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Atuação do Psicólogo

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
LUÃ LINCOLN MENEZES DE FIGUEIREDO
PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS NA BUSCA DOS DIREITOS DOS IDOSOS
BELÉM
2016
LUÃ LINCOLN MENEZES DE FIGUEIREDO
PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS NA BUSCA DOS DIREITOS DOS IDOSOS
Trabalho de Psicologia e Políticas Públicas do 1° 
semestre do curso de Psicologia (matutino) 
 realizado sob a orientação do professor 
Paulo de Tarso Souza Ribeiro.
BELÉM
2016
SUMÁRIO
OBJETIVO.........................................................................................................4
INTRODUÇÃO...................................................................................................5
REPRESENTAÇÃO SOCIAL............................................................................6
A TERCEIRA IDADE E A SOCIEDADE CAPITALISTA....................................7
A VIOLÊNCIA SOFRIDA PELOS IDOSOS.......................................................9
POLÍTICAS PÚBLICAS RELACIONADAS À TERCEIRA IDADE...................11
A INSERÇÃO DA PSICOLOGIA NAS POLÍTICAS PÚBLICAS......................14
O PSICÓLOGO NO SUS E A SAÚDE MENTAL DO IDOSO..........................15
O IDOSO NO CAPS............................................................................16
O SUAS...........................................................................................................18
SERVIÇO DE PROTEÇÃO ESPECIAL PARA IDOSOS E SUAS FAMÍLIAS............................................................................................18
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................20
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................21
OBJETIVO
Esse trabalho propõe chamar a atenção para a população idosa – muitas vezes esquecida – merecedora de melhores condições de vida igualmente aos outros grupos sociais. Além disso, mostrar a contribuição da Psicologia com seu compromisso social aliada às políticas que visam defender os direitos dos idosos.
INTRODUÇÃO
Sendo a terceira idade um assunto não abordado com tanta frequência e relevância, problemas sociais surgem devido a omissão das suas múltiplas carências e escassez de políticas públicas para essa parte da população. Nesse contexto, a Psicologia contribui promovendo reflexões e desenvolvendo propostas sociais que buscam assegurar os direitos dos idosos. No entanto, encontram-se obstáculos significativos como a falta de mobilização e conscientização do restante da sociedade.
REPRESENTAÇÃO SOCIAL
O crescimento da população idosa é uma evidência nas estatísticas sociais nos contextos brasileiro e mundial. Mas nem sempre foi assim, somente na década de 80 é que o envelhecimento foi tratado como pauta nas agendas de discussões e elaboração de políticas públicas. Não se tinha antes uma expectativa de vida tão considerável como atualmente, de forma que essa torna-se um fator decisivo para criação de políticas públicas e nos campos da saúde e da ciência. No entanto, deve-se ter algo representando esses indivíduos na sociedade, a chamada representação social.
As representações sociais são como sistemas de interpretação que regem a relação com o mundo e com os outros, orientando e organizando as condutas, elas “estão ligadas a sistemas de pensamento mais amplos, ideológicos ou culturais, a um estado de conhecimentos científicos, assim como à condição social e à esfera da experiência privada e afetiva dos indivíduos” (Jodelet, 2001, p.35). Dessa maneira, devem ser compreendidas como a construção de um objeto social feito pela comunidade para estabelecer condutas e comunicação.
A importância dessas atuações sociais está em proporcionar a identificação dos problemas comuns, de modo a promover soluções e ir em busca dos órgãos competentes para garantia dos seus direitos.
Tratando-se de direitos, alguns já foram adquiridos por meio dessas intervenções de organizações que buscam a melhoria da qualidade de vida dos idosos. Podem ser citados: a criação de grupos de convivência, as escolas e universidades para a terceira idade e as casas-lares, aparentam ser atitudes simples, porém, geram resultados significativos que promovem a sociabilidade, acesso à cultura, surgimento de uma consciência cidadã e o lazer que por muitos tendem a ser esquecidos achando que são direitos sociais exclusivos da juventude.
Vale ressaltar que há diferentes objetivos existentes dentre às práticas executadas, mesmo assim, contribuem para distintas formas de inclusão social.
Por fim, essa organização de estruturas que visam oferecer serviços especializados para os idosos, como saúde e bem-estar, possibilitou também o envelhecimento com qualidade de vida e com atendimento profissional qualificado junto a essas estruturas sociais.
