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A Segunda Lei da Termodinâmica III MEC-1507 Sistemas Térmicos I Luiz Guilherme Vieira Meira de Souza Processos Reversíveis e Irreversíveis Qual a máxima eficiência que uma máquina térmica pode ter? Qual o máximo COP que um refrigerador ou bomba de calor pode apresentar? Processos Reversíveis e Irreversíveis 3 Sabe-se que os processos ocorrem em uma determinada direção. Depois de executados, eles não podem ser revertidos espontaneamente, restaurando o sistema ao seu estado inicial. Por esse motivo, são classificados como processos irreversíveis. Processos Reversíveis e Irreversíveis 4 Depois que uma xícara de café esfria ela não se reaquece, recuperando do ambiente o calor perdido. Se isso fosse possível, o café e o ambiente seriam restaurados à condição inicial, configurando um processo reversível. Processos Reversíveis e Irreversíveis 5 Um processo reversível é definido como um processo que pode ser revertido sem deixar qualquer vestígio no ambiente. Processos Reversíveis e Irreversíveis 6 Nesses processos o sistema e o ambiente retornam a seus estados iniciais ao final do processo inverso. Isto é possível se não houverem interações de calor e de trabalho entre o sistema e o ambiente para o processo combinado (original e inverso). Os processos que não são reversíveis são denominados processos irreversíveis. Processos Reversíveis e Irreversíveis 7 Os processos reversíveis são apenas idealizações dos processos reais. Todos os processos que ocorrem na natureza são irreversíveis! Processos Reversíveis e Irreversíveis 8 Então qual é o interesse em estudar os processos reversíveis? Dispositivos produtores de trabalho, como motores de automóveis, produzem o máximo de trabalho quando são utilizados processos reversíveis. Dispositivos consumidores de trabalho, como compressores, consomem o mínimo de trabalho quando são utilizados processos reversíveis. Processos Reversíveis e Irreversíveis 9 Processos Reversíveis e Irreversíveis 10 Portanto, nos processos reversíveis: We=mín Ws=máx Os processos reversíveis podem ser vistos como os limites teóricos dos processos irreversíveis correspondentes. A eficiência de Segunda Lei da Termodinâmica para processos reais representa o grau de proximidade entre um processo irreversível e o seu correspondente reversível. Quanto melhor o projeto, menores serão as irreversibilidades. Processos Reversíveis e Irreversíveis 11 Irreversibilidades são os fatores que levam um processo a se tornar irreversível. Atrito; Expansão não resistida; Mistura de dois fluidos; Transferência de calor com uma diferença finita de temperatura; Resistência elétrica; Deformação inelástica de sólidos; Reações químicas. Processos Reversíveis e Irreversíveis 12 O atrito é uma das formas mais frequentes de irreversibilidade. Quando há movimento relativo entre dois corpos em contato, desenvolve-se na interface entre eles uma força de atrito na direção contrária ao movimento. É necessário uma determinada quantidade de trabalho para superar esta força de atrito. Processos Reversíveis e Irreversíveis 13 A energia fornecida na forma de trabalho é convertida em calor durante o processo, sendo transferida para os corpos em contato. Ocorre um aumento de temperatura na interface. Processos Reversíveis e Irreversíveis 14 Quando a direção do movimento se inverte, o calor não é transformado em trabalho. Em vez disso, há mais conversão de trabalho em calor devido ao atrito na direção inversa. Como nem o sistema nem a vizinhança retornam aos estados iniciais, tem-se um processo irreversível. Quanto maiores as forças de atrito, mais irreversível será o processo. Processos Reversíveis e Irreversíveis 15 O atrito nem sempre está associado a dois corpos sólidos. Ele também aparece entre um fluido e um sólido, entre fluidos ou até entre camadas de um mesmo fluido em escoamento. Processos Reversíveis e Irreversíveis 16 Uma porção razoável da potência produzida pelo motor de um carro é utilizada para superar a componente de cisalhamento do arrasto entre o ar e as superfícies externas do carro. Processos Reversíveis e Irreversíveis 17 Processos Reversíveis e Irreversíveis 18 Ao final essa potência se converte em energia interna do ar. Não é possível reverter esse processo e recuperar a potência perdida. Mesmo que isso não viole o princípio de conservação de energia. Processos Reversíveis e Irreversíveis 19 A expansão não resistida de um gás é outro exemplo. Processos Reversíveis e Irreversíveis 20 Quando uma membrana que separa dois lados de um tanque é rompida, o gás preenche todo o tanque. Processos Reversíveis e Irreversíveis 21 A única maneira de restaurar o sistema ao estado original é comprimi-lo até o volume inicial e, ao mesmo tempo, transferir calor do gás até atingir a temperatura inicial. A quantidade de calor transferida do gás corresponde à quantidade de trabalho realizado sobre o gás pela vizinhança. Processos Reversíveis e Irreversíveis 22 Para restaurar a vizinhança ao estado original, seria necessário converter todo esse calor em trabalho, o que violaria a Segunda Lei da Termodinâmica. Processos Reversíveis e Irreversíveis 23 Uma terceira forma de irreversibilidade é a transferência de calor com uma diferença finita de temperatura. Considera-se uma lata de refrigerante gelado em uma sala quente. Processos Reversíveis e Irreversíveis 24 Processos Reversíveis e Irreversíveis É transferido calor do ar da sala para o refrigerante. A única maneira de reverter esse processo e trazer o refrigerante à temperatura inicial é por meio de refrigeração. 