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A LINDB E OS ELEMENTOS DE CONEXÃO Thaysa Prado 1. NORMAS DE DIPRI Indiretas e gerais: não prevêem fatos, mas indicam a lei a ser aplicada. Técnica de solução de casos mistos 1ª etapa: qualificação (família, sucessões, obrigações, reais, etc) 2ª etapa: buscar a lei aplicável Ex: art. 9 LINDB para obrigações 3ª etapa: solução do problema QUESTÃO Um contrato de financiamento, entre uma empresa brasileira e um Banco comercial holandês com filial em Londres, acaba de ser assinado pelos representantes legais das partes em Londres. Como garantia, a empresa brasileira deu em hipoteca dois imóveis situados no Brasil. O contrato nada dispõe sobre a lei aplicável ao mesmo, limitando-se a indicar Londres como foro competente para as disputas que vierem a surgir entre as partes. Segundo o disposto na legislação brasileira, a lei aplicável a esse contrato é a a) de Londres, em razão da cláusula de foro. b) de Londres, por ser o local em que o contrato foi concluído. c) da Holanda, por ser a sede do proponente. d) brasileira, porque as garantias contratuais estão no Brasil e) brasileira, por ser o domicílio do devedor. 2. PRINCIPAIS REGRAS DE CONEXÃO a) Domicílio art. 7º LINDB Estado e capacidade + direito de família Estado civil: o conjunto de qualidades que indica quem é aquela pessoa na sociedade. ESTADO CIVIL Apresenta uma tripla aferição: 1ª. Política: busca-se saber quem é aquela pessoa em relação ao país em que ela se encontra. Ex: brasileiro, nato, naturalizado, estrangeiro, etc. 2ª. Familiar: busca-se saber quem é aquela pessoa em relação ao parentesco e ao casamento. Parentesco: pai, filho, irmão. Casamento: solteiro, casado, viúvo, divorciado, separado judicialmente. 3ª. Individual: busca-se saber sobre três qualidades daquela pessoa: sexo, idade e sanidade. Ações de estado: ações que lidam com o estado civil. Ex: ação de divórcio, ação negatória de paternidade, investigação de paternidade, ação de naturalização, ação de redesignação sexual, emancipação, interdição. DOMICÍLIO Segurança jurídica. i. Requisitos: Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo. 1º. Caráter objetivo ou material: residência. 2º. Caráter subjetivo psíquico: ânimo de permanecer. (animus manedi) §7º art 7 c/cart. 226 §5º CF – princípio da unidade familiar, extensão para ambos os cônjuges. OBSERVAÇÕES: 1ª. Dificuldade na determinação do domicílio Art. 7 §8º. – residência habitual / residência atual Regra de conexão principal: lei do domicílio - Lex domicili Regra de conexão subsidiária: lei da residência 2ª. Casamento - Lex loci Celebrationis Lei do local da celebração art. 7 § 1º - ainda que os nubentes sejam estrangeiros. Aplicáveis art. 1525 a 1542 CC 3ª. Regra alternativa - Lex Patriae Lei da nacionalidade dos nubentes – art.7 §2 Requisitos: ambos estrangeiros + autoridades diplomáticas ou consulares 4ª. Regime de Bens – art. 7 §4º Principio da unidade do regime matrimonial de bens do casal Lei do local do domicílio conjugal Princípio da mutabilidade justificada do regime de bens do casal Art. 1639 § 2º CC – possibilidade Art 7 §5º - para o estrangeiro naturalizado – comunhão parcial de bens Requisitos: - prévia naturalização - expressa autorização do cônjuge - respeito ao direito de terceiros - registro 5ª. Divórcio ocorrido no estrangeiro Art 7 § 6º. c/c art. 226 § 6º CF Necessidade de homologação STJ E para o CPC/2015? Como ficou? QUESTÃO Em janeiro de 2003, Martin e Clarisse Green, cidadãos britânicos domiciliados no Rio de Janeiro, casam-se no Consulado-Geral britânico, localizado na Praia do Flamengo. Em meados de 2010, decidem se divorciar. Na ausência de um pacto antenupcial, Clarisse requer, em petição à Vara de Família do Rio de Janeiro, metade dos bens adquiridos pelo casal desde a celebração do matrimônio, alegando que o regime legal vigente no Brasil é o da comunhão parcial de bens. Martin, no entanto, contesta a pretensão de Clarisse, argumentando que o casamento foi realizado no consulado britânico e que, portanto, deve ser aplicado o regime legal de bens vigente no Reino Unido, que lhe é mais favorável. Com base no caso hipotético acima e nos termos da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, assinale a alternativa correta. (A) O juiz brasileiro não poderá conhecer e julgar a lide, pois o casamento não foi realizado perante a autoridade competente. (B) Clarisse tem razão em sua demanda, pois o regime de bens é regido pela lex domicilli dos nubentes e, ao tempo do casamento, ambos eram domiciliados no Brasil. (C) Martin tem razão em sua contestação, pois