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CCJ0014-WL-B-LC-Contratos em Geral

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Direito Civil - Apostila - Teoria Geral dos Contratos 
 
DIREITO CIVIL TEORIA 
GERAL DOS CONTRATOS 
Embora nossos códigos possuam regras gerais de contratos, tais regras não se 
encontram restritas aos contratos, sendo aplicáveis a todo e qualquer negócio 
jurídico. Desta forma, para todo e qualquer negocio jurídico e não apenas para 
os contratos aplicam-se as regras sobre capacidade do agente, forma e objeto. 
Contrato no Código Francês – a máxima que diz: “o contrato faz lei entre as 
partes” (pacta sun servanda), explicita bem a função do contrato no Código 
Francês, onde a liberdade e a propriedade estão ligadas indissoluvelmente. Sem 
propriedade não pode haver liberdade. 
Em verdade, o contrato representava uma garantia para os burgueses e para 
classes proprietárias de que seus bens não lhes seriam tolhidos, assim, os 
proprietários não poderiam mais ser privados de seus bens sem a sua 
manifestação de vontade. 
É a forma extremista do contratualismo, onde à vontade das partes é lei, 
independentemente de qualquer outra limitação que não seja aquela fundada no 
interesse público. 
Contrato no Código Civil Alemão e a assimilação de seu conceito – o Código 
Alemão veio quase um século após o Francês, e embora se constitua em um 
estatuto capitalista, trouxe inovações. O contrato passou a ser subespécie de 
uma espécie maior que é o negócio jurídico. O contrato não mais tem o condão 
de, de per si, transferir a propriedade. É o meio de transferência, mas não a 
opera. Este sistema, com adaptações foi acolhido pelo Código de 1916 e mantido 
pelo atual. 
Assim, podemos definir contrato como: Declaração de vontade destinada a 
produzir efeitos jurídicos. 
Embora o contrato seja a parte mais importante da vida negocial, há também 
negócios jurídicos que independem de duas vontades, como ocorre no 
testamento e na promessa de recompensa. Que são negócios jurídicos 
unilaterais. 
Breve histórico – Contrato vem do latim contractus que significa contrair. No 
direito romano utilizavam-se também as expressões convenção, de conventio, e 
pacto, de pacis si, estar de acordo, mas hodiernamente, segundo a lei e os 
doutrinadores tais expressões são sinônimas.No Direito Romano primitivo, os 
contratos e todos os atos jurídicos, tinham caráter sacramental, o seu 
descumprimento configurava pecado. Aquilo que foi pactuado deveria ser 
rigorosamente obedecido, ainda que não representasse a real vontade das 
partes. Na lei das XII Tábuas, a intenção das partes estava manifesta nas 
palavras corretamente pronunciadas. 
No Direito Romano, convenção e pacto eram expressões equivalentes e 
significavam o acordo de duas ou mais pessoas a respeito de determinado 
objeto. Mas o simples acordo, convenção ou pacto não tinha o condão de 
formalizar o negócio jurídico, fazia-se necessário acatar certas formalidades 
para que se criasse uma obrigação. Estas solenidades davam força às 
convenções e, cada uma destas convenções, sob certas formalidades, acabava 
por construir uma forma de contractus. No Direito Romano prevalecia o 
contrato entre particulares. 
Na época de Justiniano tivemos uma modificação: o elemento subjetivo, ou seja, 
à vontade dos contratantes, começa a sobrepujar o formalismo excessivo que 
acompanhavam a formalização dos contratos até então. Assim, passou-se 
conferir uma ação para qualquer convenção entre as partes. Embora a vontade 
ainda fosse considerada em segundo plano, pois, a proteção dependia mais do 
interesse que da vontade, qualquer tipo de convenção poderia tornar-se 
obrigatória, desde que revestida de certas formalidades. Isto foi, inegavelmente, 
um grande avanço, pois, abriu caminho para que o acordo de vontades ficasse 
acima do contrato, ou seja, para que a conventio sobrepujasse as formalidades. 
Com a que do domínio romano houve um retrocesso, pois passou a predominar 
o Direito Germânico que era menos evoluído que o Direito Romano, havendo 
necessidade, para a formalização de obrigações, a observância de um ritual. Tal 
procedimento conservou-se até a idade média.Houve então, uma evolução nas 
práticas contratuais na época medieval, passando a forma escrita a ter 
predominância na estipulação dos contratos. 
A “crise do contrato” – o contrato privado e paritário é aquele avençado entre as 
partes, onde todas as cláusulas são meticulosamente discutidas e mutuamente 
resolve-se sobre preço, prazo, condições, forma de pagamento, etc. e, acordando 
as partes, tem-se a conclusão do contrato. Nesse tipo de contrato sobrepuja-se a 
autonomia da vontade, ou seja, a igualdade de condições entre os contratantes 
que podem condescender num ou noutro ponto da relação contratual com o 
intuito de lograr um fim desejado a ambas as partes. 
Este tipo de contrato tem-se tornado cada vez mais raro, embora não tenha 
desaparecido. 
Hodiernamente, temos uma sociedade capitalista de consumo em massa 
(capitalista consumista sem capital para consumir), então, os contratos 
passaram a ser “negócios de massa”, não são mais paritários, mas sim, 
infundidos, com cláusulas pré-estabelecidas, sem margem para negociação, 
onde o contratante faz uma mera adesão, não lhe sendo possível discutir uma 
cláusula sequer do contrato.Mas não há outra solução para a economia de 
massa, ser-nos-ia, simplesmente impossível, com a atual explosão demográfica, 
que se discutisse todos os contratos cláusula a cláusula. 
Ciente destas mudanças o legislador, no novo Código Civil, operou um avanço 
na concepção da finalidade jurídica contratual. O contrato passou a ser visto 
como um elemento de eficácia social, que não deve ser cumprido tendo em vista 
somente o interesse do credor, mas também o beneficio para a sociedade. 
Assim, passou-se a vislumbrar o contrato de forma temporal, mais de acordo 
com a realidade em que vivemos. Destarte, qualquer obrigação descumprida 
não prejudica somente a parte – credor ou contratante isoladamente – mas toda 
a comunidade. 
Frente a este cenário, o legislador pátrio consigna expressamente no novo 
Código Civil, quando trata dos contratos, a limitação da liberdade contratual 
pelo: - respeito à função social do contrato; - o princípio da boa-fé objetiva; - 
caso fortuito; Já se encontravam insertos no Código Civil de 1916 - força maior. 
Primeiramente devemos buscar o significado contemporâneo do princípio da 
boa-fé. Vale salientar que não se trata da boa-fé subjetiva, que demandava dolo 
na conduta do agente, onde: 
 
