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SISTEMA UROGENITAL Trata-se do sistema urinário (formação e eliminação da urina) mais o sistema genital (reprodução). Tem origem a partir de mesoderma intermediário que se origina a partir da perda de conexão com os somitos ao longo do dobramento horizontal formando a crista urogenital. Esta, por sua vez, da origem ao cordão nefrogênico (22º dia, sistema urinário) e a crista gonadal (sistema genital). RINS E URETERES Embriões humanos possuem três tipos de rins ao longo do desenvolvimento: A) Pronefro → cranial, localiza-se na região do pescoço. Disfuncional, aparece na 4ª semana e comunica-se a cloaca pelos ductos pronéfricos. Regride e degenera. B) Mesonefro → provisoriamente funcional, intermediário, possui glomérulos, e túbulos mesonéfricos que se comunicam com a cloaca. Em homens, o mesonéfro regredira e formara os túbulos deferentes. C) Metanefro → Primórdio do rim definitivo, inicia seu desenvolvimento na 5ª semana, sendo que passa a ser funcional a partir da 9ª semana. Inclui o desenvolvimento dos brotos uretéricos, dos néfrons e dos vasos sanguíneos do rim. Formado por duas porções, sendo que ambas influenciam através de sinalização celular no desenvolvimento uma da outra: * Massa metanefrogênica/Blastema metanéfrico → originada a partir da porção caudal do cordão nefrogênico, sendo inicialmente curta e alongando-se ao longo do desenvolvimento, receptando o divertículo metanéfrico. Forma o córtex, a medula e a porção correspondente ao glomérulo e ao néfron (glomérulo +TCP, Alca de Henle e TCD) * Divertículo metanéfrico/ Broto uretéricos → tem origem a partir da parte distal dos ductos mesonéfricos induzidos pelo blastema metanéfrico (agregado de células do mesoderma intermediário) a partir da indução da massa metanefrogênica - GNDF. A porção caudal comunica-se com a cloaca (ureteres primitivos – conectando-se lateralmente a cloaca), enquanto a cranial adentra a massa metanefrogênica ramificando-se dando origem as estruturas que correspondem a pelve renal, cálices maiores e menores e ao túbulo coletor, em um mecanismo semelhante à morfogênese pulmonar. 11 gerações adicionais de bifurcações formam de 1 a 3 milhões de ramos, que serão os túbulos coletores dos rins. Cada néfron se origina de uma vesícula nefrogênica no interior do blastema metanéfrico, sendo derivada do mesmo, e fará contato com o túbulo coletor nele coalescendo. A vesícula néfrica se diferencia no túbulo metanéfrico (unidade funcional néfrica), que se diferenciara em TCP, Alca de Henle e TCD. Juntamente com o glomérulo (formado por ramos da artéria renal, que por sua vez é ramo da artéria dorsal) formam um néfron (nefrogênese). Cada rim, no final, apresenta 1 milhão de néfrons. Entre a 6ª e a 9ª semana, o rim metanéfrico que se localiza na região anterior ao sacro ascende em sentindo contrário ao crescimento da porção caudal, ou seja, ascende cranialmente até localizar-se na região lombar. Concomitantemente, ele sofre um giro de 90 o de maneira que o hilo que antes localizava-se ventralmente passe a se localizar medialmente. A partir da 12ª semana já ocorre formação de urina fetal, hipotônica em relação ao plasma, sendo a principal função do rim, inicialmente, o controle da composição do líquido amniótico. Agenesia Renal A agenesia renal unilateral é relativamente comum. Os homens são afetados mais frequentemente e usualmente o rim esquerdo é o que está ausente. A ausência unilateral de um rim frequentemente não causa sintomas e geralmente não é descoberta durante a infância, porque o outro rim geralmente sofre hipertrofia compensatória e executa a função do rim perdido. Deve-se suspeitar da agenesia renal unilateral em crianças com uma única artéria umbilical. A agenesia renal bilateral é associada a oligoidramnio (pequena quantidade de líquido amniótico), porque pouca ou nenhuma urina é excretada na cavidade amniótica, sendo incompatível com a vida pós-natal devido a hipoplasia pulmonar associada. Estas crianças tem uma aparência facial característica. A ausência dos rins ocorre quando os divertículos metanéfricos não se desenvolvem ou os primórdios dos ureteres degeneram. Quando o divertículo metanéfrico não penetra no mesoderma metanéfrico, os rins não se desenvolvem, porque nenhum néfron é induzido pelos túbulos coletores a se desenvolver a partir da massa metanéfrica de mesoderma intermediário. Outras anomalias: rim ectópico (local errôneo de formação do