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1 CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL GUARULHOS – SP 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3 2 DERIVADA E COEFICIENTE ANGULAR ............................................................... 4 3 DEFINIÇÃO DE DERIVADA ................................................................................... 8 4 TAXA DE VARIAÇÃO ........................................................................................... 13 5 DERIVADA COMO COEFICIENTE ANGULAR DA RETA TANGENTE A UMA CURVA EM UM DADO PONTO ................................................................................ 15 6 TÉCNICAS DE DERIVAÇÃO ................................................................................ 19 6.1 Regra da constante ............................................................................................. 19 6.2 Regra da potência ............................................................................................... 20 6.3 Regra da linearidade: soma e diferença ............................................................. 20 6.4 Regra do produto e do quociente ........................................................................ 21 6.5 Regras de derivação em problemas aplicados ................................................... 22 7 O QUE É UMA FUNÇÃO? .................................................................................... 24 7.1 Derivada de funções ........................................................................................... 27 7.2 Técnicas de diferenciação .................................................................................. 31 7.3 Integral de funções ............................................................................................. 34 8 DERIVAÇÃO IMPLÍCITA ...................................................................................... 38 8.1 Funções definidas explícita ou implicitamente .................................................... 38 8.2 Derivadas implícitas de funções ......................................................................... 41 9 DERIVADA EM GRÁFICOS E APLICAÇÕES ....................................................... 46 9.1 Análise dos pontos críticos de uma função ......................................................... 46 9.2 Valor mínimo ou máximo absoluto ...................................................................... 46 9.3 Valor mínimo ou máximo local ............................................................................ 47 9.4 Teorema do valor extremo .................................................................................. 47 9.5 Teorema de Fermat ............................................................................................ 47 3 9.6 Número crítico ..................................................................................................... 49 10 REMODELANDO O TEOREMA DE FERMAT A PARTIR DA DEFINIÇÃO DE NÚMERO CRÍTICO ................................................................................................... 50 11 INTERVALOS EM QUE UMA FUNÇÃO É CRESCENTE OU DECRESCENTE... 50 11.1 Teorema de Rolle ............................................................................................. 51 11.2 Teorema do valor médio ................................................................................... 51 11.3 Teste crescente/decrescente (C/D) .................................................................. 52 11.4 Teste da primeira derivada ............................................................................... 54 12 A CONCAVIDADE DE UMA FUNÇÃO ................................................................. 57 12.1 CÔNCAVA PARA BAIXO OU PARA CIMA ...................................................... 57 12.2 Teste da concavidade ....................................................................................... 59 12.3 Ponto de inflexão .............................................................................................. 59 12.4 Teste da segunda derivada .............................................................................. 60 13 QUOCIENTE ENTRE FUNÇÕES ......................................................................... 62 14 REGRA DE L’HÔPITAL ........................................................................................ 63 14.1 Produtos indeterminados .................................................................................. 67 14.2 Calcular limites indeterminados ........................................................................ 69 15 ANTIDERIVADAS DE FUNÇÕES ......................................................................... 73 16 ANTIDERIVADA OU PRIMITIVA COMO INTEGRAL INDEFINIDA ...................... 79 16.1 Problemas aplicados a partir das propriedades das antiderivadas ................... 82 17 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ...................................................................... 86 17.1 Bibliografia Básica ............................................................................................ 86 17.2 Bibliografia Complementar ................................................................................ 86 3 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 2 DERIVADA E COEFICIENTE ANGULAR De acordo com a geometria analítica, uma reta descrita em um plano cartesiano é definida pelos seus coeficientes linear e angular. O coeficiente linear trata da translação vertical de uma reta, ao passo que o coeficiente angular mostra o grau de inclinação de uma reta (STEWART, 2013). Veja um exemplo da equação de uma reta: y = a ∙ x + b Onde a é o coeficiente angular e b é o coeficiente linear. Em uma reta, o coeficiente angular pode ser dado pelo valor da tangente do ângulo dessa reta (Figura 1): Perceba que a diferença se trata do cateto oposto, enquanto é o cateto adjacente. Dessa forma, a divisão entre eles gera a tangente do ângulo α. Esse ângulo está entre o eixo x e a reta f(x), o que pode ser visto porque o cateto adjacente é paralelo ao eixo x, indicado na Figura 1. 5 A partir de dois pontos pertencentes à reta f(x), é possível determinar o valor do coeficiente angular de uma reta. Veja, no exemplo a seguir, a obtenção desse valor. No entanto, nem todas as funções são lineares. Assim, o coeficiente linear para uma função que não é uma reta passa a ser um valor instantâneo (STEWART, 2013). Por isso, podemos utilizar a equação de uma reta como uma reta tangente à função não linear para determinar seu grau de inclinação naquele ponto (Figura 2). Ao escolher os pontos para determinar o coeficiente angular da reta, se esses pontos foremdistantes, um falso valor do coeficiente angular da reta tangente pode emergir, pois a reta tangente toca a curva em um único ponto (ponto P). Se a reta tocar em dois pontos da mesma curva, teremos um coeficiente angular de uma reta chamada de secante (reta que contém P e Q). 6 Veja, na Figura 2, que a reta tangente toca unicamente em P quando ; já a reta secante toca em P e Q. Temos, então, de aproximar os pontos P e Q para o mais perto possível e, assim, ter o valor do coeficiente angular dessa reta (HOFFMANN, 2018). Por isso, a equação deve ser atribuída ao operador-limite para diminuir a diferença da distância entre os pontos: Deixando de uma forma mais simples, vamos aplicar esse cálculo do coeficiente angular em cima da função no exemplo a seguir. Calcule o coeficiente angular da função a seguir no ponto P (2,1): Onde: Substituindo o ponto P (2,1): Aplicando no limite: 7 Analisando a função dada e a equação tangente no ponto P (2,1), (STEWART, 2013). O resultado é visto na Figura 3. 