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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO COLEGIADO DE ENFERMAGEM DOCENTE: ADAUTO ALMEIDA NETO, PHD; MSC. DISCIPLINA: PROCESSOS PATOLÓGICOS GERAIS PATOLOGIAS DO SISTEMA NERVOSO PETROLINA – PE 2017 2 PATOLOGIAS DO SISTEMA NERVOSO Andrezza Santana Bezerra da Silva; Gemima Esthefanes A. de Souza Gomes; Maiane Rodrigues da Silva; Valéria Rodrigues de Sousa; Raíssa Isabella Pereira de Souza Madureira; Wanderson Lima Dantas e Santos PATOLOGIAS DO SISTEMA NERVOSO Petrolina – PE 2017 Trabalho solicitado pelo professor Adauto Almeida Neto, Phd; Msc. para a turma do terceiro período de enfermagem, campus Petrolina, em prol da terceira nota da disciplina de Processos Patológicos Gerais. 3 PATOLOGIAS DO SISTEMA NERVOSO Andrezza Santana Bezerra da Silva; Gemima Esthefanes A. de Souza Gomes; Maiane Rodrigues da Silva; Valéria Rodrigues de Sousa; Raíssa Isabella Pereira de Souza Madureira; Wanderson Lima Dantas e Santos¹ RESUMO O presente trabalho tem como objetivo, detalhar algumas doenças que acometem o sistema nervoso. Vamos conhecer em que consistem, seus sintomas, seu tratamento, a quem afetam e como as prevenir. Também contribuiremos dados muito interessantes com respeito à cada uma das doenças que podem servir como uma prevenção no aparecimento destas enfermidades, evitando maiores problemas. Enfatizaremos algumas das patologias que mais acometem, são elas: Esclerose Múltipla, Parkinson, Huntigton, Poliomielite, Epilepsia, Alzheimer, Acidente Vascular Cerebral, Epilepsia e Mielopatia. Além de mostrar os riscos que temos ao não cuidarmos devidamente, quando infectados. Este pode ser atacado por vírus, bactérias e parasitas. Consideramos o tema bastante interessante, uma vez que é uma oportunidade de aprofundar mais este tema o que se pode refletir positivamente na compreensão da disciplina de processos patológicos gerais, relacionada com o sistema nervoso. Palavras- chave: Patologias Degenerativas; Enfermagem; Sistema Nervoso ABSTRACT The present work aims to detail some diseases that affect the nervous system. Let us know what they consist of, their symptoms, their treatment, who they affect and how to prevent them. We will also contribute very interesting data regarding each of the diseases that can serve as a prevention in the appearance of these diseases, avoiding major problems. We will emphasize some of the pathologies that most affect, are: Multiple Sclerosis, Parkinson's, Huntigton, Poliomyelitis, Epilepsy, Alzheimer's, Stroke, Epilepsy and Myelopathy. Besides showing the risks that we have when not taking care properly, when infected. This can be attacked by viruses, bacteria and parasites. We consider the subject quite interesting, since it is an opportunity to delve deeper into this theme which can be positively reflected in the understanding of the discipline of general pathological processes, related to the nervous system. Keywords: Degenerative pathologies; Nursing; Nervous system ¹Discentes de Enfermagem, Universidade de Pernambuco, Petrolina, PE, Brasil 4 PATOLOGIAS DO SISTEMA NERVOSO Sumário RESUMO .......................................................................................................................................3 ABSTRACT .....................................................................................................................................3 INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................6 O SISTEMA NERVOSO ...................................................................................................................8 O Sistema Nervoso Central.......................................................................................................8 O Telencéfalo ...........................................................................................................................8 O Diencéfalo (Tálamo E Hipotálamo) .......................................................................................9 O Tronco Encefálico..................................................................................................................9 O Cerebelo .............................................................................................................................10 ESCLEROSE MÚLTIPLA ................................................................................................................11 INTRODUÇÃO .........................................................................................................................11 HISTÓRIA ................................................................................................................................11 PATOLOGIA ............................................................................................................................11 ETIOLOGIA ..............................................................................................................................12 DIAGNÓSTICO.........................................................................................................................12 TRATAMENTOS .......................................................................................................................13 CONSIDERAÇÕES FINAIS .........................................................................................................14 Doença de Parkinson ..................................................................................................................15 História ...................................................................................................................................15 Patologia ................................................................................................................................15 SINAIS E SINTOMAS ................................................................................................................15 TRATAMENTO ........................................................................................................................15 PAPEL DO ENFERMEIRO .........................................................................................................16 DOENÇA DE HUNTINGTON .........................................................................................................17 HISTÓRIA ................................................................................................................................17 PATOLOGIA ............................................................................................................................17 DIAGNÓSTICO.........................................................................................................................18 TRATAMENTO ........................................................................................................................18 EPILEPSIA ....................................................................................................................................20 CAUSAS ..................................................................................................................................20 DIAGNÓSTICO.........................................................................................................................21 TRATAMENTO ........................................................................................................................21CUIDADOS DE ENFERMAGEM ................................................................................................21 5 PATOLOGIAS DO SISTEMA NERVOSO ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (AVC) ......................................................................................23 PATOLOGIA ............................................................................................................................23 SINAIS E SINTOMAS ................................................................................................................23 CAUSAS ..................................................................................................................................24 FATORES DE RISCO: ................................................................................................................24 INTERVENÇÃO DE ENFERMAGEM ..........................................................................................24 DOENÇA DE ALZHEIMER .............................................................................................................26 FATORES DE RISCO .................................................................................................................26 SINTOMAS ...............................................................................................................................26 PROGNÓSTICO .......................................................................................................................27 DIAGNÓSTICO.........................................................................................................................27 