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Patrícia Vieira Bonfim LUDICIDADE E DESENVOLVIMENTO INFANTIL MEC / SEED / UAB2012 Reitor Helvécio Luiz Reis Coordenador UAB/NEAD/UFSJ Heitor Antônio Gonçalves Comissão Editorial: Fábio Alexandre de Matos Flávia Cristina Figueiredo Coura Geraldo Tibúrcio de Almeida e Silva José do Carmo Toledo José Luiz de Oliveira Leonardo Cristian Rocha (Presidente) Maria Amélia Cesari Quaglia Maria do Carmo Santos Neta Maria Jaqueline de Grammont Machado de Araújo Maria Rita Rocha do Carmo Marise Maria Santana da Rocha Rosângela Branca do Carmo Rosângela Maria de Almeida Camarano Leal Terezinha Lombello Ferreira Edição Núcleo de Educação a Distância Comissão Editorial - NEAD-UFSJCapa Eduardo Henrique de Oliveira Gaio Diagramação Luciano Alexandre Pinto B713l Bonfim, Patrícia Vieira Ludicidade e Desenvolvimento Infantil / Patrícia Vieira Bonfim. — São João del-Rei, MG : UFSJ, 2012. 42p. Curso de Graduação em Pedagogia. 1. Jogos Educativos 2. Ensino e Ludicidade I. Título. CDU: 371 SUMÁRIO PRA COMEÇO DE CONVERSA... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05 UNIDADE 1 - LUDICIDADE E INFÂNCIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07 1.1 Conceituando ludicidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09 1.2 Algumas contribuições do campo da ludicidade para o desenvolvimento infantil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 UNIDADE 2 - PROPOSTAS DE EXPERIÊNCIA LÚDICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 2.1 Os jogos dramáticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 2.1.2 A brincadeira de faz-de-conta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 2.2 A música e a dança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 2.3 A pintura e o desenho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 2.4 Estudante de pedagogia, agora é com você . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 PRA FINAL DE CONVERSA... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 5 PRA COMEÇO DE CONVERSA... Prezado(a) Estudante: A disciplina Ludicidade e Desenvolvimento Infantil visa a apresentar aos futuros pedagogos as contribuições deste campo de conhecimento para a prática pedagógica e, também, fomentar discussões sobre o quanto a escola pode viabilizar ou desconsiderar uma proposta lúdica. Na Unidade I, discutiremos o que é ludicidade, qual o seu papel durante os processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança; apontaremos os limites que uma sociedade capitalista impõe à escola ao priorizar o estudar em detrimento do brincar. Com uma finalidade mais propositiva, a Unidade II resgata algumas possibilidades didáticas para que o professor inclua em sua aulas experiências lúdicas, como jogos dramáticos, brincadeira de faz-de-conta, música e dança, desenho e pintura. Até ao final deste estudo espera-se que seja possível vislumbrar as potencialidades da ludicidade nos espaços de atuação do pedagogo, perceber que brincar é mais que um desejo dos educandos, é uma necessidade inerente à criança. Por isso, as escolas devem incluir em sua programação atividades que possibilitem a experiência criativa, a imaginação, a fruição e a fantasia. Bons estudos! Patrícia Vieira Bonfim 6 unidade 7 LUDICIDADE E INFÂNCIA Objetivos1. Conceituar ludicidade a partir de uma perspectiva integral do ser humano.2. Analisar as contribuições das atividades lúdicas para o desenvolvimento e a aprendizagem da criança.3. Destacar como a ludicidade é compreendida e vivenciada nas instituições escolares. unidade 1 9 unidade 1 1.1 Conceituando ludicidade Ludicidade é um termo utilizado em diversas áreas do conhecimento, inclusive da Educação, mas como defini-la? Pesquisadores como Santos (2001), Kishimoto (2009), Brougère (2004) e Wajskop (2005) a definem como uma proposta associada ao jogos, à recreação, às brincadeiras e aos brinquedos infantis. Ampliando um pouco mais essa definição de ludicidade, podemos recorrer a autores como Luckesi (2000) e Pereira (2005) para ressaltar que o lúdico envolve questões externas e internas do ser humano como a cultura, as relações interpessoais, a percepção de si e as experiências objetivas e subjetivas. É por isso que muitos professores não conseguem detectar que, mesmo havendo ambiente e atividades propícias à ludicidade, ela acaba não ocorrendo. Quanto a essa questão, vamos exemplificar. Em sala de aula, a professora propõe a brincadeira cabra-cega, uma atividade que exige de um dos participantes ficar de olhos vendados e dos outros a sua volta correr para não ser tocado. Quando um colega é apanhado pela cabra-cega não se pode emitir nenhum som porque esta deve identificá-lo apenas pelo tato. Caso acerte, quem foi pego passa ser a cabra-cega e a brincadeira volta a se repetir. Você, estudante do curso de Pedagogia, caracterizaria essa brincadeira como lúdica, já que ela permite ao brincante ampliar sua percepção espacial e trabalhar a integração do grupo? Disponível em: <http://medalendasetradicoes.blogspot.com.br/2010/04/cabra-cega.html>. Acesso em: 26 de junho de 2012. 10 Neste primeiro momento, acredito que você tenha respondido que sim, mas será que toda brincadeira é necessariamente lúdica? Percebemos que a ludicidade vai depender muito mais das experiências internas de cada ser humano do que especificamente da proposta, dos recursos ou da didática do(a) professor(a). Quando atuei como professora da Educação Infantil, percebi que a brincadeira cabra-cega provocou em uma das crianças desespero, choro e desconforto ao ter seus olhos vendados. Esse episódio me chamou muita atenção, motivando-me a entrar em contato com a família para buscar entender o profundo descontentamento da criança. Após longo período de diálogo, a mãe do garoto de quatro anos comentou que todas as vezes que seu filho se comportava mal, o pai o colocava em um quarto escuro e não se sensibilizava ao ouvi-lo chorar. A partir dessa fala percebi que a brincadeira proposta trazia à criança lembranças (in)conscientes do escuro e do castigo do pai que propriamente do prazer e da alegria sentida por outros colegas de classe. Por essa e outras experiências e teorias podemos considerar que o lúdico se caracteriza essencialmente como uma concepção interna e integral de cada sujeito. Interna, porque se trata, na sua concepção, da experiência subjetiva do indivíduo