8 3 DEFINIÇÃO DE DERIVADA A inclinação da reta tangente apresentada anteriormente pode ser interpretada como variação instantânea da função f(x) em relação à variável x (STEWART, 2013). Com base na formulação, a derivada pode ser conceituada como: Onde que f′ representa a derivada. Outras formas de representação de derivadas são apresentadas abaixo (STEWART, 2013): A primeira derivada também é conhecida como notação de Lagrange, e a segunda, como notação de Leibniz. A terceira, por fim, é conhecida como notação de Newton. Veja, a seguir, um exemplo de cálculo de derivada de uma função polinomial de 3º grau. Exemplo: Calcule a derivada da função a seguir: Aplicando o limite com h tendendo a zero: Onde: 9 Substituindo no limite: Agrupando os limites: Simplificando e dividindo o que sobrou por h: Analisando o resultado, perceba que a inclinação da reta tangente a função f(x) agora é uma função e vai variar em função do ponto escolhido. Por isso, o resultado de uma derivada será na forma de uma expressão matemática. Veja, na Figura 4, a função original f(x) e a derivada f′(x). (STEWART, 2013) 10 Se percebemos bem, o resultado da derivada em comparação com a função original podemos já definir uma regra de como aplicar derivada em funções polinomiais. A técnica de derivação em polinômios é chamada de regra da potência e se baseia a seguir (STEWART, 2013): Em um polinômio, portanto devemos olhar para o seu expoente e “descer” ele ao lado da variável, diminuindo o valor de um (HOFFMANN, 2018). Vale ressaltar que se houver um número constante a derivada é nula, pois uma reta constante não tem grau de inclinação e logo não terá derivada. Veja a seguira um exemplo de aplicação dessa técnica. Exemplo: Calcule a derivada da função polinomial a seguir: 11 Aplicando a regra da potência para cada parcela do polinômio acima: Também é possível realizar derivadas sucessivas, ou seja, após o cálculo de uma derivada, realizar nova derivada. (STEWART, 2013) Para isso, a nomenclatura desse tipo de derivada passa a ter algumas modificações, por exemplo: Perceba que os índices aumentam à medida que os números de derivadas aumentam. Veja, no exemplo a seguir, o cálculo de derivada sucessiva de um polinômio. Exemplo: Calcule a derivada sucessiva de terceira ordem da função polinomial a seguir: Derivando pela primeira vez: 12 Derivando pela segunda vez: Derivando pela terceira vez: Após vermos a definição da derivada a partir da formulação aplicada à inclinação de retas tangentes, estudamos as diferentes representações matemáticas. (STEWART, 2013). Também apresentamos a técnica de derivação de funções polinomiais e derivações sucessivas, junto com exemplos. Veja, a seguir, mais sobre o que é a taxa de variação e sua aplicação em alguns campos. 13 4 TAXA DE VARIAÇÃO A taxa de variação é um ponto de observação que é aplicado a diversas áreas, como na biologia, para medir a taxa de crescimento de bactérias de uma colônia em função do tempo, na engenharia, para obter a taxa de dilatação de um material em função da temperatura, na economia, para descobrir a taxa do custo de produção em função da quantidade de produtos, e na medicina, para obter taxa de dilatação da artéria em função da pressão sanguínea. Sua obtenção matemática passa pela aplicação da derivada sobre uma função determinada (STEWART, 2013). Um exemplo clássico é a taxa de variação aplicada para descobrir a velocidade de um automóvel (Figura 5). Quando utilizamos dois pontos de um trajeto e anotamos a diferença do tempo para percorrer os dois pontos, obtemos uma velocidade média, visto que há um valor de delta entre os pontos. Logo, a velocidade média é dada pela função. Quando desejamos saber a velocidade instantânea, devemos aproximar a diferença de tempo tendendo a zero. Assim, a velocidade no momento será: 14 Na Figura 5, a curva representa a função f(t), enquanto x + Δx é o ponto superior do cateto oposto, x é o ponto inferior do cateto oposto, t é o ponto mais à esquerda do cateto adjacente e t + Δt é o ponto mais à direita do cateto adjacente. A divisão entre o cateto oposto e o adjacente levam a obter o valor da tangente do ângulo α de inclinação da taxa de variação. (STEWART, 2013) Veja, a seguir, o exemplo de aplicação do cálculo de taxa de variação de evolução de uma bactéria em função do tempo. Exemplo: Dada a equação que trata da evolução do crescimento de uma bactéria em função do tempo: 1) Encontre a taxa de variação média em relação ao intervalo [3,5] s; 2) Encontre a taxa de variação instantânea quando t = 1 s 3) Encontrando os valores de bactérias nos tempos fornecidos: A taxa de variação média será: Para encontrar a taxa de variação instantânea, aplicamos a derivada na função f(t): 15 No instante t igual 1 s, a taxa de variação instantânea será: 5 DERIVADA COMO COEFICIENTE ANGULAR DA RETA TANGENTE A UMA CURVA EM UM DADO PONTO Ao definir a derivada, podemos utilizar três conceitos igualmente importantes. A derivada pode ser entendida como a inclinação da reta tangente a uma curva, como uma taxa de variação e como o limite de uma razão incremental (ROGAWSKI; ADAMS, 2018). A derivada é definida como a inclinação de uma reta tangente à curva, ou seja, o coeficiente angular da reta tangente, e podemos iniciar o cálculo com base nessa definição. Dadas uma curva f(x) e uma reta r tangente a essa curva que passe pelo ponto temos a seguinte ilustração (Figura 1). 16 Apenas com uma única informação da reta tangente, o ponto P, não conseguiremos definir o coeficiente angular dessa reta. Para chegarmos ao valor do coeficiente angular da reta tangente, precisamos de, ao menos, dois pontos. (ROGAWSKI; ADAMS, 2018). Então, vamos considerar um segundo ponto, o ponto Q, pertencente à curva Ao traçar uma nova reta, a reta s, que passe pelo ponto P e pelo ponto Q, encontrando a inclinação dessa reta, conseguiremos, por meio do conceito de limite, chegar à inclinação da reta r. As etapas para o cálculo da inclinação da reta r são: 1) Traçar uma reta secante, a reta s; 2) Calcular a inclinação da reta s; 3) Chegar à inclinação da reta r. Ao escolher um ponto Q sobre a curva e traçar uma nova reta, temos a seguinte configuração (Figura 2). 17 Observe que a reta s, que passa pelos pontos P e Q, é uma reta secante à curva y = f(x). (ROGAWSKI; ADAMS, 2018). Para obter a inclinação da reta s, basta calcular o coeficiente angular dessa reta, dada por: Podemos reescreveressa equação em função da variação de x da seguinte maneira: 18 Assim, definimos o coeficiente angular da reta s, a reta secante à curva. Não podemos esquecer de que o nosso objetivo é chegar à inclinação da reta tangente. Avalie o seguinte: entre o ponto P e o ponto Q, temos uma variação em x de ∆x. Se movimentarmos o ponto Q aproximando-o do ponto P, o ∆x entre esses pontos será menor. Se movimentarmos o ponto Q para uma distância cada vez menor do ponto P, o ∆x tenderá a diminuir cada vez mais, fazendo com que a reta secante se aproxime progressivamente da reta tangente (ROGAWSKI; ADAMS, 2018). Observe a Figura 3. Se calcularmos ∆x tendendo a zero e aplicarmos na fórmula da inclinação da reta s, chegaremos ao valor da inclinação da reta r. Isso se define da seguinte maneira: Podemos observar que, ao calcular a inclinação da reta tangente, estamos utilizando o conceito de derivada. 19 Entendendo o ∆x como um incremento no x1 , essa definição também é conhecida como limite da razão incremental. Para representar a derivada y = f(x), as seguintes notações são comumente utilizadas: 6 TÉCNICAS DE DERIVAÇÃO Existem algumas técnicas de derivação que facilitam o cálculo da derivada. Essas técnicas são facilmente demonstradas a partir da definição de derivada utilizando o conceito de limites. Contudo, a partir da definição de derivada, também é possível deduzir regras de derivação para as funções trigonométricas, exponenciais e logarítmicas. (ROGAWSKI; ADAMS, 2018). 6.1 Regra da constante Dada uma função constante f(x) = constante, a derivada dessa função é zero. Avalie que a derivada representa a inclinação de uma reta. Se uma função é constante, ela é paralela ao eixo das abscissas, logo, não há inclinação. Teorema: dada uma função constante y = c, c representa um número real qualquer, e a derivada de y é o 0. f´(c)= 0 Exemplos: 20 6.2 Regra da potência Dada uma função, onde x é um expoente qualquer, a regra de derivação para esses casos é a seguinte: Teorema: dada uma função f(x) = xn, a derivada dessa função será: Exemplos: 6.3 Regra da linearidade: soma e diferença Vamos supor que f e g sejam duas funções diferenciáveis. (ROGAWSKI; ADAMS, 2018). Há uma regra de soma e diferença que propõe o seguinte. Regra da soma e diferença: f + g e f – g são deriváveis de: Regra constante vezes uma função: sendo f uma função diferençável e c um número real qualquer, temos que: Exemplos: 21 6.4 Regra do produto e do quociente Vamos supor que f e g sejam duas funções diferenciáveis. (ROGAWSKI; ADAMS, 2018). Há uma regra de produto e quociente que propõe o seguinte. Regra do produto: sendo (f . g): Regra do quociente: sendo, Exemplos: Y = x³ (2x + 9), entendo como f(x) = x³ e g(x) = (2x + 9) f´(x) = 3x² G´(x) = 2 Aplicando a regra temos: Y´= 3x² (2x + 9) + x³ . 