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LEFORT, Claude. “A invenção democrática os limites da dominação Resumo

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Resumo 
LEFORT, Claude. “A invenção democrática: os limites da dominação 
totalitária”. Tradução de Isabel Loureiro e Maria Leonor F. R. Loureiro. 
3ª Ed. Autêntica Editora 2011. Apresentação Marilena Chauí. 
 
Dados Biográficos: 
 
O filósofo Claude Lefort, nascido em Paris em 1924, é considerado por seus 
pares como pioneiro na denúncia dos totalitarismos, um pensador da 
democracia como invenção política; o seu texto “invenção democrática” nos 
indica e demonstra que a democracia assim será por todo o tempo em que ela 
for uma forma de convivência social e de resolução de conflitos, uma 
“invenção”, em busca de sua própria definição; é da sua lavra a ideia que a 
sociedade de massa tanto pode exercer a democracia e o conflito quanto 
“solucioná-lo” pelo totalitarismo. Claude Lefort faleceu no dia 3 de outubro de 
2010, aos 86 anos e suas críticas à democracia, à burocracia e ao totalitarismo 
estão entre suas grandes contribuições ao estudo das ciências políticas 
modernas. 
Desde jovem esteve próximo ao marxismo, influenciado por seu mestre 
Maurice Merleau-Ponty, principalmente num de seus campos de estudo onde 
trata do fenômeno da burocracia; o totalitarismo; a reelaboração da 
democracia moderna ou os caminhos abertos pela obra do mestre. 
Apesar dessas evidentes origens marxistas, envolveu-se, no final dos anos 
1940, na criação do grupo “Socialismo ou Barbárie”, onde junto com Henri 
Lefebvre e Cornelius Castoriadis, de 1975 a 1989, participou do lançamento 
de uma revista homônima do grupo, surgida na ruptura com o movimento 
“trotskista”. Participou ainda, como colaborador da revista “Les Temps 
Modernes”, da qual se afastou logo após entrar em choque com Jean Paul 
Sartre, pelo assumido compromisso deste com os comunistas. Esse 
afastamento se tornou definitivo quando descobriu “O Arquipélago Gulag” 
obra do escritor e ex-preso político russo, Alexandr Solzhenitsin, sobre o qual 
escreveu em 1976, o artigo “Un homme un trop”. 
Equilibrou em sua carreira entre a pesquisa e o ensino: foi professor no Liceu 
de Nimes e depois no de Reims (1949 a1951); foi professor da Universidade 
de São Paulo (USP), no Brasil (1952 a1953); professor assistente na 
Sorbonne (1953 a1955); diretor do departamento de Sociologia da Faculdade 
de Letras da Universidade de Caen (1965 a 1971); e diretor de estudos na 
École des Hautes Études et Sciences Sociales (EHESS). 
 
O livro "A Invenção Democrática - Os limites da dominação totalitária": 
 
Contribui para o pensamento e a prática democrática no Brasil Obra do filósofo 
e ativista francês Claude Lefort oferece nova concepção para a prática 
democrática no mundo. "A Invenção Democrática”, coloca o leitor brasileiro em 
contato com um pensador que é referência para os conceitos de totalitarismo e 
de democracia. No final da década de 1970 e durante a de 1980, os 
acontecimentos políticos brasileiros se desenrolaram em torno da 
democratização do país. A democracia, que se expandia mundialmente, 
tornou-se o centro dos debates e das ações políticas. 
Foi neste contexto histórico que o livro de Claude Lefort teve sua primeira 
edição no Brasil, que inclui três textos inéditos do filósofo. Os estudos reunidos 
por Lefort foram escritos em ocasiões diferentes; alguns deles separados por 
anos de intervalo, embora constituam, como escreve o autor no prefácio, um 
livro propriamente dito, isto é, tecido com o fio de um argumento que, 
trabalhado nos últimos 30 anos, entrelaça os textos mais antigos aos mais 
recentes. Podemos avaliar o impacto e a importância do livro, quando de seu 
primeiro lançamento, se lembrarmos de que a democracia, até então, era 
pensada de duas maneiras: 
Pela direita e pelo centro como democracia liberal, isto é, como regime da lei e 
da ordem para a garantia de liberdades civis e do mercado e, pela esquerda, 
como democracia formal burguesa que oculta a necessidade de uma revolução 
econômico-social. 
 
