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Renúncia Fiscal na Paraíba e seus Reflexos Econômicos

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1 
 
UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA - UEPB 
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS – CCJ 
BACHARELADO EM DIREITO 
 
 
 
 
 
EMILSON AVELINO DOS SANTOS FILHO 
 
 
 
RENÚNCIA FISCAL NA PARAÍBA E SEUS REFLEXOS 
ECONÔMICOS 
 
 
 
 
 
CAMPINA GRANDE – PB 
2009
 2 
EMILSON AVELINO DOS SANTOS FILHO 
 
 
 
 
 
RENÚNCIA FISCAL NA PARAÍBA E SEUS REFLEXOS 
ECONÔMICOS 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação 
apresentado à Coordenação do curso de Direito da 
Universidade Estadual da Paraíba – UEPB, como 
requisito para a obtenção do grau de Bacharel em 
Direito. 
 
Orientador: Prof. MSc. Fábio Severiano do Nascimento. 
 
 
 
 
 
 
CAMPINA GRANDE 
2009
 3 
EMILSON AVELINO DOS SANTOS FILHO 
 
 
 
RENÚNCIA FISCAL NA PARAÍBA E SEUS REFLEXOS 
ECONÔMICOS 
 
Trabalho Acadêmico Orientado – TAO 
apresentado à Universidade Estadual da Paraíba 
- UEPB, para conclusão da graduação em 
Direito. 
 
 
 
Aprovado em: 15 de dezembro de 2009. 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
_________________________________________________ 
Prof. MSc. Fábio Severiano do Nascimento 
Centro de Ciências Jurídicas da UEPB 
Orientador 
 
 
_________________________________________________ 
Prof. MSc. Alexandre Henrique Salema Ferreira 
Centro de Ciências Jurídicas da UEPB 
Examinador 
 
 
_________________________________________________ 
Prof. Esp. Dhélio Jorge Ramos Pontes 
Centro de Ciências Sociais e Aplicadas da UEPB 
Examinador
 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico a minha esposa Fátima Santos, aos 
meus pais Emilson e Rosinete, e as minhas 
irmãs Rosivânia e Rosiane. 
 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Assim, pois, qualquer de vós, que não renuncia a 
tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo”. 
 
Evangelho segundo Lucas, capítulo 14, versículo 33. 
 6 
RESUMO 
 
 
A renúncia fiscal é uma forma de diminuição da carga tributária de determinados 
contribuintes em detrimento da captação de receita para o orçamento público. A 
Paraíba é um estado que possui uma das menores arrecadações financeiras do 
Brasil e o governo estadual estima uma renúncia fiscal com valores muito altos. 
Também não há uma transparência adequada de quanto foi realizado 
financeiramente com esta política fiscal, deixando-se por conseguinte de mensurar 
se estes benefícios fiscais influenciam de maneira satisfatória na economia. Este 
trabalho tem como objetivo estudar as renúncias fiscais do Estado da Paraíba 
referentes aos anos de 2006 a 2008, verificando o que elas causaram nos principais 
índices econômicos ligados ao mercado de trabalho. Coletamos os dados 
necessários a partir dos sites oficiais da internet dos órgãos e institutos públicos 
responsáveis pela divulgação das informações. De posse dos dados sobre a 
renúncia de receita pública, podemos constatar que houve um aumento dos valores 
concedidos como benefícios fiscais, onde estes foram desproporcionais ao retorno 
alcançado na variação dos postos de trabalho criados, seja para mais quando a 
renúncia fiscal cresce e o mercado de trabalho encontra-se estagnado, seja para 
menos quando a renúncia fiscal diminui e o número de empregos gerado cresce. 
Pela amostragem utilizada para dividir a renúncia fiscal por setores econômicos e 
comparar com as taxas do RAIS dos mesmos setores, o que se verifica é uma 
diferença entre os dois indicadores, onde a estatística da empregabilidade informada 
pelo RAIS referente as atividades econômicas que receberam incentivos fiscais 
sofreram influências de fatores diversos da renúncia fiscal, como por exemplo 
desenvolvimento econômico nacional ocorrido na época, condições climáticas no 
ano da plantação e colheita no campo, ano eleitoral, melhoria na distribuição de 
renda, etc. Com isso, podemos dizer que a renúncia fiscal pode ter influenciado de 
alguma maneira, contudo de maneira mínima, não sendo ela responsável pela 
melhora ou piora dos níveis de emprego na sociedade paraibana. 
 
Palavras-chave: Renúncia de receita. Benefícios e incentivos fiscais. Emprego. 
Economia. 
 7 
ABSTRACT 
 
 
The fiscal resignation is a form of reduction of the determined tax burden of 
contributing in detriment of the prescription captation for the public budget. The 
Paraíba is a state that possesss one of the lesser financial collections of Brazil and 
the state government esteem a fiscal resignation with very high values. Also it does 
not have an adequate transparency of how much tax policy was carried through 
financially with this, leaving itself therefore of mensurar if these tax benefits they 
influence in satisfactory way in the economy. This work has as objective to study the 
fiscal resignations of the State of the Paraíba referring to the years of 2006 the 2008, 
verifying what they had caused in the main on economic indices to the work market. 
We collect the necessary data from the official sites of the Internet of the agencies 
and responsible public justinian codes for the spreading of the information. Of 
ownership of data on the public revenue resignation, we can evidence that it had an 
increase of the granted values as tax benefits disproportionate to the return reached 
in the variation of the work ranks created, either for more when the fiscal resignation 
grows and the work market it meets stagnation, either for less when the fiscal 
resignation diminishes and the number of jobs generated grows. For the used 
sampling to divide the fiscal resignation for economic sectors and to compare with 
the taxes of the RAIS of the same sectors, what it is verified is a difference between 
the two pointers, where the statistics of the occupation informed for the referring 
RAIS the economic activities that had received tax incentives had suffered influences 
from diverse factors of the fiscal resignation, as for example economic development 
national occurrence at the time, climatic conditions in the year of the plantation and 
harvest in the field, electoral year, improvement in the income distribution, etc. With 
this, we can say that the fiscal resignation can have influenced in some way, however 
in minimum way, not being responsible it for the improvement or worsening them 
levels of job in the paraibana society. 
 
Keywords: renunciation of revenue. Fiscal benefits and incentives. Job. Economy. 
 8 
LISTA DE TABELAS 
 
 
Tabela I – Leis Orçamentárias do Estado da Paraíba ................................ 37 
Tabela II – Renúncia de Receita da Paraíba ........................................................38 
Tabela III – Comparação de indicadores da Paraíba .............................................42 
Tabela IV – 
Setores econômicos da Paraíba: variação relativa dos 
indicadores .........................................................................................
44 
Tabela V – Produto Interno Bruto da Paraíba .......................................................75 
Tabela VI – 
Estoque de Empregos Formais por Setor de Atividade 
Econômica – Estado da Paraíba ........................................................
76 
Tabela VII – 
Evolução do emprego por setor de atividade econômica em 
2006 ................................................................................................
77 
Tabela VIII – 
Evolução do emprego por setor de atividade econômica em 
2007 ................................................................................................
78 
Tabela IX – 
Evolução do emprego por setor de atividade econômicaem 
2008 ................................................................................................
79 
 9 
LISTA DE QUADROS 
 
 
Quadro I – Comparativo entre RAIS e CAGED ................................................ 34 
Quadro II – Repartição da Receita Tributária .................................................... 50 
Quadro III – Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE/80 ..... 80 
 10
LISTA DE SIGLAS 
 
 
CAGED Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Lei n
o
 4.923, de 23 
de dezembro de 1965) 
CEst Constituição Estadual da Paraíba 
CF Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 
CGE Controladoria Geral do Estado 
CNAE Classificação Nacional de Atividades Econômicas 
CTN Código Tributário Nacional (Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966) 
FAIN Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Industrial da Paraíba (Leis Estaduais no 4.856/86, 5.019/88 e 6.000/94 e o Decreto no 17.252/94) 
FPM Fundo de Participação dos Municípios 
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços 
IDEME/PB Instituto de Desenvolvimento Municipal e Estadual da Paraíba 
IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada 
IPVA Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores 
ITCMD Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação 
LDO Lei de Diretrizes Orçamentárias 
LC Lei Complementar 
LOA Lei Orçamentária Anual 
LRF Lei de Responsabilidade Fiscal (LC no 101, de 4 de maio de 2000) 
MTE Ministério do Trabalho e Emprego 
ONG Organização não governamental 
PIB Produto Interno Bruto 
RAIS Relação Anual das Informações Sociais (Decreto n
o
 76.900, de 23 de 
dezembro de 1975) 
REFIS/PB Programa de Recuperação Fiscal do Estado da Paraíba (Lei Estadual n
o
 
7.695, de 22 de dezembro de 2004, para REFIS I) 
SEPLAG/PB Secretaria Estadual de Planejamento e Gestão do Estado da Paraíba 
TCE Tribunal de Contas do Estado 
 
Obs.: Legislações citadas com suas alterações até o dia 01/11/2009. 
 
