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ARTIGO: A DIMENSÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS EM UMA PERSPECTIVA HISTÓRICA E FILOSÓFICA

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Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
EDNEIA BITENCOURT DA SILVA GONÇALVES 
ÉVERTON VINÍCIUS DOS SANTOS SCHIMELFENIG 
 
 
 
A DIMENSÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS EM UMA PERSPECTIVA HISTÓ-
RICA E FILOSÓFICA 
 
 
 
 
 
 
GRAVATAÍ 
2016 
2 
 
EDNEIA BITENCOURT DA SILVA GONÇALVES 
ÉVERTON VINÍCIUS DOS SANTOS SCHIMELGENIG 
 
 
 
 
A DIMENSÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS EM UMA PERSPECTIVA 
 HISTÓRICA E FILOSÓFICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Orientadora: Profa. Dra. Fabiani Severo Rios 
Co-orientadora: Profa. Dra. Arlete Hildebrando Arruda 
 
 
Gravataí 
2016 
Artigo apresentado ao Curso de Direito da 
Universidade Luterana do Brasil na disci-
plina de Introdução ao Direito I sobre a di-
mensão dos Direitos Fundamentais como 
parte do projeto integrador, integrando 
com as disciplinas de História e Filosofia 
do Direito. 
3 
 
A DIMENSÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS EM UMA PERSPECTIVA 
HISTÓRICA E FILOSÓFICA 
 
 
RESUMO 
 Os direitos fundamentais são uma realidade em todas as sociedades que pos-
suem um determinado tipo de Constituição. Doravante vemos que com a presença 
dos mesmos existem as dimensões dos direitos fundamentais. Este artigo visa mos-
trar como os direitos fundamentais se desenvolveram durante o tempo, utilizando a 
história e a filosofia, para demonstrar desde suas origens até a forma que se apresenta 
nos dias de hoje. 
Palavras-Chave: Direitos Fundamentais. História do Direito. Filosofia do Direito. Con-
stituição. 
 
 
ABSTRACT 
 Fundamental rights are a reality in all societies that have a certain type of con-
stitution. From now on we see that with their presence there are the dimensions of 
fundamental rights. This article aims to show how fundamental rights have developed 
over time, using history and philosophy, to demonstrate from its origins to the present 
form. 
Keywords: Fundamental Rights. History of Law. Philosophy of Law. Constitution. 
 
 
 
 
 
4 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
 
 INTRODUÇÃO ………………………………………………………… 5 
1. O CONCEITO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS ........................... 5 
2. A EVOLUÇÃO DO DIREITOS FUNDAMENTAIS ......................... 7 
3. AS DIMENSÕES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS ................... 9 
3.1 Os direitos de primeira dimensão ............................................... 9 
3.2 Os direitos de segunda dimensão .............................................. 11 
3.3 Os direitos de terceira dimensão ................................................ 12 
3.4 Os direitos de quarta dimensão .................................................. 13 
3.5 Os direitos de quinta dimensão .................................................. 
CONCLUSÃO ................................................................................ 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................... 
14 
15 
16 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
INTRODUÇÃO 
 O presente artigo tem como objetivo apresentar um estudo sobre os direitos 
fundamentais, focando nas suas dimensões, através principalmente de uma perspec-
tiva filosófica e histórica do âmbito jurídico. 
 Poderemos ver que os direitos fundamentais são sempre norteados pelas 
Constituições Federais das nações, no caso do Brasil, a Constituição Federal de 1988, 
que ali expressam os direitos fundamentais determinados a todos os cidadãos do país, 
sendo eles cidadãos natos ou naturalizados. Como podemos citar o Artigo 5° que traz 
a redação: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, ga-
rantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do 
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos se-
guintes”. 
 Para isso também será necessário estudarmos os preâmbulos relacionados a 
este trabalho, tais como o conceito e alguns aspectos dos direitos fundamentais. 
 De forma simplificada, o desafio proposto neste trabalho é traçar uma linha que 
demonstre toda a conjuntura dos direitos fundamentais, desde a sua origem até os 
dias atuais. 
 
