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ESA 2014 Noções de Direito Penal

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Noções de Direito Penal 
Professor:Fabrício Dornas Carata 
 prof.fdc@gmail.com	
  	
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NOÇÕES DE 
DIREITO PENAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
IAD – Instituto Avançado de Direito 
Atualizado até outubro de 2013 
 
Noções de Direito Penal 
Professor:Fabrício Dornas Carata 
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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DE DIREITO PENAL 
 
Princípio da legalidade ou da reserva legal (art. 5º, inciso XXXIX, da 
Constituição Federal e art. 1º do Código Penal). Será analisado juntamente com a 
aplicação da lei penal. 
 
Princípio da anterioridade da lei penal (art. 5º, inciso XXXIX, da 
Constituição Federal e art. 1º do Código Penal). Será analisado juntamente com a 
aplicação da lei penal. 
 
Princípio da irretroatividade da lei penal mais severa (art. 5º, inciso XL, da 
Constituição Federal e art. 2º do Código Penal). Será analisado juntamente com a 
aplicação da lei penal. 
 
Princípio da proibição de analogia “in malam partem” 
 
Corolário do princípio da legalidade, proíbe a adequação típica “por 
semelhança” entre fatos. Será analisado juntamente com a aplicação da lei penal. 
 
Principio da intervenção mínima ou “ultima ratio” 
 
O Direito Penal só deve se preocupar com os bens jurídicos mais relevantes 
e necessários à vida em sociedade. Com ele procura-se com ele, portanto, restringir 
os abusos e o arbítrio do legislador, no sentido de evitar a criminalização excessiva 
e desnecessária de condutas e consequente imposição de pena. Ele orienta e 
limita o poder incriminador do Estado. Por ele, o Direito Penal deve interferir o 
mínimo possível na vida em sociedade, devendo ser utilizado apenas quando os 
demais ramos do Direito não forem capazes de proteger aqueles bens considerados da 
maior importância. Com base nesse principio discute-se, por exemplo, a necessidade 
de se punir penalmente aquele que emite um cheque sem provisão de fundos, a 
manutenção das contravenções penais. O princípio da intervenção mínima serve, 
portanto, tanto para determinar os bens jurídicos mais importantes que devem 
merecer uma tutela penal, como também, para orientar o legislador para retirar 
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bens jurídicos que não mais necessitam de proteção jurídica (v.g: Lei n. 
11.106/2005). 
 
ESTATUTO DO DESARMAMENTO. TRANSPORTE DE MUNIÇÃO 
PARA SER USADA EM ESPINGARDA CALIBRE 12, 
DEVIDAMENTE LEGALIZADA E REGISTRADA NO SISTEMA DE 
ARMAS. PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA. 
(...) 
2. O Direito Penal somente deve se preocupar com os bens jurídicos 
mais importantes e necessários à vida em sociedade, interferindo o 
menos possível na vida do cidadão. É a última entre todas as medidas 
protetoras a ser considerada, devendo ser as perturbações mais leves 
objeto de outros ramos do Direito. 
(...) 
(REsp 1228545/RS, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, 
julgado em 18/04/2013, DJe 29/04/2013) 
 
HABEAS CORPUS. APROPRIAÇÃO INDÉBITA. TRANCAMENTO 
DA AÇÃO PENAL. POSSIBILIDADE. NÃO DEVOLUÇÃO DE 4 
DVDs LOCADOS. ILÍCITO CIVIL. PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO 
MÍNIMA. PACIENTE REINCIDENTE E PORTADOR DE MAUS 
ANTECEDENTES. CIRCUNSTÂNCIAS QUE NÃO TRANSFORMAM 
O DESCUMPRIMENTO CONTRATUAL EM CRIME. 
CONSTRANGIMENTO ILEGAL DEMONSTRADO. ORDEM 
CONCEDIDA. 
1. A lei penal não deve ser invocada para atuar em hipóteses 
desprovidas de significação social, razão pela qual os princípios da 
insignificância e da intervenção mínima surgem para evitar situações 
dessa natureza, atuando como instrumentos de interpretação restrita 
do tipo penal. 
2. No caso, constata-se o reduzido grau de reprovabilidade e a mínima 
ofensividade da conduta, além da reduzidíssima periculosidade social, pois 
a não devolução de 4 DVDs, retirados mediante contrato de locação entre 
o associado e a locadora de vídeo, caracteriza um ilícito civil e está longe 
de configurar conduta que autorize a intervenção do direito penal, que deve 
ser reservado para as situações em que os outros ramos do direito não 
forem suficientes à tutela do bem jurídico protegido. 
3. O fato de o paciente ser reincidente ou possuir anotações em sua folha 
de antecedentes criminais por crimes contra o patrimônio não transforma o 
descumprimento contratual em ilícito penal. 
4. Habeas corpus concedido para restabelecer a sentença de primeiro grau 
que absolveu o paciente. 
(HC 189.392/RS, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, 
QUINTA TURMA, julgado em 21/06/2012, DJe 28/06/2012) 
 
PROCESSO PENAL. RECURSO EM HABEAS CORPUS. INQUÉRITO 
POLICIAL. ESTELIONATO. EXERCÍCIO ILEGAL DE PROFISSÃO. 
TRANCAMENTO. FALTA DE JUSTA CAUSA. (1) 
DESCUMPRIMENTO CONTRATUAL. TIPICIDADE. NÃO 
RECONHECIMENTO. 
1. O Direito Penal moderno é marcado pelo princípio da intervenção 
mínima, não sendo viável dele se servir para tratar de questões ligadas 
ao inadimplemento contratual. Ademais, chama a atenção a 
circunstância de passados quase quatro anos ainda não se ter 
encerrado o inquérito policial, sendo que o feito jaz há dois anos e seis 
meses na delegacia. 
2. Recurso a que se dá provimento para trancar o inquérito policial. 
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(RHC 21.006/SC, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, 
SEXTA TURMA, julgado em 18/08/2010, DJe 06/09/2010) 
 
 
Apropriação indébita. Contribuições previdenciárias atrasadas (quitação). 
Numerário (recebimento). Auxílio-doença (requerimento). Não-
apresentação (caso). Princípio da intervenção mínima (adoção). 
1. A melhor das compreensões penais recomenda não seja mesmo o 
ordenamento jurídico penal destinado a questões pequenas – coisas 
quase sem préstimo ou valor. 
2. Antes, falou-se, a propósito, do princípio da adequação social; 
hoje, fala-se, a propósito, do princípio da intervenção mínima. Já foi 
escrito: "O direito penal é desnecessário quando se pode garantir a 
segurança e a paz jurídica através do direito civil, de uma proibição de 
direito administrativo ou de medidas preventivas extrajurídicas" (Roxin). 
3. A conclusão é, portanto, a de que o fato descrito na denúncia – 
apropriação de valores recebidos de segurado da Previdência Social para 
quitação de contribuições atrasadas, sem a posterior protocolização de 
pedido administrativo de auxílio-doença – haverá de ter solução por outro 
ramo do Direito que não o Direito Penal. 
4. Recurso especial do qual não se conheceu. 
(REsp 672.225/RS, Rel. Ministra JANE SILVA (DESEMBARGADORA 
CONVOCADA DO TJ/MG), Rel. p/ Acórdão Ministro NILSON NAVES, 
SEXTA TURMA, julgado em 07/08/2008, DJe 17/11/2008) 
 
Princípio da fragmentariedade 
 
O Direito Penal não protege todos os bens jurídicos, mas apenas os mais 
importantes. E mesmo em relação a esses bens jurídicos mais relevantes não os 
protege de todas as lesões, pois intervém somente nos casos de maior gravidade. Se 
apresenta como corolário dos princípios da intervenção mínima e da lesividade. 
 
Princípio da ofensividade (“nullum crimen sine injuria”) 
 
O Direito Penal só deve intervir quando a conduta efetivamente ofende um 
bem jurídico, não sendo suficiente para a sua reprovação que ela seja imoral ou 
pecaminosa (Damásio E. de Jesus in “Direito Penal – Parte Geral, Ed. Saraiva, 32 
ed., 2011, página 52). Esse princípio apresenta quatro importantes funções: a) 
proibir a incriminação de uma atitude interna (“cogitationis poenam nemo patitur”, 
ou seja, ninguém podeser punido por aquilo que pensa); b) proibir a incriminação de 
uma conduta que não exceda o âmbito do próprio autor (autolesão, tentativa de 
homicídio e art. 16 da Lei n. 6.368/76); c) proibir a incriminação de simples estados 
ou condições existenciais (pune-se o autor por aquilo que ele é, e não pelo que fez. 
Direito Penal do autor) e d) proibir a incriminação de condutas desviadas que não 
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afetem qualquer bem jurídico (condutas que afetam o senso comum da sociedade, mas 
que não chega, a lesar qualquer bem jurídico). 
 
PENAL. HABEAS CORPUS. FALSIDADE IDEOLÓGICA. PRÉVIO 
MANDAMUS DENEGADO. PRESENTE WRIT SUBSTITUTIVO DE 
RECURSO ORDINÁRIO. INVIABILIDADE. VIA INADEQUADA. 
REGISTRO CIVIL EM DUPLICIDADE. NASCIMENTO ALEGADO 
EM DOIS PAÍSES DIVERSOS. BUSCA DA DUPLA CIDADANIA. 
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. PRESCRIÇÃO. INOCORRÊNCIA. 
TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. CONHECIMENTO POSTERIOR 
DA INDEVIDA CONDUTA. CONSEQUENTE INGRESSO DE AÇÃO 
ANULATÓRIA PELOS ACUSADOS. BOA-FÉ. DUTY TO MITIGATE 
THE LOSS. AÇÃO PENAL. AFETAÇÃO AO BEM JURÍDICO 
TUTELADO. NÃO INCIDÊNCIA. PRINCÍPIO DA OFENSIVIDADE. 
ATIPICIDADE DA CONDUTA. OCORRÊNCIA. FLAGRANTE 
ILEGALIDADE. EXISTÊNCIA. HABEAS CORPUS NÃO 
CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO. 
(...) 
2. Os pacientes registraram em duplicidade o nascimento do filho, em 
países diversos, crendo que com a conduta regularizariam a dupla 
cidadania do seu rebento, sendo que, ao serem posteriormente 
informados do caráter indevido do ato, ingressaram com uma ação 
anulatória de registro civil para regularizar a situação, o que trouxe 
ao conhecimento do órgão ministerial a quaestio e motivou a exordial 
acusatória. 
3. Não há falar em extinção da punibilidade pelo reconhecimento da 
prescrição, eis que inexistiu decurso temporal superior ao previsto em lei, 
pois o termo inicial para a contagem do prazo é o dia em que o fato se 
tornou conhecido, nos termos do artigo 111, inciso IV, do Código Penal. 
4. De se invocar, no caso, o cânone da boa-fé objetiva, que ecoa por todo o 
ordenamento jurídico, não se esgotando no campo do Direito Privado, no 
qual, originariamente, deita raízes; destacando-se, dentre os seus 
subprincípios, o duty to mitigate the loss. 
5. Na espécie, existe manifesta ilegalidade, visto que somente se trouxe a 
lume o imbróglio após o ingresso da ação anulatória pelos pacientes para 
regularizar a situação, em franca atitude de mitigar, dentro do empenho 
possível e razoável, o evento danoso - duty to mitigate the loss. 
6. Acura-se dos autos a ausência da afetação do bem jurídico tutelado, fé 
pública, ensejando, portanto, a atipicidade da conduta dos pacientes, em 
atenção ao princípio da ofensividade. 
7. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida, de ofício, a fim de, 
reconhecendo a atipicidade da conduta, trancar a ação penal. 
(HC 266.426/SC, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, 
SEXTA TURMA, julgado em 07/05/2013, DJe 14/05/2013) 
 
