Buscar

O Estado na Ciência Política Parte II

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Professor Jaime Barreto 
 
 
O	ESTADO	NA	CIÊNCIA	POLÍTICA	(parte	II)	
2.	FINS	DO	ESTADO	 1	FINS	ESSENCIAIS	OU	JURÍDICOS	 1	FINS	NÃO-ESSENCIAIS	OU	SOCIAIS	 1	FINS	EXTENSIVOS,	LIMITADOS	E	SOLIDÁRIOS	 1			
3.	CLASSIFICAÇÃO	DOS	ESTADOS	 2-3	AUTONOMIA	VS.	SOBERANIA	 2	ESTADO	UNITÁRIO	 2	ESTADO	FEDERAL	 2	E	3	CONFEDERAÇÃO	DE	ESTADOS	 3	
4.	ELEMENTOS	DO	ESTADO	 3-8	O	POVO	E	O	DIREITO	DE	NACIONALIDADE	 3	E	4	E	5	O	TERRITÓRIO	E	OS	SEUS	ELEMENTOS	 5	E	6	O	PODER	SOBERANO	E	A	QUESTÃO	DA	SUA	TITULARIDADE	 6	E	7	E	8	
5.	SEPARAÇÃO	DE	PODERES	 9-	CONCEPÇÕES	LOCKE,	MONTESQUIEU	E	CONSTANT	 9	E	10	SISTEMA	DE	PESOS	E	CONTRAPESOS	 10	PODER	LEGISLATIVO	(SEPARAÇÃO	DE	PODERES	NO	BRASIL)	 11	PODER	EXECUTIVO	(SEPARAÇÃO	DE	PODERES	NO	BRASIL)	 12	PODER	JUDICIÁRIO	(SEPARAÇÃO	DE	PODERES	NO	BRASIL)	 12	E	13	
6.	FUNÇÕES	ESSENCIAIS	A	JUSTIÇA	 14-16	ADVOCACIA	 14	E	15	MINISTÉRIO	PÚBLICO	 15	E	16	
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 1 
 
 
2. Fins do Estado 
O Estado, de acordo com Jellinek, pode cumprir com fins essenciais ou jurídicos (aqueles 
que necessariamente todo e qualquer Estado, independentemente do seu perfil político 
e ideológico, tem que cumprir) e com fins não-essenciais ou sociais (aqueles que são 
acessórios, variáveis de um Estado para outro de acordo com sua ideologia). 
Os fins jurídicos se constituem pela defesa da soberania estatal e garantia da segurança 
pública, já que na visão de Jellinek, o Estado nasceu para garantir a paz social, através do 
direito, criando-o e aplicando-o. Percebe-se, portanto, a influência de Locke e Hobbes nesse 
pensamento. 
Os fins sociais são compostos pela garantia da educação, moradia, saúde, transporte, e 
outros. Em outras palavras, são aqueles que levam ao bem-estar social. 
O Estado que garante os fins sociais são os mais interventores, enquanto aquele que 
está vinculado somente aos fins essenciais caracteriza-se como liberal. 
 
Temos uma outra tipologia para os fins do Estado que, neste caso, se encontram dentro 
de uma ótica relacional com os indivíduos. O Estado pode, então, possuir fins extensivos, 
limitados e solidários. 
I - Os fins expansivos dizem respeito ao crescimento territorial do Estado, o qual se 
posiciona acima da sua população (o interesse público acima do privado). Como por 
exemplo, Estados absolutistas, ditaduras, etc. 
II - Os fins limitados se associam com a ideia de Estado-mínimo. Quando esse se 
relaciona com os indivíduos, os seus interesses servem a supremacia da esfera privada. 
Seria, isto posto, um Estado-liberal. 
III - Os fins solidários é vinculado ao Estado que anda lado a lado do indivíduo. Ao 
mesmo tempo que intervém na economia e promove políticas públicas, ele incentiva a 
liberdade individual e os meios de privatização. 
 
 
 
 
 2 
 
 
3. Classificação dos Estados 
Para entender a diferença entre o Estado Unitário e Federal, precisamos diferenciar autonomia 
e soberania. 
Autonomia é a capacidade de criar normas jurídicas por si só . No âmbito do direito, temos 
a autonomia privada - a autonomia que a população tem para criar normas jurídicas, que 
irão vinculá-las em contratos (negócios) jurídicos; e a autonomia pública. Esta ú ltima 
está vinculada a capacidade que entes públicos possuem de criar normas jurídicas e 
fazê-las cumprir. Na teoria política, quando pensamos em autonomia pensamos em 
capacidade de auto-organização. Sendo assim, um ente autônomo seria aquele que tem 
a faculdade de auto-gestão. 
 
