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O desenvolvimento da educação inclusiva no contexto atual REVISTA LATINO-AMERICANA DE EDUCAÇÃO, CULTURA E SAÚDE v. 1, n. 1, p. 98-105, jan.-mar., 2017 98 ARTIGO DE REVISÃO O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO CONTEXTO ATUAL THE DEVELOPMENT OF INCLUSIVE EDUCATION IN THE CURRENT CONTEXT Rita de Cassia Lopes Professora da rede pública, graduada em Pedagogia (UVA), especialista em Supervisão Escolar, Psicopedagogia e Orientação Educacional (FIP), mestre em Educação em Ciências da Educação (ISEL) E-mail: ritadecassia.igaracy@hotmail.com Resumo: Trata-se de uma revisão bibliográfica que teve por objetivo promover uma abordagem sobre a educação inclusiva no contexto atual, oportunidade em que enumerou-se as bases pedagógicas da educação inclusiva e se discutiu a formação docente para essa modalidade educativa. O desenvolvimento de uma educação inclusiva se propõe, portanto, a atender às necessidades de todos os alunos, procurando ser democrática e igualitária, rompendo com estigmas e estereótipos, mudando atitudes e crenças, com o intuito de garantir a efetividade dos direitos, bem como o acesso ao espaço educacional e social. A proposta da educação inclusiva reconhece a necessidade e a urgência de garantir a educação para crianças, jovens e adultos, com necessidades educacionais especiais no quadro do sistema regular de educação, em todos os níveis educacionais. E tendo como princípio o reconhecimento e a valorização das diferenças humanas, requer das escolas ambientes com condições de garantir acesso, participação, interação e autonomia para todos os alunos. No novo panorama educacional, a formação docente para inclusão constitui um dos maiores desafios para construir Sistemas educacionais inclusivos. Enfrentar esse desafio é condição essencial para atender à expectativa de democratização da Educação em nosso país. Reconhecendo a importância fundamental do papel do docente no desenvolvimento de Sistemas educacionais inclusivos, recaem as esperanças de melhoria da Educação. É desejável que todo professor desenvolva as capacidades e potencialidades de seus alunos, considerando os que demonstram dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações no processo de seu desenvolvimento. No contexto da educação inclusiva, o papel desempenhado pelo professor deve ser baseado numa perspectiva que transforme o espaço adequado a todos, com acesso às mesmas oportunidades de aprendizagem. E como educador ele deve adquirir habilidades que conduza a refletir, aperfeiçoar e analisar a sua prática pedagógica. Lançar um novo olhar em meio aos diferentes contextos sociais e culturais e ainda considerar os diferentes níveis e ritmos de aprendizagem para desenvolver atividades diversificadas de acordo com as peculiaridades de cada um. Palavras-chave: Educação Inclusiva. Desenvolvimento. Importância. Abstract: It is a bibliographical review that aimed to promote an approach on inclusive education in the current context, where the pedagogical bases of inclusive education were enumerated and teacher training for this educational modality was discussed. The development of an inclusive education therefore proposes to meet the needs of all students, seeking to be democratic and egalitarian, breaking with stigmas and stereotypes, changing attitudes and O desenvolvimento da educação inclusiva no contexto atual REVISTA LATINO-AMERICANA DE EDUCAÇÃO, CULTURA E SAÚDE v. 1, n. 1, p. 98-105, jan.-mar., 2017 99 beliefs, with the purpose of guaranteeing the effectiveness of the rights, as well as the Access to educational and social space. The inclusive education proposal recognizes the need and urgency to ensure education for children, youth and adults with special educational needs within the framework of the regular education system at all levels of education. And having as a principle the recognition and appreciation of human differences, requires of the schools environments with conditions to guarantee access, participation, interaction and autonomy for all students. In the new educational landscape, teacher education