BOA FÉ X MÁ-FÉ 
Nesse diapasão, a boa-fé é analisada apenas como ausência sobre o ilícito 
praticado, dentro do campo do subjetivo, onde a intenção de causar dano ao 
próximo é levada em conta na análise da culpabilidade do agente. 
O Código Civil /2002 dá nova acepção ao princípio da boa-fé, que vem sendo 
chamado pelos doutrinadores de boa-fé objetiva, pois, tem por objetivo impelir 
aos contratantes uma conduta em concordância com os ideais de honestidade e 
lealdade, independentemente de dolo ou culpa na conduta do agente. Assim, 
podemos concluir que: 
BOA FÉ X EXTERIOZAÇAO DE COMPORTAMENTO ÍMPROBO, EGOÍSTA, 
REPROVÁVEL. 
Diante disto, verificamos que, se uma cláusula contratual que viole princípios 
baseados na honestidade, retidão, lealdade e, principalmente na consideração 
de que todos os membros da sociedade são juridicamente tutelados e não 
apenas partes nos contratos, pode-se buscar a tutela jurisdicional para que o 
Estado ingresse na relação contratual privada, proibindo ou impondo cláusulas. 
E eis a grande novidade: mesmo que o agente não tenha tido a intenção de 
causar dano, ou seja, independe do subjetivismo do agente, não há mais lugar 
para a postura de querer levar vantagem em tudo (certo). Assim, de roupagem 
nova, o contrato constitui-se de: - obrigações explícitas- deveres anexos - 
deveres conexos- ordem pública Destarte, temos um dirigismo contratual do 
Estado, mostrando aos contratantes o norte orientador. Assim,sempre que na 
execução do contrato forem violados os princípios de probidade e boa-fé, poderá 
o Estado intervir e, o julgador poderá corrigir a postura de qualquer das partes 
sempre que perceber um desvio de conduta ou de finalidade, ou ainda, se o 
contratante estiver buscando (mesmo que “licitamente”) obtenção de vantagem 
maior que a inicialmente esperada. Deve, pois, o juiz basear sua decisão na 
análise do comportamento das partes quanto aos deveres anexos ou conexos ao 
vínculo jurídico. Desta forma, a força obrigatória de um contrato não se aprecia 
tanto à luz do dever de se manter a palavra empenhada de forma estrita e 
precisa como pactuada no momento do contrato, mas sob o aspecto da 
realização do bem comum e de sua finalidade social. 
Cumpre lembrar também a determinação do art. 421, in verbis: Art. 421. A 
liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do 
contrato. 
Primeiramente temos uma colocação vernacular infeliz por parte do legislador, 
quando este se refere à liberdade de contratar, pois esta deve ser ampla, adstrita 
somente pelas partes. 
Entende-se por liberdade de contratar o ânimo da agente em realizar dado 
negócio, a conveniência das partes em concretizar ou não determinada relação 
comercial. Este ato não deve ser limitado pelo Estado. Apenas às partes cabe a 
decisão de realizar ou não um contrato, v.g., se João quer vender um imóvel de 
sua propriedade, desde que esteja livre de ônus, tal decisão somente a ele 
compete, não tem cabimento, numa situação como esta à intervenção estatal, 
pois o Estado estaria violando seus próprios princípios, pois o direito à 
propriedade é garantido constitucionalmente, desde que esta não esteja 
desatendendo com a sua função social, pode João livremente dispor dela como 
melhor lhe aprouver. Logo deduzimos que, a liberdade de contratar está 
vinculada somente ao interesse e a necessidade das partes. 
Mais clara e concisa é a redação proposta pelo Projeto de Lei 6960/2002, que 
propõe a seguinte redação para o artigo 421 do Código Civil: 
“A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato”. 
Por liberdade contratual infere-se: 
O conteúdo do contrato, suas cláusulas, condições, regras, etc; esta sim deve 
observar os limites legais, a função social do contrato, os princípios, etc. Tais 
limitações visam coibir abusos, pois, como supracitado, hodiernamente os 
contratos são massificados, onde o contratante torna-se mero aderente, não 
dispondo de poder de negociação, restando-lhe apenas concordar e quando se 
sentir lesado, buscar a tutela jurisdicional. A intervenção do Estado nestes casos 
deve ser cabal, desde que tenha como objetivo coibir abusos ou a defesa do 
consumidor (hipossuficiente). 
O limite da função social e o princípio da boa-fé, agora consignados na teoria 
geral dos contratos, permite uma visão mais humanista desse instituto que 
deixará de ser apenas um mecanismo para dominação do mais fraco pelo mais 
forte, resgatando e colocando em primeiro plano, não mais a proteção à 
propriedade, mas a dignidade da pessoa humana e o social. 
Cumpre evidenciar que o termo autonomia da vontade, utilizado na vigência do 
Código Civil de 1916 para designar a ampla liberdade de contratar, adstrita 
somente pela supremacia da ordem pública; não pode com o advento de o novo 
Código cingir-se do mesmo significado, visto que, no Código de 1916 não havia 
distinção entre liberdade de contratar e liberdade contratual, não havia 
preocupação com a função social do contrato. No código de 2002 esta 
preocupação é explícita, desta forma, podemos até usar a expressão autonomia 
da vontade, desde que tenhamos em mente a distinção entre: 
Liberdade de contratar – animus do agente, ilimitada. Liberdade contratual – 
concernente à formulação do contrato, restrita pelos limites do artigo 421 
CC/2002. 
 
PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO CONTRATUAL 
FORMAÇÃO DOS CONTRATOS 
Direito real. Poder que tem alguém sobre uma coisa específica, e que vincula 
esta coisa direta e imediatamente ao seu titular, o qual pode opor esse direito 
contra todos (propriedade, usufruto, hipoteca, anticrese, etc.).Direito pessoal. 
Direito que tem uma pessoa de exigir de outra que dê, faça ou não faça alguma 
coisa. 
Assim, podemos dizer que a obrigação real ou propter rem (ou ob rem) é uma 
mescla de direito real com direito pessoal e, estão a cargo de um sujeito, à 
medida que este é proprietário de uma coisa, ou titular de um direito real de uso 
ou gozo dela. 
Pode então, a pessoa do devedor, nesse tipo de obrigação, variar em função da 
relação de propriedade ou de posse existente entre o sujeito e determinada 
coisa. Elementos de validade dos contratos: 
Capacidade (art. 3º a 5º, 104, 166, 167, 171 CC/2002). Possível (fisicamente, 
materialmente e juridicamente), assim, não se pode contratar uma pessoa muda 
para cantar ou contratar uma importação proibida por lei. Objeto lícito, não 
pode contrair a lei e os bons costumes. Suscetível de valor econômico (contrato 
sobre a prestação de um grão de café); Determinado ou determinável. Às vezes o 
objeto não é determinado no momento do contrato, deixando tal tarefa para ser 
feita no futuro, p.ex., indivíduo que compra peixe antes do pescador jogar a rede 
(contrato aleatório), supondo que as partes acordaram em R$20,00. Se ao jogar 
a rede o pescador: - pescar vários peixes, pescar um peixe, não pescar nenhum 
peixe, o valor a ser pago será o mesmo (acordado inicialmente). 
No negócio jurídico o elemento primordial é à vontade das partes. Assim a 
constituição, modificação ou extinção do direito deve ser feito visando o acordo 
de vontades e a boa-fé objetiva. Princípio da forma livre (art. 104, 107, 109 
CC/2002). 
O contrato pode ser verbal, por instrumento público ou particular. Não sendo 
livre somente quando a lei o determinar, v.g., para vender uma cada é 
necessário uma escritura pública. Já para um contrato de locação a forma é livre 
(pode ser verbal, público ou particular). 
Segundo o art. 109 CC/2002 se as partes convencionarem que, para a eficácia 
do contrato é essencial o instrumento público (registro no cartório), este se faz 
necessário para que aquele tenha validade. 
Princípios: 
 
1. Autonomia privada da vontade Pode-se falar em autonomia privada da 
vontade, desde que estejamos atentos para o novo enforque dado pelo CC/2002 
entre liberdade de contratar e liberdade contratual (vide anotações supra). 
2. Obrigatoriedade das convenções (pacta sun servanda) Intangibilidade ou 
imutabilidade. A ninguém é permitido alterar unilateralmente o conteúdo do 
contrato, nem pode o juiz intervir nesse conteúdo. Essa é a regra geral. 
Exceções: função social do contrato; boa-fé objetiva; caso fortuito e força maior. 
3. Relatividade das convenções (res enter alios) Os efeitos de um contrato 
atingem somente os contratantes, não podendo se estender a terceiros 
estranhos a ele. Exceções: estipulação em favor de terceiros. Quando o 
contratante firma um contrato em benefício de terceiro, v.g., seguro de vida, 
onde outrem (que não os contratantes) é beneficiado. Toda vez que o contrato 
extrapolar as partes, teremos estipulação em favor de terceiro. 
4. Consensualismo (é a regra) É o consentimento, acordo de vontades. O acordo 
será celebrado mediante a manifestação de vontade dos contratantes. Não exige 
a tradição para concretização do contrato. Exceção: contratos reais – onde o 
acordo de vontades não tem o condão de aperfeiçoar o contrato, não sendo hábil 
para gerar efeitos no mundo jurídico. Faz-se necessário, para o seu 
aperfeiçoamento a tradição, a entrega da coisa e, a partir deste instante 
considerar-se-á aperfeiçoado o contrato, estando apto a gerar efeitos no mundo 
jurídico. Assim, temos: 
Contrato Real com a entrega da coisa 
Demais Contratos com celebração do contrato Ex: Contrato de mútuo, 
Empréstimo, Comodato,Contrato de depósito. 
No empréstimo a pessoa é dona daquilo que lhe foi emprestado, podendo dispor 
do bem como lhe convier, bastando restituir a coisa de mesma espécie e gênero. 
Ex: João vai ao BB e faz um empréstimo em pecúnia, formalizado através de um 
contrato (perfeito). Mas para que ocorra o aperfeiçoamento do contrato é mister 
a entrega do dinheiro a João. Pergunta-se: Este contrato é unilateral ou 
bilateral? Para sabermos a resposta a esta pergunta, primeiramente temos que 
saber o momento de proferi-la. Fazemo-la no momento do aperfeiçoamento do 
contrato, no nosso exemplo, no momento da entrega do dinheiro a João. Assim, 
temos um contrato unilateral, pois há obrigação somente para um dos 
contratantes, ou seja, para João que deve efetuar o pagamento ao Banco. 
5. Boa-fé nos contratos 
Primeiramente devemos buscar o significado contemporâneo do princípio da 
boa-fé. Vale salientar que não se trata da boa-fé subjetiva, que demandava dolo 
na conduta do agente, onde: 
 
