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1 INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO NORTE – IFRN CAMPUS JOÃO CÂMARA CURSO DE LICENCIATURA EM FÍSICA RICARDO DE OLIVEIRA GOMES O PIBID DE FÍSICA EM UMA ESCOLA ESTADUAL DO MUNICÍPIO DE JOÃO CÂMARA/RN JOÃO CÂMARA/RN 2014 2 RICARDO DE OLIVEIRA GOMES O PIBID DE FÍSICA EM UMA ESCOLA ESTADUAL DO MUNICÍPIO DE JOÃO CÂMARA/RN Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de licenciado em Física, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte. Orientadora: Clarissa Souza de Andrade JOÃO CÂMARA / RN 2014 3 Divisão de Serviços Técnicos. Catalogação da publicação na fonte. IFRN / Biblioteca Natanael Gomes da Silva G633p Gomes, Ricardo de Oliveira. O PIBID de física em uma escola estadual do município de João Câmara. / Ricardo de Oliveira Gomes – João Câmara, 2014. 50f. Orientador: Profª Clarissa Souza de Andrade. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em Física)- Instituto Federal de Educaç ão, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, 2014. 1. Ensino de Física. 2. PIBID. 3. Formação de professores. I. Título. CDU 53:37 4 RICARDO DE OLIVEIRA GOMES O PIBID DE FÍSICA EM UMA ESCOLA ESTADUAL DO MUNICÍPIO DE JOÃO CÂMARA/RN Monografia apresentada ao Curso de Licenciatura em Física do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de licenciado em Física. Aprovada em 14 de agosto de 2014. BANCA EXAMINADORA ___________________________________ Profª. Clarissa Souza de Andrade IFRN - Campus João Câmara (Orientadora) ___________________________________ Profª Cláudia Pereira de Lima IFRN - Campus EaD (Examinadora externa) __________________________________________ Profª Geneci Cavalcanti Moura de Medeiros (Examinadora Interna) JOÃO CÂMARA / RN 2014 5 AGRADECIMENTOS Primeiramente, a Deus por ter me permitido chegar a esse momento especial de minha vida, me livrando de todos os males e abençoando enormemente minha vida, com muito amor; Ao meu pai, em memória, Francisco Sales Gomes, por ter sido meu exemplo, mesmo estando em outro plano espiritual; A minha mãe, Maria José de Oliveira Gomes, que muito me ajudou nessa caminhada, sem ela eu não teria conseguido alcançar a vitória; A minha orientadora, Profª Clarissa Souza de Andrade, pelo incentivo, atenção, paciência, confiança, e principalmente pelos ensinamentos que levarei para toda minha vida; Aos amigos que me ajudaram nesse percurso, incentivando, colaborando, participando. A estes, e com muito carinho, agradeço em especial: Rodolfo Ramon, Adeilton do Nascimento Silva, Fabio Moura, Luis Adriano, Magnos Teixeira; Aos excelentes professores que contribuíram para minha formação acadêmica e pessoal, dentre eles em especial: Moama Marques, Jaques Cousteau, Marcio Azevedo, Geneci Cavalcanti, Kalina Paiva; Aos alunos que fizeram e fazem parte da minha “ainda” curta carreira de professor, pois sem eles o estudo não teria sido possível; A todos os colegas de turma que fazem parte desta caminhada, ofereço o meu infindável obrigado! 6 "A ciência humana de maneira nenhuma nega a existência de Deus. Quando considero quantas e quão maravilhosas coisas o homem compreende, pesquisa e consegue realizar, então reconheço claramente que o espírito humano é obra de Deus, e a mais notável." GALILEU GALILEI 7 RESUMO O Trabalho de Conclusão de curso aqui apresentado tem como principal objetivo fazer um relato das experiências vivenciadas como bolsista de iniciação à docência de Física do IFRN/Campus João Câmara, desenvolvendo atividades em uma escola da rede estadual da cidade. A partir do objetivo geral, os objetivos específicos são: a) identificar as principais contribuições da experiência como bolsista para a formação do licenciando; b) refletir de forma crítica, com o auxílio das teorias, sobre a experiência vivenciada; c) refletir sobre as possíveis contribuições do PIBID ao grupo de alunos da escola parceira. O interesse em discorrer acerca da temática aqui proposta foi graças ao fato de ter sido um “pibidiano” e da grande expansão do Programa pelo país. Associa-se a isso o desejo de descrever o que foi vivido para que o público acadêmico, além dos docentes das escolas públicas de João Câmara, possam ter conhecimento das ações desse Programa. Para realização do trabalho, foram pesquisados alguns autores da área de Formação de Professores de Ciências e os próprios documentos sobre o Ensino de Física, como os PCN. Metodologicamente o estudo caracteriza-se como um relato de experiência e os dados foram coletados nos arquivos pessoais do bolsista (como relatórios, planos de intervenção didática, registros gerais e fotos). Nos resultados, um dos aspectos que chamou atenção foi a importância que teve a experimentação no ensino de Física na escola parceira como auxiliadora do processo de ensino-aprendizagem. Como considerações finais, destaca-se a importância que o Programa assumiu para a formação do licenciando. Palavras-Chave: PIBID; Ensino de Física; IFRN/ Campus João Câmara 8 ABSTRACT Work Completion of course presented here aims to give an account of experiences as a Fellow of initiation to teaching of Physics IFRN/Campus João Câmara, developing activities in a state school in the city. From the general objective, specific objectives are: a) identify the main contributions of the fellowship experience to the formation of licensing; b) reflect critically, with the aid of theories about the lived experience; c) reflect on the possible contributions of PIBID group of students from the partner school. The interest in discourse about the theme proposed here was thanks to having been a "pibidiano" and the great expansion of the program across the country. Associates with it the desire to describe what was experienced for the academic public, other than teachers from public schools in João Câmara, may be aware of the actions of this program. To perform the work, some authors in the area of Teacher of Science and the documents themselves on the Teaching of Physics, as the PCN were surveyed. Methodologically the study is characterized as an experience report and data were collected in the personal files of the market (such as reports, plans didactic intervention, general records and photos). The results, one of the aspects that drew attention was the importance that had experimentation in teaching physics at the partner school as helper of the teaching-learning process. As conclusion highlights the importance that the program assumed for the formation of licensing. Keywords: PIBID; Physics Teaching; IFRN/Campus João Câmara 9 LISTA DE ABREVIATURAS CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio IES – Instituições de Ensino SuperiorIFRN – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte LDB – Lei de Diretrizes e Bases PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais MEC – Ministério da Educação e Cultura PIBID – Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência 10 LISTRA DE FIGURAS Figura 1 – Construção de um eletroímã.....................................................................29 Figura 2 - Construção do motor elétrico simples........................................................30 Figura 3 - Motor elétrico simples................................................................................30 Figura 4 - Construção do Periscópio..........................................................................31 Figura 5 - Experimento sobre centro de massa.........................................................32 Figura 6 - Experimento sobre dilatação no fio de cobre.............................................34 Figura 7 – Vídeo sobre energia nuclear e energias renováveis.................................35 Figura 8 - Alunos expondo seus trabalhos na feira de ciências.................................37 Figura 9 - Feira de Ciências.......................................................................................38 11 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO........................................................................................................12 2 O ENSINO DE FÍSICA E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES ............................14 2.1 A CONSTITUIÇÃO FEDERAL, A LDB E A EDUCAÇÃO BRASILEIRA ..............14 2.2 OS PCN DE FÍSICA E SUA ORIENTAÇÃO PARA O ENSINO DA DISCIPLINA NO ENSINO MÉDIO ..................................................................................................17 2.3 A IMPORTÂNCIA DA EXPERIMENTAÇÃO NO ENSINO DE FÍSICA ...........18 2.4 A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE CIÊNCIAS PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA .................................................................................................. ...................20 3 BREVES CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS.............................................24 3.1 TIPO DE PESQUISA............................................................................................24 3.2 CONTEXTO DE INVESTIGAÇÃO .......................................................................24 3.