1. O CONCEITO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS 
 Em suma os direitos fundamentais são os direitos básicos dos cidadãos de uma 
determinada nação, sendo previstos na Constituição Federal daquela nação. Os direi-
tos fundamentais também são conhecidos por outras nomenclaturas, tais como: direi-
tos humanos, direitos do homem, direitos individuais, liberdades fundamentais, direi-
tos subjetivos públicos e entre outros. 
 Parafraseando o que disse Cynthia Guimarães Tostes Malta1, direitos funda-
mentais são os que apresentam, primordialmente, as seguintes características: im-
prescritibilidade, inalienabilidade, irrenunciabilidade, inviolabilidade, universalidade, 
efetividade, interdependência e complementariedade. 
 
1 MALTA, Cynthia Guimarães Tostes. A Evolução dos Direitos Fundamentais. Disponível em <http://www.geoci-
ties.ws/cynthiamalta/dirfund.html> Acesso em out de 2016. 
6 
 
 Alexandre Moraes explica que os direitos fundamentais “[...] surgiram como pro-
duto da fusão de várias fontes, desde tradições arraigadas nas diversas civilizações, 
até a conjugação dos pensamentos filosóficos-jurídicos, das ideias surgidas com o 
cristianismo e com o direito natural”2. 
 Adriano dos Santos Iurconvite também fala: 
“Os direitos fundamentais são também conhecidos como direitos humanos, 
direitos subjetivos públicos, direitos do homem, direitos individuais, liberda-
des fundamentais ou liberdades públicas. A própria Constituição da República 
de 1988 apresenta diversidade terminológica na abordagem dos direitos fun-
damentais, utilizando expressões como direitos humanos (artigo 4º, inciso II), 
direitos e garantias fundamentais (Título II e artigo 5º, parágrafo 1º), direitos 
e liberdades constitucionais (artigo 5º, inciso LXXI) e direitos e garantias indi-
viduais (artigo 60, parágrafo 4º, inciso IV)”.3 
 Quando nos referimos aos direitos fundamentais, necessariamente somos obri-
gados a adentrarmos nos preâmbulos do constitucionalismo. Os estudiosos dividem-
se ao dizer qual seria a primeira constituição. Uns reportam-se à Magna Charta Liber-
tatum, assinada pelo rei João Sem-Terra, na Inglaterra em 1215. Alguns outros estu-
diosos irão afirmar que Bill of Rights é a primeira constituição propriamente dita, que 
previa direitos para todos os cidadãos, e não apenas uma classe deles. 
 Em outras análises de alguns outros autores, poderia ser dito que a Torah ju-
daica já seria uma constituição para o povo hebreu, segundo a Lei de Deus. Doravante 
vemos que para fim de análise pode-se dizer também que para a doutrina positivista, 
a primeira Constituição escrita seria a Constituição Americana, de 1787. 
 
2. A EVOLUÇÃO DO DIREITOS FUNDAMENTAIS 
 Ao buscarmos a fonte dos direitos fundamentais é necessário termos o enten-
dimento de que os mesmos são provenientes de diversas fontes, sendo as principais 
a religião e a filosofia. É de se afirmar que houve um objetivo para o surgimento dos 
 
2 MORAES, Alexandre. Os 10 anos da Constituição Federal. São Paulo: Atlas, 1999. 
3 IURCONVITE, Adriano dos Santos. Os direitos fundamentais: suas dimensões e sua incidência na Constituição. 
In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, X, n. 48, dez 2007. Disponível em: < http://www.ambito-juridico.com.br/site/in-
dex.php?n_link=artigos_leitura_pdf&%20artigo_id=4528 >. Acesso em out 2016. 
7 
 