BOA FÉ MÁ-FÉ 
Nesse diapasão, a boa-fé é analisada apenas como ausência sobre o ilícito 
praticado, dentro do campo do subjetivo, onde a intenção de causar dano ao 
próximo é levada em conta na análise da culpabilidade do agente. O Código Civil 
/2002 dá nova acepção ao princípio da boa-fé, que vem sendo chamado pelos 
doutrinadores de boa-fé objetiva, pois, tem por objetivo impelir aos contratantes 
uma conduta em concordância com os ideais de honestidade e lealdade, 
independentemente de dolo ou culpa na conduta do agente. Assim, podemos 
concluir que: 
 
BOA FÉ EXTERIOZAÇAO DE COMPORTAMENTO ÍMPROBO, EGOÍSTA, 
REPROVÁVEL. 
Diante disto, verificamos que, se uma cláusula contratual que viole princípios 
baseados na honestidade, retidão, lealdade e, principalmente na consideração 
de que todos os membros da sociedade são juridicamente tutelados e não 
apenas partes nos contratos, pode-se buscar a tutela jurisdicional para que o 
Estado ingresse na relação contratual privada, proibindo ou impondo cláusulas. 
E eis a grande novidade: mesmo que o agente não tenha tido a intenção de 
causar dano, ou seja, independe do subjetivismo do agente, não há mais lugar 
para a postura de querer levar vantagem em tudo (certo). 
Então podemos perceber que a boa-fé objetiva tem um enfoque na 
transindividualidade, nos direitos de terceira geração, na função social do 
contrato, v.g., se se pede a falência de determinada empresa, mesmo tendo esta 
motivado o processo, mas sendo a referida empresa de suma importância para a 
manutenção do equilíbrio do município – pois o seu fechamento, p.ex., poderia 
gerar uma grande onda de desemprego – deve o juiz, na analise do caso 
concreto observar não só o lado econômico, mas também o social. Deve 
apreciar, se aceita o pedido de falência ou se há outra saída ou qualquer 
possibilidade de saneamento, sendo sempre preferível esta, àquela. 
Percebemos que a tarefa do magistrado é cada vez maior. É mister que este 
tenha uma boa interação com a sociedade, que esteja ‘antenado’ com as 
mudanças que estão ocorrendo na sociedade. Atualmente, ainda temos 8% dos 
magistrados batendo na tecla da boa-fé subjetiva, desatualizados que estão com 
as mudanças sociais ocorridas nos últimos tempos. Claro que é tarefa muito 
mais difícil a analise da boa-fé objetiva, pois é preciso observar as condições em 
que o contrato foi firmado, o nível sócio cultural dos contratantes, o momento 
histórico e econômico e, creio que até as peculiaridades inerentes a cada região, 
pois em um país de dimensões continentais, com culturas e hábitos tão diversos, 
terão os magistrados, uma tarefa hercúlea pela frente, qual seja: a interpretação 
da vontade contratual, tendo em vista os novos parâmetros que devem ser 
observados para tal interpretação expressamente previstos no artigo 187 do 
CC/2002, transcriptu: Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um 
direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu 
fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. 
Sob esse prisma, temos nítidas três funções no conceito da boa-fé objetiva: 
Função interpretativa – artigo 113 
Função de controle dos limites do exercício de um direito – art. 187 
Função de integração do negócio jurídico – art. 421 
 
Não se quer com isto negar ao credor o direito de cobrar seu crédito, mas tão-
somente coibir abusos nessa conduta, pois como pudemos vislumbrar em 
análise supracitada, a igualdade entre contratantes não é tão igual assim, temos 
um consumidor hipossuficiente não capaz de fazer frente ao capitalismo 
esmagador. 
Tendo em vista o novo paradigma social, onde a sociedade exige retidão, 
transparência, honestidade e probidade dos contratantes, a boa-fé objetiva 
passou a ser fator basilar na interpretação. Dessa forma avalia-se a boa-fé 
objetiva nas seguintes fases do contrato: 
 
a - Responsabilidade pré-contratual 
b - Responsabilidade contratual 
c - Responsabilidade pós-contratual 
Em suma, devemos observar a boa-fé objetiva em todas as fases do contrato, 
para que, parafraseando Bobbio procuremos: “igualar os desiguais na medida 
em que se desigualam”. 
Fases do contrato Fase Pré-contratual Fase Executória Fase Pós-contrato 
6. Revisão dos contratos (rebus sic stantibus, teoria da superveniência, teoria da 
onerosidade excessiva, teoria da imprevisão). 
Há possibilidade de se revisar um contrato quanto este for, para uma das partes, 
extremamente oneroso.Quanto à execução, os contratos podem ser: 
a) Execução imediata – o contrato surge, gera os efeitos que lhes são próprios, 
cumpre-se, extingue-se. Tudo no presente momento (cumprimento à vista). 
b) Execução diferida – o negócio é celebrado atualmente, mas a execução ocorre 
no futuro, v.g., venda de imóvel com pagamento previsto para daqui a dois anos 
(cumprimento pré, mas em uma única parcela). 
 
c) Execução continuada ou trato sucessivo – a execução do contrato ocorre mês 
a mês, de forma fracionada (cumprimento a prazo). 
No momento da execução do contrato a realidade jurídica das partes deve ser a 
mesma. Por exemplo, se João celebra com Maria um contrato de prestação 
continuada de valor fixo. Se houver uma modificação na situação fático-juridica 
pode haver revisão. Mas se João perde o emprego, tal situação, de per si, não 
tem o condão de provocar uma revisão contratual. Para que se possa pretender 
alteração no contrato deve existir um fato superveniente grave e excepcional, 
p.ex., irrompe uma guerra e durante uma batalha uma bomba é jogada em uma 
fábrica comprometendo a produção. 
O CC/1916 não acolhia expressamente a “rebus sic standibus”, ou seja, não havia 
nenhum artigo que versasse sobre revisão contratual. Mas em 1990, com o 
advento da Lei 8078 (Código de Defesa do Consumidor), o ordenamento 
jurídico pátrio passou a acolher expressamente a revisão contratual, vejamos 
o artigo 6º, V e VIII da referida lei, verbis: 
Art. 6º. São direitos do consumidor: V – a modificação das cláusulas contratuais 
que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos 
supervenientes que as tornem excessivamente onerosas; 
VII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus 
da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil 
a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de 
experiências; Assim temos: 
Gênero Revisão 
1) Modificação 2) Revisão 
 
E concluímos que: Modificação e Revisão são espécies do gênero REVISÃO. 
 