TERCEIRA IDADE E A SOCIEDADE CAPITALISTA
Nas sociedades que antecederam o surgimento do capitalismo, foi possível observar a importância dada ao papel do idoso. Devido a grande experiência de vida que tinham, eram lhe direcionadas as decisões, as lideranças e os aconselhamentos perante as situações problemáticas. As sociedades orientais são exemplos de culturas que ainda seguem esse padrão de organização, sendo o respeito um dos critérios.
Ademais, com a emergência do modelo capitalista, isso vem se modificando gradualmente mediante a centralização do foco na produção e não em quem a produz.
Sendo por meio da sua força de trabalho que o homem se torna um sujeito social, a medida de contribui para a sociedade e si próprio, o indivíduo da terceira idade não se faz mais integrante desse meio produtor, uma vez que este não serve mais para o processo de mais-valia promovido pelo capitalista. Nesse cenário, o trabalhador sente que sua vida foi desapropriada e percebe o aumento de suas necessidades e não tem como supri-las.
A definição de idoso proposta pela sociedade capitalista seria que este deve usufruir de seu repouso uma vez que já contribuiu para a economia de seu país, utilizando-se das políticas públicas beneficiadoras. Havendo diversas opções de atividades promovidas para garantia da chamada universalidade de direitos.
Contrário a isso, o que podemos observar é a atuação mínima do Estado para, ilusoriamente, convencer o idoso de que ainda tem alguma participação no meio social. Somado a isso, existe na sociedade a permanência de conceitos gerontofóbicos perceptíveis em atos, gestos e palavras que cunho pejorativo que exibem a insensibilidade e a falta de humanização com a causa que é futura de todos.
Ademais, não deve ser esquecida a influência da ideia de “eterna juventude” na população idosa, fazendo com que essa não se aceite como tal. Assim, negando a existência do envelhecimento, a terceira idade passa a ser referida como “melhor idade”.
Pegando como exemplo o Brasil, evidencia-se as dificuldades enfrentadas pela população idosa perante a esse modelo econômico. Em que é colocada em prática uma divisão de renda injusta, onde se estabelece um padrão de produção mercadológico e quem não o seguir perde seu espaço. Desse modo, não conseguem direitos e oportunidades iguais.
Ocorrendo essa perda de identidade no mercado de trabalho, o idoso ganha uma nova posição em seu meio familiar, apenas de recurso financeiro. O envelhecer dentro da família resulta algumas vezes em consequências ruins para considerado “velho”, perdendo seu papel de principal contribuinte financeiro para se tornar apenas mais um participante que deve contribuir para amenizar o incomodo que promove.
Somado a isso, consequências psicológicas também são observáveis (que se diferencia entre cada idoso). Grande parte perde sua autonomia e começa a apresentar dificuldades de adaptação a nova fase da vida, surgem doenças crônicas, alguns passam por dificuldades financeiras, mudanças na aparência, são alguns dos fatores que refletemna saúde mental dos membros da terceira idade, pois, estes se sentem desprezados, angustiados, com sua autoestima afetada. Tudo isso faz com que seja enaltecido o processo de coisificação da pessoa idosa.
Por fim, faz-se necessário de forma imprescindível o apoio familiar para mostrar o valor que possui. Assim, não fazendo com que o indivíduo deixe de ter sua vida social, abandonando o que gosta apenas por estar em uma idade avançada. Como já foi citado, os grupos de convivência são um grande auxílio.
A VIOLÊNCIA SOFRIDA PELO IDOSO
A violência e os maus tratos contra a pessoa idosa é um acontecimento antigo, mas com notoriedade recente na realidade mundial. Nesse contexto, diversas definições surgem para explicar o que seria considerado violência e os seus tipos existentes.
Segundo a Rede Internacional para a prevenção as Abuso do Idoso, violência ao idoso é definida como “um ato único ou repetido, ou a falta de uma ação apropriada, que ocorre no âmbito de qualquer relacionamento onde haja uma expectativa de confiança, que cause danos ou angústia a uma pessoa mais velha”.
No entanto, de acordo com a OMS (2005), violência estaria relacionada às relações sociais interpessoais, de grupos e classes, de gênero ou institucionalizadas, quando são empregadas formas distintas que possam causar danos físicos, mentais e morais ao indivíduo. 