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................24 3.4 ANÁLISE DE DADOS ..........................................................................................25 4 RELATO DAS EXPERIÊNCIAS VIVENCIADAS NO PIBID DE FÍSICA ...............26 4.1 O PIBID NO CAMPUS JOÃO CÂMARA/RN .......................................................26 4.2 ALGUMAS AÇÕES DO PIBID NA E.E. ANTÔNIO GOMES ................................27 4.2.1 Descrevendo a forma de realização das ações na escola................................28 4.2.2 Construindo um eletroímã.................................................................................28 4.2.3 Construindo um motor elétrico..........................................................................29 4.2.4 Construindo um periscópio................................................................................31 4.2.5 Equilibrando os pregos......................................................................................32 4.2.6 Dilação no fio de cobre......................................................................................34 4.2.7 Energias renováveis e não-renováveis.............................................................35 4.2.8 A visita ao campus João Câmara......................................................................36 4.2.9 A feira de ciências.............................................................................................37 4.3 AVALIANDO NOSSA ATUAÇÃO NA E.E. ANTÔNIO GOMES ........................38 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................40 REFERÊNCIAS 12 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho de conclusão de curso tem o objetivo de apresentar um relato da experiência vivenciada por um bolsista do PIBID de Física do IFRN/ campus João Câmara. O motivo de escolhermos o PIBID como temática do estudo é que este Programa está crescendo cada vez mais em todo o Brasil e aumentando, ano a ano, seu número de bolsistas e de escolas parceiras. Além disso, o fato de ter sido “pibidiano” aqui no campus João Câmara me motivou muito a realizar meu TCC com esse tema. Acerca do PIBID é relevante comentar que o Programa é realizado a nível nacional, financiado pela CAPES, e é uma iniciativa para o aperfeiçoamento e a valorização da formação de professores para a educação básica. Através do PIBID, os alunos de licenciatura que participam do Programa podem adquirir bolsas, que além de auxiliá-los para o bom desenvolvimento de seus cursos, conseguem conhecer o cotidiano em sala de aula e adquirir experiência docente. O PIBID busca promover a inserção dos estudantes de licenciatura no contexto das escolas públicas desde o inicio de sua formação acadêmica, onde os licenciandos conseguem desenvolver atividades didáticas e pedagógicas com a orientação de um docente do seu curso (coordenador de área) e de um professor da escola que irá atuar (professor supervisor). Desse modo, o PIBID consegue inserir os futuros licenciados no cotidiano das escolas, contribuindo para os licenciandos ligarem a teoria à pratica. Ainda existe uma enorme carência de professores de Física na rede pública estadual, por isso que o MEC tem investido muito para melhorar essa situação com o apoio da CAPES. É considerável ainda comentar que o Programa incentiva as escolas públicas de educação básica em mais um aspecto: os professores que já atuam nas mesmas há algum tempo e encontram-se desmotivados, podem buscar novas práticas através das intervenções dos bolsistas do PIBID. O presente trabalho tem como objetivo geral fazer um relato das experiências vivenciadas como bolsista de iniciação à docência de Física do IFRN/campus João Câmara, desenvolvendo atividades em uma escola da rede estadual da cidade. A partir do objetivo geral, os objetivos específicos são: a) identificar as principais 13 contribuições da experiência como bolsista para a formação do licenciando; b) refletir de forma crítica, com o auxílio das teorias, sobre a experiência vivenciada; c) refletir sobre as possíveis contribuições do PIBID ao grupo de alunos da escola parceira. O trabalho foi organizado da seguinte forma: iniciamos com a Introdução, onde apresentamos breves considerações acerca do trabalho. Em seguida, apresentamos o referencial teórico que fundamenta o estudo. Na sequência, a metodologia do trabalho. Na próxima seção, nossos resultados, apresentando o relato da experiência, trazendo as ações desenvolvidas como bolsista e refletindo sobre elas. Por fim, temos as considerações finais do trabalho. 14 2 O ENSINO DE FÍSICA E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES O ensino no século XXI tem sido orientado para uma formação cidadã, independente da disciplina ministrada. O ensino da Física, por exemplo, ganhou um novo sentido a partir das orientações dos PCN para o ensino da Física. Nesse contexto, o PCN para o Ensino Médio no que diz respeito ao ensino de Física, mostra importante ter a compreensão de que: A Física é um conhecimento que permite elaborar modelos de evolução cósmica, investigar os mistérios do mundo submicroscópico, das partículas que compõem a matéria, ao mesmo tempo que permite desenvolver novas fontes de energia e criar novos materiais,produtos e tecnologias. Incorporado à cultura e integrado como instrumento tecnológico, esse conhecimento tornou-se indispensável à formação da cidadania contemporânea. Espera-se que o ensino de Física, na escola média, contribua para a formação de uma cultura científica efetiva, que permita ao indivíduo a interpretação dos fatos, fenômenos e processos naturais, situando e dimensionando a interação do ser humano com a natureza como parte da própria natureza em transformação. (BRASIL, 2005, p. 22) Como podemos perceber, o ensino da Física não pode e não deve ser mais concebido apenas como uma mera decoreba, onde os alunos não conseguem assimilar os conteúdos programáticos pelo simples fato de não compreenderem o porquê de estarem estudando tais assuntos. O conhecimento da Física na escola do século XXI ganhou novos “ares”, onde o aluno precisa construir uma visão da Física que esteja voltada para a compreensão de como usar os conteúdos estudados no seu dia a dia e em prol do outro. Veremos, no próximo item, uma breve explanação acerca da legislação para a educação no Brasil, tomando como base a Constituição Federal e a Lei de Diretrizes e Bases (LDB). Depois, passaremos às recomendações para o Ensino de Física. 2.1 A CONSTITUIÇÃO FEDERAL, A LDB E A EDUCAÇÃO BRASILEIRA É sabido que a educação é direito de todos e dever do estado e da família, como a própria Constituição mostra em seu art. 205. Vejamos: 15 Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988, p. 34). Como podemos perceber no art. 205 da Constituição Federal, a educação é um direito adquirido pelos cidadãos, onde a educação deve ser promovida e incentivada com a participação da sociedade, ou seja, a escola é responsável pela colaboração no que diz respeito à aprendizagem dos conteúdos. Assim, é constitucional o papel do Estado, da família e da sociedade no desenvolvimento do cidadão. Veremos agora o art. 206 (até o item IV), pois eles são os que mais interessam ao tema aqui proposto: Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais. (BRASIL, 1988, p. 34) No artigo apresentado é mostrado como o ensino deve ser exercido. No item I fica claro que o aluno tem o direito, assistido pela Constituição, de acesso à escola, garantindo ainda sua permanência na mesma, ou seja, o aluno além de ter o direito à escola deve ter condições de continuar estudando. Para isso, foram criados alguns programas sociais de amparo à permanência do aluno na escola – esses programas garantem o material escolar, alimentação entre outros, teoricamente é o que deveria acontecer para as crianças e adolescentes em geral. O item II garante a liberdade de aprender e poder divulgar seu aprendizado, nesse item destaca-se que é direito de todos à aprendizagem e, por isso, a preocupação quando há ainda crianças e jovens fora da escola. O item III garante o direito de poder desenvolver novas práticas pedagógicas, através das novas concepções, garantindo ainda o direito da existência das instituições públicas e privadas de ensino. O quarto item garante o ensino público gratuito, independente da condição financeira. Ao tomar como base a Constituição Federal, podemos compreender o quanto é significativo desenvolver um trabalho qualitativo através do PIBID, uma vez que 16 esse Programa incentiva os alunos a estudarem com qualidade, podendo ter uma aprendizagem significativa. No que diz respeito à Lei de Diretrizes e Bases (LDB), é sabido que a mesma apresenta-se como de fundamental importância para o desenvolvimento da educação no Brasil, a LDB é norteadora de todas as ações desenvolvidas no campo da Educação. A LDB é a lei orgânica e a geral da educação brasileira. Ela dita as diretrizes e as bases para o desenvolvimento da educação brasileira, como o próprio nome institui. De acordo com a LDB: Art. 1º. A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. § 1º. Esta Lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias. § 