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AS DESIGUALDADES NA ESCOLA
Inocencio Cristofolini
 Professor-autor 
Há várias décadas a escola vem transformando as desigualdades sociais e culturais em desigualdades de resultados escolares, devido à sua "indiferença pelas diferenças". Atualmente, novas ferramentas estão sendo utilizadas para demonstrar que o fracasso escolar não é uma fatalidade: a pedagogia de suporte, a pedagogia diferenciada, a individualização dos percursos de formação, o ensino por ciclos, os estudos dirigidos e módulos no ensino médio, entre outras. No entanto, essas iniciativas nem sempre produzem os resultados esperados e, às vezes, os professores se desestimulam e retornam ao ensino coletivo que tinham denunciado antes.
“Se o objetivo é dar a todos a chances de aprender, quaisquer que sejam suas origens sociais e seus recursos culturais, então, uma pedagogia diferenciada é uma pedagogia racional. Diferenciar é, pois, lutar para que as desigualdades diante da escola atenuem-se e, simultaneamente, para que o nível de ensino se eleve”. (Perrenoud)
O que se entende em termos de pedagogia diferenciada é que o currículo não pode permanecer insensível ao diferente capital cultural de procedência familiar e social que os alunos carregam no seu dia-a-dia para a escola. Existe uma relação entre sucesso escolar e situações sociais privilegiadas, assim como, entre fracasso escolar e situações sociais desfavorecidas, e a escola por sua vez, reproduzindo a sociedade, acaba confirmando e reforçando a cultura das classes privilegiadas. É certo que a incidência de culturas distintas traz consigo muitas vezes conflitos, discriminação, dominação e exclusão. O currículo não deve descuidar da especificidade das diferenças, pluralidades, múltiplos olhares da aprendizagem e a chamada cultura popular. É por isso que os professores, devem ter competência para entender que os alunos são, tal como nós próprios, seres sociais com uma bagagem peculiar de crenças, significados, valores, atitudes e comportamentos adquiridos em ambientes extra escolar, que devem ser considerados. O professor é o elo articulador entre a sociedade e a escola, fazendo da instituição escolar um local de pluralismo cultural, de referências e identidades legitimadas, de caminhos e procedimentos de aprendizagem dos alunos. 
O docente terá como missão consolidar a ascensão educacional de cada discente, sem, no entanto desvalorizar a visão da sociedade, onde esses alunos estão inseridos. Ao respeitar e legitimar as identidades e especificidades regionais, locais e individuais (incluindo as necessidades educativas especiais) concretizará a consonância social que todos buscam.
Quando nos reportamos a Perrenoud, lembramos dos três fundamentos para a pedagogia diferenciada. O primeiro fundamento tem por embasamento uma política educativa de criação igualitária: “a diferenciação está ligada ao cuidado de fazer trabalhar em conjunto alunos de níveis diferentes, no seio de grupos heterogêneos”. O segundo é que a informação da diversidade de caráter cognitivo permite a noção de entradas para a diversificação didática.O terceiro, mais determinante, é de fundo ético, e assenta-se sobre o postulado da educabilidade, “numa atitude sistemática, procurar incansavelmente encontrar um caminho possível para a aprendizagem, mesmo depois de tudo ter falhado”. A escola, apesar de ser um espaço onde as diferenças sempre coexistiram, nem sempre reconheceu sua existência ou a considerou na sua complexidade. Durante muito tempo, negou-se a existência das diferenças no processo pedagógico. 
As diferenças eram percebidas como “desvio”, tendo como referencial a dicotomia normalidade versus anormalidade, demarcando a existência de fronteiras entre aqueles que se encontravam dentro da média e os que estavam fora desta. A negação refere-se ao fato de não se trabalhar explicitamente a questão das diferenças.
O que se busca é a compreensão de um universal calcado na essência da existência humana, no qual não são levadas em conta quaisquer características individuais e/ou grupais numa homogeneidade simplória e ideologicamente excludente. Os nomeados como diferentes foram, assim, historicamente discriminados. Trabalhamos, nessa ótica, uma formação de professores e professoras que não problematiza a relação normalidade versus anormalidade, produzindo uma ilusão de normalidade por parte dos alunos-professores e alunas-professoras, reforçando a mesmice. Produzimos, assim, uma formação que pratica a negação das diferenças. 
