosão e libertação da larva que, utilizando os movimentos dos acúleos e a ação lítica das glândulas de penetração, invade a mucosa intestinal e localiza-se na espessura das vilosidades do jejuno. Aí transformando-se ao fim de quatro dias em cisticercóide. Dez a doze dias depois, o cisticercóide abandona os tecidos da mucosa e migra para o íleo, onde o escólex, agora envaginado, fixa-se à parede intestinal. Em seu habitat definitivo, cresce, começa a produzir proglotes e atinge a maturidade sexual. O ciclo de ovo a ovo completa-se em um mês. Mas a vida média dos vermes adultos dura poucos meses (REY, 2011).
No ciclo heteroxênico os ovos presentes no meio externo são ingeridos pelas larvas de algum dos insetos já citados. Ao chegarem ao intestino desses hospedeiros intermediários, liberam a oncosfera, que se transforma em larva cisticercóide. Humanos podem acidentalmente ingerir um inseto contendo larvar cisticercóides que, ao chegarem ao intestino delgado desenvaginam-se, fixam-se a mucosa e 20 dias depois já são vermes adultos (NETO; 2008).
O 43 e 4 explicam os ciclos do parasito.
Fluxograma . Ciclo monoxênico do helminto Hymenolepis nana
Fluxograma . Ciclo heteroxênico do helminto Hymenolepis nana
Sinais e sintomas
A incidência de H. nana é muito maior nas crianças que nos adultos, sugerindo que, a partir da puberdade aumente a resistência à infecção. Por outro lado, a presença dos helmintos acompanha-se do aparecimento de anticorpos no soro. A imunidade resulta da invasão da mucosa intestinal pelas oncosferas e do desenvolvimento aí dos cisticercóides e dura até 4 ou 5 meses depois de eliminados os vermes (CINERMAN; CINERMAN. LEW, 2001).
A extensão as manifestações clínicas depende do número de parasitas presentes nas infestações. Quando a densidade de vermes é baixa, não se observa qualquer sintomatologia sugestiva do parasitismo por H. nana. Mas, quando o número de ovos nas fezes é maior que 1500 por grama, invariavelmente os pacientes apresentam cólicas abdominais, diarréia e irritabilidade. Podem surgir alterações locais da mucosa, com infiltração linfocitária e, mais raramente, ulcerações, formas clínicas mais graves, quando ocorrem, podem produzir estados toxêmicos, com vômitos, cefaléia, tonturas e convulsões (ANDRADE, 2010).
Os fatores que regulam a densidade do parasitismo estão relacionados a nutrição e imunidade do hospedeiro. Esta última decorre da invasão da mucosa intestinal pelas oncosferas e desenvolvimento das cisticercóides, em geral persistindo por alguns meses após e eliminação dos vermes adultos. Se a infecção inicial ocorrer com cisticercóides, através de hospedeiros intermediários, o paciente não produzirá anticorpos, confirmando que para a sensibilização do hospedeiro definitivo é necessário o parasitismo tecidual a partir da ingestão do embrião hexacanto. Desta forma, na ausência de imunidade, os ovos dos vermes adultos adquiridos a partir da larva cisticercóide têm a eclosão ainda no intestino, produzindo hiperinfestações, com grande número de cestóides (NEVES, 2003).
Diagnóstico
O diagnóstico é feito pela identificação morfologia dos ovos, já que os anéis, quando raramente é vistos das fezes e já estão desintegrados. Pela irregularidade e pequeno número de ovos eliminados, o exame das fezes, se negativo, deve ser repetido em dias alternados, e de preferência utilizando métodos para concentração dos ovos. O diagnóstico diferencial entre as espécies H. nana e H. diminuta é sempre recomendado como indicativo parao procedimento quimioterapêutico e orientação sanitária, tanto de ordem epidemiológica como de asseio pessoal (NEVES, et al; 2004).
Controle e profilaxia
As medidas preventivas que devem ser postas em prática, especialmente quando há grande concentração de crianças, visam assegurar o mais alto nível de asseio do domicílio e de higiene individual. A destacar aquelas que impeçam a contaminação fecal das mãos, alimentos e água. O tratamento coletivo deve ser instituído e repetido cada duas semanas, para reduzir drasticamente as fontes de infecção. Outras medidas úteis são o combate aos roedores e a proteção dos alimentos que, por outro lado, devem ser de boa qualidade para não correrem o risco de estar bichados. O bom estado nutricional das crianças é importante para aumentar sua resistência imunológica (NETO; 2008).
Outro autor sugere higiene individual, uso de privadas ou fossas, uso de aspirador de pó e tratamento precoce dos doentes. O combate aos insetos de cereais e pulgas existentes em ambiente doméstico é medida muito útil. Fazer exame de fezes nos demais membros da família (REY, 2011).
Nematelmintos 
Ascaris lumbricóides
Figura . Ovo de A. lumbricóides fértil e infértil respectivamente.
Filo: Nematoda
Classe: Nematoda
Ordem: Ascaridida
Superfamília: Ascaridoidea
Família: Ascarididae
Subfamília: Ascaridinae
Gênero: Ascaris
Espécie: A. lumbricoides
Características gerais
São citados com frequência, pela ampla distribuição geográfica e pelos danos causados aos hospedeiros. São popularmente conhecidos por lombriga ou bicha e causam doença denominada ascaridíase ou ascariose. É encontrado em quase todos os países do mundo e ocorre com frequência variada em virtude das condições climáticas, ambientais e, principalmente, do grau de desenvolvimento da população. Dados recentes mostram que a prevalência mundial, um bilhão de pessoas se apresentam infectadas por esta espécie. Atualmente, sabe-se que os níveis de parasitismo continuam ainda bastante elevados, especialmente em crianças em idade inferior a 12 anos, em várias regiões brasileiras, quer seja nas cidades ou zonas rurais (ANDRADE, 2010).
Morfologia
Os áscaris são vermes longos, cilíndricos e com extremidades afiladas, sobretudo na região anterior. As fêmeas são maiores e mais grossas que os machos, tendo a parte posterior retilínea ou ligeiramente encurvada. Os machos são facilmente reconhecíveis pelo enrolamento ventral, espiralado, de sua extremidade caudal (REY, 2011).
Quando o número de parasitos por hospedeiro é pequeno, o desenvolvimento torna-se maior, chegando as fêmeas a 30 ou 40 cm de comprimento e os machos 15 a 30cm. Porém, quando muitas dezenas ou centenas de vermes ocupam o mesmo habitat, as dimensões dos machos e das fêmeas reduzem-se, ficando estas últimas com 10 a 15 cm apenas (NEVES, et al; 2011).
As fêmeas eliminam grande quantidade de ovos por dia, cerca de 200 mil e o seu útero grávido pode conter um total de 27 milhões de ovos (NEVES, 2003).