2º. A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social. (BRASIL, 1996, p. 05). A educação é algo abrangente que engloba desde a formação oriunda da família, no convívio familiar, através das relações com os seres humanos, a educação vai acontecendo gradativamente. A LDB é importante, ainda, porque mostra que a educação escolar é responsável por vincular o ensino escolar com o mundo do trabalho e a prática no convívio social, como vimos. A educação tem o dever de preparar seus alunos para pratica da cidadania, além de qualificar seus alunos para o trabalho. Quando nos reportamos a qualificar para o trabalho, não diz respeito apenas às escolas de educação profissional, a educação como um todo é responsável por trabalhar com seus alunos desde a educação infantil até o ensino médio a qualificação para o trabalho. Os alunos devem compreender e relacionar os conteúdos estudados com a prática no dia a dia e sua relevância para o trabalho. A LDB orienta-se pela Constituição Federal, como podemos perceber, a LDB mostra que o aluno deve ter condições de ir à escola e permanecer nela, dentre outras orientações que auxiliam no bom desempenho dos alunos. Se a prática da lei fosse de fato realizada, poderíamos ter um quadro diferente na educação brasileira. Por esse motivo, é interessante conscientizarmos nossos alunos de seus direitos e também dos seus deveres civis. 17 2.2 O PCN DE FÍSICA E SUA ORIENTAÇÃO PARA O ENSINO DA DISCIPLINA NO ENSINO MÉDIO Ao ler acerca do que os PCN de Física orientam para o ensino da disciplina no Ensino Médio, foi compreendido que, na contemporaneidade, o ensino da disciplina é muito mais que apenas decorar fórmulas e fazer experiências, é permitir que os alunos aprendam o porquê das formulas e como usar as experiências no seu dia-a-dia. Ao ensinar a Física na escola é necessário que os alunos compreendam como usar a Física no seu cotidiano e assim possam mudar sua realidade. De acordo com o PCN de Física para o Ensino Médio: A presença do conhecimento de Física na escola média ganhou um novo sentido a partir das diretrizes apresentadas nos PCN. Trata-se de construir uma visão da Física que esteja voltada para a formação de um cidadão contemporâneo, atuante e solidário, com instrumentos para compreender, intervir e participar na realidade. Nesse sentido, mesmo os jovens que, após a conclusão do ensino médio não venham a ter mais qualquer contato escolar com o conhecimento em Física, em outras instâncias profissionais ou universitárias, ainda assim terão adquirido a formação necessária para compreender e participar do mundo em que vivem (BRASIL, 2000, p. 24- 25). Diante disso, o ensino de Física deve acontecer de forma que os alunos possam compreender os fenômenos naturais e tecnológicos, presentes no seu cotidianoe no universo que se distancia da sua realidade. É sabido que a Física possui especificidades apenas cabíveis a sua competência, por esse motivo, não podemos fugir das regras e normas implantadas pela mesma. Por esse motivo, cabe ao professor descobrir metodologias para desenvolver suas aulas de forma que o aluno interaja com o conteúdo, e consiga relacioná-lo com sua aplicabilidade no seu dia-a-dia. A Física deve apresentar-se, portanto, como um conjunto de competências específicas que permitam perceber e lidar com os fenômenos naturais e tecnológicos, presentes tanto no cotidiano mais imediato quanto na compreensão do universo distante, a partir de princípios, leis e modelos por ela construídos. Isso implica, também, na introdução à linguagem própria da Física, que faz uso de conceitos e terminologia bem definidos, além de suas formas de expressão, que envolvem, muitas vezes, tabelas, gráficos ou relações matemáticas. Ao mesmo tempo, a Física deve vir a ser reconhecida como um processo cuja construção ocorreu ao longo da história da humanidade, impregnada de contribuições culturais, econômicas e sociais, que vem resultando no desenvolvimento de diferentes tecnologias e, por sua vez, por elas impulsionado (BRASIL, 2000, p. 25). 18 Diante disso, não podemos ensinar a Física de forma isolada, como se ela fosse uma disciplina independente das demais. A Física é uma disciplina que se relaciona com inúmeras outras, como a: Química, a Matemática, a Biologia, entre outras. Diante disso, a disciplina de Física deve ser trabalhada sempre relacionada com as demais, uma vez que, a mesma apenas ganha sentido quando apresentada de forma articulada com as competências propostas pelas demais áreas, como aponta o PCN de Física: No entanto, as competências para lidar com o mundo físico não têm qualquer significado a quando trabalhadas de forma isolada. Competências em Física para a vida se constroem em um presente contextualizado, em articulação com competências de outras áreas, impregnadas de outros conhecimentos. Elas passam a ganhar sentido somente quando colocadas lado a lado, e de forma integrada, com as demais competências desejadas para a realidade desses jovens (BRASIL, 2000, p. 25). A realidade presente nas escolas ainda é diferente do que é pregado pelos PCN. Por esse motivo, é interessante o desenvolvimento de projetos como os do PIBID, que podem ajudar a mudar essa realidade, diminuindo a ponte que ainda há entre teoria e pratica. É interessante ainda comentar a necessidade de o professor ler o PCN de Física, uma vez que, o mesmo norteia a melhor forma de ensinar Física, contextualizando os conteúdos estudados com o cotidiano vivenciado pelos alunos. 2.3 A IMPORTÂNCIA DA EXPERIMENTAÇÃO NO ENSINO DE FÍSICA É preciso pensar a respeito de como aproximar os conteúdos que estão sendo estudados com sua utilização na vida do aluno. Nesse contexto, os experimentos usados em sala de aula são bons para essa aproximação. O ensino de Ciências tem sempre considerado a utilização de atividades experimentais, na sala de aula ou no laboratório, como essencial para a aprendizagem cientifica. No entanto, falar em experimentação remete às concepções do professor sobre o que ensina, o que significa aprender, o que é ciência e, com isto, o papel atribuído à experimentação adquire diferentes significados (ROSITO in MORAES, 2000, p. 195). Como podemos compreender de acordo com o pensamento da autora, ensinar através de experimentos, também nos remete a refletir sobre o que é 19 ensinar e como ensinar. Ensinar com experimentos não garante um aprendizado significativo se o professor não conseguir relacionar o conteúdo com o experimento de forma clara e objetiva. É necessário ainda desenvolver no aluno o senso crítico de conseguir relacionar o conteúdo estudado e sua utilização no seu dia a dia. A experimentação é essencial para um bom ensino de Ciências. Em parte, isto se deve ao fato de que o uso de atividades práticas permite maior interação entre o professor e os alunos, proporcionando, em muitas ocasiões, a oportunidade de um planejamento conjunto e o uso de estratégias de ensino que podem levar a melhor compreensão dos processos de ciências (ROSITO in MORAES, 2000, p. 197). Como podemos perceber, a experimentação é primordial para despertar no aluno, o interesse pela disciplina, uma vez que, através da experiência o aluno pode compreender o conteúdo estudado na prática. [...], por exemplo, o fenômeno da dissolução de um sólido colorido em água não desperta muita atenção quando apresentado isoladamente, apenas como uma informação, mas se planejado como parte de uma atividade experimental, este fenômeno pode se apresentar com vários detalhes interessantes para o aluno (ROSITO in MORAES, 2000, p. 197). É compreendido, portanto, que o experimento deve ser associado aos conteúdos programáticos, quando cabíveis. É relevante ainda comentar que a importância da utilização de experimentos nas aulas de ciências não implica dizer que para todo conteúdo estudado deve-se ter um experimento. É explicito que nem todos os conteúdos são associados a experimentos, até mesmo porque, se todas as aulas fossem aplicadas com experimentos, elas se tornariam desmotivantes e continuariam na mesmice. O objetivo das atividades relacionadas ao conhecimento cientifico é fazer os alunos resolverem os problemas e questões que lhes são colocados, agindo sobre os objetos oferecidos e estabelecendo relações entre o que fazem e como o objeto reage à sua ação (CARVALHO et al, 1998, p. 20). De acordo com a autora é perceptível que as aulas com experimentos precisam ser planejadas, ou seja, elas precisam ter objetivos. As aulas de ciências para motivar o conhecimento científico, precisam permitir que os alunos compreendam o conteúdo e compreendam como desenvolver os experimentos. Além de permitir que eles consigam relacionar o que esta sendo aprendido em sala de aula, e sua utilidade na vida fora da sala de aula. 20 A importância do trabalho prático é inquestionável na Ciência e deveria ocupar lugar central em seu ensino. Houve época em que os experimentos serviam apenas para demonstrar conhecimentos já apresentados aos alunos e verificar leis plenamente estruturadas. Passou-se depois a utilizar o laboratório didático como um local onde se pretendia que os alunos redescobrissem todo o conhecimento já elaborado (CARVALHO et al, 1998, p. 20). Como podemos perceber, as aulas de experimentação devem incentivar os alunos a “pensarem” e não apenas porem em prática o que estudaram. Compreendendo melhor a prática do que aprenderam colocadas através dos experimentos é apenas uma “continuação” do estudo realizado, porém, quando o aluno começa a pensar acerca de como aquele determinado experimento está sendo realizado e, novas formas de realizá-lo, certamente, o conhecimento científico de fato foi despertado nos alunos e, o objetivo da aula foi alcançado. O ensino da Física e de Ciências deve ser visto como algo próximo da realidade do aluno, e não apenas como uma necessidade de aprender determinados conteúdos programáticos, para ser usados apenas nas questões do Enem ou Vestibular para os poucos alunos que disputam uma vaga universitária. 