for inclusion is one of the greatest challenges to building inclusive educational systems. Facing this challenge is an essential condition to meet the expectation of democratization of Education in our country. Recognizing the fundamental importance of the role of teachers in the development of Inclusive Education Systems, there is hope for improvement in Education. It is desirable that every teacher develops the abilities and potentialities of his students, considering those who demonstrate marked difficulties of learning or limitations in the process of their development. In the context of inclusive education, the role of the teacher should be based on a perspective that makes the right space for all with access to the same learning opportunities. And as an educator he must acquire skills that lead him to reflect, perfect and analyze his pedagogical practice. To launch a new look in the midst of different social and cultural contexts and also to consider the different levels and rhythms of learning to develop diversified activities according to the peculiarities of each one. Keywords: Inclusive Education. Development. Importance. 1 INTRODUÇÃO A proposta de Educação inclusiva aponta possibilidades de mudanças no Sistema educacional mais justo e igualitário a todos, e esta concepção não restringe numa ação isolada na escola. Por isso é preciso apoio e compromisso para mudar a cultura da escola, além do esforço unificado de todos. Dessa maneira é possível buscar suportes que garantam a eficácia da ação pedagógica. As práticas arraigadas nas escolas tradicionais, com caráter seletivo. Nesse sentido, afirma Rodrigues (2006, p. 317), que “são por vezes essas ideias (mal) feitas, que contribuem para sedimentar valores e práticas que não aproximam da educação inclusiva”. Pensando assim, para elaborar uma proposta condizente com um ideal que permeiem o princípio da inclusão no âmbito da vida escolar, é conveniente elencar a necessidade de novas práticas pedagógicas. Considerando a heterogeneidade do alunado e seu fluxo de escolarização é cabível repensar a proposta pedagógica que rege a escola, buscando uma definição mais estruturada acerca da Educação especial e os suportes necessários a sua implementação. Sob esse aspecto, segundo Santiago (2003), é perceptível uma certa resistência sob a transformação do espaço acessível a todos pela falta de amparo, pois o processo de inclusão deve ser compartilhado por vários segmentos sociais, não ficando apenas ao encargo da escola, ou do professor. O presente artigo tem por objetivo promover uma abordagem sobre a educação inclusiva no contexto atual, oportunidade em que enumerou-se as bases pedagógicas da educação inclusiva e se discutiu a formação docente para essa modalidade educativa. Posteriormente, comentou-se o desenvolvimento do atendimento educacional especializado e apresentou-se a importância da participação das famílias no processo de inclusão escolar dos portadores de deficiências. 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 BASES PEDAGÓGICAS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA Os princípios da educação inclusiva constituem matéria complexa, tendo como ponto de partida a percepção do aprendiz como elemento central da aprendizagem, garantindo o respeito à diversidade e procurando desenvolver um ambiente em que sejam O desenvolvimento da educação inclusiva no contexto atual REVISTA LATINO-AMERICANA DE EDUCAÇÃO, CULTURA E SAÚDE v. 1, n. 1, p. 98-105, jan.-mar., 2017 100 promovidos a igualdade e o exercício da cidadania. Estes três temas: diversidade, igualdade e cidadania norteiam toda a estruturado sistema de ensino que busca redimensionar as escolas para responder às necessidades de todas as crianças. As Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica (BRASIL, 2001, p. 8) situam a inclusão como: [...] a garantia, a todos, do acesso contínuo ao espaço comum da vida em sociedade, sociedade essa que deve ser orientada por relações de acolhimento à diversidade humana de aceitação das diferenças individuais, de espaços coletivos na equiparação de oportunidades de desenvolvimento, com