1) Modificação – nesta espécie não é necessário provar fato superveniente, visto 
que, o contrato já nasceu oneroso, viciado, a desproporcionalidade é inicial, 
p.ex., contrato que tem cláusula com multa abusiva. Ele está viciado desde o 
momento da celebração. Mesmo tendo sido assinado pelas partes e revestido de 
todas as formalidades legais, poderá ser objeto de revisão.Ao juiz cabe aquilatar 
a desproporcionalidade entre as partes. 
 
2) Revisão – nesta modalidade há necessidade de provar que certo fato 
superveniente o torna demasiadamente dispendioso, visto que, este contrato 
não nasceu oneroso, pois, quando do momento da sua celebração estava 
perfeito; posteriormente veio a tornar-se desproporcional devido a um fato 
novo, superveniente, imprevisto. 
Segundo o artigo 81 do CC/1916 o contrato tinha a faculdade de ARTME – 
adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir direitos. 
Então, já podemos buscar uma definição para contrato. Sabemos que contrato é 
um negocio jurídico; um acordo de vontades; que ele visa à criação, aquisição, 
modificação ou extinção de direitos; que as partes devem observar os limites de 
sua função social e terem sua conduta pautada na boa-fé objetiva. 
Diante disto, podemos idear diversas definições para contrato. Podemos dizer 
que contrato é: 
 
Acordo de vontades que vise criar, ü modificar ou extinguir direitos. Negocio 
jurídico visando à criação, ü aquisição, modificação ou extinção de direitos 
pautados na boa-fé objetiva e com observância de sua finalidade social. São 
apenas alguns exemplos de definições dentre tantas outras que poderíamos 
criar. 
 
OBJETO CAUSA E MOTIVO. 
Objeto do contrato difere de objeto da obrigação. Enquanto aquele é idêntico em 
todas as estipulações de mesma natureza, este é isolado, concreto, individuado e 
especifico. 
O CC/2002 em seu art. 104 não prevê como elemento de validade do contrato a 
sua causa ou o seu motivo. 
Segundo Venosa, causa é aquele motivo que tem relevância jurídica. Confunde-
se com o objeto do negócio. Não podemos elevar qualquer motivo como 
elemento essencial do negócio jurídico, e, conseqüentemente, do contrato. No 
CC/1916, acompanhado pelo estatuto civil contemporâneo, afastando-se da 
problemática sobre o tema da causa, que gera tantas dificuldades de ordem 
prática, entendeu que a noção de objeto substitui perfeitamente a noção de 
causa. Numa compra e venda, p.ex., o comprador pode ter os mais variados 
motivos para realizar o negócio: especular no mercado, utilizar a coisa para seu 
uso, dar em locação, etc. Todos esses motivos, porem, não têm relevância 
jurídica. O motivo com relevância jurídica será receber a coisa mediante o 
pagamento, não resta dúvida, porem, de que, por vezes, unicamente a noção de 
objeto do contrato não será suficiente para o exame da licitude ou imoralidade 
do negócio. No entanto, nossa jurisprudência nunca teve dificuldade de 
examinar a questão sobre o prisma do objeto. 
O objeto do contrato é o mesmo em todas as operações de mesma natureza, se 
confundido com sua causa; o motivo é de ordem subjetiva, esta no animus do 
agente, não tendo relação com a validade do negócio jurídico. Via de regra, o 
motivo não importe para a validade do negócio jurídico, mas quando aquela foi 
à razão que determinou este, poderá o motivo passar a ter relevância, pe.ex., 
João salvou a vida de Maria. João, em agradecimento pelo ato de Maria lhe faz 
uma doação. Depois de efetuado o negócio João descobre que não foi Maria 
quem lhe salvou a vida, mas Marta. Neste caso o motivo sendo falso vicia 
(contamina) o negócio jurídico. Assim, sinteticamente temos: 
 
Causa: confunde-se com o próprio contrato (objeto); Motivo: caráter subjetivo; 
Exceção; art. 140 CC/2002 (que corrigiu o CC/1916 que em seu art. 90 falava 
em causa, quando na verdade devia falar em motivo). 
 
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS 
A classificação dos contratos, portanto, serve para posicionar corretamente o 
negócio jurídico no âmbito do exame de seu adimplemento e inadimplemento, 
questão crucial para o jurista. Assim à medida que são conhecidas as 
classificações fundamentais, o estudioso, ao examinar um contrato, na prática, 
já terá em mente as conseqüências jurídicas das espécies. Mas, assim como um 
diagnostico errado de uma moléstia pelo médico pode levar o paciente à morte, 
a compreensão errada de um fenômeno jurídico pode acarretar conseqüências 
letais ao patrimônio das partes envolvidas. 
Na tradicional classificação do direito romano temos quatro categorias de 
contrato, quais sejam: 
Reais – implicam na entrega de uma coisa (res), de um contraente a outro. Orais 
– formam-se com o pronunciamento de certas palavras. Literais – são os queü 
necessitam da escrita. Consensuais – perfazem-se pelo simples consentimento 
das partes, independentemente de qualquer forma oral ou escrita ou da entrega 
da coisa. 
 