HABEAS CORPUS. EMBRIAGUEZ AO VOLANTE (ARTIGO 306 DO 
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO, COM A REDAÇÃO DADA 
PELA LEI 11.705/2008). ALEGAÇÃO DE 
INCONSTITUCIONALIDADE DO ARTIGO 306 DO CÓDIGO DE 
TRÂNSITO BRASILEIRO. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIOS DA 
OFENSIVIDADE. CRIME DE PERIGO ABSTRATO. 
DESNECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DE DIREÇÃO ANORMAL 
OU PERIGOSA. EXISTÊNCIA DE JUSTA CAUSA PARA O 
PROSSEGUIMENTO DA AÇÃO PENAL. CONSTRANGIMENTO 
ILEGAL NÃO EVIDENCIADO. ORDEM DENEGADA. 
1. Os crimes de perigo abstrato são os que prescindem da 
comprovação da existência de situação que tenha colocado em risco o 
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bem jurídico tutelado, ou seja, não se exige a prova do perigo real, 
pois este é presumido pela norma, sendo suficiente a periculosidade da 
conduta, que é inerente à ação. 
2. As condutas punidas por meio dos delitos de perigo abstrato são as 
que perturbam não apenas a ordem pública, mas lesionam o direito à 
segurança, daí porque se justifica a presunção de ofensa ao bem 
jurídico tutelado. 
3. A simples criação dos crimes de perigo abstrato não representa 
comportamento inconstitucional. Contudo, não há como se negar que 
os princípios da intervenção mínima e da lesividade ensejam um 
controle mais rígido da proporcionalidade de tais delitos, uma vez que 
se deverá examinar se a medida é necessária e adequada para a efetiva 
proteção do bem jurídico que se quer tutelar. 
4. Eventual excesso na previsão de condutas incriminadas pela técnica 
legislativa dos delitos de perigo abstrato deve ser impugnado na via 
própria, não se admitindo uma exclusão apriorística deste tipo de 
crime do ordenamento jurídico pátrio, sob pena de violação ao 
princípio que proíbe a proteção deficiente. 
5. Atualmente, o princípio da proporcionalidade é entendido como 
proibição de excesso e como proibição de proteção deficiente. No 
primeiro caso, a proporcionalidade funciona como parâmetro de 
aferição da constitucionalidade das intervenções nos direitos 
fundamentais, ao passo que no segundo, a consideração dos direitos 
fundamentais como imperativos de tutela faz com que o Estado seja 
obrigado a garantir os direitos fundamentais contra a agressão 
propiciada por terceiros. 
6. O delito de embriaguez ao volante talvez seja o exemplo mais 
emblemático da indispensabilidade da categoria dos crimes de perigo 
abstrato, e de sua previsão de modo a tutelar a segurança no trânsito, a 
incolumidade física dos indivíduos, e a própria vida humana, diante do 
risco que qualquer pedestre ou condutor de automóvel se submete ao 
transitar na mesma via que alguém que dirige embriagado. 
7. Com o advento da Lei 11.705/2008, pretendeu-se impor penalidades 
mais severas àqueles que conduzem veículos automotores sob a influência 
de álcool, sendo que o delito de embriaguez ao volante passou a se 
caracterizar com a simples condução de automóvel com concentração de 
álcool igual ou superior a seis decigramas de álcool por litro de sangue, 
não sendo necessário que a pessoa seja surpreendida dirigindo de forma 
anormal ou perigosa. 
8. O crime do artigo 306 do Código de Trânsito Brasileiro é de perigo 
abstrato, dispensando-se a demonstração da efetiva potencialidade lesiva 
da conduta daquele que conduz veículo em via pública com a concentração 
de álcool por litro de sangue maior do que a admitida pelo tipo penal. 
Precedentes. 
9. A ADI 4103/DF, na qual se impugnam vários dispositivos da Lei 
11.705/2008, dentre os quais o que alterou o artigo 306 da Lei 9.503/1997, 
ainda não foi julgada pelo Supremo Tribunal Federal, de modo que a 
mencionada legislação continua em vigor, devendo ser aplicada. 
10. No caso dos autos, da narrativa contida na inicial acusatória, percebe-
se que, num primeiro momento, os fatos atribuídos ao paciente se 
amoldam ao tipo do artigo 306 do Código de Trânsito Brasileiro, pelo que 
se mostra incabível o pleito de trancamento da ação penal, medida 
excepcional, só admitida na via estreita do habeas corpus quando restar 
provada, inequivocamente, sem a necessidade de exame valorativo do 
conjunto fático ou probatório, a atipicidade da conduta, a ocorrência de 
causa extintiva da punibilidade, ou, ainda, a ausência de indícios de autoria 
ou de prova da materialidade do delito, circunstâncias não caracterizadas 
na hipótese em tela. 
11. Ordem denegada. 
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(HC 161.393/MG, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, 
julgado em 19/04/2012, DJe 03/05/2012) 
 
 
PENAL E PROCESSO PENAL. RECURSOESPECIAL. NEGATIVA DE 
VIGÊNCIA AO ART. 14, CAPUT, DA LEI 10.826/03. OCORRÊNCIA. 
AUSÊNCIA DE LAUDO PERICIAL DE EFICIÊNCIA DE ARMA DE 
FOGO. MATERIALIDADE NÃO COMPROVADA. RECURSO 
ESPECIAL A QUE SE DÁ PROVIMENTO. 
1. Tratando-se de crime de porte de arma de fogo, esta Sexta Turma 
tem defendido ser indispensável a comprovação da potencialidade 
lesiva do instrumento, sob pena de violação ao princípio da 
ofensividade em Direito Penal, o qual exige um mínimo de perigo 
concreto ao bem jurídico tutelado. 
2. Recurso especial a que se dá provimento, para reconhecer a ofensa 
ao artigo 14 da Lei 10.826/03, ante a não comprovação da 
materialidade para fins de condenação pelo delito de porte de arma de 
fogo. 
(REsp 1207294/AC, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS 
MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 31/05/2011, DJe 08/06/2011) 
 
AGRAVO REGIMENTAL. HABEAS CORPUS. PORTE ILEGAL DE 
ARMA DE FOGO DESMUNICIADA. AUSÊNCIA. OFENSIVIDADE. 
ATIPICIDADE DA CONDUTA. 
1. A Sexta Turma desta Corte firmou compreensão de que não 
caracteriza o delito de porte de arma de fogo se esta se encontra 
desmuniciada, sem que exista munição ao alcance, porquanto o 
princípio da ofensividade em direito penal exige um mínimo de perigo 
concreto ao bem jurídico tutelado pela norma, não bastando a simples 
indicação de perigo abstrato. 
2. Agravo regimental a que nega provimento. 
(AgRg no HC 194.742/MS, Rel. Ministro HAROLDO RODRIGUES 
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/CE), SEXTA TURMA, 
julgado em 17/03/2011, DJe 11/04/2011) 
 
Princípio da insignificância 
 
Ligado aos chamados crimes de bagatela recomenda que o Direito Penal, 
pela adequação típica, somente intervenha nos casos de lesão com certa gravidade, 
reconhecendo a atipicidade do fato nas hipóteses de pertubações jurídicas mais leves. 
Dito em outras palavras, o princípio da insignificância tem por finalidade auxiliar o 
intérprete quando da análise do tipo penal, para fazer excluir de seu âmbito de 
incidência da lei aquelas situações consideradas como de bagatela (Rogério Greco in 
Curso de Direito Penal – Parte Geral, Editora Impetus, 10. ed., 2008, página 67). O 
Direito Penal não deve se preocupar com bagatelas (Francisco de Assis Toledo in 
Princípios Básicos de Direito Penal, Editora Saraiva, 5ª edição, 200, página 133). 
Obviamente que nem todos os tipos penais permitem a aplicação do referido 
princípio, a exemplo do que ocorre em crimes praticados com o emprego de 
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violência. O Supremo Tribunal Federal estabeleceu como vetores de aplicação do 
princípio da insignificância: a) a mínima ofensividade da conduta do agente, b) a 
nenhuma periculosidade social da ação, c) o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do 
comportamento e d) a inexpressividade da lesão jurídica provocada. 
 