qualidade, em todas as dimensões da vida. O respeito à diversidade, portanto, é um dos critérios educativos que indica a nova concepção do fazer educação. Busca-se atender às especificidades individuais do aluno, incentivando uma ação educativa baseada no reconhecimento, valorização de cada pessoa em sua singularidade e centrada na colaboração e participação de todos, aglutinando as experiências culturais, étnicas e socioeconômicas, além de direcionar o olhar às necessidades educacionais especiais dos alunos a fim de favorecer a aprendizagem. O desenvolvimento de uma educação inclusiva se propõe, portanto, a atender às necessidades de todos os alunos, procurando ser democrática e igualitária, rompendo com estigmas e estereótipos, mudando atitudes e crenças, com o intuito de garantir a efetividade dos direitos, bem como o acesso ao espaço educacional e social. Nesse sentido, a educação deve se organizar por meio de um novo sistema, o de aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e apender a ser, que sustenta o movimento mundial de educação: Aprender a conhecer: possibilita o acesso à cultura geral da humanidade, em profundidade, possibilitando conhecer o mundo que lhe rodeia, para viver dignamente, despertar para a curiosidade intelectual e desenvolver suas capacidades profissionais; Aprender a fazer: nova tendência que leva a educação a se organizar no sentido de proporcionar aos aprendizes capacidade de comunicar, de trabalhar com os outros, de gerir e de resolver conflitos; Aprender a viver juntos: essa ideia de aprendizagem na escola atual sinaliza uma necessidade emergente de aprender conhecimentos sobre a diversidade humana e a tomada de consciência das semelhanças e da interdependência de todos os seres humanos do planeta. Aprender a ser: a educação contribui para o desenvolvimento total do aprendiz: espírito, corpo e inteligência, sensibilidade, sentido estético, responsabilidade pessoal, espiritualidade, tornando-se um ser que elabora pensamento autônomo, crítico e que formula seu próprio juízo de valor, podendo agir nas diferentes circunstâncias da vida (UNESCO apud AINSCW, 2009, p. 141). Uma educação com esses pressupostos dá lugar a interações políticas, culturais e práticas de aprendizagem significativa, baseada na cooperação e na diferenciação, construindo uma sociedade para todos, com direitos e exercício pleno de cidadania, liberdade e justiça social. De acordo com Barbosa (2006, p. 39): a atenção à diversidade na educação brasileira procura se organizar baseando-se nos seguintes princípios: i. a preservação da dignidade humana, na qual toda e qualquer pessoa é digna e merecedora do respeito de seus semelhantes e do direito às boas condições de vida e à oportunidade de realizar seus objetivos e que o direito de igualdade de oportunidades seja respeitado; ii. a busca da identidade humana, que trata de um caminho nunca suficientemente acabado: todo cidadão deve encontrar uma identidade só sua; ii. o exercício da cidadania, entendido como valores democráticos de solidariedade Neste contexto, a inclusão propõe espaços de expressão das diferenças e dos conflitos. Faz valer a liberdade, facilita a convivência com o diferente, do ponto de vista tanto dos valores como dos costumes, das crenças, da religião e da expressão artística, das capacidades e das limitações de cada ser. A proposta da educação inclusiva reconhece a necessidade e a urgência de garantir a educação para crianças, jovens e adultos, com necessidades educacionais especiais no quadro do sistema regular de educação, em todos os níveis educacionais. E tendo como princípio o reconhecimento e a valorização das diferenças humanas, requer das escolas ambientes com condições de garantir O desenvolvimento da educação inclusiva no contexto atual REVISTA LATINO-AMERICANA DE EDUCAÇÃO, CULTURA E SAÚDE v. 1, n. 1, p. 98-105, jan.