rim), rim em ferradura (rim em forma de U que se localiza na região púbica, anterior as vertebras lombares inferiores. O sistema coletor, entretanto, se desenvolve corretamente) e ureter ectópico (ureter não é incorporado ao trígono). BEXIGA URINÁRIA A bexiga urinaria é formada a partir da porção do intestino posterior (cloaca), sendo que a partir da divisão da cloaca pelo septo urorretal forma-se o seio urogenital anteriormente e o canal retal posteriormente. O seio urogenital divide-se em partes vesical cranial – comunicada com alantoide - (principal formadora da bexiga), parte pélvica (forma a uretra na mulher e a uretra prostática no homem) e a parte fálica caudal (forma o primórdio do pênis ou clitóris). Os ductos uretéricos se conectam as paredes laterais do seio urogenital, enquanto os brotos mesonéfricos se conectam a região posterior do mesmo. ÚRACO (ligamento umbilical mediano) A porção vesical do seio urogenital comunica-se com o alantoide, que prossegue até o umbigo. Ao longo do desenvolvimento do feto o alantoide é ocluído entre a 4ª e a 6ª semanas, e passa a ser chamado de úraco, sendo representado em adultos pelo ligamento umbilical mediano. ANOMALIAS: Em crianças, geralmente há persistência de um resquício da luz na parte inferior do úraco; em cerca de 50% dos casos, a luz e continua com a cavidade da bexiga. Remanescentes do revestimento epitelial do úraco podem dar origem aos cistos do úraco. A parte inferior do úraco patente pode se dilatar e formar um seio do úraco que se abre na bexiga. A luz da parte superior também pode permanecer aberta e formar um seio, que se abre no umbigo. Muito raramente, todo o úraco permanece aberto e forma um fistula do úraco que permite que a urina escape pelo orifício umbilical. SUPRARRENAIS (adrenais) São glândulas responsáveis por coordenar o metabolismo e a resposta ao stress. Localizam-se na região apical dos rins. São maiores do que a glândula adulta e tem origem embriológica diferente, a medula a partir de células da crista neural e o córtex a partir de mesoderma intermediário. Na 5ª semana, a primeira onda de diferenciação forma o córtex primitivo e depois 2ª onda forma o córtex definitivo. A medula e formada por células da crista neural (células cromafins) cranialmente a posição inicial dos rins, e na 7ª semana essas células penetram no córtex. SISTEMA GENITAL Ao longo do dobramento céfalo-caudal e laterolateral o mesoderma intermediário forma a crista urogenital que formara primariamente e cranialmente a crista nefrogênica (rim) e crista gonadal caudalmente. Na 4ª semana, ainda existe o mesonéfro e são encontrados 3 ductos no feto: o ducto mesonéfrico/ ducto de Wolf (desemboca na cloaca, sendo preservado no desenvolvimento masculino dando origem aos ductos extra testiculares); o ducto paramesonéfrico/ducto Mulleriano (da origem as tubas uterinas cranialmente e se fusionarão caudalmente formando o tubérculo genital que formará o útero) e o ureter primitivo. As gônadas derivam de três fontes: do mesênquima e do mesotélio, que reveste parede posterior do abdome, sendo ambos derivados de mesoderma, e dos gonócitos derivados do endoderma do saco vitelino. Inicialmente as gônadas são grandes, mas com o passar do tempo regridem em conjunto com o mesonéfro. A formação da gônada se inicia quando, na 5ª semana, células germinativas primordiais do mesotélio medial ao mesonefro e o mesênquima migramda parede do saco vitelino para as cristas gonadais, sendo que cordões epiteliais (cordões sexuais primários) penetram no mesênquima e dessa forma origina-se o córtex, que permanece no ovário, e uma medula, que permanece no testículo. As cristas estão presentes ventralmente ao mesonefro. Células do epitélio celomático diferenciam-se nas células somáticas de sustentação durante a 6ª semana. Nos homens, as células somáticas de suporte serão células de Sertoli, enquanto que nas mulheres serão células foliculares. Ainda na 6ª semana aparecem, nos dois sexos, os ductos Mullerianos (ductos paramesonéfrico) ao lado dos ductos mesonéfricos do sistema urinário. A partir da 7ª semana, os sistemas reprodutores masculino e feminino seguem caminhos diferentes, graças ao gene SRY presente no cromossomo Y. Desenvolvimento masculino A SRY induz diferenciação do mesonefro em ductos e rede testicular. Sob ação do SRY o mesonefro se diferencia em estruturas reprodutivas masculinas (ducto deferente, ductos eferentes, rede testicular). O SRY produz o fator determinante