E M E N T A: RECURSO ORDINÁRIO EM “HABEAS CORPUS” - 
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA - IDENTIFICAÇÃO DOS 
VETORES CUJA PRESENÇA LEGITIMA O RECONHECIMENTO 
DESSE POSTULADO DE POLÍTICA CRIMINAL - CONSEQÜENTE 
DESCARACTERIZAÇÃO DA TIPICIDADE PENAL EM SEU 
ASPECTO MATERIAL - DELITO DE FURTO SIMPLES, EM SUA 
MODALIDADE TENTADA (CP, ART. 155, “CAPUT”, C/C O ART. 14, 
II) - “RES FURTIVAE” NO VALOR (ÍNFIMO) DE R$ 166,59 - 
DOUTRINA - CONSIDERAÇÕES EM TORNO DA JURISPRUDÊNCIA 
DO STF - RECURSO ORDINÁRIO PROVIDO. O PRINCÍPIO DA 
INSIGNIFICÂNCIA QUALIFICA-SE COMO FATOR DE 
DESCARACTERIZAÇÃO MATERIAL DA TIPICIDADE PENAL. 
- O princípio da insignificância – que deve ser analisado em conexão 
com os postulados da fragmentariedade e da intervenção 8onsid do 
Estado em 8onsider penal – tem o sentido de excluir ou de afastar a 
própria tipicidade penal, examinada na perspectiva de seu caráter 
material. Doutrina. Tal postulado – que considera necessária, na 
aferição do relevo material da tipicidade penal, a 8onsider de certos 
vetores, tais como (a) a 8onsid ofensividade da conduta do agente, (b) 
a nenhuma periculosidade social da ação, (c) o reduzidíssimo grau de 
reprovabilidade do comportamento e (d) a inexpressividade da lesão 
jurídica provocada – apoiou-se, em seu processo de formulação 
teórica, no reconhecimento de que o caráter subsidiário do sistema 
penal reclama e impõe, em função dos próprios objetivos por ele 
visados, a intervenção 8onsid do Poder Público. O POSTULADO DA 
INSIGNIFICÂNCIA E A FUNÇÃO DO DIREITO PENAL: “DE 
MINIMIS, NON CURAT PRAETOR”. – O sistema jurídico há de 
8onsiderer a relevantíssima circunstância de que a privação da liberdade e 
a restrição de direitos do indivíduo somente se justificam quando 
estritamente necessárias à própria proteção das pessoas, da sociedade e de 
outros bens jurídicos que lhes sejam essenciais, notadamente naqueles 
casos em que os valores penalmente tutelados se exponham a dano, efetivo 
ou potencial, impregnado de significativa lesividade. 
 (RHC 107264, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, 
julgado em 19/04/2011, PROCESSO ELETRÔNICO Dje-232 DIVULG 
06-12-2011 PUBLIC 07-12-2011) 
 
HABEAS CORPUS. PENAL. ROUBO SIMPLES. ART. 157, CAPUT, 
DO CÓDIGO PENAL. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA 
INSIGNIFICÂNCIA. IMPOSSIBILIDADE. DELITO COMPLEXO. 
PLURALIDADE DE BENS JURÍDICOS OFENDIDOS. PRECEDENTES 
DESTA CORTE E DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. 
PRETENDIDA DESCLASSIFICAÇÃO PARA O CRIME DE 
CONSTRANGIMENTO ILEGAL. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. 
PRECEDENTES. PENA-BASE NO MÍNIMO LEGAL. NECESSIDADE 
DE READEQUAÇÃO DO REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE 
PENA, PARA O ABERTO, NOS TERMOS DO PRECEITO CONTIDO 
NO ART. 33, §§ 2.º E 3.º, C.C. O ART. 59, AMBOS DO CÓDIGO 
PENAL. HABEAS CORPUS PARCIALMENTE CONCEDIDO. 
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1. Conforme orientação desta Corte Superior de Justiça e do 
Supremo Tribunal Federal, é inaplicável, ao crime de roubo, o 
princípio da insignificância – causa excludente da tipicidade penal 
-, pois, tratando-se de delito complexo, em que há ofensa a bens 
jurídicos diversos (o patrimônio e a integridade da pessoa), é 
inviável a afirmação do desinteresse estatal à sua repressão. 
(...) 
(HC 238.990/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, 
julgado em 18/04/2013, DJe 25/04/2013) 
 
AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. DESCAMINHO. 
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INCIDÊNCIA. AUSÊNCIA DE 
TIPICIDADE MATERIAL. REITERAÇÃO DA CONDUTA. 
CIRCUNSTÂNCIA DE CARÁTER PESSOAL QUE NÃO OBSTA O 
RECONHECIMENTO DO CRIME DE BAGATELA. 
1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, em especial 
desta 6ª Turma, é firme no sentido de que a análise de condições 
pessoais desfavoráveis, tais como maus antecedentes, reincidência ou 
ações penais em curso, não constituem óbice ao reconhecimento dos 
crimes de bagatela. 
(...) 
(AgRg no AREsp 288.075/RS, Rel. Ministra ALDERITA RAMOS DE 
OLIVEIRA (DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/PE), SEXTA 
TURMA, julgado em 16/04/2013, DJe 24/04/2013) 
 
PENAL. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. 
DESCAMINHO. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. 
1. A Terceira Seção desta Corte, no julgamento do Recurso Especial n. 
1.112.748/TO, qualificado como representativo de controvérsia, 
consignou que em matéria relativa à aplicação do princípio da 
insignificância no crime de descaminho, o vetor a ser utilizado é 
aquele previsto no art. 20 da Lei n. 10.522/02 (R$ 10.000,00), 
ajustando-se à orientação firmada pelo Supremo Tribunal Federal. 
2. Agravo regimental a que se nega provimento. 
(AgRg no REsp 1133820/RS, Rel. Ministra ALDERITA RAMOS DE 
OLIVEIRA (DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/PE), SEXTA 
TURMA, julgado em 09/04/2013, DJe 22/04/2013) 
 
HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL. 
DESCABIMENTO. FURTO. APLICAÇÃODO PRINCÍPIO DA 
INSIGNIFICÂNCIA. IMPOSSIBILIDADE. RELEVÂNCIA DA 
CONDUTA NA ESFERA PENAL. VALOR CONSIDERÁVEL DA RES 
FURTIVA. REITERAÇÃO DELITIVA. HABEAS CORPUS NÃO 
CONHECIDO. 
(...) 
- O STF já consagrou o entendimento de que, para a aplicação do princípio 
da insignificância, devem estar presentes, de forma cumulada, os seguintes 
vetores: a) mínima ofensividade da conduta do agente; b) nenhuma 
periculosidade social da ação; c) reduzido grau de reprovabilidade do 
comportamento do agente; e d) inexpressividade da lesão jurídica 
provocada (HC 112.348/DF, Segunda Turma, Rel. Min. 
Joaquim Barbosa, DJe de 18.9.2012). 
- Há evidente carga de reprovabilidade na conduta da paciente. Isso 
porque, o valor da res furtiva (dez tabletes de chocolates e cinco vidros de 
shampoo), subtraída do interior de um estabelecimento comercial, foi 
avaliado em R$ 115,00 (cento e quinze reais), valor que não se revela 
ínfimo. 
- Ademais, o paciente é reincidente, possuindo extensa folha de 
antecedentes criminais e, inclusive, uma condenação definitiva pelo crime 
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de tráfico ilícito de entorpecentes, o que demonstra que o delito de que 
aqui se trata não constituiu um fato isolado na sua vida. 
- A reiteração no cometimento de infrações penais não se mostra 
compatível com a aplicação do princípio da insignificância, pois 
demonstra que as sanções penais anteriormente impostas não se 
revelaram suficientes para impedir o retorno do paciente às atividades 
criminosas. 
Habeas Corpus não conhecido. 
(HC 232.234/SP, Rel. Ministra MARILZA MAYNARD 
(DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/SE), QUINTA TURMA, 
julgado em 11/04/2013, DJe 19/04/2013) 
 
PENAL E PROCESSUAL. HABEAS CORPUS. PRETENSÃO 
ABSOLUTÓRIA. REVOLVIMENTO FÁTICO-PROBATÓRIO. VIA 
IMPRÓPRIA. TRÁFICO DE ENTORPECENTE. PRINCÍPIO DA 
INSIGNIFICÂNCIA. APLICAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. CRIME 
COMETIDO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 6.368/76. 
INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ART. 2º DA LEI N.º 
8.072/90. SUBSTITUIÇÃO DA PENA RECLUSIVA. POSSIBILIDADE. 
PRECEDENTES. 
(...) 
2. Segundo entendimento desta Corte e do STF, não incide o 
princípio da insignificância ao delito de tráfico de entorpecentes, 
pois é de perigo abstrato, contra a saúde pública, sendo, pois, 
irrelevante, para esse fim, a pequena quantidade de substância 
apreendida. 
(...) 
(HC 104.158/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, 
SEXTA TURMA, julgado em 27/09/2011, DJe 13/10/2011) 
 
PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO 
ESPECIAL. JULGAMENTO DE RECURSOS. ÓRGÃO COLEGIADO 
COMPOSTO MAJORITARIAMENTE POR JUÍZES CONVOCADOS. 
AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DO JUIZ NATURAL E 
DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO. PRECEDENTES. CRIME DE 
MOEDA FALSA. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. 
INAPLICABILIDADE. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 
(...) 
- A jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça e do Supremo 
Tribunal Federal firmou-se no sentido da inaplicabilidade do 
princípio da insignificância, haja vista que o bem jurídico tutelado é a 
fé pública, a credibilidade da moeda e a segurança de sua circulação, 
independentemente da quantidade e do valor das cédulas falsificadas. 
Precedentes. 
Agravo regimental desprovido. 
(AgRg no AREsp 82.637/MG, Rel. Ministra MARILZA MAYNARD 
(DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/SE), QUINTA TURMA, 
julgado em 09/04/2013, DJe 12/04/2013) 
 