 
 
 
 
 
 11
SUMÁRIO 
 
 
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 11 
1 FINANÇAS PÚBLICAS.......................................................................................... 13 
1.1 CONCEITOS PRELIMINARES ........................................................................ 13 
1.2 CRÉDITO TRIBUTÁRIO .................................................................................. 18 
2 RENÚNCIA DE RECEITA PÚBLICA ..................................................................... 21 
2.1 CONCEITO E DISTINÇÕES ............................................................................ 21 
2.2 COMPETÊNCIAS PARA SUA CONCESSÃO E CONTROLE ......................... 22 
2.3 REGIME LEGAL E ESPÉCIES ........................................................................ 24 
2.3.1 Isenção ..................................................................................................... 26 
2.3.2 Anistia ....................................................................................................... 27 
2.3.3 Remissão .................................................................................................. 28 
2.3.4 Subsídio .................................................................................................... 29 
2.3.5 Crédito Presumido ................................................................................... 30 
2.3.6 Alteração de Alíquota ou Modificação de Base de Cálculo ................. 30 
2.3.7 Outras Formas de Renúncia ................................................................... 32 
3 METODOLOGIA .................................................................................................... 33 
3.1 TIPO DE PESQUISA ....................................................................................... 33 
3.2 UNIVERSO E AMOSTRA ................................................................................ 34 
3.3 TÉCNICA DE COLETA DOS DADOS .............................................................. 36 
3.4 TÉCNICA PARA ANÁLISE DOS DADOS ........................................................ 36 
4 RENÚNCIA FISCAL NA PARAÍBA ....................................................................... 37 
4.1 A LRF E A TRANSPARÊNCIA NA RENÚNCIA FISCAL ESTADUAL .............. 39 
4.2 REFLEXOS DA RENÚNCIA DE RECEITA NOS ÍNDICES ECONÔMICOS .... 41 
4.3 Principais Setores Empresariais Beneficiados ........................................ 49 
4.4 Impactos da Renúncia Fiscal Estadual nas Contas Públicas Municipais
 ............................................................................................................................ 50 
CONCLUSÃO ........................................................................................................... 53 
APÊNDICE ................................................................................................................ 55 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 56 
 11
INTRODUÇÃO 
 
 
O orçamento anual do Estado é o documento que organiza as receitas 
estimadas e as despesas a serem realizadas. Neste documento, consta uma rubrica 
chamada Renúncia de Receita Pública ou Renúncia Fiscal. Esta renúncia é 
verificada quando o poder público estabelece situações onde os contribuintes são 
favorecidos por meio de incentivos e benefícios fiscais que diminuam a carga 
tributária, com o intuito de estimular determinados comportamentos e a realização de 
diversos interesses (MELO, 2005). O tema Renúncia Fiscal, do ponto de vista geral, 
é importante, pois pode causar um desequilíbrio orçamentário, ou seja, mediante ato 
do governante é dispensada uma receita que deveria resultar em recursos públicos. 
Trataremos neste trabalho da evolução da renúncia de receitas públicas do 
Estado da Paraíba (art. 167, §1o da Constituição Estadual) no período de 2006 a 
2008 e seus principais reflexos nos mais relevantes índices econômicos. O presente 
tema foi escolhido como uma tentativa de apontar quais as implicações positivas e 
negativas para o Estado da Paraíba quando da não arrecadação total ou parcial de 
determinados tributos, onde se espera uma contrapartida dos beneficiários, seja por 
meio de geração de emprego e renda, aumento do consumo e crescimento da 
produção. Também tem a intenção de compreender se o mercado de trabalho da 
Paraíba responde aos estímulos propostos pela renúncia fiscal; destacar e dar mais 
transparência nas informações referentes ao erário estadual que está sendo 
dispensado, e se estes benefícios fiscais foram responsáveis por alguma mudança 
social, ou seja, se houve melhora na condição de vida dos cidadãos inseridos nesta 
sociedade. 
Buscando estimular os contribuintes a práticas que promovam o equilíbrio e 
incentivo ao desenvolvimento socioeconômico por meio de benefícios fiscais, os 
Estados vêm aumentando, a cada ano, seus dispêndios referentes à renúncia de 
receita. Neste sentido, tem-se a seguinte problematização: A renúncia fiscal da 
Paraíba produz reflexo na economia do Estado ? 
No campo metodológico, realizou-se uma pesquisa descritiva, com o intuito 
de observar, registrar e analisar as renúncias fiscais e os principais índices 
econômicos, correlacionando-os. O levantamento das informações necessárias para 
 12
que isso ocorresse fez-se mediante uma análise documental. Utilizando-se da 
pesquisa bibliográfica obtiveram-se conhecimentos prévios sobre o tema proposto. 
Para a apresentação do trabalho ele foi dividido em quatro capítulos. O 
primeiro capítulo traça conceitos preliminares sobre finanças públicas, abordando 
temas como receita e despesa pública, orçamento público, tributo, obrigação 
tributáriae sobre o crédito tributário. Em seguida, no capítulo dois, apresentamos a 
Renúncia de Receita Pública, com sua definição e distinção, indicando a 
competência para sua concessão e seu controle, bem como, o regime legal que 
disciplina a renúncia fiscal e sua divisão em sete espécies feita pela Lei de 
Responsabilidade Fiscal. No capítulo três delineamos a metodologia utilizada para a 
pesquisa, especificamente no que diz respeito aos reflexos da renúncia de receita 
nos índices econômicos, trazendo a demonstração de quais índices foram utilizados 
e o porquê da escolha deles. No capítulo quatro, nos detivemos sobre as renúncias 
fiscais da Paraíba. Expondo os principais pontos abordados na LRF quanto à 
transparência da renúncia fiscal estadual; depois, o ponto principal do trabalho foi 
tratado com a análise e interpretação dos resultados obtidos referente aos impactos 
nos principais índices econômicos causados pela ação da renúncia fiscal. E por fim, 
tratamos de maneira sucinta quais os setores empresariais que mais se 
beneficiaram desta política pública e como a renúncia fiscal estadual influencia nas 
contas públicas municipais. 
 
 13
1 FINANÇAS PÚBLICAS 
 
 
1.1 CONCEITOS PRELIMINARES 
 
 
O Estado para atingir seus objetivos primários, como por exemplo, 
disponibilizar para a sociedade um serviço de qualidade na saúde, educação e 
segurança, precisa de recursos suficientes para atingir cada um destes anseios. 
Para atender essa necessidade pública, o Estado busca por meio da receita pública 
os valores pecuniários suficientes para arcar com as despesas públicas criadas para 
a construção de hospitais, universidades, delegacias assim como para a contratação 
de médicos, professores, policiais, e também para a compra dos materiais de 
trabalho utilizados por estes e demais funcionários públicos. 
A receita pública é o que entra permanentemente nos cofres públicos, sejam 
bens, valores ou dinheiro. Ela é responsável pelo custeio da máquina administrativa, 
dos investimentos, dos projetos sociais. Classifica-se quanto à origem em dois tipos: 
receitas originárias, quando o Estado por intermédio de uma atividade econômica a 
qual se explora obtém o apurado; receitas derivadas, quando ocorre o 
constrangimento legal do patrimônio de pessoas privadas com o intuito de arrecadar 
os tributos, as penas pecuniárias, entre outros. Na doutrina, receita pública é 
diferente de ingresso ou entrada: 
 
Denomina-se qualquer entrada de dinheiro nos cofres públicos de entrada 
ou ingresso, mas se reserva a denominação de receita pública ao ingresso 
que se faça de modo permanente no patrimônio estatal e que não esteja 
sujeito à condição devolutiva ou correspondente baixa patrimonial (ROSA 
JUNIOR, 2003, p. 53). 
 
Dessa diferenciação temos que receita pública é espécie, sendo gênero o 
ingresso ou entrada. Os dois termos são equivalentes para a contabilidade, assim 
como para a Lei no 4.320/64 a expressão receita é empregada em sentido lato. 
As receitas classificam-se em receitas patrimoniais ou originárias e receitas 
tributárias ou derivadas. A receita originária é oriunda do exercício da atividade 
estatal que capta valores por meio da venda de seus bens e uso dos seus recursos 
 14
próprios. Já a receita derivada tem origem dos tributos pagos pelos contribuintes e 
arrecadados pelo Estado (DEODATO apud BASTOS, 1994). 
Despesa pública é o gasto de recursos na gestão pública. A doutrina aborda 
seu conceito da seguinte maneira: despesa pública é a aplicação em dinheiro 
visando a execução de uma finalidade governamental, sendo realizado por um 
agente público competente mediante prévia autorização legislativa (BALEEIRO apud 
BASTOS, 1994). Este custeio dos serviços e investimentos feitos pelo Estado deve 
atender os requisitos da oportunidade, utilidade, legitimidade, dentre outros, que irá 
compor a despesa pública de uma legalidade jurídica. 
A classificação das despesas ocorre da seguinte maneira: despesas 
meramente produtivas que criam utilidades para a sociedade através de serviços 
que não aumentam a capacidade de produção do Estado, por exemplo, os serviços 
de polícia; as despesas reprodutivas se interessam em aumentar a capacidade 
produtora do Estado, aumentando a quantidade dos bens de produção e efetuando 
investimento econômico em capital fixo, seja no cuidado da saúde dos cidadãos, 
atuação no sistema educacional, criação de locais para prestação de serviços 
públicos, infra-estrutura de estradas, pontes, ruas e saneamento básico. 
Tanto as despesas públicas como as receitas públicas são organizadas num 
documento que demonstrará o quê, quanto, onde e quando se utilizará destes 
recursos. Dá-se a este documento o nome de orçamento público. O orçamento 
possui três elementos fundamentais: i) o elemento econômico, pois demonstra um 
plano financeiro estatal, efetuando uma previsão da gestão orçamental; ii) o 
elemento político que é visto quando da autorização mediante lei orçamentária por 
parte do Legislativo, controlando a atuação do Poder Executivo; e iii) o elemento 
jurídico por se tratar de uma peça formal de validade no direito. A doutrina conceitua 
orçamento como: 
 
Instrumento de ação do Estado. Através dele é que se fixam os objetivos a 
serem atingidos [...] o Estado assume funções reais de intervenção no 
domínio econômico [ ] deixa de ser mero documento estático de previsão 
de receitas e autorização de despesas para se construir no documento 
dinâmico solene de atuação do Estado perante a sociedade, nela intervindo 
e dirigindo seus rumos (grifo nosso) (OLIVEIRA; HORVATH, 2001, p. 89). 
 