Dando ênfase aos idosos, pode-se fragmentar em: 
Violência sociopolítica: envolvem grupos e pessoas consideradas delinquentes em relação às interações sociais e estruturas econômicas e políticas, promovendo a exclusão ou exploração.
Violência institucional: diz respeito aos serviços prestados por instituições como hospitais, serviços públicos, que ocorrem por ação ou omissão. Referindo-se também aos locais de longa permanência para o idoso, as quais negam ou atrasam o acesso, hostilizam e não respeitam sua autonomia.
Violência intrafamiliar: definida como a violência do silêncio que possui como agressores os familiares (filhos, netos, noras, cônjuges, vizinhos, cuidadores). 
(Faleiros, 2004, 2007)
É aceitável afirmar que não há registros antropológicos de alguma cultura que não possua atos violentos em suas relações interpessoais. Por ser uma construção biopsicossocial e histórico-cultural que expressa-se com intuito de obter poder e domínio político de modo a serem direcionados aos grupos minoritários, sendo exemplo os idosos.
Apesar de haverem poucas pesquisas sobre essa temática, os registros apontam um perfil: geralmente mulheres, acima dos 75 anos que possuam algum tipo de dependência física e/ou psicológica, vivendo com familiares, demonstrando serem pessoas passivas e complacentes dentro das relações sociais. Além disso, estima-se também o perfil do agressor: filhos ou pessoas que possuem estreito contato com o idoso, apresentam algum problema psicológico, dependentes de álcool ou outras substâncias psicoativas.
Vale ressaltar a existência dos fatores de risco inerentes aos maus tratos, como: 
Violência intergeracional: crianças que foram violentadas quando adultos podem propiciar maus tratos aos pais e/ou avós.
Dependência: alto grau de dependência em todos os sentidos (psicológico, físico, econômico).
Estresse: por parte do cuidador pela dependência do idoso e pela falta de uma rede de suporte familiar mais ampla.
Isolamento social: pessoas idosas que vivem sozinhas são menos propensas a serem violentadas, no entanto, podem ser negligenciadas ou auto-negligenciadas.
(Gondim & Costa; Machado & Queiroz, 2006)
Assim, percebe-se a falta de responsabilidade e interesse do agressor nos cuidados com a pessoa idosa, irritação com frequência, hostilidade e alto grau de estresse laboral. É perceptível a relação direta entre dependência e idade avançada em decorrência do surgimento de atos de violência e maus tratos na velhice, de modo que estes fatores de risco podem ser utilizados pelos profissionais da saúde para averiguar possíveis casos de violência.
POLÍTICAS PÚBLICAS RELACIONADAS À TERCEIRA IDADE
Com o intuito de contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos idosos, foram criadas algumas políticas públicas. Primeiramente, é necessário ressaltar o que compreende o termo "políticas públicas". Estas se constituem por ações, programas, projetos, regulamentos, leis e normas que o Estado desenvolve para administrar de maneira mais eqüitativa os diferentes interesses sociais, abrangendo e organizando a dimensão coletiva de uma determinada sociedade.
No entanto, para que uma política pública seja efetivada é necessária uma atitude ética, consciente e cidadã dos interessados em um envelhecimento saudável. Ademais, são co-responsáveis nesse processo os profissionais da saúde, sociedade em geral, psicólogos e o Estado.
Dessa forma, existem dispositivos legais objetivam orientar as ações sociais e de saúde que ocorrem, além de garantir os direitos das pessoas idosas e obrigar o Estado a proteger essa parcela da população. Alguns exemplos são: Estatuto do Idoso, Política Nacional da Saúde da Pessoa Idosa e a Política Nacional do Idoso. 
O artigo terceiro do Estatuto do Idoso (2006) cita que:
 Art. 3.º É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende: I – atendimento preferencial imediato e individualizado junto aos órgãos públicos e privados prestadores de serviços à população; II – preferência na formulação e na execução de políticas sociais públicas específicas; III – destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção ao idoso […] (ESTATUTO DO IDOSO, 2006, p. 8) 
Desse modo, o idoso tem garantido seus direitos e com grande importância conquistou a preferência no atendimento em órgãos públicos e privados, além disso, na execução de políticas públicas específicos. Segundo estudos, a Constituição Federal Brasileira de 1988 foi a primeira a dar visibilidade ao idoso e tratar a velhice como um problema social, ultrapassando os limites da assistência previdenciária e assegurando a proteção por meio da assistência social.