EMENTA: HABEAS CORPUS. CRIME MILITAR. POSSE DE 
REDUZIDA QUANTIDADE DE SUBSTÂNCIA ENTORPECENTE EM 
RECINTO SOB ADMINISTRAÇÃO CASTRENSE. 
INAPLICABILIDADE DO POSTULADO DA INSIGNIFICÂNCIA 
PENAL. INCIDÊNCIA DA LEI CIVIL 11.343/2006. 
IMPOSSIBILIDADE. RESOLUÇÃO DO CASO PELO CRITÉRIO DA 
ESPECIALIDADE DA LEGISLAÇÃO PENAL CASTRENSE. ORDEM 
DENEGADA. 
1. A questão da posse de entorpecente por militar em recinto castrense não 
se define pela quantidade, nem mesmo pelo tipo de droga que se conseguiu 
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apreender. O problema é de qualidade da relação jurídica entre o 
particularizado portador da substância entorpecente e a instituição 
castrense de que ele fazia parte, no instante em que flagrado com a posse 
da droga em pleno recinto sob administração militar. 
 2. A tipologia da relação jurídica em ambiente militar é incompatível 
com a figura própria da insignificância penal, pois, 
independentemente da quantidade ou mesmo da espécie de 
entorpecente sob a posse do agente, o certo é que não cabe distinguir 
entre adequação apenas formal e adequação real da conduta ao tipo 
penal incriminador. É de se pré-excluir, portanto, a conduta do 
paciente das coordenadas mentais que subjazem à própria tese da 
insignificância penal. Pré-exclusão que se impõe pela elementar 
consideração de que uso de drogas e o dever militar são como água e 
óleo: não se misturam. Por discreto que seja o concreto efeito 
psicofísico da droga nessa ou naquela relação tipicamente militar, a 
disposição pessoal em si para manter o vício implica inafastável pecha 
de reprovabilidade cívico-profissional. Senão por afetar 
temerariamente a saúde do próprio usuário, mas pelo seu efeito 
danoso no moral da corporação, na eficiência dos seus misteres e no 
próprio conceito social das Forças Armadas, que são instituições 
voltadas, entre outros explícitos fins, para a garantia da nossa ordem 
constitucional, nela embutida a ordem democrática. Saltando à 
evidência que as Forças Armadas brasileiras jamais poderão garantir 
a nossa ordem constitucional, inclusive a democrática (sempre por 
iniciativa de qualquer dos Poderes da República), se elas próprias não 
velarem pela sua peculiar ordem hierárquico-disciplinar interna. 
3. A hierarquia e a disciplina militares não operam como simples ou meros 
predicados funcionais das Forças Armadas brasileiras, mas, isto sim, como 
elementos conceituais e vigas basilares de todas elas. Dados da própria 
compostura jurídica de cada uma e de todas em seu conjunto, de modo a 
legitimar o juízo técnico de que, se a hierarquia implica superposição de 
autoridades (as mais graduadas a comandar, e as menos graduadas a 
obedecer), a disciplina importa a permanente disposição de espírito para a 
prevalência das leis e regulamentos que presidem por modo peculiar a 
estruturação e o funcionamento das instituições castrenses. Tudo a 
encadeadamente desaguar na concepção e prática de uma vida corporativa 
de pinacular compromisso com a ordem e suas naturais projeções factuais: 
a regularidade, a normalidade, a estabilidade, a fixidez, a colocação das 
coisas em seus devidos lugares, enfim, segundo pautas legais e 
constitucionais antecipadamente lançadas. Como não pode deixar de ser, 
no âmbito de instituições que se definem pelo permanente uso de 
armamentos. 4. Esse maior apego a fórmulas ortodoxas de conduta não 
significa perda do senso crítico quanto aos reclamos elementarmente 
humanos de se incorporarem ao dia-a-dia das Forças Armadas incessantes 
ganhos de modernidade tecnológica e arejamento mental-democrático. 
Sabido que vida castrense não é lavagem cerebral ou mecanicismo 
comportamental, até porque – diz a Constituição – “às Forças Armadas 
compete, na forma da lei, atribuir serviço alternativo aos que, em tempo de 
paz, após alistados, alegarem imperativo de consciência, entendendo-se 
como tal o decorrente de crença religiosa e de convicção filosófica ou 
política para se eximirem de atividades de caráter essencialmente militar” 
(§ 1º do art. 143). 5. O modelo constitucional das Forças Armadas 
brasileiras abona a idéia-força de que entrar e permanecer nos misteres da 
caserna pressupõe uma clara consciência profissional e cívica: a 
consciência de quea disciplina mais rígida e os precisos escalões 
hierárquicos hão de ser observados como carta de princípios e atestado de 
vocação para melhor servir ao País pela via das suas Forças Armadas. 
Donde a compatibilidade do maior rigor penal castrense com o modo 
peculiar pelo qual a Constituição Federal dispõe sobre as Forças Armadas 
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brasileiras. Modo especialmente constitutivo de um regime jurídico 
timbrado pelos encarecidos princípios da hierarquia e da disciplina, sem os 
quais não se pode falar das instituições militares como a própria fisionomia 
ou a face mais visível da idéia de ordem. O modelo acabado do que se 
poderia chamar de “relações de intrínseca subordinação”. 6. No caso, o art. 
290 do Código Penal Militar é o regramento específico do tema para os 
militares. Pelo que o princípio da especialidade normativo-penal impede a 
incidência do art. 28 da Lei de Drogas (artigo que, de logo, comina ao 
delito de uso de entorpecentes penas restritivas de direitos). Princípio 
segundo o qual somente a inexistência de um regramento específico em 
sentido contrário ao normatizado na Lei 11.343/2006 é que possibilitaria a 
aplicação da legislação comum. Donde a impossibilidade de se mesclar o 
regime penal comum e o regime penal especificamente castrense, mediante 
a seleção das partes mais benéficas de cada um deles, pena de incidência 
em postura hermenêutica tipificadora de hibridismo ou promiscuidade 
regratória incompatível com o princípio da especialidade das leis. 
Precedentes: HCs 94.685, da relatoria da ministra Ellen Gracie (Plenário); 
e 103.684, da minha relatoria (Plenário). 7. Ordem denegada. 
 (HC 107688, Relator(a): Min. AYRES BRITTO, Segunda Turma, 
julgado em 07/06/2011, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-239 DIVULG 
16-12-2011 PUBLIC 19-12-2011) 
 
Princípio da culpabilidade (“nullum crimen sine culpa”) 
 
A pena só pode ser imposta a quem, agindo com dolo ou culpa, e 
merecendo juízo de reprovação, cometeu um fato típico e antijurídico. Quer isso 
dizer, que a culpabilidade deve ser tratada como a possibilidade de se imputar a 
alguém a prática de um injusto. Não se encontra expressamente previsto no texto 
constitucional, mas pode ser extraído principalmente do princípio da dignidade da 
pessoa humana. A culpabilidade possui três importantes significados no Direito Penal: 
a) culpabilidade como elemento integrante do conceito analítico de crime; b) 
culpabilidade como princípio medidor da pena e c) culpabilidade como princípio 
impedidor da responsabilidade penal objetiva. 
A doutrina aponta como vestígios da responsabilidade objetiva: a) rixa 
qualificada (art. 137, parágrafo único, do Código Penal); b) responsabilidade 
sucessiva nos crimes previstos na Lei de Imprensa (arts. 37 a 39 da Lei nº 
5.250/1967) e c) punição da embriaguez voluntária ou culposa, decorrente de ação da 
teoria da actio libera in causa (art. 28, inciso II, do Código Penal). 
 
HABEAS CORPUS. AÇÃO PENAL. CRIME CONTRA A HONRA. 
TRANCAMENTO. 
1. Em se tratando de crime de imprensa a responsabilidade penal é 
sucessiva e a pretendida ilegitimidade passiva do Diretor da revista 
contendo a publicação reputada ofensiva deve ser valorizada durante 
a instrução criminal. 
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2. Ordem negada. 
(HC 11.878/SP, Rel. Ministro FERNANDO GONÇALVES, SEXTA 
TURMA, julgado em 14/12/2000, DJ 12/02/2001, p. 145) 
 
PENAL. LEI DE IMPRENSA. RESPONSABILIDADE SUCESSIVA. 
1. A responsabilidade, nos crimes de imprensa, é sucessiva, e não 
solidária, devendo obedecer à ordem prevista na Lei 5.250/67, Art. 37. 
2. Divergência jurisprudencial não configurada. 
3. Recurso Especial a que se nega provimento. 
(REsp 124.152/SP, Rel. Ministro EDSON VIDIGAL, QUINTA TURMA, 
julgado em 08/06/1999, DJ 28/06/1999, p. 133) 
 
Princípio do “ne bis in idem” 
 
Não se admite, em hipótese alguma, a dupla punição pelo mesmo fato. Com 
base nesse princípio foi editada a súmula nº 241 do Superior Tribunal de Justiça 
cujo enunciado dispõe que “a reincidência penal não pode ser considerada como 
circunstância agravante e, simultaneamente, como circunstância judicial.” 
 
Princípio da humanidade 
 
Esse princípio apregoa a inconstitucionalidade da criação de tipo penal ou 
a cominação de penas que violam a incolumidade física ou moral de alguém (arts. 
1º, inciso III, 5º, incisos III, XLVI, XLVII, XLVIII, XLIX, L, LXI, LXII, LXIII e 
LXIV, da Constituição Federal). 
 
 
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL 
 
1. Dispositivos legais 
 
PARTE GERAL 
TÍTULO I 
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL 
 
 Anterioridade da Lei 
 
 Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem 
prévia cominação legal. 
 
 Lei penal no tempo 
 
 Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de 
considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais 
da sentença condenatória. 
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 Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o 
agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença 
condenatória transitada em julgado. 
 
 Lei excepcional ou temporária 
 
 Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período 
de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se 
ao fato praticado durante sua vigência. 
 
 Tempo do crime 
 
 Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou 
omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. 
 
 Territorialidade 
 
 Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, 
tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território 
nacional. 
 § 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do 
território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza 
pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, 
bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de 
propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo 
correspondente ou em alto-mar. 
 § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a 
bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, 
achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço 
aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. 
 
 Lugar do crime 
 
 Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a 
ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou 
deveria produzir-se o resultado. 
 
 Extraterritorialidade 
 
 Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no 
estrangeiro: 
 I - os crimes: 
 a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; 
 b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, 
de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de 
economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; 
 c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; 
 d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no 
Brasil; 
 II - os crimes: 
 a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; 
 b) praticados por brasileiro; 
 c) praticadosem aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou 
de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam 
julgados. 
 § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei 
brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. 
 § 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do 
concurso das seguintes condições: 
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 a) entrar o agente no território nacional; 
 b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; 
 c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira 
autoriza a extradição; 
 d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí 
cumprido a pena; 
 e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, 
não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. 
 § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por 
estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições 
previstas no parágrafo anterior: 
 a) não foi pedida ou foi negada a extradição; 
 b) houve requisição do Ministro da Justiça. 
 
 Pena cumprida no estrangeiro 
 
 Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no 
Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando 
idênticas. 
 
 Eficácia de sentença estrangeira 
 
 Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira 
produz na espécie as mesmas conseqüências, pode ser homologada no 
Brasil para: 
 I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros 
efeitos civis; 
 II - sujeitá-lo a medida de segurança. 
 Parágrafo único - A homologação depende: 
 a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada; 
 b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o 
país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de 
tratado, de requisição do Ministro da Justiça. 
 