2 = 6x³ + 27x² + 2x³ = 8x³ + 27x² 22 6.5 Regras de derivação em problemas aplicados O conceito de derivada pode ser aplicado em diversas situações. Sempre que conseguirmos estabelecer uma função e quisermos avaliar a variação de uma variável, à medida que outra varia, utilizamos o conceito de derivação. (ROGAWSKI; ADAMS, 2018). Exemplo: Um corpo tem sua temperatura medida em Fahrenheit em função do tempo, em minutos. A função que descreve essa relação é a seguinte: A taxa de resfriamento, em um dado tempo t, é dada por meio da derivação da função T em relação ao tempo. Observe: T(t) = 2t² - 15t + 250 Calculando para t = 10 minutos, temos: 23 O corpo resfria em 25º F a cada minuto. Exemplo: A Terra exerce uma força gravitacional de (em newtons) sobre um objeto com uma massa de 75 kg, onde r é a distância (em metros) do centro da Terra. Encontre a taxa de variação da força em relação à distância r na superfície da Terra, supondo que o raio da Terra seja de. Ao falar em taxa de variação, estamos falando de derivada. Logo, a questão quer saber qual é a derivada da função F em relação a r, no ponto r . Vamos derivar a função: Utilizando o teorema da derivada de um quociente: Temos: 24 Assim definimos a força F a uma distância de 7 O QUE É UMA FUNÇÃO? De maneira geral, uma função é uma relação entre duas ou mais grandezas. Suponha duas delas, x e y. A grandeza y é uma função da grandeza x se a cada valor de x existir um único valor de y associado, o que você pode escrever como y = f(x), cujo termo f representa a função (ADAMI; DORNELLES FILHO; LORANDI, 2015). Dessa maneira, a grandeza x é chamada de variável independente, e a grandeza y, de variável dependente. Além disso, se diz que y é uma função de x. Como exemplos de funções, você pode considerar: a quantidade de determinado produto desenvolvido em uma indústria em função do tempo, o número de habitantes de uma região em função do tempo, a altura de uma árvore em função dos nutrientes disponíveis e assim por diante. Você mesmo pode pensar em diversos exemplos encontrados em seu dia a dia. As funções podem ser representadas de diversas formas: verbalmente, com o uso de uma tabela de valores, com o uso de uma fórmula e graficamente. A seguir, você pode ver exemplos dessas representações utilizando a lei da gravitação universal de Newton. 25 Representação verbal: a lei da gravitação universal afirma que a força de atração gravitacional entre duas esferas homogêneas é diretamente proporcional ao produto de suas massas e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre seus centros. Representação por fórmula: a fórmula correspondente à lei enunciada é: Onde: G é a constante gravitacional, m1 e m2 são as massas das esferas e r é a distância entre seus centros. Considere que G, m1 e m2 são constantes. Assim, a força F é uma função da distância r. Representação por tabela de valores: a função pode ser representada numericamente com o uso de uma tabela. O Quadro 1, a seguir, mostra a força F dada a distância r, considerando: (ADAMI; DORNELLES FILHO; LORANDI, 2015) Representação gráfica: os gráficos são uma representação visual das funções. A Figura 1 apresenta os dados do Quadro 1, com o eixo x representando a distância r e o eixo y representando a força F. Além de serem construídos a partir de valores tabelados, os gráficos também podem ser construídos a partir da fórmula. Dessa maneira, você pode atribuir valores para r e encontrar valores para a força F correspondente. 26 Após esse passo, a partir dos pares (r, F(r)) encontrados, você pode desenhar os pontos em gráficos. Assim, cada eixo representará uma variável. Existem também alguns conceitos fundamentais no contexto de funções, como os conceitos de domínio, contradomínio e imagem. A seguir, você vai ver a definição desses três termos (ADAMI; DORNELLES FILHO; LORANDI, 2015). Domínio: o domínio de uma função f é o conjunto dos possíveis valores da variável independente. Contradomínio: o contradomínio de uma função f é o conjunto que contém os valores da variável dependente que podem ser relacionados a valores de domínio. Imagem: o conjunto imagem de uma função é o conjunto dos valores da variável dependente que são efetivamente assumidos pela função. O conjunto imagem pode ser o próprio contradomínio ou um subconjunto dele. Com as funções, você pode descrever muitos fenômenos observados, como a velocidade de um carro, o tamanho de uma população, o volume de chuva e assim por diante. Mas as funções utilizadas para modelar os fenômenos de seu interesse 27 podem ser diferentes umas das outras. Na verdade, existem muitas funções que podem ser utilizadas. A seguir, veja exemplos de algumas delas (ADAMI; DORNELLESFILHO; LORANDI, 2015). 7.1 Derivada de funções A derivada de uma função está relacionada à taxa de variação entre grandezas. Os fenômenos modelados por funções geralmente apresentam grandezas que variam. Por exemplo: a aceleração de um carro, o número de células em uma cultura, o volume de água em um reservatório e assim por diante. (ADAMI; DORNELLES FILHO; LORANDI, 2015) A ferramenta matemática usada para descrever a taxa de variação dessas grandezas é a derivada, como você vai ver a seguir. Primeiramente, você vai ver como encontrar taxas de variação. Suponha que o gráfico da Figura 2 representa uma população de bactérias em uma cultura por tempo, dada pela equação: 28 Observando a Figura 2, você pode ver que a cultura se inicia com 4 milhões de bactérias, aumentando a população até um pico em torno de 8,5 milhões, e depois diminuindo a população para valores menores do que o inicial. Nesse contexto, você poderia perguntar: qual é a taxa de variação da população nas primeiras duas horas? A taxa de variação é calculada pela razão entre a variação da população nas primeiras duas horas e a variação do tempo. (ADAMI; DORNELLES FILHO; LORANDI, 2015) Ou seja, nas primeiras duas horas, houve um crescimento de 1,85 milhões de bactérias. Você pode observar esse crescimento graficamente. A Figura 3 mostra um zoom da Figura 2 na região de interesse. Os dois pontos no gráfico são os pontos de interesse, ou seja, são os pares (t, P(t)) para t = 0 e t = 2 horas. A reta que passa por esses dois pontos, reta secante, define um triângulo retângulo. 29 Note que a tangente do ângulo indicado, chamado de α, tem valor similar ao da taxa de variação, ou seja: Assim, a tangente do ângulo α é a inclinação ou o coeficiente angular da reta formada pelos pontos (0, 4) e (2, 7, 7). (ADAMI; DORNELLES FILHO; LORANDI, 2015). Ela tem valor igual ao da taxa de variação entre esses pontos. Então, de modo geral, você pode escrever que a taxa de variação média de uma variável y, dado que y = f (x), entre os pontos x e x + ∆x é dada pela Figura 4a: 30 A derivada de uma função é definida como taxa instantânea de variação de uma variável y, dado que y = f(x), no ponto x. Ou seja, se você diminuir gradativamente o ∆x da taxa média até o valor de zero, vai obter a derivada da função. Graficamente, à medida que o ∆x é diminuído, a reta secante se aproxima mais de uma reta tangente (Figura 4b). A reta tangente é aquela que toca em apenas um ponto da curva. (ADAMI; DORNELLES FILHO; LORANDI, 2015) A derivada normalmente é indicada com um apóstrofo: f'(x). Você pode escrever da seguinte maneira: Ou seja, a derivada de função f (x) é igual ao limite de ∆x dividido por ∆x, com ∆x tendendo a zero. 31 Existem algumas notações para indicar a derivada. Entre elas: 7.2 Técnicas de diferenciação As principais técnicas de diferenciação são as listadas a seguir (ANTON; BIVENS; DAVIS, 2014). Derivada de uma constante: 32 Regra da potência: Regra do múltiplo constante: Regras da soma e da diferença: Regra do produto: Regra do quociente: A Figura 5 mostra um exemplo de função quadrática e sua derivada. Lembre- se de que a derivada é similar à inclinação da reta tangente a cada ponto de x. Assim, a inclinação começa negativa, chegando a zero no mínimo da função, e depois se torna positiva. Note que sempre que houver um ponto de máximo ou mínimo na função, a derivada será zero. (ANTON; BIVENS; DAVIS, 2014). 