mesmos, tendo a ênfase de dar um limite e também a maneirade controlar os possí-
veis abusos de poder feitos pelo Estado, assegurando então direitos aos cidadãos 
para lhe proporcionar uma vida melhor e mais digna. 
 Rizzato Nunes cita sobre o princípio da dignidade da pessoa humana: 
“A busca da justiça deve ter como base o ser humano. É este que se pretende 
satisfazer e respeitar. Deste modo, é fundamental que se compreenda o pres-
suposto de toda decisão e o fim que ela deve almejar: a dignidade da pessoa 
humana. No atual estágio de desenvolvimento do pensamento jurídico não 
se poderia olvidar esse aspecto extraordinário de avanço que encontrou na 
dignidade das pessoas o marco de luta a ser alcançado4. 
 Podemos ver os princípios da defesa de alguns direitos que seriam necessários 
e comuns a todos homens já na civilização Babilônica (1690 a.C.), onde através do 
Código de Hamurábi já eram abordados os direitos de propriedade, dignidade, família, 
honra e diversos outros. 
 Indubitavelmente já vemos os direitos fundamentais presentes nas civilizações 
Egípcias e nas civilizações Egéias, através da garantia de amplos direitos as mulhe-
res, com uma maior concepção de justiça social. Para citar Cynthia Guimarães Tostes 
Malta5, vemos que a função do poder público era exercer “um serviço para proteger 
os fracos, punir os culpados, agir com imparcialidade e promover a harmonia e a pros-
peridade de todos” 
 Outra nação do passado que teve grandes avanços no que se diz respeito aos 
direitos fundamentais foi a nação Hebraica, que através da Torah trouxe uma maior 
conjuntura de leis para a sociedade da época, onde todos estavam plenamente sub-
metidos, não importando se eram menos ou mais poderosos. 
 Citando novamente Cynthia Guimarães Tostes Malta, podemos ver a continui-
dade da evolução dos direitos fundamentais durante a filosofia oriental: 
 
4 Para mais dados, ver O princípio constitucional da dignidade da pessoa humana, do qual parte deste texto foi 
extraído. Obra NUNES, Rizzatto. Manual da Filosofia do Direito. 5ª edição. Editora: Saraiva, 2013. 
5 MALTA, Cynthia Guimarães Tostes. A Evolução dos Direitos Fundamentais. Disponível em <http://www.geoci-
ties.ws/cynthiamalta/dirfund.html> Acesso em out de 2016. 
8 
 
“A filosofia oriental, de Buda, Zoroastro e Confúcio, todos anteriores ao século 
VI a.C., fala igualdade e da dignidade humana, com seus conceitos de tole-
rância, respeito, generosidade e conduta reta dos indivíduos, sejam gover-
nantes ou governados. No século V a.C, Mo-Ti ou Mo-Tseu, com sua visão 
reformista, transformou a teoria confuciana do altruísmo em teoria do amor 
universal, em que todas as classes sociais, todos os indivíduos, se confun-
dem na igualdade. A preocupação com o bem público ou bem comum apa-
rece na filosofia de Mêncio ou Mong-Tseu (Século IV a.C.)”.6 
 Abordando ainda a filosofia, o auge da mesma na antiga Grécia também foi de 
grande proficuidade aos direitos fundamentais. Filósofos gregos preocupavam-se com 
grandes temas que abrangiam os direitos que deveriam ser garantidos sem acepção 
a todos os homens. 
 Destarte surge o Direito Romano, o auge do direito nos tempos passados, onde 
o mesmo ganha uma grandeza nunca vista antes. É aqui que surgem os primeiros 
textos escritos consagradores da liberdade, da propriedade e da proteção dos direitos 
dos cidadãos. 
 Agora saltamos para o período medieval, onde o Cristianismo, que está em 
voga, desenvolve muito a dignidade da pessoa humana, pois o ser humano é feito à 
imagem e semelhança de Deus, e isso vai ser independente da raça, origem, credo 
ou sexo. 
 Por fim, após o período medieval e feudal, uma nova sociedade surge, são os 
tempos modernos, que são marcados também por grandes mudanças na sociedade, 
tendo como principal destaque a Inglaterra, que produziu profícuos documentos jurí-
dicos, tais como: as Cartas de Franquia, os Estatutos de Oxford, a Pragmática dos 
Reis Católicos, a Carta de Neuchatel etc. 
 Por último, duas nações figuram aqui por se destacarem na preocupação com 
os direitos fundamentais: França e Estados Unidos da América. A França merece este 
destaque por conta do marco universal dos direitos humanos: a Declaração de Direitos 
do Homem e do Cidadão. Os EUA também devem ser mencionados pelo fato da 
 
6 6 MALTA, Cynthia Guimarães Tostes. A Evolução dos Direitos Fundamentais. Disponível em <http://www.geo-
cities.ws/cynthiamalta/dirfund.html> Acesso em out de 2016. 
9 
 
Constituição Americana ser um dos grandes contribuintes para os direitos humanos. 
Ainda em1948, foi aprovada, pela Assembléia Geral das Nações Unidas, a Declaração 
Universal dos Direitos Humanos, o mais amplo documento concebido em favor da 
humanidade no que se refere aos direitos humanos. 
 Doravante podemos ver que a evolução das cinco dimensões dos direitos fun-
damentais durante a história é o resultado de uma lenta e profunda transformação das 
instituições políticas e das concepções jurídicas, tendo vários fatores que o influenci-
aram, tais como a religião, a filosofia, a política etc. 
 