BIOMARCADORES...................................................................................................................28 TRATAMENTO ........................................................................................................................28 POLIOMIELITE.............................................................................................................................30 INTRODUÇÃO .........................................................................................................................30 PATOLOGIA ............................................................................................................................30 TRANSMISSÃO ........................................................................................................................30 PREVENÇÃO............................................................................................................................30 TRATAMENTO ........................................................................................................................31 MIELOPATIA ...............................................................................................................................32 INTRODUÇÃO .........................................................................................................................32 CAUSAS ..................................................................................................................................32 TRATAMENTO ........................................................................................................................32 DISCUSSÕES ...............................................................................................................................33 ESCLEROSE MÚLTIPLA ............................................................................................................33 DOENÇA DE PARKINSON ........................................................................................................33 DOENÇA DE HUNTINGTON .....................................................................................................34 EPILEPSIA ................................................................................................................................35 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL ............................................................................................36 ALZHEIMER .............................................................................................................................38 POLIOMIELITE .........................................................................................................................40 MIELOPATIA ...........................................................................................................................40 CONCLUSÃO ...............................................................................................................................42 REFERÊNCIAS ..............................................................................................................................43 6 PATOLOGIAS DO SISTEMA NERVOSO INTRODUÇÃO A principal unidade funcional do Sistema Nervoso Central (SNC) é o neurônio. De todas as células do organismo, os neurônios possuem uma capacidade única de receber, de armazenar e de transmitir as informações. Os neurônios de diferentes tipos e em diferentes locais possuem propriedades distintas, incluindo seus papéis funcionais, a distribuição de suas conexões, os neurotransmissores utilizados e necessidades metabólicas, além dos níveis de atividade elétrica em um determinado momento. Um grupo de neurônios, não necessariamente agrupados em uma região do encéfalo, podem apresentar vulnerabilidade seletiva as várias agressões, uma vez que eles compartilham uma ou mais destas incapaz de realizar divisão celular, a destruição mesmo de um pequeno número de neurônios essenciais para a função específica, pode deixar o indivíduo com déficits neurológicos. As populações de células tronco podem representar um mecanismo potencial de reparo após uma lesão. O SNC é afetado por uma série de distúrbios neurológicos e também responde a agressões comuns (p. ex., isquemia, infecção) de maneira distinta dos outros tecidos. Patologia celular do Sistema Nervoso Central Reações dos Neurônios à lesão. Os neurônios têm estrutura e dimensões que variam consideravelmente tanto ao longo do sistema nervoso como dentro de uma determinada região encefálica. As especializações estruturais associadas à função neuronal incluem as relacionadas à transmissão sináptica, assim como diferenciação axonal e dendrítica. Os neurônios compartilham as vias para responder às lesões, incluindo mecanismos apoptóticos com células de outros tecidos. Durante o desenvolvimento, a apoptose neuronal possui um papel importante na definição do número de neurônios. Estes mecanismos também participam em uma variedade de doenças, incluindo algumas neuro degenerativas. Os padrões principais de lesão neuronal são os seguintes: Lesão neuronal aguda (“neurônios vermelhos”) se refere ao espectro de alterações que acompanha a hipóxia/isquemia aguda do SNC ou outro agressor agudo e reflete a morte celular, ou por necrose ou por apoptose. Neurônios vermelhos são evidentes em preparações de hematoxilina e eosina (HE) em torno de 12 a 24 horas após o evento de hipóxia/isquemia irreversível. Os padrões morfológicos consistem em retração do corpo celular, picnose do núcleo, desaparecimento do nucléolo e perda da substância de Nissl, com intensa eosinofilia no citoplasma. Lesão neuronal subaguda e crônica (“degeneração”) se refere à morte neuronal que ocorre como resultado de um processo de doença progressiva de alguma duração, como observado em determinadas doenças neurológicas de desenvolvimento lento, como a esclerose lateral aminotrófica (ELA). O padrão histológico característico é a perda celular, frequentemente envolvendo de formaseletiva grupos de neurônios funcionalmente relacionados, e glicose reativa. Quando o processo está em um estágio inicial, a perda celular é difícil de ser detectada. As alterações gliais reativas associadas são com frequência, o melhor indicador do processo patológico. Para muitas destas doenças, existe evidência de que a perda celular ocorre devido à apoptose. A degeneração neuronal transsináptica é observada quando existe um processo destrutivo que interrompe e maioria das aferências de um grupo de neurônios. Reação axonal se refere à reação no interior do corpo celular eu auxilia a regeneração do axônio. Ela é melhor observada nas células do corno anterior da medula espinal quando os axônios motores são seccionados ou gravemente danificados. Ocorre um 7 PATOLOGIAS DO SISTEMA NERVOSO aumento da síntese de proteínas associadas ao brotamento axonal. Isto se reflete no aumento do tamanho e arredondamento do corpo celular deslocamento periférico do núcleo, aumento do tamanho do nucléolo e dispersão da substancia de Nissl do centro para a periferia da célula (cromatólise central). O dano neuronal pode estar associado a uma grande variedade de alterações subcelulares nas organelas neuronais e no citoesqueleto. As inclusos neuronais podem ocorrer como uma manifestação do processo de envelhecimento com o depósito intracitoplasmático de lípides complexos (lipofuscina), proteínas ou carboidratos. O depósito citoplasmático anormal de lípides complexos e de outras substancias também ocorre em distúrbios do metabolismo geneticamente determinados, no qual os substratos ou intermediários se acumulam. A infecção viral pode levar a inclusões intranucleares anormais, como observadas na infecção viral pode levar a inclusões intranucleares anormais, como as observadas na infecção herpética (corpúsculo de Cowdry),inclusões citoplasmática, como as observadas na raiva (corpúsculo de Negri),ou tanto o núcleo quanto o citoplasma na infecção por citomegalovirus (CMV). Algumas doenças degenerativas do SNC estão associadas a inclusões intracitoplasmáticas, como os emaranhados neurofibrilares na doença de Alzheimer e os corpúsculos de Lewy na doença de Parkinson. Outras doenças causam vacuolização anormal do pericárdio e do neurópilo de processos celulares neuronais (doença de Creutzeldt-Jakob). Estes agregados são altamente resistentes à degradação, contem proteínas com conformação alterada, e podem resultar de mutações que afetam o enovelamento da proteína, sua ubiquitinização e o seu tráfego intracelular. Pode-se citar estes distúrbios como proteinopatias. Existem evidências em muitas destas doenças que os agregados visíveis não são a base da lesão celular; ao contrário, pequenos multímeros das proteínas (olligômeros) seriam os mediadores críticos do dano. 8 PATOLOGIAS DO SISTEMA NERVOSO O SISTEMA NERVOSO O SNC recebe, analisa e integra informações. É o local onde ocorre a tomada de decisões e o envio de ordens. O SNP carrega informações dos órgãos sensoriais para o sistema nervoso central e do sistema nervoso central para os órgãos efetores (músculos e glândulas). O Sistema Nervoso