-mar., 2017 101 acesso, participação, interação e autonomia para todos os alunos. Na perspectiva da Educação inclusiva, a escola é um espaço que requer transformação e para esse fim, pressupõe uma grande reforma no Sistema educacional implicando numa flexibilização ou adequação do currículo, onde o mesmo servirá de elo entre o planejamento e as ações que dirigem as atividades educativas na escola. Partindo desse pressuposto para adequar a realidade da clientela, Carvalho (2007), destaca que é necessário empreender algumas mudanças curriculares em respostas às necessidades emergentes, incorporando conhecimentos, habilidades, atitudes e valores que os alunos precisam adquirir para tornar-se membro ativo da sociedade. Essa visão tornará o currículo dinâmico, alterável para atender as peculiaridades do educando. Convém elaborar uma proposta curricular que se ajuste as diversas situações, visando à melhoria da qualidade da aprendizagem. Torna- se relevante a participação dos diferentes segmentos da escola para ocorrer uma reorganização da mesma nos aspectos pedagógicos e administrativos. Mantoan (2006) chama atenção aos papéis desempenhados pelos membros da organização escolar e a descentralização da gestão como condições que propiciam a autonomia, num novo caráter pedagógico. Esse enfoque pedagógico coloca em questão as formas de organização da escola e contrapõe-se à visão conservadora de Educação. Todavia na proposta de gestão democrática, acentua-se a necessidade de um melhor relacionamento humano na participação das decisões com ações efetivas para atingir os objetivos escolares e promover melhores condições de viabilização do processo de ensino-aprendizagem. É imprescindível que as práticas pedagógicas fundamentem-se em pressupostos teóricos que venham sustentar e auxiliar na construção do Projeto Político-pedagógico, com intuito de organizar o processo educativo e ampliar a qualidade do ensino. Na concepção de Veiga (1995, p.11), “A Escola é o lugar de concepção, realização e avaliação de seu projeto educativo, uma vez que necessita organizar seu trabalho pedagógico com base em seus alunos”. Acrescenta ainda Veiga (1995), que nessa perspectiva é fundamental que ela assuma suas responsabilidades, sem que as esferas administrativas tomem essa iniciativa, mas que lhe deem as condições para levá-la adiante. Essa ação intencional visa uma articulação e inclui uma dinâmica de relações estabelecidas. Sob esse prisma, a Escola deverá desempenhas a sua função social, estabelecendo alianças com as famílias, além de outras parcerias que servirão de sustentáculo. A escola terá que fortalecer suas bases pedagógicas, promovendo capacitações a todos os envolvidos neste processo, envolvidos no compromisso de transformar a escola. Contudo, para reorganizar as escolas sob a ótica da inclusão, grandes desafios existirão, pois envolve mudança de paradigma e depende de um encadeamento de ações. 2.2 A FORMAÇÃO DOCENTE PARA A EDUCAÇÃO INCLUSIVA No novo panorama educacional, a formação docente para inclusão constitui um dos maiores desafios para construir Sistemas educacionais inclusivos. Enfrentar esse desafio é condição essencial para atenderà expectativa de democratização da Educação em nosso país. Reconhecendo a importância fundamental do papel do docente no desenvolvimento de Sistemas educacionais inclusivos, recaem as esperanças de melhoria da Educação. É desejável que todo professor desenvolva as capacidades e potencialidades de seus alunos, considerando os que demonstram dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações no processo de seu desenvolvimento. Na concepção de Santiago (2003), a precariedade ou ausência de estratégias educacionais adequadas para esses alunos por parte da equipe pedagógica, da comunidade escolar, pode levar ao agravamento da situação, contribuindo para o comportamento de rebeldia e atitudes discriminatórias. O professor sofre pressão para acompanhar as mudanças e lidar melhor com a diversidade do público. Sendo necessário coragem de desafiar as práticas de ensino excludentes que são características dos Sistemas educacionais tradicionais e constitui o início de uma caminhada de desenvolvimento profissional e de combate à exclusão social através da promoção de escolas e salas de aula inclusivas. Para favorecer uma nova perspectiva de ensino, Delors (2004, p. 155), acredita que o futuro professor deve: O desenvolvimento da educação inclusiva no contexto atual REVISTA LATINO-AMERICANA DE EDUCAÇÃO, CULTURA E SAÚDE v. 1, n. 1, p. 98-105, jan.