33 Com base nas técnicas de diferenciação, você pode reanalisar o exemplo inicial da população de bactérias mostrado na Figura 1. A partir da regra do quociente, é possível encontrar a derivada da função: . Primeiramente, você deve encontrar a derivada das funções do numerador e do denominador. Assim: Dessa maneira, pela regra do quociente, a derivada de P(t) é: A Figura 6 mostra a curva da derivada comparada com a função. Esta se inicia diminuindo até chegar em um mínimo e depois cresce novamente. (ANTON; BIVENS; DAVIS, 2014). 34 Note que o ponto máximo da função equivale ao ponto onde a derivada é igual a zero. Mais um ponto importante é o mínimo da derivada. Esse ponto ocorre onde a função muda a concavidade, ou seja, ela passa de uma região em que estava diminuindo para uma região em que volta a crescer. Esse ponto é chamado de ponto de inflexão. 7.3 Integral de funções A integral de uma função está relacionada à área abaixo da curva de uma função. Observe a Figura 7. Nela, há a imagem de uma função y = f(x) entre o intervalo [a, b] de x. A região hachurada é a área embaixo da curva e também é a integral da função entre o intervalo dado. Nesta seção, você vai conhecer o significado da integral e ver como calcular áreas. (ANTON; BIVENS; DAVIS, 2014). 35 O cálculo da área de polígonos, como quadrados, retângulos, triângulos e trapézios, já era dominado pelas civilizações primitivas (ANTON; BIVENS; DAVIS, 2014). Mas o cálculo da área para estruturas curvilíneas, como círculos, arcos, parábolas, entre outras, era ainda desafiador para os matemáticos. Foi o matemático grego Arquimedes (287 a.C.–212 a.C.) que desenvolveu o método da exaustão para resolver a questão das áreas. O método consiste basicamente em inscrever uma sucessão de polígonos regulares na estrutura curvilínea desejada, até que as áreas dos polígonos se aproximem da área da estrutura (ANTON; BIVENS; DAVIS, 2014). Veja a Figura 8. Foi só no século XVII que houve avanços nessa questão. Isaac Newton e Gottfried Leibniz, de maneira independente, descobriram que havia uma relação entre 36 derivadas e áreas. Essa relação pode ser descrita como: se f é uma função contínua e não negativa entre o intervalo [a, b], e se A(x) é a área sob o gráfico de f acima do intervalo [a, x], onde x é um ponto qualquer no intervalo [a, b], então A'(x) = f(x). Embora nem sempre seja fácil encontrar A(x), sabendo a sua derivada, que é a própria função, você pode inferir qual é a área. Esse método é chamado de método de antiderivação. (ANTON; BIVENS; DAVIS, 2014). Por exemplo, se você tiver a função A'(x) = x², pode tentar encontrar A(x) por adivinhação. Observando novamente as regras de diferenciação, você pode notar que uma possível candidata seria uma função do tipo x³, pois sua derivada é 3x². Assim, o primeiro palpite seria: Lembre-se de que a derivada de uma constante é zero, então não há como saber se existe alguma constante em A(x). Dessa maneira, deixe indicado: 37 Se você derivar A(x), chegará em A'(x) = x² , como era a intenção. Pronto! A antiderivação também é chamada de integração. Ou seja, dado que F é a antiderivada de f, então F'(x) = f(x). Você pode escrever como: Integrando, ou antiderivando, a função f(x), você vai obter a antiderivada F(x) + c, onde c é uma constante arbitrária. (ANTON; BIVENS; DAVIS, 2014). A notação para a integral é dada por: Por exemplo: A expressão ∫ f(x)dx é chamada de integral indefinida. Há uma integral definida, quando o intervalo de integração é definido. Por exemplo: . Nesse caso, você deve resolver a integral como antes e substituir o intervalo de integração posteriormente. Note que não é mais necessária a constante c. Ou seja: Observe mais uma vez o exemplo dado anteriormente. A função dada foi f(x) = 2. A integral dessa função entre os intervalos [1, 2] é F(2) – F(1). Sabe- -se que a integral de f(x) = 2 é F(x) = 2x. Assim, a integral entre o intervalo dado é: 38 A antiderivação, então, é basicamente um processo de “desfazer” a diferenciação. A Figura 9 mostra alguns exemplos de diferenciação e integração. 8 DERIVAÇÃOIMPLÍCITA 8.1 Funções definidas explícita ou implicitamente As funções podem ser definidas de duas maneiras, explicita ou implicitamente. (ANTON; BIVENS; DAVIS, 2014). Quando a função é escrita da forma y = f(x), dizemos que ela é definida explicitamente. Isso porque a variável y aparece isolada em um lado da equação, com exceção de algumas que são mais complexas. Por exemplo, veja a equação a seguir: yx + 2y + 5 = 10x Nela, não temos a variável y isolada de um lado da equação. Assim, podemos dizer que essa equação define y implicitamente em função de x. Nesse caso, podemos reescrevê-la da seguinte maneira: 39 Ou seja, podendo escrever y de maneira explícita. Uma equação pode definir implicitamente mais de uma função de x. (ANTON; BIVENS; DAVIS, 2014). Por exemplo, é o caso da equação de um círculo: X² + y² = 1. Resolvendo, obtemos: Ou seja, existem duas funções definidas implicitamente pela equação do círculo: Observe que os gráficos dessas funções, são o semicírculo superior e inferior do círculo, conforme a Figura 1, a seguir. 40 Esse exemplo nos leva à definição de função implícita (ANTON; BIVENS; DAVIS, 2014). Dizemos que uma dada equação em x e y define a função f implicitamente, se o gráfico de y = f(x) coincidir com alguma porção do gráfico da equação. Embora os exemplos dados tenham sido fáceis de serem resolvidos para encontrar f(x), isso nem sempre acontece. Muitas equações podem ser bastante complicadas e, até mesmo, impossíveis de se resolver. Por exemplo, é o caso da equação: X³ + y³ = 6 x y Para esses casos, você pode utilizar softwares que plotem gráficos implicitamente, como os softwares Mathematica e Maple. A Figura 3, a seguir, mostra o plote do gráfico da equação e três funções definidas implicitamente. 41 8.2 Derivadas implícitas de funções Para encontrarmos a derivada de uma função, ela não precisaria necessariamente estar escrita explicitamente. (ANTON; BIVENS; DAVIS, 2014). Considere a seguinte função como exemplo: xy = 10. Para encontrarmos a derivada de y em relação a x, poderíamos reescrever a equação a seguinte maneira: Cuja derivada seria: Também poderíamos aplicar a derivada em ambos os lados da equação: 42 Substituindo y, na equação, ficamos com: Que é o mesmo resultado obtido anteriormente, explicitamente. Esse método é conhecido como derivação implícita. (ANTON; BIVENS; DAVIS, 2014). Exemplo: Encontre a derivada de y em relação a x da seguinte função: 10y²+ cos(y) = 2 x² Derivando os dois lados da equação, temos que: 43 Note que foi utilizada a regra da cadeia, afinal, y é uma função de x. A equação final da derivada de y envolve tanto a variável x como a y. Se quiséssemos uma equação apenas em relação a x, precisaríamos resolver a equação inicial e encontrar y em relação a x. Mas isso é impossível de ser feito. Portanto, a equação de dy/dx pode ser deixada em termos de y e x. (ANTON; BIVENS; DAVIS, 2014). Agora, em um novo exemplo, encontre a derivada de y em relação a x da função dada como exemplo na seção anterior: X³ + y³ = 6 x y. Derivando os dois lados da equação, temos que: 44 Exemplos resolvidos: 1) Certo veículo apresenta velocidade v igual a: v = k v² t, Onde k é uma constante, e t é o tempo. Qual é a aceleração desse veículo? A aceleração do carro é dada por: Para encontrá-la, precisamos derivar a equação dada. (ANTON; BIVENS; DAVIS, 2014). Assim: 45 Portanto, a aceleração é dada por: 2) O preço p de um produto está ligado à sua quantidade q disponível no mercado. A função que descreve essa dependência é dada por: P² – p q + q² = 400. Encontre a expressão de como o preço p varia com a quantidade q, ou seja: 46 Para resolver essa questão, diferenciaremos implicitamente a equação dada. Assim, ficamos com: 9 DERIVADA EM GRÁFICOS E APLICAÇÕES 9.1 Análise dos pontos críticos de uma função Antes de analisar os pontos críticos de uma função w, vamos relembrar alguns teoremas e definições importantes. 