do testículo (TDF), induzindo os cordões sexuais primários a diferenciarem-se em cordões seminíferos. Além desse gene, os genes Sox 9, Fg9, Amb e Dbd também estimulam o desenvolvimento da gônada. Na medula do testículo, os cordões sexuais formam a rede testicular e a conexão com o mesotélio é perdida após a formação da túnica albugínea. A partir daí o testículo é suspenso pelo mesórquio e os cordões seminíferos se transformam nos túbulos seminíferos. A produção de hormônios sexuais - testosterona e androstenediona, iniciada na 7ª semana, induz a diferenciação da genitália externa e dos ductos mesonéfricos (formando o ducto deferente e porções do epidídimo). Além disso, a produção da glicoproteína “hormônio antimulleriano” (AMH) pelas células de Sertoli (células epiteliais que sofrem aumento na 7ª semana) inibem o desenvolvimento dos ductos paramesonéfricos/ mullerianos (formam o útero e tubas uterinas nas mulheres). Se este mecanismo de secreção de AMH falha, há a persistência de ductos de Muller em homens, causando a síndrome do ducto mulleriano persistente. Os túbulos seminíferos ficam ocluídos até a puberdade, enquanto não ocorre estimulo do FSH, sendo sua parede formada por espermatogônias e células de Sertoli, enquanto que o estroma e formado pelas células de Leydig produtoras de hormônios andrógenos. A célula de Sertoli permite a diferenciação das células de Leydig e fetais. O desert hedgehog e o PDGF estimulam a diferenciação das células de Leydig no período fetal (9ª a a14ª semanas) e depois regridem. Com a secreção de testosterona há o desenvolvimento dos ductos e glândulas genitais masculinos. O testículo está formado, mas não produz ainda espermatozoides. Espermatogônias permanecem quiescentes até a puberdade quando cessa a produção de AMH e o estimulo do FSH as induz a entrar em processos de mitose e meiose. A próstata é derivada do seio, a glândula bulbouretral é proveniente do sistema urogenital (endoderme) e a vesícula seminal é derivada do ducto deferente. Desenvolvimento feminino Os cromossomos XX não possuem SRY, havendo diferenciação das células somáticas de sustentação em células foliculares. A regressão do ducto mesonéfrico e desenvolvimento dos ductos de Muller é dada pelo Wnt-4. Sem a presença do SRY não há persistência dos ductos mesonéfricos. Ocorre, então a diferenciação dos ductos de Muller em tubas uterinas, útero e porção superior da vagina. Diferentemente do testículo, a gônada feminina começa a se desenvolver e ser reconhecida a partir da 12ª semana. Inicialmente, os cordões sexuais primários penetram na medula, mas regridem, enquanto que uma outra linhagem de células epiteliais cresce em direção as células germinativas estromais: os cordões sexuais secundários. Na 16ª semana, as CGPs são envoltas pelos cordões sexuais e estes se desprendem formando folículos primordiais, enquanto as CGPs se transformam nas ovogônias. Durante a 3º ao 5º mês as ovogônias começam a sofrer processos de mitose formando em média 2 milhões de folículos ovarianos, todavia ao nascimento apresenta somente 450000 folículos. Desses, 480 ovócitos serão ovulados durante a vida, enquanto os outros sofrerão atresia folicular. Quando a gônada feminina se fecha a mesma passa a ser suspensa pelo mesovário. Nos indivíduos com cariótipo XX, a ausência do cromossomo Y e consequentemente do SRY faz com que a genitália externa seja do tipo feminina, ou seja, a ausência do ovário não atrapalha o desenvolvimento das características sexuais externas. Desenvolvimento dos ductos genitais Os ductos mesonéfrico e paramesonéfrico, formados a partir de invaginações do mesotélio da cavidade abdominal lateralmente ao mesonefro, desempenham importante papel na formação de estruturas tanto no homem quanto em mulheres. No homem, o ducto mulleriano regride devido a ação do hormônio antimulleriano produzido pelas células de Sertoli. O ducto mesonéfrico, no entanto, origina no seu terço posterior o epidídimo, enquanto nas suas porções superiores origina o ducto deferente e as glândulas seminais. Na mulher, o ducto mesonéfrico regride graças a ausência de testosterona, deixando pequenos vestígios. O ducto mulleriano progride e forma as tubas uterinas na porção cefálica e porção uterovaginal após se fundir na porção caudal. A porção uterovaginal, ao entrar em contato com o seio urogenital forma o tubérculo do seio, e células do seio urogenital irão formar o epitélio do canal vaginal até a porção exterior após um