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DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO TRABALHO 2 AP1 (Valor = 10,0/ 1,0 cada questão) Aluna: Luísa Guardin Bastos Ferreira Matrícula: 202051331011 Unidade: CENTRO I - IBMEC Professora: Elisabeth Goraieb I. Parte: Procure nos sites dos tribunais brasileiros (STJ; TJ/RJ; TJ/SP; TJ/MG; TJ/SC; TJ/RS) uma jurisprudência sobre conflito de leis no espaço em direito internacional privado. Salve a EMENTA da jurisprudência e, em seguida (0,5) Ementa da Jurisprudência: DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO E CIVIL. INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE DE ESTRANGEIRO. REGISTRO EM SUA PÁTRIA DE ORIGEM. APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA. O elemento de conexão, no conflito de leis no espaço, estipulado no ordenamento pátrio, é o domicílio da pessoa. Ainda que a concepção, o nascimento e o registro da investigante tenham ocorrido no exterior, estando ela domiciliada no Brasil, deve ser aplicado o ordenamento nacional. A demanda pela paternidade real, fundada na falsidade de registro, não tem prazo decadencial, mesmo antes da promulgação da Carta Magna. Precedente da Segunda Seção. A ação de investigação de paternidade não depende da prévia propositura da ação anulatória do assento de nascimento do investigante, tendo o filho interesse de buscar a paternidade real, a despeito de reconhecido como legítimo por terceiro com falsidade ideológica. Recurso não conhecido. 1.º) Faça um RESUMO da jurisprudência; (0,5) 2.º) Classifique a RELAÇÃO JURÍDICA indicando o dispositivo legal correpondente; (1,0) 3.º) Localize a SEDE (elemento de conexão) da relação jurídica; (1,0) 4.º) Indique a LEI APLICÁVEL; (1,0) 5.º) Identifique a ESCOLA que influenciou o referido dispositivo legal. (1,0) OBS: Siga as etapas acima conforme a numeração indicada. 1º) A jurisprudência trata de investigação de paternidade, onde a autora, é portuguesa, mas, encontra-se domiciliada no Brasil. Portanto, aplica-se a Lex domicilii, que trata sobre o conflito de leis no espaço. Pois, nos conflitos entre o Direito nacional e o estrangeiro, prevalecerá a lei de domicílio da pessoa, a teor do art. 7° da Lei de Introdução ao Código Civil, in verbis:"Art. 7°. A lei do país em que for domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família." Maria Cesaltina Conceição Duarte, cidadã portuguesa e ora recorrida, ajuizou ação de investigação de paternidade cumulada com anulação de registro de nascimento contra Júlio Simões, cidadão português e ora recorrente, e também contra Maria Manuela Conceição Fernandes e Maria Celeste Costa, igualmente cidadãs portuguesas e herdeiras do declarado pai Antônio Joaquim Cristóvão, marido da mãe da autora. Alega a autora que seu registro de nascimento, ocorrido na República de Portugal por meio de declaração paterna, é falso ideologicamente, sendo o primeiro réu seu verdadeiro genitor. O MM. Juízo de primeiro grau, proferindo despacho saneador, rejeitou as preliminares levantadas pelo réu Júlio Simões de impossibilidade jurídica do pedido, decadência, prescrição, ilegitimidade ativa, litisconsórcio passivo, falta de interesse de agir e inaplicabilidade da Legislação Brasileira. O réu/recorrente, então, interpôs agravo de instrumento para o eg. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, que manteve, por maioria, a decisão monocrática. Opostos embargos de declaração, o eg. Tribunal de origem rejeitou-os em v. acórdão. Irresignado, o réu Júlio Simões interpôs recurso especial com fundamento nas alíneas "a" e "c", por alegada afronta aos arts. 7° da Lei de Introdução ao Código Civil; 178, §9°, VI, 340, 344 e 362 do Código Civil; 27 do Estatuto da Criança e do Adolescente, e 3° do Código de Processo Civil, bem como dissídio pretoriano, sustentando aplicação do direito luso, decadência e falta de interesse de agir da recorrida. Respondido, o recurso foi admitido na origem, ascendendo os autos a esta Corte. O recorrente ajuizou, ainda, medida cautelar com pedido de liminar (MC 5.832/SP) a fim de ser atribuído efeito suspensivo ao mencionado recurso especial, tendo sido deferida em parte por decisão da lavra do eminente Ministro Ruy Rosado de Aguiar, de modo a suspender apenas o exame de DNA. O douto Ministério Público Federal ofereceu parecer pelo não conhecimento do recurso. 2º) A relação jurídica presente na jurisprudência abrange o direito de família e, consequentemente, o estatuto pessoal, pois a jurisprudência trata de investigação de paternidade, que relaciona-se com isso. Pois no direito internacional privado, o estatuto pessoal costuma ser regido pela nacionalidade da pessoa ou por seu domicílio. No caso brasileiro, o estatuto pessoal é regido pelo domicílio, onde a LINDB trata disso em seu artigo 7º: "Art. 7°. A lei do país em que for domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família." 3º) O elemento de conexão, no conflito de leis no espaço, estipulado no ordenamento pátrio, é o domicílio da pessoa. Ainda que a concepção, o nascimento e o registro da investigante tenham ocorrido no exterior, estando ela domiciliada no Brasil, deve ser aplicado o ordenamento nacional. O ordenamento pátrio, seguindo o entendimento de Teixeira de Freitas e de Savigny, acolheu o domicílio como elemento de conexão principal. Isto é, nos conflitos entre o Direito nacional e o estrangeiro, prevalecerá a lei de domicílio da pessoa, a teor do art. 7° da Lei de Introdução ao Código Civil, in verbis:"Art. 7°. A lei do país em que for domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família." 