3. AS DIMENSÕES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS 
 
3.1. Os direitos de primeira dimensão 
 Podem exemplificar os direitos de primeira dimensão o direito à vida, à liber-
dade, à propriedade, à liberdade de expressão, à liberdade de religião, à participação 
política, etc. 
 André Franco Montoro cita a liberdade como: 
“Não podemos aceitar a exploração do homem pelo homem, nem a opressão 
do homem pelo Estado. Comunidade é a ideia força de uma política huma-
nista. Liberdade Participação, comunidade, soam como palavras chave no 
debate político contemporâneo. Essa atualidade será ainda mais marcante 
se considerarmos a ‘liberdade’ não apenas em si, como valor ético, mas nós 
fixarmos em sua significação histórica e dinâmica de libertação”. (MON-
TORO, Franco, 1995, p.211).7 
 Referem-se às liberdades negativas clássicas, que enfatizam o princípio da li-
berdade, configurando os direitos civis e políticos. Surgiram nos finais do século XVIII 
e representavam uma resposta do Estado liberal ao Absolutista, dominando o século 
XIX, e corresponderam à fase inaugural do constitucionalismo no Ocidente. Foram 
frutos das revoluções liberais francesas e norte-americanas, nas quais a burguesia 
reivindicava o respeito às liberdades individuais, com a consequente limitação dos 
 
7 MONTORO, Franco. Estudo de Filosofia do Direito. 2ª edição. Editora: Saraiva,1995. 
 
10 
 
poderes absolutos do Estado. Oponíveis, sobretudo, ao Estado, são direitos de resis-
tência que destacam a nítida separação entre o Estado e a sociedade. Exigem do ente 
estatal, precipuamente, uma abstenção e não uma prestação, possuindo assim um 
caráter negativo, tendo como titular o indivíduo. 
 Daniel Sarmento cita: 
 “Dentro deste paradigma, os direitos fundamentais acabaram concebidos 
como limites para a atuação dos governantes, em prol da liberdade dos go-
vernados”. Eles demarcavam um campo no qual era vedada a interferência 
estatal, estabelecendo, dessa forma, uma rígida fronteira entre o espaço da 
sociedade civil e do Estado, entre a esfera privada e a pública, entre o ‘jardim 
e a praça’. Nesta dicotomia público/privado, a supremacia recaía sobre o se-
gundo elemento do par, o que decorria da afirmação da superioridade do in-
divíduo sobre o grupo e sobre o Estado. Conforme afirmou Canotilho no libe-
ralismo clássico, o ‘homem civil’ precederia o ‘homem político’ e o ‘burguês’ 
estaria antes do ‘cidadão’. (...) No âmbito do Direito Público, vigoravam os 
direitos fundamentais, erigindorígidos limites à atuação estatal, com o fito de 
proteção do indivíduo, enquanto no plano do Direito Privado, que disciplinava 
relações entre sujeitos formalmente iguais, o princípio fundamental era o da 
autonomia da vontade”. (SARMENTO, Daniel, 2006, p.12-13).8 
 Paulo Bonavides referência a primeira dimensão quando afirma: 
“Os direitos fundamentais de primeira dimensão representam exatamente os 
direitos civis e políticos, que correspondem à fase inicial do constituciona-
lismo ocidental, mas que continuam a integrar os catálogos das Constituições 
atuais (apesar de contar com alguma variação de conteúdo), o que demonstra 
a cumulatividade das dimensões”. (BONAVIDES, Paulo, 1993).9 
 
3.2. Os direitos de segunda dimensão 
 A Revolução Industrial foi o grande marco dos direitos de segunda dimensão, 
assegurando o princípio de igualdade material entre o ser humano. Seguindo o ex-
posto por Daniel Sarmento 10 as Constituições do México (1917) e de Weimar (1919) 
trazem em seu bojo novos direitos que demandam uma contundente ação estatal para 
 