25 A energia interna da vizinhança aumentará devido ao recebimento de calor. Ao final do processo inverso, a vizinhança não teria voltado ao estado inicial. Seria necessário converter esse excesso de energia interna em trabalho (impossível). Processos Reversíveis e Irreversíveis 26 Um processo de transferência de calor torna-se menos irreversível conforme diminui a diferença de temperatura entre os corpos. A transferência de calor com diferença de temperatura infinitesimal pode ser considerada reversível, já que quase não necessita de refrigeração. Processos Reversíveis e Irreversíveis 27 27 Quanto menor for essa diferença de temperatura, menos irreversível o processo é. Entretanto, essa transferência de calor requer áreas ou tempo muito grande, o que torna isso economicamente inviável, apesar de termodinamicamente desejável. Processos Reversíveis e Irreversíveis 28 28 Um processo é chamado de internamente reversível se não ocorrer nenhuma irreversibilidade internamente às fronteiras do sistema durante o processo. Neste tipo de processo, os caminhos dos processos de ida e volta coincidem. O processo de quase equilíbrio é um exemplo deste tipo de processo. Processos Reversíveis e Irreversíveis 29 29 Um processo é chamado de externamente reversível ou reversível se não existir nenhuma irreversibilidade dentro do sistema ou na vizinhança. Por um processo totalmente reversível entende-se aquele em que não há transferência de calor com uma diferença finita de temperatura, variações de não-equilíbrio, atrito ou outras irreversibilidades. Processos Reversíveis e Irreversíveis 30 30 Como exemplo tem-se o processo de mudança de fase à pressão (e temperatura) constante. Processos Reversíveis e Irreversíveis 31 31 Os dois processos são internamente reversíveis, uma vez que ambos acontecem de forma isotérmica e passam pelos mesmos estados de equilíbrio. O primeiro processo também é externamente reversível, pois o processo de transferência de calor se dá com uma diferença infinitesimal de temperatura. O segundo não, pois o processo de transferência de calor se dá com uma diferença finita de temperatura. Processos Reversíveis e Irreversíveis 32 32 O Ciclo de Carnot Em máquinas térmicas, durante uma parte do ciclo o trabalho é realizado pelo fluido de trabalho. Em outra parte, trabalho é realizado sobre o fluido de trabalho. A diferença entre elas é o trabalho líquido realizado por essa máquina. O Ciclo de Carnot 34 O trabalho líquido e, portanto, a eficiência do ciclo podem ser maximizados pela utilização de processos reversíveis. Os ciclos reversíveis não são realizáveis na prática por causa das irreversibilidades. Entretanto, eles representam os limites superiores para o desempenho dos ciclos reais, servindo para análises qualitativas do desempenho de sistemas propostos. O Ciclo de Carnot 35 O ciclo reversível mais conhecido é o ciclo de Carnot. Ele foi proposto em 1824 pelo engenheiro francês Sadi Carnot. O Ciclo de Carnot 36 A máquina térmica teórica que opera segundo o ciclo de Carnot é chamada de máquina térmica de Carnot. O ciclo de Carnot é composto por quatro processos reversíveis (dois isotérmicos e dois adiabáticos). Pode ser executado por um sistema fechado ou por um sistema aberto com escoamento em regime permanente. O Ciclo de Carnot 37 Considera-se um sistema fechado composto de um gás dentro de um arranjo pistão-cilindro adiabático. O isolamento do cabeçote do cilindro é feito de tal maneira que o mesmo pode ser removido para colocar o cilindro em contato com diferentes reservatórios para efetuar transferências de calor. O Ciclo de Carnot 38 Os quatro processos reversíveis que formam o ciclo de Carnot são: Expansão isotérmica reversível Expansão adiabática reversível Compressão isotérmica reversível Compressão adiabática reversível O Ciclo de Carnot 39 Expansão isotérmica reversível (processo 1-2, TH = constante). Inicialmente (estado 1) a temperatura do gás é TH e o cabeçote do cilindro está em contato íntimo com uma fonte à temperatura TH . Deixa-se o gás expandir lentamente, realizando trabalho sobre a vizinhança. À medida que o gás se expande, a temperatura do gás tende a diminuir. O Ciclo de Carnot 40 Expansão isotérmica reversível (processo 1-2, TH = constante). Assim que a temperatura cai de uma