processo de apoptose. O hímen e formado pela parede posterior do tubérculo do seio e é uma membrana que na vida embrionária impede o contato da cavidade do seio urogenital com a luz da vagina. O útero é formado pelas camadas: perimétrio (camada de revestimento externo formada de mesoderma extraembrionária), miométrio (responsável pelo crescimento uterino durante a gravidez) e pelo endométrio (porção que se desprende na menstruação de origem endodérmica). Quando ocorrem erros na migração do ducto paramesonéfrico pode surgir um processo inflamatório localizado: a endometriose. Formação da genitália externa O desenvolvimento da genitália externa inicia-se na 7ª semana. O mesênquima produz o tubérculo genital, saliência labioescrotal e a prega urogenital. A diferenciação do sexo a partir da genitália externa só é possível a partir da 12a semana. Inicialmente, na 4a semana ocorre a formação do tubérculo genital na parte anterior a membrana cloacal. Saliências labioescrotais e pregas urogenitais se formam, enquanto o tubérculo genital se alonga formando o falo. Após o fusionamento do septo urorretal com a membrana cloacal ocorre a divisão em canal anorretal posteriormente e canal urogenital anteriormente. No homem, a diferenciação do sexo feminino ocorre divido a presença da testosterona a partir da 8ª semana. O falo primordial se alonga formando o pênis enquanto as pregas urogenitais formam a uretra parte esponjosa. O ectoderma de superfície funde-se no plano mediano formando a rafe peniana e internalizando a uretra. Na ponta da glande surge a placa da glande que cresce em direção a raiz do pênis até encontrar a uretra esponjosa. As saliências labioescrotais se fusionam na linha mediana formando o escroto. Na mulher, as pregas urogenitais se fundem na porção posterior (mas não se fusionam), enquanto que a porção do falo regride ao longo do processo gestacional originando o clitóris. As saliências labioescrotais se fundem anteriormente e posteriormente formando a comissura labial anterior e a fúrcula, mas na porção medial formam os grandes lábios. As partes não fundidas das pregas uretrais formam os pequenos lábios. Descida dos testículos A espermatogênese e a primeira metade da espermiogenese ocorre no testículo, enquanto que a segunda metade ocorreno epidídimo. A temperatura ideal para que estes processos ocorram normalmente (fertilidade) gira em torno de 33 a 34 graus, inferior à da cavidade abdominal (37/38). Para tanto, testículo e epidídimo devem se situar fora dela, localizando-se no escroto. Para que isso ocorra é necessário que a gônada e o epidídimo que se originam na parede posterior do abdome, logo abaixo do rim, aparentemente desçam até a pelve (na realidade, é a cavidade abdominal que se desenvolve aproximando-os da pelve) alcancem, penetrem e atravessem o canal inguinal e se alojem no escroto (este processo é regulado pelo gubernáculo do testículo). 1. Fase lombar: entre a 7ª e a 12ª semanas, testículo e epidídimo se situam imediatamente sob o pronefro e mesonefro (rim embrionário) devido ao encurtamento do gubernáculo devido a pressão feita pelos órgãos abdominais. 2. Fase pélvica: testículo e epidídimo se situam na pelve, junto ao anel inguinal interno. 3. Fase inguino-escrotal: testículo e epidídimo atravessam o canal inguinal e penetram na cavidade escrotal. Descida dos ovários É feita por ligamentos que seriam remanescentes dos mesonefros (ligamento suspensor do ovário e ligamento redondo do útero) SISTEMA NERVOSO Dividido estruturalmente em sistema nervoso central (encéfalo e medula espinal) e sistema nervoso periférico (nervos e gânglios cranianos, nervos e gânglios espinais, nervos e gânglios autônomos, sistema nervoso entérico). O sistema nervoso se origina de 3 esboços ectodérmicos. A placa neural (origina os sistemas nervoso central e periférico), a crista neural (origina o mesênquima, dá origem ao sistema nervoso) e os placódios (dão origem ao sistema olfativo, auditivo e óptico). Os principais processos de formação, são: 1. Indução do sistema nervoso (primaria e secundarias) 2. Proliferação celular 3. Formação de padrão para subdivisão do sistema nervoso 4. Determinação da identidade de tipos específicos de células neuronais ou gliais 5. Comunicação intercelular e adesão de células afins 6. Migração celular 7. Diferenciação celular 8. Formação de sinapses 9. Estabilização ou eliminação de conexões interneuronais específicas 10. Progressivo desenvolvimento de padrões