A Política Nacional do Idoso, instituída pela Lei 8.842/94, regulamentada em 3/6/96 através do Decreto 1.948/96, amplia significativamente os direitos dos idosos. Está norteada por cinco princípios:
a família, a sociedade e o Estado têm o dever de assegurar ao idoso todos os direitos da cidadania, garantindo sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade, bem-estar e o direito à vida;
o processo de envelhecimento diz respeito à sociedade em geral, devendo ser objetivo de conhecimento e informação para todos;
o idoso não deve sofrer discriminação de qualquer natureza;
o idoso deve ser o principal agente e o destinatário das transformações a serem efetivadas através dessa política;
as diferenças econômicas, sociais, regionais e, particularmente, as contradições entre o meio rural e o urbano do Brasil deverão ser observadas pelos poderes públicos e pela sociedade em geral na aplicação dessa lei.
Analisando estes princípios, percebe-se que a lei garante uma renda e também vínculos relacionais e de pertencimento que assegurem mínimos de proteção social aos idosos, objetivando a participação, emancipação e construção da cidadania e de um novo conceito social para a velhice.
Outra política pública que tem como público alvo os idosos é o SUS (Sistema Único de Saúde), no qual a Psicologia se insere no contexto da Psicologia da Saúde. O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado pela Constituição Federal de 1988 para que toda a população brasileira tenha acesso ao atendimento público de saúde. Segundo o Estatuto do Idoso, a população idosa tem atendimento preferencial no SUS. A distribuição de remédios aosidosos, principalmente os de uso continuado (hipertensão, diabetes etc.), deve ser gratuita, assim como a de próteses e órteses. Supracitada, foi criada também a Política Nacional de Saúde da População Idosa (PNSPI), cuja finalidade primordial é recuperar, manter e promover a autonomia e a independência da população idosa, direcionando medidas coletivas e individuais de saúde para esse fim, concordando com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde.
O foco central da PNSPI (p.3) é: 
"recuperar, manter e promover a autonomia e a independência dos indivíduos idosos, direcionando medidas coletivas e individuais de saúde para esse fim, em consonância com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde. É alvo dessa política todo cidadão e cidadã brasileiros com 60 anos ou mais de idade."  
 (IBIDEM, 2007)
Considerado como um dos maiores desafios no contexto saúde pública, o envelhecimento populacional ganha destaque. Aliado à isso, as mudanças nas pirâmides etárias e doenças decorrentes do envelhecimento. Como consequência tem-se a demanda crescente por serviços de saúde, sendo esse um dos desafios atuais: a falta de recursos que atendam a demanda. Um dos resultados dessa dinâmica é uma demanda crescente por serviços de saúde. O idoso consome mais serviços de saúde, as internações hospitalares são mais frequentes e o tempo de ocupação do leito é maior quando comparado a outras faixas etárias. Em geral, as doenças dos idosos são crônicas e múltiplas, perduram por vários anos e exigem acompanhamento constante, cuidados permanentes, medicação contínua e exames periódicos.
A INSERÇÃO DA PSICOLOGIA NAS POLÍTICAS PÚBLICAS
O papel da psicologia tem sido como criadora de propostas, atua na gestão de sistemas e serviços, na profissionalização de pessoas vinculadas à ações sociais, na produção de conhecimento e principalmente na participação dos conselhos de saúde.
De acordo com registros, a presença do psicólogo nas políticas públicas cresceu bastante na última década. Paralelamente, ocorrendo a construção do compromisso social por influência dos psicólogos. Assim, valoriza-se as práticas comprometidas com a transformação social, em direção a independência humana.
A respeito da atuação do psicólogo, esse pode alterar o que está sendo planejado, juntamente a um profissional assistente social em atendimentos individuais e em atividades coletivas, condições prioritárias. Porém, isso só ocorre se promovida a oportunidade de se ouvir, descobrir, de compreender a subjetividade em questão e identificar a influência produzida pelas redes e campos diversos existentes no meio social em que o indivíduo está inserido. Consequentemente, é proporcionado ao indivíduo um novo significado a sua vida, deixando de ser um objeto para se tornar um sujeito protagonista de sua história.