Central O SNC divide-se em encéfalo e medula. O encéfalo corresponde ao telencéfalo (hemisférios cerebrais), diencéfalo (tálamo e hipotálamo), cerebelo, e tronco cefálico, que se divide em: BULBO, situado caudalmente; MESENCÉFALO, situado cranialmente; e PONTE, situada entre ambos. No SNC, existem as chamadas substâncias cinzenta e branca. A substância cinzenta é formada pelos corpos dos neurônios e a branca, por seus prolongamentos. Com exceção do bulbo e da medula, a substância cinzenta ocorre mais externamente e a substância branca, mais internamente. Os órgãos do SNC são protegidos por estruturas esqueléticas (caixa craniana, protegendo o encéfalo; e coluna vertebral, protegendo a medula - também denominada raque) e por membranas denominadas meninges, situadas sob a proteção esquelética: dura-máter (a externa), aracnóide (a do meio) e pia- máter (a interna). Entre as meninges aracnóide e pia-máter há um espaço preenchido por um líquido denominado líquido cefalorraquidiano ou líquor. O Telencéfalo O encéfalo humano contém cerca de 35 bilhões de neurônios e pesa aproximadamente 1,4 kg. O telencéfalo ou cérebro é dividido em dois hemisférios cerebrais bastante desenvolvidos. Nestes, situam-se as sedes da memória e dos nervos sensitivos e motores. Entre os hemisférios, estão os VENTRÍCULOS CEREBRAIS (ventrículos laterais e terceiro ventrículo); contamos ainda com um quarto ventrículo, localizado mais abaixo, ao nível do tronco encefálico. São reservatórios do LÍQUIDO CÉFALO-RAQUIDIANO, (LÍQÜOR), participando na nutrição, proteção e excreção do sistema nervoso. Em seu desenvolvimento, o córtex ganha diversos sulcos para permitir que o cérebro esteja suficientemente compacto para caber na calota craniana, que não acompanha o seu crescimento. Por isso, no cérebro adulto, apenas 1/3 de sua superfície fica "exposta", o restante permanece por entre os sulcos. O córtex cerebral está dividido em mais de quarenta áreas funcionalmente distintas, sendo a maioria pertencente ao chamado neocórtex. Cada uma das áreas do córtex cerebral controla uma atividade específica. hipocampo: região do córtex que está dobrada sobre si e possui apenas três camadas celulares; localiza-se medialmente ao ventrículo lateral. córtex olfativo: localizado ventral e lateralmente ao hipocampo; apresenta duas ou três camadas celulares. neocórtex: córtex mais complexo; separa-se do córtex olfativo mediante um sulco chamado fissura rinal; apresenta muitas camadas celulares e várias áreas sensoriais e motoras. As áreas motoras estão intimamente envolvidas com o controle do movimento voluntário. 9 PATOLOGIAS DO SISTEMA NERVOSO A região superficial do telencéfalo, que acomoda bilhões de corpos celulares de neurônios (substância cinzenta), constitui o córtex cerebral, formado a partir da fusão das partes superficiais telencefálicas e diencefálicas. O córtex recobre um grande centro medular branco, formado por fibras axonais (substância branca). Em meio a este centro branco (nas profundezas do telencéfalo), há agrupamentos de corpos celulares neuronais que formam os núcleos (gânglios) da base ou núcleos (gânglios) basais - CAUDATO, PUTAMEN, GLOBO PÁLIDO e NÚCLEO SUBTALÂMICO, envolvidos em conjunto, no controle do movimento. Parece que os gânglios da base participam também de um grande número de circuitos paralelos, sendo apenas alguns poucos de função motora. Outros circuitos estão envolvidos em certos aspectos da memória e da função cognitiva. O Diencéfalo (Tálamo E Hipotálamo) Todas as mensagens sensoriais, com exceção das provenientes dos receptores do olfato, passam pelo tálamo antes de atingir o córtex cerebral. Esta é uma região de substância cinzenta localizada entre o tronco encefálico e o cérebro. O tálamo atua como estação retransmissora de impulsos nervosos para o córtex cerebral. Ele é responsável pela condução dos impulsos às regiões apropriadas do cérebro onde eles devem ser processados. O tálamo também está relacionado com alterações no comportamento emocional; que decorre, não só da própria atividade, mas também de conexõescom outras estruturas do sistema límbico (que regula as emoções). O hipotálamo, também constituído por substância cinzenta, é o principal centro integrador das atividades dos órgãos viscerais, sendo um dos principais responsáveis pela homeostase corporal. Ele faz ligação entre o sistema nervoso e o sistema endócrino, atuando na ativação de diversas glândulas endócrinas. É o hipotálamo que controla a temperatura corporal, regula o apetite e o balanço de água no corpo, o sono e está envolvido na emoção e no comportamento sexual. Tem amplas conexões com as demais áreas do prosencéfalo e com o mesencéfalo. Aceita- se que o hipotálamo desempenha, ainda, um papel nas emoções. Especificamente, as partes laterais parecem envolvidas com o prazer e a raiva, enquanto que a porção mediana parece mais ligada à aversão, ao desprazer e à tendência ao riso (gargalhada) incontrolável. De um modo geral, contudo, a participação do hipotálamo é menor na gênese (“criação”) do que na expressão (manifestações sintomáticas) dos estados emocionais. O Tronco Encefálico O tronco encefálico interpõe-se entre a medula e o diencéfalo, situando-se ventralmente ao cerebelo. Possui três funções gerais; (1) recebe informações sensitivas de estruturas cranianas e controla os músculos da cabeça; (2) contém circuitos nervosos que transmitem informações da medula espinhal até outras regiões encefálicas e, em direção contrária, do encéfalo para a medula espinhal (lado esquerdo do cérebro controla os movimentos do lado direito do corpo; lado direito de cérebro controla os movimentos do lado esquerdo do corpo); (3) regula a atenção, função esta que é mediada pela formação reticular (agregação mais ou menos difusa de neurônios de tamanhos e tipos diferentes, separados por uma rede de fibras nervosas que ocupa a parte central do tronco encefálico). Além destas 3 funções gerais, as várias divisões do tronco encefálico desempenham funções motoras e sensitivas específicas. Na constituição do tronco encefálico entram corpos de neurônios que se agrupam em núcleos e fibras nervosas, que, 10 PATOLOGIAS DO SISTEMA NERVOSO por sua vez, se agrupam em feixes denominados tractos, fascículos ou lemniscos. Estes elementos da estrutura interna do tronco encefálico podem estar relacionados com relevos ou depressões de sua superfície. Muitos dos núcleos do tronco encefálico recebem ou emitem fibras nervosas que entram na constituição dos nervos cranianos. Dos 12 pares de nervos cranianos, 10 fazem conexão no tronco encefálico. O Cerebelo Situado atrás do cérebro está o cerebelo, que é primariamente um centro para o controle dos movimentos iniciados pelo córtex motor (possui extensivas conexões com o cérebro e a medula espinhal). Como o cérebro, também está dividido em dois hemisférios. Porém, ao contrário dos hemisférios cerebrais, o lado esquerdo do cerebelo está relacionado com os movimentos do lado esquerdo do corpo, enquanto o lado direito, com os movimentos do lado direito do corpo. O cerebelo recebe informações do córtex motor e dos gânglios basais de todos os estímulos enviados aos músculos. A partir das informações do córtex motor sobre os movimentos musculares que pretende executar e de informações proprioceptivas que recebe diretamente do corpo (articulações, músculos, áreas de pressão do corpo, aparelho vestibular e olhos), avalia o movimento realmente executado. Após a comparação entre desempenho e aquilo que se teve em vista realizar, estímulos corretivos são enviados de volta ao córtex para que o desempenho real seja igual ao pretendido. Dessa forma, o cerebelo relaciona-se com os ajustes dos movimentos, equilíbrio, postura e tônus muscular. 