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Apostila-Diversidade, Diferença e Deficiência Implicações Educacionais

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FACULDADE ÚNICA 
DE IPATINGA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Juliana Crespo Lopes 
 
Psicóloga formada pela Universidade Federal de Santa Catarina e Pedagoga pela 
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Tem especialização em 
Psicopedagogia Clínica e Institucional e em Docência na Educação Superior. Mestra e 
Doutora pela Universidade de Brasília, na área de Desenvolvimento Humano e Educação. 
Tem experiência como professora da Educação Básica, Graduação e Pós-Graduação. 
Atualmente realiza estágio pós-doutoral na Charles University, em Praga, República 
Tcheca. 
DIVERSIDADE, DIFERENÇA E DEFICIÊNCIA: 
IMPLICAÇÕES EDUCACIONAIS 
1ª edição 
Ipatinga – MG 
2021 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
FACULDADE ÚNICA EDITORIAL 
 
Diretor Geral: Valdir Henrique Valério 
Diretor Executivo: William José Ferreira 
Ger. do Núcleo de Educação à Distância: Cristiane Lelis dos Santos 
Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Gilvânia Barcelos Dias Teixeira 
Revisão Gramatical e Ortográfica: Naiana Leme Camoleze 
Revisão/Diagramação/Estruturação: Bárbara Carla Amorim O. Silva 
 Carla Jordânia G. de Souza 
 Rubens Henrique L. de Oliveira 
Design: Brayan Lazarino Santos 
 Élen Cristina Teixeira Oliveira 
 Maria Luiza Filgueiras 
 
 
 
 
 
 
 
 
© 2020, Faculdade Única. 
 
É proibida a reprodução total ou parcial deste livro em qualquer meio sem 
autorização escrita do editor 
 
 
 
 
 
 
NEaD – Núcleo de Educação as Distancia FACULDADE ÚNICA 
Rua Salermo, 299 
Anexo 03 – Bairro Bethânia – CEP: 35164-779 – Ipatinga/MG 
Tel (31) 2109 -2300 – 0800 724 2300 
www.faculdadeunica.com.br
http://www.faculdadeunica.com.br/
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
Menu de Ícones 
Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo 
aplicado ao longo do livro didático, traremos ícones ao lado dos textos. Eles são para 
chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um com uma 
função específica, mostradas a seguir: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São sugestões de links para vídeos, documentos 
científico (artigos, monografias, dissertações e teses), 
sites ou links das Bibliotecas Virtuais (Minha Biblioteca e 
Biblioteca Pearson) relacionados com o conteúdo 
abordado. 
 
Trata-se dos conceitos, definições ou afirmações 
importantes que você deve ter um maior grau de 
atenção! 
 
São exercícios de fixação do conteúdo abordado em 
cada unidade do livro. 
 
É para o esclarecimento do significado de 
determinados termos/palavras mostrado ao longo do 
livro. 
 
Este espaço é destinado à reflexão sobre questões 
citadas em cada unidade, para associação com suas 
ações, seja no ambiente profissional ou em seu 
cotidiano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
NOMENCLATURA E POSTURAS ................................................................. 8 
 
1.1 PESSOAS E NÃO CAIXAS ..................................................................................... 8 
1.2 COMO CHAMAR? ..............................................................................................11 
1.3 COMO LIDAR? ....................................................................................................18 
FIXANDO O CONTEÚDO ...........................................................................................20 
 
 
HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA ................................................ 23 
 
2.1POR QUE O PASSADO IMPORTA? ........................................................................23 
2.2 PERCURSO MUNDIAL ...........................................................................................24 
2.3 PERCURSO BRASILEIRO .......................................................................................27 
FIXANDO O CONTEÚDO ...........................................................................................33 
 
 
EDUCAÇÃO INCLUSIVA PARA QUEM? .................................................. 37 
 
3.1 PARA ALÉM DOS LAUDOS E LAUDADOS .............................................................37 
3.2 APRENDIZAGENS SIGNIFICATIVAS ......................................................................41 
3.3 CONTRIBUIÇÕES DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA .....................................................43 
FIXANDO O CONTEÚDO ...........................................................................................44 
 
 
 
PLANO DE DESENVOLVIMENTO INDIVIDUALIZADO ............................... 52 
 
4.1 RASTREIO INICIAL ............................................................................................53 
4.1.1 Contextos .......................................................................................................... 53 
4.1.2 Olhar para o estudante ................................................................................ 54 
4.2 OBJETIVOS .......................................................................................................59 
4.3 ADAPTAÇÃO CURRICULAR ............................................................................61 
FIXANDO O CONTEÚDO ......................................................................................64 
 
 
RECURSOS, POSTURAS E ESTRUTURAS ..................................................... 67 
 
5.1 RECURSOS TECNOLÓGICOS ...............................................................................67 
5.2 POSTURAS............................................................................................................69 
5.3 ESTRUTURAS .........................................................................................................72 
FIXANDO O CONTEÚDO ...........................................................................................73 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE 
01 
UNIDADE 
02 
UNIDADE 
03 
UNIDADE 
04 
UNIDADE 
05 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
 
 
 
 
 
 
AVALIAÇÃO ............................................................................................ 79 
 
6.1 PARA QUE SERVE A AVALIAÇÃO? .....................................................................79 
6.2 AVALIAÇÃO E INTERVENÇÃO ............................................................................81 
6.3 DIFERENTES POSSIBILIDADES DE AVALIAÇÃO .....................................................83 
6.3.1 Avaliações individuais ............................................................................................. 84 
6.3.2 Avaliações coletivas .......................................................................................... 88 
FIXANDO O CONTEÚDO ...........................................................................................90 
 
 
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO .........................................................93 
 
REFERÊNCIAS .............................................................................................................94 
 
UNIDADE 
06 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
 
CONFIRA NO LIVRO 
 
Antes de começarmos a estudar sobre Educação Inclusiva e as 
políticas que colaboram para sua existência e permanência, vamos 
pensar em quem é esse “público-alvo” e refletir sobre a forma como 
nos referimos e lidamos com essas pessoas. 
Vamos prosseguir em nossos estudos conhecendo como foi o 
processo de tornar a Educação um espaço de inclusão. Para isso 
vamos falar sobre sua história (mundial e brasileira) e também sobre 
leis, declarações e outros documentos que ajudaram a construir a 
Educação Inclusiva. 
 
 
Na terceira unidade vamos refletir sobre o que significa uma 
Educação verdadeiramente Inclusiva. Falaremos sobre como deve 
ser a prática e a postura educacional e sobre os desdobramentos e 
contribuições que a Educação Inclusiva promove na sociedade.Na quarta unidade vamos discorrer de maneira mais prática sobre 
Plano de Desenvolvimento Individualizado. Para isso, abordaremos 
desde as ações iniciais necessárias para a construção de um PDI até 
as formas de se realizar a adaptação curricular. 
 
 
Na quinta unidade abordaremos sobre os recursos tecnológicos, as 
posturas e as estruturas presentes no sistema educacional e como 
modificá-las e aperfeiçoá-las para garantir uma Educação para 
todos os estudantes, em suas diferenças e singularidades. 
Na última unidade falaremos sobre os motivos para avaliar 
estudantes, pensando de forma crítica e inclusiva. Serão 
mencionadas diferentes práticas avaliativas e as muitas 
possibilidades de atividades que podem ser feitas para promover 
aprendizagens, identificar o que estudantes estão aprendendo e 
quais as dificuldades encontradas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
 
NOMENCLATURA E POSTURAS 
 
 
 
1.1 PESSOAS E NÃO CAIXAS 
Nossa sociedade tem estado cada vez mais consciente a respeito das formas 
como lidar com as pessoas que destoam de uma normatividade imposta pela 
sociedade. Começamos a refletir sobre os machismos, racismos e homofobias que 
existem não só nas falas e posturas individuais, mas também aqueles que aparecem 
de forma estrutural quando nem percebemos. 
Nesta unidade quero convidar você a conhecer o que chamamos de 
capacitismo. Capacitismo é considerar que pessoas não apresentam deficiências 
físicas, intelectuais ou sensoriais são, de alguma forma, superiores àquelas que 
apresentam (CAMARGO; CARVALHO, 2019). 
Dentro dessa postura e visão de sujeitos, pessoas consideradas deficientes têm 
suas capacidades, habilidades e mesmo existências no mundo menosprezadas. 
Alguns exemplos do que é capacitismo: ter pena; direcionar a palavra a 
acompanhantes ao invés de falar diretamente com a pessoa; partir da premissa que 
a pessoa não vai conseguir fazer algo; considerar que a pessoa ou sua deficiência 
são lições de vida ou fardos para terceiros; se admirar com conquistas de pessoas 
consideradas deficientes. Todos nós já fomos capacitistas. Indo além, todos nós 
teremos atitudes ou pensamentos capacitistas no futuro. O que podemos fazer é 
conhecer mais, ouvir mais e respeitar cada vez mais. 
 