que a vivencia; integral, porque compreende essa dimensão subjetiva indissociável da vida exterior e de suas relações sociais, culturais e históricas (LUCKESI, 2002). Dessa forma, o que pode ser lúdico em sala de aula para alguns, pode não o ser para outros. A ludicidade, como considerada, apresenta um conceito mais amplo, abrangendo vivências diversificadas para as aulas, o recreio e outros tempos/espaços escolares. A principal característica de uma atividade lúdica é “a presença da inteireza, com ou sem expressão externa de contentamento – inteireza sendo tomada como a máxima expressão possível da não divisão entre pensamento, sentimento e ação” (OLIVEIRA, 2002, p. 62-63). A atividadelúdica propicia uma experiência de inteireza profunda do ser humano consigo mesmo, de envolvimento completo. “[...] brincar, jogar, agir ludicamente exigem uma entrega total do ser humano, corpo e mente ao mesmo tempo” (LUCKESI, 2000, p. 21). A ludicidade pode ser vivenciada a partir de atividades em que as pessoas se sintam livres para se expressar. 11 unidade 1 Essa liberdade implica momentos individuais e coletivo das crianças e seus pares como também atividades orientadas pelo(a) professor(a). Por algum tempo, principalmente nos primeiros anos de escolarização, os educandos não têm autonomia para se autoconhecerem, mesmo assim são fundamentais situações que oportunizem e ampliem, progressivamente, essa liberdade desde a primeira infância. [...] a atividade lúdica ocupa importante papel no desenvolvimento integral humano, visto que contribui para resgatar estruturas humanas desprivilegiadas pela escola e pela sociedade capitalista contemporânea. [...]. Dessa forma, a ludicidade considera e situa o ser humano em sua estrutura global, contribuindo para uma vivência mais significativa e para uma ação mais ética e humana (CANDA, 2004, p. 128). Na concepção de ludicidade adotada, muito mais importante que o brinquedo utilizado na brincadeira é possibilidade de expressão e experiência do corpo, pois é nele que ficam registrados toda nossa história de vida e os sinalizadores da cultura à qual pertencemos. A ludicidade abarca inúmeras possibilidades na prática pedagógica, incluindo e indo além dos jogos e das brincadeiras, por isso, pode ser vivenciada durante [...] uma dinâmica de integração grupal ou de sensibilização, atividades de artes plásticas (massa de modelar, recorte e colagem, desenhos, pinturas, construção de fantoches), uma das muitas expressões dos jogos dramáticos, exercícios de relaxamento e respiração, uma ciranda, atividades rítmicas, entre outras. Mais importante, porém, do que o tipo de atividade é a forma como é orientada e como é experienciada, e o porquê de estar sendo realizada. Ela deve permitir que cada um possa se expressar livre e solidariamente, unindo razão e emoção (PEREIRA, 2006, p. 12). Para a execução de qualquer que seja a atividade lúdica, são necessários o planejamento, a responsabilidade e o comprometimento de quem a propõe. É pouco provável que a criança vivencie plenamente a ludicidade se o(a) professor(a) apenas coloca os educandos para brincar nos últimos minutos de aula; ausenta-se da sala após propor uma atividade lúdica; utiliza a ludicidade simplesmente quando não há planejamento dos conteúdos das diversas disciplinas; ou, ainda, não acompanha os educandos durante a execução da proposta, apenas os deixa brincar. Há também professores que sugerem o brincar apenas como pretexto e instrumento para o ensino de conteúdos, descaracterizando sua real função de fruição e criação em prol de uma finalidade exclusivamente didática. Com isso, atividades que poderiam ser prazerosas 12 se transformam em exercícios estéreis e sem sentido tanto para o(a) professor(a) que as propõe quanto para a criança que as vivencia. Pesquisas realizadas em Londrina, no estado do Paraná, retratam que o sentido lúdico se descaracteriza pela maneira que muitas atividades são propostas em sala de aula. Nas condições a seguir, é possível vivenciar plenamente a brincadeira? Se ela é com frequência [...] dirigida ou sugerida pela professora para resolver questões centradas, principalmente, nas dificuldades dos alunos. São brincadeiras para ensinar a grafia do ‘r’ e do ‘rr’, para ensinar e entender o que é ‘herbívoro’, para dar noções de ‘tempo’, ‘ordem’, ‘sequência’. Assim, uma brincadeira com bolas de gude tem o objetivo na sala de aula de fazer a criança aprender a contar (GOMES, 2005, p. 89). Recorrentemente essas brincadeiras não são classificadas pelas crianças como lúdicas, embora despertem potencialidades no ensino e na aprendizagem dos conteúdos. Brincar não deve ter como proposta específica alcançar um objetivo didático e sim ser vivenciado como um fim em si mesmo (PEREIRA E BONFIM, 2009, p. 298). Acredito que, ao engessar o lúdico numa funcionalidade, ele se perde durante o processo de elaboração e execução da proposta. Utilizando do exemplo dado por Gomes (2005), a criança que durante a brincadeira não souber o que é herbívoro ou a forma correta da grafia das palavras, poderá nem querer “brincar” pelo medo de ser avaliada ou depreciada pelos colegas ou mesmo pelo professor. O professor não precisa se preocupar em dar ênfase à aprendizagem dos conteúdos curriculares durante a atividade lúdica, pois outras aprendizagens, tão importantes quanto as primeiras, são sistematizadas durante o processo de construção da aprendizagem, como noções espaciais, de lateralidade, coordenação motora e de socialização. A brincadeira é uma situação privilegiada de aprendizagem infantil onde o desenvolvimento pode alcançar níveis mais complexos, exatamente pela possibilidade de interação entre os pares em uma situação imaginária e pela negociação de regras de convivência e de conteúdos temáticos (WAJSKOP, 2005, p. 35). Ao brincar, a criança aprende, e por isso se desenvolve. Por meio da brincadeira, a criança faz associações, percebe elementos até então desconsiderados, produz e investiga o mundo à sua volta. 13 unidade 1 Por isso é importante que você, Estudante do curso de Pedagogia, que já atua com crianças ou pretende atuar, tenha muita clareza da importância do conceito e da experiência lúdica para a formação da criança. 