Já um ente soberano é aquele que age com imperatividade, ou seja, aquele que tem a 
habilidade de criar normas jurídicas e fazê-las cumprir. Todo ente soberano é autônomo, 
mas nem todo ente autônomo é soberano. A soberania engloba as dimensões interna e 
externa, enquanto a autonomia somente a interna. 
A soberania tem a personalidade jurídica do direito internacional. A autonomia tem a 
personalidade jurídica do direito interno ou nacional. 
Os estados são independentes entre si, mas todos servem a soberania ou supremacia 
jurídica da Constituição Federal. 
 
Ser Unitário ou Federal diz respeito a organização interna de um Estado. 
 
3.1 O Estado Unitário 
No plano internacional, é soberano. 
Não há internamente uma divisão política em entes autônomos. 
Exemplo: Brasil Império. 
 
3.2 O Estado Federal 
 
 3 
No plano internacional, é soberano. 
Internamente, o Estado Federal é dividido em unidades políticas autônomas com 
relativa independência. 
Exemplo: Brasil atual (república federativa). 
 
O federalismo se divide em duas tipologias. 
A primeira é o Federalismo clássico, típico de Estados liberais, no qual existe uma 
divisão muito clara entre as funções dos estados-membros e a União (dualidade: 
assunto local x assunto nacional). Surgiu na época do liberalismo, e foi superado, 
gradativamente, pelo Estado Social com fins solidários. A partir do momento que o Estado 
passou a realizar, principalmente, fins sociais, complexidade da máquina publica 
aumentou e transformou. Alterou-se, portanto, o federalismo, sendo agora, cooperativo. 
No Federalismo Cooperativo atribuições próprias de cada ente continuam existindo. 
Porém, existem determinadas matérias ou temas que a Constituição estabelece 
competência compartilhada entre os diversos entes. Exemplo: de acordo com a CF/88, a 
competência da garantia de escola pública é da União, dos estados e do município. 
 
3.3 Confederação de Estados 
Conceitua-se como uma associação de Estados soberanos, usualmente criada por meio 
de tratados, mas que pode eventualmente adotar uma constituição comum. 
Exemplo: Os Estados Unidos da América formaram uma confederação de Estados logo 
após a independência das suas 13 colônias. No entanto, tornaram-se a primeira 
federação, ao unir os Estados e formar um único país. Contudo, mantiveram - cada 
Estado, agora estado - uma forte autonomia. Em outras palavras, nos EUA a 
Constituição Federal não é a principal, mas sim a lei estadual. 
 
4. Elementos do Estado 
4.1 O Povo e o Direito de Nacionalidade 
O povo é elemento constitutivo do Estado, pois guarda com este vínculos identitários 
permanentes e contínuos, enquanto a população é apenas um fator quantitativo. 
 
 4 
Antes de existir o Estado, a principal forma de identificação de um grupo era a formação 
da identidade “nacional” , cultural. Posterior a constituição do Estado como elemento 
soberano, o termo “nacionalidade” continuou como título de identificação. 
Quando falamos de Direito de nacionalidade estamos nos referindo, juridicamente, a normas 
de identificação do povo e não de uma nação. Como dito anteriormente, “nacionalidade” é 
apenas utilizado por mera questão tradicional. 
Cada Estado no exercício da sua soberania, estabelece através da sua legislação quem 
é o seu povo. 
 
Critérios de classificação das nacionalidades 
Nacionalidade Primária ou Originária ou Nata 
- decorre de um fato natural (nascimento); nasce com o indivíduo. 
- “Jus solis.” Direito de solo (Pela CF/88, em regra quem nasce no Brasil é brasileiro, 
salvo quando o indivíduo nasce no Brasil, mas ambos os pais estão a serviço de Estado 
estrangeiro, ou quando um dos pais está a serviço do Estado estrangeiro e seu cônjuge, 
ainda que não esteja sob serviço público de Estado exterior, tenha outra nacionalidade). 
- “Jus sanguinis.” Direito de sangue. Você adquire a nacionalidade primária não pelo solo 
(local de nascimento), mas sim pelo sangue. (Pela CF/88, filhos de brasileiros nascidos 
em qualquer lugar do mundo tem direito a nacionalidade nata). é o critério mais 
utilizados pelos europeus. 
 