 
 
O capacitismo existe porque determinamos que existe algo chamado de 
deficiência, uma falta. Ela pode ser física, intelectual ou comportamental. 
Comecem a perceber a frequência com a qual vocês olham alguém na rua, na 
televisão, na escola e já se perguntam ou comentam com a pessoa ao seu lado: “O 
UNIDADE 
01 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
 
 
que é que ele tem?”. Essa pergunta é o título de um livro da Olivia Byington (2016), 
cantora brasileira, talvez hoje mais conhecida por ser a mãe de Gregório Duvivier. 
Mas no caso do livro, a Olivia é mãe do João, irmão do Gregório. João tem Síndrome 
de Apert, uma doença rara que faz com que ele, entre outras questões, tenha um 
rosto bem diferente da maioria dos nossos. E quando as pessoas olham pro João, só 
conseguem pensar nisso e já determinar que ele tem um problema. 
É bastante comum que a gente tente colocar as pessoas em caixinhas. E isso 
acontece em todos os âmbitos de nossa sociedade. Nos pautamos em dicotomias: 
existem pessoas gordas e magras; altas e baixas; ricas e pobres; esforçadas e 
preguiçosas; divertidas e chatas. E nesse movimento de dicotomias, temos o normal 
e o anormal. Agora pergunto a vocês: o que é normal? Quem tem o direito de 
estabelecer que seu modo de funcionamento e seu corpo devem ser parâmetro? 
Você percebe que tendemos a nos colocar como o padrão e comparar 
todas as outras pessoas a partir de nós? Se eu tenho R$1.000, quem tem R$3.000 é 
rico. Se eu tenho R$50.000, quem tem R$3.000 é pobre. Se para mim matemática é 
muito fácil, eu acho estranho que alguém tenha dificuldades nessa disciplina. Se eu 
enxergo, pessoas cegas são deficientes visuais. Mas você já tentou fechar os olhos e 
ler um cardápio em braile usando a ponta do seu dedo indicador? Pois então, você 
é um deficiente táctil! 
Skliar (2003) fala sobre colocarmos sempre no “outro” o problema, a falta, a 
deficiência. Determinamos que o que somos e os grupos que fazemos parte é 
considerado como normal e adequado. Separamos o “nós” do “eles” e, nessa 
prática, não existe uma intenção de se enxergar e trabalhar com o outro. É a 
dualidade que foi mencionada agora há pouco: uma dualidade que considera que 
existe um padrão mais adequado, mais funcional, mais ideal. O resto é problema, 
deficiência, transtorno, doença. 
Skliar (2003) explica que o que é muitas vezes chamado de Inclusão Escolar é, 
na verdade, uma grande segregação. Existe um foco tão grande em criar e usar 
certas nomenclaturas para designar estudantes que eles não são vistos em sua 
inteireza, em suas potencialidades. O que acontece é que esses nomes vão 
mudando com o tempo, numa tentativa de tornar mais “bonito” (ou menos feio...), 
mas todos esses rótulos continuam determinando que essas pessoas não são ideais. 
Quando a escola foca mais no que considera um problema do que nas pessoas em 
si, as práticas educativas estão muito mais próximas da Educação Especial do que 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
 
 
em uma Educação de fato inclusiva. 
Voltando ao João Byington, determinar que ele tem uma condição genética 
é mais importante do que conversar com ele, saber quem ele realmente é. Até se 
pode buscar promover seu desenvolvimento, mas a síndrome dele vai estar 
frequentemente em primeiro lugar, ao invés dele. Se é mais importante saber o que 
é que ele tem, a invés de buscar saber quem ele é, estamos segregando. Quando 
o diagnóstico é tudo (ou quase tudo) que vemos é porque estamos comparando 
com o padrão de normalidade que construímos a partir de nossa compreensão de 
que os normais somos nós. 
 
 
 
É importante conhecer as especificidades de cada estudante para atender 
adequadamente às demandas. Um estudante cego irá precisar de textos em braile 
e de audiodescrição; um estudante surdo irá precisar de um intérprete de LIBRAS; 
um estudante autista irá precisar de explicações mais concretas. Porém, de forma 
semelhante, Pedro precisará de imagens para entender uma explicação; Gabriela 
de um suporte anatômico no lápis para escrever melhor e Arthur precisará que a 
professora sente ao lado dele para explicar determinado conteúdo. Por que os três 
últimos foram chamados pelos nomes e os três primeiros não? A pessoa tem que vir 
antes. 
 
 
 
 
https://bit.ly/3nwSnQw
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 
 
Vamos continuar discutindo essas questões no próximo tópico, entendendo 
melhor os vários nomes que utilizamos e pensando em novas formas de enxergarmos 
e nos referirmos a quem é diferente de nós, os supostos normais. 
 
1.2 COMO CHAMAR? 
São inúmeros os nomes que utilizamos para designar as tais pessoas diferentes 
de nós. Em um mundo ideal simplesmente aboliríamos qualquer designação que 
rotulasse pessoas, mas a ideia aqui é problematizar nossas posturas e práticas em 
relação aos nomes para no futuro nem precisarmos mais deles. 
Vamos começar com uma importante reflexão: como você xinga as pessoas 
quando elas fazem algo errado ou não entendem o que você quer? A grande 
maioria das pessoas chama as outras de retardado, imbecil, mongol e idiota. Muito 
provavelmente você já usou essas palavras enquanto xingamentos, não é? Você 
sabia que elas, em algum momento, foram utilizadas para se referir a pessoas que 
apresentavam um desenvolvimento cognitivo com alguma forma de 
comprometimento? Usar um termo que designa ou designou pessoas com 
deficiência como se fosse um xingamento é capacitismo. 
 
 
 
Passada a catarse e entendendo que ser diferente de mim e dos meus iguais 
não é algo ruim e muito menos um xingamento, vamos continuar nossa 
problematização. 
Estamos vivendo um momento em que a visão médica ocupa espaçocentral. 
Temos diagnósticos para tudo, sejam questões físicas, mentais ou comportamentais. 
O correto é não xingar ninguém, mas te desafio a pensar em três xingamentos que não 
são capacitistas (e nem homofóbicos, machistas ou racistas). 
______________________ ___________________ ____________________ 
Se você só conseguiu pensar em xingamentos relacionados a animais (anta, burro, vaca) 
saiba que eles são especistas, por que os animais representam coisas negativas? Sugiro 
tentar mais um pouquinho, para quando extravasar sua raiva, já ter algumas cartas na 
manga: 
_________________ ________________________ ______________________ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
 
 
Estar triste significa estar com depressão, sentir o coração bater mais rápido em um 
momento de poucas certezas significa ter transtorno de ansiedade. De forma 
semelhante, ter dificuldades constantes em matemática está relacionado ao 
Transtorno de Aprendizagem chamado Discalculia e temos vários para a escrita e a 
leitura: de Disortografia, de Disgrafia, de Dislexia. A lista ainda não acabou, 
infelizmente. Crianças e adolescentes que confrontam regras têm Transtorno 
Opositor Desafiador e pessoas com dificuldade de se concentrar, especialmente em 
coisas desinteressantes, têm Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. 
Essa visão de que tudo é doença se chama patologização ou medicalização. 
O primeiro termo foi bastante usado por Michel Foucault, um autor que talvez vocês 
já tenham ouvido falar. Foucault (1997) falou sobre muitas coisas importantes, entre 
elas sobre como prisões, escolas e hospitais psiquiátricos têm muito mais em comum 
do que a gente imagina. Ele fala sobre como a sociedade deseja corpos dóceis e 
que as crianças que destoam disso precisam ser disciplinadas. 
 
 
 
Atualmente temos falado mais sobre medicalização, entendendo como um 
processo em que: 
[...] as questões da vida social, sempre complexas, multifatoriais e 
marcadas pela cultura e pelo tempo histórico, são reduzidas à lógica 
médica, vinculando aquilo que não está adequado às normas sociais 
a uma suposta causalidade orgânica, expressa no adoecimento do 
indivíduo. Assim, questões como os comportamentos não aceitos 
socialmente, as performances escolares que não atingem as metas 
das instituições, as conquistas desenvolvimentais que não ocorrem no 
período estipulado, são retiradas de seus contextos, isolados dos 
determinantes sociais, políticos, históricos e relacionais, passando a ser 
https://bit.ly/3fv3TeJ
https://bit.ly/3bvsoGS
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
 
 
compreendidos apenas como uma doença, que deve ser tratada 
(UNIFESP , 2019, online). 
Ou seja, se um estudante está com dificuldades em acompanhar algum 
conteúdo, não se concentra nas aulas ou está atrasado em relação a seus colegas, 
ele é diagnosticado com algum transtorno. Destoar da norma é visto como doença 
e quando existe uma doença não existem culpados. Não é responsabilidade da 
escola, da família ou da sociedade. E o estudante, apesar de não ser culpado por 
seus “desvios”, é percebido como menos competente por um motivo que exige 
tratamento constante. 
No processo de medicalização não se reflete sobre possíveis mudanças nas 
práticas pedagógicas, nas posturas docentes ou nas estruturas das instituições 
escolares. Todos esses aspectos certamente influenciam (positiva e negativamente) 
comportamentos e construções de conhecimentos de estudantes. Ao contrário, as 
soluções estão sempre restritas aos estudantes que deverão fazer sessões de 
psicoterapia, fonoaudiologia, psicomotricidade, aulas de reforço escolar e, muitas 
vezes, tomar medicamentos. 
 
 
 
Retomando a lista dos chamados Transtornos de Aprendizagem e de 
Comportamento, vamos parar um pouco para refletir sobre o que é, afinal, um 
Transtorno. Se um estudante é diagnosticado como tendo o Transtorno de 
Aprendizagem de Discalculia, quantos professores irão se esforçar para garantir que 
ele aprenda de fato os conteúdos de matemática? Afinal, se é um Transtorno, uma 
doença catalogada, pressupõe-se que o professor pode fazer malabarismos 
enquanto chupa cana e toca flauta que mesmo assim o estudante não vai 
aprender, não é? 
Esses rótulos, essas caixinhas nas quais estudantes com dificuldades em 
acompanhar conteúdos escolares são colocados, restringem suas possibilidades e 
também as ações docentes. Todos perdem, mas os estudantes perdem mais. Existe 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
 
 
uma educadora chamada Maria Helena Souza Patto, ela escreveu em 1980 uma 
tese que continua muito atual sobre a construção do fracasso escolar. Ela explica 
que o fracasso escolar é construído pela sociedade, não é algo do estudante, 
apesar de ser ele quem carregue esse peso e todas as consequências que essa ideia 
acarreta (PATTO, 2015). 
Os tais dos Transtornos de Aprendizagem e de Comportamento também 
carregam um outro aspecto que vale a pena pensarmos: em nosso cotidiano onde 
encontramos a palavra “transtorno”? 
 