integrados de função neuronal. Sua origem se dá a partir da neurulação, que ocorre na 3ª semana do desenvolvimento, sendo o período em que ocorre a indução a neuroectoderme pelo ectoderma. O neuroectoderma dá origem à placa neural, que posteriormente se invagina para formar o tubo neural (induzido pela notocorda). As etapas do processo são, em ordem: a formação do neuroectoderma, a formação das pregas neurais, o fechamento do tubo neural com destacamento das cristas, o desenvolvimento das vesículas encefálicas e a diferenciação das áreas encefálicas. Durante o fechamento do tubo neural, uma população de células se destaca do dorso do tubo formando a crista neural (4º folheto). A partir de então ocorre o fechamento do tubo neural. A fusão das pregas neurais tem início na região correspondente ao 4º e ao 6º par de somitos e avança em direção cefálica e caudal até que somente pequenas áreas permaneçam abertas, sendo elas o neuroporo anterior (cranial) e o neuroporo posterior (caudal). A dinâmica de divisão celular das células neuroepiteliais juntamente com programas gênicos diferenciais forma os neurônios e as células da glia. Programa neuronal: Atualmente, sabe-se que existe neogênese em adultos, portanto conclui-se que existem células tronco neurais. Nota-se que o que guia de uma célula progenitora do neuroepitelio colunar dará origem a um neurônio ou a uma célula-tronco e a inclinação da sua placa metafásica. Se o fuso mitótico é perpendicular à luz do tubo neural a célula se mantem como célula-tronco, todavia se o fuso mitótico for paralelo à luz do tubo neural ocorre a diferenciação em um neuroblasto, uma vez que isso induz a recepção da proteína Notch que faz com que a célula progenitora passe por um processo de diferenciação. Programa glial Ocorre após a formação de neurônios, sendo que células neuroepiteliais se diferenciam em glioblastos – células progenitoras das células da glia (oligodendrócitos, astrócitos, células ependimárias) – que desempenharão funções de mielinização, suporte e sustentação, direcionamento axonal, formação da barreira hematoencefálica e auxiliarão na diferenciação dos neurônios. Desenvolvimento da medula espinhal e organização do sistema nervoso periférico – SNP A formação da medula ocorre na porção do tubo neural caudal ao 4o par de somitos. Inicialmente, o tubo apresenta um pequeno canal central – canal neural – e é composto por uma camada ventricular (ependimárias) formada por células neuroepiteliais colunares. Na camada ventricular se localizam as células-tronco de neurônios e glia. Assim que os neurônios se diferenciam, migram para a zona do manto, se posicionando exteriormente e se organizando em placas alares de função sensorial e basais, de função motora, sendo influenciados pelo BMP e Wnt e Shh, respectivamente. O sulco limitante possui células de função reguladora. (QUAL MECANISMO INDUTOR E O QUE FAZ OS NEURONIOS ASSUMIREM IDENTIDADE SENSORIAL OU MOTORA?) A partir de então o tubo neural na região da medula espinhal passa a ser constituído de 3 regiões: 1. A zona ventricular, fonte de neuroblastos e ganglioblastos 2. A zona do manto, onde se localizam neurônios das placas alar e basal 3. A zona marginal, com prolongamentos de neurônios. A placa do teto, emite sinais para a camada ventricular que permite a formação dos interneurônios. Posteriormente, os neurônios emitem prolongamentos (axônios) que se posicionam exteriormente a zona do manto, formando a zona marginal (substancia branca). O crescimento das placas alares leva à formação do septo mediano dorsal e fissuras laterais, enquanto que o crescimento das placas basais leva a formação do septo mediano ventral. A formação da raiz ventral ocorre primariamente a da raiz dorsal, ocorrendo a partir da emissão de projeções de neurônios das placas basais, enquanto que a raiz dorsal se forma a partir de células da crista neural. Interneurônios fazem a comunicação entre os neurônios sensitivos e motores. Esses três neurônios conectados constituem o arco reflexo. A zona do manto forma a substancia cinzenta e a zona marginal forma a substancia branca, enquanto a zona ventricular formara a camada ependimárias que se comunica com o canal neural. A mielinização dos axônios no SNC ocorre graças ao oligodendrocito derivado das células colunares neuroepiteliais, mas no SNP a mielinização ocorre graças as Células de Swan – derivadas da crista neural. O processo de formação da sinapse é controlado molecularmente, uma