o regime de bens se rege pela lei do local da celebração (lex loci celebrationis), e o casamento foi celebrado no consulado britânico. (D) O regime de bens obedecerá à lex domicilli dos cônjuges quanto aos bens móveis e à lex rei sitae (ou seja, a lei do lugar onde estão) quanto aos bens imóveis, se houver. B) LUGAR DA SITUAÇÃO DO BEM - LEX REI SITAE Art 8 LINDB c/c art. 21 e ss CPC/15 - Direitos reais Princípio da territorialidade – aplicação do direito do local onde o bem está situado -Lex Rei Sitae. Aplicam-se normas do CC para bem no Brasil. Afasta-se a regra geral do artigo 8º para casos de especialidade. Ex: herança, contrato de compra e venda, etc. OBSERVAÇÕES: 1ª. Bens sem localização permanente: art 8 § 1º. Lei do domicílio do proprietário – regra de conexão supletiva - Mobilia Sequuntur Personan Requisitos: regime de transito e mobilidade intensos 2ª. Bens protegidos por direitos de propriedade intelectual - doutrina Lei do local em que a proteção é invocada (utilidade econômica e social) 3ª Penhor art. 8º § 2º Exceção a regra do art. 8 – Lei do domicílio do possuidor 4ª Navios, aeronaves e embarcações Lei do local da matrícula (registro) QUESTÃO Matheus reside no Brasil e possui um imóvel em Lima, Peru. Recentemente descobriu que este imóvel fora invadido e que necessita ingressar com a ação competente para reaver a posse de sua propriedade. Neste caso, a lei aplicável para verificar a ação correta é: a) a brasileira, país de nacionalidade de Matheus. b) a brasileira, país de domicílio de Matheus. c) a peruana, local de situação do bem. d) tanto faz, Matheus que escolhe. E se fosse um bem móvel? C) LUGAR DA CONSTITUIÇÃO DA OBRIGAÇÃO - Art 9º LINDB - Lex Loci Contractus - Lex Loci solutionis - Lex Locus Regit Actun Direito das obrigações – lei do local em que forem constituídas - Qualificação e regulamentação Ex: contrato celebrado em Paris. Empresa alemã X empresa brasileira. Juiz brasileiro deve aplicar a lei francesa. Exceção: irradiação de efeitos. Lei do local em que se produzem. Princípio da autonomia da vontade: liberdade de autorregular seus interesses. Limitação: normas de ordem pública e imperativas. Assim, artigo 9 LINDB limita a autonomia da vontade. Art. 7º. Da convenção interamericana sobre direito aplicável aos CI (1994) – possibilidade de escolha da lei. Respeito a autonomia da vontade. OBSERVAÇÃO: 1ª. Conflito com a Lei de Arbitragem? Art 9 LINDB (lei do local de constituição da obrigação) X art 2 § 1º lei 9307/96 (autonomia da vontade na escolha do direito aplicável – inclusive podendo usar Lex mercatoria) Não há conflito, pois destinatários são diversos (juiz togado e arbitro) 2ª. Obrigações a serem executadas no Brasil Art 9 §1º - observar forma essencial sob pena de nulidade absoluta do ato. DIFERENTES TERMOS UTILIZADOS a)Lex Loci Actus – lei do local da realização do ato jurídico para reger sua substância. b) Lex Locus Regit Actun – lei do local da realização do ato jurídico para reger suas formalidades. c) Lex Loci Contractus – lei do local onde o contrato foi firmado para reger sua interpretação e seu cumprimento. d) Lex Loci solutionis – lei do local onde as obrigações ou a obrigação principal do contrato deve ser cumprida. e) Lex Loci Delicti – lei do lugar onde o ato ilícito foi cometido rege a obrigação de indenizar. f) Lex Damni – lei do local onde se manifestaram as conseqüências do ato ilícito para reger a obrigação de indenizar. QUESTÃO Pelas regras de direito internacional privado brasileiras, um contrato entre duas empresas brasileiras, assinado em Nova York, com previsão de cumprimento no Brasil e cláusula de foro indicando São Paulo como foro exclusivo do contrato, é regido pela lei a) brasileira, por ser o local de cumprimento da obrigação principal. b) brasileira, por ser o foro exclusivo do contrato. c) brasileira, por ser a nacionalidade comum das empresas contratantes. d) norte-americana, por ser o local de assinatura do contrato. e) norte-americana, apenas com relação à forma e às formalidades. D) LUGAR DO ULTIMO DOMICÍLIO DO FALECIDO Art 10 LINDB Direito das sucessões – morte e ausência Teorias 1ª. Unitarista – aplicar uma única lei. Art 10 LINDB – lei do domicílio do de cujus 2ª pluralidade sucessória: common law. Lei do território onde estão situados os bens. Art 10 § 1º c/c art 5 XXXI CF – sucessão de bens de estrangeiro situados no Brasil – lei brasileira em beneficio ao cônjuge e filhos brasileiros Exceção: utiliza-se a lei do de cujus se esta se mostrar mais favorável ao cônjuge e filhos brasileiros.
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