Figura 1: Desculpe o transtorno 
 
Disponível em: https://bit.ly/3sfUtrC. Acesso em: 15 de dez. de 2020. 
 
Transtornos são buracos na pista, barulhos de britadeira em um sábado de 
manhã e a necessidade de você ter que fazer um desvio longo e não planejado 
quando está sem tempo. Para piorar mais ainda, quando ouvimos nos corredores, 
sala de professores e reuniões de Conselho de Classe, os diálogos são mais ou menos 
assim: 
 
Exemplo 1: 
- Nossa, estou com 3 TDAH na minha sala. 
- Coitada!! Eu tive um TOD e um TDAH ano passado e vinha pra cá rezando pra pelo 
menos um deles faltar! 
 - Ah, minha alegria é que está tendo atendimento especializado pros meus laudados! 
Se não fosse isso.... 
 
https://bit.ly/3sfUtrC
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
 
 
 
 
Você percebeu que eu nenhum momento o diálogo menciona estudantes, 
crianças ou adolescentes? No lugar de se enxergar sujeitos só se vê transtornos, 
doenças, buracos na pista e barulhos de britadeira. Se eu percebo um estudante 
enquanto um transtorno quer dizer que ele me incomoda, que a presença dele me 
incomoda. E mais do que isso, esse transtorno precisa ser consertado, resolvido. Esse 
transtorno precisa sumir ou pelo menos deixar de ser percebido. 
A fala do diálogo (não muito) hipotético acima que se refere ao atendimento 
especializado tira a responsabilidade do docente de sala de aula, transferindo-a 
para profissionais que devem prover apoio, mas não conduzir todo o processo 
educacional. Estudantes são jogados de um lado para o outro como batatas 
quentes, não são desejados nem bem vistos (afinal, são buracos na pista). 
 Ainda neste universo dos mil e um nomes que não devem ser usados, temos 
a a palavra “portador”, que passa uma ideia de doença ou de perigo. Veja os 
exemplos 
 
Portador de deficiência 
 
 
Portador do vírus HIV. 
Homem entrou no banco portando uma bomba. 
Ela estava portando uma arma. 
 
Quando se “porta” algo é como se a pessoa tivesse contraído um vírus e, mais 
do que isso, pudesse sair por aí transmitindo essa doença. Ou então estivesse em 
posse de um artefato perigoso e pudesse causar alguma destruição. 
E então chegamos no eufemismo “especial”. Sim, essa perspectiva foi 
importante durante algum tempo, assim como outras que já foram mencionadas 
aqui. A questão é a importância de se evoluir e continuar aprendendo, se 
informando e refletindo. Por que é ruim falar que uma criança é especial? Bem, você 
pode falar que seus filhos, sobrinhos, vizinhos, estudantes são especiais caso eles 
sejam pessoas especiais. O que não é legal é tentar esconder ou tornar mais 
agradável aos olhos e ouvidos quando você quer dizer que uma criança tem 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
 
 
síndrome de Down, é autista, cega, ou surda. Estar fora da norma não é ruim, nem 
errado e não é motivo de vergonha. 
Os eufemismos são usados para tentar diminuir a gravidadede uma situação. 
Quando se diz que alguém é “forte” quando na verdade a pessoa é gorda, por 
exemplo. Quem fala “forte” entende que gordo é um xingamento, um adjetivo 
desagradável. Mas por que chamar alguém de gordo é mal-educado e dizer que é 
magra é um elogio? Porque nossa sociedade convencionou assim... Mas para muitas 
culturas, ser gorda é sinal de saúde e magra, doença. 
Então, no caso das questões físicas, sensoriais, motoras, comportamentais e 
cognitivas que destoam daquilo que alguém um dia resolveu chamar de “normal” 
(lembrem-se das discussões lá pro primeiro subtítulo), elas são todas negativas e 
geram muitos tabus e posturas de “pisar em ovos”. Quando na verdade, são 
simplesmente características e formas de ser e estar no mundo, que geram maiores 
ou menores demandas. 
O grande ponto dessa parte de nosso texto é que ser cego, surdo ou autista, 
usar cadeiras de rodas, ter alguma síndrome, ter dificuldades para se concentrar ou 
para acompanhar as aprendizagens da turma não é algo ruim. O que é ruim é viver 
com essas questões em uma sociedade que ao invés de acolher, exclui. Se houvesse 
acessibilidade em todos os lugares, com rampas adequadas, audiodescrições, 
legendas e intérpretes de LIBRAS, essas pessoas não teriam seus direitos restritos ou 
dificultados. Se as práticas didático-pedagógicas considerassem as subjetividades e 
singularidades de todos os estudantes, seriam realizadas diferentes atividades, de 
diferentes formas e isso colaboraria para que todos os estudantes tivessem 
aprendizagens significativas, conseguindo direcionar atenção e compreendendo 
conteúdos. O problema não é a pessoa e sim o contexto. 
O nome dessa seção é “Como chamar” e depois de toda essa discussão e 
propostas de reflexões, espero que você já saiba a resposta: Chame a pessoa pelo 
nome dela! 
Parece uma piadinha, mas é a verdade, devemos evitar rotular estudantes. E 
mesmo que você tenha dois estudantes cegos na mesma sala, eles são sujeitos 
diferentes, correto? Você se refere a todos os seus amigos canhotos como “os 
canhotos” ou são Jorge e Renata que, por acaso, são ambos canhotos? Claro que 
falamos sobre ‘estudantes autistas”, “estudantes surdos” e “estudantes cegos”, mas 
devemos evitar quando se trata de pessoas específicas porque afinal, elas são 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
 
 
pessoas. 
Hoje em dia no Brasil se convencionou falar “Pessoa com deficiência”. Esse 
termo é justificado por dois grandes motivos: a pessoa vem primeiro e a deficiência 
não a define. Antes era “pessoa deficiente”, que dá a ideia de que ela toda é uma 
falta (afinal é isso que deficiência significa). Ainda assim, alguns grupos e pessoas 
não gostam dessa designação. 
Pessoas autistas, por exemplo, preferem ser entendidas enquanto pessoas 
autistas do que “pessoas com autismo”, porque essa segunda nomenclatura dá uma 
ideia de doença, como “pessoa com catapora”. Faz sentido, né? Pessoas surdas 
preferem ser designadas assim do que como “pessoas com deficiência auditiva”, 
porque elas entendem que a surdez não é uma deficiência, inclusive existe uma 
grande cultura surda no Brasil e no mundo. 
Ao longo deste livro será usada a expressão pessoas com desenvolvimento 
atípico, entendendo que não existe um padrão de normalidade. Pessoas se 
desenvolvem de maneiras diversas daquilo que costumamos encontrar em nosso 
cotidiano. 
 
 
* 
Vou recriar aquele diálogo: 
 
Exemplo 2: 
 - Nossa, preciso de novas ideias para as aulas! A Paula, o Artur e o Diego estão com 
muita dificuldade pra se concentrar nas explicações e atividades. 
- Que difícil... Ano passado eu dei aula pro Artur e uma coisa que funcionou muito foi 
usar exemplos do cotidiano, relacionando o que eu explicava com coisas que ele conhecia. 
- Olha, a Márcia, professora do atendimento especializado pode te ajudar com 
algumas ideias. Conversa com ela na hora que tua turma estiver na Educação Física. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
 
 
Nessa nova versão da conversa entre professores, além de alterar as formas 
como se referem a estudantes, também modifiquei algumas posturas docentes. E 
sobre isso que falaremos na próxima e última seção de nossa primeira unidade. 
 
1.3 COMO LIDAR? 
Este tópico pode ser resumido por uma frase bastante simples: lide com 
respeito. Porém, a ideia de respeito não é tão simples assim, então vamos começar 
falando sobre as diferenças em tolerar, aceitar e respeitar. 
Tolerar não é bom. Não se deve tolerar a presença de estudantes em sala de 
aula. Porque só se tolera aquilo que é ruim. Ninguém tolera uma viagem paradisíaca, 
mas muita gente tolera um tio chato. Porque deveria ser feito um esforço para lidar 
com a presença de certos estudantes, ou para lidar com a proposta de Educação 
Inclusiva? 
Aceitar é melhor, mas ainda falta porque não era o desejado. Eu posso aceitar 
um pagamento em cheque, mas eu preferia receber em dinheiro. Por que não seria 
desejada a presença de certos estudantes? Por que não seria desejada uma 
Educação Inclusiva? 
E finalmente chegamos no respeito. Todas as relações devem ser permeadas 
pelo respeito. A questão é que devemos respeitar as pessoas por serem pessoas e 
não por serem mais velhas, mais poderosas, mais fortes ou mais bravas. E nessa ideia 
de que respeito é um direito humano, nada mais correto do que respeitar todos os 
estudantes (e também ser respeitada/o por eles). Não se respeita a dificuldade, a 
demanda ou a especificidade que trazem, se respeita as pessoas em sua totalidade. 
Posto isso, recomendo fortemente que se lide com todos os estudantes com 
respeito, tenham eles dificuldades e demandas identificadas ou não. O diálogo entre 
docentes que refiz no final do tópico anterior traz essa ideia de respeito, tanto na 
forma como estudantes são percebidos e referidos, como em uma postura que 
busca contribuir para seus desenvolvimentos. 
Vygotsky (1997) explicava entre as décadas de 1920 e 1930 que todas as 
crianças podem se desenvolver e aprender. Sim, existem diferenças em relação a 
aspectos sensoriais, cognitivos e comportamentais, porém, diferenças não são 
impeditivos. Existem diferentes formas de se mediar as construções de conhecimento 
e os processos de desenvolvimento. Não existem barreiras impenetráveis ou fixas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
 
 
 
 
Faz-se necessário ter em mente que todos os estudantes têm potencialidades, 
merecem respeito e um olhar atento de docentes. Esse olhar atento ultrapassa os 
diagnósticos e os estereótipos. Ele enxerga o Daniel, a Camila, o Ricardo e a Joana. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://bit.ly/2LKa9SQ
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
 
 
FIXANDO O CONTEÚDO 
 
1. Assinale a alternativa correta a respeito de nomenclaturas: 
a) Retardado é um xingamento e não podemos usar para falar de pessoas especiais. 
b) A nomenclatura a ser usada é Pessoas Portadoras de Necessidades Especiais. 
c) Quando usamos siglas médicas para falar de estudantes estamos sendo precisos 
em relação às demandas. 
d) Quando falamos Pessoa com Deficiência estamos enfatizando a pessoa. 
e) Falar que um estudante é especial reflete o carinho e o envolvimento que existe 
entre professora e estudante. 
 