vez que o ambiente determina o percurso percorrido pelo axônio para emitir o cone de crescimento. Desenvolvimento inicial do encéfalo O encéfalo tem origem no tubo neural que se forma na porção cranial do 4º par de somitos. As vesículas encefálicas são formadas a partir da expansão de pregas neurais na região cranial, após o fechamento do neuroporo cranial e das pregas neurais. Na 4ª semana do desenvolvimento, a região do tubo neural cefálica ao quarto par de somitos da origem ao encéfalo, sendo que nesta região inicialmente desenvolvem-se 3 vesículas encefálicas primarias das quais se forma o encéfalo, sendo elas o prosencéfalo, mesencéfalo e o rombencéfalo. No 21º dia há a formação dos rombômeros (encéfalo posterior), estruturas que demarcam onde surgirão os pares de nervos cranianos, 5,7,9 e 10, sendo transitórias e desaparecendo no inicio da 6ª semana. Além disso, na 4a semana, o crescimento rápido das vesículas encefálicas forma caudalmente a flexura cervical entre a medula e o rombencéfaloe a flexura do encéfalo médio entre o mesencéfalo e o prosencéfalo. Na 5a semana, o prosencéfalo se divide nas vesículas: telencéfalo e diencéfalo; o mesencéfalo permanece como uma única vesícula e o rombencéfalo se divide no metencéfalo e o mielencéfalo. Ao longo desses acontecimentos, o liquido cefalorraquidiano desempenha uma função fundamental para a expansão das vesículas encefálicas, uma vez que a pressão hidrostática propicia a proliferação das células neuroepiteliais. Além disso, o crescimento da parte posterior do encéfalo forma a flexura pontina entre o metencéfalo e o mielencéfalo. A região do mielencéfalo formara a medula oblonga (bulbo); a porção do metencéfalo formara o cerebelo e a ponte; a vesícula mesencefálica formara os colículos e o pedúnculo cerebral; o diencéfalo formara o tálamo, o hipotálamo e o epitálamo; e por fim, a vesícula telencefálica formara o hemisfério cerebral e os lóbulos olfatórios. A partir da 7a começa a ocorrer a remodelação, de maneira que o telencéfalo torna-se proeminente e no final sobrepõe-se as demais estruturas quando fora o hemisfério cerebral. Flexuras encefálicas A primeira flexura é ventral se dá no mesencéfalo (flexura cefálica). A segunda flexura separa o rombencéfalo da medula (flexura nucal ou cervical). A terceira flexura, diferentemente das demais que são ventrais, é dorsal, é a divisão do rombencéfalo em mielencéfalo e metencéfalo conhecida como flexura pontina. Ventrículos encefálicos O lúmen do tubo neural nunca desaparece durante o desenvolvimento do sistema nervoso central, formando no encéfalo as cavidades denominadas “ventrículos”, sendo essa estrutura responsável por comportar o liquido cefalorraquidiano – produzido a partir da 3a semana por células neuroepiteliais, mas que posteriormente será produzido pelo plexo coroide. Meninges Dura-máter → mesênquima (origem mesodérmica) Aracnoide e Pia-máter → células da crista neural Sistema sensorial - OLHOS Constituído por quatro fontes: Neuroectoderma do encéfalo anterior – retina, camadas posteriores da iris e nervo optico; Ectoderma da superfície da cabeça – cristalino e epitélio da córnea; Mesoderma, localizado entre os supracitados, capa fibrosa e túnica vascular; Células da crista neural – coroide esclerótica endotélio da córnea. Um único campo visual (tecido neuroectodérmico) continuo começa a tomar forma ao redor da área da placa precordal durante o final da gastrulação. As células do campo visual expressam o gene RAX, que com sua correta expressão induz a secreção do SHH pela placa pré cordal e pela linha ventral mediana do diencéfalo inibe o marcador Pax-6, então o campo visual único se divide em dois campos visuais separados, localizados em cada um dos lados do diencéfalo. Quando não há a expressão correta do gene RAX há uma anoftalmia; quando o SHH não atua corretamente tem-se a anomalia ciclopia. A primeira evidencia do olho se dá no 22º dia, sendo ela o sulco óptico na região do diencéfalo. O sulco óptico sofre então uma evaginação da parede neuroectodermica formando uma vesícula óptica em contato com o ectoderme de superfície (a vesícula, envolvida pelo mesênquima, projeta-se para a ectoderme de superficie, aderindo-se ao neuroectoderma através do pedículo óptico oco). Assim, o ectoderme de superfície atua através de sinais por ele liberados ao contato com a vesícula optica na formação do placoide do cristalino do olho, através da expressão do ácido retinoico. Trata-se de uma