Os ovos expulsos com as fezes não são infectantes para o homem, pois mesmo eliminados fecundados não são embrionados. Tem forma arredondada ou ovalada, são amarelo-pardacentos e medem cerca de 60u de comprimento por 45u de largura; são envolvidos por uma membrana de duplo contorno, rodeada por uma camada albuminosa rugosa ou mamilonada, que se apresenta de coloração marrom por absorver pigmentos biliares de fezes. Os ovos viáveis (férteis) contêm uma célula (ovo) grande, fertilizada e não-segmentada, retida por membrana vitelina muito resistente, o que pode permitir sua viabilidade por meses até anos. Os ovos infecundos são comumente provenientes da infecção humana exclusiva por fêmeas de Ascaris lumbricóides ou da infecção pela qual sofreram ação medicamentosa ou em senectude; são geralmente mais alongados, rodeados por uma membrana albuminosa mais delgada (às vezes ausente); contem células atrofiada com uma quantidade de grânulos refrateis (ANDRADE, 2010).
Habitat
No intestino dos pacientes, cerca de 90% dos áscaris localizam-se ao longo das alças jejunais, encontrando-se os restantes no íleo. Poucos são vistos no duodeno ou no estômago. Mas, nas infecções intensar, todo o intestino delgado encontra-se povoado. Os áscaris mantêm-se em atividade contínua, movendo-se contra a corrente peristáltica. Migrações mais extensas dos vermes jovens ou adultos podem ocorrer, de preferência nas crianças fortemente parasitadas, não sendo rara a eliminação de vermes pela boca ou pelas narinas (REY, 2011).
Os vermes adultos ultilizam os materiais semidigeridos e outros, contidos geralmente em abundância na luz intestinal, e dispõem enzimas necessárias para a digestão de proteínas, de carboidratos e lipídios (ANDRADE, 2010).
Ciclo biológico
É do tipo monoxênico. Cada fêmea fecundada é capaz de ovipor 200 mil ovos a cada dia. Os ovos férteis, em presença de temperatura adequada (25°C a 30°C) torna-se embrionada em 15 dias. A larva de primeiro estágio L1 é rabditóide e se forma dentro do ovo. Cerca de uma semana depois, essa larva sofre mudança, transformando em L2 e após L3 infectante, com esôfago tipicamente filarióide (dentro do ovo). Até há pouco tempo considerava-se como forma infectante o ovo contendo a L2 no seu interior. A L3 permanece no solo por vários meses até ser ingerido pelo hospedeiro. Após a ingestão, os ovos contendo L3 atravessam todo o trato digestivo e as larvas eclodem no intestino delgado. A eclosão ocorre graças a fatores ou estímulos fornecidos pelo próprio hospedeiro, como presença de agente redutores, o pH, a temperatura, sais e a concentração de CO2 cuja ausência inviabiliza a eclosão. As larvas liberadas atravessam a parede intestinal na altura do ceco, caem nos vasos linfáticos e veias e invadem o fígado 18-24 horas após infecção. Dois a três dias depois, chegam ao coração através da veia cava inferior ou superior e em quatro a cinco dias depois são encontradas no pulmão. Cerca de oito dias após a infecção, as larvas sofrem nova mudança para L4, rompem os capilares e caem nos alvéolos, onde sofrem mudança para L5. Sobem pela árvore brônquica e traquéia, chegando até a faringe. Daí podem ser expelidas com a expectoração ou ser deglutidas, atravessando incólumes o estomago e fixando no intestino delgado, transformando-se em adultos jovens 20 a 30 dias após a infecção. Em 60 dias alcançam a maturidade sexual e são encontrados ovos nas fezes do hospedeiro. O verme adulto tem uma longevidade de um a dois anos. No clico do Ascaris é obsercada uma típica fase pulmonar, denominada “Ciclo de Looss”, em homenagem ao seu descobridor (NEVES, et al; 2011).
O 5 descreve resumidamente o ciclo biológico do A. lumbricóides
Fluxograma . Ciclo monoxênico do helminto Ascaris lumbricoides
Sinais e sintomas
Apenas um a cada seis infectados apresentam manifestações clínicas, devido ao número de vermes albergados ser pequeno. A ação patogênica desenvolve-se em duas etapas: durante a migração das larvas e quando os vermes adultos já se encontram em seu habitat definido. As migrações e localizações anômalas dos vermes adultos constituem uma terceira categoria de manifestações patológicas. As alterações produzidas podem ser de natureza mecânica, tóxica ou alérgica (NEVES, 2003).
Fase de invasão larvária:
Quando as larvas forem pouco numerosas e o paciente não apresentar hipersenbilidade aos produtos parasitários, as alterações hepáticas serão insignificantes, e a reação pulmonar, discreta. Mas, se ocorrer uma infecção maciça, as lesões traumáticas, produzidas pela migração larvária através do parênquima hepático, irão causar pequenos focos hemorrágicos e de necrose, bem como reação inflamatória, mais acentuada em torno das larvas que aí ficam retidas e são destruídas. Em alguns casos pode haver hepatomegalia (NEVES, et al; 2004).
Nos pulmões, onde o parasito deve operar duas mudas e onde se encontram os estádios larvários com maior poder antigênico as reações são geralmente mais pronunciadas. Nas crianças, ocorre, muitas vezes, febre, tosse e eosinofilia sanguíneaelevada, que persiste por muitos dias; o exame radiológico mostra os campos pulmonares semeados de pequenas manchas isoladas ou confluentes, que desaparecem espontaneamente dentro de poucos dias, sem deixar traços. Clinicamente há sinas discretos de bronquite, com estertores disseminados, à escuta dos campos pulmonares (NEVES, et al; 2011).
Infecção intestinal:
As manifestações mais frequentes são: desconforte abdominal, cólicas intermitentes, dor epigástrica e má digestão, náusea, perda de apetite e emagrecimento, sensação de coceira no nariz, irritabilidade, sono intranquilo e ranger os dentes a noite. Podem ocorrer manifestações alérgicas como urticária, edemas ou crises de asma brônquica. As vezes pode ocorrer produção de espasmos e obstrução intestinal, peritonite com ou sem perfuração do intestino, volvo ou intussuscepção com desenvolvimento de quadros dramáticos e extremamente graves, capazes de provocar a morte do paciente. Em crianças fortemente parasitadas, uma obstrução na válvula íleo-cecal pode ocorrer (NETO; 2008).
Localizações ectópicas:
A capacidade de migração do verme adulto e sua tendência a explorar o interior de cavidades levam-no eventualmente a penetrar no apêndice cecal, onde sua ação obstrutiva e irritante determina um quadro de apendicite aguda. O mesmo pode suceder no divertículo de Meckel ou outros, quando existentes. Ao penetrar no canal pancreático, o Ascaris pode determinar pancreatite aguda, sempre fatal, em conseqüência de obstrução das vias excretoras do órgão (NEVES, 2003).