A norma Constitucional no Brasil apresenta três tipos de orçamentos: plano 
plurianual, diretrizes orçamentárias e orçamentos anuais (art. 165, I, II e II da CF). 
 15
Todos são de iniciativa do Poder Executivo. Temos o plano plurianual quando tratar 
de despesas de capital e programas de duração continuada, ou seja, que 
transcorram mais de um ano, acontecendo além da vigência do orçamento anual 
que lhe deu origem. As diretrizes orçamentárias traçarão as metas e prioridades 
escolhidas pela administração, servirão de base para a elaboração da lei 
orçamentária anual e demonstrarão as alterações na legislação tributária. 
As normas gerais para elaboração e controle dos orçamentos são previstas 
na Lei no 4.320/64. Trata da Lei de Orçamento que abarca a receita e a despesa 
bem como a classificação de ambas. Traz também orientação de como preparar a 
proposta orçamentária, efetiva elaboração da lei de orçamento e execução do 
orçamento. 
As receitas tributárias são os verdadeiros combustíveis para o andamento do 
orçamento público. O tributo é a receita pública derivada do patrimônio dos 
particulares, criado por lei para uma destinação pública e de prestação obrigatória, 
obedecendo princípios e competências constitucionais (MELO, 2005). É sem dúvida 
o principal instrumento de arrecadação pecuniária com intento a realização das 
despesas públicas. O artigo 3o do CTN conceitua-o assim: 
 
Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor 
nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em 
lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. 
 
A razão de ser compulsória é que ocorre uma coerção legal quando da 
ocorrência de um fato descrito na lei, diferente das obrigações voluntárias que 
ocorrem devido acordo das partes, ou seja, baseiam-se no princípio da autonomia 
da vontade. A prestação pecuniária compulsória ocorre através da obrigação 
tributária que é um liame jurídico entre o sujeito ativo (tributante) que exige uma 
prestação em dinheiro do sujeito passivo (contribuinte), baseado na vontade da lei. 
O tributo apresenta as seguintes espécies: impostos, taxas, contribuição de 
melhoria, empréstimos compulsórios econtribuições especiais. Imposto é o tributo 
cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer 
atividade estatal específica, relativa ao contribuinte (art. 16 do CTN). Classificam-se 
em direto, quando a quantia do tributo é arcada pelo contribuinte de forma exclusiva, 
por exemplo, o IPVA (art. 115, III da CF), onde o proprietário do veículo automotor 
paga o valor devido. O imposto é indireto quando a carga financeira é transferida a 
 16
terceiro, como acontece com o IPI (art. 153, IV da CF), pois o tributo tem como 
contribuinte o industrial que fabricou, sendo repassado ao adquirente do produto 
industrializado no ato da sua compra. A classificação como pessoal, ocorre quando o 
imposto leva em consideração condição particular do contribuinte, ocorrência vista 
no Imposto de Renda (art. 153, III da CF), relacionando que quanto maior o gasto 
com saúde, educação, etc., menor será o valor recolhido na tributação, pois poderá 
ser deduzido/descontado na declaração prestada ao órgão tributante. E o imposto é 
real quando o valor da coisa é eleito como parâmetro para a quantificação do tributo, 
sendo o IPTU (art. 156, I) exemplo para a propriedade territorial urbana, ou seja, 
referente aos imóveis urbanos, como casas e apartamentos (MELO, 2005). 
As taxas referem-se a prestação de serviços públicos específicos e divisíveis, 
prestados ao contribuinte, ou postos a sua disposição e ao exercício regular do 
poder de polícia do Estado (art. 145, II da CF). Serviço público é a atividade 
oferecida pelo Estado ou por quem lhe represente, no intuito de oferecer utilidade e 
comodidade aproveitada diretamente pelos administrados (MELLO apud MELO, 
2005). Os serviços públicos específicos ou singulares são os passíveis de cobrança 
de taxas pois se destinam a apenas uma pessoa ou a um número determinado de 
pessoas, por exemplo, as taxas de fornecimento domiciliar de água e gás, coleta de 
esgoto, certidões em geral, remoção de lixo, transporte coletivo etc. 
A contribuição de melhoria que a Constituição Federal dispõe em seu artigo 
145, inciso III, requer o entendimento de dois pontos principais: a realização de uma 
obra pública e a valorização imobiliária. O ente tributante irá cobrar um tributo que 
teve como motivação a geração de um custo oriundo de obra pública situada numa 
determinada região que causou a valorização dos imóveis situados na proximidade. 
O proprietário do bem imóvel que se valorizou por causa da realização desta obra 
pública será o contribuinte. 
O empréstimo compulsório tem a finalidade de atender a despesas 
extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua 
iminência e no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante 
interesse nacional (art. 148 da CF). Fato especial a este tributo é a restituição que irá 
acontecer para quem emprestou (de forma coativa) o dinheiro ao ente tributante. A 
restituição tem sentido jurídico-tributário e não apenas financeiro, pois para que se 
configure a constitucionalidade do tributo à norma que instituí-lo trará o 
procedimento de recomposição do patrimônio do contribuinte. 
 17
Por fim, temos como espécie de tributo as contribuições especiais. 
Característica básica das contribuições sociais, corporativas, interventivas, de 
seguridade social e educacional, previstas nos artigos 7o, III; 149, 149-A, 195, 212, 
§5°; 239 e 240 da CF, consiste na vinculação a fund os, entidades, categorias 
profissionais, alcançando os benefícios aos não contribuintes (MELO, 2005). 
Para se cobrar o tributo, é necessário que nasça a obrigação tributária, sendo 
esta materializada por meio da ocorrência do fato gerador. A norma descreve a 
situação que caso aconteça será a causa do nascimento da obrigação tributária. 
Esta descrição feita pela norma recebe o nome de hipótese de incidência, já o 
acontecimento verificado é chamado de fato gerador. Destacamos a diferença de 
hipótese de incidência frente ao fato gerador dada por renomado tributarista: 
 
Não obstante seja possível, em princípio, o uso das expressões hipótese de 
incidência e fato gerador indistintamente, é importante observar que a 
primeira significa a descrição, na norma, do fato que, se e quando ocorre, 
faz nascer a obrigação tributária, enquanto a segunda designa a própria 
ocorrência, no mundo fenomênico, daquilo que na norma está descrito 
(MACHADO, 1999, p. 20). 
 
Descrevemos o caminho que se segue para o nascimento de um tributo 
assim: certa hipótese de incidência está descrita em lei e sendo realizada, cria-se o 
fato gerador (fato jurídico) determinando a incidência do tributo e o nascimento da 
obrigação tributária. A obrigação tributária pode ser principal ou acessória. A 
obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o 
pagamento do tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se com crédito dela 
decorrente (§1o do art. 113 do CTN), visualiza-se uma obrigação de dar, quando do 
recolhimento de valores pelos particulares aos cofres públicos. A obrigação 
acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas 
ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos 
tributos (§2o do art. 113 do CTN), neste caso vimos uma obrigação de fazer, não 
fazer e de tolerar, pois estão inclusos os comportamentos dos administrados 
(contribuintes, responsáveis, etc.) para que se registre e documente fatos que 
tenham interesse tributário, como a emissão de notas fiscais, escrituração de livros, 
auxílio nas fiscalizações com fornecimento de informações necessárias quando 
solicitadas pelos agentes e auditores (MELO, 2005). 
 18
Porém, o tributo só poderá ser exigido do sujeito passivo após a constituição 
do crédito tributário, que se dá mediante o lançamento. 
 
 
1.2 CRÉDITO TRIBUTÁRIO 
 
 
O tributo é o elemento principal ou a essência da composição da receita 
pública. Por isso, o Poder Público não pode abrir mão ou dispor da arrecadação 
destes recursos. A arrecadação dos tributos ocorre a partir do surgimento do crédito 
tributário como demonstraremos a seguir. A constituição do crédito tributário ocorre 
com o lançamento. A doutrina assim o conceitua: “Lançamento é o procedimento 
administrativo pelo qual se formaliza a obrigação tributária nascida abstratamente na 
lei e concretizada com a ocorrência do fato gerador” (ROSA JUNIOR, 2003, p.606). 
O ente público por meio de seus agentes é responsável pelos procedimentos que 
visam a criação do crédito tributário. Não pode o Estado se afastar desse ônus. O 
caminho que se segue para a constituição do crédito tributário é bem claro ainda no 
CTN: 
 
Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o 
crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento 
administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação 
correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do 
tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação 
da penalidade cabível. 
Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e 
obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. 
 
A lei tributária determinou a competência para a constituição do crédito 
tributário, conceituando lançamento, e os passos para individualizar a obrigação 
tributária mediante indicação da matéria tributária, cálculo para apuração do valor a 
ser pago, e identificação do sujeito que irá pagar, bem como concluindo que trata-se 
de um dever administrativo o procedimento do lançamento e não uma mera 
faculdade. A doutrina traça a conceituação do crédito tributário, como colocamos 
adiante: 
 
O crédito tributário nada mais é do que a própria obrigação tributária 
principal formalizada pelo lançamento, ou seja, [...] a conversão dessa 
 19
obrigaçãoilíquida em líquida e certa, exigível no prazo estatuído na 
legislação tributária (HARADA, 2007, p. 507). 
 