2. Assinale a alternativa que descreve um exemplo de capacitismo: 
a) Acreditar que todos são capazes. 
b) Acreditar que ninguém é capaz. 
c) Xingar pessoas. 
d) Considerar que pessoas com desenvolvimento diferenciado são tão capazes 
quanto todas as outras. 
e) Dirigir a fala para o acompanhante e não para a pessoa. 
 
3. Assinale a alternativa correta: 
a) Entre as pessoas com deficiência, algumas têm potencialidades, mas outras não. 
b) Pessoas com deficiências têm várias potencialidades. 
c) O planejamento pedagógico não é atribuição da professora de sala de aula. 
d) De nada adianta uma potencialidade não cognitiva na escola. 
e) A escola precisa de umlaudo médico para fazer a inclusão. 
 
4. Sobre as posturas docentes, assinale a alterativa correta: 
a) A tolerância deve prevalecer em todos os espaços escolares. 
b) A intolerância é aceitável em algumas situações. 
c) Devemos aceitar apenas atitudes respeitosas. 
d) A postura mais adequada para se estabelecer nas relações escolares é a 
aceitação. 
e) O respeito deve existir em todas as relações. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
 
 
5. Se as práticas didático-pedagógicas considerassem as ______________ e 
_______________ de todos os estudantes, seriam realizadas diferentes atividades, 
de diferentes formas e isso ____________ para que todos os estudantes tivessem 
aprendizagens significativas, conseguindo direcionar atenção e compreendendo 
conteúdos. 
 
a) padronizações / pluralidades / ratificaria 
b) subjetividades / singularidades / colaboraria 
c) subjetividades / singularidades / prejudicaria 
d) subjetividades / pluralidades / colaboraria 
e) subjetividades / pluralidades / prejudicaria 
 
6. Todas as relações devem ser permeadas: 
 
a) Pelo respeito 
b) Pela intolerância 
c) Pelos estereótipos 
d) Pelas dificuldades 
e) Pela demanda 
 
7. Sobre o desenvolvimento, marque a alternativa correta: 
 
a) As barreiras de desenvolvimento são impenetráveis e fixas. 
b) Não são todas as crianças que podem se desenvolver e aprender. 
c) Não existem diferenças em relação a aspectos sensoriais, cognitivos e 
comportamentais. 
d) As formas de se mediar as construções de conhecimento e os processos de 
desenvolvimento seguem um padrão. 
e) Diferenças não são impeditivos. Existem diferentes formas de se mediar as 
construções de conhecimento e os processos de desenvolvimento. 
 
8. Marque a alternativa que complete corretamente a frase: “Um olhar atento do 
professor deve:” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
 
 
a) Diagnosticar se o estudante é TDAH, TOD etc. 
b) No lugar de se enxergar sujeitos, enxergar apenas os transtornos e doenças. 
c) Transferir a responsabilidade para profissionais que provêm apoio e não conduzir 
todo o processo educacional. 
d) Vislumbrar que todos os estudantes têm potencialidades, merecem respeito deve-
se ultrapassar os diagnósticos. 
e) Separar e segregar os estudantes com dificuldades em acompanhar conteúdos 
escolares. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
 
 
HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO 
INCLUSIVA 
 
 
 
2.1 POR QUE O PASSADO IMPORTA? 
 
Figura 2: Importância da história 
 
Disponível em: https://bit.ly/3q2TrgC Acesso em: 05 de jan. de 2020. 
 
A frase de Edmund Burke sintetiza bem este tópico. Estudar a parte histórica e 
de legislações dificilmente é um momento de prazer para estudantes de 
licenciaturas. Porém, alguma parte disso é importante quando entendemos que o 
que temos hoje só foi possível porque houve um longo processo para mudar 
situações de sofrimento, negligência, exclusão e violência. 
 A abordagem desses aspectos históricos e legislativos será breve e 
interessante. Nem tudo será agradável de saber, mas certamente servirá como 
reflexão para evitar que volte a acontecer. Muitas pessoas e instituições se 
esforçaram ao longo dos últimos séculos para mudar a forma como enxergamos as 
pessoas que apresentam alguma atipicidade em seu desenvolvimento. Algumas 
promoveram mudanças pontuais, outras abriram os horizontes para possibilidades 
UNIDADE 
02 
https://bit.ly/3q2TrgC
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
 
 
mais humanizadoras. 
Estamos vivendo um momento histórico complexo, em que apesar de termos 
acesso a todas as tecnologias que possibilitem entrarmos em contato com todos os 
conhecimentos produzidos no mundo, a ciência e a uma perspectiva humanizadora 
dos sujeitos estão perdendo espaço e atenção. Estão negando o aquecimento 
global e exaltando o terraplanismo; a alfabetização tem sido vista por muitos como 
um método mecânico; pessoas são cada vez mais resumidas a números e índices. 
No Brasil foi retomada em 2020 uma discussão que autoriza escolas a não 
aceitarem a matrícula de certos estudantes, alegando não estarem aptas a prover 
práticas educacionais que promovam desenvolvimento e aprendizagem de todos. 
Isso é um grande retrocesso, pois permite a retomada de exclusões e segregações. 
Além disso, a não obrigatoriedade da Educação Inclusiva em todos os 
estabelecimentos de ensino afetará os cursos de formação inicial e continuada de 
professores, que só aprenderão sobre as diferenças caso optem por um caminho 
formativo específico. Escolas e professores preparados apenas para estudantes 
considerados “normais” tornam o contexto educacional mais mecanizado, 
desumanizador, padronizador e excludente. Não serão apenas os estudantes que 
apresentam alguma atipicidade no desenvolvimento que serão afetados, mas toda 
a sociedade. 
Estudar a história é fundamental para caminharmos sempre em frente, 
buscando o melhor para todos, e não para uma suposta maioria. 
 
2.2 PERCURSO MUNDIAL 
Encontramos muita violência, morte, exclusão e preconceito no percurso 
histórico de pessoas com desenvolvimento atípico. Desde a Grécia antiga até o 
século XVIII foram frequentes os casos de abandono, exorcismo, morte pela fogueira 
e internação em manicômios (PESSOTTI, 1984). 
Conforme a medicina foi avançando, essas pessoas (inclusive crianças) 
sofreram muitas intervenções dolorosas e invasivas, desde lobotomias até choques 
elétricos constantes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
 
 
 
 
Antes elas eram assassinadas ou deixadas para morrer, depois sofriam muitas 
dores em nome de um tratamento, de uma cura. Durante o período nazista na 
Alemanha, elas eram usadas para experimentos médicos sem anestésicos ou 
cuidados pra evitar infecções. Em todas essas circunstâncias, elas não eram vistas 
como pessoas, como seres humanos que têm sentimentos, dores, vontades e medos. 
Existe um mito grego bastante interessante chamado de Procusto (O Estirador), 
no qual a única hospedaria da região tinha uma cama de ferro na qual os viajantes 
tinham que se encaixar perfeitamente. Caso fossem maiores que a cama, Procusto 
cortava seus membros. Caso fossem menores, Procusto os estivava até ficarem do 
tamanho correto (HACQUARD, 1990). 
Esse mito fala sobre a necessidade de se encaixar em um padrão 
predeterminado e, quando não existe um encaixe imediato, tudo será feito para 
solucionar o que é visto como problema. 
 
 
 
 
Os espaços e contextos históricos nos quais foi possível se distanciar dessas 
Relembrando do que falamos na primeira unidade e no que você percebe em seus 
contextos, o que é feito hoje em dia para adequar estudantes a um padrão 
preestabelecido? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
 
 
práticas violentas foram aqueles nos quais o cristianismo teve força. De acordo com 
a religião, pessoas com desenvolvimento atípico eram enviadas de Deus para 
servirem de fardo e lição. Ou seja, eram enviadas como castigos para pecadores e 
oportunizavam a redenção através da caridade e do acolhimento (PESSOTTI, 1984). 
De fato, foi uma mudança significativa passar da morte na fogueira e 
abandono na floresta para serem bem tratadas por motivos egoístas. Mas ainda 
assim, ao enxergar essas pessoas enquanto fardos, elas já eram, desde então, 
buracos na pista. 
 Um dos grandes avanços em relação à educação de pessoas que têm um 
desenvolvimento atípico no mundo aconteceu na França do século XVIII. Lá foram 
criadas duas escolas, uma para crianças cegas e outra para crianças surdas. Foi aí 
que criaram o sistema braille e que a comunicação gestual foi desenvolvida para se 
tornar um sistema de comunicação. Nos outros países a comunicação gestual foi 
banida, com estudantes surdos sendo obrigados a oralizarem e lerem lábios. 
Infelizmente tal percepção chegou também à França e a escola para crianças 
surdas passou algumas décadasadotando também este método violento que foca 
em tornar as pessoas surdas o mais parecidas com as normais (lembra um pouco o 
mito de Procusto, não é?) 
Dando um grande pulo na linha do tempo, chegamos à década de 1990. Ela 
foi marcada por dois encontros mundiais que ligados à UNESCO (Organização das 
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) e também ao Banco 
Mundial. A primeira em Jontiem teve o tema “Educação para Todos” e inaugurou no 
cenário internacional uma necessidade de que todos os seus países signatários 
percebessem a importância de prover Educação para todos, independente de 
questões econômicas, geográficas e sociais. 
Quando pensamos em “todos”, fazemos referência a “todo mundo”, certo? E 
então as pessoas que apresentam algum desenvolvimento atípico estariam incluídas 
aí. E talvez estivessem, mas foi preciso um novo encontro, dessa vez em Salamanca 
(Espanha), em 1994 para discutir “Princípios, políticas e práticas na área das 
necessidades educativas especiais”. Nessa ocasião foi quando, de fato, se falou 
sobre estudantes que precisavam de outras abordagens e ferramentas pedagógicas 
para aprender. Apesar do sistema educacional de cada país funcionar de um jeito, 
Salamanca foi um marco do que veio a se desenvolver enquanto políticas 
educacionais inclusivas. Em vários países ainda existem escolas específicas para 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
 
 
estudantes que apresentam desenvolvimentos atípicos, mas, na maioria deles existe 
um esforço para a inclusão que, quando não é alcançado, se torna em esforço para 
o desenvolvimento do sujeito. 
 