Diagnóstico
O diagnóstico pode ser realizado por exame de fezes, encontrando ovos nas evacuações do paciente. O exame é direto da matéria fecal, diluída e colocada entre lamina e lamínula. Com a técnica de sedimentação espontânea os resultados são positivos em quase 100% dos casos (REY, 2011).
Os métodos imunológicos em geral não são satisfatórios e não podem dispensar a coproscopia. Eles encontram indicações nas fases de migração larvária, nas infecções só por machos, ou quando, por outras razões, o exame de fezes não der informações (SODEMAN, 2003).
Controle e profilaxia
As medidas de controle contra a ascaridíase visam reduzir a prevalência e a gravidade da infecção, e não propriamente erradicá-la, empregando-se o saneamento básico, a desinfecção e o tratamento como principais meios profiláticos, juntamente com a educação para a saúde (NEVES, et al; 2011).
A desinfecção do solo pode ser tentada com o emprego de desinfetantes químicos, especialmente em galinheiros e fazendas. O problema que apresenta sérias dificuldades é o emprego de fezes humanas como fertilizante, prática de certo modo difícil de solucionar, dadas as condições econômicas e os hábitos da população: pode-se tentar uma desinfecção das fezes por meio de processos de estocagem, embora tais métodos só devam ser utilizados quando bem supervisionados. Frutas, alguns legumes e vegetais são de preferência consumidos crus; os métodos mais antigos de desinfecção de alimentos, como os que utilizam o calor são precários, o permanganato de potássio não afeta os ovos de helmintos, o vinagre, agindo contra cistos de ameba e larvas de ancilostomídeos, é ineficaz para os ovos de Ascaris. A solução aquosa de iodo é o único desinfetante químico que destrói ovos e larvas de Ascaris e outros nematelmintos (SODEMAN, 2003).
Enterobius vermicularis
Figura . Larva e ovo de Enterobius vermicularis, respectivamente
Família: Oxyuridae
Superfamília: Oxyuroidae
Classe: Nematoda
Gênero: Enterobius
(Parte 3 de 12)
Espécie: E. vermicularis
Características gerais
É popularmente conhecido como “oxiúros”, o gênero Enterobius apresenta 17 espécies que são parasitos de vários macacos em diferentes regiões (Ásia, África, América), mas que não atingem o homem. Tem maior incidência em regiões de clima temperado. É muito comum em nosso meio, atingindo principalmente a faixa etária de cinco a 15 anos, apesar de ser encontrado em adultos também (NEVES, 2003).
A enterobíase, enterobiose ou oxiurose, é a verminose intestinal devido ao E. vermicularis, pequeno nematóide da ordem Oxyuroidea, mais conhecida popularmente como oxiúro. A infecção costuma ser benigna, mas incômoda, pelo intenso prurido anal que produz e por suas complicações, sobretudo em crianças (NEVES, et al; 2004).
Morfologia
Apresenta nítido dimorfismo sexual, entretanto, alguns caracteres são comuns aos dois sexos: cor branca, filiformes. Na extremidade anterior, lateralmente à boca, notam-se expansões vesiculosas muito típicas, chamadas “asas cefálicas”. A boca é pequena, seguida de um esôfago também típico: é claviforme, terminando em um bulbo cardíaco (NEVES, et al; 2011).
Fêmea:
Mede cerca de 1cm de comprimento por 0,4mm de diâmetro. Cauda pontiaguda e longa. A vulva abre-se na porção média anterior, a qual é seguida por uma curta vagina que se comunica com dois úteros; cada ramo uterino se continua com o oviduto e ovário (NEVES, 2003).
Macho:
Mede cerca de 5mm de comprimento, por 0,2mm de diâmetro. Cauda fortemente recurvada em sentido ventral, com um espículo presente. Apresenta um único testículo (NEVES, et al; 2004).
Ovo:
Mede cerca de 50 micrômetros de comprimento por 20 de largura. Apresenta o aspecto grosseiro de um D, pois um dos lados é sensivelmente achatado e o outro é convexo. Possui membrana dupla, lisa e transparente. No momento em que sai da fêmea, já apresenta no seu interior uma larva (NEVES, 2003).
Habitat
Machos e fêmeas vivem no ceco e apêndice. As fêmeas, repleta de ovos (cinco a 16 mil), são encontradas na região perianal. Em mulheres, as vezes pode-se encontrar esse parasito na vagina, útero e bexiga (NETO; 2008).
Ciclo biológico
Após a cópula os machos são eliminados junto com as fezes e morrem. As fêmeas, repletas de ovos, se desprendem do ceco e dirigem-se para o ânus (principalmente à noite). Alguns autores suspeitam que elas realizam oviposição na região perianal, mas a maioria afirma que a fêmea não é capaz de fazer postura dos ovos; os mesmos seriam eliminados por rompimento da fêmea, devido a algum traumatismo ou dessecamento. Como ela se assemelha a um “saco de ovos”, com a cutícula extremamente distendida, parece que o rompimento da mesma se torna fácil (REY, 2011).
Os ovos eliminados, já embrionados, se tornam infectantes em poucas horas e são ingeridos pelo hospedeiro. No intestino delgado, as larvas rabditóides eclodem e sofrem duas mudas no trajeto intestinal até o ceco. Aí chegando, transformam-se em vermes adultos. Um a dois meses depois as fêmeas são encontradas na região perianal. Não havendo reinfecção, o parasitismo extingue-se (CINERMAN; CINERMAN. LEW, 2001).
Fluxograma . Ciclo monoxênico do Enterobius vermiculares
Sinais e sintomas
A alteração mais intensa e mais frequente é o prurido anal. A mucosa local mostra-se congesta, recoberta de muco contendo ovo, e às vezes, fêmeas inteiras. O ato de coçar a região anal pode lesar ainda mais o local, possibilitando infecção bacteriana secundária. O prurido ainda provoca perda de sono, nervosismo, e devido à proximidade dos órgãos genitais, pode levar à masturbação e erotismo, principalmente em meninas (NEVES, 2003).
Na maioria dos casos, o parasitismo passa despercebido pelo paciente. Este só nota que alberga o verme quando sente ligeiro prurido anal (à noite), ou quando vê o verme. As infecções maiores pode provocar enterite catarral por ação mecânica e irritativa (ANDRADE, 2010).
A presença de vermes nos órgãos genitais femininos pode levar a vaginite, metrite, salpingite e ovarite (CINERMAN; CINERMAN. LEW, 2001).
Diagnóstico
O diagnóstico é feito pelo método da fita adesiva ou método de Graham: coloca-se um pedaço de 8 a 10cm de fita adesiva transparente com a parte adesiva para fora sobre um tubo de ensaio ou dedo indicador, opõe-se várias vezes a fita na região perianal, coloca-se a fita sobre uma lâmina e leva-se ao microscópio para análise (REY, 2011).