I. CONTRATOS CONSIDERADOS EM SI MESMOS 1. Quanto à natureza da 
obrigação 1.1. Unilaterais 
Obrigações 
1.2. Bilaterais 1.3. Gratuitos Patrimônio 1.4. Onerosos 1.5. Comutativos 1.6. 
Aleatórios 1.7. Paritários 1.8.Adesão 
 
Quanto às obrigações – Cumpre inicialmente lembrar que a distinção refere-se à 
carga de obrigações da parte e não ao número de contratantes que devem ser 
sempre dois, já que o contrato é um acordo de vontades.1.1. Contrato Unilateral 
é aquele que, quando da sua feitura, gera obrigação somente a uma das partes. 
Os efeitos são ativos de um lado e passivos do outro. Só uma das partes se 
obriga, não havendo contraprestação. Exemplo é o contrato de doação pura e 
simples onde apenas o doador contrai obrigações ao passo que o donatário só 
aufere vantagens. Caso ainda do depósito, do mútuo, do mandato e do 
comodato. 
Como já vimos anteriormente o contrato aperfeiçoa-se, via de regra, pelo 
consenso das partes. Mas nos contratos unilaterais, para o seu aperfeiçoamento, 
faz-se necessário à tradição (entrega da coisa), v.g., em um empréstimo em 
dinheiro feito junto a uma instituição financeira temos inicialmente uma 
promessa de mútuo, que é bilateral, pois o temos a de um lado, a instituição 
financeira que se compromete a entregar o dinheiro e, de outro, o contraente 
que se compromete em restituir a pecúnia, com juros e prazos pré-acordados. 
Mas note-se bem, não temos um contrato aperfeiçoado, o que temos é uma 
promessa de mútuo. Para que tenhamos um contrato aperfeiçoado é necessária 
à tradição, então teremos um contrato de mútuo feneratício, que é um contrato 
unilateral, visto que, após a tradição, resta obrigação à somente uma das partes, 
ou seja, ao contraente de restituir o valor à instituição bancária nas formas e 
prazos acordados. 
1.2. Contrato bilateral pressupõe obrigação, no momento da feitura, para ambas 
as partes, ou para todas as partes intervenientes. Essas obrigações são 
recíprocas e simultâneas (sinalgma), por isso, também são chamados de 
contratos sinalagmáticos. Cada uma das partes fica adstrita a uma prestação. 
Assim é a compra e venda (CC. Art. 481). O vendedor deve entregar a coisa e 
receber o preço; o vendedor deve receber a coisa e pagar o preço. 
Quanto ao patrimônio – refere-se à alteração no patrimônio dos contratantes. 
1.3. Contratos gratuitos são aqueles que oneram apenas uma das partes, 
proporcionando à outra só vantagens, sem contraprestação, ou seja, toda a 
carga contratual fica por conta de um dos contratantes. Inserem-se nesta 
categoria a doação sem encargo, o comodato, o mútuo sem pagamento de juros, 
o depósito e o mandato gratuitos. Devemos observar que o simples reembolso 
de despesas realizado ao mandatário, pelo mandante, não retira do mandato o 
seu caráter gratuito, tal somente ocorreria caso as partes tivessem estipulado 
uma retribuição por seu desempenho. Neste caso o contrato não seria gratuito, 
mas oneroso. 
1.4 Contratos onerosos são aqueles cujos ambos contratantes têm deveres e 
obrigações, direitos e vantagens, assim, sacrifica-se o patrimônio de um em 
proveito de ambos, visto que, enquanto uma parte dispõe de um bem o 
retirando-o de seu patrimônio e tendo este reduzido, mas recebendo por essa 
disponibilidade. A outra parte reduz sua capacidade financeira ao efetuar o 
pagamento do bem, mas sobrevém com a locupletamento do seu patrimônio 
coma aquisição do bem.Assim temos a carga contratual repartida entre eles, 
embora nem sempre de modo igualitário. Podemos citar como exemplos os 
contratos de permuta compra e venda, locação, empreitada, etc. Os contratos 
onerosos são sempre bilaterais, pois trazem vantagens para ambos os 
contraentes, pois estes sofrem um sacrifício patrimonial correspondente a um 
proveito almejado, como por exemplo, na locação em que o locatário paga o 
aluguel para usar e gozar do bem e o locador entrega o que lhe pertence para 
receber o pagamento. Subdivisão dos Contratos Onerosos 
1.5. Contrato comutativo é o tipo em que uma das partes, além de receber da 
outra prestação equivalente a sua, pode apreciar imediatamente essa 
equivalência. No momento da formação, ambas as prestações geradas pelo 
contrato estão definidas, como na compra e venda. Assim, no ato do contrato as 
partes já conhecem o sacrifício e proveito que haverá entre elas, tendo o total 
conhecimento do que têm a dar e a receber. 
 
1.6 Contrato aleatório (alea = sorte), portanto, neste tipo de contrato as 
prestações de uma ou ambas as partes são incertas quando da elaboração da 
avença, porque sua quantidade ou extensão está na dependência de um fato 
futuro e imprevisível. O conhecimento do que deve conter a prestação ocorrerá 
no curso do contrato, ou quando do cumprimento da prestação podendo, 
inclusive, redundar numa perda ao invés de lucro. Destarte, o contrato aleatório 
funda-se na alea, sorte, ao menos para uma das partes. O contrato pode ser 
aleatório por sua própria natureza ou resultar de convenção das partes. Assim, 
são aleatórios por natureza os contratos de seguro (CC art. 1432 ss), jogo e 
aposta (CC. Art. 814 a 817), incluindo-se nessa natureza as loterias, rifas, lotos e 
similares, e o contrato de constituição de renda (CC art. 803 a 813).Mas temos 
também os contratos acidentalmente aleatórios, é o caso da compra da rede do 
pescador. Pode ocorrer de o arremesso da rede nada captar. Mesmo que peixe 
algum venha na rede, vale o contrato e é devido o preço, pois foi uma esperança 
que se adquiriu. Temos, pois, um contrato de compra e venda que normalmente 
é comutativo, transmutando em aleatório por convenção das partes. 
1.7 Contratos paritários são aqueles em que as partes estão em situação de 
igualdade no que pertine ao princípio da autonomia de vontade; discutem os 
termos do ato do negócio e livremente se vinculam fixando cláusulas e 
condições que regulam as relações contratuais. As cláusulas do contrato podem 
ser discutidas uma a uma para que se alcance um contrato satisfatório para 
ambas as partes. Atualmente, devido a grande explosão populacional que o 
mundo sofreu, ser-nos-ia impossível ter esta forma de contrato como 
predominante. (p.s. vide comentários supra). 
 