A obrigação tributária é autônoma referente ao crédito tributário, visto que ela 
pode existir sem este, mas o contrário não poderá ocorrer (HARADA, 2007). Estão 
os dois termos intimamente ligados quanto ao objetivo elementar de arrecadar o 
tributo. O passo a passo para que isso ocorra é devidamente elencado pelas leis 
tributárias. Assim como as formas de suspensão, extinção e exclusão do crédito 
tributário. 
A suspensão é uma interrupção temporária do crédito tributário, um 
adiamento a possibilidade de efetuar sua cobrança ao contribuinte obrigado a 
recolher o tributo. O CTN elenca os casos: 
 
Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: 
I - moratória; 
II - o depósito do seu montante integral; 
III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do 
processo tributário administrativo; 
IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança. 
V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras 
espécies de ação judicial; 
VI – o parcelamento. 
Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento das 
obrigações assessórios dependentes da obrigação principal cujo crédito 
seja suspenso, ou dela conseqüentes. 
 
A suspensão atinge a exigibilidade do crédito tributário. O art. 151 acima dá 
significado ao termo exigibilidade quanto à possibilidade jurídica de cobrança judicial 
desse crédito (MACHADO, 2005). É evidente que só se pode suspender a 
exigibilidade de um crédito tributário quando este já esteja constituído. Logo, 
entende-se que o crédito tributário já está formado, “continua intacto desde sua 
constituição definitiva pelo lançamento1, notificado ao sujeito passivo” (HARADA, 
2007, p. 513). 
A extinção acontece quando o crédito tributário existente, devidamente 
lançado e exigido, vem a deixar de existir com o acontecimento de um dos casos 
enumerados no CTN: 
 
 
1
 Não há dúvidas que o lançamento foi realizado antes da suspensão do crédito tributário. A Fazenda efetua o lançamento visto 
que as situações trazidas no art. 151 não são impeditivas para este procedimento; só se pode suspender um crédito quando 
ele já esteja exigível. 
 20
Art. 156. Extinguem o crédito tributário: 
I - o pagamento; 
II - a compensação; 
III - a transação; 
IV - remissão; 
V - a prescrição e a decadência; 
VI - a conversão de depósito em renda; 
VII - o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos 
do disposto no artigo 150 e seus §§ 1º e 4º; 
VIII - a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do 
artigo 164; 
IX - a decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na 
órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória; 
X - a decisão judicial passada em julgado. 
XI - a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições 
estabelecidas em lei. 
 
Das formas extintivas do crédito tributário expostas acima, a remissão é a que 
mais nos interessa por ser um dos tipos de renúncia fiscal. 
A exclusão do crédito tributário dá-se pela isenção e pela anistia (art. 175 do 
CTN). Ambas as formas são tratadas em espécies de renúncia fiscal. Já para 
entender o termo exclusão temos que fazer uma interpretação no tocante ao 
impedimento da constituição do crédito tributário, colocando-se como exceção à 
regra estabelecida no art. 142, parágrafo único, do CTN, que obriga a administração 
realizar o lançamento (ROSA JUNIOR, 2003). 
O nascimento do crédito tributário é interrompido pela maioria dos tipos de 
renúncias de receitas, ocasionando a diminuição da receita pública por 
consequência. Esta conclusão imediata de que ocorre uma redução na receita é 
combatida pelos defensores da política governamental de renúncias fiscais, 
justificando-se na contrapartida benéfica que pode ocorrer com esta situação. 
 21
2 RENÚNCIA DE RECEITA PÚBLICA 
 
 
2.1 CONCEITO E DISTINÇÕES 
 
 
A palavra renunciar, de origem latina renuntiare, significa “abrir mão de, não 
querer, desistir da posse de” (Dicionário Larousse Cultural, 2000, p.782). Logo, 
Renúncia de Receita Pública é o ato em que o governo recusa-se a arrecadar 
determinada receita por orientação de lei. Como o tributo é majoritário nesta receita, 
temos uma expressão mais conhecida que é a Renúncia Fiscal, relativo ao fisco, 
tesouro público, erário. Em nosso trabalho utilizaremos as duas expressões como 
sendo sinônimas, além do termo renúncia tributária. 
Para a doutrina, as renúncias fiscais equivalem a gastos tributários, uma vez 
que produzem os mesmos resultados econômicos da despesa pública, demandando 
uma receita tributária não recebida pelo Estado e desequilibrando o orçamento 
(TORRES apud ROSA JUNIOR, 2003). Quando o Estado estipula estes gastos está 
intervindo na sociedade mediante decisões no campo da economia. Conhecemos 
três maneiras de sua presença na sociedade com estas interferências: o 
intervencionismo fiscal, parafiscal e extrafiscal. 
O intervencionismo fiscal dá-se pela cobrança dos tributos. O Estado se 
apodera do patrimônio da coletividade com vista à necessidade de satisfazer 
interesses desta mesma coletividade. Tudo isso deve acontecer segundo 
parâmetros tributários dispostos em lei, para a segurança jurídica do contribuinte. 
A competência tributária é a aptidão para criar o tributo, sendo esta 
indelegável. Já a aptidão para arrecadar o tributo é a capacidade tributária ativa. A 
parafiscalidade é observada no instante que o titular da competência tributária 
delega, mediante lei, sua capacidade tributária ativa a outra pessoa pública ou 
privada que arrecada e fica com o produto desta arrecadação para utilizá-lo em favor 
dos seus desígnios. Os tributos costumam ser arrecadados pela mesma pessoa 
política que o institui, contudo no caso da parafiscalidade ocorre uma delegação da 
atividade de arrecadar os tributos. 
 O intervencionismo extrafiscal que o Estado pode adotar é a “intervenção por 
aumento ou diminuição da carga tributária global mediante o aumento ou diminuição, 
 22
em conjunto, da carga dos impostos, obtendo-se resultados econômicos válidos” 
(DUVERGER apud ROSA JUNIOR, 2003, p. 9). A diminuição de alíquotas e/ou base 
de cálculo dos tributos irá tornar o produto atrativo para o consumo, como acontece 
com os livros, jornais dentre outros produtos que o governo busca disseminar pela 
sociedade. Já o aumento visa onerar o produto com o intuito de dificultar o consumo, 
como acontece com a tributação de cigarros. 
A renúncia fiscal tem caráter de extrafiscalidade, pois sua finalidade não é a 
de apenas abastecer os cofres públicos como ocorre com a fiscalidade, e sim a de 
atingir objetivos sociais, políticos ou econômicos. Mediante a outorga de renúncia 
fiscal o Estado tem o interesse de incentivar ou favorecer determinados setores, 
atividades, regiões ou agentes da economia. 
A renúncia fiscal não se confunde com a não-incidência. A não-incidência 
tributária é tudo aquilo que não esteja descrito como hipótese de incidência. Deve-se 
consultar a lei para verificar o que está tipificado como tributo, o que não estiver 
enseja uma situação de não incidência. Podem ocorrer casos em que o legislador 
preferiu dizer de forma expressa a hipótese de não-incidência, tendo o intuito 
orientador e preventivo quanto a possíveis querelas que poderiam aparecer para o 
caso. 
Temos como exceção a renúncia de receita o disposto no inciso II do art.14, 
§3o da LRF que se refere a uma questão de economia processual, quando ao 
verificar que os custos de cobrança são maior que o próprio débito, pode a 
administração efetuar o cancelamento desta dívida tributária, afastando de qualquer 
responsabilização quem assim proceder.2.2 COMPETÊNCIAS PARA SUA CONCESSÃO E CONTROLE 
 
 
O constituinte e os legisladores das normas infra-constitucionais tributárias 
dedicaram atenção quanto a responsabilidade de cada pessoa no tocante ao 
caminho que se segue desde a criação do tributo, passando por sua descrição legal, 
arrecadação e utilização para os objetivos propostos pelo Estado. A competência é a 
capacidade que certos entes políticos detêm para desempenhar uma atribuição 
 23
definida por lei. No caso da competência tributária tem origem da Constituição 
Federal. 
A competência para concessão da renúncia fiscal é do mesmo ente que 
detém a competência tributária para criar o tributo renunciado, recaindo então sobre 
as pessoas políticas de Direito Público interno (União, Estados, Distrito Federal e 
Municípios). Esta titularidade é traçada de maneira harmônica pela Constituição 
Federal que concretizando o caráter federal do Estado Brasileiro distribuiu as 
competências para os entes federados. Ela é disciplinada pelo Direito, mediante 
regras preceituadas na Constituição, afastando-se da utilização do termo “poder 
tributário” que dá a ideia de algo absoluto e que não pode ser contestado. 
A competência de legislar sobre impostos estaduais, por conseguinte a de 
renunciar tais tributos, é dos Estados-membros e Distrito Federal. A renúncia de 
receita estadual concentra-se nos seguintes impostos elencados no artigo 155 da 
CF: 
 
• Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e 
Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de 
Comunicação (ICMS) tratado, na Paraíba, pela Lei Estadual no 6.379/96, onde 
aborda os pontos específicos deste tributo; 
• Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e Doação de quaisquer bens ou 
direitos (ITCMD) instituído, na Paraíba, pela Lei Estadual no 5.123/89; 
• Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) tratado, na 
Paraíba, pela Lei Estadual no 7.131/02. 
 
