Buscar

Sociologia Conceitos Basicos

Prévia do material em texto

Sociologia – Definições e Conceitos Básicos
Marcus Alves�
Temos inicialmente que partir de uma definição de importância fundamental para o sentido do nosso curso. O próprio conceito de Sociologia é nosso principal objeto de tradução no momento, dado que sem ele fica muito mais difícil pensarmos o objeto e o método de estudo que marcam essa ciência. 
Podemos partir de um consenso no campo dessa ciência que tem marcos históricos de formação no século XIX, quando aparece um modo de pensar de forma explicita a vida social. Mas esse modo de entramos nesse debate pode nos trazer um problema formulado do seguinte modo: só no século XIX é que começamos a pensar a vida humana em sociedade? Será precipitado pensar desse modo, dado que como nos informar Ely Chinoy, as reflexões sobre a natureza do homem e da sociedade “não são naturalmente novos, nem se limitam aos cientistas sociais”.�
Ele lembra, por exemplo, as contribuições da filosofia de Platão sobre os comportamentos dos homens. Podemos acrescentar igualmente o olhar da literatura de autores como Goethe, Dostoeievski que ultrapassam os limites da ciência.
 
Mas pensar o homem e a sociedade ou perceber por meio da subjetividade literária os limites, desafios e comportamentos humanos não são gestos propriamente ligados á tradição da ciência sociológica. É disso que estamos falando aqui. Podemos perceber que no contexto do século XIX e, sobretudo, a partir do século XX teremos a emergência de um novo modo de ver o homem e suas relações sociais. Escreve Chinoy:
“As conclusões verificadas e comprovadas a que se esforça por chegar o cientista social diferem acentuadamente das especulações de filósofos e teólogos, dos comentários de observadores ponderados da cena humana e das impressões de escritores inventivos”.
Isso significa dizer que temos a necessidade de pensarmos a especificidade da sociologia, como ciência. Essa não é tarefa fácil de fazer dado que não há um único caminho a seguir, mas podemos nos apoderar de alguns conceitos básicos que nos dão segurança provisória para avançar em nosso diálogo. Assim vamos seguir os caminhos de Raymond Aron, que definiu em um compêndio geral a sociologia como sendo “o estudo, que pretende ser científico, do social enquanto social, seja no nível elementar das relações interpessoais, seja no nível macroscópico de vastos conjuntos, como as classes, as nações, as civilizações ou, para empregar a expressão corrente, as sociedades globais”.� 
Já vamos observando aqui o surgimento de uma série de conceitos novos para muitos de vocês. Conceitos como relações sociais, relações interpessoais, classes, sociedade globais, civilização. Poderíamos acrescentar também os conceitos de grupos sociais, de fato social, de mudança social, cooperação, conflito e socialidade. São todos conceitos que devem ser considerados na hora de nos aproximarmos de uma definição da sociologia. 
São conceitos-chave que nos indicam também alguns objetos clássicos de estudo da sociologia. Entrar no universo desses conceitos é penetrar paralelamente ao próprio sentido da ciência sociológica. Esse seria o primeiro passo para compreender a sociologia. É o que nos indica Chinoy ao definir a sociologia como “o estudo dos grupos humanos, das relações sociais, das instituições sociais, ou talvez, mais minuciosamente como ‘a ciência que procura desenvolver uma teoria analítica dos sistemas de ação social na medida em que esses sistemas podem ser compreendidos em termos da propriedade da integração do valor-comum”.�
Podemos ver então que a sociologia pode ser definida como o estudo das relações sociais e as formas de associação, considerado as interações na vida em sociedade. Tais relações e interações envolveriam os estudos dos grupos, dos fatos sociais, da divisão da sociedade em classes e camadas. Envolve também o aspecto da mobilidade social, da cooperação, da competição e do conflito. 
A importância de trabalharmos com conceitos repousa na ideia segundo a qual estes conceitos nos levam à procurar padrões, regularidades e uniformidades no mundo vivido. “A tarefa da sociologia, como a de outras ciências, consiste em analisar classes de fenômenos e não casos individuais”, acrescenta Chinoy. 
Esse será seguramente um elemento que nos afasta tanto da moral como do subjetivismo presente em disciplinas como Filosofia ou Psicologia. E tal situação nos uma nova problemática, que por exemplo, já observamos em um dos nossos clássicos. A problemática está afeita à objetividade da ciência de longa tradição na sociologia já desde os tempos de Durkheim.
 
Émile Durkheim (1858-1917) formulou os primeiros conceitos e mostrou que os fatos sociais têm características próprias, devendo ter um método próprio para ser estudado. O autor francês dizia que a Sociologia era o estudo dos fatos sociais. Tomava como exemplo o modo de se vestir, a língua de um povo, sistema monetário, religião, leis e vários outros fenômenos. 
Para Durkheim os fatos sociais, como conceito, são o modo de pensar, sentir e agir de um grupo social. São exteriores às pessoas, mas são introjetados e assumidos pelo indivíduo, exercendo um poder coercitivo sobre ele. Tais fatos teriam como características: 
GENERALIDADE - É comum a todos os membros de um grupo ou sua maioria
EXTERIORIDADE – Existe independentemente da vontade do indivíduo. É externo.
COERCITIVIDADE – As pessoas, individualmente, são pressionadas a seguir o comportamento estabelecimento.
� Anotações de sala de aula. Doutor em Sociologia pela UnB.
� Conf. CHINOY, Ely. Sociedade – uma introdução à sociologia. São Paulo: Cultrix, s.d p. 24
� Ver sobre isso RAYMOND, Aron. As etapas do pensamento sociológico. Editora da UnB/Martins Fontes. 1987. p. 10.
� Op. cit. p. 32
� PAGE \* MERGEFORMAT �1�

Continue navegando