1.2 Algumas contribuições do campo da ludicidade para o desenvolvimento infantil De acordo com Vygotsky (2007), a criança fundamentalmente se desenvolve por meio da brincadeira, uma atividade repleta de sentidos/significados que possibilita inclusive, o aparecimento de novas Zonas de Desenvolvimento Proximal (ZDP). Nas palavras do autor, a ZDP é [...] a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes (p. 97). Nesse percurso, a atividade lúdica assume um papel fundamental, proporcionando à criança um ambiente rico de possibilidades expressivas e criativas, mediado tanto pelas intervenções do professor quanto dos colegas. Uma proposta pedagógica lúdica exige do professor conhecimentos teóricos da ludicidade e uma organização aberta e criativa do seu planejamento; não basta “deixar brincar”, mas há que se compreender as concepções de infância e ludicidade teoricamente construídas e ainda, estabelecer uma relação de troca contínua com seus educandos: o que eles desejam e o que precisam vivenciar? Essa proposta possibilitará o sentir, o pensar e o agir de todos os atores envolvidos no cotidiano da sala de aula, porque, além da educação que privilegie os sentidos humanos, é possível aquela que dê sentidos/significados ao processo de construção da aprendizagem. Por meio das atividades lúdicas, as dimensões cognitiva, afetiva e motora da criança são trabalhadas. Vygotsky (2007) aponta para essa integração, mostrando a importância do ato de brincar e seus desdobramentos para o desenvolvimento da criança. “A criança, ao querer, realiza seus desejos. Ao pensar, ela age. As ações internas e externas são inseparáveis: a imaginação, a interpretação e a vontade são processos internos conduzidos pela ação externa” (p. 119). 14 Convergindo com essas ideias Negrine (1995) argumenta o quanto é fundamental que os professores trabalhem não apenas os aspectos cognitivos dos seus educandos, pois, por meiotambém das emoções e dos movimentos, a criança sistematiza grande parte da aprendizagem: Toda a experiência que a criança obtém em seu corpo, através das brincadeiras, serve de alavanca ao processo de desenvolvimento mental. Através da brincadeira, a criança aprende, internaliza novos comportamentos, verbaliza, entra em comunicação com os demais e, consequentemente, se desenvolve (p. 9). Por caminhos diferentes, Tardif (2005) se aproxima dessa mesma concepção de não reduzir os saberes, “exclusiva ou principalmente, a processos mentais (representações, crenças, imagens, processamento de informações, esquemas etc.) cujo suporte é a atividade cognitiva dos indivíduos” (p. 11). O autor sinaliza que, apesar de vários movimentos contrários a essa visão mentalista, essa concepção de conhecimento ainda é predominante na educação, devendo ser combatida principalmente pelos professores. As atividades lúdicas são possibilidades de intervir nessa concepção instrumental de educação; portanto, não devem ser vistas pela escola como atividades disciplinadoras, utilitaristas, compensatórias ou simples passatempo. Trabalhar ludicidade em sala de aula implica proporcionar aos educandos uma aprendizagem prazerosa, dinâmica e significativa, o que não compromete a aquisição dos conteúdos. Além dos vários benefícios produzidos na ação lúdica, o ato de brincar é conferido como um direito da criança, como forma particular de expressão, pensamento, interação, movimento e comunicação infantil, como aponta o Estatuto da Criança e do Adolescente, aprovado pela Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990: “II. Do direito à liberdade, ao respeito e à dignidade. Art. 16 – IV – brincar, praticar esportes e divertir-se” (BRASIL, 1990). Outros documentos oficiais também ressaltam a importância de a criança brincar nas instituições escolares, como o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil pois, as brincadeiras e atividades que possibilitam a expressão e criação devem fazer parte da educação proporcionada à criança (BRASIL, 2001). Não apenas na Educação Infantil, mas também no Ensino Fundamental o lúdico deve ter seu espaço reservado, de modo que as atividades das crianças de seis a dez anos não se 15 unidade 1 restrinjam à alfabetização e à memorização. Vale lembrar aos futuros pedagogos que todo ser humano, especialmente a criança, depende dessas experiências que talvez só serão oportunizadas na escola. Por meio da brincadeira, a criança faz associações, percebe elementos até então desconsiderados, produz e investiga o mundo à sua volta e ainda potencializa o seu processo criativo. A ludicidade não deve ser confundida com a concepção ingênua de passatempo. Brincar é para a criança uma de suas atividades mais sérias e é desta forma que também deve ser considerada pelo professor. A brincadeira é atividade fundamental na escola, pois, independentemente do objetivo estabelecido pelo professor, essa experiência propicia à criança o desenvolvimento e a aprendizagem que muitas outras ocupações até aparentemente mais elaboradas não propiciariam com qualidade. Muitas vezes, estudar e brincar se tornam atividades opostas na escola, desprivilegiando a segunda, em detrimento da primeira. Quem nunca ouviu a frase: “Você vai à escola só para ficar brincando?”. A postura de muitos professores e pais desconsidera as contribuições das brincadeiras para o desenvolvimento da mente imaginativa e da espontaneidade das ações das crianças. O ato de brincar é muito significativo, pois ativa funções cognitivas superiores, tais como compreender, deduzir, analisar e generalizar, constituindo, assim, a base para a ampliação da capacidade criativa (VYGOTSKY, 2007). Muitos professores, percebendo a necessidade da ludicidade para a criança, tentam trazer esse elemento para a sala de aula; porém, ao fazê-lo, acabam condicionando a ludicidade à função utilitária, provocando, consequentemente, a inibição do potencial criativo e espontâneo da criança. Canda (2004) adverte que “transformar a experiência lúdica num treinamento técnico é amesquinhar o caráter humano da atividade lúdica” (p. 137). Acrescenta ainda que a ludicidade na escola deve ser aberta para a expressão e vivência cultural, para que os educandos possam conquistar um melhor domínio intelectual, corporal e emocional, podendo se expressar e se comunicar. 