Nacionalidade Secundária ou Adquirida ou Derivada 
- decorre de dois atos de vontade (o ato do indivíduo de se nacionalizar e o ato do Estado 
como aceitá-lo como cidadão). 
- quando o indivíduo é naturalizado, ele passa a integrar o povo de um determinado Estado. 
- seo estrangeiro estiver residindo há mais de 15 (quinze) anos no Brasil, e consiga provar 
boa conduta e residência, ele tem direito a naturalidade secundária. 
- pela Lei Federal de 6815/80, o estrangeiro necessita, para ter direito a naturalidade 
secundária, ter mais de 4 (quatro) anos de residência, sem antecedentes criminais em 
 
 5 
território brasileiro, boa saúde, renda própria, conhecimento da língua portuguesa (escrita 
e fala), etc. 
- O indivíduo estrangeiro oriundo de países de língua portuguesa: tem direito a naturalidade 
secundária se provar 1 (um) ano de residência e boa conduta. 
- O português possui caso especial. Pode se naturalizar brasileiro, mas se não quiser 
naturalizar-se, ainda sim pode exercer direitos políticos como se fosse brasileiros 
(português equiparado a brasileiro), e vice-versa (brasileiro equiparado a português). 
Em nenhum caso de naturalização secundária o Estado Brasileiro é obrigado a naturalizar, 
salvo a regra referente aos 15 anos que já é aceita e “absolvida” pela CF/88. 
 
Em regra não existe distinção entre brasileiro nato e o naturalizado. No entanto, 
salienta-se que os cargos considerados estratégicos a soberania nacional são 
destinados apenas a brasileiros natos. O restante pode ser assumido por brasileiros 
naturalizados. 
 
4.2 O Território e seus elementos 
O território é a área - tridimensional - do globo terrestre sobre a qual o Estado exerce 
sua soberania. 
I. O domínio terrestre representa todo o solo e o sub-solo (exploráveis) do Estado, 
compreendido dentro das suas fronteiras. 
- “Usque ad inferos sidera.” Até chegar ao inferno. 
A extraterritorialidade diz respeito a espaços de soberania do Estado fora das suas fronteiras. 
Exemplo, a embaixada. 
A plataforma continental por dizer respeito a área do sub-solo marítimo que representa uma 
continuidade do continente faz parte mais do domínio terrestre do que do marítimo, mas 
consideramos que está compreendido pelos dois domínios. 
II. O domínio marítimo representa a(s) faixa(s) marítima(s) de soberania de um Estado. 
Mar territorial é uma faixa delimitada internacionalmente em 12 milhas marítimas (1852 
metros) na qual o Estado costeiro tem plena soberania. 
 Professor Jaime Barreto 
 6 
No direito Internacional existe a previsão da chamada zona contígua (faixa do mar que 
também possui reconhecimento internacional assim como o mar territorial, só que é 
exclusivo para fins econômicos). Ou seja, o país costeiro mantém uma soberania 
econômica sobre uma determinada faixa marítima, mas não possui sobre esta soberania 
política. 
Existe ainda a chamada Zona Econômica Exclusiva. A principio seria sinônimo de zona 
contígua, contudo diferencia-se desta, pois na ZC o monopó lio econômico é 
reconhecido internacionalmente e na ZEE não há condecoração internacional. 
III. O domínio aéreo passou a ser regulamentado no plano internacional a partir do século XX 
na Convenção de Chicago, uma vez que até esta “data” não havia de fato uma 
preocupação com o domínio aéreo. De acordo com a convenção, todo espaço aéreo até a 
atmosfera que está acima do domínio terrestre e marítimo do Estado em questão é 
da sua soberania. 
No entanto, foi necessário o estabelecimento de regras para sobrevôo de territórios 
estrangeiros. Determinou-se, então, o direito de passagem inocente. Este consiste no 
direito de qualquer aeronave CIVIL, em regra, de sobrevoar zonas exteriores. Tal norma 
pode sofrer, basicamente, 3 restrições: 
1. O país, ao qual pertence o espaço aéreo, possui o direito de monitorar o vôo. 
2. O Estado Soberano, a quem pertence o espaço aéreo, pode de forma definitiva 
proibir o sobrevoo de determinadas áreas do seu território. 
3. O Estado Nacional, ao qual pertence o espaço aéreo, de forma temporária e 
justificada, possui o direito de proibir qualquer sobrevôo de aeronaves. 
 