As leis referentes aos impostos citados acima constam, respectivamente, nos 
anexos F, G e H. 
Não pode ocorrer sobreposição de competências, como num caso em que o 
Estado isenta imposto que é de competência Municipal ou vice-versa, 
desrespeitando assim o princípio federativo encontrado no art. 151, III da CF, onde 
proíbe à União a concessão de isenções de tributos estaduais e municipais, como 
preleciona a doutrina: 
 
A Constituição atual veda a isenção heterônima, ou seja, a concedida por 
ente político não titular de competência tributária, só admitindo a isenção 
 24
autônoma, ou seja, concedida pelo ente político que tenha competência 
para instituir o tributo objeto de isenção (ROSA JUNIOR, 2003, p.318-319). 
 
Para manter-se o equilíbrio financeiro estatal, não basta apenas instituir 
tributos e renunciá-los, deve-se manter o controle sobre estas ações administrativas, 
tanto pelos órgãos definidos por lei como por qualquer cidadão que tome 
conhecimento de algum comportamento governamental danoso ao patrimônio 
público. O art. 70 da CF, e por coincidência o artigo de mesma numeração na 
Constituição Estadual da Paraíba, trata dos responsáveis pela fiscalização das 
renúncias fiscais, que se dá por meio de dois mecanismos, o de controle externo e o 
de controle interno. O controle externo da execução orçamentária será exercido pela 
Assembléia Legislativa, contando com o auxílio do Tribunal de Contas do Estado 
(TCE), enquanto que o controle interno se dará de forma integrada dos três poderes, 
quais sejam, o Legislativo, Executivo e Judiciário (art. 71 da CF e 76 da CEst). A 
Controladoria Geral do Estado da Paraíba (CGE/PB) funciona como órgão vinculado 
ao poder executivo para exercer o controle interno. Devemos destacar também o 
papel do Ministério Público como fiscal da lei que deve manter-se atento quanto à 
obediência das renúncias de receitas às suas leis instituidoras. Com a atuação 
eficiente destes órgãos, temos a aplicação do princípio da transparência fiscal que 
visa a prestação de contas da administração tornando as informações públicas e de 
fácil acesso para consulta. 
Recentemente tivemos uma notícia publicada em portal da internet onde 
ocorreu uma demonstração de controle referente a uma renúncia de receita ocorrida 
na Paraíba. A Procuradoria Geral do Estado da Paraíba sendo o órgão de 
representação e defesa dos interesses do Estado em juízo, impetrou uma ação por 
improbidade administrativa contra o ex-governador Cássio Rodrigues da Cunha Lima 
e o ex-secretário de Estado da Receita, Milton Gomes Soares. A medida se refere 
ao Programa ‘Gol de Placa’, instituído pela Lei nº. 7.727, de 6 de maio de 2005, que 
liberou cerca de R$ 3,5 milhões para clubes de futebol nos exercícios de 2005 a 
2009 sem a dotação orçamentária exigida (CAÇA, 2009). 
 
 
2.3 REGIME LEGAL E ESPÉCIES 
 
 
 25
A Fazenda Pública só poderá cobrar qualquer tributo quando existir uma 
autorização definida em lei (CARRAZZA, 2005). Este entendimento é efeito do 
princípio da legalidade tributária, que limita o poder de tributar do ente político com o 
intuito de proteger o contribuinte de surpresas desagradáveis, como a instituição de 
um tributo por um caminho diferente do que é seguido quando da edição de uma lei. 
Este princípio da reserva legal aparece positivado nos artigos 150, I da CF e art. 9o, I 
do CTN. 
Resultado do princípio acima é o princípio da especificidade e exclusividade 
das leis tributárias benéficas, orientando que a outorga da renúncia fiscal tem que 
ser específica, para cada tributo renunciado uma lei para regulá-lo, sendo criada 
pela pessoa política competente para a matéria. Trouxe a Carta Magna, em seu art. 
150, § 6o, o seguinte: 
 
Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de 
crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou 
contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal, 
estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima 
enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do 
disposto no art. 155, § 2o, XII, g. 
 
Já a exigência de constar demonstrativo regionalizado do efeito sobre as 
receitas e despesas, decorrentes das renúncias fiscais é fruto do princípio da 
universalidade orçamentária, onde as leis do orçamento (LDO e LOA) trarão além da 
receita e despesa bruta, as previsões de renúncia de receitas do mesmo modo. 
Extraímos o art. 165, § 6o da CF para comprovar este requisito normativo: 
 
O projeto de lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo 
regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrente de 
isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, 
tributária e creditícia. 
 
A Lei de Responsabilidade Fiscal trouxe também as exigências que o 
administrador público deve se atender quando se concede a renúncia fiscal, como 
colocamos abaixo: 
 
Art. 4o A lei de diretrizes orçamentárias atenderá o disposto no § 2o do art. 
165 da Constituição e: 
[...] 
§ 2o O Anexo conterá, ainda: 
[...] 
 26
V - demonstrativo da estimativa e compensação da renúncia de receita e da 
margem de expansão das despesas obrigatórias de caráter continuado. 
 
E traz ainda seção específica a respeito do tema: 
 
Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza 
tributária da qual decorra renúncia de receita deverá estar acompanhada de 
estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva 
iniciar sua vigência e nos dois seguintes, atender ao disposto na lei de 
diretrizes orçamentárias e a pelo menos uma das seguintes condições: 
I - demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada na 
estimativa de receita da lei orçamentária, na forma do art. 12, e de que não 
afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo próprioda lei de 
diretrizes orçamentárias; 
II - estar acompanhada de medidas de compensação, no período 
mencionado no caput, por meio do aumento de receita, proveniente da 
elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação 
de tributo ou contribuição. 
§ 1o A renúncia compreende anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, 
concessão de isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou 
modificação de base de cálculo que implique redução discriminada de 
tributos ou contribuições, e outros benefícios que correspondam a 
tratamento diferenciado. 
§ 2o Se o ato de concessão ou ampliação do incentivo ou benefício de que 
trata o caput deste artigo decorrer da condição contida no inciso II, o 
benefício só entrará em vigor quando implementadas as medidas referidas 
no mencionado inciso. 
 
Quanto à divisão legal da renúncia fiscal temos seis espécies explícitas e uma 
exemplificativa como elenca o artigo 14, §1o da LRF que traz a isenção, anistia, 
remissão, subsídio, crédito presumido, alteração de alíquota e modificação de base 
de cálculo, e outras formas de renúncia. Vejamos a seguir cada uma delas. 
 
 
2.3.1 Isenção 
 
 
Quando um dos fatos inclusos numa determinada hipótese de incidência 
tributária, venha a ser excluído por uma lei da incidência do imposto, ou ainda 
quando estabelecer que pessoas ou grupo de pessoas não devem certo tributo, 
temos a estipulação de uma isenção tributária. O fato gerador é excluído (BECKER; 
BORGES apud BARBOSA, 2004). 
Entretanto, existe entendimento doutrinário diverso (SOUZA; FALCÃO apud 
BARBOSA, 2004) onde lecionam que a obrigação tributária existe pois ocorre o fato 
 27
gerador e é dispensado o débito tributário. Esta corrente, considerada clássica, não 
é a mais aceita atualmente. 
A lei que concede isenção deve especificar as condições e os requisitos para 
quem pode usufruir deste benefício. Temos duas formas de isenção: a de caráter 
geral, quando atinge determinada categoria de contribuintes, bastando a lei para que 
ocorra, independente de requisição do contribuinte e ato ou controle da 
administração; e a de caráter não geral2, exigindo esta forma que o interessado faça 
requerimento perante a autoridade que verificará se ele faz jus, ou seja, se preenche 
as condições legais. Em caso positivo será deferido o pedido (art. 179, do CTN). 
Compete esclarecer sobre a especificidade feita no § 1o do art. 14 da LRF, tão 
somente para isenção em caráter não geral é que ocorre a renúncia de receita. 
Podemos distinguir a isenção da imunidade pois esta é tratada como uma 
limitação constitucional ao poder de tributar servindo como obstáculo à incidência da 
norma de tributação (MACHADO, 1999). O tipo de norma servirá como referencial 
distintivo; se parte da Constituição temos uma imunidade e caso a regulamentação 
vier de norma infra-constitucional é uma situação de isenção. Na imunidade, a 
competência das pessoas de Direito Público interno em instituir tributos é excluída 
como o intuito de proteger diversos valores sociais tidos como de interesse nacional, 
por exemplo, as atividades religiosas, o funcionamento de instituições educacionais, 
assistenciais e de filantropia é dotado de algum tipo de imunidade tributária. 
 
 
2.3.2 Anistia 
 
 
Vejamos um conceito doutrinário: 
 
A anistia é um benefício que visa excluir o crédito tributário na parte relativa 
à multa aplicada pelo sujeito ativo ao sujeito passivo, por infrações 
cometidas por este anteriormente à vigência da lei que o concedeu 
(CASSONE apud BARBOSA, 2004, p. 330). 
 