A presente obra procura oferecer ao leitor uma nova concepção para a prática 
democrática no mundo e apresenta o pensamento de Claude Lefort, entendida 
como invenção histórica (invenção porque não havia modelos a seguir) e como 
forma da existência social (e não apenas um regime político), a democracia é 
pensada como única formação política em que o poder não se confunde com o 
governante, permanecendo com a sociedade soberana, que não oculta as 
divisões sociais e suas lutas, mas considera o conflito legítimo e cujo cerne é a 
contínua criação de direitos sociais, econômicos, políticos e culturais pela ação 
dos sujeitos sociais e políticos. Essa concepção da prática democrática 
iluminou a ação dos movimentos sociais e populares por direitos, bem como 
revelou ao movimento de esquerda um caminho para o fazer político como 
trabalho dos conflitos e das contradições, abrindo o tempo histórico para o 
trabalho com as diferenças 
. 
Segundo os mais renomados estudiosos da obra de Lefort, um dos seus 
maiores legados para os dias atuais e os próximos tempos contempla a 
questão da democracia. Ele apresenta sua noção de “democracia selvagem” 
onde evoca, ampliando esta democracia, como uma experiência originária do 
governo, não do povo, mas da assembleia do povo, ou seja, de todas as forças 
sociais em presença, destacando sempre o elemento de não determinação do 
presente que é o espaço de criação política e de liberdade radical, ou seja uma 
forma diferente de dizer que, em política, não existem soluções definitivas. O 
pensamento totalitário é o que busca as soluções definitivas com vistas a 
controlar a pluralidade que molda as bases do mundo social e a 
heterogeneidade das forças, que movem os interesses e as paixões políticas. 
 
A base ou âmago do fenômeno totalitário foi trabalhada de maneira inédita nos 
estudos apresentados por Lefort, considerando que ele pautou suas analises 
na figura do “um”, encontrando em uma questão de estudo e do conhecimento 
da sua natureza, a sua dimensão política, a sociedade sem classes ou a 
sociedade com uma única raça homogênea. 
Sua exposição nos transporta para a conclusão de que a política democrática 
não prescinde, necessariamente da ideia de um líder, um guia, nem de 
agremiação como partidos ou consciência de classe, haja vista essa invenção 
democrática não depende nem das virtudes, nem dos vícios dos governantes, 
mas da qualidade de suas instituições, dessa forma, fortes para aguentar os 
embates que naturalmente surgem. Na sua argumentação o autor demonstra 
que a sociedade de massa pode tanto resultar em democracia, via exercícios 
de criatividade social, política, ética, estética, científica, como também em 
regimes totalitários ou ditaduras, pois sendo que o presente é contingente e o 
futuro é uma incógnita, incerto, essa lacuna de indeterminação necessita de 
certo grau de “know-all”, sabedoria prática ou mesmo de certa “presença de 
espírito” para que as escolhas sejam então feitas com vistas à ampliação do 
espaço público e do bem-estar material, moral, cultural, e que permitam que 
tudo isso possa ser compartilhado. 
 
Conclusão: 
 
Nessa obra “A invenção democrática: Os limites da dominação totalitária” 
(L`invention démocratique: les limites de la domination totalitaire), o 
filósofo estabelece fortes vínculos entre o fenômeno totalitário e as carências 
da democracia. Ele afirma: 
"a democracia, fruto da história, é uma sociedade “sem corpo”, onde 
reina uma radical indeterminação, em constante desequilíbrio e que exige 
de todos a invenção"; "A democracia não era `boa por natureza` e não 
garantia espontaneamente liberdade e justiça a todos os cidadãos". 
 
Assim, na concepção do autor, de forma consciente, absorvemos a 
compreensão de quão importe é praticar o exercício do pensamento e a análise 
incessante acerca da invenção democrática que, fundamentada no direito e na 
lei, remete os homens à incansável luta contra a dominaçãoe opressão rumo 
ao desenvolvimento e construção de sociedades mais democráticas. A partir 
desse momento começa a conquista efetiva da democracia participativa, 
surgindo novos canais políticos de reivindicação com poder de pressão e, ao 
mesmo tempo, vamos ultrapassar os limites históricos do poder e da própria 
democracia. 
O Estado de direito sempre implicou a possibilidade de uma oposição ao poder, 
fundada sobre o direito, até mesmo pelo recurso à insurreição contra um 
governo ilegítimo. O Estado democrático porem, excede os limites 
tradicionalmente atribuídos ao Estado de direito. Experimenta direitos que 
ainda não lhe estão incorporados, é o teatro de uma contestação cujo objeto 
não se reduz à conservação de um pacto tacitamente estabelecido, mas que se 
forma a partir de focos que o poder não pode dominar inteiramente. Da 
legitimação da greve ou dos sindicatos ao direito relativo ao trabalho ou à 
segurança social, desenvolveu-se assim sobre a base dos direitos do homem 
toda uma história que transgredia as fronteiras nas quais o Estado pretendia se 
definir, uma história que continua aberta. 
 
Paulo César Machado. GV, 28/02/2016 
 
Referencias: 
https://www.youtube.com/watch?v=Mo2vCi3EOaI 
https://www.youtube.com/watch?v=4DJnZNvxmGg - Democracia Lefortiana 
ARENDT, H. O declínio do Estado-nação e o fim dos direitos do homem. Em Arendt, H. Origens do totali; 
LEFORT, Claude. Pensando o político. Ensaios sobre democracia, revolução e liberdade. Rio de Janeiro: 
Paz e Terra, 1991. 
REIS, Liana Maria. LEFORT, Claude. Pensando o político. Ensaios sobre democracia, revolução e; 
http://periodicos.pucminas.br/index.php/cadernoshistoria/;

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