2.4 A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE FÍSICA E CIÊNCIAS PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA A sala de aula pode ser considerada como um laboratório vivo para a aprendizagem de diversas áreas. Na pratica docente, por exemplo, podemos considerar a sala de aula como uma forma de conseguir relacionar aquilo que aprendemos na teoria com o que, de fato, acontece na prática. É percebida,de modo geral pelos estudantes, uma grande diferença que há com o que aprendemos nos “bancos da faculdade” com o que desenvolvemos nas salas de aula, principalmente tratando-se de escolas publicas. Este dado pode ser resultado, dentre outras coisas, do pouco entrosamento destes educadores com as colaborações das pesquisas e a inovação didática. Pode se chegar assim à conclusão de que nós professores de ciências, não só carecemos de uma formação adequada, mas não somos sequer conscientes das nossas influencias. Como consequência, concebe-se a formação do professor como uma transmissão de conhecimentos e destrezas que, contudo, têm demonstrado reiteramente suas insuficiências na preparação dos alunos e dos próprios professores (PEREZ e CARVALHO, 2011, p. 15). 21 Os autores apontam para a necessidade da formação profissional adequada aliada às pesquisas na área de ensino. Os professores das disciplinas como: Ciências, Química e Física, em especial, encontram algumas dificuldades especificas, dentre elas podemos citar a falta de recursos materiais e alguns profissionais ainda descapacitados, ou os que ainda possuem alguma capacitação profissional não se atualizam com os novos conhecimentos. Contudo, há ainda aqueles profissionais que embora possuam conhecimento, capacitação profissional, enfrentam as dificuldades da falta estrutura física e material. As disciplinas de Física, Ciências e Química, durante muitos anos apresentaram desinteresse por parte dos alunos. No cotidiano escolar, pode-se ver com frequência essa realidade, grande parte dos alunos não gosta dessas disciplinas, porque as consideram desnecessárias para suas vidas. Ao ensinar essas disciplinas, deve-se motivar os alunos a gostarem da disciplina mostrando como a Física está presente no seu cotidiano, desde acender uma lâmpada até conseguir ficar de pé e caminhar. Acerca do ensino na área da Física, o mesmo vem sofrendo reformulações, mostrando que a Física não pode ser ensinada apenas na teoria, e que na prática o educando consegue assimilar melhor e relacionar com praticidade o que está sendo estudado. Tradicionalmente, o ensino da Física é voltado para o acúmulo de informações e o desenvolvimento de habilidades estritamente operacionais, em que, muitas vezes, o formalismo matemático e outros modos simbólicos (como gráficos, diagrama e tabelas) carecem de contextualização. Na sala de aula, essa prática de ensino, que se fundamenta em um ensino por transmissão, dificulta a compreensão por parte dos alunos sobre o papel que diferentes linguagens representam na construção dos conceitos científicos (CAPECCHI e CARVALHO, 2006 apud CARVALHO et al, 2010, p. 57). De acordo com o pensamento dos autores, podemos compreender melhor o quanto é necessário contextualizar o que está sendo ensinado em sala de aula. Ao ensinar como construir um periscópio, por exemplo, deve-se mostrar que, além de ser um acessório fundamental dos submarinos, ele pode ser utilizado - assim como nos submarinos - para captar imagens acima da água, trabalhando o pensamento cientifico e motivando os alunos a serem inventores. Nessa perspectiva é cabível ao 22 professor inovar suas aulas, tornando-as mais dinâmicas e interativas para conseguir a “atenção” e participação dos seus alunos. Um ensino que tenha por objetivo levar os alunos a se alfabetizarem cientificamente [...], preparando os nossos jovens para uma participação ativa na sociedade, deve procurar desenvolver novas visões de mundo por parte dos estudantes, considerando o entrelaçamento entre estas e conhecimentos anteriores. No caso da aprendizagem de Física, isto significa, sobretudo, a aquisição pelos alunos de novas praticas e linguagem, sem deixar de relacioná-las com as linguagens e práticas do cotidiano (CAPECCHI e CARVALHO, 2006 apud CARVALHO et al, 2010, p. 57). Como podemos perceber, os autores reforçam o pensamento de que ensinar os conteúdos de forma isolada, pouco contribui para o aprendizado dos educandos. É necessário ao ensinar um determinado conteúdo, seja realizada a relação entre ele e o que o aluno vivencia. Contudo, a linguagem especifica é necessária, porém, ela deve ser relacionada e comparada com a linguagem utilizada pelos alunos em seu cotidiano. Motivar o pensamento de saber discernir o que usar e quando usar, não é uma tarefa fácil, mas, também não é impossível. Por esse motivo a relevância de trabalhar com experimentos em sala de aula. Muitas vezes, os experimentos podem ser realizados até mesmo com materiais de baixo custo e acessíveis à maioria dos alunos. Como podemos perceber, os autores citados apontam para a importância de, no ensino da Física, a teoria caminhar junto com a prática, para que assim o conhecimento seja solidificado e interpretado com melhor qualidade pelo aluno. Podemos acrescentar ainda que é necessário ter conhecimento pedagógico, por exemplo, nas áreas de licenciatura é relevante para a obtenção de bons resultados na aplicabilidade das aulas em sala de aula, seja de qual disciplina for. As transformações da prática docente requerem ainda a iniciativa partida do próprio profissional que está em sala de aula. Embora, existam muitos profissionais que buscam atualizar-se e capacitar-se profissionalmente, a maioria dos professores efetivos da rede publica de ensino, restringem-se aos métodos ultrapassados, e, não estão adeptos às mudanças exigidas pela contemporaneidade. Ressaltamos, portanto, nesse contexto a importância do PIBID nas escolas públicas, porque além de motivar os alunos a gostarem da ciência e da física, mostra aos professores 23 efetivos dessa rede de ensino novas metodologias a serem aplicadas em sala de aula. Como aponta Pérez (2011): Parece lógico que os professores deverão ser os primeiros beneficiários das descobertas da pesquisa educativa. Porém, como indica Tyler (1979), existe uma autêntica barreira entre “pensadores” (pesquisadores) e “realizadores” (professores). Surge assim a ideia de que, para que os professores considerem as implicações da pesquisa e examinem criticamente sua atividade docente à luz de tais implicações, deverão inserir-se de alguma forma no processo de pesquisa (Verma e Beard, 1981). (PÉREZ et al, 2011, p. 62) Como pode ser percebido, de acordo com o pensamento dos autores, é relevante que os professores precisam ser pesquisadores, eles não devem mais ser apenas os que repassam o conhecimento “pronto e acabado”, principalmente porque esse pensamento já foi “desmanchado” por inúmeros autores. “Somos seres inacabados”, como aponta Paulo Freire (1996). 24 3 BREVES CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS 3.1 TIPO DE PESQUISA O estudo busca relatar a experiência como bolsista do PIBID de Física do IFRN/João Câmara, em especial na Escola Estadual Antônio Gomes. Pretende assim, como consequência, identificar a relevância do programa tanto para o licenciando em questão, quanto para os alunos da escola parceira do PIBID. A pesquisa desenvolvida é caracterizada como um relato de experiência, uma vez que apresenta um relato das experiências vivenciadas como bolsista do PIBID. Essa forma de pesquisa é descrita por Fontanella (2011) como: O relato de experiência tem como principal objetivo dar uma orientação geral ao autor com relação à estruturação de relatos de experiência profissional. A relevância de um relato de experiência está na pertinência e importância dos problemas que neles expõem, assim como o nível de generalização na aplicação de procedimentos ou de resultados da intervenção em outras situações similares, ou seja, serve como uma colaboração à práxis metodológicada área a qual pertence (FONTANELLA, 2011). 3.2 CONTEXTO DE INVESTIGAÇÃO O contexto onde foi realizada a pesquisa foi a Escola Estadual Antônio Gomes, localizada na cidade de João Câmara/RN. A escola foi escolhida por ter sido a escola onde o bolsista, autor deste trabalho, desenvolveu suas ações de iniciação à docência. 