A anistia é um tipo de exclusão de crédito tributário previsto no art. 175, I e 
nos arts. 180 a 182 do CTN. A lei que concede anistia abarca apenas as multas 
 
2
 Sinônimos de isenção não geral é a isenção especial, isenção particular, ou ainda isenção específica. 
 28
oriundas da falta do pagamento dos tributos, ou a valores estabelecidos a um 
montante limite, dispensando o pagamento das penalidades (não inclusas as 
criminosas) advindas da obrigação tributária descumprida pelo contribuinte. O 
pagamento desta pena pecuniária é tida como uma obrigação tributária acessória, 
pois tem o intuito de desestimular o contribuinte a práticas desonestas ou do 
descumprimento da obrigação tributária principal. Essas penalidades foram 
praticadas antes da vigência da lei concedente de anistia, logo este benefício tem 
efeitos ex tunc3. Subsiste o débito referente ao valor do tributo, uma vez que só a 
infração administrativa foi anistiada, concedendo-a antes da constituição do crédito 
tributário. 
 
 
2.3.3 Remissão 
 
 
Remissão tem o sentido do credor perdoar a dívida fiscal de forma gratuita, ou 
ainda, consiste na “liberação graciosa da dívida” (BEVILÁQUA apud BORBA, 2004, 
p. 349). Não se confunde com a palavra remição que significa o ato de resgatar uma 
dívida. 
O instituto da remissão surge sempre após o lançamento, sendo um tipo de 
extinção do crédito tributário conforme art. 156, IV do CTN. A dívida fiscal em que a 
remissão atua compreende o quantum debeatur (valor do tributo, principal) mais as 
penalidades (custas pela mora, acessório), diferente da anistia que é forma de 
exclusão do crédito tributário e só perdoa a penalidade pecuniária. Critérios para que 
a autoridade administrativa efetue a concessão de remissão total ou parcial do 
crédito tributário estão observados nos incisos do art. 172 do CTN, onde se deve 
atender: à situação econômica do sujeito passivo; ao erro ou ignorância escusáveis 
do sujeito passivo, quanto a matéria de fato; à diminuta importância do crédito 
tributário; a considerações de eqüidade, em relação com as características pessoais 
ou materiais do caso e a condições peculiares a determinada região do território da 
entidade tributante. 
 
 
 
3
 Ex tunc significa dizer que é “retroativo” à data que ocorreu o fato. 
 29
2.3.4 Subsídio 
 
 
Entende-se subsídio como uma concessão de dinheiro feita pelo governo 
para empresas com o intuito de aumentar suas rendas, seja pela diminuição de 
preços dos seus produtos, que leva ao aumento das vendas, ou para estimular a 
exportação no país. Os subsídios são muitas vezes concedidos por motivos sociais, 
militares, políticos ou não-econômicos. 
Já com o objetivo de satisfazer necessidades públicas que visam o bem estar 
social quanto a promoção de educação, saúde, cultura e lazer, o ente estatal auxilia 
empresas, instituições ou entidades que promovam obras de interesse coletivo por 
meio de patrocínio pecuniário, denominando-se esta ação de subvenção. Vejamos 
exemplo literal na Lei no 4.320/64: 
 
Art.12 [...] 
§ 3o Consideram-se subvenções, para os efeitos desta lei, as transferências 
destinadas a cobrir despesas de custeio das entidades beneficiadas, 
distinguindo-se como: 
I - subvenções sociais, as que se destinem a instituições públicas ou 
privadas de caráter assistencial ou cultural, sem finalidade lucrativa; 
II - subvenções econômicas, as que se destinem a empresas públicas ou 
privadas de caráter industrial, comercial, agrícola ou pastoril. 
 
A Lei que traça as normas gerais sobre elaboração e controle dos 
orçamentos, trouxe a subvenção como um tipo de transferência corrente incluída na 
classificação das despesas correntes. As subvenções destinam-se a atender à 
manutenção de outras entidades de direito público ou privado, ou seja, os valores 
pecuniários transferidos devem cobrir despesas de custeio operacional das 
entidades beneficiadas (MACHADO JUNIOR, 2001). Temos duas categorias de 
subvenções: a social e a econômica. 
A subvenção social tem o objetivo de atender instituições que não objetivam 
lucro, e possuem obras assistenciais e culturais.Ocorre a suplementação aos 
recursos de origem privada aplicados na prestação de serviços essenciais de 
assistência social, médica e educacional, conforme preceitua o art. 16 da Lei no 
4.320/64. As instituições para serem aptas ao recebimento deste benefício devem 
obter o aval dos órgãos oficiais de fiscalização quanto a suas condições de 
funcionamento (art. 17 da Lei no 4.320/64). Não poderia o ente público desperdiçar o 
 30
erário com entidades que se encontram na precariedade e que não tenham 
demonstrado o resultado financeiro dos recursos públicos captados (art. 74, II da 
CF). 
A subvenção econômica alcança as empresas que buscam obter lucros em 
sua atividade. Objetiva a cobertura dos déficits de manutenção das entidades da 
Administração indireta, bem como cobrir a diferença entre os preços de mercado e 
os preços de revenda, pelo governo, de gêneros alimentícios ou outros materiais, e 
ainda a respeito do pagamento de bonificações a produtores de determinados bens 
(MACHADO JUNIOR, 2001). O subsídio e a subvenção têm objetivos diferentes. O 
subsídio visa a estimular setores da economia ou beneficiar consumidores, e a 
subvenção tem como objetivo auxiliar instituições que têm atividades similares às do 
Estado. 
 
 
2.3.5 Crédito Presumido 
 
 
Presumir significa “julgar segundo certas probabilidades, supor, suspeitar” 
(DIC MICHAELIS UOL). Qualificando-se como presumido, assume o crédito esta 
adjetivação quando ele pertence ao Estado e é transferido para o contribuinte parte 
deste crédito, mediante adoção de um percentual fixo sobre ele. Ou ainda, “Crédito 
fiscal presumido é aquele que não representa montante do imposto cobrado na 
operação anterior” (BARBOSA, 2004, p. 331). 
O crédito presumido é um incentivo fiscal oferecido pelo Estado para algumas 
operações, que reduz um tributo a ser pago pela empresa. Ou seja, se o Estado 
concede um crédito presumido do imposto de 60%, a empresa só pagará 40% do 
imposto devido. É tido como renúncia de receita, quando o percentual fixado como 
forma simplificada de apuração do imposto for maior que um crédito considerado 
normal para o segmento beneficiado, visto que dessa maneira causa perda de 
arrecadação. 
 
 
2.3.6 Alteração de Alíquota ou Modificação de Base de Cálculo 
 
 31
 
Trataremos da renúncia fiscal que acontece mediante alteração dos dois 
aspectos quantitativos do tributo: a base de cálculo e a alíquota. Ambos “constituem 
a dimensão da obrigação pecuniária, positivando o quantum devido pelo 
contribuinte/responsável, ou seja, o efetivo valor a ser recolhido aos cofres públicos” 
(MELO, 2005, p. 218). O legislador quando elaborar normas constitutivas de tributos 
deve determinar a base de cálculo e a alíquota que serão utilizadas para obter o 
valor exato a ser recolhido aos cofres públicos. O produto da multiplicação entre a 
alíquota e a base de cálculo resulta no montante a pagar como tributo. 
Base de cálculo é a unidade de medida ou o valor pertinente a materialidade 
onde incidirá a alíquota. Tal matéria sobre a qual poderá incidir o tributo diz respeito 
a um fato, estado, negócio, serviço público, enfim, conforme disciplina a norma 
tributária. A modificação de base de cálculo expressa na norma que regula a 
responsabilidade fiscal sobre a renúncia de receita refere-se a redução deste valor, 
resultando consequentemente numa perda de receita imediata. 
O termo alíquota, para o Direito Tributário, designa “um determinado 
percentual aplicável sobre a base de cálculo” (MELO, 2005, p. 218). 
Costumeiramente é aplicado para determinação dos impostos, mas há possibilidade 
do uso de alíquota para taxas, contribuições de melhoria e contribuições especiais. 
A diminuição da alíquota resulta em renúncia fiscal, uma vez que implica em 
redução discriminada de tributos ou contribuições. Encontramos por muitas vezes o 
uso da expressão “alíquota zero”, que na verdade é uma outorga de isenção 
tributária, pois ao multiplicar a base de cálculo por uma alíquota de valor zero temos 
um resultado nulo. Estipular o valor de uma alíquota para zero é mudar o seu 
objetivo principal que é o de apurar com base num percentual válido o valor devido 
do tributo. Desrespeita-se neste caso o princípio da legalidade, mesmo que a 
Constituição Federal permita a mudança de alíquotas de alguns tributos pelo 
Executivo, pois para instituir uma isenção, mesmo disfarçada por um nome diferente 
(“alíquota zero”), deve-se editar uma lei especial, como já comentado no presente 
estudo. Exceção de alteração de alíquota que não implica em renúncia de receita 
referente a impostos é encontrada no art. 14, §3o, I da LRF4. 
 
 
4
 Dispõe do caso em que o Poder Executivo da União tem a faculdade de alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos 
incisos I, II, IV e V do art. 153 da Constituição Federal. 
 32
 
2.3.7 Outras Formas de Renúncia 
 
 
Qualquer benefício que corresponda a tratamento diferenciado será uma nova 
forma de renúncia de receita. A intenção do legislador em concluir o parágrafo 
primeiro do artigo 14 da LRF com uma expressão “qualquer benefício” foi de torná-lo 
exemplificativo. Poderá surgir um novo tipo de renúncia fiscal, tendo nomenclatura 
diversa, entretanto, basta ter tratamento diferenciado para obter a atenção do 
dispositivo legal supracitado e que privilegie ou beneficie individualmente certo 
contribuinte. Exemplo é a “manutenção de crédito” (anexo A, p. 74) tratada no art. 87 
do RICMS/PB5, incluída no capítulo da Lei que trata da sistemática de apuração do 
imposto, elencando diversas situações em que não se exigirá o estorno do crédito 
quando relativo: às mercadorias e serviços que venham a ser objeto de operações 
ou prestações destinadas ao exterior; à entrada de mercadorias ou dos respectivos 
insumos objeto de saídas internas de casulo do bicho-da-seda (Convênio ICMS 
76/93); etc. 
 