Sendo assim, a psicologia conta com ferramentas que podem enfrentar os processos de exclusão social vividos por parcelas significativas da população: vínculo, escuta, cuidado, intervenções coletivas, aproximação com o território e com as redes estabelecidas pelos sujeitos enquanto suas estratégias de existência. Práticas pautadas por estes pressupostos certamente culminarão na produção de uma subjetividade cidadã – que desloque o sujeito de um lugar "assistido" para um lugar protagonista e de direitos, articulação de redes sociais em defesa da vida, construindo entre si laços de solidariedade, na lógica da integralidade.
É preciso considerar que no processo de criação destas políticas é de extrema importância que ocorra um planejamento cuidadoso que identifique as barreiras sociais e individuais que possam reduzir ou impedir a participação do sujeito idoso nas atividades. Todas as dificuldades encontradas nesta fase da vida precisam então ser levadas em consideração para que as iniciativas obtenham sucesso. O próprio idoso deve ser consultado durante o planejamento destes projetos, para que seus interesses sejam devidamente alcançados. Este também precisa intensificar seu interesse e participação na política para que possa assim ter maior influência nas decisões públicas, especialmente naquelas que se referem ao apoio social aos idosos.
O PSICÓLOGO NO SUS E A SAÚDE MENTAL DO IDOSO
A relação Psicologia e Sistema Único de Saúde – SUS deve ser discutida sob a ótica dos princípios: integralidade, autonomia e corresponsabilidade e o da transversalidade, estando, no entrecruzamento prático desses princípios a mais genuína contribuição da Psicologia para o SUS. Nesse trabalho, o sujeito é percebido em sua totalidade e complexidade biopsicossocial dentro de uma rede interdisciplinar humanizada.
Existem alguns impasses que permeiam a atuação do psicólogo no SUS e que consequentemente implicam nas perspectivas e contribuições que a psicologia pode “somar” nessa relação. O ponto de partida refere-se a formação nos cursos de graduação e na prática profissional dos Psicólogos, que historicamente privilegia a clínica privada e o atendimento individualizado, evocando em sua prática aspectos de uma lógica neoliberal e uma transposição do modelo biomédico, que assume paradoxalmente postura contrária ao modelo psicossocial de assunção da territorialidade, integralidade e humanização preconizada pelo Sistema Único de Saúde.
“O conceito de psicossocial é manejado por especialistas da saúde, mas pode ser utilizado de forma ingênua. O termo é uma junção do psicológico e do social, mas, na prática, essas ações seguem separadas das ações em saúde, porque o mundo da biomedicina se formou banindo o que seja psíquico e social. Sabe-se, no entanto, que não é possível separar o psíquico e o social na vida diária. Com essa separação, a biomedicina, de forma geral, não consegue conferir às pessoas sua integralidade”. (Conselho Federal de Psicologia, 2011)
Quais interfaces da Psicologia como campo de saber e, mais precisamente, dos psicólogos enquanto trabalhadores, com o Sistema Único de Saúde? Mais do que fazer uma discussão de conteúdos curriculares, ou mesmo indicar disciplinas a serem incluídas e/ou excluídas dos cursos de formação devemos nos perguntar sobre quais práticas tais psicólogos têm efetuado, quais compromissos ético-políticos têm tomado como prioritários em suas ações. É claro que isto não se separa dos referenciais teórico-conceituais que dão suporte a estas práticas e, é claro também, que se trata de uma tomada de posição, de atitude, quanto ao que se define como objeto e campo de intervenção da Psicologia. Trata-se, então, de uma discussão ética, melhor dizendo, ético-política. Se não aceitamos as posições abstratas, transcendentes, descoladas de onde a vida se passa, precisamos, imediatamente, trazer ao debate questões sobre o contemporâneo, tanto em sua dimensão transnacional, mundial, quanto local, brasileira.
Os idosos apresentam demandas de cuidados em saúde diferentes daquelas do restante da população. Dentre os problemas de saúde comuns na terceira idade, encontram-se os transtornos mentais, que acometem cerca de um terço da população idosa. Dentro do SUS, essa demanda é atendida principalmente pelos Centros de Atenção Psicossociais (CAPS), que após a reforma psiquiátrica surgiram como serviços substitutivos aos hospitais psiquiátricos para proporcionar uma desinstitucionalização e reintegração dos pacientes na sociedade tornando-se os serviços responsáveis por atender a demanda da população que necessita de cuidados mentais.