9.2 Valor mínimo ou máximo absoluto Segundo Anton (2014), seja c um número no domínio A de uma função w, então w(c) pode se configurar como máximo ou mínimo absoluto a partir das condições descritas a seguir. Será um valor mínimo absoluto quando w no domínio A apresentar a condição w(c) ≤ w(x), para qualquer x que pertencer ao domínio A. Será um valor máximo absoluto quando w no domínio A apresentar a condição w(c) ≥ w(x) para qualquer x que pertencer ao domínio A. 47 Salienta-se que a terminologia para máximo ou mínimo de um valor em um domínio pode ser denominada de mínimo ou máximo global. Já quando esses valores estão associados a uma função, são denominados de valores extremos de w. 9.3 Valor mínimo ou máximo local O número que representa w(c) se configura como: Valor mínimo local de w, na condição de w(c) ≤ w(x), quando x está próximo do número c; Valor máximo local de w, na condição de w(c) ≥ w(x), quando x está próximo do número c. 9.4 Teorema do valor extremo Se w for uma função no intervalo fechado [a, b], então apresenta um valor máximo absoluto no número w(c) e um valor mínimo absoluto w(d) nos números c e d do intervalo fechado [a, b]. (ANTON; BIVENS; DAVIS, 2014). A Figura 1 representa graficamente o teorema. 9.5 Teorema de Fermat Se w possuir um mínimo ou máximo local no número c, e se a derivada desse número na função aplicada, w'(c), existir, então w'(c) = 0. Essas definições e teoremas 48 são importantes para definir o que é um número crítico. (ANTON; BIVENS; DAVIS, 2014). Mas, antes de apresentar a sua definição, vamos explorar a limitação do teorema de Fermat a seguir. Exemplo 1: Considerando a função w(x) = x³ , a sua derivada é dada por w'(x) = 3x² ; então w'(0) = 0. Observe o gráfico apresentado na Figura 2, a seguir. Observe que w não apresenta mínimo ou máximo em 0, pois x³ > 0 para x > 0; porém, x³ < 0 para x < 0. Outro fato a se observar é que w'(0) = 0 indica que a curva y = x³ apresenta uma tangente horizontal no ponto (0,0). Nesse caso, em vez de a função avaliada possuir mínimo ou máximo no ponto (0,0), a curva cruza sua tangente horizontal nesse ponto. Exemplo 2: A função modular mais simples, w(x) = |x|, apresenta valor mínimo absoluto e local em zero. Porém, w'(0) = 0 não existe, já que os limites laterais não são iguais, como observado na Figura 3, a seguir. 49 Ao observar os casos dos exemplos 1 e 2, percebemos que devemos ter cautela ao utilizar o teorema de Fermat, pois, mesmo que w'(c) = 0, isso não é condição para a existência de um máximo ou mínimo no número c; assim, a recíproca do teorema de Fermat não é verdadeira, de modo geral. Outro ponto a ser observado é o fato de existir um valor extremo quando w'(c) = 0 não existir. O teorema de Fermat indica que, inicialmente, podemos investigar os valores extremos da função w nos números c nos quais a condição de que w'(c) = 0 ou que w'(c) não existe. Os números que apresentam essa característica são denominados números críticos. (ANTON; BIVENS; DAVIS, 2014). 9.6 Número crítico Consideramos como número crítico de uma função w um número c pertencente ao domínio dessa função, de forma que seja atendida pelo menos uma destas condições: w'(c) = 0 ou w'(c) não existe. Exemplo 3: Determine os números críticos da função: Solução: 50 Inicialmente, vamos derivar a função apresentada, para verificar as condições propostas na definição de números críticos. Assim, temos: 10 REMODELANDO O TEOREMA DE FERMAT A PARTIR DA DEFINIÇÃO DE NÚMERO CRÍTICO Se w possuir um mínimo ou máximo local no número c,então c é um número crítico da função w. Para determinar um mínimo ou um máximo absoluto de uma função contínua em um intervalo fechado, observamos se este é local; ou seja, se acontecem as condições de um número crítico. Isso é feito por meio da remodelagem do teorema de Fermat a partir da definição de número crítico; então, verificamos o que ocorre em uma extremidade do intervalo, conforme leciona Stewart (2013). Nas próximas seções, vamos apresentar como as derivadas afetam a forma de um gráfico (crescente/decrescente, pontos de inflexão e concavidade para cima ou para baixo), além das condições para verificar quando uma função é crescente ou decrescente, por meio de um teste que utiliza o conceito de derivadas 11 INTERVALOS EM QUE UMA FUNÇÃO É CRESCENTE OU DECRESCENTE Antes de apresentar a condição para uma função w ser crescente ou decrescente (teste crescente/decrescente e teste da primeira derivada), vamos relembrar dois teoremas fundamentais: o teorema de Rolle e o teorema do valor médio para derivadas. 51 11.1 Teorema de Rolle Em uma função w contínua no intervalo [a, b] e diferenciável no intervalo (a, b), com w(a) = w(b), existe um número c em (a, b), tal que w'(c) = 0. (STEWART, 2013) Caso 1: w(x) = k, uma constante. Dessa forma w'(x) = 0, isto é, qualquer número no intervalo (a, b) pode ser utilizado, de acordo com o primeiro gráfico da Figura 4. Caso 2: w(x) > w(a) para algum x no intervalo (a, b), de acordo com o segundo ou terceiro gráfico da Figura 4. Caso 3: w(x) < w(a) para algum x no intervalo (a, b), de acordo com o segundo ou o terceiro gráfico da Figura 4. Em situações nas quais a localização gráfica não se apresenta de forma satisfatória, utilizamos o teorema de Rolle, método para localizar raízes de equações algébricas. De forma mais objetiva, podemos afirmar pelo teorema que há no máximo um zero contido em dois zeros consecutivos da derivada de uma função apresentada. 11.2 Teorema do valor médio Dada uma função w que atenda às duas condições a seguir: a) w é uma função contínua no intervalo fechado [a, b]; 52 b) w é derivável no intervalo aberto (a, b), de forma que: Esse teorema permite determinar o número c se a função for contínua no intervalo [a, b] e derivável no intervalo (a, b), com f(b) – f(a) = f'(c)(b – a) ou f'(c) = [f(b) – f(a)]/b – a. (STEWART, 2013) A maioria das aplicações do cálculo diferencial está associada à habilidade de elaborar e deduzir conjecturas de uma função w por meio de informações apresentadas pelas suas derivadas. Para ilustrar, tomemos como exemplo o gráfico da função w apresentado na Figura 5, a seguir. Observando a figura, verificamos que, entre A e B e entre C e D, as retas tangentes apresentam inclinação positiva; logo, w'(x) > 0. Já entre B e C, as retas tangentes têm inclinação negativa; logo, w'(x) > 0. Com isso, a função decresce quando w'(x) é negativa, e quando w'(x) é positiva, a função cresce. Para verificar quando uma função é decrescente ou crescente, utilizamos o teste crescente/decrescente (C/D), descrito a seguir. 11.3 Teste crescente/decrescente (C/D) Veja a seguir como avaliar o teste C/D. 53 Se w'(x) < 0 em um intervalo avaliado, então w é decrescente nesse intervalo. Se w'(x) > 0 em um intervalo avaliado, então w é crescente nesse intervalo. Exemplo 4: Determine os intervalos nos quais a função: Solução: Inicialmente, derivamos a função. Para utilizar o teste C/D, é importante avaliar os locais nos quais as condições w'(x) > 0 ou w'(x) < 0 são atendidas. (STEWART, 2013) Estudando o sinal da função w'(x) com três fatores, 12x, (x – 2) e (x + 1), dividimos a reta real em intervalos com as extremidades associadas aos números críticos −1, 0 e 2. Vamos descrever esse processo por meio do Quadro 1. Nesse esquema do Quadro 1, o sinal de mais indica que a expressão é positiva, e o sinal de menos indica que a expressão é negativa. Já a última coluna do esquema 54 indica o resultado do teste C/D, isto é, para w'(x) < 0, com 0 < x < 2, a função é decrescente no intervalo (0, 2). A representação gráfica da função, apresentada na Figura 6, a seguir, confirma os intervalos nos quais a função é crescente ou decrescente pelo teste C/D. Pelo teorema de Fermat, se w possui um mínimo ou um máximo local no número c, então c se configura como um número crítico da função w. Porém, nem todo número crítico indica a origem de um mínimo ou máximo. Dessa forma, é importante um teste que indique um máximo ou mínimo local em um determinado número crítico. O teste da primeira derivada surge como consequência do teste C/D e responde a indicação