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Aula 03 Direito Processual Civil p/ TRF 1ª Região (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Professores: Equipe Gabriel Borges, Gabriel Borges Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 120 DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ TRF 1ª REGIÃO SUMÁRIO PÁGINA 1. Capítulo IV: Juizado Especial Federal: princípios e competência. Dos órgãos judiciários e dos auxiliares da justiça. 02 2. Resumo 78 3. Lista das questões apresentadas 83 4. Questões comentadas 90 5. Gabarito 120 JUIZADO ESPECIAL DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL Enquanto a Lei no 9.099/95 (dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais) exclui de sua competência as causas de interesse da Fazenda Pública Estadual, a Lei no 12.153/2009 vem tratar delas. Obviamente, mantendo a característica dos Juizados Especiais de atuar em causas de baixo valor. Mas, nesse ponto, também há diferença entre os dois juizados, já que os cíveis são competentes para causas até 40 salários mínimos, enquanto os Juizados Especiais da Fazenda Pública Estadual para causas até 60 salários mínimos (assim como os Especiais Federais). AULA 03: JUIZADO ESPECIAL FEDERAL: PRINCÍPIOS E COMPETÊNCIA. DOS ÓRGÃOS JUDICIÁRIOS E DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA. CAPÍTULO IV: JUIZADO ESPECIAL FEDERAL: PRINCÍPIOS E COMPETÊNCIA. DOS ÓRGÃOS JUDICIÁRIOS E DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 120 Enquanto prevalece no Juizado Especial Cível o caráter de facultatividade, prevalece no Juizado Especial da Fazenda Pública Estadual, como no federal, a obrigatoriedade. Não é de competência do juizado em estudo: 1) as ações de mandado de segurança, de desapropriação e demarcação, populares, por improbidade administrativa, execuções fiscais e as demandas sobre direitos ou interesses difusos ou coletivos; 2) as causas sobre bens imóveis dos Estados, DF, territórios e municípios, bem como das autarquias e fundações públicas a eles vinculadas; 3) as causas que tenham como objeto a impugnação da pena de demissão imposta a servidores públicos civis ou sanções disciplinares aplicadas a militares. Sobre a esta Lei é igualmente importante memorizar que ela define, como partes possíveis nos Juizados Especiais da Fazenda Pública Estadual, autores: as pessoas físicas, as micro e pequenas empresas; réus: os estados, DF, territórios e municípios, bem como as autarquias, fundações públicas e empresas públicas a eles vinculadas. PARTES Art. 8º da Lei nº 9.099/95: Não poderão ser partes, no processo instituído por esta Lei, o incapaz, o preso, as pessoas jurídicas de direito público, as empresas públicas da União, a massa falida e o insolvente civil. O caput do artigo mencionado enumera aqueles que não poderão ser partes perante os juizados especiais estaduais. Essa limitação às pessoas jurídicas de figurarem como autoras, perante os juizados especiais, vai além da limitação de competência imposta pela Constituição. Importante ressaltar que a Lei nº 9.841/99 admitiu que as microempresas e as empresas de pequeno porte sejam autoras perante os juizados especiais. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 120 O §1º e seus incisos traz a legitimidade ativa. Vejamos: § 1º Somente serão admitidas a propor ação perante o Juizado Especial: (Redação dada pela Lei nº 12.126, de 2009) I - as pessoas físicas capazes, excluídos os cessionários de direito de pessoas jurídicas; (Incluído pela Lei nº 12.126, de 2009) II - as pessoas enquadradas como microempreendedores individuais, microempresas e empresas de pequeno porte na forma da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006; (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014) III - as pessoas jurídicas qualificadas como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, nos termos da Lei no 9.790, de 23 de março de 1999; (Incluído pela Lei nº 12.126, de 2009) IV - as sociedades de crédito ao microempreendedor, nos termos do art. 1o da Lei no 10.194, de 14 de fevereiro de 2001. (Incluído pela Lei nº 12.126, de 2009) Outro ponto que deve ser mencionado é a discriminação em relação ao