8 SARMENTO, Daniel. Direitos Fundamentais e Relações Privadas. 2ª edição Editora: Lumen Juris,2006. 
9 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. São Paulo, Malheiros, 1993. Artigo de José Eliaci Nogueira 
Diógenes Júnior. http://www.ambitojuridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11750 
10 SARMENTO, Daniel. Direitos Fundamentais e Relações Privadas. 2ª edição Editora: Lumen Juris,2006. 
11 
 
sua implementação concreta, a rigor destinados a trazer consideráveis melhorias nas 
condições materiais de vida da população em geral, notadamente da classe trabalha-
dora. Fala-se em direito à saúde, à moradia, à alimentação, à educação, à previdência 
etc. Surge um novíssimo ramo do Direito, voltado a compensar, no plano jurídico, o 
natural desequilíbrio travado, no plano fático, entre o capital e o trabalho. O Direito do 
Trabalho, assim, emerge como um valioso instrumental vocacionado a agregar valo-
res éticos ao capitalismo, humanizando, dessa forma, as até então tormentosas rela-
ções jus laborais. No cenário jurídico em geral, granjeia destaque a gestação de nor-
mas de ordem pública destinadas a limitar a autonomia de vontade das partes em prol 
dos interesses da coletividade. 
 Segundo Artigo de José Eliaci Nogueira Diógenes Júnior11 “O direito de se-
gunda geração”, ao invés de se negar ao Estado uma atuação, exige-se dele que 
preste políticas públicas, tratando-se, portanto de direitos positivos, impondo ao Es-
tado uma obrigação de fazer, correspondendo aos direitos à saúde, educação, traba-
lho, habitação, previdência social, assistência social, entre outros. 
 André Franco Montoro12 relata ações mais tardias a constituição do México 
1917. Em 1948 é aprovada a Declaração Universal dos Direitos Humanos pela As-
sembleia Geral das Nações Unidas. No Brasil, direitos e garantias fundamentais na 
Constituição Brasileira de 1988 em seu Capitulo I, Artigo 5°. 
 
3.3. Os direitos de terceira dimensão 
 Possui origem na revolução tecnocientífica (terceira revolução industrial), revo-
lução dos meios de comunicação e de transportes. Os direitos de terceira dimensão 
possuem como seus sujeitos ativos uma titularidade difusa ou coletiva, uma vez que 
não visualizam o homem como um ser singular, mas toda a coletividade ou o grupo. 
Após a manifestação a respeito dos direitos fundamentais de primeira, segunda e ter-
ceira geração, podemos observar que os mesmos correspondem ao lema da Revolu-
ção Francesa – liberdade, igualdade e fraternidade. Em nosso ordenamento jurídico 
 
11 Artigo de José Eliaci Nogueira Diógenes Júnior. http://www.ambitojuridico.com.br/site/?n_link=revista_arti-
gos_leitura&artigo_id=11750 
12 MONTORO, Franco. Estudo de Filosofia do Direito, anexo 1, p.247 e anexo 3, p.256 . 2ª edição. Editora: Sa-
raiva,1995 
12 
 
brasileiro, temos a distinção entre direitos coletivos em sentido estrito, direitos indivi-
duais homogêneos e direitos difusos, sendo que a definição destes direitos está con-
tida no art. 81, parágrafo único do nosso Código de Defesa do Consumidor 13. 
 Os Estão ligados ao valor fraternidade ou solidariedade, são os relacionados 
ao desenvolvimento ou progresso, ao meio ambiente, à autodeterminação dos povos, 
bem como ao direito de propriedade sobre o patrimônio comum da humanidade e ao 
direito de comunicação. São direitos transindividuais, em rol exemplificativo, destina-
dos à proteção do gênero humano14. 
 Ingo Sarlet referência a primeira dimensão quando ressalta: 
“Cuida-se, na verdade, do resultado de novas reivindicações fundamentais 
do ser humano, geradas, dentre outros fatores, pelo impacto tecnológico, pelo 
estado crônico de beligerância, bem como pelo processo de descolonização 
do segundo pós-guerra e suas contundentes consequências, acarretando 
profundos reflexos na esfera dos direitos fundamentais.”. (SARLET, Ingo 
Wolfgand, 2007, p.58).15 
 