2.3 PERCURSO BRASILEIRO 
O Brasil tinha estreita relação com a França e seu sistema educacional e no 
século XIX foram criados o Imperial Instituto dos Meninos Cegos (hoje Instituto 
Benjamin Constant - IBC) e o Instituto Imperial de Surdos-Mudos (hoje Instituto 
Nacional de Educação de Surdos - INES). A fundação dessas instituições foi muito 
importante para proporcionar desenvolvimentos e aprendizagens adequados para 
seus públicos. 
 
 
 
 Até a década de 1980 o que existiu no Brasil esteve relacionado a práticas de 
Educação Especial segregada, fornecida pelo Estado ou por instituições 
beneficentes, como a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE). É 
importante destacar aqui a função que todas as instituições deste tipo tiveram e 
ainda têm no desenvolvimento de pessoas com diferentes demandas e 
características de desenvolvimento. Até hoje o IBC e o INES têm força e muitos 
defensores. Essas instituições promovem educação, capacitação, desenvolvimento 
de novas técnicas e abordagens e difusão de conhecimento e cultura sobre a 
realidade de pessoas cegas e pessoas surdas, além de ser um espaço de interação 
com pares e reconhecimento de suas potencialidades. O grande problema é que 
todos os outros espaços escolares deveriam fazer o mesmo. No mínimo, toda criança 
surda deveria ter condições de ser alfabetizada em LIBRAS e toda criança cega 
deveria poder aprender a ler e escrever em Braille em suas próprias escolas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
 
 
 
 
A partir da década de 1980 teve início o processo de Integração na 
Educação, com classes especiais dentro da escola regular (Miranda, 2004). 
Fisicamente a Escola passa a ser de todos, porém, isso se limitava a uma prática de 
passar pelo mesmo portão. As salas de aula ainda eram separadas, assim como as 
abordagens pedagógicas eram distintas. Como não existia nenhuma forma de 
interação com outras crianças durante todo o período de aulas, o mesmo acontecia 
nos momentos de entrada, saída e recreio. A única coisa é que havia a presença 
de estudantes “diferentes” na escola, mas isso não promovia qualquer forma de 
consciência sobre a importância da diferença, do respeito e da troca de 
experiências. 
A Inclusão escolar só se tornou política pública no Brasil em 1988, com a nova 
Constituição Federal. Porém, mesmo nesse documento, não era expressa uma 
exigência de que todos fossem incluídos. O que o texto dizia era que 
“preferencialmente” estudantes deveriam ser atendidos pela rede regular de ensino. 
Sabemos que é complexo exigir que algo seja 100% cumprido de uma mesma forma, 
porque seria negar especificidades de contextos e pessoas. Porém, o 
“preferencialmente” abre brechas significativas (BRASIL, 1988). Perceba a diferença: 
 
Exemplo 3: 
 Eu prefiro sorvete de chocolate. Se tiver sorvete de baunilha, eu como. 
 
Exemplo 4: 
O único sorvete que eu gosto é o de chocolate. Se estiver um dia de muito calor, eu 
quiser um doce e só tiver sorvete de baunilha, eu até como. 
 
Um aspecto muito importante que a Constituição Federal trouxe foi a 
existência de serviços de apoio, adaptações de currículo e de métodos de ensino, 
de forma a promover aprendizagens e desenvolvimento de forma inclusiva na sala 
de aula regular. 
https://bit.ly/35xXWIh
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
 
 
O Brasil assinou as Declarações de Jontiem e de Salamanca e, com isso, o 
tema da Educação Inclusiva passou a aparecer mais em leis e políticas públicas a 
partir de 1996, com uma nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) 
e depois nos Planos Nacionais de Educação de 2001 e de 2014. 
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996 ainda utilizava a expressão 
“necessidades especiais” (BRASIL, 1996) e sua atualização, de 2013, utiliza diferentes 
nomenclaturas, evidenciando que são pessoas diferentes, com demandas 
diferentes, e que não é correto colocar todas elas dentro de uma mesma caixinha. 
Outra alteração sutil, porém, importante foi dizer que o atendimento especializado 
deveria ser “transversal a todos os níveis, etapas e modalidades, preferencialmente 
na rede regular de ensino” (BRASIL, 2013). A ideia de transversalidade mostra que o 
atendimento especializado é complementar e não o principal serviço educacional 
para estudantes que apresentem demandas específicas de aprendizagem. 
O Plano Nacional de Educação (PNE) para o decênio 2001-2010 (BRASIL, 2001) 
talvez seja o primeiro documento que fala em “Escola Inclusiva”, dizendo que a 
construção de uma escola inclusiva seria o grande avanço daquele momento 
histórico. O PNE seguinte teve um processo bastante longo de produção e 
aprovação, sendo publicado apenas em 2014. Ele apresenta como sua 4ª: 
“Universalizar, para a população de 4 a 17 anos, o atendimento escolar aos 
estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas 
habilidades ou superdotação na rede regular de ensino” (BRASIL , 2014, p. 7). 
O documento enfatiza a importância de que professores tenham acesso a 
cursos para realizar uma Educação Inclusiva adequada dentro da escola regular. 
A última lei que será abordada aqui é o Estatuto da Pessoa Com Deficiência 
(BRASIL, 2015). Esse documento é de extrema importância e, por isso, a parte que 
versa sobre Educação será disponibilizada aqui para vocês lerem diretamente: 
CAPÍTULO IV DO DIREITO À EDUCAÇÃO 
Art. 27. A educação constitui direito da pessoa com deficiência, 
assegurados sistema educacional inclusivo em todos os níveis e 
aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo 
desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, 
sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, 
interesses e necessidades de aprendizagem. 
Parágrafo único. É dever do Estado, da família, da comunidade 
escolar e da sociedade assegurar educação de qualidade à pessoa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
 
 
com deficiência, colocando-a a salvo de toda forma de violência, 
negligência e discriminação. 
Art. 28. Incumbe ao poder público assegurar, criar, desenvolver, 
implementar, incentivar, acompanhar e avaliar: 
I - sistema educacional inclusivo em todos os níveis e modalidades, 
bem como o aprendizado ao longo de toda a vida; 
II - aprimoramento dos sistemas educacionais, visando a garantir 
condiçõesde acesso, permanência, participação e aprendizagem, 
por meio da oferta de serviços e de recursos de acessibilidade que 
eliminem as barreiras e promovam a inclusão plena; 
III - projeto pedagógico que institucionalize o atendimento 
educacional especializado, assim como os demais serviços e 
adaptações razoáveis, para atender às características dos estudantes 
com deficiência e garantir o seu pleno acesso ao currículo em 
condições de igualdade, promovendo a conquista e o exercício de 
sua autonomia; 
IV - oferta de educação bilíngue, em Libras como primeira língua e na 
modalidade escrita da língua portuguesa como segunda língua, em 
escolas e classes bilíngues e em escolas inclusivas; 
V - adoção de medidas individualizadas e coletivas em ambientes que 
maximizem o desenvolvimento acadêmico e social dos estudantes 
com deficiência, favorecendo o acesso, a permanência, a 
participação e a aprendizagem em instituições de ensino; 
VI - pesquisas voltadas para o desenvolvimento de novos métodos e 
técnicas pedagógicas, de materiais didáticos, de equipamentos e de 
recursos de tecnologia assistiva; 
VII - planejamento de estudo de caso, de elaboração de plano de 
atendimento educacional especializado, de organização de recursos 
e serviços de acessibilidade e de disponibilização e usabilidade 
pedagógica de recursos de tecnologia assistiva; 
VIII - participação dos estudantes com deficiência e de suas famílias 
nas diversas instâncias de atuação da comunidade escolar; 
IX - adoção de medidas de apoio que favoreçam o desenvolvimento 
dos aspectos linguísticos, culturais, vocacionais e profissionais, 
levando-se em conta o talento, a criatividade, as habilidades e os 
interesses do estudante com deficiência; 
X - adoção de práticas pedagógicas inclusivas pelos programas de 
formação inicial e continuada de professores e oferta de formação 
continuada para o atendimento educacional especializado; 
XI - formação e disponibilização de professores para o atendimento 
educacional especializado, de tradutores e intérpretes da Libras, de 
guias intérpretes e de profissionais de apoio; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
 
 
XII - oferta de ensino da Libras, do Sistema Braille e de uso de recursos 
de tecnologia assistiva, de forma a ampliar habilidades funcionais dos 
estudantes, promovendo sua autonomia e participação; 
XIII - acesso à educação superior e à educação profissional e 
tecnológica em igualdade de oportunidades e condições com as 
demais pessoas; 
XIV - inclusão em conteúdos curriculares, em cursos de nível superior e 
de educação profissional técnica e tecnológica, de temas 
relacionados à pessoa com deficiência nos respectivos campos de 
conhecimento; 
XV - acesso da pessoa com deficiência, em igualdade de condições, 
a jogos e a atividades recreativas, esportivas e de lazer, no sistema 
escolar; 
XVI - acessibilidade para todos os estudantes, trabalhadores da 
educação e demais integrantes da comunidade escolar às 
edificações, aos ambientes e às atividades concernentes a todas as 
modalidades, etapas e níveis de ensino; 
XVII - oferta de profissionais de apoio escolar; 
XVIII - articulação intersetorial na implementação de políticas públicas. 
§ 1º Às instituições privadas, de qualquer nível e modalidade de 
ensino, aplica-se obrigatoriamente o disposto nos incisos I, II, III, V, VII, 
VIII, IX, X, XI, XII, XIII, XIV, XV, XVI, XVII e XVIII do caput deste artigo, sendo 
vedada a cobrança de valores adicionais de qualquer natureza em 
suas mensalidades, anuidades e matrículas no cumprimento dessas 
determinações (BRASIL, 2015, p. 8-10). 
 