11 PATOLOGIAS DO SISTEMA NERVOSO ESCLEROSE MÚLTIPLA INTRODUÇÃO Esclerose múltipla (EM), ou esclerose em placas também designada por "esclerose disseminada", é uma doença desmielinizante de etiologia ainda desconhecida, caracterizada por uma reação inflamatória na qual são danificadas as bainhas de mielina que envolvem os axónios dos neurónios cerebrais e medulares, levando à sua desmielinização e ao aparecimento de um vasto quadro de sinais e sintomas. A doença manifesta-se geralmente em jovens adultos e é mais frequente em mulheres numa razão de cerca de 3:1. HISTÓRIA A Esclerose Múltipla (EM) começou a ser pesquisada com maior objetividade científica a partir dos primeiros anos do Século XX. Sua identificação, no entanto, foi esboçada desde que Augustus d'Este introduziu, nos anos 1800, a primeira descrição documentada dos sintomas da doença que, para ele, estariam associados a eventos estressantes, como acompanhar um funeral, por exemplo. Em 1844, Cruveilher descreveu pela primeira vez as lesões anatômicas responsáveis pelas manifestações clínicas da EM, enquanto o pesquisador Jean- Martin Charcot confirmou, em 1878, o diagnóstico efetivo da doença e estabeleceu sua definição clínica. A descoberta da Bainha de Mielina, no entanto, somente ocorreu, em 1878, graças aos estudos de Louis Ranvier. Posteriormente, outros pesquisadores contribuíram com investigações mais profundas nesse campo, até demonstrarem a importância da mielina na condução das mensagens ou impulsos nervosos. Mais tarde, no decorrer de 1955, aconteceram dois eventos importantes para a compreensão mais detalhada da Esclerose Múltipla. Os pesquisadores Ross e Reitan demonstraram que os portadores dessa enfermidade apresentavam graves dificuldades em exercer atividades que exigiam força e coordenação motora, além de dificuldades intermediárias na formação de conceitos, mas preservavam sua capacidade de raciocinar e falar. John Kurtzke desenvolveu a primeira escala capaz de classificar os diferentes estágios da Esclerose Múltipla. Uma versão mais atualizada dessa escala é utilizada até hoje: EDSS - Expanded Disabilty Status Scale (Escala Expandida do Estado de Incapacidade). PATOLOGIA A esclerose múltipla é uma doença crônica que ataca principalmente adultos e jovens entre 21 a 40 anos. Se caracteriza por múltiplas áreas de inflamação da substância branca (SNC), desmielinização e cicatrização glial (esclerose). As lesões são, portanto, múltiplas no espaço. Na macroscópica, a aparência externa do cérebro geralmente é normal. Ao corte notam-se numerosas lesões pequenas e irregulares acinzentadas (antigas) ou róseas (recentes) na substância branca dos hemisférios cerebrais e região periventricular, principalmente na porção superior e lateral dos ventrículos laterais. Lesões similares são encontradas no tronco encefálico, cerebelo, nervos ópticos e medula espinhal, com tamanho variando de 1 mm a vários centímetros. E já na 12 PATOLOGIAS DO SISTEMA NERVOSO microscopia, há áreas de destruição, edema e fragmentação da mielina. Os axônios são preservados em sua maioria, mas nas lesões graves estão destruídos. Nas lesões agudas há infiltrado de macrófagos, proliferação de astrócitos, inflamação perivenosa com linfócitos e células plasmáticas. No interior dos fagócitos encontram-se produtos de degradação da mieina. Há predominante perda de oligodendrócitos na fase inicial. Durante a remielinização, que é incompleta, surgem oligodendrócitos imaturos. ETIOLOGIA As causas da doença nãosão muito bem conhecidas. Acredita-se que vários fatores influenciam o aparecimento da doença, tais como a imunidade, o local onde a pessoa vive e a hereditariedade e Infecções virais. Fator Imune O sistema imunológico das pessoas que sofrem de esclerose múltipla não reconhece a mielina como sendo um tecido da própria pessoa, mas como sendo um corpo estranho, sendo assim, o sistema imunológico a ataca e a destrói, da mesma forma que ele faria com qualquer bactéria ou célula cancerígena. Fator Ambiental Há mais relatos da doença em países temperados, mas as pessoas que vivem fora desta zona também podem ser afetadas. Estudos mostram que a maior parte dos doentes passou a infância nestas regiões, por isso acreditamos que o fator ambiental deve ser considerado, apesar de ainda não existirem provas que comprovem esta informação. Fator Hereditário Se o pai ou a mãe de uma determinada pessoa tiver esclerose múltipla, o risco de seu filho desenvolver a doença será multiplicado por 20 a 50. Independentemente dos seus fatores desencadeadores, a doença se traduz por uma destruição da bainha de mielina e por um depósito anormal de tecido conjuntivo. Este, por sua vez, endurece e forma placas visíveis por IRM (Imagens por Ressonância Magnética). Infecções Virais As infecções virais atuam em indivíduos com susceptibilidade genética, onde provocando a resposta autoimune, surge a desmielinização. Portanto, a infecção por vírus pode ser um fator que leve a causa inicial da desmielinização e depois surgem reações inflamatórias, síntese de anticorpos contra o próprio SNC em resposta à infecção primária. DIAGNÓSTICO Sintomas iniciais costumam ser fraqueza, formigamento e dormência em uma membro (braço ou perna); paraparesia espástica (lesão dos motoneurônio superior); neurite retrobulbar levando a diminuição da acuidade visual e até ambliopia ( cegueira temporária); diplopia por paresia do m. reto medial unilateral (estrabismo divergente) ;desequilíbrio, distúrbio esfincteriano (incontinência fecal/urinária). Os sintomas tendem a desaparecer em poucos dias ou semanas. Exame Físico Mental - Apatia falta de julgamento, desatenção, euforia, choro súbito Motor - Sinal de Babinski positivo e clono hiperrreflexia dos reflexos profundos. Reflexos superficiais abdominais estão diminuídos. Ataxia, espasticidade. Tremor de intenção cerebelar, hemiplegia. Tríade de Charcot - Fala escandida, tremor de intenção e nistagmo. É um sinal de doença avançada no cerebelo. Sensorial - Parestesias de mãos e pés, hemianestesia. 13 PATOLOGIAS DO SISTEMA NERVOSO Sinal de Lhérmitte - Flete os pescoço do paciente com força e ele sente um choque na medula. Formas Progressivas Piora clínica contínua, sem surtos ou remissões, no período mínimo de 6 meses e no máximo de 12 meses, com aumento de um ponto na escala de incapacidade. Formas Clínicas Remitente Clínica - Apresenta-se sob a forma de surtos, podendo evoluir com a presença ou não de incapacidade motora. O surto não altera o nível de alteração motora. Primaria Progressiva - Há desde o início, agravamento progressivo dos sinais e sintomas da doença. Secundariamente Progressiva - Começa em geral com surtos e retornos à normalidade, passando depois a evoluir com agravamento dos sintomas e sinais da Esclerose Múltipla. Podem ocorrer surtos, mas sem o retorno à normalidade, pois os sintomas e sinais permanecem em progressão. Diagnósticos por Imagem Padrão outro: Ressonância magnética (RNM) do cérebro e medula espinal. Observa-se placas na substância branca mais comumente periventricular, sendo pretas em T1 e brancas em T2 e em múltiplos locais na medula espinal. SINAIS E SINTOMAS Desequilíbrio - O termo médico para a perda de coordenação chama-se ataxia. Alterações na bexiga e no intestino Tremor Espasmos Alterações da fala Alterações cognitivas Problemas visuais TRATAMENTOS Alopáticos O tratamento alopático, com medicações, para a Esclerose Múltipla se divide em dois Imunomodulação - Usa medicamentos encarregados de "ajustar" o nosso sistema imunológico, diminuindo a ação da doença no organismo. São medicações, como: todos os interferons beta; o acetato de glutirâmer (COPAXONE); e/ou outros, geralmente de uso contínuo. Imunossupressão - Com medicamentos corticóides; quimioterápicos; e/ou outros, geralmente, aplicado através de pulsoterapia(intravenosa). Encarregados de diminuir drasticamente o funcionamento do sistema imunológico, praticamente o "engessando". Na maioria dos casos, são utilizados somente durante os casos de surto da EM, pois o uso contínuo pode causar inúmeros efeitos colaterais. Fisioterapia O objetivo do fisioterapeuta é ajudar o paciente a realizar as atividades da vida diária tão facilmente quanto possível e desse modo melhorar sua qualidade de vida. A Esclerose Múltipla se caracteriza por um progressivo aumento do nível de incapacidade, e a tarefa do fisioterapeuta é maximizar a capacidade funcional do paciente. Isso é obtido por meio de educação, exercício, tratamentos específicos e o fornecimento dos auxílios necessários. O tratamento tradicional (no solo) e a hidroterapia auxiliam a reduzir a progressão do comprometimento dos movimentos. Além disso, fisioterapia respiratória deve fazer parte da rotina dos pacientes com 14 PATOLOGIAS DO SISTEMA NERVOSO esclerose múltipla para diminuir os riscos de infecção e insuficiência pulmonar. É importante que se associe a psicoterapia para minimizar os efeitos psicológicos trazidos pela incapacidade progressiva. Psicológico Conscientização Psicologia positiva Adaptação psicossocial CONSIDERAÇÕES FINAIS Por se tratar de uma patologia pouco definida e sem causa especifica, os profissionais de saúde que estivem em contato com os portadores de EM, devem buscar o máximo de esclarecimento sobre a sua fisiopatologia. Fatores como: ambiental, imune, hereditário e infecções virais, devem receber total atenção para melhor cuidar e tratar os portadores da EM (esclerose múltipla) devida ser uma doença crônica e degenerativa o tempo e a experiência são um dos aliados na melhora e na possível cura dos pacientes, o quanto antes tratar mais chances de ter uma boa sobre vida do indivíduo doente. 