 O IDOSO NO CAPS
O Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) caracteriza-se por ser um serviço de atenção diária, que se propõe como alternativa ao hospital psiquiátrico e tem como principal objetivo promover a reabilitação psicossocial de seus usuários. Em cada unidade desses serviços trabalham equipes compostas por profissionais de diversas áreas de formação, inclusive por psicólogos. Estes, realizam principalmente o atendimento clínico,além de coordenar os grupos terapêuticos e participar do suporte social às famílias dos usuários.
A Portaria/GM nº 336 de 19 de fevereiro de 2002 (BRASIL, 2002) regulamenta as modalidades de CAPS e estabelece normas de funcionamento e composição de equipe. De acordo com essa portaria, as atividades que devem compor a assistência prestada aos usuários em cada modalidade de CAPS são: atendimento individual, podendo ser medicamentoso, psicoterápico, de orientação, entre outros; atendimento em grupos de psicoterapia, grupos operativos, atividades de suporte social, atendimento em oficinas terapêuticas; visitas domiciliares; atendimento à família; atividades comunitárias buscando a integração do usuário na comunidade e sua inserção familiar e social.
Segundo uma pesquisa realizada nos CAPS de Porto Alegre, os dados evidenciam que depressão, demência e alcoolismo estão entre os transtornos mentais com maior incidência na população idosa. Esses são também os problemas que mais levam idosos a procurar o CAPS, além do uso de narcóticos, esquizofrenia e transtornos afetivos. 
O número de pessoas nessa faixa etária que busca assistência de saúde em serviços especializados para o tratamento ainda assim tem sido muito baixo, essa constatação pode se dar por diversos motivos, dentre eles, crenças e preconceitos dos idosos em relação aos transtornos mentais. Porém, idosos com transtornos mentais apresentam maiores taxas de atendimento em serviços de atenção primária e em hospitais decorrentes de diferentes motivos, sem que o transtorno mental seja identificado e examinado de maneira adequada e tratado. Além disso, os idosos, muitas vezes não são capazes de perceber a presença dos transtornos mentais e seus sintomas acabam sendo reconhecidos equivocadamente como algo inerente ao processo de envelhecimento. Esses fatores podem acarretar em uma situação de desassistência, que provavelmente será acentuada pela carência de ações de saúde e de formação profissional, destinadas ao atendimento à saúde mental do idoso (CLEMENTE; FILHO; FIRMO, 2011).
Em relação às atividades realizadas no CAPS, constata-se que poucas são direcionadas especificamente aos idosos, que geralmente participam das atividades disponibilizadas pelo serviço para o público em geral. 
O SUAS
Sistema Único da Assistência Social (SUAS) constitui-se na regularização e organização em todo território nacional das ações socioassistenciais. Ações essas, baseadas nas orientações da nova Política Nacional de Assistência Social (PNAS). Os serviços, programas e benefícios tem como objetivo atender às famílias, seus membros e indivíduos, estando as suas ações focadas no desenvolvimento das potencialidades de cada um e no fortalecimento dos vínculos familiares.
O acesso da população ao SUAS é mediado pelo trabalho de profissionais de diferentes áreas de conhecimento que, de forma geral, vivenciam desafios em executá-la pela recorrente escassez de recursos, condições e meios de trabalho, fruto da contrarreforma do Estado em curso no país. Outro desafio posto aos profissionais é a requerida e necessária interdisciplinaridade, processo “de reconhecimento das diferenças e de articulação de objetos e instrumentos de conhecimento distintos”. Assim, o trabalho em equipe vai refletir este movimento dinâmico de relação entre o macro e micro que – pelo trabalho planejado e realizado do assistente social e psicólogo, entre outros – pode oferecer uma atenção qualificada e integral à população no acesso aos seus direitos sociais. A atuação de assistentes sociais e psicólogos/as na Política de Assistência Social requer a construção de uma prática político-profissional capaz de aceitar o pluralismo e de tomar decisões “pautadas nos princípios e valores estabelecidos nos Códigos de Ética Profissional” (CFESS, 2007).