concentração de células com capacidade neuronal. Há também a formação do cálice óptico por meio de um processo assimétrico que ocorre na margem ventral da vesícula óptica ao invés do seu centro, resultando na formação de um espaço denominado fissura coróide, a qual é contínua com uma fenda no pedículo óptico. A fissura coroide e o sulco óptico formam um canal através do qual a artéria hialoide passa para a câmara posterior do olho. A expressão diferencial dos genes PAX determina quais células se tornarão o cálice óptico (futura retina) e quais se tornarão o pedículo óptico (futuro nervo óptico). O pedículo óptico representa inicialmente um pescoço estreito que conecta o cálice óptico ao diencéfalo, mas conforme o desenvolvimento progride, ele é invadido por processos neuronais que se projetam das células ganglionares da retina. A fissura coroide se fecha e nenhum traço remanescente dela é visto na íris normal, a não ser quando não acontece seu fechamento, resultando em uma anomalia conhecida como coloboma de íris. Quando esta se desprendendo do ectoderme de superficie a vesícula da lente esta grosseiramente esférica e possui uma grande cavidade central. Ao final da sexta semana as células do polo posterior da vesícula da lente começam a se alongar como um passo inicial em sua transformação em células transparentes e alongadas denominadas fibras da lente. A citodiferenciacao da lente consiste na transformação de células epiteliais da lente em células fibras alongadas pós-mitoticas. 90% da proteína solúvel nessas células pos-mitoticas consiste em proteínas cristalinas (alfa, beta e gama), que permitem o clareamento das lentes e a transmissão eficiente da luz. Ao longo da vida, a lente está sob a influência da retina, sendo que as secreções (FGF) desta se acumulam no humor vítreo posterior a lente e estimulam a formação das fibras da lente. A formação da córnea se dá com a vesícula da lente atuando sobre o ectoderma de superficie adjacente, resultando na transformação de um ectoderme de superficie típico em uma estrutura transparente estratificada com uma complexa matriz extracelular e contribuições celulares de varias origens. Conforme as alterações se completam as células começam a secretar colágenos derivados do epitelio para formar o estroma primário da cornea, seguindo a formação de um endotelio posterior que dá continuidade ao processo indutivo de formação, contanto, portanto, com os 3 tecidos de origem em conjunto: ectoderma de superfície, mesênquima e células da crista neural. A formação da retina se dá através do cálice óptico, que se deriva na parte anterior em retina neural (receptores de luminosidade – cones e bastonetes, neurônios e células ganglionares) e na parte posterior em epitélio pigmentoso (melanina para absorver a luz incidida nos fotorreceptores), que são as duas camadas da retina. Na vida embrionária a retina neural e o epitélio pigmentoso são separados pelo espaço intra-retinal, que desaparece na 7ª semana mas as 2 camadas da retina não se fundem firmemente, o que possibilita o fácil descolamento da retina. Os fotorreceptores (cones e bastonetes) estão presentes na camada neuroblástica externa, mais próximos da retina pigmentosa. O mesênquima oriundo da crista neural circunda o cálice óptico formando 2 camadas: coroide (vascular) e esclera (fibrosa). A esclera sustenta e protege as delicadas estruturas internas dos olhos. A diferenciação da lente e do corpo ciliado, por sua vez, ocorre nos lábios do cálice óptico, onde as camadas da retina neural e pigmentada se encontram. O corpo ciliar é a fonte de humor aquoso que preenche a câmara anterior do olho. A íris envolve parcialmente a porção externa da lente e através de contração e relaxamento controla a quantidade de luz que passa através da lente. O estroma da íris possui origem na crista neural e migra secundariamente em direção a íris, sendo que nele se encontra o primórdio do esfíncter da pupila e dos músculos dilatadores desta (origem neuroectodermica). Toda criança nasce com pigmentação azulada na íris, o que se altera após 6 a 10 meses, aproximadamente. Entre a íris e a retina neural está o corpo ciliar, uma estrutura contendo músculo que está conectada a lente por conjuntos de fibras radiais. Ele secreta o humor aquosopara o interior da câmara posterior do olho Durante o desenvolvimento inicial da retina um mesênquima frouxo invade a cavidade do cálice optico e forma uma rede fibrilar frouxa juntamente com