 Contagem de prazo 
 
 Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se 
os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. 
 
 Frações não computáveis da pena 
 
 Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas 
restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de 
cruzeiro. 
 
 Legislação especial 
 
 Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos 
incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso. 
 
2. Princípios da legalidade (ou da reserva legal) e da anterioridade da lei 
 
A lei penal é o pressuposto das infrações e das sanções. Sendo assim, de 
acordo com o princípio da legalidade o Estado não pode castigar um comportamento 
que não esteja exaustivamente previsto em suas leis, nem punir qualquer pessoa 
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acusada da prática de uma infração penal quando seu comportamento não estiver 
suficientemente descrito no preceito primário da norma penal incriminadora. 
Em outros termos “pelo principio da legalidade, a elaboração de normas 
incriminadoras é função exclusiva da lei, isto é, nenhum fato pode ser considerado 
crime e nenhuma penal criminal por ser aplicada sem que antes da ocorrência desse 
fato exista uma lei definindo-o como crime e cominando-lhe a sanção 
correspondente. A lei deve definir com precisão e de forma cristalina a conduta 
proibida.” (Cezar Roberto Bitencourt in Tratado de Direito Penal – Parte Geral, Ed. 
Saraiva, 14. ed. 2009, página 11). 
A própria Constituição Federal no art. 5º, inciso XXXIX preceitua que “não 
há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal.” 
O princípio da legalidade constitui uma garantia fundamental do cidadão na 
medida em que impede que seu comportamento seja censurado criminalmente sem 
que a lei assim o faça. É dizer, pelo princípio da legalidade o comportamento será, 
em tese, criminoso se e quando o fato praticado encontrar na lei penal 
incriminadora uma descrição correspondente. Trata-se de uma evidente limitação 
a fúria punitiva do Estado. 
Conforme destaca Francisco de Assis Toledo: “O princípio da legalidade, 
segundo o qual nenhum fato pode ser considerado crime e nenhuma pena criminal 
pode ser aplicada, sem que antes desse mesmo fato tenham sido instituídos por lei o 
tipo delitivo e a pena respectiva, constitui uma real limitação ao poder estatal de 
interferir nas liberdades individuais.”(in Princípios Básicos de Direito Penal, Editora 
Saraiva, 5ª edição, 200, página 21). 
Em última análise significa que a elaboração de normas incriminadoras e suas 
respectivas penas depende, para sua própria validade constitucional, de elaboração 
por meio de lei. 
A concepção atual do referido princípio resulta no seu desdobramento em 
quatro outros princípios: 
 
a) nullum crimen, nulla poena, sine lege praevia: proibição de leis 
retroativas que fundamentem ou agravem a punibilidade. Só a lei em 
sentido estrito pode criar crimes. Medidas provisórias (art. 62, § 1º, 
inciso I, alínea “b”, da Constituição Federal) e leis delegadas (art. 
68, § 1º, inciso II, da Constituição Federal). 
 
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b) nullum crimen, nulla poena sine, lege scripta: proibição da 
fundamentação ou do agravamento da punibilidade pelo direito 
consuetudinário. Note, entretanto, que o direito consuetudinário não 
está abolido do Direito Penal, sendo encarado por muitos como causa 
supralegal de exclusão da ilicitude. 
 
CONTRAVENÇÃO - JOGO DO BICHO - ABSOLVIÇÃO - 
EXPLORAÇÃO DE JOGOS DE AZAR PELO ESTADO. 
- A PRATICA DE EXPLORAÇÃO DE LOTERIAS PELO ESTADO, 
NÃO INDUZ A LEGALIDADE DA CONTRAVENÇÃO PENAL 
CONHECIDA COMO "JOGO DO BICHO". 
- RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. 
(REsp 127.711/RJ, Rel. Ministro CID FLAQUER SCARTEZZINI, 
QUINTA TURMA, julgado em 21/10/1997, DJ 15/12/1997, p. 66494) 
 
PENAL. RECURSO DE HABEAS-CORPUS. LEI DAS 
CONTRAVENÇÕES PENAIS: VIGENCIA. "JOGO DO BICHO": 
IMPOSSIVEL SUA DESCRIMINALIZAÇÃO PELO PODER 
JUDICIARIO. EXPLORAÇÃO PELO ESTADO DE JOGOS DE AZAR. 
RECURSO IMPROVIDO. 
I - A LEI DAS CONTRAVENÇÕES PENAIS, ELABORADA SOB A 
FORMA DE DECRETO-LEI, EM ESTRITA OBSERVANCIA DO 
PROCESSO LEGISLATIVO VIGENTE NAQUELE MOMENTO, 
ENCONTRA-SE EM PLENA VIGENCIA, NÃO TENDO SIDO 
REVOGADA POR FORÇA DO PRINCIPIO CONSTITUCIONAL DA 
RESERVA LEGAL. 
II - O LEGISLADOR FEDERAL TIPIFICOU A EXPLORAÇÃO DE 
LOTERIAS DENOMINADAS "JOGO DO BICHO" COMO 
CONTRAVENÇÃO PENAL, SENDO IMPOSSIVEL SUA 
DESCRIMINALIZAÇÃO PELO PODER JUDICIARIO. 
PRECEDENTE DO STJ. 
III - O FATO DE O PROPRIO ESTADO EXPLORAR JOGOS DE 
AZAR NÃO INDUZ A LEGALIDADE DAQUELES VEDADOS 
PELA LEGISLAÇÃO EM VIGOR. RECURSO IMPROVIDO. 
(RHC 5.416/MG, Rel. Ministro ADHEMAR MACIEL, SEXTA TURMA, 
julgado em 24/06/1996, DJ 26/08/1996, p. 29725) 
 
PENAL. ART. 184, § 2º, DO CÓDIGO PENAL. PRELIMINAR DE 
NULIDADE - DECLARAÇÃO INCIDENTAL DE 
INCONSTITUCIONALIDADE - VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA 
TAXATIVIDADE - NÃO CONFIGURAÇÃO. ABSOLVIÇÃO - 
ATIPICIDADE DA CONDUTA - APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA 
ADEQUAÇÃO SOCIAL E DA INSIGNIFICÂNCIA - INVIABILIDADE. 
RECURSO NÃO PROVIDO. 
O art. 184, § 2º, do CP não ofende o princípio constitucional da 
taxatividade, pois constitui norma penal em branco, que teve o seu 
complemento positivado na Lei9.610/1998, a qual define o que são 
obras intelectuais protegidas. 
Ao Poder Judiciário não compete analisar a relevância das condutas 
tipificadas na lei penal, sob pena de afronta aos princípios 
constitucionais da reserva legal e da independência dos poderes. 
Não se trata de irrelevante penal a conduta daquele que viola direitos 
autorais, pois a comercialização de grande quantidade de obras 
intelectuais falsificadas ocasiona grave lesão aos autores originais, bem 
como fomenta a prática reiterada da "pirataria". 
 (Acórdão n.660156, 20050111125276APR, Relator: ROMÃO C. 
OLIVEIRA, Revisor: GEORGE LOPES LEITE, 1ª Turma Criminal, Data 
de Julgamento: 28/02/2013, Publicado no DJE: 14/03/2013. Pág.: 313) 
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APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME CONTRA A PROPRIEDADE 
INTELECTUAL. (PIRATARIA- CDs e DVDs). ARTIGO 184, §2º DO 
CPB. PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL. INVIABILIDADE. 
PROVA DA MATERIALIDADE E AUTORIA. CONFISSÃO NA FASE 
INQUISITORIAL CORROBORADA COM AS PROVAS 
JUDICIALIZADAS. RECURSO DESPROVIDO. 
1. Embora os depoimentos colhidos durante a fase policial, por si só, não 
ofereçam força probatória suficiente para embasar decreto condenatório, 
não merecem ser totalmente desprezados, podendo servir como elemento 
corroborador da versão sustentada pela testemunha em Juízo, conferindo-
lhe ainda mais credibilidade. 
2. A conduta do apelante amolda-se perfeitamente ao tipo penal 
previsto no art.184, § 2º, do Código Penal, uma vez que foi flagrado 
mantendo em depósito, ilicitamente, material protegido pela legislação 
de direito autoral. 
3. Ao se falar sobre "pirataria", não se pode considerar apenas os 
"prejuízos diretos" causados pela possível venda do produto 
"pirateado", ao contrário, este tipo de comércio causa enormes 
"prejuízos indiretos" não só para os autores e artistas, mas também 
para toda a sociedade, uma vez que aumenta o desemprego e reduz o 
recolhimento de impostos, causando, assim, prejuízos incalculáveis. 
4. Impossível deduzir ausência de relevância penal como elemento 
condicionante para absolvição, em respeito aos princípios 
constitucionais da reserva legal e da independência dos Poderes, pois, 
o bem jurídico tutelado pela norma do artigo 184 do Código Penal, em 
todas suas modalidades, encontra-se enraizado entre os direitos e 
garantias fundamentais elencados no artigo 5º da Constituição 
Federal. 
(...) 
 (Acórdão n.609481, 20070610001633APR, Relator: SILVÂNIO 
BARBOSA DOS SANTOS, Revisor: JOÃO TIMÓTEO DE OLIVEIRA, 
2ª Turma Criminal, Data de Julgamento: 02/08/2012, Publicado no DJE: 
13/08/2012. Pág.: 191) 
 
PENAL. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO EM RECURSO 
ESPECIAL. VIOLAÇÃO DE DIREITO AUTORAL. AUTO DE 
APREENSÃO. FALTA DE ASSINATURA DE TESTEMUNHAS. 
MERA IRREGULARIDADE. INSURGÊNCIA QUE ALMEJA A 
ATIPICIDADE DA CONDUTA, ANTE A INCIDÊNCIA DO 
PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL. INADMISSIBILIDADE. 
ACÓRDÃO A QUO EM CONSONÂNCIA COM A JURISPRUDÊNCIA 
DESTE TRIBUNAL. SÚMULA 83/STJ. 
1. A falta de assinatura de testemunhas em auto de apreensão não dá causa 
à nulidade da diligência, pois configura mera irregularidade. 
Precedentes. 
2. A jurisprudência desta Corte e do Supremo Tribunal Federal 
orienta-se no sentido de considerar típica, formal e materialmente, a 
conduta prevista no artigo 184, § 2º, do Código Penal, afastando, 
assim, a aplicação do princípio da adequação social, de quem expõe à 
venda CD'S E DVD'S "piratas" (REsp n. 1.193.196/MG, Ministra 
Maria Thereza de Assis Moura, DJe 4/12/2012). 
3. Agravo regimental improvido. 
(AgRg no AREsp 60.864/RS, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, 
SEXTA TURMA, julgado em 07/05/2013, DJe 16/05/2013) 
 
 
c) nullum crimen, nulla poena sine, lege stricta: proibição de 
fundamentação ou do agravamento da punibilidade pela analogia. 
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Diferença entre analogia e interpretação analógica. A analogia é a 
aplicação, a um acaso concreto, de uma lei, cuja vontade não era captar 
esse fato que aparece no horizonte da realidade quotidiana. Ao invés, a 
interpretação analógica, é uma forma de interpretação extensiva, é 
simplesmente um raciocínio jurídico. 
 