O Estatuto da Pessoa com Deficiência reúne todos os avanços construídos 
desde o século XIX para que seja realizada uma educação verdadeiramente 
inclusiva. Não é mais a escola que é inclusiva, é o sistema educacional. As 
potencialidades são vistas e desenvolvidas. A acessibilidade é garantida, bem como 
as adaptações necessárias. Fala-se sobre ensino e aprendizagem, mas vai muito 
além ao falar sobre pesquisas, participação de estudantes, formação adequada de 
professores, abordar o assunto relacionado às diferentes formas de desenvolvimento 
e garantia de todos os direitos. 
A lei é maravilhosa. Mas e sua efetivação? Ao entrar na maioria das escolas 
brasileiras, públicas ou particulares, podemos encontrar uma série de falhas, faltas e 
dificuldades. É de suma importância que existam leis para garantir direitos e informar 
obrigações, porém, não basta que elas existam. 
Skliar (2001) defende que as leis deveriam ser o ponto de chegada e não o 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
 
 
ponto inicial das transformações pedagógicas. De acordo com o autor, a lei deveria 
levar em consideração as concepções de professores, pais, alunos, funcionários e 
comunidade, uma vez que todos são produtores de mudanças e não apenas 
operários. O que acontece é que as escolas recebem, de forma verticalizada e 
imposta, instruções para modificar suas práticas dentro de um prazo. 
Especificamente, falando sobre a Educação Inclusiva, acaba que este tema fica 
malvisto entre professores, que se sentem obrigados e coagidos a fazer algo, sem 
nem serem ouvidos. 
Apesar dessa última consideração, o que podemos fazer hoje? Bem, podemos 
falar sobre as leis, diretrizes e instruções, buscando encontrar um significado próprio 
para a instituição e para todos que dela fazem parte. Podemos construir 
coletivamente uma Educação que faz sentido, respeitar todas as pessoas que fazem 
parte da comunidade escolar e nos sentirmos também respeitados. Por fim, podemos 
tentar uma maior participação política, seja através de participação nos conselhos 
municipais, nos centros comunitários, de uma gestão democrática da escola, votar 
em candidatos que nos representam de fato e acompanhar as decisões e os 
processos legislativos. Que nosso futuro não seja uma volta a caminhos do passado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
 
 
 
 
 
FIXANDO O CONTEÚDO 
 
1. A discussão “Princípios, políticas e práticas na área das necessidades educativas 
especiais” foi um marco do que veio a se desenvolver enquanto políticas 
educacionais inclusivas, e aconteceu: 
 
a) na França do século XVIII 
b) Na Grécia antiga 
c) Em Salamanca (Espanha), em 1994 
d) em Jomtiem (Tailândia), em 1990. 
e) No Brasil, em 1992. 
 
2. A partir da década de 1980 teve início o processo de Integração na Educação, 
e com isso: 
 
a) As salas de aula deixaram de ser separadas e as abordagens pedagógicas 
passaram a ser unificadas. 
b) Desenvolveu-se a consciência sobre a importância da diferença, do respeito e 
da troca de experiências. 
c) Apesar da presença de estudantes “diferentes” na escola, as salas de aula 
permaneciam separadas, com pouca interação entre estudantes diferentes. 
d) As salas de aula deixaram de ser separadas e as abordagens pedagógicas 
deixaram de ser distintas. 
e) Com a presença de estudantes “diferentes” na escola, a interação se deu de 
forma natural, principalmente, nos momentos de entrada, saída e recreio. 
 
3. A Inclusão escolar só se tornou política pública no Brasil em: 
 
a) 1988, com a nova Constituição Federal (CF) 
b) 1996, com uma nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) 
c) 2001, com o Plano Nacional de Educação 
d) 2014, com o Planos Nacionais de Educação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 
 
 
e) 1990, com o Tratado de Jomtiem 
 
4. “Universalizar, para a população de 4 a 17 anos, o atendimento escolar aos 
estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas 
habilidades ou superdotação na rede regular de ensino”, consta em qual 
documento: 
 
a) Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 
b) O Plano Nacional de Educação para o decênio 2014-2024 
c) Constituição Federal de 1988 
d) Estatuto da Pessoa Com Deficiência de 2015 
e) Código de Defesa do Consumidorde 1990 
 
5. Segundo o Estatuto da Pessoa Com Deficiência (BRASIL, 2015): 
 
a) É dever exclusivamente do Estado assegurar educação de qualidade à pessoa 
com deficiência, colocando-a a salvo de toda forma de violência, negligência e 
discriminação. 
b) É dever do Estado e da família assegurar educação de qualidade à pessoa com 
deficiência, colocando-a a salvo de toda forma de violência, negligência e 
discriminação. 
c) É dever exclusivamente do Estado e da família assegurar educação de qualidade 
à pessoa com deficiência, e dever da comunidade escolar e da sociedade agir 
colocando-a a salvo de toda forma de violência, negligência e discriminação. 
d) É dever do Estado, da família, da comunidade escolar e da sociedade assegurar 
educação de qualidade à pessoa com deficiência, colocando-a a salvo de toda 
forma de violência, negligência e discriminação. 
e) É dever da família, da comunidade escolar e da sociedade assegurar educação 
de qualidade à pessoa com deficiência, colocando-a a salvo de toda forma de 
violência, negligência e discriminação. 
 
6. É de suma importância que existam leis para garantir direitos e informar 
obrigações, porém, não basta que elas existam. O que podemos fazer hoje? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
 
 
a) Receber de forma verticalizada e imposta instruções para modificar nossas 
práticas dentro de um prazo. 
b) Não levar em consideração as concepções de professores, pais, alunos, 
funcionários e comunidade. 
c) Tentar uma menor participação política. 
d) Levar em consideração apenas as concepções dos professores, que lidam 
diariamente com os alunos. 
e) Construir coletivamente uma Educação que faz sentido, respeitar todas as 
pessoas que fazem parte da comunidade escolar e nos sentirmos também 
respeitados. 
 
7. A não obrigatoriedade da Educação Inclusiva em todos os estabelecimentos de 
ensino: 
 
a) Afetará os cursos de formação inicial e continuada de professores, que só 
aprenderão sobre as diferenças caso optem por um caminho formativo 
específico. 
b) Não afetará os cursos de formação inicial e continuada de professores, que só 
aprenderão sobre as diferenças caso optem por um caminho formativo 
específico. 
c) Afetará apenas os cursos de formação inicial de professores e eles aprenderão 
sobre as diferenças caso optem por um caminho formativo específico. 
d) Não afetará os cursos de formação inicial e continuada de professores, que de 
nenhuma forma aprenderão sobre as diferenças caso optem por um caminho 
formativo específico. 
e) Não afetará os cursos de formação continuada de professores e eles não 
aprenderão sobre as diferenças caso optem por um caminho formativo 
específico. 
 
8. Escolas e professores preparados apenas para estudantes considerados “normais” 
tornam o contexto educacional: 
 
a) mais inclusivo, humanizador e dinâmico. 
b) mais mecanizado, desumanizador, padronizador e excludente. Não serão apenas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
 
 
os estudantes que apresentam alguma atipicidade no desenvolvimento que 
serão afetados, mas toda a sociedade. 
c) mais mecanizado, desumanizador, padronizador e excludente. Sendo apenas os 
estudantes que não apresentam alguma atipicidade no desenvolvimento é que 
serão afetados. 
d) mais dinâmico, humanizador e inclusivo. Sendo apenas os estudantes que não 
apresentam alguma atipicidade no desenvolvimento é que serão afetados. 
e) mais dinâmico, menos humanizador e mais inclusivo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
 
 
 
 
EDUCAÇÃO INCLUSIVA PARA 
QUEM? 
 