-mar., 2017 102 [...] Estabelecer uma nova relação com quem está aprendendo, passar do papel de “solista” ao de “acompanhante”, tornando-se não mais alguém que transmite conhecimentos, mas aquele que ajuda aos seus alunos a encontrar, organizar e gerir saber, guiando mas não modelando os espíritos, e demonstrando grande firmeza quanto aos valores fundamentais que devem orientar a vida. Diante da complexidade da questão o professor sozinho não pode desenvolver um bom trabalho. Por esse motivo, é necessário a constituição de uma equipe interdisciplinar, que permita pensar o trabalho educativo interligando aos diversos campos de conhecimento, recorrendo eventualmente ao apoio de outros profissionais, a exemplo do psicopedagogo, psicólogo, fonoaudiólogo, fisioterapeuta etc. A formação dos professores ganha destaque entre as demandas mais emergentes ao aprofundamento do processo de inclusão. É importante a participação em cursos de atualização a todos da escola, com abordagens teóricas que visam práticas de ensino renovadas. Diante desse pressuposto, Carvalho (2007, p. 159), enfatiza que “o sentido e o significado da formação continuada que não coloca, apenas, restrita aos cursos oferecidos aos professores para se atualizarem”. Percebe-se a necessidade de buscar na formação docente, auxílio na aquisição do desenvolvimento sobre o conhecimento na área de Educação inclusiva, para conhecer as necessidades, dificuldades de cada aprendiz e elaborar estratégias juntamente com outros profissionais. Essa ação implica numa preparação que requer envolvimento para construir um projeto educacional coletivo, com coerência e continuidade. O papel desempenhado pelo professor deve ser baseado numa perspectiva que transforme o espaço adequado a todos, com acesso às mesmas oportunidades de aprendizagem. E como educador ele deve adquirir habilidades que conduza a refletir, aperfeiçoar e analisar a sua prática pedagógica. Lançar um novo olhar em meio aos diferentes contextos sociais e culturais e ainda considerar os diferentes níveis e ritmos de aprendizagem para desenvolver atividades diversificadas de acordo com as peculiaridades de cada um (MANTOAN, 2006). Sendo o professor um eterno aprendiz, cabe a ele ser um pesquisador que busque se atualizar com sustentação nos teóricos para inovar e dinamizar o ensino. Utilizar conhecimentos tecnológicos e vários recursos metodológicos que propiciem oportunidades de participação na construção do conhecimento. Esse perfil de professor é abordado por Rodrigues (2006, p. 232), que afirma: Além dessas novas habilidades com relação à diferenciação curricular e estratégicas de ensino dinâmicas, espera-se que o (a) professor (a) domine as novas tecnologias de informação e comunicação (TIC), talvez hoje uma das habilidades mais importantes para o docente adquirir e uma das áreas de conhecimento mais promissoras com relação à aprendizagem dinâmica para quem atua no campo da Educação. O aprofundamento do processo de inclusão deve ser compartilhado com vários segmentos sociais, não ficando apenas no encargo da escola, ou do professor, sendo imprescindível uma participação mais qualificada dos educadores para o avanço desta importante reforma educacional. 3.3 O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO O Atendimento Educacional Especializado destina-se a ampliar o ampliar o conhecimento do aluno com aluno com deficiência intelectual. Ele não procura solucionar os obstáculos da deficiência e centra- se na missão de proporcionar meios através do qual o aluno possa acessar o conhecimento particular e pessoal. Segundo Mantoan (2006, p. 27), o atendimento educacional especializado: [...] é necessariamente diferente no ensino para melhor atender às especificidades dos alunos com deficiência. Abrange, sobretudo, instrumentos necessários à eliminação das barreiras naturais que as pessoas com deficiência têm para relacionar-se com o ambiente externo. Exemplos: o ensino da língua brasileira de sinais (Libras) e do código braile e o uso dos recursos de informática e de outras ferramentas e linguagens que precisam estar disponíveis nas escolas ditas regulares. A missão do atendimento educacional especializado é eliminar as barreiras, O desenvolvimento da educação inclusiva no contexto atual REVISTA LATINO-AMERICANA DE EDUCAÇÃO, CULTURA E SAÚDE v. 1, n. 1, p. 98-105, jan.