descrita anteriormente. (STEWART, 2013) 11.4 Teste da primeira derivada Supondo que c seja um número crítico de uma função w contínua, então temos três condições, apresentadas a seguir: a) Se w' não alterar o sinal de c, ou seja, em ambos os lados de c, w' é positivo ou negativo, então w não apresenta máximo ou mínimo locais em c. b) Se o sinal de w' for alterado de negativo para positivo em c, então w tem um mínimo local em c. c) Se o sinal de w' for alterado de positivo para negativo em c, então w tem um máximo local em c. 55 A interpretação gráfica do teste da primeira derivada é apresentada na Figura 7. Exemplo 5: Solução: Inicialmente, derivamos a função w para encontrar os números críticos: w(x) = x + 2 sen x → w'(x) = 1 + 2 cos x Portanto, para g'(x) = 0, temos , e as soluções dessa equação são, respectivamente, 2π/3 e 4π/3. Sabendo também que g é diferenciável nos reais, então os únicos números críticos são os da própria solução da equação. Logo, utilizamos o esquema de estudo do sinal para aplicar o teste da primeira derivada. (STEWART, 2013) 56 Observe que os sinais positivos no esquema são justificados pela condição de que, quando w'(x) > 0, cos x > –1/2, a partir do gráfico de y = cos x, nos intervalos utilizados no esquema. (STEWART, 2013) Sabendo também que o sinal de w'(x) se altera de positivo para negativo em 2π/3, o teste da primeira derivada nos indica a existência de um máximo local em 2π/3, e esse valor é dado por: Analogamente, o sinal de w'(x) se altera de negativo para positivo em 4π/3. Com isso, temos: Isto é, um valor de mínimo local. O gráfico da função w gerado em computador assegura essas afirmações (Figura 8). 57 Nesta seção, discutimos e apresentamos como as derivadas de primeira ordem afetam o gráfico de uma função por meio do teste C/D, para avaliar os intervalos nos quais as funções são crescentes e decrescentes, e do teste da primeira derivada, para avaliar quando a função apresenta máximos ou mínimos locais a partir dos números críticos. (STEWART, 2013) 12 A CONCAVIDADE DE UMA FUNÇÃO Uma função pode apresentar a característica de concavidade para cima ou para baixo a partir das retas tangentes traçadas em seu gráfico. Vejamos as definições dessas concavidades. 12.1 Côncava para baixo ou para cima Se o gráfico de uma função w estiver acima de todas as suas tangentes em um intervalo A, então w é denominada côncava para cima nesse intervalo A. Já se o gráfico de uma função w estiver abaixo de todas as suas tangentes em um intervalo A, então w é denominada côncava para baixo nesse intervalo A. O gráfico apresentado na Figura 9 ilustra as concavidades. 58 Ao observar e avaliar o gráfico, percebemos que, nos intervalos (a, b), (c, d) e (p, q), a concavidade é para baixo, já nos intervalos (b, c), (d, e) e (e, p), a concavidade é para cima. O teste da concavidade que utiliza a derivada de segunda ordem indica quando os gráficos das funções w e z apresentam concavidade para baixo ou para cima. (STEWART, 2013) A Figura 10, a seguir, indica graficamenteessa observação. A derivada de segunda ordem auxilia a determinar quais intervalos apresentam concavidade para baixo ou para cima. Ao observar o gráfico de (w) da Figura 10, percorrendo um caminho da esquerda para a direita, a inclinação da reta tangente cresce, ou seja, a derivada w' é uma função crescente e, dessa forma, a sua derivada w'' é positiva. Já ao observar o gráfico de (z) da Figura 10, percorrendo um caminho da esquerda para a direita, a inclinação da reta tangente decresce, ou seja, a derivada z' é uma função decrescente, e, dessa forma, a sua derivada w'' é negativa. 59 12.2 Teste da concavidade Veja a seguir como avaliar o teste da concavidade. Se w''(x) < 0 para todo o valor de x de um intervalo, então o gráfico de w é côncavo para baixo nesse intervalo. Se w''(x) > 0 para todo o valor de x de um intervalo, então o gráfico de w é côncavo para cima nesse intervalo. Consequentemente, podemos definir um ponto de inflexão a partir do teste da concavidade. 12.3 Ponto de inflexão Um ponto P na curva y = w(x) é denominado ponto de inflexão se w é contínua no ponto, e a curva se alterar de côncava para baixo para côncava para cima, ou vice- versa, no ponto P. Observando a Figura 9, os pontos de inflexão são: B, C, D e P. De fato, pelo teste da concavidade, toda vez que a derivada de segunda ordem alterar seu sinal, haverá um ponto de inflexão. (STEWART, 2013) Vamos aplicar esses testes e definições, veja a seguir. Solução: Avaliando a condição (1), entendemos que w cresce no intervalo (–∞, 1) e decresce no intervalo (1, ∞). Já na condição (2), entendemos que w é côncava para baixo no intervalo (–2, 2) e côncava para cima no intervalo (–∞, –2) e (2, ∞). Para a condição (3), entendemos que o gráfico de w apresenta duas assíntotas horizontais: y = −2 e y = 0. As derivadas de segunda ordem também podem ser utilizadas para determinar mínimos ou máximos locais, como consequência do teste da concavidade. 60 12.4 Teste da segunda derivada Supondo que w'' é uma função contínua na vizinhança de c, então: Se w'(c) = 0 e w''(c) < 0, w tem um máximo local em c; Se w'(c) = 0 e w''(c) > 0, w tem um mínimo local em c; Se w'(c) = 0 e w''(c) = 0, o teste é inconclusivo, e precisamos usar o teste da primeira derivada. Exemplo 7: Avalie a curva em relação aos pontos de inflexão, à concavidade e aos mínimos e máximos locais. Solução: Inicialmente, calculamos a primeira e a segunda derivadas da função apresentada; com isso, temos: Para determinar os números críticos, verificamos os valores de x em que w'(x) = 0; com isso, encontramos x = 0 e x = 3. A fim de utilizar o teste da segunda derivada, obtemos w'' nesses dois pontos críticos encontrados e, com isso, temos: w''(0) = 0 e w''(3) = 36 > 0. A partir das condições w'(3) = 0 e w''(3) > 0, sabemos que w(3) = −27 é um mínimo local, já que w''(0) = 0. Apesar de o teste da segunda derivada não apresentar informações sobre 0 como número crítico, o teste da primeira derivada nas condições w'(x) < 0 para x < 0 e 0 < x < 3 nos indica que w não apresenta nem mínimo nem máximo local em 0. (STEWART, 2013) Para verificar os pontos de inflexão, dividimos a reta real nos números críticos 0 e 2 nas extremidades e estudamos o sinal da função w'', conforme o esquema a seguir. 61 Além desses pontos de inflexão, temos (0, 0), pois a curva se altera de côncava para cima para côncava para baixo; no ponto (2, −16) também há alteração da concavidade. (STEWART, 2013) Usando as informações de mínimo local e pontos de inflexão, podemos esboçar o gráfico dessa função, como mostra a Figura 11, a seguir. Dependendo da situação, é possível utilizar o teste da primeira ou segunda derivada para determinar os máximos ou mínimos locais. 62 13 QUOCIENTE ENTRE FUNÇÕES Uma função pode ser escrita a partir de outras funções, como uma função criada a partir da soma de outras funções. Um caso em particular refere-se ao quociente entre funções. As funções racionais são definidas como: Onde p e q são funções polinomiais, com q(x) ≠ 0 (ADAMI; DORNELLES FILHO; LORANDIL, 2015). Por exemplo: Olhando uma dessas funções mais de perto com o objetivo de encontrar o valor dela para um x escolhido, chegamos à Figura 1, que mostra o gráfico da função em preto, de em azul e q(x) = x + 2 em magenta Para encontrarmos o valor das funções em, por exemplo, x = 2, linha preta pontilhada, podemos simplesmente substituir o valor de x em p e q e dividir o valor a fim de encontrar o valor de f. Em outras palavras, 63 Uma maneira de estudar o comportamento de uma função f(x) ao redor de um x específico se dá por meio do emprego do limite. (ADAMI; DORNELLES FILHO; LORANDIL, 2015). Assim, Embora as leis dos limites sejam bastante úteis para calcular limites de funções, os casos nos quais ocorrem indeterminações, como 0/0 ou ∞/∞, são mais difíceis de resolver. (ADAMI; DORNELLES FILHO; LORANDIL, 2015). Nessas situações, o ideal é utilizar uma regra chamada de L’Hôpital, conforme mostrado a seguir. 