1.8. Contratos de adesão caracterizam-se pela inexistência da liberdade de 
convenção, porque excluem a possibilidade de debate ou discussão sobre os seus 
termos; um dos contratantes se limita a aceitar as cláusulas e condições 
previamente redigidas pelo outro, aderindo a uma situação contratual que já 
está previamente definida. Ressalte-se se tratar de um clichê contratual, 
segundo normas de rigorosas, que alguém adere, aceitando os termos como 
postos, não podendo fugir, posteriormente do respectivo cumprimento. Nos 
contratos de adesão, eventuais dúvidas oriundas das cláusulas se interpretam 
em favor de quem adere ao contrato (aderente). O Código de Defesa do 
Consumidor, em seu artigo 54, oferece o conceito e dispõe sobre a admissão de 
cláusula resolutória. São espécies deste tipo de contrato, o seguro, o contrato de 
consórcio e o de transporte. São contratos prontos, preenchidos apenas os 
claros.Antes do advento do CDC a doutrina fazia distinção entre contrato de 
adesão – como sendo aquele firmado com entes públicos, p.ex., contrato de 
energia elétrica com a CEMIG – e, contrato por adesão que eram os firmados 
por particular, com a margem de, não concordando com o bloco de cláusulas 
não fazer aquele contrato, procurando o mesmo serviço com outrem, p.ex., 
compra de automóvel. Mas com o advento do CDC, desnecessária se faz tal 
classificação, pois em ambos os casos passaram a tratar-se de contrato de 
adesão (CDC art. 57). A simples modificação de uma ou outra cláusula não 
transforma o contrato de adesão em paritário, para que isso ocorre à mudança 
contratual deve ser substancial (Lei 8078/90 art. 64 a 90; CC art. 220). 
 
Quanto à forma 2.1. Consensuais 2.2. Reais 2.3. Solenes 2.4. Não-solenes 
2.1. Contratos Consensuais são os que se consideram formados pela simples 
proposta e aceitação. A simples comunhão de vontades aperfeiçoa o contrato (é 
a regra em nosso ordenamento jurídico), seja este formal ou não, ficando assim, 
hábil para gerar os efeitos jurídicos que lhes são próprios. 
2.2. Contratos Reais são os que só se formam com a entrega efetiva da coisa, 
como no empréstimo (mútuo e comodato), no depósito ou no penhor. A entrega, 
aí, não é cumprimento do contrato, mas detalhe anterior, da própria celebração 
do contrato. Observe-se que a doutrina moderna critica o conceito de contrato 
real, mas a espécie ainda é inafastável diante do nosso direito positivo vigente. 
Os contratos reais são comumente unilaterais posto que se limitam à obrigação 
de restituir a coisa entregue. Excepcionalmente, podem ser bilaterais, como 
acontece no contrato de depósito remunerado: a importância prática está em 
que, enquanto não entregue a coisa, não há obrigação gerada. 
2.3. Contratos solenes, também chamados formais, são contratos que só se 
aperfeiçoam quando o consentimento das partes está perfeitamente adequado 
pela forma prescrita na lei, objetivando conceder segurança a algumas relações 
jurídicas. De regra, a solenidade se exige na lavratura de documentos ou 
instrumentos (contrato) público, lavrado nos serviços notariais (cartório de 
notas), como na escritura de venda e compra de imóvel que é, inclusive 
pressuposto para que o ato seja considerado válido, ou seja, exige escritura 
pública. No contrato solene, a ausência de forma torna-o nulo.Há uma exceção: 
quando a lei não determina que o contrato seja solene, mas as partes, por sua 
vontade determinam que o contrato seja formal. Não se converterá em contrato 
solene, mas neste caso o contrato só terá validade observadas as formalidades 
legais (por convenção entre as partes), já que se leva em conta a autonomia da 
vontade dos contratantes. Já um contrato de tipo solene não poderá ter a 
validade com preterição das formalidades, ainda que as partes assim o queiram. 
2.4. Contratos não solenes ou consensuais, são os que se perfazem pela simples 
anuência das partes. O ordenamento legal não exige forma especial para que 
seja celebrado, como no contrato de transporte aéreo. Vigora em nosso 
ordenamento jurídico o princípio da forma livre (art. 104, III, CC), a regra é a 
forma não-solene. 
 
Forma dos contratos 
a- Verbal, b- Por gesto ou mímica c- Particular – contrato escrito, formalizado 
entre as partes. d- Instrumento público 
 
Público – contrato escrito, formalizado em cartório. Quanto à denominação 
3.1. nominados / típicos 
3.2. inominados / atípicos 
 
3.1. Contratos nominados ou típicos. Devemos sempre preferir esta expressão, 
àquela, atendendo a que não é a circunstancia de ter uma designação própria 
(nomem iuris) que predomina, mas a tipicidade legal. Assim, contratos típicos 
são espécies contratuais que possuem denominação (nomem iuris), ou seja, têm 
nome e são regulamentados pela legislação. Segundo Maria Helena Diniz "o 
nosso Código Civil rege e esquematiza dezesseis tipos dessa espécie de contrato: 
compra e venda, troca, doação, locação, empréstimo, depósito, mandato, gestão, 
edição, representação dramática, sociedade, parceria rural, constituição de 
renda, seguro, jogo e aposta, e fiança". Já o professor André Ricardo B.F.Pinto 
cita 23 tipos de contrato, quais sejam: troca e venda; troca e permuta; contrato 
estimatório; contrato de doação; locação; empréstimo; prestação de serviços; de 
empreitada; de depósito; mandado; comissão; agencia; distribuição; 
corretagem; transporte; seguro; constituição de renda; jogo; aposta; fiança; 
transação; compromisso e sociedade. Podemos simplificar dizendo que 
contratos típicos são aqueles tipificados em lei. 
 