5
 Regulamento do ICMS da Paraíba (Decreto no 18.930, de 19 de junho de 1997). Disponível em 
<http://www.receita.pb.gov.br/regicms.php>. Acesso em 22 nov. 2009. 
 33
3 METODOLOGIA 
 
 
 3.1 TIPO DE PESQUISA 
 
 
Quanto à finalidade, ou seja, para alcançar os objetivos pretendidos, adotou-
se a pesquisa descritiva (SELLTIZ apud MARCONI; LAKATOS, 2009), com o intuito 
de observar, registrar e analisar as renúncias fiscais e os principais índices 
econômicos, correlacionando-os. Quanto ao objeto, foi utilizada a pesquisa 
bibliográfica (RUMMEL apud MARCONI; LAKATOS, 2009) pelo fato de se analisar 
documentos escritos, que são as tabelas com os valores das estimativas de 
Renúncia Fiscal, PIB, RAIS e CAGED, todos os dados referentes ao Estado da 
Paraíba; estas tabelas constam, respectivamente, nos anexos A, B, C e D. 
Os três indicadores econômicos tratados foram o PIB, a RAIS e o CAGED, 
sendo que o primeiro reflete uma relação mais ampla dos impactos da renúncia 
fiscal na economia paraibana, já os dois últimos indicadores informam a evolução do 
trabalho formal, tendo o enfoque dos efeitos econômicos que a renúncia fiscal causa 
na empregabilidade. 
O PIB representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e 
serviços finais produzidos numa determinada região (quer seja, países, estados, 
cidades), durante um período determinado (no nosso caso anual). O PIB é um dos 
indicadores mais utilizados na macroeconomia6 com o objetivo de mensurar a 
atividade econômica de uma região. Na sua contagem, consideram-se apenas bens 
e serviços finais, excluindo da conta todos os bens de consumo intermediário 
(insumos7). Isso é feito com o intuito de evitar o problema da dupla contagem, 
quando valores gerados na cadeia de produção aparecem contados duas vezes na 
soma. 
O CAGED (Cadastro Geral de Empregadose Desempregados) constitui 
importante fonte de informação do mercado de trabalho de âmbito nacional e de 
periodicidade mensal. Foi criado como instrumento de acompanhamento e de 
 
6
 A macroeconomia é o setor da ciência econômica responsável pelo estudo de fatores globais relacionados aos recursos 
produtivos de âmbito regional ou nacional. 
7
 Insumo é tudo aquilo usado para produzir um determinado bem ou serviço, como ocorre com as matérias-primas, mão-de-
obra, energia e tributos, que são transformadas e utilizadas para se obter o produto final. 
 34
fiscalização do processo de admissão e de dispensa de trabalhadores regidos pela 
CLT, com o objetivo de assistir os desempregados e de apoiar medidas contra o 
desemprego (CAGED, 2009). Trabalharemos com a variação do saldo de empregos 
(total de admissão menos o total de desligamento) em relação ao total de 
empregados. 
A RAIS (Relação Anual das Informações Sociais) é um Registro 
Administrativo, de periodicidade anual, criada com a finalidade de suprir as 
necessidades de controle, de estatísticas e de informações às entidades 
governamentais da área social. Constitui um instrumento imprescindível para o 
cumprimento das normas legais, como também é de fundamental importância para o 
acompanhamento e a caracterização do mercado de trabalho formal (RAIS, 2009). 
Segue quadro constando suas principais diferenças: 
 
QUADRO I 
COMPARATIVO ENTRE RAIS E CAGED 
Item Indicadores RAIS CAGED 
Levantamento Anual Mensal 
Tipo de vínculo Qualquer tipo: estatutários, celetistas, 
temporários, avulsos; 
apenas os celetistas 
Abrangência todos os empregados do ano base em 
31/12 e movimentação dos admitidos 
e desligados mês a mês 
apenas a movimentação 
de admitidos e 
desligados 
Obrigatoriedade todos os estabelecimentos, mesmo 
aqueles que não apresentaram 
movimentação 
apenas os 
estabelecimentos que 
apresentaram 
movimentação 
Útil para 
estudos 
estruturais do mercado de trabalho 
formal 
de análise de conjuntura 
do mercado de trabalho 
formal 
FONTE: < http://www.mte.gov.br/pdet/o_pdet/reg_admin/comparativo.asp>. Acesso em: 18 out. 
2009 
 
 
3.2 UNIVERSO E AMOSTRA 
 
 
O universo ou população utilizada foram os valores da renúncia fiscal, PIB, 
RAIS e CAGED do Estado da Paraíba nos anos de 2006, 2007 e 2008. 
 35
Concentramos a pesquisa nestes anos devido a dificuldade na coleta das 
informações atuais referentes ao ano de 2009 quanto aos índices econômicos do 
PIB, RAIS e CAGED, visto que o Instituto Estadual responsável pela divulgação 
dessas informações não publica os dados no mesmo ano. Como também se 
trouxéssemos os anos de 2005 e 2004 causariam uma dificuldade maior pelo grande 
volume de informações a serem trabalhadas. 
São muitos os tipos de renúncia fiscal, de tal forma que ficaria inviável se 
trabalhar com todas elas. Por isso, tomamos como amostra na pesquisa, as 
renúncias de receita orçadas que atingissem o valor igual ou maior que R$ 500 mil 
(Quinhentos mil Reais) em qualquer um dos anos estudados, totalizando uma 
representatividade média de 76% do universo, conforme demonstrado no apêndice 
A, que indica cada item referente ao tipo de renúncia fiscal extraída para a 
classificação. O processo adotado foi o da amostragem não probabilista por 
tipicidade (MARCONI; LAKATOS, 2009) que considera um subgrupo típico, quando 
este possui um conjunto de propriedades comuns possível de alterar a característica 
da população como um todo quando se altera a comunidade típica. Sua escolha se 
deu porque os erros de amostragem e desvios não podem ser computados já que se 
trata de uma técnica não probabilista. 
Para a organização dos subgrupos adotamos o CNAE/80 do IBGE que é uma 
base de dados utilizada para classificar as atividades econômicas conforme exposto 
no anexo E. Com isso classificamos os benefícios fiscais por setor de atividade 
econômica conforme suas características principais. Na RAIS agrupamos como 
Indústria os dois setores: Indústria de Transformação e Serviços Industriais de 
Utilidade Pública. 
Excluímos da amostra duas situações. A primeira foi o custo do REFIN/FAIN 
não ser considerado no levantamento para o setor indústria, devido o seu valor ser o 
maior dentre todos os benefícios fiscais. Ele vem informado nas estimativas da 
Renúncia de Receita da LDO após todos os benefícios fiscais demonstrando o seu 
caráter especial e diferente perante os demais benefícios fiscais, sendo sua 
localização no documento imediatamente antes do total da renúncia estimada para o 
orçamento. A segunda situação não tratada foram os benefícios fiscais que se 
encaixassem na classificação como pertencente a categoria Construção Civil, visto 
que seu valor não alcançou o limite estipulado em R$ 500 mil para a compor a 
amostra da pesquisa. 
 36
 
 
3.3 TÉCNICA DE COLETA DOS DADOS 
 
 
A técnica utilizada para levantamento de dados foi a consulta de 
documentação indireta, esta se constitui em levantamento de dados em local diverso 
donde ocorreu o fenômeno registrado (MARCONI; LAKATOS, 2009). Por meio de 
uma pesquisa documental tendo como fontes primárias os sites oficiais da internet 
dos institutos responsáveis pela divulgação das informações. No portal da internet 
do IDEME/PB conseguiram-se os valores do PIB e do RAIS. No site do MTE foram 
coletados os dados referentes ao CAGED e os valores da Renúncia Fiscal da 
Paraíba foram encontrados no site da SEPLAG/PB na parte de divulgação dos 
Orçamentos Anuais. 
 
 
3.4 TÉCNICA PARA ANÁLISE DOS DADOS 
 
 
Os dados foram tabulados e criados gráficos com a utilização do software 
Microsoft Office Excel 2003. Efetuamos duas análises distintas dos dados coletados. 
Primeiro, de forma mais genérica, comparamos os quatro indicadores utilizando seus 
valores totais (universo ou população) perante os três anos estudados (2006, 2007 e 
2008), demonstramos a variação relativa de cada um dos quatro, ou seja, quanto em 
termos percentuais representou a diferença (valor absoluto de um indicador no ano 
tratado menos o valor absoluto do mesmo indicador no ano anterior) em relação ao 
valor do ano apresentado. 
Num segundo momento, de forma mais específica, comparamos a variação 
relativa apenas da renúncia fiscal e do RAIS, tratando estes dois indicadores de 
maneira segmentada por quatro setores da economia, quais sejam, indústria, 
agropecuária, serviços e comércio. Para a renúncia fiscal utilizamos a amostra 
obtida conforme explicamos anteriormente. 
 