15 PATOLOGIAS DO SISTEMA NERVOSO Doença de Parkinson História Em 1817 James Parkinson descrevia pela primeira vez a doença de Parkinson (DP) também chamada de Paralisia Agitante ou Mal de Parkinson É uma doença de distribuição universal e atinge todos os grupos étnicos e classes sócio-econômicas. Estima-se uma prevalência de 100 a 200 casos por 100.000 habitantes. Sua incidência e prevalência aumentam com a idade, a prevalência da DP no Brasil não é conhecida. Patologia É uma doença neuro degenerativa progressiva, ocorre no sistema nervoso(SN) e se caracteriza como uma patologia crônica. Essa doença tem como características principais sinais cardinais de rigidez, acinesia (pela dificuldade progressiva em executar os movimentos automáticos), bradicinesia (movimentos lentificados), tremor e instabilidade postural. O parkinsonismo é definido como uma vasta categoria de doenças que apresentam diminuição na transmissão dopaminérgica dos gângliosda base, os neurônios dopaminérgicos são responsáveis pela produção da dopamina, onde a dopamina é um neurotransmissor responsável pelo controle dos movimentos finos e coordenados, nesta patologia esses neurotransmissores são destruídos lenta e progressivamente. A causa exata do desgaste desses neurotransmissores ainda é desconhecida, mas médicos acreditam que esse desgastes estejam relacionados a uma mistura de fatores ambientais e genéticos. SINAIS E SINTOMAS Esta patologia é típica da velhice, surgindo aproximadamente entre os 40 e 70 anos de idade. Porém também possui uma forma juvenil, extremamente rara, que ocorre em pessoas com menos de 30 anos de idade. O sexo masculino é o mais propenso a ser atingido. Apresenta a incidência de 1% na população com mais de 55 anos de idade e evolui, geralmente, durante um período de 10 a 20 anos, sendo assim uma patologia predominantemente de progressão gradual e curso prolongado. Os sinais e sintomas da Doença de Parkinson são bem característicos, iniciam-se de maneira insidiosa e geralmente assimetricamente evoluindo para manifestações bilaterais com a progressão da doença. Sendo uma Doença de caráter progressivo, a velocidade de evolução da mesma pode ser rápida e mais comumente, de evolução lenta e prolongada. Frequentemente a doença inicia-se com o tremor de repouso, aparecendo depois a rigidez e a bradicinesia, levando a alterações posturais e dificuldades no endireitamento e equilíbrio. Com o aumento da rigidez, a rotação do tronco é diminuída. Devido à lentidão e limitação dos movimentos, estes ficam difíceis de iniciar e cansativos. Ainda não existe um marcador biológico que possa ser utilizado para o diagnóstico dessa patologia, não contamos com recursos laboratoriais ou de imagens que forneça o diagnóstico da doença de Parkinson, o mesmo é dado através do histórico do paciente e também através da solicitação de exames para descartar outras condições que possam estar causando os sintomas. TRATAMENTO A Doença da Parkinson é de natureza progressiva e ainda não possui uma cura. A partir de um tratamento precoce e intenso os sinais e sintomas da doença podem ser amenizados, sendo importante também 16 PATOLOGIAS DO SISTEMA NERVOSO para reduzir ou prevenir complicações secundárias. O tratamento torna-se cada vez menos efetivo com o avanço da idade e da doença. O primeiro tratamento com sucesso para a DP surgiu na década de 60. A introdução da levodopa representou o maior avanço terapêutico na DP, produzindo benefícios clínicos para praticamente todos os pacientes e reduzindo a mortalidade por esta doença. No entanto, logo após a introdução da mesma, se tornou evidente que o tratamento por longo prazo era complicado pelo desenvolvimento de efeitos adversos que incluem flutuações motoras, discinesia e complicações neuropsiquiátricas. Além disso, com a progressão da doença, os pacientes passam a apresentar manifestações que não respondem adequadamente à terapia com levodopa, tais como episódios de congelamento, instabilidade postural, disfunções autonômicas e demência. Existem atualmente vários modos de intervenção farmacológica sintomática: • Levodopa standard ou com formulações de liberação controlada, associados com inibidor da dopadecarboxilase (carbidopa ou benserazida); • Agonistas dopaminérgicos; • Inibidores da monoamino oxidase B (MAO-B): selegilina; • Inibidores da catecol-O-metiltransferase (COMT): tolcapone e entacapone; • Anticolinérgicos; • Antiglutamatérgicos: amantadina. O tratamento dos sintomas deve ser instituído para pacientes com incapacidade funcional causada pelos sintomas da patologia. A definição de incapacidade funcional deve ser considerada com bases individuais, pois existirão distintas implicações funcionais para diferentes indivíduos. A escolha do medicamento mais adequado deverá levar em consideração fatores tais como o estágio da doença, os sintomas presentes, a idade do paciente, as medicações em uso e o custo das mesmas. PAPEL DO ENFERMEIRO O enfermeiro tem um papel fundamental frente à família e o idoso com doença de Parkinson, auxiliando no tratamento e realizando educação em saúde no esclarecimento de dúvidas. O profissional deve valorizar as necessidades diárias do idoso e da família a sua realidade e sentimentos no processo de adaptação frente à doença, estimulando a ter uma qualidade de vida saudável. A família se torna uma grande cuidadora no processo da doença, no qual vivencia todas as mudanças e adaptações no idoso. É importante que a família seja ouvida e valorizada para traçar novos caminhos e tentar amenizar os sintomas e estabelecer um bem-estar físico para o idoso com doença de Parkinson. Dessa forma, se faz necessário que o enfermeiro busque alternativas de amenizar o sofrimento do idoso e da família, através de instrumentos na educação em saúde com outros profissionais para que se sintam seguros e tenham uma melhor qualidade de vida para o parkinsoniano e a família que vivencia essa nova adaptação. 17 PATOLOGIAS DO SISTEMA NERVOSO DOENÇA DE HUNTINGTON HISTÓRIA A doença de Huntington (DH) é uma patologia autossômica dominante, neuro degenerativa descrita como Coréia de Huntington (‘khoreia’ é a palavra grega para dança). A DH é a doença poliglutamínica mais comum e também a melhor estudada. A síndrome foi descrita por George Huntington em 1872. A DH está presente em todo o mundo, porém, em algumas regiões ela tem uma incidência elevada, como na Venezuela. Estima-se que, nos Estados Unidos, entre cinco e dez a cada 100 mil habitantes nasçam com a doença. Não existem dados estatísticos no Brasil para esse distúrbio neurológico. PATOLOGIA É uma doença hereditária que provoca a degeneração progressiva de células nervosas do cérebro, os pacientes apresentam uma expansão da trinca CAG presente na porção 5’do gene IT15 no braço curto do cromossomo 4, resultando na formação de uma proteína funcionalmente alterada. O distúrbio tem sido amplamente estudado nas últimas décadas. Foi inclusive em 1993, pouco mais de cem anos após o primeiro caso oficial da doença, que os cientistas descobriram o gene causador da afecção - localizado no cromossomo 4. Essa doença é causada por uma deficiência genética de um único gene do cromossomo 4. Esse defeito faz com que uma parte do DNA, chamada de sequência CAG (citosina- adenina-guanina), ocorra várias vezes mais do que deveria ocorrer. Normalmente, essa sequência se repete de 10 a 28 vezes. Em pessoas diagnosticadas com a doença de Huntington, no entanto, ela se repete de 36 a 120 vezes. A mutação resulta numa expansão de resíduos de glutamina localizados no terminal amínico da proteína huntingtina. A proteína mutante é expressa de forma ubíqua, em todo o organismo, porém a morte celular surge em áreas específicas do cérebro, particularmente no estriado e no córtex. Por outro lado, a huntingtina mutante é expressa durante toda a vida, mas, na maioria dos casos, o aparecimento dos primeiros sintomas surge apenas na idade adulta, entre os 35 e 50 anos de idade. A doença progride ao longo do tempo e torna-se fatal 15 a 20 anos após o aparecimento dos primeiros sintomas. Clinicamente, a DH caracteriza-se por coréia progressiva, declínio cognitivo e perturbaçõespsiquiátricas. Numa fase precoce podem ser observadas alterações moderadas na execução dos movimentos, dificuldades na resolução de problemas, irritabilidade e depressão. As alterações motoras, associadas à perda de coordenação dos movimentos voluntários, progridem de forma lenta. Os movimentos involuntários dos músculos tornam-se mais graves e os pacientes perdem gradualmente a capacidade para se moverem e, eventualmente, de comunicarem. Os estados mais avançados da doença são também caracterizados por bradicinesia (lentidão anormal dos movimentos voluntários), rigidez severa e por demência. Os pacientes são regularmente avaliados com base na escala funcional UHDRS (do inglês, Unified Huntington’s Disease Rating Scale), desenvolvida em 1996. A morte dos pacientes ocorre geralmente devido a complicações respiratórias infecciosas ou cardiovasculares Nos pacientes com formas juvenis da DH, a sintomatologia é consideravelmente diferente, sendo caracterizada por 18 PATOLOGIAS DO SISTEMA NERVOSO bradicinesia, tremores, rigidez e distonia, e a coréia pode mesmo estar ausente. As crianças afetadas pela DH podem também sofrer ataques epilépticos. A maioria dos pacientes sofre também de caquexia (estado patológico caracterizado por extrema magreza e mau estar geral grave), com emaciação (emagrecimento muito acentuado) a nível muscular e perda de peso, que surgem de forma inexplicável apesar de um consumo calórico elevado. As capacidades cognitivas são grandemente afetadas na DH. O declínio da capacidade intelectual é um dos primeiros sinais de déficit cognitivo em pacientes de Huntington. Alguns casos de DH, o déficit das funções cognitivas pode ser detectado décadas