quantidade infinitesimal dT, calor é transferido do reservatório para o gás, elevando a temperatura do gás para TH. Desse modo, a temperatura do gás é mantida constante. Como a diferença entre o gás e o reservatório é infinitesimal, o processo de transferência de calor é reversível. O Ciclo de Carnot 41 Expansão isotérmica reversível (processo 1-2, TH = constante). O processo continua até que o pistão atinja a posição 2 e o calor total transferido para o gás durante o processo é QH . O Ciclo de Carnot 42 Expansão adiabática reversível (processo 2-3, a temperatura cai de TH para TL ). No estado 2, o reservatório que estava em contato com o cabeçote do cilindro é removido e substituído por um isolamento (sistema adiabático). O gás continua a se expandir lentamente, realizando trabalho sobre a vizinhança até que sua temperatura caia de TH para TL (estado 3). O Ciclo de Carnot 43 Expansão adiabática reversível (processo 2-3, a temperatura cai de TH para TL ). O pistão não tem atrito e o processo é de quase-equilíbrio → processo reversível e adiabático. O Ciclo de Carnot 44 Compressão isotérmica reversível (processo 3-4, TL = constante) No estado 3, o isolamento do cabeçote é removido e o cilindro é colocado em contato com um sumidouro à temperatura TL . Agora o pistão é empurrado por uma força externa, realizando trabalho sobre o gás. Quando o gás é comprimido, sua temperatura tende a se elevar. O Ciclo de Carnot 45 Compressão isotérmica reversível (processo 3-4, TL = constante) Assim que se eleva de uma quantidade infinitesimal dT, calor é transferido do gás para o sumidouro. Isto faz com que a temperatura do gás caia para TL . Deste modo, a temperatura do gás permanece constante a TL. Como a diferença de temperatura entre o gás e o sumidouro nunca excede um valor infinitesimal dT, o processo de transferência de calor é reversível. O Ciclo de Carnot 46 Compressão isotérmica reversível (processo 3-4, TL = constante) O processo continua até que o pistão atinja o estado 4 e o calor total rejeitado pelo gás durante o processo é QL . O Ciclo de Carnot 47 Compressão adiabática reversível (processo 4-1, a temperatura se eleva de TL para TH). O estado 4 é tal que, quando o reservatório a baixa temperatura é removido, o isolamento é recolocado no cabeçote do cilindro. O gás é comprimido de maneira reversível e volta ao seu estado inicial (estado 1). O Ciclo de Carnot 48 Compressão adiabática reversível (processo 4-1, a temperatura se eleva de TL para TH). A temperatura sobe de TL para TH durante este processo de compressão adiabática reversível, completando o ciclo. O Ciclo de Carnot 49 O diagrama P-V do ciclo é mostrado abaixo: O Ciclo de Carnot 50 A área sob a curva do processo representa o trabalho de fronteira de processos de quase-equilíbrio (internamente reversíveis). A área sob a curva 1-2-3 é o trabalho realizado pelo gás durante a expansão. A área sob a curva 3-4-1 é o trabalho realizado sobre o gás durante a compressão. A área compreendida pelas curvas do ciclo (1-2-3-4-1) é a diferença entre as duas áreas e representa o trabalho líquido realizado durante o ciclo. O Ciclo de Carnot 51 Por ser um ciclo reversível, o ciclo de Carnot é o mais eficiente a operar entre dois limites de temperatura especificados. Mesmo que ele não possa ser executado na realidade, a eficiência dos ciclos reais pode ser melhorada com tentativas de fazê-los se aproximar o máximo possível do ciclo de Carnot. O Ciclo de Carnot 52 O ciclo da máquina térmica de Carnot é reversível. Portanto, todos os processos que o formam podem ser invertidos. Neste caso ele se torna o ciclo de Carnot de refrigeração. O ciclo é basicamente o mesmo, invertendo apenas as direções das interações de calor e trabalho. O Ciclo de Carnot 53 Uma quantidade de calor QL é removida do reservatório a baixa temperatura. Uma quantidade de calor QH é rejeitada para um reservatório a alta temperatura. Trabalho líquido Wlíq,e é necessário para realizar o ciclo. O Ciclo de Carnot 54 Os Princípios de Carnot A Segunda Lei da Termodinâmica impõe limites à operação dos dispositivos cíclicos, conforme expresso pelos enunciados de Kelvin-Planck e de Clausius. Uma máquina térmica não pode operar trocando calor com um único reservatório e um refrigerador não pode operar sem fornecimento líquido de energia de uma fonte externa. Pode-se extrair conclusões valiosas desses enunciados. Os Princípios de Carnot 56 56 Duas conclusões referentes à eficiência térmica de máquinas térmicas reversíveis e irreversíveis (ou seja, reais) são conhecidas como princípios de Carnot. A eficiência de uma máquina térmica irreversível é sempre menor que a eficiência de uma reversível operando entre os mesmos dois reservatórios. A eficiência de todas as máquinas térmicas reversíveis operando entre os mesmos dois reservatórios é a mesma. Os Princípios de Carnot 57 Os Princípios de Carnot 58
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