14 REGRA DE L’HÔPITAL Ao calcularmos o limite de funções com quocientes, podemos nos deparar com certas indeterminações, como 0/0 ou ∞/∞, conforme o caso a seguir. Suponha a função: 64 Essa função não é definida em x = 1, mas queremos investigar seu comportamento em torno desse ponto. Para encontrarmos o seu limite para x → 1, poderíamos olhar separadamente os limites do numerador e do denominador. Para o numerador, temos que: E para o denominador: Dessa maneira, teríamos uma indeterminação do tipo 0/0, ou seja Assim, não podemos usar a lei apresentada anteriormente para quociente de funções. Para esses casos, usamos uma metodologia chamada de regra de L’Hôpital (Figura 2). (STEWART, 2008). Assim, quando temos indeterminações do tipo 0/0 ou ∞/∞, para encontrar o limite, derivamos separadamente o numerador e o denominador. 65 A Figura 2 ilustra como a regra de L’Hôpital funciona: no primeiro gráfico, há duas funções diferenciáveis, f e g, com valor 0 quando x = a. Se déssemos um zoom na função, para valores de x bem próximos de a, veríamos a função quase como uma reta. O segundo gráfico mostra as funções como funções lineares, com coeficientes angulares . (ADAMI; DORNELLES FILHO; LORANDIL, 2015). Supondo que as funções sejam de fato lineares, a razão entre elas seria: Que é a razão entre as próprias derivadas. Assim, podemos escrever que: 66 Voltemos ao caso da função Para encontrarmos o seu limite quando x → 1, devemos aplicar a regra de L’Hôpital. Assim: Portanto, o limite da função quando x se aproxima de 1 é 1, mesmo se a função não for definida nesse ponto (Figura 3). (ADAMI; DORNELLES FILHO; LORANDIL, 2015) 67 14.1 Produtos indeterminados Suponha duas funções f e g. Se o valor do não é claro. Haverá uma competição entre as duas funções, em que ambas podem vencer, levando o limite a ser 0 ou ∞, chamado de forma indeterminada do tipo 0 ∙ ∞. (ADAMI; DORNELLES FILHO; LORANDIL, 2015) Podemos lidar com esse tipo de indeterminação escrevendo o produto f ∙ g como um quociente, ou seja, Dessa maneira, o limite é convertido para os casos de indeterminação do tipo 0/0 ou ∞/∞, o que nos leva a poder usar a regra de L’Hôpital, como mostra o Exemplo (1). Exemplo 1: Encontre o Nesse caso, o limite é indeterminado do tipo 0 ∙ ∞, já que o limite de x tende a 0 e o limite de ln(x) tende a –∞. 68 Para podermos usar a regra de L’Hôpital, devemos reescrever a função. (ADAMI; DORNELLES FILHO; LORANDIL, 2015) Assim, podemos escrever que: Desse modo, . Agora, podemos aplicar a regra de L’Hôpital: Na Figura 4, você pode visualizar um esquema da função:69 14.2 Calcular limites indeterminados Anteriormente, você viu como usar a regra de L’Hôpital. Agora, verá alguns exemplos de uso dessa regra para a solução de limites. (ADAMI; DORNELLES FILHO; LORANDIL, 2015) Exemplo 2: Suponha a seguinte função e encontre o Olhando inicialmente o limite do numerador e do denominador, podemos ver que ambos tendem a 0: E: 70 Assim, temos uma indeterminação do tipo 0/0 e podemos aplicar a regra de L’Hôpital. (ADAMI; DORNELLES FILHO; LORANDIL, 2015) Portanto: A Figura 5 mostra um esquema da função. Exemplo 3: Dada a função seguir, encontre 71 Nesse caso, temos uma indeterminação do tipo ∞/∞, já que os limites do numerado e do denominador dão ∞. (ADAMI; DORNELLES FILHO; LORANDIL, 2015) Assim, aplicando a regra de L’Hôpital, temos que: A Figura 6 mostra o gráfico da função. Exemplo 4: Dada a função a seguir, determine 72 Nesse caso, temos uma indeterminação do tipo 0 ∙ ∞, já que: E: Podemos convertê-la para uma indeterminação do tipo 0/0 reescrevendo a equação: Aplicando a regra de L’Hôpital, encontramos que: O gráfico da função pode ser visto na Figura 7. 73 15 ANTIDERIVADAS DE FUNÇÕES Em problemas aplicados que envolvem o uso de derivadas, é importante conhecer as funções anteriores à diferenciação, também chamadas de antiderivadas ou primitivas. Exemplos dessa relação estão associados a problemas físicos, no qual são desenvolvidos modelos matemáticos que, consequentemente, resultam em equações diferenciais, como a descrição de um movimento retilíneo a partir da aceleração determinando a velocidade e, em seguida, a posição de um objeto (processo inverso da diferenciação). (STEWART, 2013) Outra situação-problema consiste no estudo do crescimento populacional de microrganismos, como bactérias ou fungos a partir da taxa de reprodução em segundo e se há o desejo de saber o crescimento da população. E, ainda, em problemas de Engenharia, como a determinação de máximos ou mínimos de áreas e volumes ou na frequência de descargas eletromagnéticas em dispositivos eletrônicos ou até mesmo a vazão associada à taxa de tempo em relação ao escoamento de líquidos. Em cada situação apresentada, é importante na resolução do problema aplicado encontrar uma função W em que a derivada é uma função que conhecemos w. Nos casos em que 74 existir a função W, denomina-se antiderivada ou primitiva de w. Nesse sentido, podemos definir o que é antiderivada da seguinte forma: uma função W é chamada de antiderivada de w sobre um intervalo A se W’(u) = w(u) para todo u pertencente ao intervalo A. Aplicando a definição a função w(u) = 2u, percebemos que a antiderivada é W(u) = u² a partir da Regra da Potência pensada de maneira inversa, já que temos: . Se derivarmos a função W’(u) = 2u = w (u), obteremos a função inicial. Naturalmente, outras funções satisfarão essa condição, por exemplo: H(u) = u² + 5, pois H’(u) = 2u. De modo geral, trata-se de funções da forma F(u) = u² + C, no qual C é uma constante. Após essa interpretação, observamos que, pelo Teorema do Valor Médio, se duas funções apresentam a mesma derivada em um intervalo dado, estas serão diferentes por uma constante (STEWART, 2013). Com isso, se W e H se configuram como antiderivadas de w, concluímos que W'(u) = w(u) = H’(u), pois H(u) – W(u) = C, no qual C se caracteriza como uma constante. Reescrevendo essa relação isolando H, temos: H(u) = W (u) + C, resultado do qual surge o seguinte teorema: se W se caracterizar como uma antiderivada de w em um intervalo A, então concluímos que sua antiderivada mais geral é W(u) + C, no qual C é uma constante arbitrária. A Figura 1 descreve um grupo de funções antiderivadas da função w(u) = 2u. 75 As leis de formação das funções g, h, q e p são descritas, respectivamente, por: g(u) = u² + 1; h(u) = u² + 1; p(u) = u² – 2; q(u) = u² + 2. Ao observarmos o gráfico apresentado na Figura 1, percebemos que as antiderivadas do grupo destacado são translações da parábola u². (STEWART, 2013) A seguir, você observará alguns exemplos de antiderivadas gerais de algumas funções. Exemplo 1: Determine a antiderivada geral das funções a seguir: a) w(u) = sen u; b) w(u) = 1/u; c) w(u) = un , n ≠ –1. Solução: 76 Se W(u) = – cos u, pois W'(u) = sen u. Dessa forma, uma antiderivada de w(u) = sen u é – cos u e, de modo geral, F(u) = – cos u + C se caracteriza como antiderivada geral de w(u). (STEWART, 2013) Lembrando que a derivada de ln u = 1/u. No intervalo (0, ∞), concluímos que ln x + C se caracteriza como uma antiderivada geral de w(u), observando que zero não está definido nessa função, ou seja, não está no domínio dessa função. Avaliando essa interpretação especificamente, temos: A partir da Regra da Potência de diferenciação utilizada de forma inversa, temos: Com isso, . A validade dessa relação para n ≥ 0. Adotando W’ = w e H’ = h, é possível elaborar um quadro com a função e sua respectiva antiderivada particular, como apresentado no Quadro 1. 