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Artigo Ecobrasileira
4. Flexibilização e Precariedade do Trabalho 
Durante o período 1950 a 1980 o Brasil apresentou elevadas taxas de crescimento graças as políticas de substituição de importação e programas de apoio as exportações como os do “milagre econômico”. O Estado assumia elevada participação na industrialização da economia brasileira assumindo investimento em setores estratégicos e provendo a infraestrutura necessária para expansão econômica e faziam-se concessões e financiamentos com o objetivo de atrair novos investimentos (CASTRO, 2011). [1: Conceito desenvolvido pela Comissão Econômica para América Latina e o Caribe - CEPAL, no qual evidenciava a intencionalidade de criar condições propicias ao desenvolvimento industrial através de proteção aduaneira e da ação estatal. Esse processo surge como resposta à deterioração dos termos de trocas dos produtos primários exportados pela periferia em relação aos manufaturados produzidos pelos centros dinâmicos da economia capitalista. Choque externos de demanda por produtos primários reduziam a capacidade de importação aumentando assim a procura por produtos oferecidos no mercado interno somadas a intervenção governamental que usa instrumentos de manipulação cambial e barreiras tarifárias para que se consolide o processo de substituição de importação.]
O modelo de industrialização focado no processo de substituição de importações tinha como foco o abastecimento no mercado interno (exceção nos casos que os investimentos que eram propositalmente focados nas exportações) com o desenvolvimento industrial por meio das transferências tecnológicas e o endividamento do Estado. Durante a construção do parque industrial nacional, o Estado agiu com elevadas expansões fiscais para viabilizar o processo de crescimento econômico somadas aos financiamentos externos resultaram em uma inflação nas décadas de 1960 e 1970. A situação foi agravada após a crise de liquidez externa devido aos dois choques do petróleo e a crise da dívida brasileira durante a década de 1980, esse período ficou conhecido como na literatura econômica como a década perdida. Somadas à crise financeira internacional da década de 1980, temos um contexto no qual os formuladores de política econômica apresentam sucessivos planos desastrosos para o combate à inflação e devido à baixa liquidez no cenário internacional a indústria local não tinha acesso aos financiamentos para acompanhar o desenvolvimento tecnológico dos concorrentes internacionais que já vinham adotando o modelo toyotista em sua produção.
Simultaneamente a crise estrutural do fordismo e as mudanças no paradigma produtivo e na estrutura organizacional da sociedade, temos a finalização do processo de substituição de importação, sendo este processo baseado em transferências tecnológicas deixava mais uma vez o Brasil como retardatário na concorrência internacional entre os países. Enquanto no cenário internacional, os países mais avançados já começavam a adotar estruturas industriais descentralizadas e horizontais, enquanto isso as indústrias nacionais recém instaladas ainda tinham um caráter vertical e com grande parte do processo produtivo centralizado. 
A ascensão do neoliberalismo e a inserção brasileira ao movimento de globalização aconteceram após as primeiras eleições dos presidenciáveis com voto direto no ano de 1990, depois da ditadura militar e sua fase de transição para o novo regime democrático que se instaura na política Brasileira. Sobre a orientação do Consenso de Washington que tinha o intuito de difundir a globalização o presidente eleito era Fernando Collor de Mello (PRN - Partido da Renovação Nacional), segundo Castro (2011) houve uma ruptura com o modelo desenvolvimento com elevada participação estatal e das proteções tarifárias. 
Collor foi destituído do poder após dois desastrosos planos econômicos que tinham como objetivo a estabilização monetária e inúmeras denúncias de corrupção, através do movimento Caras Pintadas no qual tinha a meta de obtenção do impeachment do presidente. O seu vice-presidente Itamar Franco deu continuidade à luta pela estabilização da moeda com o Plano Real, no qual trouxe o fim da inflação com a estabilização do índice de preços nacionais. 
Nos governos de Collor e Itamar houve a ruptura do modelo de crescimento com exacerbada intervenção estatal aconteceu através do início das privatizações e abertura da economia. Essas medidas tinham o intuito de aumentar a concorrência em cenário nacional junto com o aumento da competitividade. O aumento da competitividade na indústria brasileira era um dos pilares de sustentação da estabilidade dos preços em longo praz. (CASTRO, 2011).