4.3 Poder Soberano e a questão da sua titularidade 
A soberania representa o poder que é inerente ao Estado e que lhe da condições de 
independência e criação e imposição de normas jurídicas. Possui duas dimensões: a 
interna e a externa. A primeira significa a imperatividade do Estado, ou seja, a sua 
faculdade de criar normas jurídicas e fazê-las cumprir, enquanto a segunda representa a 
independência do Estado perante entes políticos estrangeiros. 
A questão da titularidade do poder soberano relaciona-se com correntes ideológicas. 
Estas se subdividem em democracia (teorias democráticas) - soberania nacional e 
popular - e religiosa (teorias teocráticas) - natureza divina, investidura divina e 
investidura providencial. 
 
 
 
 
 Professor Jaime Barreto 
 7 
[analisa-se, então, as teorias teocráticas] 
O poder político que torneia o Estado é de origem divina, ou seja, a soberania é produto 
da vontade do(s) deus(es). A base de legitimidade do poder do Estado, isto posto, é de 
ordem divina. 
- Doutrina da Natureza Divina dos Reis: o poder do Estado será sintetizado na figura de 
um individuo, o Rei, que é o proprio deus; o Rei é uma divindade. Exemplo: Faraó do 
Egito. (surge na antiguidade, antes, portanto, da expansão do monoteísmo) 
No entanto, após a expansão do monoteísmo (cristianismo, judaísmo e islamismo), 
passou a acreditar que o Rei não poderia ser deus. Em substituição a doutrina da ND, 
surge a Investidura Divina, como forma de tentar manter o poder divino - religioso - na 
mão da figura do líder político. 
- Doutrina da Investidura Divina dos Reis: o Rei não é mais um deus, mas em 
compensação é o represente de deus; é a voz de deus na Terra. A vontade do Rei é a 
vontade divina. (aprimoramento da doutrina da ND) 
Persiste até inicio da Idade Moderna, passando pela Idade Média, quando ainda na 
época do Absolutismo Monárquico, “propaga-se” a mitigação do poder absoluto do rei 
devido a ascensão das ideias democráticas da classe burguesa, na tentativa de 
estabelecer a ideia humanista do poder. Em contrapartida a essa tentativa, tentava-se 
também legitimar a monarquia. Ainda que, a Doutrina da Investidura Providencial seja 
considerada parte das teorias teocráticas, é na verdade uma doutrina transitória entre a 
democracia e a teocracia. 
- Doutrina da Investidura Providencial : o Rei é um representante de deus (ideia 
teocrática). Porém, o poder que o Rei exerce é limitado pelo povo (ideia democrática). 
O rei é escolhido por deus, mas a voz de deus é a voz do povo; Preserva-se, portanto, 
a figura real com um caráter relativamente divino, mas ao mesmo tempo democratiza 
o poder ao entregar este ao povo. 
Na Inglaterra, prevalece até hoje a doutrina da IP. No entanto, no “resto do mundo” 
Com a Revolução Francesa (ruptura total com o poder da figura real), já não cabia mais 
falar em doutrinas teocracias e legitimar o poder divino dos reis. 
 
[analisa-se as teorias democráticas] 
Rompe com a concepção divina do poder. O Poder do Estado, isto posto, nasce e se 
fundamenta nos homens. 
- Doutrina da Soberania Nacional: aquela que inicialmente apresentou-se como mais 
forte e defendida na França por Sieyes (figura importante do Direito Constitucional); 
todo poder nasce da NAÇÃO (a sociedade como um todo, o coletivo, e não o 
indivíduo). Em resumo, a teoria da SN pressupõe que o poder nasce da 
 Professor Jaime Barreto 
 8 
COLETIVIDADE. Não é necessário que todos falem em nome da sociedade, mas 
necessita-se a escolha de alguns para que falem em nome de todos. Defende, 
portanto, que o sufrágio é uma função que deve ser dirigida àqueles que estão 
preparados (alguns componentes do Terceiro Estado/burguesia) para falar em nome 
de todos, caracterizando, então, tal sufrágio como restrito, censitário, capacitário. 
(remete a tradição platônica) 
elitista, humanista, mas não democrática no sentido de sufrágio universal. 
Doutrina da Soberania Popular: concepçãodifundida por Rousseau, na qual acredita-se que a 
representação política é algo inaceitável, e que o poder popular deve ser, de fato, exercido pelo 
povo sem intermediários (na teoria, há sucesso, na prática, não); todo poder emana do povo. A 
soberania do Estado é a soma das frações de soberania presentes em cada indivíduo. 
 