antes do aparecimento dos sintomas motores. As alterações cognitivas tendem a piorar ao longo do tempo, e tal como referido anteriormente, os doentes de Huntington em fase tardia podem apresentar demência severa. Por outro lado, um comportamento maníaco- depressivo e alterações, de personalidade, tais como irritabilidade, apatia e distúrbios sexuais, fazem parte da síndrome psiquiátrica que caracteriza a DH. DIAGNÓSTICO Tendo em conta as características acima descritas, os critérios usados para o diagnóstico da DH incluem: i) Histórico familiar de DH; ii) Déficit motor progressivo associado a coréia ou rigidez sem outra causa definida; iii) Alterações psiquiátricas com demência progressiva, sem outra causa. Atualmente, os indivíduos que apresentam estes sintomas são submetidos ao teste genético, de forma a avaliar a presença da mutação associada à DH e confirmar o diagnóstico. TRATAMENTO A doença de Huntington é uma enfermidade incurável, cuja progressão não pode ser interrompida, sendo que o tratamento é unicamente sintomático. A terapia farmacológica, com drogas bloqueadoras dos receptores dopaminérgicos, como as fenotiazinas ou o haloperidol, pode controlar a discinesia e alguns dos distúrbios comportamentais. O tratamento com haloperidol, em geral, começa com uma dose de 1mg administrada uma ou duas vezes por dia. A dosagem pode ser aumentada a cada três ou quatro dias, conforme necessário. Todavia, esses fármacos podem induzir um quadro de discinesia tardia superposta ao distúrbio crônico, devendo ser utilizados apenas se absolutamente necessários. É sugerido que a coréia só deve ser tratada quando funcionalmente incapacitante, utilizando-se, então, as menores doses possíveis de haloperidol e deixando de medicar em vários dias alternados. A forma juvenil da doença é provavelmente mais bem tratada com medicamentos antiparkinsonianos. O emprego de agentes ansiolíticos e antidepressivos pode ser útil em alguns pacientes. A diminuição do desempenho no trabalho, a incapacidade de lidar com as responsabilidades domésticas, a depressão, a irritabilidade e o descontrole emocional são manifestações freqüentes nos pacientes com DH. A magnitude do quadro clínico determina notável redução da qualidade de vida dos doentes podendo, também, abalar a estrutura familiar do paciente. A complexidade dos distúrbios apresentados na DH exige o emprego de abordagens terapêuticas abrangentes, sendo recomendado, além dos cuidados médicos, a utilização de terapias incluindo integração sensorial, ocupacional e física. Os aspectos genéticos da DH devem ser discutidos com franqueza com os pacientes para fornecer 19 PATOLOGIAS DO SISTEMA NERVOSO um aconselhamento tanto ao doente quanto a seus familiares. Aprender a lidar melhor com a doença de Huntington é importante não só para o paciente, mas também para a família e para as demais pessoas que convivem com ele. Conforme a doença progride, sem um tratamento eficiente, a pessoa se torna cada vez mais dependente dos outros. A DH é uma patologia crônica-degenerativa que torna o indivíduo totalmente dependente da família. É uma doença pouco discutida dentro da graduação devido a sua baixa incidência na população, mas seu impacto social lhe garante um expressivo destaque dentre as morbidades que necessitam de uma intervenção multiprofissional.A família é essencial para o cuidado desses pacientes e a enfermagem deve estar preparada para a atenção integral a esses indivíduos, baseando-se na sistematização do cuidar. 20 PATOLOGIAS DO SISTEMA NERVOSO EPILEPSIA É uma alteração na atividade elétrica no cérebro que produz manifestações motoras, sensitivas, psíquicas ou neurovegetativas. Durante uma crise epiléptica, popularmente conhecida como convulsão, os neurônios do cérebro podem funcionar, de forma incontrolável, até quatro vezes mais rápido que o normal, afetando temporariamente a forma com que a pessoa se comporta, locomove, pensa ou sente. A Epilepsia pode ser dividida em dois grupos: crises parciais e crises generalizadas. Crises Parciais Disfunção temporária de uma pequena parte do cérebro. Ocorre quando os impulsos elétricos ficam restritos a apenas uma região do cérebro. Pode ser crise parcial simples no qual ocorre sem alteração do nível de consciência do paciente, e pode ser crise parcial complexa onde o paciente normalmente apresenta comportamentos e movimentos repetidos como andar em círculos, ficar puxando a roupa, virar a cabeça de um lado para o outro. As crises costumam durar em média 1 minuto. Crises Generalizadas Disfunção envolvendo os dois hemisférios do cérebro. A crise convulsiva mais comum, que também é conhecido como ataque epilético, é a crise Tônico Crônica, aonde a pessoa apresenta rapidamente uma súbita rigidez dos músculos e cai inconscientemente, a partir daí segue-se uma sequência de movimentos rítmicos e rápidos dos membros além do mesmo salivar podendo até mesmo morder a língua durante a crise. CAUSAS As causas para epilepsia podem ser várias visto que vários fatores podem lesar os neurônios, ou células nervosas. A causa pode ser uma lesão no cérebro, decorrente de uma forte pancada na cabeça, uma infecção (meningite, por exemplo), neurocisticercose (“ovos de solitária” no cérebro), tumores cerebrais, condições genéticas (esclerose tuberosa, por exemplo), problemas circulatórios no cérebro, abuso de bebidas alcoólicas,de drogas, etc. Todavia, em aproximadamente 70% dos casos, não é possível conhecer a causa específica da epilepsia. As crises epilépticas podem ser desencadeadas por nervosismo, privação de sono, mudanças súbitas da intensidade luminosa, ansiedade, cansaço. 21 PATOLOGIAS DO SISTEMA NERVOSO DIAGNÓSTICO O diagnóstico é feito través de exames de imagem como a Tomografia Computadorizada pode se identificar lesões no cérebro. Há também o Eletroencefalograma que ajuda no diagnóstico, mas deve ser feito preferencialmente durante a crise. TRATAMENTO O tratamento para o epilético deve ser medicamentoso, com o objetivo de controlar a atividade anormal dos neurônios, diminuindo as cargas cerebrais anormais. Talvez com o uso de diversas medicações não sejam suficientes para se controlar essa atividade anormal dos neurônios, nesse caso é indicada ao paciente uma cirurgia que consiste na retirada da parte da lesão ou das conexões cerebrais que levam a propagação das descargas anormais. O tratamento pode ser feito com medicamentos tais como; Hidantal - Ácido orgânico fraco pouco solúvel. Interfere no transporte de sódio através da membrana neuronal. Carbamazepina (Tegretol) - Bloqueia os canais de sódio a nível pré e pós sináptico. Valproato de sódio - Interfere na condutância de sódio e aumenta a inibição neuronal. Fenobarbital (Gardenal) - Induz as enzimas do citocromo. Clonazepam - Inibição leve das funções do sistema nervoso central permitindo ação anticonvulsivante. Como proceder durante as crises: Coloque a pessoa deitada de costas, em lugar confortável, retirando de perto objetos com que ela possa se machucar, como pulseiras, relógios, óculos; Introduza um pedaço de pano ou um lenço entre os dentes para evitar mordidas na língua; Levante o queixo para facilitar a passagem de ar; Afrouxe as roupas; Caso a pessoa esteja salivando muito, mantenha-a deitada com a cabeça voltada para o lado, evitando que ela se sufoque com a própria saliva; Quando a crise passar, deixe a pessoa descansar; Verifique se existe pulseira ou outra identificação médica de emergência que possa sugerir a causa da convulsão; Nunca segure a pessoa (deixe-a debater-se); Não dê tapas; Não jogue água sobre ela. CUIDADOS DE ENFERMAGEM Posicionamento correto do doente durante a crise convulsiva (Posicionamento em decúbito lateral para facilitar a drenagem da saliva e evitar aspiração). Evitar entrar em pânico, proporcionando ao doente um 22 PATOLOGIAS DO SISTEMA NERVOSO ambiente calmo e seguro. Deve observar e registrar a evolução dos sinais e sintomas na crise e não realizar qualquer tentativa para restringir a movimentação do doente, já que tal procedimento pode causar-lhe lesões. Importante registrar o início e duração da crise, onde começaram os movimentos ou se a postura é de rigidez, posição dos globos oculares e desvio da cabeça, tamanho das pupilas, avaliar o estado de consciência e verificar se houve incontinência de esfíncteres e se após a crise verificar se há confusão, paralisia ou fraqueza muscular. Pedir ajuda quando o ataque epiléptico se prolonga durante muito tempo, ou as convulsões são repetidas e diferentes de outras vezes, deve recorrer com urgência ao Hospital. Durante uma crise convulsiva o principal objetivo é prevenir traumatismos físicos ou psicológicos ao doente. 