16 Há que se destacar também que em algumas práticas pedagógicas as atividades lúdicas ganham outro sentido, sendo vistas por muitos professores como atividades que são incorporadas à proposta metodológica quando não planejaram a sua aula, quando não estão dispostos a fazê-lo ou, ainda, como prêmio por bom comportamento dos educandos. Opostamente a essa visão, Pereira (2005) afirma que a ludicidade abarca [...] momentos de descoberta, de construção e compreensão de si; estímulos à autonomia e à expressão pessoal, momentos de expansão em que as contrações que se cronificam começam a ceder, e a pulsação que marca a presença da vida viva vai sendo retomada (p. 87). A ludicidade, além do aporte metodológico que oferece ao educador, permite benefícios pessoais como o estímulo à criatividade, à imaginação, à expressividade, à fantasia, ao autoconhecimento e ao cuidar de si. Todos esses elementos influenciam diretamente a base da prática pedagógica. Nesse sentido, a atividade criadora se torna fundamental, permitindo ao ser humano utilizar sua capacidade criativa para construir possibilidades de aprendizagem lúdica. A brincadeira da criança não é uma simples recordação do que vivenciou, mas uma reelaboração criativa de impressões vivenciadas. É uma combinação dessas impressões e, baseadas nelas, a construção de uma realidade nova que responde às aspirações e aos anseios da criança. Assim como na brincadeira, o ímpeto da criança para criar é a imaginação em atividade (VYGOTSKI, 2009, p. 17). Vygotsky, um dos principais representantes dessa visão, afirma que o brincar é uma atividade essencialmente criadora, em que a imaginação, a fantasia e a realidade interagem na produção de novas possibilidades de interpretação, de expressão e de ação pela criança, assim como de novas formas de construir relações: criança/criança, criança/adulto, criança/objeto. Para o autor, existem duas modalidades básicas de impulsos na conduta tipicamente humana: o impulso reprodutor ou reprodutivo e o impulso combinador. O primeiro impulso está vinculado à memória, enquanto o segundo está relacionado à criatividade. Por meio da ludicidade, podemos acessar o impulso combinador, que se manifesta pela criação de novas imagens alicerçadas na imaginação e na fantasia, elementos fundamentais ao universo infantil. [...] a imaginação – base de toda atividade criadora, manifesta-se, sem dúvida, em todos os campos da vida cultural, tornando também possível a criação artística, a científica e a técnica. Neste sentido, necessariamente, tudo que nos rodeia e foi criado pela mão do homem, todo o mundo da 17 unidade 1 cultura, diferentemente do mundo da natureza, tudo isso é produto da imaginação e da criação humana que nela se baseia (VYGOTSKY, 2007, p. 14). Um exemplo claro quanto a esse aspecto se refere a uma pesquisa de mestrado que realizei em turmas de seis anos do primeiro ano do Ensino Fundamental em 2009. Durante a observação das aulas de professoras da rede pública estadual de Minas Gerais, foi possível observar como o processo de criação muitas vezes é (des)estimulado. Partindo de uma proposta de se trabalhar a linguagem oral, as crianças do primeiro ano do Ensino Fundamental da Escola Jardim receberam da professora uma folha xerocada em que os objetivos eram colocar em ordem os acontecimentos, criar uma históriaa partir das cenas apresentadas para, posteriormente, contarem à turma. Gostaria de destacar que, com intuito de preservar a imagem das escolas, das crianças e das professoras investigadas, optei por utilizar pseudônimos. 18 Atividade: De olho na cena Fonte: Material utilizado pela professora. Os três episódios apresentados a seguir foram condensados, procurando-se destacar as falas das crianças e as intervenções da professora. Primeiro Criança 1: Nesta historinha, o cachorrinho viu a coruja na árvore. Professora: E o que aconteceu? Criança 1: Ele latiu e a corujinha nem ligou. Depois de um tempo ela pensou que era melhor ir embora porque não estava conseguindo dormir com aquele barulhão. Professora: Muito bem, Fernanda. Está de parabéns! Segundo Criança 2: A história é de uma coruja e de um cachorro. 19 unidade 1 Ele latiu e ela correu. Professora: Correu não, voou. Corujas não correm. Bom, pode ir assentar. Terceiro Professora: Felipe, agora é a sua vez. Criança 3: Essa é uma história muito interessante. É a de um cachorrinho que não tinha amigos. Professora: Felipe, sem começar a inventar [...] Criança 3: Então ele saiu para procurar amiguinhos, começou a latir para chamar atenção, viu uma coruja que estava na árvore. Só que ela não gostava de cachorros, achava que eram bichos barulhentos. E como ela estava com muita dor de cabeça. Professora: Coruja não tem dor de cabeça, Felipe! Criança 3: A da minha história tem. Professora: Nossa, esse menino é muito complicado! Criança 3: Continuando... ela resolveu voar para longe. Professora: Para onde Corina voou? Criança 3: Eu não sei, eu não estava lá para ver! (DIÁRIO DE CAMPO, 30/03/2009). Tomando por base as teorias de Vygotsky (2009) sobre os processos de imaginação e criatividade e os apontamentos de Wallon (2007) quanto à educação que possibilite a formação integral dos educandos, podemos analisar, pelos episódios relatados, que o papel da professora ocorre no sentido contrário das teorias. Todas as manifestações das crianças que levavam a uma oportunidade de imaginar para além do que estava nas gravuras eram descartadas. No terceiro episódio, podemos considerar que uma provável hipótese que levou a criança a desistir de imaginar foi que, todas as vezes que buscava novos elementos na história, a professora a reprimia. Vygotsky (2009) destaca que a criação é um processo de alegria e angústia, sendo que qualquer ameaça ou castração pode vir a inibir o potencial criativo que existe no ser humano. Dessa forma, o papel da educação não é punir ou reprimir a atividade criadora e lúdica. Ainda nesse sentido, Rogers, citado por Virgolim (1986), destaca que o papel da educação é levar a pessoa a desenvolver-se em todas as suas potencialidades: 20 [...] uma pessoa que pode confiar que seja autêntica, autorrealizadora, socializada e apropriada em seu comportamento; uma pessoa criativa, cujas formas específicas de comportamento não são facilmente predizíveis; uma pessoa que está sempre em mudança, sempre se desenvolvendo, sempre descobrindo a si própria, em cada momento (p. 53). Será que as práticas (re)produzidas na escola contemporânea têm dado espaço para a fruição das atividades criadoras, lúdicas? Têm possibilitado experiências que levem a um crescimento