Enquanto Sieyes falava que o poder nasce da coletividade e, portanto, nem todos 
precisam falar por ela, Rousseau afirma que o poder não nasce da coletividade, mas sim 
de cada um. A vontade coletiva, então, pressupõe que TODOS falem (defesa do sufrágio 
universal), sem exceção, sem representatividade. 
 
No Brasil, temos a previsão da Soberania Popular 
CF/88, art. 1º , parágrafo único.
 Professor Jaime Barreto 
 
 9 
5. Separação de Poderes 
5.1 Concepções de Locke, Montesquieu e Constant 
I. Inglaterra - perspectiva de acordo entre Rei e Burguesia. 
Locke: deveria existir no Estado uma BIPARTIÇÃO (entre executivo e legislativo) de 
poderes, uma vez que o judiciário, na visão de Locke é um poder menor, um apêndice 
do Poder Executivo, uma vez que o Executivo e o Judiciário são essencialmente 
aplicadores do Direito, enquanto o primeiro aplica para realizar a administração, oe o 
segundo para resolver conflitos. Por ambos possuírem a mesma “função” , o judiciário 
era considerado como desnecessário, e o Executivo realizava a atividade judicial. 
Ademais, a perspectiva de Locke foi limitada pela Revolução Gloriosa. Para ele, o poder 
maior e mais importante era o Legislativo. Em sua visão, a ideia de harmonia não existia 
de forma plena, visto que havia hierarquização entre os poderes. O Legislativo possuía 
duas funções essenciais: legislar (criar leis) e fiscalizar o executivo e, por isso, era 
considerado o centro do Poder. 
 
II. França - perspectiva de real ruptura com o antigo Regime. 
O Direito criado e positivado no papel pelo poder Legislativo e Judiciário independente. 
Montesquieu: defende a ideia de que o poder do Estado democratizado deverá ser 
dividido em TRÊS (tripartição dos poderes): Legislativo, Executivo e Judiciário. Além 
disso, difere-se de Locke ao pregar a ideia de que os poderes são independentes e 
harmônicos entre si. Na visão de Montesquieu, não existiria hierarquia entre os três 
poderes, pois estão no mesmo patamar. 
Salienta-se que tal teoria fora desenvolvida durante o auge do expansionismo da teoria 
liberal. Tal evento levou Montesquieu a acreditar que essa harmonia existente entre os 
poderes ocorreria de modo natural. Cada um cumpriria a sua função - legislativo, 
legislar e fiscalizar o executivo; judiciário, julgar; executivo, executar - de forma 
harmônica, sem haver riscos de interferências entre si. Mas na realidade política, as 
relações se comportam de forma diferente, dado que há uma tendência natural de que 
um poder interfira no outro. Diante dessa realidade, a doutrina de Montesquieu passou a 
ser questionada. Será que de fato haveria possibilidade de equilíbrio entre os três 
poderes ou isso seria uma utopia? 
 
III. O Suíço Constant requisitou, então, a doutrina de Montesquieu, e fez um aprimoramento 
desta, propondo uma outra forma de divisão dos poderes do Estado. 
Benjamin Constant: o equilíbrio natural dos poderes é inviável. Como solução, criou 
uma nova teoria de separação dos poderes, que pressupõe, portanto, uma 
TETRAPARTIÇÃO dos poderes (Legislativo, Executivo, Judiciário e Moderador). O Poder 
 Professor Jaime Barreto 
 
 10 
Moderador serviria, em tese, para moderar, equilibrar os outros três. O Poder Moderador 
seria exercido para que um poder se sobressaísse sobre os demais. Este, por sua vez, 
caberia ao Chefe do Estado, ao Rei. 
Essa teoria possui uma relevância com a história do Brasil, uma vez que nossa 1ª Constituição 
de 1824 previa a existência do Poder Moderador, inspirado nas ideias de Constant. Na prática, 
D. Pedro II - o qual era atribuído o poder moderador - exercia um poder (quase) absoluto, 
devido as suas inúmeras prerrogativas. No entanto, tais ideais foram adotados durante todo o 
período monárquico brasileiro, até 1889 quando fora proclamada a República, e o poder 
moderador fora extinto no Brasil. 
 