23 PATOLOGIAS DO SISTEMA NERVOSO ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (AVC) PATOLOGIA O AVC é uma redução repentina da circulação sanguínea no cérebro, sendo assim é interrompido ou diminuído o suprimento de oxigênio no cérebro, levando a lesão ou necrose de tecidos cerebrais. Por isso é essencial que a circulação volte ao normal o mais rápido possível. Geralmente quem sofre um AVC tem lesões e incapacidades permanentes e pode ter uma recidiva. Apesar de acometer idosos com maior frequência, o AVC pode ocorrer em qualquer idade, principalmente em homens. Aproximadamente 80% dos acidentes vasculares cerebrais (AVC) são causados por um baixo fluxo sanguíneo cerebral (isquemia) e outros 20% por hemorragias tanto intraparenquimatosas como subaracnóideas (Neto 2002). Existem dois tipos de AVC: Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCI) quando o suprimento de sangue para uma parte do cérebro é interrompido subitamente e Acidente Vascular Hemorrágico (AVCH) quando um vaso sanguíneo no cérebro rompe, extravasando seu conteúdo e dando origem a um hematoma, ou coágulo, que provoca sofrimento no tecido cerebral. Nos dois tipos de AVC uma vez que o sangue, contendo nutrientes e oxigênio, não chegam a determinadas áreas do cérebro, ocorre a perda das funções dos neurônios, causando os sinais e sintomas que dependerão da região do cérebro envolvida. SINAIS E SINTOMAS Os sinais e sintomas do AVC se iniciam de forma súbita e podem ser únicos ou combinados, de acordo com a lista abaixo: Enfraquecimento, adormecimento ou paralisação da face, braço ou perna de um lado do corpo. Alteração de visão: turvação ou perda da visão, especialmente de um olho; episódio de visão dupla; sensação de "sombra" sobre a linha da visão. Dificuldade para falar ou entender o que os outros estão falando, mesmo que sejam as frases mais simples. Tontura sem causa definida, desequilíbrio, falta de coordenação no andar ou queda súbita, geralmente acompanhada pelos sintomas acima descritos. Dores de cabeça fortes e persistentes. Dificuldade para engolir. 24 PATOLOGIAS DO SISTEMA NERVOSO CAUSAS As principais causas do AVC são trombose, embolia e hemorragias cerebrais, respectivamente. Na trombose ocorre obstrução de um vaso sanguíneo, geralmente extra cerebrais, sendo mais comum na meia-idade e em idosos. A embolia não apresenta Sinai premonitório, o êmbolo se forma num tempo de 10 a 20 segundos, geralmente na artéria cerebral média, pode ocorrer em qualquer idade, com especial atenção aos pacientes cardiopatas, com endocardites e arritmias. Nas hemorragias cerebrais ocorre ruptura súbita de uma artéria cerebral provocada por aneurismas ou hipertensão crônica, e pode ocorrer repentinamente em qualquer idade. FATORES DE RISCO: A hipertensão arterial é o principal fator de risco. A seguir, vêm o diabetes, as doenças cardíacas e o tabagismo. A hipertensão arterial provoca alterações nas paredes das artérias que não são necessariamente do mesmo tipo. No caso da isquemia, a longo prazo, ocorre o processo de aterosclerose, ou seja, a deposição de gordura e cálcio na parede do vaso que vai endurecendo lentamente. Desse modo, as placas de aterosclerose vão estreitando a luz do vaso por onde o sangue corre até gerar uma trombose, isto é, o sangue coagula dentro do vaso e interrompe a circulação sanguínea. Portanto, a hipertensão arterial é fator de risco para a aterosclerose, que é fator de risco para o AVC isquêmico. Nos acidentes hemorrágicos, a hipertensão arterial é responsável pela fragilidade de alguns pequenos vasos dentro do cérebro que, com o decorrer do tempo, podem romper-se e provocar sangramento comprometendo a região em que se localizam. As sequelas mais comuns são hemiparesia (paralisia branda de uma das partes do corpo), alterações visuais,da fala e da memória. Em geral, o tratamento inclui reabilitação física, dieta e fármacos para reduzir os fatores de risco, e em alguns casos, cirurgia e cuidados que ajudem ao cliente a adaptar- se a déficits específicos. Os fármacos utilizados são: anticonvulsivantes como fenobarbital ou fenitoína; emolientes fecais, para evita esforço ao defecar; corticóides para diminuir o edema cerebral; analgésicos em caso de cefaléia por AVC hemorrágico; anticoagulantes como heparina, warfarina e ácido acetilsalicílico em AVC relacionado a tombo ou êmbolo; Dipiridamol que reduz a agressão plaquetária. INTERVENÇÃO DE ENFERMAGEM Na fase aguda deve-se afrouxar as roupas apertadas e manter a 25 PATOLOGIAS DO SISTEMA NERVOSO oxigenação adequada; caso o cliente esteja inconsciente ele deve ser deitada em posição de segurança, se necessário, aspirar as secreções; auxiliar na introdução de uma via respiratória artificial e administrar oxigênio suplementar, se for necessário. Oferecer a cada 2 horas o urinol ou a comadre, em caso de incontinência urinária, oferecer a cada hora, caso seja de extrema necessidade, utilizar cateter urinário, utilizar-se de cuidados para evitar infecção. Evite que o cliente faça esforço para defeca, modifique a dieta do cliente, utilize emolientes fecais e, se necessário, laxantes; se o cliente vomitar deve-se mantê-lo em posição de segurança. A higiene oral deve ser completa e cuidadosamente feita, se o cliente utilizar próteses dentárias elas devem ser bem limpas. A higiene ocular também deve ser feita cuidadosamente, utilize colírios de acordo com a prescrição e aplique tampão se o cliente não for capaz de fechar a pálpebra. Administrar os fármacos de acordo com a prescrição médica. Deve ser feitas atividades de mobilização ativa e passiva tanto com o lado normal quanto com o lado afetado. A comunicação com o cliente deve ser mantida, mesmo se ele estiver afásico. E lembre-se sempre de que mesmo que ele não posa falar ele pode ouvir! Preparar o cliente para cirurgia se houver indicação. 26 PATOLOGIAS DO SISTEMA NERVOSO DOENÇA DE ALZHEIMER O mal de Alzheimer é uma doença de lenta e progressiva evolução, que destrói as funções mentais importantes, levando o paciente à demência, um termo usado para indicar que o indivíduo perdeu suas capacidades de raciocínio, julgamento e memória, tornado dependente de apoio nas suas atividades diárias. O mal de Alzheimer é a causa mais comum de demência, sendo responsável por mais de 60% dos casos. Na doença de Alzheimer, os neurônios e suas conexões se degeneram e morrem, causando atrofia cerebral e declínio global na função mental. Apesar de já termos reconhecido diversos fatores de risco, a exata causa do mal de Alzheimer ainda é um mistério. Acredita-se que o acúmulo nos neurônios de uma proteína chamada beta amiloide e de outra chamada tau seja o fator responsável pelo desencadeamento da doença. O porquê destas substâncias se acumularem em umas pessoas e não em outras ainda precisa ser elucidado. FATORES DE RISCO O maior fator de risco para o mal de Alzheimer é a idade avançada. Após os 65 anos, a chance de se desenvolver Alzheimer dobra a cada cinco anos, fazendo com que 40% das pessoas acima de 85 anos tenham a doença. Raramente, o mal de Alzheimer surge antes dos 60 anos de idade. Curiosamente, os pacientes que chegaram aos 90 anos sem sinais da doença apresentam baixo risco de desenvolvê-la posteriormente. Além da idade, outro fator de risco importante é a história familiar. Pessoas com familiares de primeiro grau com Alzheimer apresentam maior risco de também tê-lo, evidenciando um papel importante da carga genética. O mal de Alzheimer é 2 vezes mais comum em negros do que em brancos; também é mais comuns em mulheres do que em homens. Alguns outros fatores também parecem aumentar os riscos de desenvolvimento do Alzheimer, entre eles: Sedentarismo. Tabagismo Hipertensão arterial Colesterol elevado Diabetes mellitus Depressão após os 50 anos de idade. De forma oposta, alguns fatores relacionados à estimulação do cérebro parecem reduzir o risco do desenvolvimento do Alzheimer, tais como: Grau de escolaridade elevado. Trabalhos que são intelectualmente estimulantes. Leitura frequente. Tocar instrumentos musicais. Interação social frequente. SINTOMAS Como a doença de Alzheimer é a principal causa de demência no mundo, e a demência é a principal caraterística clínica da doença de Alzheimer, vale a pena gastarmos algumas linhas explicando o conceito de demência. A demência é uma síndrome, ou seja, um conjunto de sinais e sintomas relacionados à deterioração das capacidades intelectuais do paciente. Além da doença de Alzheimer, é também comum a ocorrência de demência em pacientes com múltiplos AVC, doença de Parkinson, alcoolismo crônico, traumas cranianos, deficiência de vitaminas, hipotireoidismo grave, tumor cerebral e algumas outras doenças neurológicas. A síndrome demencial apresenta três características básicas: – Alterações da memória. – Alterações da capacidade intelectual, incluindo dificuldades com raciocínio lógico, linguagem, escrita, organização do pensamento, interpretações dos estímulos visuais, planejar e realizar tarefas complexas, etc. – Alterações de comportamento, como perda da inibição, agitação e alucinações, etc. A demência é uma síndrome de instalação lenta e progressiva, que muitas vezes passa despercebida 27 PATOLOGIAS DO SISTEMA NERVOSO em estágios iniciais. É comum o paciente idoso com demência em fases precoces ter suas alterações tratadas como “coisas normais da idade”. É importante salientar que pequenos esquecimentos são comuns e ocorrem com todas as pessoas, principalmente em períodos de maior estresse