PENAL. RECURSO ESPECIAL. ART. 155, § 4º, INCISO IV, DO 
CÓDIGO PENAL. APLICAÇÃO ANALÓGICA DA MAJORANTE DO 
ROUBO COM CONCURSO DE AGENTES. IMPOSSIBILIDADE. 
PENA AQUÉM DO MÍNIMO. ATENUANTE. 
I - A qualificadora do § 4º do art. 155 do CP não se confunde, em seus 
efeitos, com a majorante do § 2º do art. 157 do CP. 
II - A analogia pressupõe, para o seu uso, uma lacuna involuntária 
(art. 4º da LICC). 
III - A pena privativa de liberdade não pode ser fixada abaixo do mínimo 
legal com supedâneo em meras atenuantes (Precedentes e Súmula n.º 231-
STJ). 
Recurso provido. 
(REsp 748.482/RS, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, 
julgado em 15/12/2005, DJ 20/03/2006, p. 343) 
 
Súmula n. 442/STJ: “É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo 
concurso de agentes, a majorante do roubo.” 
 
CRIMINAL. HC. FURTO. PRESCRIÇÃO. PRISÃO EM FLAGRANTE. 
DETRAÇÃO PARA FINS DE CONTAGEM DO PRAZO 
PRESCRICIONAL. IMPOSSIBILIDADE. ORDEM DENEGADA. 
I. Os termos do art. 113 do Código Penal são restritos às hipóteses de 
evasão do preso ou de revogação do livramento condicional, não se 
permitindo nenhum tipo de interpretação analógica ou extensiva 
daquele enunciado. 
II. O prazo prescricional é contado da pena integral fixada pela sentença, 
sendo o período de encarceramento em virtude de flagrante considerado 
tão-somente para fins de cálculo de liquidação da pena. 
III.Precedentes do STJ e do STF. 
IV. Ordem denegada. 
(HC 31.769/SP, Rel. Ministro GILSON DIPP, QUINTA TURMA, julgado 
em 25/05/2004, DJ 02/08/2004, p. 445) 
 
d) nullum crimen, nulla poena sine, lege certa: proibição de leis 
indeterminadas. Até mesmo para que cumpra a sua função pedagógica 
e motivar o comportamento humano, a lei penal necessita ser 
facilmente acessível a todos. 
 
Ainda em relação ao princípio da legalidade temos os chamados mandados 
de criminalização, segundo o qual a Constituição Federal estabelece mandados 
explícitos e implícitos de criminalização ou penalização, impondo ao legislador 
penal a sua obrigatória intervenção. Dito em outras palavras, os mandados de 
criminalização indicam matérias sobre as quais o legislador ordinário não tem a 
faculdade de legislar, mas a obrigatoriedade de tratar, protegendo determinados 
bens ou interesses de forma adequada e, dentro do possível, integral (art. 5º, incisos 
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XLII, XLIII e XLIV e §3º, art. 7º, inciso X, art. 227, § 4º e art. 225, todos da 
Constituição Federal). 
Já o princípio da anterioridade traduz uma exigência de que a previsão 
abstrata de um comportamento como criminoso anteceda necessariamente a própria 
ocorrência do fato em concreto. Em outros termos, exige-se que a lei penal 
incriminadora seja contemporânea ao próprio fato criminoso. Para que haja crime 
é preciso que o fato que o constitui seja cometido após a entrada em vigor da lei 
incriminadora que o delimita. 
 
CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. ART. 297, § 4º, DO 
ESTATUTO REPRESSIVO, INTRODUZIDO NO ORDENAMENTO 
JURÍDICO PELA LEI 9.983/2000. CONDUTA ANTERIOR À 
ALUDIDA NORMA. ATIPICIDADE. CONCESSÃO DE HABEAS 
CORPUS DE OFÍCIO PARA DETERMINAR O TRANCAMENTO DO 
INQUÉRITO POLICIAL. 
1. In casu, verifica-se que foi instaurado inquérito policial para apurar 
a suposta prática do crime previstono art. 297, § 4º, do Código Penal, 
em razão da omissão de anotação de dados relativos ao vínculo 
empregatício na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) de 
determinado empregado, no período de fevereiro de 1991 a dezembro 
de 1997. 
2. Contudo, o delito do art. 297, § 4º, do Estatuto Repressivo, somente 
foi introduzido no ordenamento jurídico pela Lei nº 9.983/2000, tal 
seja, em data posterior às condutas investigadas pela autoridade 
policial. 
3. Assim, em observância aos princípios da reserva legal e da anterioridade 
da lei penal, deve ser reconhecida a atipicidade das condutas em tese 
cometidas pelos indiciados. 
4. Conflito de competência não conhecido. Concedido habeas corpus de 
ofício para determinar o trancamento do inquérito policial. 
(CC 104.729/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, TERCEIRA SEÇÃO, 
julgado em 14/10/2009, DJe 14/04/2010) 
 
HABEAS CORPUS. PROCESSO PENAL. CRIME DE DENUNCIAÇÃO 
CALUNIOSA. CONDUTA ANTERIOR À LEI N.º 10.028/2000. 
INQUÉRITO POLICIAL OU PROCESSO JUDICIAL NÃO 
INSTAURADOS. ATIPICIDADE. TRANCAMENTO. PRECEDENTES. 
1. A instauração de sindicância administrativa, no âmbito da 
Procuradoria-Geral de Justiça, julgada improcedente e arquivada, 
não dá ensejo à incidência do tipo previsto no art. 339 do Código 
Penal, na sua redação originária, que exigia instauração de 
investigação policial ou processo judicial. 
2. Ordem concedida para determinar o trancamento da ação penal 
instaurada contra o Paciente. 
(HC 86.653/MT, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, 
julgado em 21/02/2008, DJe 17/03/2008) 
 
PENAL. HABEAS-CORPUS. PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE DA 
LEI. DESRESPEITO. AÇÃO PENAL. TRANCAMENTO. 
 - O princípio do "nullun crimen, mella poena sine praevia lege", 
inscrito no art. 5º XXXIX, da Carta Magna, e no art. 1º, do Código 
Penal, consubstancia uma das colunas centrais do Direito Penal dos 
países democráticos, não se admitindo qualquer tolerância sob o 
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argumento de que o fato imputado ao denunciado pode eventualmente 
ser enquadrado em outra regra penal. 
 - Se ao réu imputa-se um fato que somente em lei posterior veio a 
ser definido como crime, a denúncia não tem vitalidade por ferir o 
princípio da anterioridade, impondo-se o trancamento da ação penal. 
 - Recurso ordinário provido. "Habeas-corpus" concedido. 
(RHC 8.171/CE, Rel. Ministro VICENTE LEAL, SEXTA TURMA, 
julgado em 02/03/1999, DJ 05/04/1999, p. 153) 
 
CONFLITO DE COMPETENCIA - LEI 7492/86 - ESTELIONATO - 
OBSERVAÇÃO DO PRINCIPIO DA ANTERIORIDADE DA LEI 
PENAL. 
- DESCREVENDO A DENUNCIA, FATOS OCORRIDOS 
ANTERIORMENTE A "LEI DO COLARINHO BRANCO" (LEI N. 
7492/86), NÃO SE PODE, POIS, RETROAGIR SUA INCIDENCIA, 
PARA ABRANGER CRIMES QUE, EMBORA AFETEM O SISTEMA 
FINANCEIRO, NÃO ESTAVAM PREVISTOS NO CITADO DIPLOMA 
LEGAL, E ASSIM DESLOCAR A COMPETENCIA PARA A JUSTIÇA 
FEDERAL. 
- CONFLITO CONHECIDO PARA DECLARAR COMPETENTE O 
JUIZO CRIMINAL COMUM, SUSCITADO. 
(CC 2.997/RJ, Rel. Ministro CID FLAQUER SCARTEZZINI, 
TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 25/06/1992, DJ 24/08/1992, p. 12974) 
 
Note, contudo, que o princípio da anterioridade não tem aplicação em 
relação às normas penais não incriminadoras, é dizer, aquelas normas que contêm 
disposições outras que não a previsão de incriminação de comportamentos. 
 