3.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Para dar inicio à elaboração do presente trabalho foi percebida a necessidade de realizar uma revisão bibliográfica sobre o tema. Assim, pesquisamos sobre: o PIBID (ou seja, o que é o programa a nível nacional), a formação de professores e sobre a experimentação no ensino de Física. Foram lidos alguns trabalhos como artigos que descreviam em seu conteúdo assuntos que se relacionavam ao tema proposto. As diretrizes e PCN para o ensino da Física, também foram fundamentais para embasar teoricamente o tema proposto. Algumas obras também foram 25 relevantes como: Formação de Professores de Ciências e Ensino de Física, entre outras obras. Para o desenvolvimento do trabalho também foram analisados artigos acadêmicos relacionados ao tema, entre pesquisas em sites, monografias e livros. Em seguida, foram coletados os dados necessários para o relato de experiência. Para isso, utilizamos os arquivos adquiridos durante a experiência vivenciada como bolsista PIBID, como, por exemplo: as fotos, os relatórios e os planos de intervenção didática. As fotos elaboradas durante a maioria das ações auxiliaram na demonstração do empenho e desempenho dos alunos durante as intervenções didáticas. Os relatórios - que eram exigência do programa - ajudaram a nortear como foi desenvolvida a experiência e relembrar as vitórias e dificuldades enfrentadas durante o tempo como bolsista. Os planos de intervenção didática auxiliaram na organização de cada ação na escola, como também no desenvolvimento da pesquisa, uma vez que eles explicam como foram elaboradas e desenvolvidas cada intervenção. 3.4 ANÁLISE DE DADOS A análise dos dados foi feita selecionando algumas experiências como pibidiano na Escola Estadual Antônio Gomes e refletindo sobre essas experiências, com a ajuda das fontes teóricas. Essas fontes teóricas ajudaram a compreender melhor aquilo que foi vivenciado na pratica, pode-se entender, portanto, a necessidade de ter conhecimento na prática para que a teoria, de fato, seja compreendida. 26 4 RELATO DAS EXPERIÊNCIAS VIVENCIADAS NO PIBID DE FÍSICA Nesta seção, relataremos, de forma reflexiva, as experiências vividas como bolsista do PIBID de Física do campus João Câmara, do período de Dezembro de 2012 a Dezembro de 2013. Daremos ênfase ao período em que desenvolvemos nossas ações de intervenção didática na Escola Estadual Antônio Gomes. 4.1 O PIBID NO CAMPUS JOÃO CÂMARA O subprojeto de Física do PIBID de João Câmara teve sua aprovação com o edital 2009 da CAPES/PIBID, com o inicio de suas atividades no período 2010.1. Este suprojeto teve como instituição proponente o IFRN - Campus João Câmara. Como escolas conveniadas ou parceiras do subprojeto, estavam: a Escola Estadual Antonio Gomes, a Escola Estadual Francisco de Assis Bittencourt e a Escola Estadual Senador Jessé Pinto Freire de Ensino de 2º Grau (essa última no município de Parazinho). Teve à frente, no inicio das atividades do subprojeto, como coordenador de área, o professor Cousteau, da disciplina de Física do campus, coordenando 12 bolsistas do curso de Licenciatura em Física. Em 2012, assumiu a coordenação de área a professora Geneci, também da disciplina de Física do nosso campus, aumentando o número de bolsistas para 24, com o edital 2012, como uma ampliação do subprojeto que estava vigente. Foi por meio deste edital, que ingressei no Programa, iniciando minhas atividades como bolsista em dezembro de 2012 e encerrando em dezembro de 2013. Tínhamos reuniões quinzenalmente com a nossa coordenadora e reuniões semestrais com o coordenador institucional do IFRN. Tais reuniões tinham a presença de todos os participantes do PIBID aqui de João Câmara/RN. A atuação como bolsista era desenvolvida no campus João Câmara e nas duas escolas parceiras: no campus estudávamos e preparávamos as atividades para levar às escolas; nas escolas desenvolvíamos nossas ações nas salas de aulas de Ensino Fundamental (9º ano) e Ensino Médio. Os bolsistas eram divididos em grupos para atuação nas escolas e em grupos menores para trabalhar com os grupos de alunos das diferentes séries e turmas de cada escola. 27 Em nosso caso, desenvolvemos nossas ações na Escola Estadual Antônio Gomes, em dupla. Eram intervenções didáticas a um grupo de alunos de 9º ano, sempre no contraturno desses estudantes. Utilizando métodos de ensino sempre voltados para o aluno, os bolsistas procuravam atender todos esses estudantes, empregando o método de ensino que consideravam adequados, muitas vezes, utilizando o material da própria escola que o projeto faz parte. O bolsista do programa PIBID podia utilizar o livro didático, projetor, sala de vídeo, laboratório de informática ou outros recursos que precisar. Tudo isso fazia com que as intervenções didáticas se tornassem mais adequadas para esses estudantes e para os bolsistas. Todos os participantes tinham o compromisso de realizar suas atividades na escola como, por exemplo, nós os bolsistas tínhamos o compromisso de fazer todas as atividades da melhor maneira possível para ajudar os alunos a melhor entender os conteúdos que eram repassados para eles. É relevante ainda comentar que todos os bolsistas do PIBID tinham que elaborar seus planos de aula (para as intervenções didáticas), obedecendo ao calendário escolar. Isso proporcionava um melhor desempenho nas ações, uma vez que, sem planejamento, o trabalho não sai com a qualidade almejada. 4.2 ALGUMAS AÇÕES DO PIBID NA ESCOLA ESTADUAL ANTÔNIO GOMES As atividades de intervenção didática nas salas de aula da Escola Estadual Antônio Gomes, localizada no Bairro Bela Vista, João Câmara/RN, foram iniciadas juntamente com um colega, também bolsista do PIBID. Aconteciam sempre nas terças-feiras, das 8 às 10 horas da manhã. Tínhamos cerca de 9 alunos no inicio, mas com o decorrer das atividades, esse contingente foi aumentando e passamos a realizar atividades com cerca de 22 alunos. É interessante comentar ainda, que as ações na escola iniciaram no mês de março de 2013 e encerraram em dezembro do mesmo ano. Onde as experiências vivenciadas nesse curto, porém, relevante tempo, ajudaram a compreender melhor a dinâmica das salas de aula. Nessa perspectiva, foi possível ainda interagir de forma dinâmica com os alunos e adquirir conhecimento com os professores efetivos e alunos. 28 4.2.1 Descrevendo a forma de realização das ações na escola O PIBID é de suma importância em todas as cidades em que ele é desenvolvido, e os alunos das escolas muitas vezes procuram os bolsistas do Programa para entender sobre assuntos de Física. Por esse motivo, as nossas ações de intervenção didática também serviam como um momento de tirar dúvidas na sala de aula. Para desenvolver as ações, procurávamos utilizar uma metodologia diferente da tradicional para que os alunos começassem a gostar da Física, principalmente na prática, por isso, optamos por privilegiar atividades experimentais. As metodologias continham vídeos, exposições no quadro e experimentos que eram fabricados na própria sala de aula e se transformava num verdadeiro laboratório de Física. Os conteúdos utilizados durante nosso tempo como “pibidianos” eram diversificados e foramselecionados a partir do que o professor supervisor estava ministrando para a turma. A nossa primeira ação na escola aconteceu com uma pequena apresentação de cada um dos alunos, e logo após essa apresentação, começamos a fazer perguntas sobre: O que eles achavam do ensino da Física? Gostavam dessa disciplina? Já tinham algum conhecimento sobre essa matéria? Alguns alunos já tinham assistido aula e lido alguns livros que continham fórmulas e imagens relacionadas à Física. Aos poucos os alunos começaram a participar. As ações de intervenção didática que serão descritas a seguir são alguns exemplos foi que fizemos na escola como pibidianos. 4.2.2 Construindo um eletroímã A intervenção didática sobre eletroímã (apêndice A) foi bastante satisfatória, os alunos conseguiram interagir de forma significativa, eles perguntaram como era feito um eletroímã, qual a sua utilidade. Diante desse contexto, foi explicado aos alunos que existe o imã comum de geladeira e os eletroímãs, que são usados em sucatas para empilhar carros. Para a realização da ação, foram utilizados os seguintes materiais: pregos, fios de cobre, pilhas, suporte para pilhas. No desenvolvimento da aula, os alunos 29 além de construir o eletroímã, eles puderam compreender sua utilidade e a diferença entre o imã comum e o eletroímã através da prática. Figura 1 – Construção de um eletroímã Fonte: Elaborada pelo autor Uma das abordagens de ensino encontradas na revisão bibliográfica é o ensino de Física através de experimentos. Um de seus objetivos é fazer com que os alunos interajam com os conteúdos aplicados, através das experiências realizadas em sala de aula, de forma a construir conhecimento. Se for uma demonstração para a classe, podem ser feitas perguntas do tipo: “Qual a questão estamos investigando?”, procurando observar as expressões dos alunos. Se for um laboratório, onde os alunos estão divididos em pequenos grupos, o professor deve interagir com os grupos, para se certificar de que todos entenderam o problema experimental, mas sempre tomando o cuidado de não dar as respostas nem indicações de como resolver o problema (CARVALHO et al, 2010, p. 61). Como podemos perceber, de acordo com a autora, mais que repassar conteúdos, o ensino da Física precisa ajudar os alunos a compreender de fato o que estão estudando, conseguindo entender o que está sendo investigado com o experimento. A nosso ver, conseguimos cumprir com esse objetivo por meio da construção do eletroímã. 