5.2 O Sistema de Freios e Contrapesos 
É o aprimoramento das ideias de Montesquieu a partir da seguinte perspectiva: todos os 
poderes do Estado devem realizar todas as funções Estatais, porém cada um desses 
poderes terá uma determinada função que será considerada típica, própria desse poder, 
enquanto as demais funções exercidas pelo poder específico serão consideradas 
atípicas. 
Em um sistema de Freios e Contrapesos o: 
a) Executivo, não realiza somente a função administrativa/executar (função típica do 
Executivo), mas também, de forma atípica, legisla e julga. 
Exemplo: quando o Presidente da Republica “estabelece” uma medida provisória, ele 
está realizado uma função atípica de Legislar. 
b) Judiciário, não realiza somente a função de julgar (função típica do Judiciário), mas 
também, de forma atípica, administra e legisla. 
Exemplo: o Tribunal de Justiça da Bahia é um órgão estadual, e ao se auto-administrar 
(pelo seu presidente), está realizando uma função atípica de Administrar. 
c) Legislativo, não realiza somente as funções de legislar e fiscalizar (funções típicas do 
Legislativo), mas também, de forma atípica, administra e julga. 
Para se garantir de fato a harmonia entre os poderes é necessário que todos os poderes 
realizem, de certa forma, todas as funções. 
 
Ainda que haja harmonia entre os poderes, 
esse equilíbrio não diz respeito a 
pacificidade. A harmonia existente, em 
contrapartida, é caracterizada como “tensa”. 
 
 
 Professor Jaime Barreto 
 
 11 
5.3 Separação de Poderes no Brasil - Separação Horizontal dos Poderes (repartição de 
competências) 
O Brasil conforme a CF/88 adota o modelo da Tripartição dos Poderes a partir do sistema de 
pesos e contrapesos. 
Cada poder realiza a sua atividade típica, e também a sua atividade atípica (atividades típicas 
de outros poderes). 
- Também é chamado de Separação Vertical dos Poderes - federalismo. (Jaime discorda) 
 
5.3.1 Poder Legislativo - legislar e fiscalizar (funções típicas) 
 executar/administrar e julgar (funções atípicas) 
Atividade legislativa no Brasil: criação de leis. 
Atividade fiscalizatória no Brasil: com a prerrogativa de convocar ministros para comparecer e 
prestar esclarecimentos a cerca das suas atividades, analise das contas do gestor público, 
comissão parlamentar de inquérito (CPI - investigar determinado fato de interesse público). 
- Se organiza de duas formas: Unicameralismo e Bicameralismo 
a) Poder Legislativo Unicameral: uma única casa legislativa. 
b) Poder Legislativo Bicameral: duas casas legislativas. 
No Brasil adotamos, na verdade, os dois modelos, pois depende da esfera federativa. 
Na esfera municipal, a casa legislativa é única: a Câmara dos Vereadores (no mín. 9 
vereadores, e máx. 55). 
Na esfera estadual, a casa legislativa é única: Assembleia Legislativa (deputados 
estaduais, 63 na Bahia). 
Na esfera do Distrito Federal, a casa legislativa é única: a Câmara Distrital ou Legislativa 
(deputados distritais) 
- ao ser considerado estado e município ao mesmo tempo, Brasília tem duas 
características excepcionais: não é nem estado nem município, é os dois 
concomitantemente; atribuí-lhe todas as competências legislativas municipais e 
estaduais. 
Na esfera Federal, temos duas casas legislativas: Câmara dos Deputados e Senado 
Federal. 
- A Bicameralidade surgiu como um controle de poderes. Enquanto a Câmara dos 
Deputados representa a voz do povo (a fervecência), o Senado Federal representa o 
lado conservador da nação (a seriedade, o controle). 
 
 
 
 
 
 Professor Jaime Barreto 
 
 12 
5.3.2 Poder Executivo - administrar (função típica)legislar, fiscalizar e julgar (funções atípicas) 
O Poder Executivo é dividido em quatros grupos: 
I. Executivo Municipal - prefeito com mandato de 4 anos, com possível reeleição 
para mandato subsequente. 
II. Executivo Estadual - governador com mandato de 4 anos, com possível 
reeleição para mandato subsequente. 
III. Executivo Distrital - governador com mandato de 4 anos, com possível reeleição 
para mandato subsequente. 
IV. Executivo Federal - presidente com mandato de 4 anos, com possível reeleição 
para mandato subsequente. 
 