ou cansaço. Todavia, quando os lapsos de memória começam a ocorrer com frequência e são importantes, como esquecer o próprio endereço, sair de casa e perder-se, esquecer nomes de pessoas familiares, etc., devemos acender um sinal de alerta. Se junto com a perda frequente e progressiva de memória para fatos recentes, o idoso também apresentar alterações do comportamento social, como apatia e tendência a isolar-se, além de períodos de confusão, como guardar sal na geladeira ou as chaves de casa no armário dos alimentos, a demência deve ser uma hipótese a ser considerada. O esquecimento da demência é diferente do esquecimento comum do dia a dia. Uma pessoa pode esquecer de uma reunião agendada, mas quando alguém a avisa, ela lembra-se de tê-la marcado. O paciente com Alzheimer esquece a reunião e nem sequer lembra-se de tê-la alguma vez marcada, mesmo que a veja escrita com sua letra em uma agenda. Nas fases iniciais da doença de Alzheimer, o próprio paciente não consegue reconhecer estes déficits neurológicos, arranjando sempre uma desculpa para justificar estas falhas. Como o paciente não se dá conta da doença, muitas vezes os familiares também demoram a valorizar as alterações. Conforme a demência avança, a família começa a notar que os sinais e sintomas começam a ficar muito evidentes e já não mais se encaixam no que as pessoas consideram natural para idade. Os pacientes com doença de Alzheimer em fases mais avançadas podem apresentar apatia, depressão ou agressividade, lê coisas e não consegue interpretá-las, é incapaz de fazer cálculos, não consegue nomear objetos e não reconhece pessoas familiares. Com o tempo, passa a ser incapaz de realizartarefas básicas, como se vestir e tomar banho. O paciente torna-se desorientado no tempo e no espaço, não sabendo indicar a data atual nem identificar geograficamente onde se encontra. Perda das inibições é outro sintoma comum do Alzheimer. O paciente pode mostrar sua genitália em público, acusar pessoas de roubarem seus objetos, falar palavrões ou obscenidades indiscriminadamente, ou insultar os outros sem motivo aparente. PROGNÓSTICO A doença de Alzheimer é uma doença que inexoravelmente progride. Existem casos de Alzheimer por mais de duas décadas e casos de pacientes com rápida evolução em apenas dois ou três anos. Muitas vezes é difícil estabelecer retrospectivamente uma data para o início dos sintomas, o que atrapalha na hora de se avaliar o tempo de progressão da doença. Sabe-se, entretanto, que uma vez estabelecido o diagnostico do mal de Alzheimer, a expectativa de vida do paciente costuma ser ao redor de três a oito anos. O que leva o paciente ao óbito não é a doença em si, mas sim suas complicações, como acidentes e quedas com traumatismos cranianos, dificuldade em engolir, que o ocasiona broncoaspiração e desnutrição, e restrição ao leito, que favorece o surgimento de infecções e escaras. A pneumonia e a infecção urinária costumam ser os principais tipos de infecção do paciente com Alzheimer. Quanto maior forem os cuidados fornecidos pela família, muitas vezes com auxílio de enfermagem e fisioterapia, maior costuma ser a qualidade e o tempo de sobrevida destes pacientes. DIAGNÓSTICO O diagnóstico definitivo da doença de Alzheimer é feito com biópsia do tecido cerebral, o que, por razões óbvias, é raramente realizado na prática clínica. Em mais de 90% dos casos, o diagnóstico é baseado em dados clínicos; análises de sangue e exames de imagens ajudam a descartar outras causas de demência, mas não estabelecem o diagnóstico de doença de Alzheimer. Da mesma forma, exames de imagem, como a ressonância magnética ou a tomografia computadorizada do 28 PATOLOGIAS DO SISTEMA NERVOSO crânio também não ajudam a fechar o diagnóstico. Existem testes simples para documentar e acompanhar alterações da capacidade mental dos pacientes. O mais famoso e usado é o mini-mental, que é um questionário de 30 questões agrupadas em 10 seções, na qual as seguintes características são avaliadas: – Orientação espaço-temporal (capacidade de reconhecer onde está e em que data estamos). – Capacidade de atenção, concentração e memória. – Capacidade de abstração e realização de cálculos simples. – Linguagem e percepção visual-espacial. – Capacidade de seguir instruções básicas. São critérios para o diagnóstico clínico do mal de Alzheimer: – Demência atestada pelo exame clínico e por testes padronizados, como o mini mental. – Déficit em duas ou mais áreas cognitivas (memória, linguagem, raciocínio, concentração, juízo, pensamento, etc.). – Piora progressiva dos déficits cognitivos. – Início após 40 anos e antes dos 90 anos. – Ausência de outra doença neurológico ou sistêmica que cause déficits cognitivos. Os critérios acima conseguem identificar corretamente a doença de Alzheimer em até 90% dos casos. BIOMARCADORES Recentemente foram descobertos alguns biomarcadores que indicam o acúmulo de proteína beta-amilóide e da proteína tau no sistema nervoso dos pacientes com Alzheimer. Esses marcadores podem ser identificados através do exame do líquido cefalorraquidiano ou por um exame de imagem chamado PET (Tomografia por Emissão de Positrões). Os biomarcadores ainda estão em fase em estudo e sozinhos não servem para estabelecer o diagnóstico. A sua presença em pacientes com quadro clínico sugestivo de Alzheimer, porém, é mais um fator que fala a favor do diagnóstico. TRATAMENTO a) Cuidados básicos Uma questão importante para familiares ou cuidadores de pacientes com Alzheimer é mantê- lo afastado de atos e situações inseguras. Como muitas pessoas com demência não percebem que o seu funcionamento mental está afetado, eles tentam manter suas rotinas diárias. Situações triviais para a maioria de nós podem ser muito perigosas para pacientes com mal de Alzheimer, como, por exemplo, dirigir automóveis, cozinhar, andar sozinho pela rua ou ir à praia sozinho. As quedas são muito comuns, por isso a casa deve ser preparada de forma a não criar “armadilhas” para o paciente, como fios pelo chão, irregularidades no piso, piso escorregadio, excesso de móveis pelo caminho, etc. Cigarro e álcool devem ser evitados. Atividades físicas supervisionadas devem ser encorajadas. b) Remédios para o mal de Alzheimer Embora o conhecimento sobre a doença de Alzheimer esteja evoluindo rapidamente, não há atualmente nenhuma cura para o mal. Há, todavia, algumas medicações que podem ajudar a amenizar alguns dos sintomas da doença de Alzheimer. Medicamentos como a Donepezila, Rivastigmina e a Galantamina são chamados drogas inibidoras da colinesterase e funcionam ao aumentar os níveis de um neurotransmissor chamado acetilcolina, que ajuda na comunicação entre os neurônios. Infelizmente, nem todos os pacientes apresentam alguma melhora com estes medicamentos. A memantina é um medicamento diferente dos inibidores da colinesterase. Esta droga e mais eficaz e pode proteger o cérebro dos danos causados pelo Alzheimer, retardando a progressão dos sintomas da doença. É, por vezes, usada em combinação com um inibidor da colinesterase para otimizar os seus efeitos. É importante ter expectativas realistas sobre os potenciais benefícios destes medicamentos. Nenhum desses remédios cura a doença de Alzheimer ou impede definitivamente o seu avanço. Quando os medicamentos funcionam, o 29 PATOLOGIAS DO SISTEMA NERVOSO seu grande mérito é conseguir atrasar o curso da doença, prolongando a qualidade de vida e as capacidades cognitivas do paciente. Porém, cedo ou tarde, a doença irá causar demência grave ao paciente. 30 PATOLOGIAS DO SISTEMA NERVOSO POLIOMIELITE INTRODUÇÃO A poliomielite, também chamada de paralisia infantil ou simplesmente pólio, é uma doença grave que leva o paciente à paralisia. Estima-se que, no final da década de 1980, cerca de 1.000 crianças ficavam paralíticas diariamente, o que chamou a atenção da Organização Mundial da Saúde (OMS), que estabeleceu metas para a erradicação da doença até o ano 2000. No nosso país, o último caso de poliomielite selvagem registrado e confirmado foi em 1989, e o certificado de erradicação foi recebido em 1994. PATOLOGIA A poliomielite é uma doença infecto- contagiosa aguda, causada por um vírus que vive no intestino, denominado Poliovírus. Embora ocorra com maior frequência em crianças menores de quatro anos, também pode ocorrer em adultos. O período de incubação da doença varia de dois a trinta dias sendo, em geral, de sete a doze dias. A maior parte das infecções apresenta poucos sintomas (forma subclínica) ou nenhum e estes são parecidos com os de outras doenças virais ou semelhantes às infecções respiratórias como gripe - febre e dor de garganta - ou infecções gastrintestinais como náusea, vômito, constipação (prisão de ventre), dor abdominal e, raramente, diarréia. Cerca de 1% dos infectados pelo vírus pode desenvolver a forma paralítica da doença, que pode causar sequelas permanentes, insuficiência respiratória e, em alguns casos, levar à morte. Em geral, a paralisia se manifesta nos membros inferiores de forma assimétrica, ou seja,
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