 
 
3.1 PARA ALÉM DOS LAUDOS E LAUDADOS 
Se você chegou até aqui já percebeu que o que importa são os estudantes 
e não os diagnósticos que carregam. Assim, o que vamos chamar de Educação 
Inclusiva é formada por uma prática didático-pedagógica e uma postura 
institucional que garantem que todos os estudantes, independente de quem e 
como sejam, construam conhecimentos, se desenvolvam enquanto sujeitos e sejam 
acolhidos por seus contextos. 
Mas os diagnósticos são inúteis? De forma alguma, só são mal utilizados. O 
problema é pensar que o diagnóstico nos fornece todas as informações que 
precisamos e que ele define as possibilidades e restrições de cada estudante. Como 
ilustrado na primeira unidade, muitas pessoas usam a expressão “laudado” para se 
referir a estudantes. É triste e perturbador fazer isso, pois resume a pessoa a uma 
condição e as práticas e posturas pedagógicas são direcionadas apenas para o 
diagnóstico. Mais ainda, se as pessoas cabem em caixinhas e rótulos, existem uma 
tendência em tratá-las da mesma forma. 
Quando você tem dor de cabeça, você toma o mesmo remédio que todas 
as pessoas que você conhece? Provavelmente não! O fato de diferentes pessoas 
terem dores de cabeça não é suficiente para dizer que todos sentem da mesma 
forma e que existe uma solução para todos. Um remédio que funciona para um, não 
funciona para outro. Uma pessoa com dor de cabeça pode sentir náuseas, outra 
não conseguir ficar em lugares claros, outra não suportar barulhos. Outras ainda, 
tomam água, relaxam um pouco e a dor passa. Algumas sentem a dor na área da 
testa, outras nas laterais, outras no meio da cabeça e outras, ainda, na cervical. Um 
diagnóstico e milhares de cenários e possibilidades. 
Os diagnósticos servem, na verdade, para oficialmente nos permitirem sermos 
mais atentos às subjetividades e singularidades de estudantes ao invés de exigir que 
UNIDADE 
03 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
38 
 
 
 
se adéquem a uma média. Mas afinal, quem está na média? Muitos estudantes sem 
qualquer tipo de diagnóstico estão aquém ou além do que chamam de “maioria”. 
Provavelmente, você passou por situações em que teve dificuldade em 
acompanhar o que era trabalhado em determinada disciplina. E da mesma forma 
se entediou com explicações que considerava longas e desnecessárias. 
 
Figura 3: Escola: o lugar onde poucos cabem 
 
Fonte: Harper et al. (1986) 
 
A imagem acima é de um livro chamado “Cuidado, Escola!”. Ela é uma 
representação da tendência das escolas de não enxergarem a diferença. Você 
percebe que o professor é um círculo assim como as formas? Isso está relacionado 
ao que discutimos na primeira unidade a partir de Skliar: eu sou o parâmetro de 
normalidade e o que não for igual a mim destoa. Nesse caso ele definitivamente 
não era maioria. Vemos ali um círculo feliz e todas as outras formas tristes. Talvez se 
a forma oval se espremer ela caiba. Talvez o losango e o triângulo retângulo caibam 
com folga embaixo e com uma ponta para fora. Outras formas vão se equilibrar, 
mas o retângulo e o quadrado não cabem de jeito nenhum. 
O retrato das escolas hoje é a imagem acima. Alguns são considerados 
perfeitos, outros se adéquam com sobras e faltas e alguns não são acolhidos. Não 
existe uma maioria. Se for para definir, a maioria é diversa e heterogênea. Assim, a 
maioria dos estudantes se beneficiaria de um olhar mais individualizado e de práticas 
menos convencionais de ensino. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
 
 
 
 
Voltando aos diagnósticos, eles nos fornecem pistas. Sabemos que estudantes 
surdos precisam de um intérprete de LIBRAS e que português será sua segunda 
língua. Estudantes cegos precisam de uma estrutura que envolve impressão em 
braile e/ou audiodescrição, bem como de uma reglete para escrever em braile, um 
soroban para realizar operações matemáticas ou um computador com softwares 
adequados. Estudantes autistas, em geral, precisam de subsídios concretos e de 
ambientes calmos. Estudantes que usam cadeiras de rodas precisarão de atividades 
físicas de acordo com suas possibilidades de movimentos e deslocamentos. 
Estudantes com dificuldade em se concentrar e ficar sentado na carteira precisam 
de aulas mais dinâmicas e que prendam seu interesse.https://bit.ly/3jIBCT9. 
https://bit.ly/3jIBCT9
 
 
 
 
 
 
 
 
 
40 
 
 
 
 
 
Indo além das questões de acessibilidade, podemos pensar que estudantes 
surdos precisam de estímulos visuais que facilitarão muito a aprendizagem de vários 
outros estudantes, focando a atenção e também proporcionando a visualização de 
conceitos antes abstratos. O soroban poderia ser utilizado em uma aula de 
matemática com todos os estudantes aprendendo de forma concreta a realizar 
diferentes cálculos. 
Na verdade, sabemos que diferentes recursos concretos podem beneficiar 
todos os estudantes, como por exemplo, os desatentos e desinteressados além 
daqueles que estão com alguma dificuldade para acompanhar os conteúdos. 
Explorar diferentes possibilidades de movimentos e atividades nas aulas de 
https://bit.ly/3kYFoXT
https://bit.ly/2OxeLxp
https://bit.ly/3t4tRcm
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
 
 
educação física pode ser bom também àqueles estudantes que não têm suas 
habilidades de jogo bem desenvolvidas e que, em geral, evitam e sofrem com as 
aulas. 
 
3.2 APRENDIZAGENS SIGNIFICATIVAS 
É fundamental que seja estabelecida uma diferença entre ensinar e aprender. 
Um professor dizer que ensinou algo não é verdade se estudantes não aprenderam. 
É comum chamarmos de “processo de ensino e aprendizagem”, por entender que é 
um processo que envolve diferentes pessoas e ações. Anastasiou (2012) chama de 
ensinagem, explicando que é uma única ação, em que existe uma relação intrínseca 
entre a ideia de ensinar e aprender. Paulo Freire enfatiza a importância de que 
estudantes estejam envolvidos de forma ativa nos processos de construção de 
conhecimentos. 
Como você pode ver, no parágrafo anterior foram utilizados diferentes termos 
para designar essa ação relacionada à aprendizagem. Todos têm sua validade, 
porém, não significam exatamente a mesma coisa. Quando alguém fala de ensinou 
algo, quer dizer que explicou sobre determinado assunto (e a pessoa pode ou não 
ter entendido a explicação). Quando alguém fala que aprendeu algo, quer dizer 
que através de pesquisas (na internet, livros, revistas) ou por experiência ou por uma 
explicação de outra pessoa, compreendeu sobre determinado assunto. 
Percebe que existem várias possibilidades para entrarmos em contato com 
conhecimentos? Você certamente já ouviu falar sobre Vygotsky e as mediações, 
correto? Então, algumas mediações são realizadas por pessoas, outras por diferentes 
ferramentas. 
A ideia de processos de ensino e aprendizagem traz antes de mais nada uma 
ideia de processo. Isso significa que se entende que as coisas não acontecem 
imediatamente e que existem vários fatores envolvidos. Em um exemplo bem simples: 
para aprender a fazer bem os cálculos de divisão você precisou saber fazer 
subtrações e multiplicações. E na verdade você também precisou dominar a 
tabuada para saber rapidamente sobre qual número deveria ser colocado no 
quociente. Depois de dominar todas essas habilidades, você precisou entender a 
mecânica do cálculo. Finalmente, você precisou realizar várias vezes o cálculo de 
divisão para treinar essa nova habilidade. No meio desse processo todo não era 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
 
 
 
possível dizer que você ainda não sabia ou que já sabia dividir, não é? Pois estava 
aprendendo. Observe o verbo no gerúndio, ele dá a ideia de movimento, de 
processo. 
 
Guarde bem essa noção de processo porque ela aparece em três definições 
aqui. Os processos de ensino e aprendizagem e de ensinagem querem dizer 
basicamente a mesma coisa, só que o segundo deixa mais evidente que não existe 
ensino sem aprendizagem. Ambos são processos e acontecem ao longo de toda a 
vida, dentro e fora de instituições de ensino. Um ponto curioso seria o questionamento 
inverso: existe aprendizagem sem ensino? Talvez se considerarmos todas as formas de 
autodidatismo exista aprendizagem sem ensino. Porém, vendo pelo ângulo das 
mediações, sempre existe algum material/instrumento/vivência que possibilitou essa 
aprendizagem. 
Por fim, chegamos aos processos de construção de conhecimentos. E aqui 
vamos nos reter um pouco mais por entender que é essa visão coloca estudantes em 
sua devida posição de protagonismo. Então aqui temos três ideias: (1) que é um 
processo; (2) que existe uma construção, ao contrário de uma absorção/recepção; 
(3) a palavra “conhecimentos” está no plural porque se entende que existem 
múltiplos conhecimentos no mundo e não somente aquele do professor ou do livro. 
Entendendo todos esses importantes aspectos, vamos falar sobre 
aprendizagens significativas. Talvez o nome devesse ser outro, justamente pelo que 
foi dito logo acima, mas se mantém enquanto “aprendizagem” para enfatizar a 
necessidade de que essa ação realizada por estudantes não seja algo mecânico, 
decorado ou passivamente absorvido. Aprendizagens significativas são aquelas na 
quais estudantes produzem conhecimentos, que os conteúdos fazem sentido e 
passam a constituir os saberes discentes. 
Entendendo que as práticas pedagógicas devem sempre buscar que 
estudantes tenham aprendizagens significativas e que estudantes são diferentes 
entre si, inclusive em suas formas de perceber e compreender as coisas, a educação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 
 
 
 
inclusiva é necessária em todo e qualquer contexto escolar e universitário. Mesmo 
sem laudos e diagnósticos, faz-se necessário estabelecer práticas didático-
pedagógicas que deem conta das diferenças. 
Um estudante que está desmotivado, cansado, com fome, vivendo situações 
adversas em casa, que tenha baixa autoestima, que tenha medo de errar, que tenha 
dificuldades em se concentrar ou em visualizar informações de forma abstrata terá 
as mesmas chances de ter aprendizagens significativas? Então, ele também precisa 
de um olhar atento e, provavelmente, se beneficiará de práticas didático-
pedagógicas diferenciadas. 
Conforme vínhamos falando na seção anterior, todos se beneficiam de 
adaptações e novas práticas pedagógicas. Os aparatos concretos que são utilizados 
para estudantes cegos também serão bons àqueles com dificuldades de abstração. 
Imagens e esquemas para pessoas surdas ajudam a chamar e sustentar a atenção 
de diferentes estudantes. Uma explicação mais pormenorizada para algum 
estudante com questões cognitivas será muito útil para vários outros que não estão 
acompanhando os conteúdos. 
Educação Inclusiva é isso: garantir que a totalidade de estudantes está sendo 
considerada e acolhida e que a partir de diferentes abordagens didático-
pedagógicas está construindo conhecimentos de forma processual, com 
aprendizagens significativas. As escolas precisam de um laudo para respaldarem 
adaptações de currículos, de avaliações, de instalações e de práticas pedagógicas. 
Então, que laudos médicos sirvam para garantir direitos e aumentar as possibilidades 
de desenvolvimento e crescimento. Como já sabemos bem, devemos pensar na 
pessoa e não em seu diagnóstico. 
 