Essa técnica deve ser feito ao amanhecer, antes de a pessoa banhar-se, sendo repetida em dias consecutivos,caso dê negativo (NEVES, et al; 2011).
Controle e profilaxia
A desparasitação deve ser repetida a intervalos curtos (20 dias), inferiores à duração do ciclo parasitário. E o tratamento deve acompanhar-se e seguir medida higiênicas pessoais e gerais: banhos matinais diários (de chuveiro); lavagem cuidados das mãos, após defecação, antes de comer e antes de preparar alimentos; manter as unhas curtas ou usar escova para sua limpeza; combater a onicofagia e evitar a coçagem direta da região perianal; mudar frequentemente as roupas de baixo, roupas de dormir, lençóis, toalhas, para destruição dos ovos água quente a 55°C; evitar a superlotação dos quartos, alojamentos, devendo ser arejados durante o dia (NEVES, 2003).
Outras medidas mais úteis: dispor de instalações sanitárias adequadas e assegurar estrita limpeza do ambiente; remover o pó por meio de aspiradores e usar desinfetantes; a educação sanitária deve ser promovida nas escolas, nas instituições que abrigam crianças, nos clubes e nos domicílios (NEVES, et al; 2011).
Trichuris trichiura; 
Figura . Ovo de Trichuris trichiura
Reino: Animalia
Filo: Nematoda
Classe: Adenophorea
Ordem: Trichurida
Família: Trichuridae
Gênero: Trichuris
Espécie: T. trichiura
Características gerais
É caracterizado por não apresentar órgãos sensoriais denominados fasmídes e não serem encontrados os canais laterais do sistema excretor. Na superfície ventral da região esofagiana pode-se observar uma série de glândulas unicelulares com pequenos poros, que provavelmente estão relacionadas à regulação osmótica de vermes. A abertura bucal, localizada na extremidade anterior do parasito é desprovida de lábios e seguida pelo esôfago. O esôfago constitui um tubo delgado, com musculatura pouco desenvolvida, e na porção posterior é marginado por típica coluna de células glandulares denominadas esticócitos (NEVES, et al; 2011).
Tem distribuição cosmopolita e alta prevalência na população humana, apresentando uma forma típica semelhante a um chicote. Esta aparência é consequência do afilamento da região esofagiana, que compreende cerca de 2/3 do comprimento total do corpo, e do alargamento posterior, na região do intestino e órgãos genitais (NEVES, 2003).
Esse helminto também é conhecido como tricocéfalo. A doença é dita tricuríase, tricurose ou tricocefalose (ANDRADE, 2010).
Morfologia
Vermes adultos: medem cerca de 3 a 5cm de comprimento, sendo os machos pouco menores que a fêmea, a parte delgada anterior é mais longa que a posterior, fazendo com que se pareçam a pequenos chichotes. Na extremidade anterior do segmento delgado está a boca, provida de um estilete; e, ao longo de toda a extensão desse segmento, o espaço encontra-se ocupado pelo esôfago que continua depois com o intestino. A parte posterior, mais volumosa, contem o intestino, o resto e os órgãos reprodutores. Os órgãos sexuais femininos são singelos, pois há um só ovário seguido de um oviduto, útero e vagina. Nos machos também há um só testículo, canal deferente e canal ejaculador. O espículo é único, longo e cercado por uma bainha que o envolve à maneira de um prepúcio. A superfície externa dessa bainha é totalmente revestida de minúsculos espinhos. A extremidade posterior do macho é enrolada ventralmente em espiral (SODEMAN, 2003).
Ovos: medem cerca de 50um de comprimento por 22um de largura, apresentam um formato elíptico, característico, com poros salientes e transparentes em ambas as extremidades, preenchidos por material lipídico. A casca do ovo é formada por uma camada vitelínica externa, uma camada quitinosa intermediária e uma camada lipídica interna (REY, 2011).
Habitat
Os adultos são parasitos do intestino grosso do homem, e em infecções moderadas estão localizados principalmente no ceco e cólon ascendente. Nas infecções intensas ocupam também cólon distal, reto e porção distal do íleo. T. trichiura é considerado por muitos autores um parasito tissular, pois toda a região esofagiana do parasito penetra na camada epitelial da mucosa intestinal do hospedeiro, onde se alimenta principalmente de restos de enterócitos lisados pela ação de enzimas proteolíticas secretadas pelas glândulas esofagianas do parasito (NEVES, 2003). Admite-se que este parasito tenha uma longevidade de 6 a 8 anos, no entendo o verme é eliminado antes dos 3 anos (NEVES, et al; 2011).
Ciclo biológico
É do tipo monoxênico, fêmea e macho que habitam o intestino grosso se reproduzem sexuadamente e os ovos são eliminados para o meio externo juntamente com as fezes. A fêmea fecundada elimina 3000 a 20000 ovos por dia, sugerindo uma reposição diária de 5% a 30% dos cerca de 60000 ovos encontrados no útero. O embrião contido no ovo recém-eliminado se desenvolve no ambiente para se tornar infectante (SODEMAN, 2003).
O período de desenvolvimento do ovo depende das condições ambientais; à temperatura de 25°C a embriogenese ocorre em 28 dias e em 34°C ocorre em 13 dias. Temperaturas acima de 40°C não desenvolve este parasito. Os ovos infectantes podem contaminar alimentos sólidos e líquidos, e assim ser ingeridos pelo homem. Após cerca de uma hora da ingestão dos ovos, a larva eclode através de um dos poros presentes nas extremidades do ovo (NETO; 2008).
Apenas uma pequena parte (5% a 22%) dos ovos infectados ingeridos completa o desenvolvimento até verme adulto. Estima-se que o período pré-patente de tricuríase no homem, tempo entre a infecção até a eliminação dos ovos pelas fezes do hospedeiros é de aproximadamente 60 a 90 dias (NEVES, 2003).
O 7 resumo o ciclo biológico do T. trichiura
Fluxograma . Ciclo do helminto Trichuris trichiura
Sinais e sintomas
A maioria dos indivíduos parasitados é de portadores assintomáticos, não se tendo informações sobre o número de vermes necessários para que surjam efeitos patológicos. Evidentemente, as condições em que se encontra o paciente constituem uma variável importante para o aparecimento e a gravidade do quadro clínico (CINERMAN; CINERMAN. LEW, 2001).
As lesões traumáticas que os parasitos causam à mucosa são mínimas, e mesmo nas infecções pesadas, não se observam fenômenos inflamatórios importantes. Pensa-se em mecanismos irritativos sobre as terminações nervosas da parede intestinal, produzindo reflexos que alterem a motilidade e as funções do intestino grosso; ou em hipersensibilidade aos produtos metabólicos do helminto. O quadro clínico pode ser discreto e indefinido, com nervosismo, insônia, perda de apetite e eosinofila sanguínea, dor abdominal, flatulência, constipação intestinal, febre moderada (NETO; 2008).