uma substancia gelatinosa que preenche os espaços entre a retina neural e a lente, denominado corpo vítreo. Externamente ao cálice óptico está uma camada de células mesenquimais de origem na crista neural que se diferenciam em estruturas que fornecem suporte vascular e mecânico ao olho. As células mais internas desta camada se diferenciam em uma túnica altamente vascularizada denominada corióide e as mais externas formam uma cobertura colagenosa densa e branca que é a esclera. Na 7ª semana pequenas dobras aparecem na superfície do ectoderme entre a região da córnea em desenvolvimento. Elas crescem em direção a uma outra se fusionando na 8ª ou 9ª semana e se separando novamente após o 7º mês. Anoftalmia → ausência de um ou mais olhos por ausência da expressão do Rax. Ciclopia → não ocorre separação do campo visual – ação do Shh. Microftalmia → subdesenvolvimento do olho por ausência da formação do cristalino Catarata congênita → cristalino opaco. Relacionado rubéola Coloboma de íris → espaço pupilar aumentado. Formação do aparelho auditivo Do ponto de vista embrionário a orelha possui origem dupla, sendo que a interna se origina de um placodio ectodérmico espesso ao nível do rombencéfalo. As estruturas das orelhas media e externa são derivadas do primeiro e segundo arcos faríngeos e das primeiras fenda e bolsa faríngeas. O pavilhão auricular e o canal auditivo externo se formam a partir do 1º arco faríngeo e 1º sulco faríngeo, respectivamente; enquanto que a cavidade timpânica provém da 1ª bolsa faríngea e os ossículos, bigorna, martelo e estribo, do mesenquima dos 1º e 2º arcos faríngeos. Já a cóclea e o aparato vestibular tem sua formação a partir da ectoderme. O desenvolvimento da orelha inicia com a indução preliminar do ectoderme de superficie, primeiro pela notocorda e então pelo mesoderme paraxial. O espessamento da superfície do ectoderma na 3ª semana forma o placóde óptico (região do rombencéfalo). Na 4ª semana o placódio auditivo se invagina e então se separa do ectoderme de superfície para formar a vesícula auditiva ou otocisto. Quando a vesícula auditiva esta formada ocorre a padronização molecular e a subdivisão da vesícula auditiva em sensorial (futuras células ciliadas) e componentes neurais da orelha interna). A vesícula então começa a se alongar e forma uma região vestibular dorsal e uma coclear ventral. Por volta da 5ª semana o surgimento de duas cristas na porção vestibular da vesícula auditiva prenuncia a formação de dois canais semicirculares. A face inferior começa a se alongar e enrolar formando o ducto coclear, primórdio da cóclea. A orelha interna está encerrada em uma capsula de tecido ósseo que se inicia como uma condensação de mesenquima ao redor da vesícula auditiva em desenvolvimento na 6ª semana de gestação. Os neurônios sensitivos que compõem o oitavo nervo craniano (estatoacústico) surgem de células que migram para fora da porção da parede medial da vesícula auditiva. A porção coclear do oitavo nervo craniano se espalha em intima associação com células sensoriais (órgão de Corti, diferenciado e funcional apenas após o nascimento) que se desenvolvem no interior da cóclea. As células da crista neural invadem o gânglio estatoacústico em desenvolvimento e formam as células satélites e células de suporte em seu interior. A orelha média esta associada a alterações no desenvolvimento do primeiro e segundo arcos faríngeos. A cavidade da orelha media e a tuba auditiva se originam de uma expansão da primeira bolsa faríngea denominada sulco tubotimpanico. O epitelio endodérmico do sulco tubotimpanico se torna mais intimamente aposto ao ectoderme que reveste a primeira fenda faríngea, sendo separados por uma fina camada de mesoderme, sendo que este complexo se tornará a membrana timpânica. De acordo com anatomia comparada, martelo e bigorna se originam do mesenquima derivado da crista neural do primeiro arco faríngeo enquanto que o estribo se origina do mesenquima do segundo arco. A orelha externa é derivada do tecido mesenquimal do primeiro e segundo arcos faríngeos ao lado da primeira fenda faríngea. Durante o 2º mês três massas nodulares de mesenquima (saliências auriculares) ganham forma ao longo de cada lado da primeira fenda faríngea, colescendo e formando uma orelha externa identificável. O meato acústico externo adquire forma no final do segundo mês através de uma expansão interna da primeira fenda faríngea.
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