cognitivo, afetivo e motor? Acredito que, desde muito cedo, as crianças têm perdido este espaço de experienciar novas formas de ver o mundo, de inverter a ordem, de combinar cores. Isso nos leva a crer que ainda estamos distantes de uma educação que possibilite uma formação integral do ser humano. Por esse e outros motivos [...] percebemos a necessidade de se planejar a estruturação do ambiente escolar. Se for estruturado adequadamente, pode desempenhar um decisivo papel na promoção do desenvolvimento infantil. Para planejar essa estruturação, somos, mais uma vez, obrigados a ampliar o raio de abrangência da reflexão da prática pedagógica (GALVÃO, 1995, p. 101). Ainda de acordo com os estudos da autora, fundamentados nas teorias de Wallon (2007), destaca-se a necessidade de uma reestruturação no ambiente escolar não somente quanto ao ambiente físico, mas à organização dos tempos destinados à cultura lúdica, à preparação dos professores para lidar com a criança, às propostas curriculares adequadas a cada faixa etária, aos materiais didáticos e aos inúmeros outros agentes que podem contribuir para uma educação escolarizada que forneça elementos para uma educação da pessoa completa, o que implica em mais estudos e vivências da ludicidade nas universidades e nas escolas de Educação Básica. unidade 21 PROPOSTAS DE EXPERIÊNCIA LÚDICA Objetivos1. Descrever algumas possibilidades de se trabalhar a ludicidade na escola.2. Analisar as contribuições e os limites das atividades lúdicas na prática pedagógica.3. Explicitar quais os elementos fundamentais de uma atividade lúdica. unidade 2 23 unidade 2 2.1 Os jogos dramáticos O jogo dramático é uma atividade expressiva menos elaborada que a representação cênica e utiliza a improvisação como aspecto essencial. Por meio dessa atividade é possível trabalhar-se a criatividade, a socialização, a integração grupal, a imaginação, a flexibilidade, as emoções, a motricidade e a memória. Disponível em: <http://www.clq1.com.br/CLQ/structure/noticia/mostranoticiaexterna?id=228>. Acesso em 02 de julho de 2012. Os documentos do Ministério da Educação salientam que a criança tem grande capacidade de teatralização; no entanto, a escola deve contribuir para que, efetivamente, sejam garantidas condições de a linguagem dramática se manifestar juntamente com a espontaneidade lúdica e criativa da criança (BRASIL, 1997). A escola pode tanto investir na expressão espontânea e criativa da criança como desconsiderá-las. Tudo vai depender da maneira como as atividades são conduzidas pelo professor, pois, quando o jogo dramático é proposto como uma atividade reduzida a falas decoradas, gestos e movimentos repetitivos ou padronizados, pouco expressivos, perde- se, inevitavelmente, o caráter lúdico da proposta, que acaba sendo vista pela criança como uma atividade sem sentido. Em contrapartida, quando o professor investe nesse trabalho, trazendo à sala de aula diferentes modos de produção da linguagem corporal e expressiva, os jogos dramáticos permitem que a criança se expresse pelos movimentos, pensamentos e emoções e crie noções de sequência, tempo, organização e improvisação de histórias. 24 Portanto, o professor, ao propor os jogos dramáticos na prática pedagógica, deve evitar, principalmente, o ensaio mecanizado dos movimentos, para que as dramatizações fluam natural e descontraidamente, proporcionando a linguagem corporal mais espontânea. No jogo dramático, o professor deve ampliar as possibilidades lúdica e criativa da criança, para que ela desenvolva uma maior percepção do corpo, um melhor desempenho na verbalização, uma melhor capacidade para responder às situações emergentes e uma capacidade maior de organização e domínio do tempo. Pela improvisação, os educandos conseguem criar situações, buscar soluções para as dificuldades apresentadas e, ainda, interagir em grupo. 2.1 2 A brincadeira de faz-de-conta A brincadeira de faz-de-conta é uma das modalidades do jogo dramático e caracteriza-se pela elaboração de cenas imaginativas, que, com o passar do tempo, ganham complexidade e riqueza de detalhes. Esse tipo de brincadeira é conhecido também como jogo simbólico, uma atividade que propicia ao brincante a vivência plena da corporeidade, contribuindo significativamente para os processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança. De acordo com Leontiev (2001), o papel dabrincadeira no desenvolvimento infantil é possibilitar o surgimento e amadurecimento das diversas funções cognitivas, permitindo dizer que a criança também aprende brincando. Ao brincar, a criança não impulsiona apenas o seu raciocínio, mas também organiza suas emoções a partir da experiência imaginativa propiciada pela atividade simbólica do faz- de-conta. Para Silva (2002), é como se a emoção pudesse criar certas imagens, ideias, que têm a ver com os sentimentos que se fazem presentes em determinados momentos da vida real. Entretanto, se, por um lado, os sentimentos influem na imaginação, por outro, ao contrário, é a imaginação que influi nos sentimentos. Podemos concluir, por essa razão, que todas as formas de representação criadora encerram em si elementos oriundos da afetividade, dos sentimentos, da emoção (p. 47). Na brincadeira de faz-de-conta, criação e emoção se afinam, produzindo novas leituras da realidade. Apesar de a cena criada no faz-de-conta ser imaginária, o sentimento que a criança vivencia durante a brincadeira é real. Um exemplo dessa afirmativa é o medo 25 unidade 2 que uma criança tem ao imaginar o Lobo Mau bater à porta dos Três Porquinhos. Ela vive corporalmente esse tipo de emoção, encolhendo-se e demonstrando estar assustada. Por meio da brincadeira, a criança se envolve profundamente com o vivido, a ponto de os adultos se impressionarem com o que elas dizem e fazem. Isso porque o brincar é uma das atividades que possui vários significados para a criança, em que ela reproduz suas experiências vividas e elabora novas formas de lidar com seus desejos. Silva (2002, p. 46) acrescenta que as experiências produzidas durante o faz-de-conta “[...] são (re)elaboradas criativamente, propiciando novas possibilidades de interpretar e representar a realidade, tendo em conta as necessidades, desejos e afeições infantis”. Dessa maneira, ao brincar de papai e mamãe, a menina pode assumir o papel de dona de casa submissa, demonstrando acatar as ordens do marido autoritário, como também pode ressignificar o que observou na sua realidade familiar e se posicionar no faz-de- conta como personagem independente. A brincadeira de faz-de-conta pode levar a criança a superar o que é transmitido pela cultura, pois, segundo Leontiev (2001), a brincadeira emancipa e permite transgredir o real, desde que a criança seja estimulada a isso. Daí a necessidade de o educador permitir à criança mudar a ordem, intervir e ampliar as possibilidades de experiências, para que meninos e meninas brinquem juntos, experimentem diferentes papéis, não restringindo os brinquedos a gêneros específicos como boneca só para meninas e carrinho só para meninos. Disponível em: < http://erikaangeli.blogspot.com.br/2011/10/sexismo-comeca-na-pre- escola-e-pode-ser.html>. Acesso em 04 de julho de 2012. 