Diagnóstico
Pode ser empregado qualquer método de rotina, quando se quer calcular o número de helmintos adultos existentes em um paciente, emprega-se a técnica de contagem de Stoll ou a de Kato-Katz. Recentemente, tem sido relatado a visualização de ovos em exames de colonoscopia (REY, 2011).
Controle e profilaxia
A prevalência é maior em lugares de clima quente e úmido, onde falte saneamento básico. Medidas úteis como instalações sanitárias adequadas e assegurar estrita limpeza do ambiente; remover o pó por meio de aspiradores e usar desinfetantes; a educação sanitária deve ser promovida nas escolas, nas instituições que abrigam crianças, nos clubes e nos domicílios (REY, 2011).
Ancylostoma duodenale e Necator americanus 
Figura . Ovo de Ancylostoma duodenale
Reino: Animalia
Filo: Nematoda
Classe: Secernentea
Ordem: Strongylida
Família: Ancylostomatidae
(Parte 4 de 12)
Gênero: Ancylostoma
Espécie: A. duodenale
Figura . Larva do helminto Necator americanus
Reino: Animalia
Filo: Nematoda
Classe: Secernentea
Ordem: Strongylida
Família: Ancylostomatidae
Gênero: Necator
Espécie: N. americanus
Características gerais
Ancylostoma duodenaleé umaespéciede nematódeo do gêneroAncylostomaque pode causar aancilostomíasee Larva migrans cutânea. O homem constitui a única fonte de infecção para ancilostomíase, pois os demais mamíferos possuem ancilostomídeos de outras espécies que não completam sua evolução no organismo humano (NETO; 2008).
Larvasde ancilostomídeos de animais (cão, gato) e algumas outras larvas de nematóides que, tendo penetrado na pele humana, não conseguem completar suas migrações normais e ficam abrindo túneis entre a epiderme e a derme até morrer produzem uma síndrome conhecida como larva migrans cutânea (NEVES, 2003).
As espécies mais importantes como agentes etiológicos da ancilostomíase humana é o Ancylostoma duodenale e Necator americanus (REY, 2011).
Morfologia
A. duodenale: são vermes com coloração esbranquiçada ou rósea. Os machos tem comprimento variável de 8 a 11mm, com cerca de 400um de largura. O corpo é cilíndrico, a extremidade anterior é afilada e possui uma ampla cápsula bucal, na qual se encontram em sua margem dois pares de dentes triangulares, além de outro par rudimentar, ao fundo. A extremidade posterior apresenta expansão da cutícula que constitui a bolsa copuladora (NETO; 2008).
As fêmeas atingem de 10 a 18mm de comprimento e 600um de largura. A cápsula bucal é semelhante a dos machos e sua extremidade posterior é afilada. A vulva se abre no terço posterior do corpo e os ovos possuem forma elíptica, com 56 a 60um em seu maior eixo (NEVES, 2003).
N. americanus: os adultos têm a extremidade anterior fletida dorsalmente; a cápsula bucal é ampla e está dotada de duas placas ou lâminas cortantes, com forma de meia-lua. O macho mede entre 5 e 9 mm de comprimento e 300um de largura, apresenta bolsa copuladora bem desenvolvida na extremidade caudal. As fêmeas têm 9 a 11 mm de comprimento e 350um de largura. A vulva situa-se no terço anterior do corpo; a extremidade posterior é afilada e o ânus tem situação subterminal. Os ovos, morfologicamente semelhantes aos de A. duodenale medem no maior eixo, 64 a 76um (NEVES, et al; 2004).
Habitat
Ambos tem como habitat a porção alta do intestino delgado (REY, 2011).
Ciclo biológico
A penetração das formas infectantes, larva de terceiro estágio, pode ter lugar tanto por via cutânea como por via oral. Por via cutânea dá-se a migração parasitária com realização do ciclo pulmonar. Por via oral, as larvas ingeridas com alimentos ou com água contaminada completam sua evolução no tubo digestivo, sem fazer o ciclo pulmonar. Administrando-se oralmente larvas infectantes a cão jovens, verificou-se que no tubo digestivo destes elas sofrem a terceira muda e invadem a mucosa, onde permanecem dois a três dias. Depois retornam à luz intestinal, onde terá lugar a quarta muda, 11 dias depois a infecção experimental. Na quarta ou quinta semana já alcançam a fase adulta e começam a pôr ovos (REY, 2011).
Fluxograma . Ciclo biológico do helminto Ancylostoma duodenale e N. americanus
Sinais e sintomas
A fase aguda é ocasionada pela penetração e migração das larvas, ocorre hiperemia, prurido, edema resultante do processo inflamatório e dermatite. Os sintomas pulmonares são mais raros, como tosse e febrícula (NEVES, et al; 2004).
Já a fase crônica é ocasionada pela presença do verme e ação espoliadora, ocorre dor epigástrica, diminuição de apetite, indigestão, cólica, indisposição, náuseas, vômitos, flatulências, às vezes diarréia sanguinolenta e constipação. Hipoproteinemia; a anemia causada pela intensa hematofagia dos adultos é o principal sintoma da ancilostomose (NETO; 2008).
Diagnóstico
Pesquisa de ovos leves nas fezes. O método qualitativo compõe a Sedimentação espontânea: Método de Hoffmann, Pons e Janer; centrífugo sedimentação: Método de MIFC ou de Blagg; centrífugo flutuação: Método de Faust; flutuação espontânea: Método de Willis.
O método quantitativo: avalia o grau de infecção: Método de Stoll – 35 a 40 ovos/ g corresponde a uma fêmea. < 50 vermes: infecção benigna; 50 a 200 vermes: pode causar anemia; 500 a 1000 intensa; > 1000: muito intensa (NEVES, et al; 2004).
Controle e profilaxia
As principais maneiras para controle e profilaxia são: saneamento básico, educação sanitária, limpeza e higiene das mãos e dos alimentos, uso de calçados, participação da comunidade na execução de programas. Proibição de uso de fezes como adubo (NETO; 2008).
Strongyloides stercoralis;
Figura . Larva de Strongyloides stercoralis.
Reino: Animalia
Filo: Nematoda
Classe: Secernentea
Ordem: Rhabditida
Família: Strongyloididae
Gênero: Stronguloides
Espécie: S. stercoralis
Características gerais
Espécies deste gênero têm sido descritas em répteis, anfíbios e mamíferos. São conhecidas 52 espécies. A estrongiloidíase ou estrongiloidose caracteriza-se por infecção causada por vermes do gênero Strongyloides. Esse parasito apresenta um ciclo evolutivo complicado, com uma fase estercoral constituída por vermes de vida livre e outra fase intestinal representada pela fêmea parasita (NEVES, et al; 2004).
