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Casa Grande e Senzala

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CASA GRANDE & SENZALA
1933
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O AUTOR: GILBERTO FREYRE
Gilberto Freyre, nasceu em Recife no dia 15 de março de 1900. Cursando universidade nos Estados Unidos, apresentou a tese "A vida social no Brasil em meados do século XIX" em 1922 - influência para o famoso livro ‘Casa grande & senzala’, onze anos depois. Foi aluno do culturalista Franz Boas na Universidade de Columbia. Retornando ao Brasil em 1924, em Recife, dirigiu o jornal ‘A Província’, onde teve a colaboração de Mário de Andrade e Manuel Bandeira, e foi assessor direto do governador de Pernambuco, Estácio de Albuquerque Coimbra. 
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Contexto sócio histórico do Brasil no período do lançamento do livro
O livro surgiu no contexto histórico da década de 1930, período de mudanças profundas na ordem sócio econômica brasileira, com a finalização do esquema da monocultura agroexportadora, e a implantação gradativa da indústria no país. No plano político temos o Estado Novo e o enfraquecimento das oligarquias rurais. O Brasil aparecia com maior visibilidade internacional.
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PREFÁCIO
CASA GRANDE & SENZALA
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QUESTÃO CENTRAL DO AUTOR: o que é ser brasileiro? Qual a identidade do povo brasileiro?
Como desdobramento dessa questão podemos indagar: Que visão Freyre tinha sobre as relações entre brancos, negros e índios?
IDENTIDADE NACIONAL
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Sobre a IDENTIDADE NACIONAL, Gilberto Freyre defendeu a ideia de que as heranças genéticas ou biológicas não poderiam se constituir como elemento explicador para a nossa "identidade social", uma vez que esta seria resultado em grande medida de nossas heranças sócio culturais, ou do que ele designou por "hereditariedade de família" (p.32)
FAMÍLIA PATRIARCAL – Formada no complexo casa grande e senzala. 
CASA GRANDE & SENZALA – Uma metáfora.
A formação patriarcal do Brasil explica-se em termos econômicos e cultural que contrariava a moral sexual católica. 
CASA GRANDE & SENZALA
CASA GRANDE – SENZALA:
OPOSTOS QUE SE COMPLEMENTAM (p. 36)
Para Freyre, a miscigenação que aqui se desenvolveu contribuiu para “corrigir a distancia social entre a casa grande e a senzala”. Observa ainda que, “a índia, a negra, a mulata, a cabrocha[...] ao tornarem-se concubinas, e inclusive esposas legítimas, agiram poderosamente no sentido da democratização social no Brasil” ( p.33). As muitas relações estabelecidas entre Senhores e escravas, fundavam o que Freyre chamou de  "zonas de confraternização" que apesar de não eliminarem os conflitos, a dominação branca em suas relações inter-raciais, ao menos contribuiu para "adoçar", "amolecer", a dominação patriarcal e tornar nossas relações interculturais mais plásticas. Fazendo surgir uma dinâmica social original, muito bem descrita no cotidiano de Casa Grande e Senzala, que expressa o contínuo processo de miscigenação étnica e cultural de nossa sociedade, permitindo a formação do que Freyre chama de um "espaço social de integração”. 
A MISCIGENAÇÃO - A escassez de mulheres brancas criou ‘zonas de confraternização’ entre senhores e escravos”(p.33)
Imposição imperialista portuguesa e sua plasticidade (p.35)
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Capítulo 1
Características gerais da colonização portuguesa do Brasil: formação de uma sociedade agrária, escravocrata e híbrida
Visita a uma fazenda
Jean B. Debret (1834)
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CARACTERÍSTICAS DA COLONIZAÇÃO PORTUGUESA NO BRASIL
 De Base Agrícola – Plantio do açúcar... Café(monocultura)
Escravismo como técnica de trabalho e de exploração econômica.
 Híbrida com a mistura das raças, primeiramente brancos e índios, depois brancos e negros.
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 Miscigenação foi o grande trunfo do português na colonização e constituição da nação brasileira: adaptação biológica e social.
Colonização pela “hibridização”: construção de uma população e de uma sociedade mestiça.
Portugal é um país marítimo. Recebia sempre povos de todos os lugares do mundo. Seus portos eram rota de comércio e de migrações. 
“Povo definido entre a Europa e a África”
O contato com estrangeiros estimulava, no povo português, tendências cosmopolitas, imperialistas e comerciais. 
Na Península Ibérica as raças se misturavam havia milênios (árabes e judeus, principalmente): 
Diferente de outras nações europeias, Portugal não tinha “orgulho de raça” 
A PREDISPOSIÇÃO PORTUGUESA
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A burguesia comercial ganhava mais poder que a aristocracia territorial portuguesa e buscava no além-mar terras e riquezas nunca exploradas. 