3.3 CONTRIBUIÇÕES DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA 
Agora que já sabemos o que é e para quem deve ser a Educação Inclusiva, 
vamos um pouco adiante para entender a dimensão da importância dela para 
estudantes, professores, escola e sociedade. 
Você se lembra de quando falamos sobre a questão da diferença estar 
sempre no outro? Quando em uma sala de aula todos os estudantes têm cabelos 
escuros, um estudante loiro irá ser o diferente. E lembrando que para o senso comum 
ser diferente é ruim. Na vida real o que temos, geralmente, é o estabelecimento do 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
44 
 
 
 
diferente em termos de cor da pele, na qual escolas consideradas de maior 
qualidade têm em geral muito mais alunos brancos do que negros. Dê uma olhada 
na foto a seguir: 
 
Figura 4: Formandos em Medicina da Universidade Federal da Bahia 
 
Disponível em: https://bit.ly/3ej1SBR. Acesso em: 01 de fev. de 2021. 
 
Essa imagem é bastante simbólicaporque evidencia aquilo que estamos 
acostumados: ter médicos brancos. Com isso, frequentemente lemos uma notícia 
de que um médico negro foi vítima de racismo, com pacientes se recusando a ser 
atendidos, por exemplo. Enquanto a maioria dos médicos for branca, inclusive no 
estado com maior número de pessoas negras do país, ser um médico negro será o 
diferente (e aquele diferente negativo). Acontece que além disso é bem provável 
que a gente continue encontrando notícia e estudos mostrando que pessoas 
negras, em especial mulheres, sofrem mais violência médica. Isso acontece porque 
existe uma visão (das pessoas brancas) que pessoas negras são mais resistentes a 
dor. Quanto mais médicos negros existirem, menos essa visão errada sobre a 
diferença irá persistir. 
 
https://bit.ly/3ej1SBR
 
 
 
 
 
 
 
 
 
45 
 
 
 
 
 
 Poucas pessoas que apresentam desenvolvimentos atípicos chega até a 
Universidade um número ainda menor que se forma. A ausência dessas pessoas 
desde a Educação Infantil é tão evidente que, quando estão presentes, são 
imediatamente notadas e apontadas. E, novamente, são consideradas um 
“diferente ruim”, seja porque não têm capacidade, porque são dignas de pena, 
porque é um buraco na pista. 
O que é importante entender aqui é que quanto mais comum for a presença 
de pessoas que destoem de um único padrão, mais a diferença vai ser vista apenas 
enquanto diferença. Não enquanto boa ou ruim e apenas como “mais uma” 
diferença. Precisamos de salas de aula povoadas de todos os tipos de pessoas para 
que a diferença seja entendida como algo natural, necessário e importante. 
É natural porque o mundo é plural e diverso. Porque por mais que estejamos 
acostumados a ver pessoas brancas, dentro de um certo padrão considerado belo, 
que apresentam desenvolvimentos físico, cognitivo e social típicos, isso não é a 
maioria e muito menos o “normal”. Temos uma infinidade de tipos de corpos e formas 
se de estar no mundo. Se você observar o terminal de ônibus urbano de sua cidade 
vai perceber que são poucas as pessoas que se parecem com protagonistas da 
novela. 
É necessário porque assim como o exemplo da necessidade de se ter mais 
médicos negros para quebrar estigmas e atitudes médicas, temos a necessidade de 
ter em nossa sociedade profissionais das mais diferentes áreas que destoem do tal 
padrão de normalidade que foi falado acima. É necessário termos advogados, 
médicos, professores, engenheiros, dançarinos, psicólogos, jornalistas, cineastas, 
cozinheiros, enfim, profissionais de todas as áreas que sejam e pensem diferente. 
Tanto para garantir voz, direitos e produtos específicos que outras pessoas não 
pensariam, quanto para quebrar estigmas e preconceitos tão presentes em nossa 
sociedade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
46 
 
 
 
Por fim, é importante porque a situação acima só será possível caso essas 
pessoas estejam nas escolas regulares, sendo acolhidas em suas diferenças e tendo 
acesso a uma educação verdadeiramente inclusiva. As crianças sozinhas não têm 
preconceitos. São os adultos e a sociedade como um todo que ensinam isso. Uma 
criança pequena que tenha Síndrome de Down não é vista pelo formato do rosto 
ou pela forma como fala. Ela é percebida pelas outras crianças de mesma idade 
por seus passos de dança ou seu desenho preferido, da mesma forma como 
qualquer outra criança da sala. Conforme as crianças crescem elas vão 
estabelecendo um critério de “normalidade” e percebendo e taxando as 
diferenças. Por isso, se desde sempre as pessoas que apresentam desenvolvimento 
atípico estiverem presentes em todos os espaços da sociedade, esse critério de 
“normalidade” será alterado, expandido. 
 
 
 
Todos os olhares de estranhamento e as provocações que Heloisa sofre estão 
relacionados ao fato das pessoas a perceberem enquanto uma diferente estranha. 
Caso aquelas crianças e adultos já tivessem tido convívios saudáveis com outras 
pessoas com limitações de movimentos, novas concepções teriam sido construídas. 
Em uma cena desse curta metragem aparecem os obstáculos para se chegar até 
uma lanchonete. E se tivéssemos mais engenheiros, arquitetos que usassem cadeiras 
de rodas, bengalas ou outro suporte para se locomover? Provavelmente, existiria 
mais acessibilidade! 
Por fim, quanto mais diferença temos e reconhecemos em sala de aula, mais 
abertura existe para que os currículos e as práticas didático-pedagógicas sejam 
repensados. O que se vê nas escolas convencionais é muito próximo do que se via 
há 100 anos, com a diferença de que talvez algumas salas de aula usem tablets e 
lousas digitais, mas o cerne continua o mesmo. A proposta de Educação Inclusiva 
nos faz olhar para cada estudante, enxergando suas potências e dificuldades e 
https://bit.ly/2OupIzE
 
 
 
 
 
 
 
 
 
47 
 
 
 
buscando caminhos para acessar e promover o desenvolvimento. Na Educação 
Inclusiva se busca promover processos de construções de conhecimentos e 
aprendizagens significativas. Professoras e professores que realizam a Educação 
Inclusiva têm um olhar e uma prática diferenciada que beneficiará a todos. 
A Educação Inclusiva é importante para construirmos uma sociedade mais 
respeitosa, acolhedora, que valoriza a diferença ao mesmo tempo que garante 
direitos a todos. Educação Inclusiva é importante para que todas as pessoas tenham 
acesso à educação, a uma profissão, a um reconhecimento enquanto cidadão em 
suas potencias. Educação Inclusiva é importante para que quebremos estereótipos 
de normalidade e práticas de violência e preconceito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
48 
 
 
 
FIXANDO O CONTEÚDO 
1. A respeito dos diagnósticos, assinale a correta: 
 
a) Os diagnósticos servem, na verdade, para oficialmente nos permitirem rotular e 
colocar as pessoas em caixinhas. 
b) Os diagnósticos servem, na verdade, para oficialmente nos permitirem sermos 
mais atentos às subjetividades e singularidades de estudantes ao invés de exigir 
que se adéquem a uma média. 
c) Os diagnósticos servem, na verdade, para oficialmente fornecer todas as 
informações que precisamos sobre os estudantes. 
d) Os diagnósticos servem, na verdade, para oficialmente definir as possibilidades e 
restrições de cada estudante. 
e) Os diagnósticos servem, na verdade, para oficialmente nos permitirem sermos 
mais atentos às subjetividades e singularidades de estudantes e exigirmos que 
todos se adéquem a uma média. 
 
2. Segundo Anastasiou, ____________ é uma única ação, em que existe uma relação 
intrínseca entre a ideia de ensinar e aprender. Assinale a opção que melhor 
completa a frase. 
 
a) Diagnóstico 
b) Mediação 
c) Educação Inclusiva 
d) Ensinagem 
e) Medióstico 
 
3. Os processos de construção de conhecimentos abarcam três ideias: 
 
a) (1) Que é um processo; (2) que existe uma construção, ao contrário de uma 
absorção/recepção; (3) a palavra “conhecimentos” está no plural porque se 
entende que existem múltiplos conhecimentos no mundo e não somente aquele 
do professor ou do livro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
49 
 
 
 
b) (1) Que é um processo; (2) que existe uma absorção/recepção; (3) que a palavra 
“conhecimento” é aquele que vem do professor ou do livro. 
c) (1) É um processo; (2) existe uma construção; (3) a palavra “conhecimentos” está 
no plural porque são dois: do professor ou do livro. 
d) (1) Não é um processo; (2) não existe uma construção, ao contrário de uma 
absorção/recepção; (3) a palavra “conhecimento” é um conceito único. 
e) (1) Que é um processo; (2) que existe uma construção, ao contrário de uma 
absorção/recepção; (3) a palavra “conhecimento” é um conceito único. 
 
4. Aprendizagens significativas são: 
 
a) aquelas nas quais estudantes produzem conhecimentos que fazem sentido para 
o professor. 
b) aquelas nas quais estudantes produzem conhecimentos teóricos e iguais, onde os 
conteúdos seguem um padrão. 
c) aquelas nas quais estudantes

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