Nesse contexto, situa-se o confronto entre o discurso dominante da exclusão e aquele construído a partir da voz dos nomeados como diferentes e/ou das pessoas com eles envolvidas na luta pelo reconhecimento das diferenças como condição existencial possível. 
Tal formação ideológica tem seus pilares na organização e na ascensão dos movimentos sociais, cujas vozes procuram - ou pela denúncia das práticas discriminatórias ou pela reivindicação de igualdade social - dar visibilidade às diferenças Educacionais. Na marcação das diferenças, parte-se do princípio de que as diferenças são inerentes à vida; entretanto, trabalha-se ainda a partir das dicotomias do tipo normal versus anormal, superior versus inferior, capaz versus incapaz e assim por diante.
A explicitação das diferenças, nesse caso, é ideologicamente utilizada para marcá-las, estratificando a existência, loteando a vida com a edificação de sólidas barreiras de identificação do outro como diferente e, consequentemente, necessitado de olhares e atendimentos especializados, que nada mais são do que o discurso dos iguais (normais) significando o outro como o diferente. Portanto , necessitamos de uma pedagogia que hospede, que abrige, mas que não se importe com quem é o seu hóspede. 
O momento atual , caracteriza-se pelo mergulho que o ser humano vem realizando no sentido de repensar a sua própria existência. Parece que a humanidade está chegando à conclusão de que o desejo ressentido da normalidade por ela alimentado somente acirrou ainda mais a segregação social. 
O reconhecimento do outro como protagonista do teatro da vida constitui o vetor da mudança de paradigma. A comunhão com as diferenças é mais do que um simples ato de tolerância, é a afirmação de que a vida se amplia e se enriquece na multiplicidade. Ser diferente não significa mais ser o oposto do normal, mas apenas “ser diferente”. Este é, com certeza, o dado inovador: o múltiplo como necessário, ou ainda, como o único universal possível (MARQUES; MARQUES, 2003).
Todos(as) professores(as) deveriam ser alertados(as) para o fato de estarem imersos no mundo da alteridade, criando possibilidades, durante sua formação, para uma mudança em suas representações políticas e culturais sobre os sujeitos. Questionar os discursos gerados nas relações com as diferenças em todos os espaços tempos de suas vidas pessoal, acadêmica e profissional.
A formação de professores deve ser feita na direção de uma imersão do professor e da comunidade escolar no mundo da alteridade e uma mudança radical , nas representações políticas e culturais sobre os mesmos. 
Não concordo que o professor deve se preparar mais uma vez, como um especialista para cada uma das ciências, e sim que se tem que formar como um agente cultural que está alerta a não ser ele/ela mesmo/a um reprodutor “inocente” e “ingênuo” de fronteiras de exclusão/inclusão (SKLIAR, 2001, p. 18).
Em nossa opinião, a solução é aprender num ritmo relativamente unificado, porém , conduzido por professores bem formados , com investimentos em pesquisas , no treinamento de diretores e, um bom planejamento das ações pedagógicas, de forma diferenciada. Acreditamos , que dessa forma, estaremos estimulando, em última instância, a criatividade de cada aluno, de maneira estratégica, e no atendimento personalizado .
FERRE, Nuria Pérez de Lara. Identidade,diferença e diversidade: manter viva a pergunta. In: LARROSA, Jorge; SKLIAR, Carlos (Orgs.). Habitantes de Babel: políticas e poéticas da diferença. Belo Horizonte: Autêntica, 2001. p. 195-214.
MARQUES, Carlos Alberto. Do Universal ao Múltiplo: os caminhos da inclusão. In: LISITA, Verbena Moreira Soares de Sousa; SOUSA, Luciana Freire Ernesto Coelho Pereira de (Orgs.). Políticas educacionais, práticas escolares e alternativas de inclusão escolar. Rio de Janeiro: DP&A, 2003. p. 223-239.
PERRENOUD,Philippe.Dez novas competências para ensinar.Trad.Patrícia Chittoni Ramos. Porto Alegre: Artes Médicas Sul,2000.

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