4º) Como a jurisprudência trata da investigação de paternidade, lei a ser aplicada é a Lex domicilii, que trata sobre o conflito de leis no espaço, pois a autora da ação de investigação de paternidade encontra-se domiciliada no Brasil, então, nos conflitos entre o Direito nacional e o estrangeiro, prevalecerá https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_internacional_privado https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_internacional_privado https://pt.wikipedia.org/wiki/Nacionalidade https://pt.wikipedia.org/wiki/Domic%C3%ADlio a lei de domicílio da pessoa, a teor do art. 7° da Lei de Introdução ao Código Civil, in verbis:"Art. 7°. A lei do país em que for domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família." 5º) Escola do domicílio/ Escola Histórica do Direito. II. Parte: 1) Qual o elemento de conexão utilizado pelo Brasil para reger os direitos pessoais e de família? Influência de qual Escola? Fundamente sua resposta com a legislação. (1,0) De acordo com o ordenamento jurídico brasileiro, o elemento de conexão utilizado pelo Brasil para reger os direitos pessoais e de família e para dirimir conflitos de leis no espaço é a lex domicilli, que encontra- se expresso no art. 7° da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. “Art. 7° A lei do país em que for domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.” A Lex Domicilli foi desenvolvida por Savigny, que é um dos representantes da Escola do domicílio ou Escola Histórica do Direito/ Escola alemã. 2) Rodrigo, mexicano, em viagem a passeio pela cidade do Rio de Janeiro adquire um apartamento em Ipanema. Ao retornar ao seu país de origem, Rodrigo é designado diretor-presidente da filial de sua empresa situada em Roma, Itália, onde fixou residência, vindo a falecer anos depois em virtude de um enfarte fulminante. Pergunta-se: Onde poderá seraberto o inventário dos bens de Rodrigo, sabendo que deixou apenas um imóvel situado no Brasil e um filho de nacionalidade italiana? Justifique sua resposta apontando o dispositivo legal que rege a matéria. O Brasil filia-se a que Escola? (1,0) O inventário dos bens de Rodrigo apenas poderá ser aberto em Roma, na Itália, onde ele faleceu. O dispositivo legal que rege a matéria é o artigo 10 da LINDB. Art. 10. “A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens.” § 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. 3) Para qualificar e reger as obrigações, entre presentes, no âmbito do Direito Internacional Privado brasileiro, segundo a LINDB/42, qual é a lei aplicável? Fundamente sua resposta apontando o dispositivo legal correspondente. (1,0) A LINDB estabelece, em seu artigo 9º, a tradicional regra locus regit actum como único critério de conexão para os contratos internacionais: Art. 9º “Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem.” § 1o Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de forma essencial, será esta observada, admitidas as peculiaridades da lei estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos do ato. § 2o A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o proponente. 4) Maria, brasileira e domiciliada no Brasil, casou-se com John, norte- americano e domiciliado em Nova York. O casamento foi celebrado no Uruguai e o casal estabeleceu como primeiro domicílio conjugal a cidade de Boston, nos EUA. Após um período de convívio conjugal, Maria deseja divorciar-se de John e retornando ao Brasil procura você para esclarecer qual será a lei aplicável ao regime de bens do casal. EXPLIQUE sua resposta com a devida fundamentação legal. (1,0) De acordo com a LINB, em seu artigo 7º, parágrafo 4º, a lei aplicável ao regime de bens do casal será a lei do primeiro domicílio conjugal, ou seja, na cidade de Boston nos EUA. Art. 7o “A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.” § 4o O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal. 5) Mohamed, filho concebido fora do matrimônio, requereu, na justiça brasileira, pensão alimentícia do pai, Said, residente e domiciliado no Brasil. Said negou o requerido e não reconheceu Mohamed como filho, alegando que, perante a Tunísia, país no qual ambos nasceram, somente são reconhecidos como filhos os concebidos no curso do matrimônio. A partir dessa situação hipotética, decida a questão à luz da legislação brasileira de direito internacional privado. (1,0) Nesse caso, o juiz não deve aplicar a legislação estrangeira, pois, de acordo com o artigo 7, LINDB – “A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.” Percebe-se que Said tem a obrigação de seguir as normas brasileiras por residir no país, respeitando os direitos de família aqui estabelecidos. O Art. 17, LINDB também poderá ser usado como argumento, pois estipula que: “As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes.” Outrossim, também poderá ser aplicado o artigo 227, § 6°, da Constituição Federal, que veda a discriminação entre filhos. Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Conclui-se que Mohamed será considerado filho de Said, devendo cumprir seus deveres legais respeitando os bons costumes do Brasil. No caso, trata-se de uma tentativa de Said de aplicar as leis estrangeiras, ele é estrangeiro e, mesmo morando no Brasil, quer aplicar as leis do seu próprio país. Para a aplicação de lei estrangeira, a aceitação da ordem pública basta ser grave. O juiz inclina-se a ser menos flexível em aceitar a utilização de leis estrangeiras no Brasil, diferentemente de um caso em que haja direito já adquirido. Para o benefício dos cidadãos, a manutenção de sua proteção vital, pode o ordenamento nacional brasileiro fazer prevalecer a legislação nacional mesmo se tratando de um direito de um estrangeiro.
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