S. stercoralis é considerado um parasito oportunista. Na maioria das vezes a infecção humana é assintomática ou oligossintomática. Em imunissuprimidos, a infecção assuma um caráter grave por exacerbação dos mecanismos de auto-infecção e disseminação de larvas por vários órgãos além do trato gastrintestinal (NEVES, et al; 2011).
Morfologia
As fêmeas parasitas são partenogenéticas e produzem larvar que saindo para o meio externo dão machos e fêmeas de vida livre. Estas põem ovos e originam nova geração de larvas (NEVES, et al; 2011).
No ciclo de vida livre a fêmea mede 1 a 1,5mm de comprimento e tem o corpo fusiforme, com a extremidade anterior romba, onde se abre a boca cercada de três pequenos lábios, enquanto a posterior constitui uma cauda bem afilada. O esôfago tem uma dilatação bulbar. O intestino, simples e retilíneo, continua-se com o reto, muito curto, que se abre para o exterior por um ânus situado a alguma distância da extremidade posterior. Para trás do meio do corpo, encontra-se a abertura vulvar e a vagina, dando acesso a dois tubos uterinos, um anterior e outro posterior. Estes se prolongam nos respectivos ovidutos e ovários. O macho é menos cerca de 0,7mm de comprimento e tem sua cauda recurvada ventralmente. Possui um testículo, continuado pelo canal deferente e pelo canal ejaculador, que se abre na cloaca, onde termina também o tubo digestivo. A cópula é facilitada pela existência de dois pequenos espículos (NEVES, et al; 2004).
As larvas que saem dos ovos têm esôfago do tipo rabditóide, um pseudobulbo no meio, seguido de uma porção estreita e de um bulbo posterior, terminal. Essas larvas medem 200 a 300um de comprimento; elas sofrem ecdise, passando a larvas rabditóides de segundo estágio, que evoluirão para vermes adultos de vida livre (NEVES, et al; 2011).
Habitat
No intestino encontram-se as fêmeas, especialmente no duodeno e no jejuno, se alojando na espessura da mucosa, onde se movem, alimentam e desovam. Em infecções maciças podem ser encontradas no piloro, íleo, intestino grosso, condutos biliares e pancreáticos (CINERMAN; CINERMAN. LEW, 2001).
Ciclo biológico
Ciclo direto: durante uma pequena permanência no meio externo e alimentando-se de bactérias, as larvas rabditóides sofrem duas ecdises e, após 24 a 36 horas, dão origem a larvas filarióides infectantes. Estas não se alimentam, sobrevivem de glicogênio armazenado sob forma de reserva; permanecem na superfície do solo ou em vegetações que lhes forneçam umidade por uma ou duas semanas, a menos que encontrem um hospedeiro suscetível. O ciclo pulmonar é aceito. Após atravessar a pele, circulação venosa e linfática do hospedeiro, as larvas infectantes alcançam os pulmões via coração direito. Nos pulmões rompem os alvéolos pulmonares, ascendem por via brônquica até a faringe, podendo ser expulsas com as secreções pulmonares ou deglutidas. Quando deglutidas transformam-se em fêmeas adultas no intestino delgado entre 17 e 21 dias após a penetração através da pele do homem. Em seguida, inicia-se a oviposição pela fêmea parasita (REY, 2011).
Duas primeiras mudas: L1  L2  L3.
Duas últimas mudas: L3  L4 fêmea parasita.
Figura . Ciclo evolutivo direto do helminto Strongyloides stercoralis
Ciclo indireto: as larvas rabditóides oriundas da fêmea parasita sofrem quatro mudas larvárias e se diferenciamem vermes adultos e machos e fêmeas sexualmente maduros. Tanto as larvas como os vermes adultos apresentam o esôfago do tipo rabditóide. Morfologicamente, as larvas de segundo, terceiro e quarto estágios do ciclo indireto, são diferentes daquelas do ciclo direto, sendo possível diferenciar o sexo por fase de desenvolvimento. Os vermes machos produzem espermatozóides semifuncionais, capazes de ativar os ovócitos para o desenvolvimento posterior, sem participar da fertilização real que envolve a fusão dos espermatozóides com o pró-núcleo do ovo. Após a pseudofertilização, a fêmea produz ovos que originam larvas rabditóides. Estas podem se transformar em larvas filariformes infectantes, repetindo o ciclo direto (REY, 2011).
Figura . Ciclo evolutivo indireto do helminto Strongyloides stercoralis
Sinais e sintomas
A sintomatologia mais frequente e mais importante costuma ser relacionado ao aparelho digestivo. No sangue há leucocitose e eosinofilia, em geral maior na fase aguda da doença. Os eosinófilos podem representar 15 a 40% dos leucócitos (NEVES, et al; 2011).
Surtos de diarréia intercalam-se com períodos de constipação intestinal. O paciente queixa-se de desconforto abdominal ou de dores vagas, podendo ter o caráter de cólicas ou dores epigástricas e simular outros padecimentos gastrintestinais (REY, 2011).
Outros sintomas gerais são: anemia, emagrecimento, astenia, desidratação, irritabilidade nervosa, depressão (NEVES, 2003).
Diagnóstico
Os métodos utilizados são: (NEVES, et al; 2011).
Extração das larvas da massa fecal: é feita com água tépida e baseada no hidro e termotropismo desses organismos. Usa-se volumes relativamente grandes de matéria fecal, colocada sobre uma tela forrada de gaze, e posta em contato com a água. As larvas migram para a água e sedimentam. Um só exame revela 60 a 80% dos casos positivos, devendo repetir três a cinco vezes para conseguir 100% de bons resultados;
Coprocultura: é feita pelo método de Harada-Mori ou pelo método de Baermann de cultivo sobre carvão ativado em placas fechadas, que requerem menores quantidades de fezes e se adaptam melhor aos inquéritos parasitológicos de massa. Essas técnicas dão maiores percentagens de resultados positivos.
Testes imunológicos: boas indicações para o diagnóstico desta parasitose, mas a confirmação pelo encontro das larvas é essencial. O teste de ELISA, feito com antígeno de S. ratti, permite reconhecer a maioria dos casos de parasitismo, mas dá reações cruzadas com ascaríase e, sobretudo ancilostomíase.
Controle e profilaxia
Hábitos higiênicos são essenciais, visto que a infecção pode se manter durante vários anos no mesmo indivíduo. O uso de calçados, a limpeza e a higiene adequada dos alimentos crus a serem ingeridos são pontos cruciais na prevenção desta helmintíase (ANDRADE, 2010).