 37
4 RENÚNCIA FISCAL NA PARAÍBA 
 
 
A economia paraibana encontra-se na 19a posição entre os 27 estados 
brasileiros8. Com a política de renúncia fiscal do governo estadual deixa-se de 
arrecadar muito dinheiro para compor as receitas orçamentárias, contudo busca-se 
obter como resultado destes incentivos tributários um retorno no crescimento 
econômico, pois as empresas e as indústrias são as principais beneficiadas, o que 
ocasiona uma melhoria social no campo da empregabilidade. Espera-se também um 
efeito “bumerangue”, onde num primeiro momento são disponibilizados incentivos 
fiscais sobre determinados tributos, para que após o crescimento do setor 
beneficiado ele aumente sua contribuição quando do pagamento dos impostos, pois 
havendo uma melhoria na sua produtividade haverá um retorno financeiro aos cofres 
públicos. Segue abaixo as Leis orçamentárias do Estado da Paraíba que trazem em 
seu conteúdo as previsões e demonstrativo do impacto da renúncia fiscal nos anos 
de 2006 a 2008. 
 
TABELA I 
LEIS ORÇAMENTÁRIAS DO ESTADO DA PARAÍBA 
ANO9 LDO LOA Decretos 
2006 7.780/05 7.944/06 26.805 
2007 8.070/06 8.171/07 27.979 
2008 8.264/07 8.485/08 29.040 
Fonte: <http://www.seplag.pb.gov.br/legislacao.php>A seguir, veremos a tabela e o gráfico da evolução das estimativas de 
Renúncia de Receita da Paraíba nos anos de 2006 a 2008. Na coluna “% da 
Variação” demonstra-se o avanço percentual em relação ao ano anterior. Com base 
nessas informações faremos comentários sobre os valores. 
 
 
 
8 Com base no PIB de 2007 apresentado pelo IDEME/PB. Disponível em <http://www.ideme.pb.gov.br 
/index.php?option=com_content&task=view&id=102&Itemid=72>. Acesso em 22 nov. 2009. 
9
 O conteúdo das leis, orçamentos e anexos estão disponíveis em: 
2006: <http://www.seplan.pb.gov.br/LOA2006/> 
2007: <http://www.seplan.pb.gov.br/LOA2007/index.htm> 
2008: <http://www.seplag.pb.gov.br/loaorcamento2008/> 
 38
TABELA II 
RENÚNCIA DE RECEITA DA PARAÍBA 
Ano Valor (R$) % da Variação 
2006 208.129.148,31 7,68 
2007 236.263.257,00 13,52 
2008 318.334.274,80 34,74 
FONTE: SEPLAG/PB, 2009 - Estimativa de Renúncia de Receita 
 
GRÁFICO I
EVOLUÇÃO DA RENÚNCIA DE RECEITA DA PARAÍBA
(milhões de Reais)
0 50 100 150 200 250 300 350
2006
2007
2008
 
FONTE: SEPLAG/PB, 2009 - Estimativa da Renúncia de Receita 
 
Os três documentos que serviram de fonte para a tabela II e gráfico I, acima 
expostos, seguem no anexo A deste trabalho. O primeiro documento traz a renúncia 
fiscal de 2006 apresentando os dados em quatro colunas. A primeira coluna traz a 
descrição da receita (tipo, impostos e espécie de renúncia); na coluna dois da tabela 
a legislação pertinente; na terceira o valor estimado a renunciar e na quarta aborda a 
vigência do benefício ou início da sua concessão. Esta formatação adotada na 
elaboração deste documento facilita a consulta bem como identifica de forma mais 
precisa o tributo renunciado e a lei que concedeu o benefício com seu prazo de 
validade. 
Já nos dois documentos seguintes que trazem os valores da renúncia fiscal 
dos anos de 2007 e 2008, ocultaram-se dois dados que vinham sendo divulgados de 
forma expressa no ano de 2006: a legislação pertinente ao tipo de renúncia fiscal e a 
data em que começou sua vigência ou início da concessão. Com isto, ficaram menos 
 39
precisos e transparentes os dados referentes aos benefícios concedidos durante 
estes dois anos. 
Comparando-se a renúncia fiscal de 2006 até 2008, houve um aumento de 
53% nestes três anos, o que implica numa forte política de benefícios fiscais 
oferecidos pelo governo no período. Por exemplo, a renúncia fiscal de 2006, que foi 
de R$ 208 milhões, representou 1% do valor do PIB da Paraíba10 que foi de 
aproximadamente R$ 20 bilhões no mesmo ano. Nos anos de 2007 e 2008 
continuou essa mesma representação percentual. 
 
 
4.1 A LRF E A TRANSPARÊNCIA NA RENÚNCIA FISCAL ESTADUAL 
 
 
É certo que a Lei de Responsabilidade Fiscal trouxe avanços na técnica 
orçamentária, equilíbrio orçamentário real, ajuste fiscal para controle das dívidas 
interna e externa etc. Contudo, o legislador não se atentou para detalhes no tocante 
ao monitoramento mais ativo da administração pública, que fosse por meios de 
mensurar o desempenho dos seus objetivos realizados e os não alcançados. 
Comenta a doutrina a respeito da edição da Lei de Responsabilidade Fiscal: 
 
Não representa uma alternativa única para o equacionamento do problema 
de necessidade de financiamentos do setor público e é bastante tímida em 
questões como: aumento efetivo de transparência, participação popular e 
avaliação de eficácia da gestão pública (RIBEIRO, 2002, p.26). 
 
Quanto à transparência orçamentária na Paraíba, a publicidade das 
informações sobre renúncia de receita é vista apenas em estimativas faltando os 
dados efetivados, para que possamos confrontar os valores renunciados ora 
programados e os que realmente ocorreram. 
Não se tem o acompanhamento pelos órgãos controladores, conforme 
verificamos em consulta realizada através do acesso aos sistemas disponibilizados 
na internet para consulta pública referente aos orçamentos estaduais. Nem no 
“SAGRES on line”11 do TCE/PB, e nem no “Contas Públicas”12 do Sistema Integrado 
 
10
 Produto Interno Bruto da Paraíba nos anos de 2006, 2007 e 2008 constam no anexo B. 
11
 Disponível em: <http://sagres.tce.pb.gov.br/estado_index.php>. Acesso em 30 out. 2009 
12
 Disponível em: <http://www.siaf.cge.pb.gov.br/SIAFWEBLIVRE/SIAFWEB>. Acesso em 30 out. 2009 
 40
de Administração Financeira (SIAF) da CGE/PB não é disponibilizado os valores da 
renúncia fiscal. 
O “Contas Públicas” foi criado recentemente seguindo orientação da LC no 
131/09 (Lei de Transparência) que alterou o art. 48 da LRF, detalhando ainda mais 
uma norma legal já existente a respeito da divulgação em meios eletrônicos. No 
mesmo sentido desta Lei Complementar já tínhamos a Lei no 9.755 que desde 1998 
trata da criação da homepage na internet do Tribunal de Contas da União. 
Já para vislumbrarmos uma participação popular de que trata o parágrafo 
único, inciso I do art. 48 da LRF, os órgãos responsáveis pelo controle, 
especialmente o governo estadual, deveria apresentar os dados referentes as 
renúncias fiscais propostas e realizadas de maneira simplificada, como também 
estimular a realização de audiências públicas, alcançando assim um efetivo 
comprometimento social tão esperado para as finanças públicas. A participação da 
sociedade viria a permitir uma avaliação da gestão pública, com critérios sobre seu 
desempenho. 
A ação do Poder Público Estadual de renunciar tributos padece de uma 
análise qualitativa dos seus resultados e de melhora na sua fiscalização. Os artigos 
56 a 58 da LRF ao disciplinar a prestação de contas examinam tão somente o 
controle da receita e os limites de despesa, não estabelecem uma avaliação das 
dimensões de eficiência, eficácia e efetividade da Gestão Pública (RIBEIRO, 2002). 
O caput do art. 14 da LRF estipula os deveres do Estado quando se aplica a 
renúncia de receita sobre seu orçamento. São três exigências sendo uma delas com 
duas alternativas. A primeira exigência é que deve se expor a estimativa do impacto 
orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois 
seguintes, para que se tenha publicidade dos valores que serão renunciados da 
receita orçamentária; a segunda exige que a renúncia de receita deve atender ao 
disposto na Lei de Diretrizes Orçamentárias; e a terceira exigência é o cumprimento 
de uma das duas condições seguintes: 
 
• Demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada na 
estimativa de receita da lei orçamentária, na forma do art. 12, e de que não 
afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo próprio da lei de 
diretrizes orçamentárias; ou 
 41
• A concessão de Renúncia de Receita deve estar acompanhada de medidas 
de compensação, no período mencionado no caput, por meio do aumento de 
receita, proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, 
majoração ou criação de tributo ou contribuição. 
 
A primeira exigência acima foi obedecida pelo governo do Estado da Paraíba 
no período de 2006 a 2008 por intermédio da elaboração da Lei de Diretrizes 
Orçamentárias e a Lei Orçamentária Anual, que trouxeram em seus anexos as 
informações das estimativas dos valores referentes ao exercício fiscal que iria dar 
início a concessão do benefício, e pela edição do Plano Plurianual para os dois 
exercícios seguintes. 
Já a segunda exigência foi cumprida quando se obedeceu o disposto nas Leis 
de Diretrizes Orçamentárias que tratavam sobre a renúncia fiscal programada pelo 
governo. Mostramos a numeração destas leis na tabela I apresentada na página 37. 
E a terceira exigência seguiu-se conforme orientou o art. 14, inciso I da LRF, 
ou seja, que na elaboração do orçamento fosse considerada

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