26 Na brincadeira de faz-de-conta, a criança tem a liberdade de criação, de experimentar suas emoções, sensações e pensamentos, o que favorece o seu autoconhecimento. Ela pode interagir com seus pares e com os objetos em seu entorno. Na brincadeira simbólica, a criança sente alegria, prazer, tranquilidade, mas também pode sentir frustração, medo, raiva, o que a leva a elaborar melhor seus sentimentos e emoções. Isso ocorre porque, na brincadeira, a criança pode agir livremente, sem se preocupar com o que os outros estão pensando de suas atitudes e sentimentos, como, às vezes, ocorre no plano da realidade. Silva (2002), fundamentada nos estudos de Vygotsky, explica que a brincadeira “nasce da necessidade, da frustração, dos desejos que não podem ser imediatamente satisfeitos ou esquecidos pela criança” (p. 42). A criança traz para a brincadeira de faz-de-conta aquelas situações e experiências que não podem ser realizadas no presente, como ir ao shopping sozinha fazer compras ou pilotar uma moto. Na brincadeira de faz-de-conta, ela processa mentalmente a atividade, expressando com movimentos a emoção de realizá-la. Essa vivência é experimentada pelo corpo brincante, o lugar que habita os mais recônditos desejos humanos. Nessa linha de pensamento, Taveira (2008) ressalta como o nosso corpo compreende o mundo pelas palavras, objetos e símbolos, elementos pertencentes à ação lúdica contida nas brincadeiras. A criança transpõe seus desejos e decepções para o plano das brincadeiras, quando não pode compartilhar com os adultos muitas das atividades que lhe interessa realizar, devido a inúmeros fatores como ausência de força física, pouca coordenação motora e outras restrições corporais que, com o tempo, serão desenvolvidas. Essas atividades representadas na brincadeira de faz-de-conta são chamadas de compensatórias e ocorrem porque as crianças têm um verdadeiro fascínio por tarefas do dia a dia como lavar roupa, passar roupa, falar ao telefone, cozinhar, digitar no computador, dirigir o carro, lavar o carro e sentem-se muito valorizadas quando são convidadas a ajudar o adulto a realizá-las. Mas nem sempre é possível participar do mundo adulto, então a criança busca realizar seus desejos através do faz-de-conta (SANTOS, 2001, p. 95). Na brincadeira simbólica, a criança trabalha seus medos e suas ansiedades, superando situações desagradáveis por meio de um elemento fundamental – a fantasia. Pela criação imaginativa da criança, o Lobo Mau da história de Chapeuzinho Vermelho pode, durante a 27 unidade 2 brincadeira, levar uma surra, ser preso ou mesmo se tornar bom. Quando a criança imita um personagem ou experimenta corporalmente uma cena que lhe causa medo ou outro tipo de sentimento desagradável, ela supera seus limites, traz à tona algumas emoções mal elaboradas e aumenta a percepção do seu entorno. Nas palavras de Gonçalves (1997), [...] experiência corporal, sensação, percepção e ação formam uma unidade indissociável. O corpo sente, ao mesmo tempo que estrutura a percepção e se move. Os sentidos se intercomunicam, formando uma síntese perceptiva, que é uma experiência pré-objetiva e pré-consciente (p. 152). Para a criança, expressar-se corporalmente é mais fácil do que para o adulto, tendo em vista a liberdade dos seus movimentos e pensamentos aliados à espontaneidade. Não poderia deixar de destacar, também, o papel da ludicidade no faz-de-conta, uma atividade que requer do brincante entrega plena, memória, movimentos e emoções. O simbolismo exigido na brincadeira favorece o desenvolvimento humano por meio de situações organizadas e criadas durante a elaboração e execução da atividade. As crianças reproduzem cenas familiares e eventos que chamam sua atenção como festas de aniversário e cerimônias de casamento e dramatizam experiências vivenciadas no cotidiano (ida ao médico, compras no supermercado). A TV, o cinema, o teatro, as histórias de livros ou revistas em quadrinhos também são estímulos para a criação de cenas (SANTOS, 2001, p. 96). É importante que o professor, em sua prática pedagógica, propicie aos educandos o contato com variadas atividades expressivas assim como oportunize tempo para as brincadeiras, não um tempo restrito aos últimos minutos de aula ou ao recreio, mas tempos livres e orientados, criados a partir da esfera lúdica. Brincar é tão importante para a criança como trabalhar é para o adulto. A brincadeira é vista como atividade privilegiada por propiciar outras formas de a criança compreender e lidar com a realidade, possibilitando o seu desenvolvimento em vários sentidos. Assim como não há dicotomia entre corpo e mente, no faz-de-conta não há separação entre o imaginário e o real. Segundo Vygotsky (2007), esses dois aspectos são altamente permeáveis. 