5.3.3 Poder Judiciário - julgar (função típica) 
 legislar, fiscalizar e administrar (funções atípicas) 
 
No Brasil, possuímos uma peculiaridade: não 
existe judiciário municipal, ainda que a CF/88 
estabeleça o Município como ente federativo. Isto 
posto, o município só possui 2 poderes. 
 Professor Jaime Barreto 
 
 13 
STF	SUPREMO	TRIBUNAL	FEDERAL	-	instância	extraordinária;	na	prática	
atua	como	3ª ou	4ª instância,	mas	entra	apenas	em	matérias	quando	há 
violações	constitucionais.	
	
[lê-se	diagrama	da	direita	para	esquerda]	
	
2ª instância	STM	– SUPERIOR	TRIBUNAL	MILITAR		I.	 PROCESSA	 E	 JULGA	 INFRAÇÕES	 PENAIS	 ADMINISTRATIVAS	COMETIDAS	NO	EXERCÍCIO	DA	ATIVIDADE	MILITAR.		II.	 É FEDERAL;	SERVIDORES	FEDERAIS	(mantida	pela	união).	
1ª instância	AM	 – AUDITORIA	 MILITAR	 -	 órgão	 jurisdicional	 constituído	 por	juízes.			
3ª instância	TST	– TRIBUNAL	SUPERIOR	DO	TRABALHO	
2ª instância	TRT	– TRIBUNAL	REGIONAL	DO	TRABALHO	
1ª instância	JT	– JUSTIÇA	DO	TRABALHO	– servidores	federais			
3ª instância	TSE	– TRIBUNAL	SUPERIOR	ELEITORAL	
2ª instância	 JE –	 JUSTIÇA	 ELEITORAL – servidores	 federais	 (mantida	 pela	união)	peculiaridade:	juízes	emprestados	de	outros	tribunais	
1ª instância	JUNTA	– JUNTA	ELEITORAL			
3ª instância	STJ	– SUPERIOR	TRIBUNAL	DE	JUSTIÇA	
2ª instância	TJ	– TRIBUNAL	DE	JUSTIÇA	
1ª instância	J	 – JUSTIÇA	 -	processa	e	 julga	matérias	 comuns	que	não	estão	
dentro	das	competências	dos	tribunais	eleitoral,	do	trabalho	e	militar.	
2ª instância	 TRF	 – TRIBUNAL	 REGIONAL	 FEDERAL	 -	 processa	 e	 julga	
matérias	 comuns	 que	 não	 estão	 dentro	 das	 competências	 dos	 tribunais	
eleitoral,	do	trabalho	e	militar.	
1ª instância	JUSTIÇA	FEDERAL	
	 A	matéria	 se	qualifica	 como	matéria	do	TJ	ou	do	TRF	quando	define	há envolvimento	ou	não	de	interesses	da	União.			OS	TRIBUNAIS	SUPERIORES	ATUAM	COM	DUAS	FUNÇÕES	PRINCIPAIS:	1. CONTROLE	DA	LEGALIDADE	2. UNIFORMIZAÇÃO	DA	JURISPRUDÊNCIA			 Quinto	constitucional	– UM	QUINTO	DOS	DESEMBARGADORES	DOS	 TRIBUNAIS	 SÃO	 advogados	 ou	 membros	 dos	 MP	 que	entram	 para	 a	 atividade	 do	 tribunal	 (como	 desembargador)	sem	ter	passado	pelo	exercício	de	juiz.		
 
 Professor Jaime Barreto 
 
 14 
 
6. Funções Essenciais à Justiça: Advocacia e MP 
ADVOCACIA 
- A advocacia, no Brasil, pode ser privada ou pública. Os requisitos para exercício de 
ambas são o Bacharelado de Direito e aprovação no exame da OAB (instituído em 
1994). No entanto, há casos excepcionais na advocacia pública que pode ser 
alcançada mediante Concurso Público, o que não exige o exame da Ordem. Neste 
caso, temos duas subdivisões: Defensoria Pública e Procuradorias (AGU). 
- Defensor público: advogados pagos pelo Estado e contratados por este 
(concursados) para defender aqueles que não possuem condições financeiras de 
contratar um profissional da esfera privada. 
*Salienta-se que em via de regra, o defensor 
público não possui a liberdade de aceitar ou 
recusar casos. Ele é obrigado a aceitar “o que vier 
pela frente”. 
 