3.2. Contratos inominados ou atípicos. Aqui, também, empregaremos a 
expressão atípica pelos mesmos motivos supracitados (item 3.1). Assim, são 
atípicos os que resultam da consensualidade, não havendo requisitos definidos 
na lei, bastando para sua validade que as partes sejam capazes (livres), o objeto 
contrato seja lícito, possível e suscetível de apreciação econômica. Este tipo de 
contrato não tem previsão expressa, não tendo regramento especificado em lei 
e, sendo, portanto, um contrato complexo. Em verdade, o nome do contrato 
possui importância secundária. Importante mesmo é o objeto do contrato 
(pouco importando sua forma: se escrita ou verbal), pois, de posse desta 
informação (objeto do contrato) se é possível determinar com precisão o nomem 
iuris do contrato. 
Quanto ao fim 
4.1. Preliminar 4.2. Definitivo 
 
4.1. Contrato preliminar (pré-contrato – pactum de contrahendo) é um contrato 
perfeito e acabado que tem por objeto um contrato definitivo. É um 
compromisso para celebração de um contrato definitivo. Portanto, não se 
encerra em si mesmo, p.ex., promessa de compra e venda de imóvel financiado 
por Instituição Financeira, para esta o promitente continua a ser aquele que 
originalmente fez o financiamento, a Instituição não reconhece este contrato. 
Mas entre as partes que o firmaram, este tem total validade. Contrato 
preliminar não se confunde com negociação preliminar. Enquanto nesta não há 
vinculo entre as partes, ocorrem apenas negociações, podendo um ou outro 
desistir do negócio a qualquer tempo, naquela há uma efetiva proposta, e o seu 
descumprimento poderá gerar sansões para a parte inadimplente do contrato. A 
fase de proposta e aceitação chama-se puntuaçao. 
4.2. Contrato definitivo sucede o temporário, ou sem ele existe, sendo um 
contrato perfeito e acabado e tendo por objeto um fim em si mesmo, ou seja, 
encerra-se em si mesmo. Quanto ao momento da execução 
5.1. De execução instantânea 5.2. De execução diferida 5.3. De trato sucessivo ou 
execução continuada 
VENDA À VISTA 
5.1. Contrata de execução instantânea é aquele que se encerra em um só ato, 
p.ex., compra e venda com pagamento à vista, onde, o vendedor entrega a coisa 
e recebe o valor correspondente do comprador que passa a ser o seu possuidor, 
tudo em um só ato. 
VENDA A PRAZO 
5.2. Contrato de execução diferida encerra-se num só ato, mas no futuro. P.ex. 
venda a prazo, com entrega imediata da mercadoria e prazo de pagamento em 
30 dias. VENDA À PRESTAÇÃO 
5.3. Contrato de trato sucessivo ou execução continuada. Nesta modalidade de 
contrato a execução dar-se-á de forma fracionada. Venda de determinado bem, 
com entrega imediata e pagamento em 10 prestações. 
 
Quanto às pessoas 
6.1. Pessoais 
6.2. Impessoais 
6.1. Contratos pessoais (intuitu personae) levam em conta a personalidade da 
pessoa, o serviço só poderá ser executado por ela. Há contratos que por sua 
natureza são pessoais, v.g., a contratação de um ator, escultor, renomado 
médico ou advogado, etc. geralmente nesses contratos há obrigação de fazer. No 
entanto, se a obrigação é de dar, não há, como regra geral, que torná-la pessoal, 
já que qualquer pessoa poderá cumprir o que consta do objeto do contrato. Já 
nos contratos pessoais, é inadmissível a substituição da pessoa do devedor (são 
obrigações infungíveis) e a impossibilidade ou negativa do cumprimento de sua 
parte extinguirá a obrigação, substituindo-se por indenização por perdas e 
danos se houver culpa. 
 
6.2. Contratos impessoais são aqueles onde qualquer pessoa com capacidade 
para executar o objeto do contrato, poderá fazê-lo. As partes não especificam, a 
pessoa que irá cumprir o contrato é irrelevante. Assim é o caso da reforma de 
um imóvel, feita por empresa de engenharia, onde havendo problema com um 
ou mais pedreiros, basta substituí-los por outros com iguais habilidades. 
II. CONTRATOS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS 
1. Principais 
2. Acessórios 
 
1. Contrato principal é aquele que existe por si, exercendo sua função e 
finalidade, não dependendo juridicamente da existência de outro. Como 
exemplo cite-se: o contrato de compra e venda, aluguel, comodato, etc. 
 
2. Contrato acessório (ou dependentes) é aquele que só existe porque 
subordinado ou dependente de outro, ou para garantir o cumprimento de 
determinada obrigação dos contratos principais, como a caução e a fiança. 
Embora o contrato acessório seja depende do principal ele pode ser feito antes 
deste. É o caso de uma locação que não poderá, por qualquer motivo, ser 
firmado no presente momento, mas já dispondo dos fiadores o locatório firmou 
o contrato de fiança antes do contrato de locação enunciando naquele que este 
passará a ter validade a partir do dia X, quando será feito o contrato principal 
(contrato de locação). 
BIBLIOGRAFIA 
 
PEREIRA, Caio Mario da Silva. Instituições de Direito Civil. Teoria Geral das 
Obrigações. Ed. Forense. 2004 
PEREIRA, Caio Mario da Silva. Instituições de Direito Civil. Contratos. Ed. Forense. 
2004. 
RODRIGUES, Silvio. Dos Contratos e das Declarações Unilaterais de Vontade. 
Ed.Saraiva. 2004. 
DINIZ, Maria Helena. Código Civil Anotado. Ed. Saraiva. 2002. 
VENOSA, Silvio de Salvo. Dos Contratos em Espécie. Ed. Atlas. 2004.

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