28 Isso ocorre devido a um constante processo mental em que a criança busca questões da suarealidade que necessitam ser elaboradas e, ao mesmo tempo, utiliza a imaginação e a fantasia como meio de ressignificá-las. Para compor a brincadeira, são utilizados objetos que, no sentido vygotskiano, são chamados de objetos-pivô. Uma caixa de fósforos, por exemplo, pode se tornar um objeto substituto de um carrinho durante a brincadeira. “Aprender a lidar com objetos de forma lúdica significa aprender a ultrapassar sua dimensão concreta e seu uso específico, socialmente definido” (ROCHA, 1997, p. 69). Quanto mais a criança brinca, mais lhe são proporcionadas condições de ampliar sua criatividade, de perceber o mundo à sua volta e, principalmente, de lidar consigo mesma, por isso, a brincadeira favorece o autoconhecimento e a sensibilidade. Ao criar diferentes cenas e personagens na brincadeira de faz-de-conta, a criança aciona movimentos, sentimentos e pensamentos, resgata sua corporeidade, que muitas vezes é fragmentada durante outros tempos/espaços na escola. Brincando, a criança sente-se cada vez mais segura para se expressar e interpretar o mundo. O Referencial Curricular Nacional de Educação Infantil vol. 2 (BRASIL, 2001) destaca o papel do faz-de-conta para o desenvolvimento da criança: Quando utilizam a linguagem do faz-de-conta, as crianças enriquecem sua identidade, porque podem experimentar outras formas de ser e pensar, ampliando suas concepções sobre as coisas e pessoas ao desempenhar vários papéis sociais ou personagens. Na brincadeira, vivenciam concretamente a elaboração e negociação de regras de convivência, assim como a elaboração de um sistema de representação dos diversos sentimentos, das emoções e das construções humanas (p. 23). Além de a brincadeira auxiliar na elaboração dos sentimentos e pensamentos, o documento citado reforça sua importante função no processo de apropriação da imagem corporal pela criança. É por meio do corpo que a criança se diferencia do outro, construindo sua identidade. Devido aos vários benefícios produzidos a partir da brincadeira de faz-de-conta, essa atividade deve ser estimulada na escola. Cabe ao professor possibilitar aos educandos espaço para imitação, criação e transgressão do real a partir da experiência lúdica. 29 unidade 2 2.2 A música e a dança Desde a nossa formação embrionária, tivemos contato com sons e ritmos, como os batimentos cardíacos e movimentos peristálticos maternos. Após o nascimento, ampliam- se as experimentações sonoras e rítmicas tanto internas quanto externas (respiração, sucção, cantigas de ninar, sons da casa, o balanço do colo...) (PEREIRA, 1992). O ritmo, a música e o movimento são elementos indispensáveis à vida do ser humano. Eles estão presentes em diversas situações e com diferentes objetivos, pois há composições usadas para ninar, para dançar, para ritos fúnebres e comemorativos. Cada país tem seu hino, assim como cada região, time de futebol ou escola de samba. A música está presente em todas as culturas e possibilita a comunicação entre os povos. A música auxilia o desenvolvimento das várias dimensões humanas, promove a expressão, a comunicação, a percepção e a integração. Por isso, deve fazer parte do contexto educacional, principalmente para os professores que atuam na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, embora não deva ser desconsiderada em outros níveis e modalidades de ensino, como ratifica Amorim (2005): [...] as atividades com música são um meio de expressão e de conhecimento acessíveis às crianças, inclusive àquelas que apresentam necessidades especiais, que por sinal são extremamente sensíveis. A linguagem musical é um dos canais que desenvolve a expressão, o autoconhecimento e o equilíbrio, sendo poderoso meio de interação social (p. 21). A música possibilita ao educador trabalhar diversos aspectos em sala de aula, estimula a expressividade, a atenção, a observação e a concentração, possibilita criar variados ritmos, sons, letras e movimentos, auxilia o desenvolvimento integral do ser humano, e possibilita o conhecimento de crenças e costumes de diferentes grupos sociais como também a expressão musical própria de diferentes culturas e etnias. Segundo Tacuchian (1982), a música pode estimular os mecanismos de criação, a prática cotidiana de reflexão, a fruição e a percepção do mundo. A função principal da música é a educação pelo movimento e pela expressão. No entanto, ao se propor essa atividade na prática pedagógica, deve-se ter um cuidado especial para que ela não se torne simplesmente um mecanismo estereotipado e disciplinador dos corpos. 30 A música na escola pode estar em diferentes situações e atividades; pode inspirar uma pintura, um desenho ou qualquer outra tarefa proposta à criança; pode marcar um movimento do corpo dançante e pode estar no pátio, na hora do recreio, nos jogos dramáticos e em inúmeras outras situações escolares (FRESQUET, 2008). Assim como a música, a dança é uma atividade essencialmente lúdica. Brincar com os movimentos do corpo, sentir o seu balancear, permitir-se envolver-se por inteiro, estar conectado consigo e também com o outro, compreender e apreciar diversas danças como manifestações culturais são alguns dos resultados possíveis na escola. Como aponta Pereira (1992), o corpo infantil é a expressão viva de ritmos e sonoridade, pois, por meio dele, é possível à criança criar movimentos, deslocar-se no espaço e imitar sons, sejam vocais ou não, como palmas, estalos de dedos, batidas de pés e tantos outros. Tanto na música quanto na dança são trabalhados a expressão corporal, o ritmo, a flexibilidade e a criatividade. A atividade da dança na escola desenvolve na criança a compreensão de sua capacidade de movimento a partir da percepção de como seu corpo se desloca no espaço. Pela dança, ela poderá usá-lo expressivamente com maior inteligência, autonomia, responsabilidade e sensibilidade (BRASIL, 1997). Disponível em: <http://colegiomarista.org.br/joaopauloii/ambiente-de-aprendizagem/ educacao-infantil-ao-5-ano-tem-primeiro-contato-com-violinos>. Acesso em 10 de julho de 2012. Dançar, mesmo que, a princípio, fora do ritmo ou com movimentos corporais mais contidos, é fundamental na escola, pois, com o passar do tempo, o gesto e o ritmo peculiar de cada 31 unidade 2 criança vão sendo estimulados e conduzidos pela linguagem expressiva corporal. Pela dança, trabalha-se a lateralidade, a noção espacial, o movimento do corpo e a coordenação motora. 