(Parte 5 de 12)
Em pacientes imunodeprimidos, parasitológicos seriados devem ser realizados periodicamente utilizando-se o método de Baermann-Moraes. Em paciente com AIDS, está indicado o uso profilático secundário de tiobendazol por dois ou três dias, mensalmente para evitar recidivas da moléstia (NETO; 2008).
Helmintos sanguíneos
Schistosoma mansoni
Figura . Ovo de Schistosoma mansoni
Reino: Animalia
Classe: Trematoda
Ordem: Strigeiformes
Família: Schistosomatidae
Gênero: Schistosoma
Espécie: S. mansoni
Características gerais
S. mansoni determina uma infecção denominada esquistossomíase mansônica ou intestinal, devido à localização dos parasitos nas vênulas do intestino grosso e sobretudo do reto, com sintomas predominantemente intestinais. Nas formas mais graves há envolvimento hepatoesplênico e hipertensão no sistema porta (NEVES, et al; 2011).
Sua distribuição geográfica, na África, na América do Sul e nas Antilhas, está acondicionada pela de algumas espécies de moluscos de água doce, do gênero Biomphalaria, que são hospedeiros intermediários do parasito. No Brasil, a doença é conhecida por xistossome, xistosomose, xistosa ou doença dos caramujos (NETO; 2008).
Morfologia
Apresentam-se como vermes dióicos (sexos separados), são delgados e longos; o macho mede cerca de 1cm de comprimento e sua cor é branca. Na extremidade anterior traz uma ventosa oral, afunilada, e a pequena distância desta uma segunda ventosa, pedunculada, o acetábulo. O segmento curto anterior compreendido entre as duas ventosas é cilíndrico e mais fino que o segmento posterior. É muito mais longo, achatado, porém enrolado de maneira a formar uma calha ou tubo longitudinal (canal ginecóforo), pois nele costuma estar alojada uma ou mais fêmeas (NEVES, et al; 2004).
A fêmea tem o corpo cilíndrico, mais longo e fino que o do macho, 1,2 a 1,6cm. Parece mais escura e acinzentada devido a conter em seu tubo digestivo um pigmento derivado da digestão do sangue (hemozoína). Possui duas ventosas pequenas, estando a ventosa acetabular, pedunculada, muito perto da oral (NEVES, 2003).
O aparelho genital masculino compreende 6 a 8 massas testiculares pequenas, situadas dorsalmente, com seu canais eferentes e um deferente único que se dilata para constituir a vesícula seminal, antes de se abrir para o exterior através de um poro genital situado no início do canal ginecóforo. Não há cirro ou qualquer outro sistema intromissor para a cópula, que deve realizar-se pela coaptação dos orifícios genitais masculino e feminino (NEVES, et al; 2004).
Os trematódeos não possuem aparelho circulatório, o estado de contração de qualquer parte do corpo promove a redistribuição do líquido intersticial para as zonas descontraídas. O equilíbrio hídrico é assegurado por células especiais, os solenócitos, que expulsam água através de um sistema canalicular a que estão ligadas e que termina na extremidade posterior por um poro excretor (NEVES, 2003).
Figura . Características do S. mansoni (Adaptado: Cimerman, 2001).
Habitat
Os vermes adultos habitam o sistema porta intra-hepático. O acasalamento e postura ocorrem no plexo hemorroidário e terminais da veia mesentérica inferior (CINERMAN; CINERMAN. LEW, 2001).
Ciclo biológico
Inicia-se com o caramujo. Estes caramujos são hospedeiros intermediários do S. mansoni, albergando o ciclo assexuado. Nos seus tecidos multiplicam-se os esporocistos, dando mais tarde origem às formas multicelulares cercárias, que abandonam o molusco e nadam na água. O homem é contaminado ao entrar em contato com as águas onde existem estes caramujos infectados. Penetram pela pele nua e intacta, ou pelas mucosas, após ingestão da água, as cercarias continuam a penetrar os tecidos até encontrar pequenos vasos sanguineos, no interior dos quais entra. Viaja então pelas veias, passa pelo coração e atinge os pulmões pelas artérias pulmonares, onde se fixa. As cercarias são identificadas como anticorpos fluorescentes verdes e suas caudas são bífidas (NEVES, et al; 2011).
Após alguns dias ocorre a transformação para a forma jovem, liberam-se e migram pelas veias pulmonares, coração e artéria aorta até atingirem o fígado. Lá ocorre o amadurecimento das larvas em formas sexuais macho e fêmea, e o acasalamento (forma sexuada). Após este acasalamento, os parasitas migram juntos (a fêmea no canal ginecóforo do macho), contra o fluxo sanguíneo (migração retrógrada), atingindo as veias mesentéricas e do plexo hemorroidário superior. Então, os parasitas põem milhares de ovos todos os dias, durante anos. Os ovos passam do lúmen dos vasos ao lúmen do intestino ou bexiga simplesmente destruindo todos os tecidos intervenientes. Não são todos os ovos que passarão para o lúmen do intestino, sendo assim, os ovos que continuarão na circulação serão arrastados pela corrente sanguinea até chegar no fígado via veia porta, onde se estabelecerá e provocará um processo inflamatório circunscrito ao ovo, e este processo evoluirá para um tecido circunscrito fibroso cicatricial, e o conjunto desta reação inflamatória e o ovo do S. mansoni no fígado chama- se granuloma hepático. Atravessam as paredes dos vasos sanguíneos, causando danos tanto com os seus espinhos como pela reaçãoinflamatória do sistema imunitário que lhes reage (NEVES, et al; 2004).
Atingindo o intestino são eliminados pelas fezes. Os ovos, em contato com a água, liberam os miracídios que nadam livres até encontrar um caramujo (caracol aquático), penetrando-o. Dentro do caramujo ocorre a multiplicação da forma assexuada, o esporocisto, que se desenvolve na forma larvária que é libertada seis semanas após a infecção do caramujo, novamente recomeçando o ciclo (NEVES, 2003).
Fluxograma . Ciclo heteroxênico do helminto Schistosoma mansoni
Sinais e sintomas
A sintomatologia depende de vários fatores, entre elas a carga parasitária, a linhagem do parasito, as características do hospedeiro, como idade, estado nutricional e imunidade. Não é fácil distinguir o que corresponde à ação direta do verme ou de seus elementos e o que se relaciona à resposta do hospedeiro. Entre o parasito procurando sua sobrevivência e os meios de defesa do hospedeiro existe constante regulação em todos os estágios da infecção. O sistema imune é importante para regular a carga parasitária, determinar a sintomatologia e controlar as reinfecções (NEVES, 2003).
A maioria das pessoas infectadas pode permanecer assintomática, dependendo da intensidade da infecção; a sintomatologia clínica corresponde ao estágio de desenvolvimento do parasito no hospedeiro. O conhecimento completo da evolução da doença, somado às características epidemiológicas, serve para o estabelecimento de bases para o seu controle (NEVES, et al; 2004).