Além da mobilidade, o português tinha a capacidade de se misturar facilmente com outras raças. 
 Características: cosmopolistismo, mobilidade (herança judaica) e plasticidade.
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O Sucesso da colonização deveu-se à aclimatabilidade e à miscibilidade do português, características que supriram a falta de capital humano.
Miscibilidade favorecida pela sexualidade exacerbada, fruto de um catolicismo “amaciado” pela influência árabe e judaica.
 
A colonização
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 Miscibilidade: “Nenhum povo colonizador, dos modernos, excedeu ou sequer igualou os portugueses na sua miscibilidade. Foi misturando-se gostosamente com mulheres de cor logo ao primeiro contato e multiplicando-se em filhos mestiços”.
Adaptação ao clima: “O português [...] não só conseguiu vencer as condições de clima e de solo desfavoráveis ao estabelecimento europeus  nos trópicos, como supriu a extrema penúria de gente branca para a tarefa colonizadora unindo-se com mulher de cor [...]”. p. 75
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“A  miscibilidade [...] foi processo pelo qual os portugueses compensaram-se da deficiência e massa ou volume humano para a colonização em larga escala sobre áreas extensivas. Para tal processo prepara-os a íntima convivência, o intercurso social e sexual com raças de cor, invasora ou vizinhas da Península, uma delas a de fé maometana em condições superiores, técnicas e de cultura intelectual e artística, a dos cristãos louros.” (p. 71)
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“A família, não o indivíduo, nem tampouco o Estado nem nenhuma companhia de comércio, é desde o século XVI o grande fator colonizador no Brasil, a unidade produtiva, o capital que desbrava o solo, instala as fazendas (...) Sobre ela o rei de Portugal quase reina sem governar”(p.81)
Os senhores das casas – grandes representaram na formação brasileira a tendência mais caracteristicamente portuguesa, isto é, pé – de – boi, no sentido da estabilidade patriarcal. Estabilidade apoiada no açúcar (engenho) e no negro (senzala).
Latifúndio: célula fundadora. COMPLEXO SOCIAL: Unidade política, econômica e social.
A Família e o Senhor 
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“[...]a família colonial reuniu, sobre a base econômica da riqueza agrícola e do trabalho escravo, uma variedade de funções sociais e econômicas inclusive, [...], a do mando político: o oligarquísmo ou nepotismo, que aqui madrugou, colocando-se ainda em meados do século XVI como o clericalismo dos padres da Companhia.” p.85
 Nação feita a partir da “espada do particular” (patriarcalismo), não pela ação oficial do Estado
A casa – grande venceu no Brasil a igreja, nos impulsos que esta a principio  manifestou para ser a dona da terra. Vencido o jesuíta, senhor de engenho ficou dominando a colônia quase sozinho. O verdadeiro dono do Brasil.
 Casa Grande como unidade da vida política e social.
A casa – grande patriarcal não foi apenas fortaleza, capela, escola, oficina, santa casa, harém, convento de moças, hospedaria. Desempenhou outra função importante na economia brasileira: foi também banco.
 Formação de uma sociedade:
Agrária na estrutura
Escravocrata na técnica de exploração econômica
Híbrida na composição 
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Formação da sociedade brasileira é um permanente processo de equilíbrio de antagonismos
Antagonismos fundadores:
Cultura europeia x indígena
Cultura europeia x africana
Cultura africana x indígena
Casa Grande x Senzala
O jesuíta e o fazendeiro
Católico x herege
O bacharel e o analfabeto
Senhor x escravo (o antagonismo fundamental)
Equilíbrio de antagonismos
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 Aspectos fundamentais para a minimização
dos contrastes
Miscigenação;
Tolerância moral;
Catolicismo “lírico” português (intimidade com os santos);
Hospitalidade a estrangeiros;
SOBRETUDO - A mediação da negra foi fundamental, como “influência amolecedora”.
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O PODER DAS NEGRAS
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Gilberto Freyre faz uma análise da sociedade brasileira numa visão sociológica, demonstrando: 
a circularidade cultural que caracteriza o Brasil, 
o equilíbrio de antagonismos, 
o intercâmbio cultural.
Preocupou-se em enfatizar o todo da vida e dos costumes existentes entre a Casa Grande e a Senzala.
Segundo Freyre, “a história social da casa-grande é a história íntima de quase todo brasileiro: da sua vida doméstica, conjugal, sob o patriarcalismo escravocrata e polígamo, da sua vida de menino, do seu cristianismo reduzido a religião de família e influenciado pelas crendices da senzala.” 
Nas casas-grandes foi onde melhor se exprimiu o caráter brasileiro, a nossa identidade social. 
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