-mar., 2017 103 permitindo que haja uma plena participação dos alunos no processo educativo, proporcionando aos mesmos, autonomia e independência na escola e fora dela. No documento divulgado em 2004, abordando 'O acesso de alunos com deficiência às escolas e classes comuns da rede regular', o Ministério Público Federal (BRASIL, 2004), além de considerar o atendimento educacional especializado como sendo uma forma de garantir reconhecimento e o atendimento das particularidades dos alunos com deficiência. Diante dessas considerações, percebe-se que a educação inclusiva visa garantir o acesso de qualquer criança de acesso ao ensino básico, organizando ações pedagógicas capazes de atenderem às necessidades dos alunos com deficiência, de modo que os mesmos possam se sentirem como parte da escola, beneficiando do convívio com as demais crianças. Informam Gomes; Poulin e Figueiredo (2010, p. 8) que: O trabalho do professor de atendimento educacional especializado voltado para o aluno com deficiência intelectual se caracteriza essencialmente pela realização de ações específicas sobre os mecanismos de aprendizagem e desenvolvimento desses alunos. O AEE se realiza essencialmente na sala de recursos multifuncionais. Assim sendo, para melhor exercer o seu papel, o professor do atendimento educacional especializado, deve saber desenvolver ações/atividades capazes de resultar numa aprendizagem produtiva para o aluno com deficiência. Para tanto, ele deve ter sempre em mente que o AEE fundamenta-se em situações- problema, contribuindo assim para o desenvolvimento da capacidade de raciocínio dos alunos, aos quais esse atendimento encontra-se direcionado. Comentando esse raciocínio, Gomes; Poulin e Figueiredo (2010, p. 8) destacam ainda que: Para desenvolver o AEE, é imprescindível que o professor conheça seu aluno e suas particularidadespara além da sua condição cognitiva. O trabalho do professor do AEE é ajudar o aluno com deficiência intelectual a atuar no ambiente escolar e fora dele, considerando as suas especificidades cognitivas. Especificidades que dizem respeito principalmente à relação que ele estabelece com o conhecimento que promove sua autonomia intelectual. O aluno com deficiência intelectual precisa desenvolver-se. Para tanto, o professor do atendimento educacional especializado que atua numa na sala de recursos multifuncionais, precisa saber organizar situações que favoreçam o esse desenvolvimento, ao mesmo tempo em que estimulem o desenvolvimento cognitivo e a aprendizagem neste espaço privilegiado. Completando esse pensamento Carvalho (2007 p. 67), afirma que: [...] podemos considerar o atendimento especializado tanto do ponto de vista de quem o oferece - o profissional que se especializa - como do ponto de vista do sujeito que o recebe e que, como indivíduo, é um ser particular, singular em seus interesses, em suas características pessoais e sociais. Servem como exemplos - no caso dos profissionais - os professores que se especializam para trabalhar em educação infantil; no Ensino Fundamental de primeira a quarta séries; na educação de jovens e adultos ou no atendimento a cegos, surdos, com paralisia cerebral, com autismo [...]. E, no caso dos sujeitos que recebem o atendimento educacional especializado eles são os próprios aprendizes, valorizados em suas particularidades. No AEE, o professor exercer um papel de suma importância. Pois, é através de suas ações que o aluno com deficiência intelectual desenvolve seu intelecto e constrói seu conhecimento, passando a melhor interagir com o processo educativo, tornando-se agente participativo e adquirindo conhecimentos que lhe serão úteis ao longo da vida. 2.4 PARTICIPAÇÃO DAS FAMÍLIAS NO PROCESSO DE INCLUSÃO ESCOLAR DOS PORTADORES DE DEFICIÊNCIAS O processo educativo é dinâmico e possui uma dimensão coletiva, ou seja, ele não somente desenvolve a partir da escola ou exclusivamente com a escola. Para que ocorra o sucesso no processo educativo é de suma importância que seja desenvolvido contando com uma parceria com a família do educando. Assim, quanto mais sólida for essa parceria, maiores e melhores serão os resultados do processo educativo. O desenvolvimento da educação inclusiva no contexto atual REVISTA LATINO-AMERICANA DE EDUCAÇÃO, CULTURA E SAÚDE v. 1, n. 1, p. 98-105, jan.