Fase aguda:
Dermatite cercariana – corresponde à fase de penetração das larvas (cercárias) através da pele. Varia desde quadro assintomático até apresentação de quadro clínico de dermatite urticariforme, com erupção papular, eritema, edema e prurido, podendo durar até 5 dias após a infecção (NEVES, 2003).
Esquistossomose aguda ou febre de Katayama – após três a sete semanas de exposição pode aparecer quadro caracterizado por alterações gerais que compreendem: febre, anorexia, dor abdominal e cefaléia. Com menor freqüência, o paciente pode referir diarreia, náuseas, vômitos e tosse seca. Ao exame físico, pode ser encontrado hepatoesplenomegalia (NEVES, et al; 2004).
Laboratorialmente, o achado da eosinoifilia elevada é bastante sugestivo, quando associado a dados epidemiológicos (NEVES, et al; 2011).
Fase crônica
Esquistossomose crônica – inicia-se a partir dos 6 meses após a infecção, podendo durar vários anos. Nela, podem surgir os sinais de progressão da doença para diversos órgãos, podendo atingir graus extremos de severidade, como hipertensão pulmonar e portal, ascite, ruptura de varizes do esôfago. As manifestações clínicas variam, dependendo da localização e intensidade do parasitismo, da capacidade de resposta do indivíduo ou do tratamento instituído. Apresenta-se por qualquer das seguintes formas: (REY, 2011).
Tipo I ou forma intestinal – caracteriza-se por diarréias repetidas que podem ser mucossanguinolentas, com dor ou desconforto abdominal. Porém, pode apresentar-se assintomática;
Tipo II ou forma hepatointestinal – caracteriza-se pela presença de diarréias e epigastralgia. Ao exame físico, o paciente apresenta hepatomegalia, podendo-se notar, à palpação, nodulações que nas fases mais avançadas dessa forma clínica, correspondem a áreas de fibrose decorrentes de granulomatose periportal ou fibrose de Symmers;
Tipo III ou forma hepatoesplênica compensada – caracteriza-se pela presença de hepatoesplenomegalia. As lesões perivasculares intra-hepáticas são em quantidade suficiente para gerar transtornos na circulação portal, com certo grau de hipertensão que provoca congestão passiva do baço. Nessa fase, inicia-se a formação de circulação colateral e de varizes do esôfago, com o comprometimento do estado geral do paciente;
Tipo IV ou forma hepatoesplênica descompensada – inclui as formas mais graves de esquistossomose mansônica, responsáveis pelo obituário por essa causa específica. Caracteriza-se por fígado volumoso ou já contraído pela fibrose perivascular, esplenomegalia avantajada, ascite, circulação colateral, varizes do esôfago, hematêmese, anemia acentuada, desnutrição e quadro de hiperesplenismo.
Podem ser consideradas, ainda, como formas particulares, as formas pulmonar e cardiopulmonar, verificadas em estágios avançados da doença. Predomina uma arteriolite obstrutiva que ocasiona cor pulmonale crônica, insuficiência cardíaca direta e perturbações respiratórias severas. Dentre as formas ectópicas a mais grave é a neuroesquistossomose (mielorradiculite esquistosssomótica), cuja prevalência nas áreas endêmicas tem sido subestimada (NEVES, et al; 2004).
Complicações – a principal complicação da esquistossomose mansônica é a hipertensão portal nos casos avançados, que se caracteriza por hemorragias, ascites, edemas e insuficiência hepática severa. Estes casos, a despeito do tratamento, quase sempre evoluem para óbito (REY, 2011).
Diagnóstico
O diagnóstico é difícil, mas a suspeita clínica e epidemiólogica conduzem, com segurança, ao diagnóstico presuntivo. O seu diagnóstico e a terapêutica precoce previnem a evolução para quadros incapacitantes e óbitos (SODEMAN, 2003).
A esquistossomose pode ser confundida com diversas doenças, em função das diferentes manifestações que ocorrem durante sua evolução (NEVES, et al; 2011).
Dermatite cercariana – seu quadro clínico pode ser confundido com manifestações exantemáticas como sarampo, rubéola, escarlatina e dermatites causadas por outros tipos de cercárias de aves aquáticas (NEVES, et al; 2004).
Esquistossomose aguda ou toxêmica – o diagnóstico diferencial deve ser feito com outras doenças infecciosas agudas, tais como febre tifóide, malária, hepatite viral anictérica, estrongiloidíase, amebíase, mononucleose, tuberculose miliar e ancilostomose aguda (NEVES, et al; 2011).
Esquistossomose crônica – nessa fase, a doença pode ser confundida com amebíase, estrongiloidíase, giardiase e demais parasitoses, além de outras afecções que cursam com hepatoesplenomegalia, tais como calazar, leucemia, linfoma, salmonelose prolongada, esplenomegalia tropical e cirroses (SODEMAN, 2003).
Para se chegar ao diagnóstico da esquistossomose são muito importantes não somente os resultados laboratoriais mas também os dados epidemiológicos, como história de banhos em águas com caramujos e procedência do doente. A esquistossomose aguda, por exemplo, é mais freqüente em pessoas que não vivem em áreas endêmicas (NEVES, 2003).
O diagnóstico laboratorial é feito mediante a realização do exame parasitológico de ovos nas fezes, preferencialmente através do método Kato-Katz. Este método permite a visualização e contagem dos ovos por grama de fezes, fornecendo um indicador seguro para se avaliar a intensidade da infecção e a eficácia do tratamento (NEVES, et al; 2004).
O teste da reação em cadeia da polimerase (PCRPolymerase Chain Reaction) e os testes sorológicos possuem sensibilidade ou especificidade suficiente e seriam úteis principalmente em áreas de baixa prevalência da doença, ou em pacientes com baixa parasitemia e/ou imunodeprimidos, a exemplo da AIDS, mas não estão disponíveis na rotina. A ultra-sonografia hepática é de auxílio no diagnóstico da fibrose de Symmers. A biópsia retal ou hepática, apesar de não indicada para utilização na rotina, pode ser útil em casos suspeitos, na presença de exame parasitológico de fezes negativo (NEVES, 2003).
Controle e profilaxia
A educação em saúde deve preceder e acompanhar todas as atividades de controle e ser baseada em estudos dos comportamentos das populações em risco. A orientação da população, quanto às maneiras pelas quais se previne as doenças transmissíveis, é fator indispensável para o sucesso de qualquer campanha profilática. Realizada pelos agentes de saúde e por profissionais das unidades básicas, tem como público-alvo a população geral e escolar das localidades localizadas nas áreas endêmicas (NEVES, et al; 2011).
As ações de educação em saúde e a mobilização comunitária são muito importantes no controle da

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