 SERVIÇO DE PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL PARA IDOSOS E SUAS FAMÍLIAS
O Serviço de Proteção ao Idoso tem como objetivo promover orientação, apoio e acompanhamento aos idosos, como medida de proteção sempre que os direitos reconhecidos no Estatuto do Idoso forem ameaçados ou violados. As demandas são identificadas por diferentes espaços, como: equipes dos CRAS, CREAS, Ministério Público, das Unidades Básicas de Saúde, da Rede de Atenção ao Idoso, entre outros órgãos governamentais e não governamentais que identificam a situação de violação de direitos, e posteriormente, encaminham o caso para a equipe multidisciplinar, onde os técnicos de Serviço Social, Psicologia e Nutrição, munidos de informações acerca da situação do idoso, realizam entrevista e avaliação com o núcleo familiar e estabelecem o Plano Individual de Atendimento. 
Constata-se que na violação de direitos dos idosos prevalecem os casos de negligência, maus-tratos, abandono pelos familiares, vulnerabilidade social, conflitos familiares, apropriação indevida de valores de benefícios previdenciários, retenção de cartão bancário do idoso por familiares, entre outros. Por isso, sustenta-se a importância de uma proposta que produza a extensão e garantia de direitos, sobretudo voltada à família, para a superação e abrangendo as situações que desencadeiam os processos de fragilização dos vínculos familiares e comunitários que vulnerabilizam o idoso. 
O atendimento técnico é realizado no domicílio e na sede para atendimento e reuniões familiares. A finalidade é prover cuidados básicos pelo fortalecimento de vínculos, superar contradições inerentes de suas relações, elaborar laudos sociais e psicológicos, encontros informativos para construir plano de ação para facilitar o dia a dia da família, discutir sobre doenças, entre outros. Enfim, amparar o idoso e a família, na sua função de cuidadora, possibilitando um envelhecer mais digno e saudável e também evitando os maus-tratos, abandono e a institucionalização do idoso. Dessa forma, são imprescindíveis também ações intersetoriais e institucionais interagindo com a rede socioassistencial, em que são realizados encaminhamentos para serviços assistenciais, de saúde (alcoolismo e drogas), inserção em grupos de convivência, centro dia, qualificação profissional, realização de grupos para discussão da temática do envelhecimento, entre outros, e também, proporcionando e garantido uma qualidade de vida digna aos idosos e seus familiares.
 Nesse serviço, as contribuições da Psicologia exemplificam seu compromisso social com as políticas em prol dos direitos da população idosa, em termos de autonomia, participação, cuidados, auto-realização e dignidade. O psicólogo realiza atendimentos aos idosos por meio de ações que possibilitem a convivência familiar e social, evitando a institucionalização. Além disso, contribui na elaboração de pareceres e relatórios, juntamente com o assistente social para o Ministério Público, que fornece subsídios para ações judiciais, apontando elementos importantes no que diz respeito ao idoso e sua família, sugerindo medidas de proteção previstas no Estatuto do Idoso.
 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o objetivo de não restringir a questão do idoso somente à saúde, objetivou-se mostrar também o caminho que as políticas públicas constroem visando a melhoria do bem-estar em um sentido mais amplo. Utilizando-se de diversas estratégias e investimentos na participação do idoso para uma maior visibilidade social, é proporcionada a sua inserção em diversos contextos.
Somado a isso, pode-se concluir que as técnicas e o saber do psicólogo aliados à saúde podem promover intervenções eficientes e pontuar críticas a cerca dos fenômenos sociais. Contribuindo também para a resolução dos desafios enfrentados, como exemplo: a mobilização e conscientização da população, seja em âmbito local ou não. Assim, fortalecendo a autonomia dessa parcela populacional definida como frágil dentro do meio social.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COSTA, F. G; CAMPOS, P. H. F. Representação Social da Velhice, Exclusão e Práticas Institucionais. In CRP-09, Revista Eletrônica de Psicologiae Políticas Públicas. Disponível em <http://www.crp09.org.br/NetManager/documentos/v1n1a6.pdf> Acessado em: 28 AGO 2016.
DE ARAUJO, L. F.; COUTINHO, M. P. L.; SANTOS, M. F. S. O idoso nas instituições gerontológicas: Um estudo na perspectiva das representações sociais. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/psoc/v18n2/11 > Acessado em: 28 AGO 2016.
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