77 Observando o quadro, temos basicamente algumas formas básicas de antiderivadas. No exemplo a seguir, vamos determinar a antiderivada de uma função, que corresponde a uma composição de uma função trigonométrica, polinomial e racional. Exemplo 2: Determine a antiderivada mais geral da função a partir de sua derivada: Solução: Inicialmente, ajustamos a expressão a qual a derivada está associada: Após realizar esse procedimento de ajuste, aplicamos os conhecimentos de antiderivadas desenvolvidos anteriormente. (STEWART, 2013) 78 Com isso, temos: Nos estudos de equações diferenciais, são comuns expressões de funções em problemas aplicados que envolvam o cálculo de antiderivadas. Agora, apresentaremos exemplos em que são dadas a derivada de uma função e uma localização ou relação dessa função para determinar o valor de C (constante) da antiderivada. (STEWART, 2013) No caso, vamos determinar a função particular que atende as condições enunciadas nos dados. Exemplo 3: Sabendo que w se Solução: Inicialmente, calculando a antiderivada geral de w'(u), temos: Agora, fazemos u = 0 em w(0) = –2; com isso, temos: Dessa forma, a antiderivada procurada é Exemplo 4: Dados w''(u) = 12u² + 6u – 4u, w(0) = 4 e w(1) = 1. Determine a função w no caso específico das condições apresentadas. Solução: Calculando a antiderivada de w''(u) = 12u2²+ 6u – 4u, temos: 79 Repetindo o procedimento, temos: Para encontrar as constantes C e D, aplicamos as condições descritas no problema w(0) = 4 e w(1) = 1. Da relação w(0) = 4, temos: w(0) = 0 + D = 4, o que implica que D = 4. Da relação w(1) = 1, temos: w(1) = 1 + 1 – 2 + C + 4 = 1 → C = 1 – 4 = –3. Substituindo os valores de C e D em w(u): Avaliando os exercícios apresentados nos exemplos 3 e 4, observamos que a quantidade de relações informadas está associada à ordem de diferenciação. Com a primeira derivada, precisamos de uma relação da função, com a segunda precisamos de duas relações da função, e assim sucessivamente. (STEWART, 2013) 16 ANTIDERIVADA OU PRIMITIVA COMO INTEGRAL INDEFINIDA Anteriormente, definimos a antiderivada a partir da relação W'(u) = w(u) com W, denominada antiderivada ou primitiva de w. A notação ∫ w(u) du se caracteriza como qualquer antiderivada de w(u). Nessa notação w(u) é denominada de integrando, e essa terminologia nomeia ∫ w(u) du como integral indefinida. Assim, quando desejamos calcular, encontrar ou determinar uma antiderivada de uma função, na verdade estamos querendo obter a sua integral indefinida. Os exemplos 5 e 6 apresentados a seguir ilustram esse conceitoe a definição de notação e de terminologia. Exemplo 5: Determine a integral indefinida das funções a seguir. 80 ∫ u du; ∫ – sen u du. Solução: (Utilizando a Regra da Potência de forma inversa como a situação aplicada no exemplo 1). (STEWART, 2013) ∫ – sen u du = cos u + C (utilizando o quadro das antiderivadas particulares descritas anteriormente, observamos que a antiderivada de sen u é – cos u, mas, como há a multiplicação pelo escalar –1, a integral indefinida fica com sinal positivo). As leis de diferenciação aplicadas de forma inversa descrevem fórmulas de antidiferenciação que agora podem ser associadas ao cálculo de integrais indefinidas. 81 Com essas leis, podemos calcular as integrais indefinidas descritas no exemplo 6. Exemplo 6: Calcule as integrais indefinidas das funções a seguir: A Figura 2 descreve as formas básicas de integração indefinidas. 82 A seguir, apresentaremos problemas aplicados que utilizam propriedades, conceitos e definições desenvolvidos anteriormente de antiderivadas ou integrais indefinidas. 16.1 Problemas aplicados a partir das propriedades das antiderivadas Nas investigações de Cinemática relacionadas ao movimento retilíneo de objetos, os procedimentos de determinação de antiderivadas (integral indefinida) são bastante importantes, visto ser possível relacionar os modelos matemáticos das grandezas físicas posição (espaço), velocidade e aceleração. (STEWART, 2013) As notações e terminologias a seguir são relacionadas: p = w(t) → v(t) = p' (t); a(t) = v' (t) v = ∫ a dt; s = ∫ p dt A partir da função que está associada à posição com a antidiferenciação, podemos determinar as funções da velocidade e derivada. Se, particularmente, são dadas condições, por exemplo, os valores iniciais p(0) e v(0), conseguimos encontrar as possíveis constantes que se apresentariam no processo de antidiferenciação. Nos 83 exemplos 7 e 8, vamos apresentar problemas aplicados que envolvem essas relações, descritas anteriormente. Exemplo 7: Uma partícula tem o seu movimento descrito por uma reta e apresenta aceleração, sendo representada pela equação a(t) = 6t + 4. Sabendo que sua velocidade inicial é v(0) = –6 cm/s e o seu deslocamento inicial dado por p(0) = 9 cm, determine a função da posição p(t) Solução: Como v'(t) = a(t) = 6t + 4, a sua antidiferenciação é: Sabendo que v(0) = C e que v(0) = –6, temos C = –6. Então: v(t) = 3t ² + 4t – 6 Usando a relação v(t) = p’(t), p é a antiderivada de v; dessa forma, temos: Sabendo que p(0) = D e que p(0) = 9, temos D = 9. (STEWART, 2013) Então: p(t) = t³ +2t² – 6t +9 Assim, encontramos a função da posição solicitada no exemplo. Exemplo 8: Uma esfera é lançada verticalmente para cima com uma velocidade inicial de 15 m/s a partir da borda de uma colina 140 m acima do solo. Determine: 84 Qual a função da posição? Quando a esfera atinge sua altura máxima? Quando a esfera atinge o solo? Solução: Ao observarmos as informações apresentadas no problema, concluímos que o movimento é vertical. Adotamos o sentido positivo para cima para associar a aceleração a= –9,8 m/s². Ainda, realizamos as seguintes considerações: no instante t, a distância acima do solo é p(t) e a velocidade está decrescendo, pois há uma desaceleração. Assim, uma vez que a aceleração é negativa, temos: Calculando sua antiderivada: v(t) = –9,8t + C Para encontrarmos C, usamos a relação v(0) = 15. E, assim, 15 = 0 + C, isto é, C = 15. Substituindo o valor de C na equação da velocidade, temos: v(t) = –9,8t + 15 No caso do lançamento vertical para cima, a altura máxima é alcançada quando v(t) = 0. Assim, 0 = –9,8t + 15 => 9,8t = 15 = > t = 15/9,8 ≅ 1,53 segundo. Respondemos ao segundo item, pois no instante 1,53 segundo a esfera atinge a altura máxima. (STEWART, 2013) Sabendo que p'(0) = v(0) e repetindo o procedimento de antiderivada, temos: p(t) = –4,9t² +15t +D 85 Para encontrarmos D, usamos a relação p(0) = 140. E, assim, 140 = 0 + D, isto é, D = 140. Substituindo o valor de D na equação da posição, temos p(t) = –4,9t² + 15t +140. Com isso, respondemos ao primeiro item. A condição em que a esfera atinge o solo é p(t) = 0. Dessa forma, temos: – 4,9t²+15t +140 = 0. Aplicando o método analítico para a resolução de equações do 2º grau, temos: Escolhemos apenas o valor positivo, pois não existe tempo negativo. Quando um objeto está próximo à superfície terrestre, está sujeito à força gravitacional denominada g. Nos movimentos de objetos que estão associados a essa condição, g é constante e tem valor numérico de 9,8 metros por segundo ao quadrado (STEWART, 2013). 86 17 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 17.1 Bibliografia Básica THOMAS, G. B.; WEIR, M.D.; HASS, J. Cálculo 1. Volume1, 1ª ed. São Paulo: Addison Wesley, 2009. ANTON, H.; BIVENS, I.; DAVIS, S. Cálculo um Novo Horizonte. Volume 1. 8 ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2007. STEWART, J. Cálculo. Volume 1, 5 ª ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2008. 17.2 Bibliografia Complementar ADAMI, A. M.; DORNELLES FILHO, A. A.; LORANDI, M. M. Pré-cálculo. Porto Alegre: Bookman, 2015 ANTON, H.; BIVENS, I.; DAVIS, S. Cálculo. 10. ed. Porto Alegre: Bookman, 2014. v. 1. AYRES JUNIOR, F.; MENDELSON, E. Cálculo. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. FLEMMING, D. M.; GONÇALVES, M. B. Cálculo A: funções, limite, derivação, integração. 6. ed. São Paulo: Prentice Hall Brasil, 2006. HOFFMANN, L. D. et al. Cálculo: um curso moderno e suas aplicações. 11. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2018. KILHIAN, K. Velocidade instantânea. In: O BARICENTRO da mente. [S. l.], 2009. Disponível em: https://www.obaricentrodamente.com/2009/05/velocidade- instantanea.html. Acesso em: 23 abril 2021. KOLMAN, B.; HILL, D. R. Introdução à álgebra linear com aplicações. 8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2006. 87 MORETTIN, P. A.; HAZZAN, S.; BUSSAB, W. O. Cálculo: função de uma e várias variáveis. 2. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2010. PROFESSOR FERRETO. Relações métricas na circunferência. [2018]. Disponível em: . Acesso em: 23 abril 2021. ROGAWSKI, J.; ADAMS, C. Cálculo. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2018. v. 1. SAFIER, F. Pré-cálculo: mais de 700 problemas resolvidos. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2011. SANTOS, F. J.; FERREIRA, S. F. Geometria analítica. Porto Alegre: Bookman, 2009. STEWART, J. Cálculo. 7. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2013. v. 1. THOMAS, G. B. et al. Cálculo. 11. ed. São Paulo: Addison Wesley, 2008. v. 1
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