4.2.3 Construindo um motor elétrico Para esta ação, foi proposta a construção de um motor elétrico simples (Apêndice B). 30 Figura 2 - Construção do motor elétrico simples Fonte: Elaborada pelo autor Foram utilizados os seguintes materiais: pilhas, fios de cobre, alicate de corte, durex, estiletes. O principal objetivo da ação foi construir um motor elétrico simples e entender seu funcionamento, que ocorre pela repulsão e atração devido aos campos magnéticos. Os alunos conseguiram construir esse motor e, no final da aula, mostraram seu funcionamento. Sabendo que a corrente contínua utiliza o mesmo principio de diversos aparelhos eletrodomésticos, os alunos perceberam que a teoria é aplicável à pratica, ou seja, aquele conteúdo de Física muitas vezes considerado “chato” e exaustivo é algo presente no nosso cotidiano. Dessa forma, utilizamos aqui o princípio de contextualização dos conteúdos, utilizando o contexto da vida pessoal e cotidiano (BRASIL, 1999), que o contexto mais próximo da vida do aluno. Figura 3 - Motor elétrico simples Fonte: Elaborada pelo autor Com a imagem acima, podemos reforçar o conhecimento de que a Física experimental motiva os alunos a gostarem da disciplina. 31 4.2.4 Construindo um periscópio Figura 4 - Construção do Periscópio Fonte: Elaborada pelo autor Nessa ação os alunos puderam construir um periscópio (Apêndice C) utilizando espelhos (com 2,5 cm de largura por 20 cm de comprimento) e cartolina. O periscópio é um acessório fundamental dos submarinos, usados para captar imagens acima da água. Um periscópio básico utiliza dois espelhos paralelos, a certa distância um do outro. Os espelhos devem estar num ângulo de 45°, pois, caso contrário, a imagem não ficará perfeita. Os raios luminosos atingem o primeiro espelho, que os reflete para o segundo espelho; assim, são novamente refletidos para o visor. O trajeto completo da luz possui a forma aproximada da letra "Z", onde por uma das extremidades a luz refletida pelos corpos a serem observados entra, e pela outra ela atinge os olhos do observador, possibilitando que este veja o que, a princípio, estaria fora do seu alcance de visão. Nesta ação, apesar dos alunos se divertirem e interagirem para construir o periscópio, não conseguimos perceber se os alunos compreenderam de fato os conteúdos. A prática experimental não pode sempre garantir que os alunos aprendam, como vimos em Rosito in Morae (2000), em nosso referencial teórico. Contudo, a prática experimental é incentivadora para que a aprendizagem aconteça, uma vez que, os alunos conseguem interagir entre si, e, com o professor. Além disso, podemos acrescentar que as aulas experimentais: 32 As aulas experimentais: mesmo imbuídos e cientes da importância deste referencial teórico que é o construtivismo, alguns professores tem realizado atividades experimentais nas aulas de física utilizando o modelo tradicional de ensino. Este modelo, presente desde a década de 1960, conforme exposto por Pinho-Alves, valorizava a experimentação como decorrente de um processo que prima pela observação e pela realização de atividades realização de atividades guiadas por passos, como um receituário. Mas tal modelo vem sendo fortemente criticado pelos pesquisadores, que ao mesmo tempo em que o criticam, se eximem de propor aos docentes sugestões de como tais atividades poderiam ser organizadas segundo a concepção construtivista. (ROSA e ROSA, 2012, p. 13). Nesse contexto, podemos ter a certeza e ao mesmo tempo a preocupação com a realização da prática experimental que prime pela construção dos conhecimentos, e não por uma simples construção de conjuntos de procedimentos. Todo esse assunto busca propor uma estrutura didática para a realização das atividades experimentais em Física na orientação construtivista. Essa proposta toma por referencial o construtivismo e estrutura-o em três momentos que são denominados: pré-experimental, experimental e pós-experimental. A ênfase está nas etapas anteriores e posteriores à experimentação, oportunizando que os estudantes em conjunto com o professor discutam e reflitam sobre o que irão fazer ou o que fizeram na atividade. 4.2.5 Equilibrando os pregos Figura 5 - Experimento sobre centro de massa Fonte: Elaborada pelo autor 33 Esse experimento sobre centro da massa reforçou o conhecimento sobre a concentração do centro de massa, aplicado através de um outro experimento anterior. (Apêndice D) Foram utilizados onze pregos. Foi fixado um prego no centro da tábua. Os dez pregos que sobraram foram colocados sobre o único pregado na madeira, demonstrando assim que, o centro de massa está localizado no único prego na parte central da tábua. O objetivo principal foi demonstrar que é possível colocarmos dez pregos sobre apenas um. Este outro experimento foi realizado várias vezes para podermos chegar a o resultado positivo, pois este tipo de experiência é mais complicado e requer um pouco de paciência. Todos os alunos tiveram sua participação e o maisinteressante é que, quando um determinado aluno não conseguia realizar a colocação sobre este único prego que estava pregado na tabua, passava a vez para um próximo preponente. Observem que a aluna da foto acima está tentando finalizar este experimento com uma concentração enorme. Depois de várias tentativas de todos os alunos, no final, conseguimos realmente achar o centro de massa. Aproveitamos para discutir que é preciso realmente a participação de todos para obtermos um resultado positivo, muitas vezes. Além disso, explicamos o porquê da dificuldade. Às vezes, como é o caso da experiência, o centro de massa acaba sendo fora do próprio objeto. Para que o equilíbrio seja estável, é necessário que o ponto de apoio esteja exatamente ou abaixo do ponto de apoio, e isso é demonstrado na experiência. Essa ação com os alunos nos mostrou que a prática experimental permite, de fato, que os alunos cheguem a algumas conclusões a partir do que eles mesmos vão fazendo, como mostra Carvalho (1998): [...] É exatamente isso o que queremos com nossas atividades: primeiramente, criar condições em sala de aula para que os alunos consigam “fazer”, isto é, resolver o problema experimentalmente; depois, que eles compreendam o que fizeram, isto é, que busquem, agora em pensamento, o “como” conseguiram resolver o problema e o “porque” de ele ter dado certo (CARVALHO et al, 1998, p. 22). Estávamos, aos poucos, percebendo o quanto era necessário ensinar a Física na prática. 34 4.2.6 Dilatação no fio de cobre Aqui temos mais um experimento que foi o da dilatação, utilizando fios de cobre e uma lâmpada, pilhas, fósforos e tábua (Apêndice E). Tivemos que refazer com uma enorme paciência até o fio chegar a uma dilatação e, a partir deste momento, que o fio dilata, as extremidades se aproximam e a lâmpada automaticamente acende, demonstrando que houve uma dilatação por causa do aquecimento das extremidades do fio. Figura 6 - Experimento sobre dilatação no fio de cobre Fonte: Elaborada pelo autor A intervenção teve como objetivo principal mostrar a dilatação no fio de cobre através do aquecimento do fio. Para desenvolver a experiência, nós utilizamos uma vela acesa e as duas extremidades deste fio foram aquecidas, chegando a dilatar onde o mesmo sofreu uma dilatação linear e acendendo a lâmpada que estava fixada na tábua, como mostra a foto acima. Vale comentar que as atividades experimentais eram realizadas na própria sala de aula, pois a escola não tem laboratório de Física, assim como outras aqui do nosso município. Acrescenta-se ainda, a importância dessa aula, onde mesmo sem a maioria dos recursos materiais necessários para elaboração dessa e das outras aulas, a aula foi realizada com êxito e participação dos alunos envolvidos. Assim, é percebida, a necessidade dos professores efetivos buscarem inovar suas aulas através de experiências relacionadas ao conteúdo programático estudado. 