*Ainda que um dos primeiros requisitos seja a 
precariedade dos recursos materiais, o sujeito que 
possui condições necessárias para a contratação 
de um advogado na área privada pode solicitar a 
defensoria pública, visto que este tenha encontrado 
fortes dificuldades em contratar algum profissional 
que esteja disposto a defendê-lo devido a possível 
barbaridade do crime cometido. 
 
- A Defensoria Pública se subdivide em: Defensoria Pública Estadual (funcionário 
público estadual - advogado concursado - atua junto ao Justiça Estadual em suas 
matérias de competência) e Defensor Público da União (funcionário publico federal - 
 Professor Jaime Barreto 
 
 15 
advogado concursado - atua junto a Justiça Federal em suas matérias de 
competência). 
- Procuradorias Municipais, Estaduais e da União: advogados concursados 
(funcionários públicos) que servem para atuar na defesa do município, do estado ou 
da União. 
*Salienta-se que em via de regra, o procurador não 
possui a liberdade de concordar ou discordar com 
a matéria dos “atos” municipais, estaduais ou da 
União. Ele é obrigado a defender o ente federativo. 
 
- Em via de regra, o advogado é necessário a justiça, sendo indispensável a sua 
presença. Mas, há casos nos quais o JUS POSTULANDI - o direito de postular - é 
atribuído as partes (na Justiça do Trabalho, Juizados Especiais e HC): caracterizando, 
então, a excepcionalidade da não-necessidade ou desnecessidade do advogado. 
 
MINISTÉRIO PÚBLICO 
- O Ministério Público não constitui um outro poder, além de ser entidade autônoma 
financeiramente e administrativamente. 
- O MP sofreu alterações depois de 1988. Ainda que continue como Titular da Ação 
Penal Pública, ele perdeu a função de ser advogado do Estado após a instituição da 
CF/88. 
- A grande maioria dos crimes previstos na nossa Legislação são crimes de Ação 
Penal Pública: a vítima do crime não é só o indivíduo que sofrera com a violência, 
mas sim toda a sociedade. Tal premissa sustenta o fato do MP ser Titular da Ação 
Penal Pública. 
- Antes de 1988, quando algum sujeito ingressava um processo contra um ente 
federativo, o MP era responsável pela defesa, seja do município, seja do estado, seja 
 Professor Jaime Barreto 
 
 16 
da União. Após a CF/88, as Procuradorias foram criadas e o MP perdeu a função de 
advogar para o Estado. 
- Em compensação, com a CF/88, o MP ganhou um novo “status”: guardião da ordem 
jurídica e dos interesses da sociedade - que não necessariamente são os mesmos que 
os interesses do Estado, expandindo suas atuações nos mais diversos setores 
jurídicos: penal, ambiental, cível, consumidor, e outros. 
*Ainda que o MP tenha perdido a função de ser 
advogado do Estado, eles ainda mantêm o título de 
procurador. 
 
- O MP se subdivide em Estadual e da União. O primeiro atua perante a Justiça 
Estadual, os promotores de justiça. Já o segundo atua perante o poder judiciário da 
União, e divide-se em três ramos: 
a) MP Federal, os procuradores da república: Ministério Público da União que atua 
junto com a Justiça Comum. 
b) MP do Trabalho, os procuradores do trabalho: Ministério Público da União que atua 
apenas em matéria trabalhista, exercendo fiscalizar o cumprimento da lei trabalhista 
e ingresso de ações civis trabalhistas públicas. 
c) MP Militar: Ministério Público da União que atua perante a Justiça Militar. 
d) MP Eleitoral (não é previsto expressamente na CF/88): assim como não existe um quadro 
próprio de magistrados eleitorais, não existe também um quadro próprio de promotores 
eleitorais; Junto a cada juiz eleitoral, a zona eleitoral, atua um promotor eleitoral - promotor 
de justiça estadual emprestado que irá cumprir com a função federal na justiça eleitoral. 
Junto aos TRE’s, atua o Procurador da República que irá possuir a função de Procurador 
Regional Eleitoral (chefe do MP eleitoral do estado); Junto ao TSE, teremos a figura do 
Procurador-Geral Eleitoral, que é também membro do MPF que irá atuar como 
representante do MP no TSE. O Procurador-Geral Eleitoral é, na verdade, o Procurador-
Geral da República, ou seja, o chefe do MP da União.

Outros materiais

Outros materiais