-mar., 2017 104 Entretanto, com a educação inclusiva ocorre a mesma coisa: para sua promoção e efetivação, exige-se um grande envolvimento da família, através de um acompanhamento permanente, permitindo que o professor repasse para os pais informações/orientações que serão úteis no dia a dia da criança portadora de deficiência. De acordo com Sousa et al. (2016, p. 4): A participação dos pais é fundamental para o desenvolvimento, aprendizagem e interação da criança no contexto escolar. Visto que a inclusão não se limita a colocar a criança dentro da escola, é preciso que ela consiga interagir de acordo com suas potencialidades com outras crianças. Salientamos que é essencial a compreensão de que a inclusão e integração de qualquer cidadão com necessidades especiais ou não, são condicionadas pelo seu contexto de vida, ou seja, dependem das condições sociais, econômicas e culturais da família, da escola e da sociedade. E mais importante é que educar é um ato de amor, onde o professor tem que ir além do conhecimento teórico, pois é preciso percepção e sensibilidade para identificar as necessidades dos alunos. Na forma demonstrada, é por demais importante que a família da criança portadora de deficiência participe ativamente do processo educativo. Essa participação é necessária porque o professor precisa conhecer melhor a criança e ao mesmo tempo repassar para os pais aquilo que ele precisam colocar em prática em casa, para que a criança assimile e não perca a noção dos ensinamentos repassados em sala de aula. Ademais, o professor passa apenas uma parte do dia com a criança. Em muitas escolas, esse período se resume a quarto horas. O restante do dia a criança passa em casa, com seus familiares, e estes necessitam também colocar em prática aquilo que a escola desenvolve, facilitando, assim, o processo de inclusão. 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS A inclusão do aluno portador de deficiência no ensino regular é um processo complexo, que exige uma completa mudança de postura por parte da escola. Esta precisa mudar o seu perfil se quiser ser considerada como sendo inclusiva. E essa mudança deve atingir todos os seus níveis. Nesse processo de transformação da escola, o professor assume um papel de destaque. Ele precisa está aberto às mudanças e compreender que nunca estará completamente preparado para promover a inclusão, simplesmente porque cada aluno portador de deficiência possui suas particularidades. E isto exige do professor „um saber especial‟, uma dedicação e mais do que isto, um compromisso. Diante desta realidade, para atuar na Educação Inclusiva o professor precisa está em constante capacitação, sempre buscando novos conhecimentos, participando das chamadas formações continuadas, enriquecendo seus conhecimentos e compartilhando experiências. Dito com outras palavras, o professor para atuar na educação inclusiva precisa colocar em prática o „aprender a aprender‟, que representa um dos pilares da educação do século XXI. 4 REFERÊNCIAS AINSCOW, M. Tornar a educação inclusiva: como essa tarefa deve ser conceituada? In: FÁVERO, O.; FERREIRA, W.; IRELAND, T.; BARREIROS, D. Tornar a educação inclusiva. Brasília: UNESCO, 2009. BARBOSA, V. L. B. Por uma pedagogia inclusiva. João Pessoa: Manufatura, 2006. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. 2 ed. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Especial. Brasília: MEC, 2001. CARVALHO, R. E. Educação inclusiva: Com os pingos nos “is”. Porto Alegre: Mediação, 2007. DELORS, J. 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