35 4.2.7 Energias renováveis e não-renováveis Utilizamos, para esta ação, como recurso material um vídeo. Tratamos das energias renováveis e não-renováveis, dando ênfase, para essa última, à energia nuclear (Apêndice F). Os alunos puderam compreender as implicações e complicações das usinas nucleares, e os benefícios e malefícios das energias renováveis. Figura 7 – Vídeo sobre energia nuclear e energias renováveis Fonte: Elaborada pelo autor Apesar da energia nuclear ter chamado atenção de alguns alunos, por toda a questão dos males que ela proporciona, e, recentemente ter acontecido um acidente nuclear na usina de Fukushima, no ano de 2011, algo recente e de grande repercussão, onde muitos alunos tiveram acesso as informações desse fato, a maioria dos alunos tiveram interesse em tomar conhecimento sobre as energias renováveis. Acreditamos que isso aconteceu pelo fato da grande presença das usinas eólicas em João Câmara e nas cidades circunvizinhas, como Parazinho e Jandaíra. Os alunos questionaram a respeito das características da energia eólica, referenciaram os parques eólicos presentes na região, tiveram curiosidade de 36 conhecer um parque eólico, enfim, a aula rendeu inúmeros questionamentos e os alunos tiveram muito interesse acerca da temática proposta. É interessante que o professor consiga compreender que deve levar em consideração a realidade do aluno e as questões que interessam a eles. A Física seria, portanto, um meio e não um fim, e passa a ser vista como um instrumento para a compreensão do mundo. Todavia, não se pode reduzir, segundo os PCNs+, os conhecimentos a serem aprendidos na física a uma dimensão pragmática, mas de entendê-los “dentro de uma concepção humanista abrangente, tão abrangente quanto o perfil do cidadão que se quer ajudar a construir” (BRASIL, 2002, p.61 apud RICARDO, 2004, p.18). Como podemos perceber de acordo com o pensamento do autor, baseado no PCN+ de Física, a disciplina deve ser ensinada de forma que os alunos compreendam o mundo que os cercam, fazendo sempre uma relação com os conteúdos estudados, buscando formas de melhorias para seu convívio social. É necessário, portanto, que os alunos consigam compreender os conteúdos nas salas de aula, mas, também é necessário que eles ultrapassem os muros escolares com seu conhecimento, ou seja, os levem para casa, pensem a respeito desse conhecimento, e, se inquietem em buscar meios de usa-los no seu cotidiano. A respeito desse pensamento temos: A relação didática está inserida em um espaço-tempo definido: a escola. No entanto, existe uma dimensão longa da aquisição do conhecimento em um tempo extraclasse, no qual se espera que o aluno disponha de “ferramentas intelectuais” para mobilizá-las em diferentes contextos. Essa transposição para novos contextos não está ao alcance do professor, pois se dará fora da escola na maioria das vezes e não há garantias que de fato ocorra. É possível que o aluno tenha uma “física” para a sala de aula e exames, e uma “física” para seu cotidiano. (RICARDO, 2004, p. 08) Em sala de aula, o professor deve ser motivador para que seus alunos compreendam a necessidade de usar o que se aprende em sala de aula, fora dela. 4.2.8 A visita ao campus João Câmara Levamos os alunos da escola para conhecer o laboratório do IFRN, no Campus aqui mesmo de João Câmara. Foram demonstrados vários experimentos, entre eles o gerador de Van de Graaff, e em seguida aplicamos outro experimento 37 na parte externa do laboratório. Além disso, mostramos as instalações do prédio e falamos dos benefícios em estudar neste instituto. Vale ressaltar a satisfação em perceber o interesse dos alunos pelo conhecimento. Ao pensar em formar alunos autônomos, precisamos ultrapassar as barreiras das quatro paredes das salas de aula. Por esse motivo foi pensado em desenvolver uma visita de campo, onde os alunos puderam além de conhecer a estrutura de uma escola técnica, perceber o quanto eles através do conhecimento podem “crescer” como seres humanos. 4.2.9 A feira de ciências A Feira de Ciências realizada na escola Estadual Professor Antonio Gomes foi considerada um grande acontecimento na história da escola, pois não havia ainda uma “feira de ciências” de fato, onde os alunos expusessem suas experiências e seus conhecimentos científicos adquiridos através das aulas (Apêndice G). Figura 8 - Alunos expondo seus trabalhos na feira de ciências Fonte: Elaborada pelo autor Na foto acima é mostrado o inicio do experimento do foguete na garrafa pet, que contou com a participação de todosos alunos do período vespertino. Esse 38 experimento chamou atenção de todo o publico presente, a área livre que fica no centro da escola foi um excelente lugar para a realização do experimento. Figura 9 - Feira de Ciências Fonte: Elaborada pelo autor Na imagem acima podemos observar os alunos interessados em descobrir como o experimento do foguete de garrafa Pet seria desenvolvido. 4.3 AVALIANDO NOSSA ATUAÇÃO NA ESCOLA ESTADUAL ANTÔNIO GOMES Não diferente de todos os demais trabalhos, as dificuldades também foram encontradas no inicio do desenvolvimento do projeto, e algumas se perpetuaram até o término do mesmo. Dentre elas, pode ser citada a dificuldade com relação à falta de laboratório de física experimental ou até mesmo de uma sala de aula onde as atividades desempenhadas pelo projeto pudessem ser desenvolvidas. Iniciamos nossas ações de intervenção didática na biblioteca, depois fomos para a sala de informática e terminamos tendo que realizar nossas atividades na sala de vídeo, onde passamos todo o restante do nosso período. Muitas vezes tivemos que comprar alguns materiais para as ações de intervenção didática em lojas de materiais de construção, como fio, pregos, interruptores, pilhas, tubos de PVC. Certa vez, numa intervenção sobre Óptica, compramos, de última hora, um material para tentar demonstrar para os alunos o caminho que a luz percorre: usando uma lanterna a laser colocamos esse material no percurso da luz e os alunos observaram que a luz faz um percurso em linha reta. 39 Tudo isso graças a nossa dedicação, onde demonstramos total força de vontade do início ao fim. As nossas dificuldades foram sendo superadas e continuamos sempre otimistas a cada dia na escola. A cada encontro com os alunos, buscávamos usar um método diferente para poder melhor transmitir o ensino, sempre tirando as dúvidas apresentada pelos alunos a cada tema. Um ponto que se destacou em nossa avaliação foi a riqueza de aprendizagem que trouxe a prática experimental. Trabalhar com os experimentos mostrou-se extremamente relevante para que os alunos se motivassem, quisessem participar das ações e interagissem conosco e com seus colegas. Percebemos também que realizar experimentos na sala de aula tem as suas “delicadezas”. Em alguns experimentos realizados com os alunos, o resultado não era de imediato positivo. Nos experimentos construídos com a participação dos alunos foi necessário refazer o experimento, em muitos casos. Percebemos que essa é uma prática “normal” de aulas de Física, já que nem sempre contamos com as condições ideais na execução no experimento. Por isso, compreendemos que todo professor de Física precisa – ao se preparar para uma aula experimental – contar com algumas possíveis falhas no experimento. Para desenvolver as ações foi muito importante também o acompanhamento da nossa coordenadora de área nas reuniões quinzenais, nos auxiliando no que precisássemos e nos dando autonomia para escolher o que trabalharíamos na sala de aula e de que forma. A cada dia e em cada ação na escola podíamos ver que os alunos estavam cada vez mais interessados em participar, tanto que – ao final de nossa atuação - foi realizada uma breve enquete entre os alunos participantes deste projeto. As respostas foram positivas, perguntamos a respeito do projeto, onde gostaríamos de saber o interesse dos alunos acerca de continuar participando do mesmo. Como resposta foi constatado que 80% dos entrevistados responderam positivamente para a continuação do projeto, alegando ser uma forma de trabalhar o ensino da Física de forma dinâmica, interativa e onde os alunos “aprendem de verdade”. As intervenções didáticas divididas entre teoria e prática proporcionaram um aprendizado relevante para grande parte dos alunos, além dos bolsistas que puderam também colocar em prática seus conhecimentos adquiridos na licenciatura. Esse foi um ponto de aprendizagem muito importante para nós. 40 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O trabalho desenvolvido e aqui apresentado teve como principal objetivo relatar as experiências vivenciadas como bolsista de PIBID de Física do IFRN/ Campus João Câmara, refletindo sobre cada uma delas. Para nós, com os resultados do trabalho, vale destacar a relevância do desenvolvimento do projeto do PIBID, pela possibilidade de significativas mudanças no aprendizado de Física dos alunos na rede pública da cidade de João Câmara. Além de João Câmara, esse projeto traz de mudanças em demais cidades que o mesmo atua nas regiões circunvizinhas. Foi observado ao longo do desenvolvimento das ações na escola o aumento do número de alunos nas salas de aula. Quando iniciamos, tínhamos doze alunos, depois ficaram vinte e dois. Mesmo próximo do final do ano letivo, estes alunos demonstraram grande pelo aprendizado da Física. Ao término das atividades foi verificado que a maioria dos estudantes participantes ficaram satisfeitos com o programa de iniciação à docência. O fato de atuar no 9º ano foi muito bom porque pensamos que podemos ter contribuído para esses alunos enxergarem a Física de uma forma diferente e assim, seguir para o Ensino Médio com uma visão boa da disciplina. Ainda, um