3.4. Os direitos de quarta dimensão 
 Os direitos fundamentais de quarta dimensão são, antes de tudo, uma evolução 
do desenvolvimento histórico dos direitos fundamentais de primeira a terceira dimen-
são e o reconhecimento de que o Estado Democrático de Direito e a própria Ciência 
Jurídica devem estar atentos a uma sociedade na qual a democracia plural representa 
um importante passo na concreção dos direitos fundamentais16. 
 Também citando a posição de Marcelo Novelino: 
“Tais direitos foram introduzidos no âmbito jurídico pela globalização política, 
compreendem o direito à democracia, informação e pluralismo. Os direitos 
 
13 Artigo de José Eliaci Nogueira Diógenes Júnior. http://www.ambitojuridico.com.br/site/?n_link=revista_ 
artigos_leitura&artigo_id=11750 
14 NOVELINO, Marcelo. Direito constitucional. 3ª Edição, São Paulo: Editora Método, 2009.p.362/364 / 
noticias/2563450/quais-sao-os-direitos-de-primeira-segunda-terceira-e-quarta-geracao-denise-cristina-manto-
vani-cera 
15 SARLET, Ingo Wolfgang. A Eficácia dos Direitos Fundamentais. 8ª Edição, Porto Alegre: Editora: Livraria do ad-
vogado. 
16 Artigo de Leandro Fernandes dos Santos. Núcleo de Estudos Constitucionais da Universidade Estadual de Ma-
ringa/PR (UEM) 
13 
 
fundamentais de quarta dimensão compendiam o futuro da cidadania e cor-
respondem à derradeira fase da institucionalização do Estado social sendo 
imprescindíveis para a realização e legitimidade da globalização política.”. 
(NOVELINO, Marcelo. 2009, p.229).17 
 Mas na atualidade este sistema gera divergências quanto a sua eficácia, devido 
a sua complexidade. Para Norberto Bobbio a democracia é formada por um conjunto 
de regras, no entanto Difícil quanto a aplicabilidade de uma Democracia direta em 
estados modernos. 
“ Parto de uma constatação sobre a qual podemos estar todos de acordo: a 
exigência, tão frequente nos últimos anos, de maior democracia exprime-se 
como exigência de que a democracia representativa seja ladeada ou mesmo 
substituída pela democracia direta. Tal exigência não é nova: já a havia feito, 
como se sabe, o pai da democracia moderna, Jean-Jacques Rousseau, 
quando afirmou que "a soberania não pode ser representada e, portanto, "o 
povo inglês acredita ser livre, mas se engana redondamente; só o é durante 
a eleição dos membros do parlamento; uma vez eleitos estes, ele volta a ser 
escravo, não é mais nada.”. (BOBBIO, Norberto,1997, p.41).18 
 Para Francisco Ferraz a Democracia no Brasil é instável, quando cita: 
“ Democracia estáveis são duradouras, sobrevivem a crise. Em democracias 
instáveis tudoestá sempre em questão; nada é sagrado para todos; o con-
senso é mínimo e frágil e, a todo o momento pode ser posto em questão (...) 
Para o autor, ainda que não haja uma definição unívoca de democracia com 
aceitação universal, dois princípios básicos estão presentes na grande maio-
ria das definições: a liberdade política e a igualdade jurídica, sem os quais 
como disse Lincoln - aquele governo do povo, para o povo e pelo povo – 
jamais conseguiria alcançar a qualidade da autenticidade democrática”. 
(FERRAZ, Francisco, 2014, p.17 e 31).19 
 
3.5. Os direitos de quinta dimensão 
 
17 NOVELINO, Marcelo. Direito constitucional. 3ª Edição, São Paulo: Editora Método, 2009. 
18 BOBBIO, Norberto. O Futuro da Democracia – Uma defesa das regras do jogo.6ª Edição, Editora: Paz e Terra. 
19 FERRAZ, Francisco. Brasil a Cultura Política de uma Democracia Mal Resolvida.1ª Edição, Editora: AD2000 Edi-
torial. 
14 
 