As privatizações ocorreram no sentido de dar um salto tecnológico ao parque industrial do Brasil e reduzir a dívida pública no Brasil. As empresas estatais brasileiras se encontravam em péssima saúde financeira e com os ativos corroídos depois de longos períodos inflacionários. Soma-se a isso o descontentamento com os serviços prestados por tais empresas que possuíam o controle de determinados nichos de mercado. O programa de desestatização da economia brasileira não pode ser implementado com tanta rapidez devido ao aparato constitucional que impedia a privatização recursos naturais, deixando estes aos cuidados da União. Porém, acelerou-se no fim do primeiro mandato do governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-1998) com as alterações constitucionais que eram necessárias e aprofundou-se em seu segundo mandato. (SOUZA, 2007)
No caso da abertura econômica, o governo federal derrubou as barreiras tarifárias e os regimes especiais de importação e o anúncio do governo federal que haveria uma grande reforma tributária sobre os produtores nacionais para aumentar sua competitividade.. No governo de Itamar Franco (1992-1994) o Brasil consegue a estabilidade dos preços no cenário nacional com a implementação do Plano Real (1994), que foi implementado em três etapas: um severo ajuste fiscal, no qual visava equilibrar as contas nacionais e isso era a principal causa das pressões inflacionárias; a criação de um padrão de valor para o mercado interno que foi denominado como Unidade Real de Valor - URV, que tinha como objetivo indexar todos os preços da economia nacional em uma unidade valor(neste caso, o dólar) e; o estabelecimento de regras rígidas para o lastreamento e emissão monetária para garantir a estabilidade de valor por um longo prazo(CASTRO, 2011).
O ajuste fiscal foi necessário porque a demanda de recursos do governo era muito maior que as receitas obtidas e Segundo Castro (2011) o pequeno déficit orçamentário do governo era resultado de uma manobra fiscal. As receitas do governo eram indexadas a inflação, porém os valores nominais das despesas eram fixos, dessa forma as despesas eram deterioradas pela inflação. Junto com a subestimação da inflação, outro fator que corroeu as despesas do governo foi às altas taxas de juros que levaram o governo a pagar altos dividendos aos compradores de títulos do governo. 	O objetivo com a desindexação da economia era combater a inflação inercial que o Brasil apresentava. Castro (2011) apresenta que durantes os períodos de hiperinflação os preços se alteravam de acordo com a variação do preço do dólar em moeda nacional. A saída apresentada pelos formuladores de política monetária era a introdução de uma nova “quase moeda” que foi usada temporariamente e tinham seu indexador atrelado a diversos índices para não privilegiar determinado setor. Os salários dos trabalhadores foram fixados em URV no seu valor corrente para o dia do pagamento. Prevendo uma grande elevação no consumo após a implementação do Plano Real e, consequentemente, uma aceleração da inflação, a estratégia adotada para conter o aumento da demanda e a instauração de uma nova onda inflacionária foi à supervalorização da taxa de juros reais na economia e o aumento o depósito compulsório para diminuir a liquidez na economia brasileira. Soma-se as medidas já apresentadas acima o lastreamento das moedasnacionais as reservas cambiais dão economia, e nesse caso necessariamente o dólar, sendo assim adotamos um regime de câmbio fixo para a economia no novo plano monetário. Alves (2009) sintetiza a inserção brasileira da seguinte maneira[2: Ver CASTRO, 2011, p. 147]
A reforma neoliberal, a partir do governo Collor, significou alterações substantivas na dinâmica da economia brasileira e, por conseguinte, na forma de ser do mercado de trabalho. O Brasil inseriu-se de forma subalterna no processo de mundialização do capital. A adoção de políticas neoliberais submeteu o país à lógica da financeirização vigente no capitalismo global. Constituiu-se o que poderíamos denominar de “economia da sociabilidade constrangida”, tendo em vista que, sob a “ditadura dos credores”, os gestores de política macroeconômica colocaram como foco privilegiado, a estabilização monetária por vias ortodoxas (juros elevados para atrair capital estrangeiro e garantir o fechamento do balanço de pagamento) com impactos perversos no crescimento da economia e, por conseguinte, no mercado de trabalho (ALVES, 2009 p.192-193). 
As indústrias brasileiras no decorrer da década de 1980 vieram perdendo competitividade por não conseguir realizar os investimentos necessários para se adaptar ao padrão da concorrência internacional. Os investimentos não se realizavam pela falta de liquidez no contexto internacional e a instabilidade no nível de preços no contexto nacional. Alves (2009) destaca que com a abertura da economia de maneira precipitada que deixava a indústria nacional vulnerável a concorrência internacional, somada a elevadas taxas de juros que tinham o intuito de frear a aceleração do nível de preços atrelados ao cenário de reestruturação produtiva levaram o Brasil ao caminho da desindustrialização, onde é constatada pela redução do percentual de trabalhadores ligados a indústria e os deslocando para trabalhos precarizados (destaca-se a expansão do trabalho informal e a expansão do trabalho no setor de serviços).

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