Lei penal no tempo 
 
A lei penal nasce, vive e morre, quer dizer, ela entra em vigor, tem o seu 
período de vigência e pode ser revogada. Desde a sua entrada em vigor ela disciplina 
todos os atos da vida que nela se enquadram até a cessação de sua vigência. Esses 
dois limites, portanto, entrada em vigor e cessação de vigência (sanção, 
promulgação, publicação, vigência e revogação), delimitam aquilo que se chama de 
vigência da lei. Justamente por isso diz-se que, em regra, a lei em geral e 
principalmente a lei penal, não retroage nem tem ultratividade. Esses postulados 
dão corpo ao princípio tempus regit actum. É a Lei de Introdução as Normas do 
Direito Brasileiro (Decreto-Lei nº 4.657/42), antiga Lei de Introdução ao Código 
Civil, que trata das normas gerais a respeito da vigência e revogação das leis em 
geral. 
De início, no que tange a “lei penal no tempo” podemos citar dois princípios o 
da irretroatividade da lei penal severa e o da retroatividade da lei penal mais 
benigna. O primeiro já foi tratado quando da análise do princípio da anterioridade, na 
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medida em que são, em verdade, duas faces de uma mesma moeda. Se pelo princípio 
da anterioridade nenhuma conduta pode ser punida sem lei que previamente a preveja, 
pelo princípio da irretroatividade da lei penal mais severa, a lei penal não pode 
retroagir para alcançar fatos anteriores a ela. Sem a previsão, inclusive constitucional 
desse princípio (art. 5º, incisos XXXIX e XL, da Constituição Federal), não 
haveria segurança jurídica. Já pelo princípio da retroatividade da lei penal mais 
benigna (art. 2º do Código Penal), é preciso averiguar em caso de sucessão de leis 
qual é a lei penal mais benéfica, situação muitas vezes não tão simples. Assim, de 
acordo com o art. 2º, parágrafo único, do Código Penal “A lei posterior, que de 
qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que 
decididos por sentença condenatória transitada em julgado.” Fácil é perceber que a 
lei penal mais benigna é tanto retroativa quanto ultrativa, ou seja, possui extra-
atividade. 
Em resumo, a lei penal mais benéfica possui extra-atividade, que se 
constitui pelos princípios da retroatividade e ultra-atividade. Já a lei mais severa, 
aplica-se o princípio da não extra-atividade, que se compõe dos princípios da 
irretroatividade e da não ultra-atividade. 
Diante do conflito das duas leis no tempo podemos ter as seguintes 
situações: 
 
a) A lei nova suprime normas incriminadoras anteriormente 
existentes (abolitio criminis): a lei nova retira do campo da ilicitude 
penal a conduta anteriormente considerada criminosa. Trata-se de 
causa de extinção da punibilidade, ex vi art. 107, inciso III, do 
Código Penal. Apaga todos os efeitos criminais, e apenas estes, da 
sentença penal condenatória. Trata-se de hipótese de 
descriminalização. Segundo o próprio Pretório Excelso para que se 
possa falar em abolitio criminis deve ocorrer uma ab-rogação completa 
do preceito penal, e não somente de uma norma singular referente a um 
fato que, sem ela, se contém numa incriminação penal. 
 
HABEAS CORPUS. PENAL. CRIME DE ESTUPRO. VIOLÊNCIA 
PRESUMIDA. VÍTIMA MENOR DE 14 ANOS. SUPERVENIÊNCIA 
DA LEI N.º 12.015/2009. ABOLITIO CRIMINIS. INEXISTÊNCIA. 
PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE NORMATIVA. ORDEM DE 
HABEAS CORPUS DENEGADA. 
1. Diante do princípio da continuidade normativa, descabe falar em 
abolitio criminis do delito de estupro com presunção de violência, 
anteriormente previsto no art. 213, c.c. o art. 224, ambos do Código 
Penal. Com efeito, o advento da Lei n.º 12.015/2009 apenas condensou 
a tipificação das condutas de estupro e atentado violento ao pudor no 
art. 213 do Estatuto repressivo. Outrossim, a anterior combinação 
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com o art. 224 agora denomina-se "estupro de vulnerável", capitulada 
no art. 217-A do Código Penal. 
2. Ordem de habeas corpus denegada. 
(HC 254.310/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, 
julgado em 02/05/2013, DJe 09/05/2013) 
 
(...) 
CORRUPÇÃOSEXUAL DE MENOR (ARTIGO 218 NA REDAÇÃO 
ANTERIOR À LEI 12.015/2009). ALEGADA ABOLITIO CRIMINIS. 
CRIME QUE DEIXOU DE SER TIPIFICADO NA LEGISLAÇÃO 
PENAL. IMPOSSIBILIDADE DE ENQUADRAMENTO NO ARTIGO 
244-B DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. 
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE DO PACIENTE. CONCESSÃO DA 
ORDEM DE OFÍCIO. 
1. O artigo 218 do Código Penal, com a redação anterior à Lei 
12.015/2009, punia a conduta daquele que corrompe ou facilita a 
corrupção de pessoa maior de 14 (catorze) e menor de 18 (dezoito) 
anos, com ela praticando ato de libidinagem, ou induzindo-a a praticá-
lo ou a presenciá-lo. 
2. Com o advento da Lei 12.015/2009, referido dispositivo legal passou 
a incriminar a conduta de quem induz menor de 14 (catorze) anos a 
satisfazer a lascívia de outrem, sendo que no artigo 218-A passou-se a 
punir quem pratica, na presença de alguém menor de 14 (catorze) 
anos, ou o induz a presenciar, conjunção carnal ou outro ato 
libidinoso, a fim de satisfazer a lascívia de outrem. 
3. Como se pode ver, com a reforma empreendida pela Lei 
12.015/2009, a corrupção sexual de maiores de 14 (catorze) anos e 
menores de 18 (dezoito) deixou de ser tipificada no Código Penal, 
operando-se verdadeira abolitio criminis. 
4. Não se pode afirmar que a conduta incriminada no antigo artigo 
218 do Código Penal continuou sendo tipificada na legislação penal, 
agora no artigo 244-B do Estatuto da Criança e do Adolescente, pois o 
ilícito previsto na Lei 8.069/1990 corresponde ao que estava disposto 
na Lei 2.252/1954, agora revogada, não trazendo em seu conteúdo 
qualquer conotação sexual. Precedentes. 
5. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida de ofício para extinguir 
a punibilidade do paciente quanto ao delito de corrupção sexual de menor, 
mantendo-se, no mais, as conclusões do aresto objurgado. 
(HC 221.480/ES, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, 
julgado em 02/05/2013, DJe 22/05/2013) 
 
HABEAS CORPUS. TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES. 
REINCIDÊNCIA GENÉRICA. CARACTERIZAÇÃO. MINORANTE 
DO ART. 33, § 4.º, DA LEI N.º 11.343/2006. IMPOSSIBILIDADE. 
ORDEM DE HABEAS CORPUS DENEGADA. 
1. No caso, o Paciente foi condenado como incurso no art. 33, caput, da 
Lei n.º 11.343/06, às penas de 05 (cinco) anos e 10 (dez) meses de 
reclusão, em regime inicial fechado, e 583 (quinhentos e oitenta e três) 
dias-multa, porque, no dia 17/11/2009, trazia consigo 67 (sessenta e sete) 
porções de "crack", pesando 22,200g (vinte e dois gramas e duzentos 
miligramas). 
2. O Plenário do Supremo Tribunal Federal manifestou-se acerca da 
situação jurídica do crime previsto no art. 16 da Lei n.º 6.368/76, em 
face do art. 28 da Lei n.º 11.343/2006, e rejeitou a tese de abolitio 
criminis ou de infração penal sui generis, para afirmar a natureza de 
crime da conduta do usuário de drogas, muito embora despenalizado 
(RE 430.105 QO/RJ, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, DJe de 
26/04/2007). Sendo assim, não há ilegalidade na sua utilização para 
aplicação da agravante genérica da reincidência. 
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3. São condições para que o condenado faça jus à causa de diminuição de 
pena prevista no § 4.º, do artigo 33, da Lei n.º 11.343/06: ser primário, ter 
bons antecedentes e não se dedicar a atividades criminosas ou integrar 
organizações criminosas. Tais requisitos precisam ser preenchidos 
conjuntamente; à míngua de qualquer uma dessas condições - como no 
caso, em que o Paciente é reincidente -, não é legítimo reclamar a 
aplicação da minorante. 
4. Ordem de habeas corpus denegada. 
(HC 232.130/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, 
julgado em 02/04/2013, DJe 09/04/2013) 
 
(...) 
CRIME CONTRA A HONRA PRATICADO POR MEIO DA 
IMPRENSA (ARTIGO 141, INCISOS II E III, E ARTIGO 145, 
PARÁGRAFO ÚNICO, TODOS DO CÓDIGO PENAL). FATOS 
OCORRIDOS QUANDO AINDA VIGIA A LEI 5.250/1967. PROPOSTA 
DE TRANSAÇÃO PENAL FEITA AO ACUSADO DURANTE O 
PERÍODO DE SUSPENSÃO DOS FEITOS RELACIONADOS À LEI 
DE IMPRENSA DETERMINADO PELO SUPREMO TRIBUNAL 
FEDERAL NA ADPF 130/DF. NULIDADE DO REFERIDO ATO 
PROCESSUAL E DOS QUE LHE SÃO SUBSEQUENTES. 
PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA ESTATAL. EXTINÇÃO 
DA PUNIBILIDADE DO PACIENTE. CONCESSÃO DA ORDEM DE 
OFÍCIO. 
1. A não recepção da Lei 5.250/1967 pela Constituição Federal de 
1988, reconhecida no julgamento da ADPF 130 pelo Supremo 
Tribunal Federal, não implicou a abolitio criminis dos delitos contra a 
honra praticados por meio da imprensa, pois tais ilícitos também são 
tipificados na legislação penal comum. 
2. Assim, a princípio não se poderia falar em atipicidade dos ilícitos 
atribuídos ao paciente. No entanto, o caso dos autos possui 
peculiaridade que impõe a concessão da ordem de ofício. 
3. É que no momento em que foi ofertada a transação penal ao paciente já 
havia sido deferida cautelar na ADPF 130/DF pelo eminente Ministro 
Carlos Britto, determinando a suspensão do "andamento dos processos e e 
os efeitos de decisões judiciais, ou de qualquer outra medida que versem 
sobre os seguintes dispositivos da Lei nº 5.250/67: (...) c) a íntegra dos 
arts. 3º, 4º, 5º, 6º, 20, 21, 22, 23, 51 e 52 (...)". 
(...) 
(HC 184.041/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, 
julgado em 26/02/2013, DJe 12/03/2013) 
 
HABEAS CORPUS. CRIMES DA LEI DE IMPRENSA. NÃO 
RECEPÇÃO DA LEI 5.250/67 PELA ATUAL ORDEM 
CONSTITUCIONAL. ABOLITIO CRIMINIS. ESVAZIAMENTO DA 
EXORDIAL ACUSATÓRIA. PERDA DE OBJETO DO PROCESSO 
PENAL EM CURSO EM DESFAVOR DO ACUSADO. ORDEM 
CONCEDIDA. 
1. O Supremo Tribunal Federal julgou incompatível a antiga Lei de 
Imprensa com a atual Constituição da República (ADPF 130), 
extirpando do ordenamento jurídico a totalidade do diploma 
normativo, de forma que, em termos práticos, tal decisão implica no 
reconhecimento da inexistência jurídica da norma. 
2. No caso, diante da decisão da Corte Suprema pela declaração de 
não recepção da Lei de Imprensa, não há mais norma incriminadora a 
estear a exordial acusatória, acarretando abolitio criminis, de forma 
que, esvaziado o objeto da lide processual em curso em desfavor do 
réu, o trancamento da ação na qual se apurava a suposta prática de 
ilícitos nele descritos se torna inevitável. 
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3. Ordem concedida para trancar a Queixa-Crime 2092122007 em curso no 
Juízo da 6ª Vara Criminal de Teresina/PI. 
(HC 190.500/PI, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, 
julgado em 18/08/2011, DJe 29/08/2011) 
 
PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL. AÇÃO PENAL 
ORIGINÁRIA. QUEIXA-CRIME. IMPUTAÇÃO DO CRIME DE 
CALÚNIA. LEI DE IMPRENSA. NÃO RECEPÇÃO. ADPF 130. 
REJEIÇÃO LIMINAR. 
1. É de rejeitar-se, liminarmente, a queixa-crime que imputa aos 
querelados o delito de calúnia descrito na Lei 5.250/67, haja vista a 
decisão do Pleno do Supremo Tribunal Federal que declarou que a Lei 
de Imprensa não foi recepcionada pela Constituição Federal (ADPF 
130). 
2. Agravo regimental não provido. 
(AgRg na APn .547/DF, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, CORTE 
ESPECIAL, julgado em 01/08/2011, DJe 02/09/2011) 
 
HABEAS CORPUS. PENAL. RÉU CONDENADO PELA PRÁTICA DE 
CRIMES DA LEI DE IMPRENSA. NORMA PENAL NÃO 
RECEPCIONADA PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. JULGAMENTO 
DO APELO EXCLUSIVO DA DEFESA. DESCLASSIFICAÇÃO, DE 
OFÍCIO, PARA O CRIME DE CALÚNIA. IMPOSSIBILIDADE. 
ORDEM CONCEDIDA. 
1. Após o oferecimento da denúncia e a prolação da sentença que 
condenou o Paciente como incurso nos arts. 20 e 22 da Lei de 
Imprensa, o Supremo Tribunal Federal declarou não recepcionado 
pela Constituição de 1988 todo o conjunto de dispositivos da Lei 
federal n.º 5.250/67, em sede de Arguição de Descumprimento de 
Preceito Fundamental.2. Sendo o Paciente denunciado, processado e condenado por crimes 
da Lei de Imprensa, não poderia o Tribunal Federal a quo, em sede de 
apelação exclusiva da defesa, desclassificar a conduta para o crime de 
calúnia, previsto no art. 138 do Código Penal, em evidente prejuízo ao 
réu. 
3. A exclusão da norma incriminadora que fundamenta a denúncia do 
ordenamento jurídico nacional implica abolitio criminis, perdendo seu 
objeto o processo penal proposto em desfavor do acusado. 
4. Ordem concedida para, cassando o acórdão impugnado, nos termos do 
art. 2.º do Código de Processo Penal, fazer cessar os efeitos da sentença 
condenatória proferida no processo-crime n.º 2006.61.23.000393-2, da 1.ª 
Vara Federal de Bragança Paulista/SP. 
(HC 184.091/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, 
julgado em 17/03/2011, DJe 04/04/2011) 
 
PENAL. HABEAS CORPUS. POSSE ILEGAL DE MUNIÇÃO. 
ABOLITIO CRIMINIS. APREENSÃO DE ARMA DE FOGO NO 
INTERIOR DA RESIDÊNCIA. PRAZO PARA A REGULARIZAÇÃO 
DA ARMA E ACESSÓRIOS. ARTIGOS 30, 31 E 32, DO ESTATUTO 
DO DESARMAMENTO. 
I - Não se pode confundir posse de arma de fogo, com o porte de arma 
de fogo. Com o advento do Estatuto do Desarmamento, tais condutas 
restaram bem delineadas. A posse consiste em manter no interior de 
residência (ou dependência desta) ou no local de trabalho a arma de 
fogo. O porte, por sua vez, pressupõe que a arma de fogo esteja fora 
da residência ou local de trabalho (Precedentes). 
II - Os prazos a que se referem os artigos 30, 31 e 32, da Lei nº 
10.826/2003, só beneficiam os possuidores de arma de fogo ou 
munição, i.e., quem os possui em sua residência ou emprego. Ademais, 
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cumpre asseverar que o mencionado prazo teve seu termo inicial em 
23 de dezembro de 2003, e possui termo final previsto para 31 de 
dezembro de 2008 (nos termos do art. 1º da Medida Provisória nº 417, 
de 31 de janeiro de 2008, convertida na Lei 11.706, de 19 de junho de 
2008, que conferiu nova redação aos arts. 30 e 32 da Lei 10.826/03). 
Desta maneira, nas hipóteses ocorridas dentro de tal prazo, ninguém 
poderá ser preso ou processado por possuir (em casa ou no trabalho) 
uma arma de fogo ou munição (Precedentes). 
III - "Esta Corte firmou o entendimento de que abolitio criminis 
temporária, prevista na Lei 10.826/03, deve retroagir para benefíciar o 
réu que cometeu o crime de posse ilegal de arma na vigência da Lei 
9.437/97."(RHC 24983/RJ, 5ª Turma, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia 
Filho, DJe de 09/03/2009). 
IV - In casu, a conduta atribuída ao paciente foi a de possuir arma de fogo, 
no interior de sua residência, em desacordo com determinação legal. Logo, 
enquadra-se tal conduta nas hipóteses excepcionais dos artigos 30, 31 e 32 
do Estatuto do Desarmamento, restando, portanto, extinta a punibilidade, 
ex vi do art. 5º, XL, da CF c/c art. 107, III, do Código Penal. 
Ordem concedida. 
(HC 133.231/RJ, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, 
julgado em 13/10/2009, DJe 30/11/2009) 
 
PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO 
RECURSO ESPECIAL. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. 
TRÁFICO DE DROGAS. CLORETO DE ETILA. RESOLUÇÃO RDC 
104/2000. ABOLITIO CRIMINIS. INOCORRÊNCIA. ATO INVÁLIDO. 
AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 
1. É pacífico nesta Corte o entendimento no sentido de que não é 
possível falar-se em abolitio criminis, em virtude da "exclusão, pela 
Resolução RDC 104, de 06/12/2000 (...), do cloreto de etila da Lista F2 
– Lista de Substâncias Psicotrópicas de Uso Proscrito no Brasil" (HC 
nº 79.916, Ministro Felix Fischer, DJ de 1º.10.07). 
2. A Resolução nº 104/2000, editada pelo Diretor da ANVISA, foi 
considerada ato inválido, por não ter sido referendada pelo colegiado, 
não sendo apta, portanto, a produzir efeitos no mundo jurídico. 
3. Agravo Regimental a que se nega provimento. 
(AgRg no REsp 819.757/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS 
MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 14/09/2010, DJe 04/10/2010) 
 
"PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. CLORETO DE ETILA. 
RESOLUÇÃO RDC 104. ABOLITIO CRIMINIS. ATO 
MANIFESTAMENTE INVÁLIDO. Inocorrente a abolitio criminis em 
face da exclusão, pela Resolução RDC 104, de 06/12/2000 (DOU 
07/12/2000), tomada pelo Diretor-Presidente da Agência Nacional de 
Vigilância Sanitária – ANVISA, ad referendum da Diretoria Colegiada, do 
cloreto de etila da Lista F2 – Lista de Substâncias Psicotrópicas de Uso 
Proscrito no Brasil e o incluiu na Lista D2 – Lista de Insumos Químicos 
Utilizados como Precursores para a Fabricação e Síntese de Entorpecentes 
e/ou Psicotrópicos. Resolução que foi republicada, desta feita com a 
decisão da Diretoria Colegiada da ANVISA incluindo o cloreto de etila na 
Lista B1 – Lista de Substâncias Psicotrópicas. Prática de ato regulamentar 
manifestamente inválido pelo Diretor-Presidente da ANVISA, tendo em 
vista clara e juridicamente indiscutível a não caracterização da urgência a 
autorizar o Diretor-Presidente a baixar, isoladamente, uma resolução em 
nome da Diretoria Colegiada (Precedente). Ordem denegada". 
(HC 79.916/PE, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, 
julgado em 07/08/2007, DJ 01/10/2007 p. 327). 
 
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EMENTA: AÇÃO PENAL. Tráfico de entorpecentes. Comercialização de 
"lança-perfume". Edição válida da Resolução ANVISA nº 104/2000. 
Retirada do cloreto de etila da lista de substâncias psicotrópicas de uso 
proscrito. Abolitio criminis. Republicação da Resolução. Irrelevância. 
Retroatividade da lei penal mais benéfica. HC concedido. A edição, por 
autoridade competente e de acordo com as disposições regimentais, da 
Resolução ANVISA nº 104, de 7/12/2000, retirou o cloreto de etila da lista 
de substâncias psicotrópicas de uso proscrito durante a sua vigência, 
tornando atípicos o uso e tráfico da substância até a nova edição da 
Resolução, e extinguindo a punibilidade dos fatos ocorridos antes da 
primeira portaria, nos termos do art. 5º, XL, da Constituição Federal. 
 (HC 94397, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, Segunda Turma, julgado 
em 09/03/2010, DJe-071 DIVULG 22-04-2010 PUBLIC 23-04-2010 
EMENT VOL-02398-02 PP-00237) 
 
b) A lei nova incrimina fatos anteriormente considerados lícitos 
(novatio legis incriminadora): ocorre quando um indiferente penal em 
face da lei antiga é considerado crime pela lei nova. 
 
Assédio sexual (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001) 
Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou 
favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de 
superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, 
cargo ou função." (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001) 
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº 10.224, 
de 15 de 2001) 
Parágrafo único. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001) 
 § 2o A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 
(dezoito) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) 
 
c) A lei nova modifica o regime anterior, agravando a situação do 
sujeito (novatio legis in pejus ou lex gravior): a lei nova, sem criar 
novas incriminações ou abolir outras precedentes, agrava a situação do 
sujeito. Irretroatividade absoluta. Não se aplica aos fatos ocorridos 
antes de sua entrada em vigência. Destaco, entretanto, que essa 
limitação/proibição diz respeito as normas de direito penal material. 
 
Nesse sentido, a lição de Damásio E. de Jesus, in Direito Penal, 1o volume - 
Parte Geral, 19a edição, 1995, págs. 70-71: 
 
Se a lei posterior, sem criar novas incriminações ou abolir outras 
precedentes, agrava a situação do sujeito, não retroage.

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