dos pontos que mais nos marcou foi a importância de trabalhar com experimentos em Física, concordando com o que dizem as pesquisas em Ensino de Física. Vimos que, mesmo sem laboratórios, foi possível realizar uma prática experimental. Em uma escola que tinha aulas de Física somente mais teóricas, esse foi um importante resultado. Depois de 1 ano vivenciado no PIBID, opinamos que é importante que o projeto continue aqui na cidade de João Câmara, para trazer o conhecimento da disciplina de Física de forma diferenciada para os alunos da região e para contribuir com a nossa formação como futuros professores de Física, trazendo o conhecimento para todos. Depois de nossa saída como bolsistas, um novo grupo de bolsista ingressou e mais escolas e professores supervisores foram contemplados pelo programa. É valido ainda dizer que a prática em sala de aula não é uma tarefa fácil. Contudo, não é impossível para aqueles profissionais que desejam desenvolver um trabalho de qualidade, porém para isso, é necessário que haja além da capacitação 41 profissional um empenho por parte do professor. Se o professor deixar-se abater com as dificuldades encontradas, ele jamais conseguirá êxito em seu processo de ensino-aprendizagem. A experiência de participar do PIBID, como bolsista, fez fortalecer os conhecimentos em relação ao ensino de Física, principalmente na parte experimental. Através dessa experiência também fortaleceu o preparo para poder exercer atividades em sala de aula como um docente. Foi uma ano inserido aqui no projeto PIBID, sempre pontual com os planejamentos e relatórios que eram entregues a cada final de mês a coordenadora de área do PIBID. Esse trabalho era uma exigência do programa e facilitava o desenvolvimento qualitativo do mesmo. A pontualidade era primordial e nos dias de intervenção na escola, o comprometimento com os horários era primordial. Ao terminar esse TCC, compreende-se a significativa mudança no pensamento como licenciando em Física. Ao relatar e refletir sobre as experiências vivenciadas no PIBID - na elaboração deste trabalho - foi exercitado um pensamento crítico a respeito da educação como um todo e do ensino da Física, em particular. Assim, destaca-se a relevância da elaboração de um relato de experiência, porque ele auxilia o licenciando a compreender de forma critica sua própria atuação em sala de aula. 42REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 02 de dezembro de 2013. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases. Disponível em portal.mec.gov.br arquivos pdf ldb.pdf . Acesso em: 10 de dezembro de 2013. BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC, 2004. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/08Fisica.pdf. Acesso em: 18 mar. 2014. ___________. Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio – Bases Legais. Brasília: MEC, 1999. CARVALHO, A. M. P. de; RICARDO, E. C.; SASSERON, L. H.; ABID, M. L. V. dos S.; PIETROCOLA, M. Ensino de Física. São Paulo: Cengage Learning, 2010. CARVALHO, Anna M.Pessoa de. Formação de Professores de Ciências: tendências e inovações. São Paulo: Cortez, 2011. __________. et al. Ciências no Ensino Fundamental: O conhecimento físico. São Paulo: Scipione, 1998. FONTANELLA, v. 6, n. 21 (2011). Iniciação científica com pesquisas qualitativas: relato da experiência de um grupo de professores e alunos de Medicina. Disponível em: http://www.rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/411. Acesso em: 06 de agosto de 2014. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2008. Disponível em: http://wp.ufpel.edu.br/ecb/files/2009/09/Tipos-de-Pesquisa.pdf. Acesso em: 30 de julho de 2014. MORAES, Roque (Org.). Construtivismo e ensino de ciências: reflexões epistemológicas e metodológicas. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2000. RICARDO, Elio Carlos. Física. Brasília: MEC, 2004. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/08Fisica.pdf. Acesso em: 04 de agosto de 2014. ROSA, C. T. Werner da; ROSA, Álvaro Becker da. Física na Escola. V. 13, n.1, 2012. 43 APÊNDICES 44 APÊNDICE A - PLANO DE AULA (ELETROÍMÃ) I. Plano de Aula: Data: 14/05/2013 II. Dados de Identificação: Escola: Escola estadual Profº Antonio Gomes Professor: Ricardo De Oliveira Gomes Disciplina: Física Série/Turma: 9º Ano B III. Tema: •eletroímã IV. Objetivos: No final da aula espera-se que os alunos; Compreendam como funciona um eletro imã. V. Conteúdo: •vídeo aula, e diálogos como, por exemplo, perguntas e respostas dos alunos a respeito dos assuntos abordados, e uma lista de exercícios e o experimento VI. Desenvolvimento do tema (metodologia) sequencialmente; •Inicialmente teremos um dialogo a respeito do vídeo e em seguida, uma lista de exercícios, e experimento com base no assunto estudado. VII. Recursos didáticos: • Lousa; Pincel, Lista De exercícios prego grande,fios esmaltados estiletes pilhas clipes. VIII. Avaliação: • Por enquanto, só na observação das participações nos debates. Respondendo a lista de Exercícios. XIX. Bibliografia: • http www.brasilescola.com fisica como-fazer-um-eletroima.htm 45 APÊNDICE B - PLANO DE AULA (MOTOR ELÉTRICO SIMPLES) I. Plano de Aula: Data: 07/05/2013 II. Dados de Identificação: Escola: Escola estadual Profº Antonio Gomes Professor: Ricardo De Oliveira Gomes Disciplina: Física Série/Turma: 9º Ano B III. Tema: •motor elétrico simples IV. Objetivos: No final da aula espera-se que os alunos compreendam como funciona um motor elétrico simples. V. Conteúdo: •vídeo aula, e diálogos como, por exemplo, perguntas e respostas dos alunos a respeito dos assuntos abordados, e uma lista de exercícios e o experimento. VI. Desenvolvimento do tema (metodologia) sequencialmente: •Inicialmente teremos um dialogo a respeito do vídeo e em seguida, uma lista de exercícios, e experimento com base no assunto estudado. VII. Recursos didáticos: • Lousa; Pincel, Lista de exercícios 80 cm de fio de cobre esmaltado 34AWG (0,160 mm de diâmetro), 1 ímã, 1 pilha AA, 2 clipes de papel, fita crepe. VIII. Avaliação: • Por enquanto, só na observação das participações nos debates, e, respondendo a lista de Exercícios. XIX. Bibliografia: • http www.amigosdaciencia.org.br default. aspx?section=25&favorite=7&tipoId=1 46 APÊNDICE C - PLANO DE AULA (PERISCÓPIO) I. Plano de Aula: Data: 30/04/2013 II. Dados de Identificação: Escola: Escola estadual Profº Antonio Gomes Professor: Ricardo De Oliveira Gomes Disciplina: Física Série/Turma: 9º Ano B III. Tema: •construção do periscópio IV. Objetivos: No final da aula espera-se que os alunos compreendam como funciona um periscópio que são muito utilizados em submarinos. V. Conteúdo: •vídeo aula, e diálogos como, por exemplo, perguntas e respostas dos alunos a respeito dos assuntos abordados, e uma lista de exercícios e o experimento VI. Desenvolvimento do tema (metodologia) sequencialmente: •Inicialmente teremos um dialogo a respeito do vídeo e em seguida, uma lista de exercícios, e experimento com base no assunto estudado. VII. Recursos didáticos: • Lousa; Pincel, Lista de exercícios; Cartolina preta ou papelão recoberto com papel preto; Dois espelhos planos comuns de 9 cm por 14 cm; Régua; Tesoura; Cola. VIII. Avaliação: • Por enquanto, só na observação das participações nos debates, e, espondendo a lista de Exercícios. XIX. Bibliografia: • http www.feiradeciencias.com.br sala09 09_14.asp 47 APÊNDICE D - PLANO DE AULA (CENTRO DE MASSA) I. Plano de Aula: Data: 23/04/2013 II. Dados de Identificação: Escola: Escola estadual Profº Antonio Gomes Professor: Ricardo De Oliveira Gomes Disciplina: Física Série/Turma: 9º Ano B III. Tema: •Centro de massa IV. Objetivos: No final da aula espera-se que os alunos compreendam onde se localiza o centro de massa em uma tabua com um prego fixado. V. Conteúdo: •vídeo aula, e diálogos como, por exemplo, perguntas e respostas dos alunos a respeito dos assuntos abordados, e uma lista de exercícios. VI. Desenvolvimento do tema (metodologia) sequencialmente: •Inicialmente teremos um dialogo a respeito do vídeo e em seguida, uma lista de exercícios, e experimento com base no assunto estudado. VII. Recursos didáticos: • Lousa; Pincel; Lista de exercícios; Apagador e uma tabua onze pregos. VIII. Avaliação: • Por enquanto, apenas na observação das participações nos debates, e, espondendo a lista de Exercícios. XIX. Bibliografia: • http www.manualdomundo.com.br 2011 06 o-desafio-do-centro-de-gravidade. 48 APÊNDICE E - PLANO DE AULA (DILATAÇÃO DO FIO DE COBRE) I. Plano de Aula: Data: 02/04/2013 II. Dados de Identificação: Escola: Escola estadual Profº Antonio Gomes Professor: Ricardo De Oliveira Gomes Disciplina: Física Série/Turma: 9º Ano B III. Tema: • Aula Dilatação linear no fio de cobre IV. Objetivo: Espera-se que os alunos: Compreendam como funciona a dilatação linear e volumétrica. V. Conteúdo: •vídeo aula, e diálogos como, por exemplo, perguntas e respostas dos alunos a respeito dos assuntos abordados, e uma lista de exercícios. VI. Desenvolvimento do tema (metodologia) sequencialmente; •Inicialmente teremos um dialogo a respeito do
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