2.3 O desenho e a pintura O desenho e a pintura são formas de comunicação da criança com o mundo. Por meio destas atividades, ela expõe aquilo que está sentindo e pensando, seus medos, suas vontades, suas carências e suas fantasias. O traçado utilizado, as cores, as formas e a intensidade dos movimentos apontam uma forma particular de expressão infantil em suas produções. O desenho, como linguagem visual, tem signos próprios, elementos básicos de apropriação que lhe são particulares – forma, linha, cor, composição –, mas, nem por isso, podemos traduzi-lo em sentidos/significados pretensamente universais. Nossa relação com ele vai além do aspecto figurativo explícito e aciona a fantasia e a imaginação, possibilitando a construção de uma leitura simultaneamente singular e plural [...] (LEITE, 1998, p. 136). O desenho e a pintura são formas de expressão criativa de como as crianças percebem o mundo e lidam com aspectos que, para o adulto, podem ser detalhes irrelevantes. Durante a atividade de desenhar ou pintar, os educandos necessitam de liberdade e espaço no papel para que o contorno das imagens e a combinação das cores ocorram de forma espontânea e lúdica, ao contrário daquelas atividades que pouco ou nada estimulam a criatividade, como “cobrir pontilhados,colorir desenhos mimeografados, montar bonecos com formas geométricas seguindo modelos, desenhar figuras pré-estabelecidas, entre outras práticas tão comuns nos primeiros anos de escolaridade” (BORBA e GOULART, 2006, p. 54)). Estes tipos de propostas limitam a capacidade criadora da criança, empurrando-a, cada vez mais, para o reino da acomodação e da submissão. Os adultos, especialmente os professores, precisam estar mais atentos e sensíveis às produções da criança, pois limitar esta criança ao nosso universo é impossibilitá-la de experienciar a alegria e o prazer que as atividades lúdicas proporcionam durante todo o processo de desenvolvimento e aprendizagem. De acordo com Derdyk (1989), a criança, por meio do desenho, percebe as relações do homem e dos objetos com o meio ambiente, experimenta novas realidades e se comunica: 32 O desenho constitui para a criança uma atividade total, englobando o conjunto de suas potencialidades. Ao desenhar, a criança expressa a maneira pela qual se sente existir. O desenvolvimento do potencial criativo na criança, seja qual for o tipo de atividade em que ela se expresse, é essencial ao ciclo inato de crescimento. Similarmente, as condições para o seu pleno crescimento (emocional, psíquico, físico e cognitivo) não podem ser estáticas (p. 52). Sendo assim, o desenho é um canal para o exercício da imaginação e para a expressão e construção da subjetividade da criança em constante processo de desenvolvimento integral. Buscar conhecimentos da ludicidade propiciará o desenvolvimento humano e novas formas de conhecer melhor a criança e as especificidades do universo infantil. O desenho e a pintura se apresentam como um importante veículo de expressão da criança, pois ela, efetivamente, observa, participa, memoriza, imagina e expõe. Japiassu (2006), embasado na obra de Vygotsky La Imaginación y el arte em la infância referente à questão do desenho infantil, apresenta algumas possibilidades lúdicas para os educadores que trabalham tanto com a Educação Infantil quanto com os anos iniciais do Ensino Fundamental. Busco apresentar algumas delas e ilustrá-las, pois, apesar de o autor não tê-lo feito, considero que seja significativo para a compreensão do trabalho pedagógico. 1) O desenho espontâneo – Neste tipo de atividade, a criança pode se expressar livremente, já que o professor não propõe uma temática específica. Neste trabalho é possível analisar de forma mais pontual o modo como a criança se percebe e visualiza o mundo à sua volta. Desenho livre infantil. Disponível em: <http://aprenderecia.blogspot.com/2008/06/sugestes- de->. Acesso em 10 de maio de 2012. 33 unidade 2 2) O desenho da vivência – Após algum passeio, como a um museu, teatro ou a uma companhia de tratamento de água, o professor pode propor à criança que crie seu próprio registro gráfico-plástico a partir daquilo que observou. Desenho a partir de uma vivência. Disponível em: <www.riopreto.sp.gov.br/.../2007/junho/dia 06.htm>. Acesso em 10 de maio de 2012. 34 3) O desenho da observação – O educador apresenta algum objeto ou imagem à turma e, em seguida, solicita às crianças que desenhem o que lhes é colocado à mostra. Representação gráfica a partir de uma imagem. Disponível em: <http://www.naodigo. com/2009/01/voltei-fotos-inspiradas-em-desenhos>. Acesso em 26 de junho de 2012. 35 unidade 2 4) O desenho a partir da interferência “sobre” o suporte – A partir de fragmentos de imagens recortadas de revistas ou jornais, o professor solicita às crianças que a completem, desenhando o fragmento. Desenho criado a partir de recorte de figuras. Disponível em: <http://aprenderecia. blogspot.com/2008/06/sugestes-de-trabalho>. Acesso em 10 de maio de 2012. 2.4 Estudante de pedagogia, agora é com você Nesta unidade foram apresentadas apenas algumas das inúmeras propostas que poderão ser utilizadas na prática pedagógica. A intenção ao discuti-las não é trazer receitas e sim fazer com que você reflita sobre novas metodologias para aulas mais interessantes e diversificadas, utilizando ainda mais o seu potencial criativo, pois, como afirma Vygotsky (2009), a criação é a mais forte expressão da condição humana. 37 PRA FINAL DE CONVERSA... Esta disciplina permitiu-nos pensar que os educadores em exercício e/ou em formação precisam estar mais sensíveis à ludicidade na escola, como também estar mais atentos a várias questões, dentre elas o cuidado ao propor uma atividade lúdica. Trabalhar a ludicidade em sala de aula abre caminhos para novas experiências criativas tanto para o professor que a propõe quanto para a criança que a vivencia. Por isso, a atividade lúdica extrapola as ações previsíveis e estereotipadas na rotina escolar, permite o choro e o riso, a fala e o silêncio, a dor e a alegria. Por esses e outros motivos a atividade lúdica é desafiante na escola, uma instituição que ainda reproduz a concepção capitalista de que o dever e o aprender devem estar em polos opostos ao prazer e ao brincar . E enquanto essas ideias se perpetuam, as crianças lamentam a ausência de espaço para brincadeira na escola, a ausência de atividades que lhe permitam a expressão, a falta de um professor que brinca e várias outras lacunas que interferirão diretamente nos processo de desenvolvimento e aprendizagem na infância. Por isso, fica-nos a pergunta: se não for possível brincar na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, quando será possível ser criança? A Autora 39 REFERÊNCIAS AMORIM, Elizabeth. Expressão artística. In: LOPES, Maria Helena (Org.). A criança descobrindo, interpretando e agindo sobre o mundo. Brasília: UNESCO, Banco Mundial, Fundação Maurício Sirotky Sobrinho, 2005. p. 19-37. BONFIM, Patrícia Vieira. 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