 A quinta dimensão trata do direito a paz, quem enfoque mediante principal-
mente aos atos terroristas, suas causas e consequência. Passou a ser temas de con-
gressos a respeito. 
 Cuida-se de estudo sobre os direitos humanos, evidenciando-se a evolução 
das conquistas constitucionais, através da descrição e do detalhamento de seis dis-
tintas gerações, as quais congregam, respectivamente, os valores de: liberdade, igual-
dade, fraternidade ou solidariedade, biodireito e bioética, paz e democracia, informa-
ção correta e pluralismo. A matéria de maior destaque vem a ser a análise da 5ª ge-
ração enquanto direito à paz, proposta esta lançada recentemente pelo jurista brasi-
leiro Paulo Bonavides. Na sequência, procede-se a uma série de reflexões sobre os 
efeitos do reconhecimento do direito à paz no âmbito do Direito do Trabalho, especi-
almente no que diz respeito ao contexto de globalização do neoliberalismo e da flexi-
bilização dos direitos trabalhistas.20 
 Em recentes debates científicos (IX Congresso Íbero-Americano e VII Simpósio 
Nacional de Direito Constitucional, realizados em Curitiba/PR, em novembro de 2006, 
bem como II Congresso Latino-Americano de Estudos Constitucionais, realizado em 
Fortaleza/CE, em abril de 2008), BONAVIDES fez expressa menção à possibilidade 
concreta de se falar, atualmente, em uma quinta geração de direitos fundamentais, 
onde, em face dos últimos acontecimentos (como, por exemplo, o atentado terrorista 
de “11 de Setembro”, em solo norte-americano), exsurgiria legítimo falar de um direito 
à paz. Embora em sua doutrina esse direito tenha sido alojado na esfera dos direitos 
de terceira dimensão, o ilustre jurista, frente ao insistente rumor de guerra que assola 
a humanidade, decidiu dar lugar de destaque à paz no âmbito da proteção dos direitos 
fundamentais.21 
 Possamos citar o trecho final da Declaração sobre o Direito dos Povos à Paz - 
Adotada pela Assembleia Geral em sua Resolução 39/11, de 12 de novembro de 
1984. 
“ 3. Reitera que para assegurar o exercício do direito dos povos à paz é ne-
cessário que a política dos Estados esteja orientada à eliminação da ameaça 
 
20 Trabalho publicado nos Anais do XVII Congresso Nacional do CONPEDI, realizado em Brasília – DF nos dias 20, 
21 e 22 de novembro de 2008– Autores Emmanuel Teófilo Furtado Ana Stela Vieira Mendes. 
21 Artigo de José Eliaci Nogueira Diógenes Júnior. http://www.ambitojuridico.com.br/site/?n_link=revista_ 
artigos_leitura&artigo_id=11750 
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de guerra, especialmente da guerra nuclear, à renúncia do uso da força nas 
relações internacionais e ao acordo pacífico das controvérsias internacionais 
por meios pacíficos de acordo com a Carta das Nações Unidas; 4. Apela para 
que todos os Estados e todas as organizações internacionais contribuam com 
todos os meios para assegurar o exercício do direito dos povos à paz medi-
ante a adoção de medidas pertinentes nos planos nacional e internacional.22 
 
CONCLUSÃO 
 Falar de direitos fundamentais é falar, sem dúvida, de progressos, de civilidade, 
de humanidade, de respeito de uns indivíduos pelos demais, ou pelo menos da busca 
de tudo isso, nem sempre tão eficaz. E isso tudo é necessário, pois onde existe uma 
sociedade, é impreterível que também exista um conjunto de normas que derivam de 
princípios que vão nortear a sociedade em si. 
 A evolução é algo inevitável ao longo dos tempos. A sociedade vai mudando e 
tomando novas formas, e tudo vai amodelando-se juntamente com ela. Os fatores da 
mudança poderão ser diversos, como religião, política, filosofia etc. 
 Com o tempo podemos ver a real importância dos direitos fundamentais, pois 
ninguém tem o direito de usurpar de determinada condição e suprimir os direitos que 
são garantidos a todos os homens em uma sociedade. E isso é notado desde os tem-
pos mais remotos com as sociedades primitivas, tanto no período ágrafo quanto no 
período que os primeiros códigos já começaram a ser escritos, até os dias mais atuais. 
 Por fim, é gratificante ver que desde os princípios das civilizações até os dias 
atuais os direitos fundamentais e as suas dimensões tem evoluído, garantindo ao ho-
mem uma maior dignidade para se viver, também garantindo aquilo que é essencial e 
indispensável para todos os homens, sem acepção. 
 
 
 
 
 
22 Declaração sobre o direito dos povos a paz - http://www.unicef.org/brazil/pt/resources_28028.html 
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Trabalho publicado nos Anais do XVII Congresso Nacional do CONPEDI, realizado 
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https://lfg.jusbrasil.com.br 
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