incapaz e ao preso. A norma proíbe estes de figurarem como autores perante os juizados especiais. Normativa que assusta um pouco, visto que o fato de ser incapaz ou preso não cria mais encargo ao acesso à justiça do que àqueles impostos a qualquer pessoa. Essa limitação viola o princípio da isonomia. Neste ponto o Fórum Nacional dos Juizados Especiais Federais em seu Enunciado nº 10 considera TXH� ³o incapaz pode ser parte autora nos Juizados Especiais Federais, dando-se-lhe curador especial, se ele não tiver representante constituído�´ Imperioso mencionar também, que há inconstitucionalidade na exclusão das pessoas jurídicas como autoras. Ora, a Constituição Federal assegura a estas os mesmos direitos e garantias das pessoas físicas, desde Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 120 que compatíveis com sua natureza. Além disso, a proibição fere os princípios de igualdade das partes e de acesso à justiça. Argumenta o legislador que não poderia tornar os juizados especiais instrumentos de cobrança de crédito em benefícios de grandes empresas, pois se isso o fizesse estariam desvirtuando a finalidade de garantir o acesso à justiça àqueles alijados desse acesso. O que tranquiliza, é que a Lei n° 10.259/01 em seu art. 6º, inciso II, e a Lei nº 12.153/09 em seu art. 5º, inciso II, eliminaram este tratamento não isonômico aplicado às pessoas jurídicas. Essa legitimidade ativa, também foi ampliada pela Lei nº 12.126/2009. Com a referida norma, passaram ater legitimidade ativa as pessoas jurídicas classificadas como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público e as sociedades de crédito ao microempreendedor. E o réu? O réu poderá ser pessoa jurídica. Aliás, isso é o que mais ocorre, principalmente no contencioso de massa que envolve o direito do consumidor. Outro ponto que vamos mencionar aqui é a dispensa de patrocínio obrigatório nas causas de valor não superior a 20 (vinte) salários mínimos. Art. 9º Nas causas de valor até vinte salários mínimos, as partes comparecerão pessoalmente, podendo ser assistidas por advogado; nas de valor superior, a assistência é obrigatória. Atenção! Portanto, nas causas de valor até vinte salários mínimos, as partes comparecerão pessoalmente, podendo ser assistidas por advogado; nas de valor superior, a assistência é obrigatória. Percebam, desse modo, que a parte pode integrar o processo e nele atuar, independentemente de advogado, nas causas até 20 salários mínimos. Guardem essa informação para a sua prova. Trata-se de exceção à obrigatoriedade de se constituir advogado em eventos de administração da justiça. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 120 É facultativa a assistência! Se uma das partes comparecer assistida por advogado, ou se o réu for pessoa jurídica ou firma individual,terá a outra parte, se quiser, assistência judiciária prestada por órgão instituído junto ao Juizado Especial, na forma da lei local. O Juiz alertará as partes da conveniência do patrocínio por advogado, quando a causa o recomendar. Observem que a assistência ser facultativa e o dever somente de alertar não garantiria efetivamente a paridade de armas, e isso pode ser considerado um tipo de afronta ao princípio do contraditório e da ampla defesa. Uma questão interessante a ser debatida, sobre a qual não há consenso. Vamos seguir em frente e falar um pouco da presença das partes na audiência. A presença das partes na audiência é de caráter obrigatório, sob pena de revelia para o réu ou extinção do processo para o autor. Todavia, atenção à faculdade dada pela Lei, às pessoas jurídicas ou à firma individual, para a constituição de preposto. Art. 9º, § 4º da Lei 9.009/95: O réu, sendo pessoa jurídica ou titular de firma individual, poderá ser representado por preposto credenciado, munido de carta de preposição com poderes para transigir, sem haver necessidade de vínculo empregatício. (Redação dada pela Lei nº 12.137, de 2009) Mais uma crítica merece ser feita acerca deste artigo. A impossibilidade de o autor constituir preposto é outra violação ao acesso à justiça. Não só fere as pessoas enfermas, idosas ou com dificuldades especiais, mas para qualquer demandante eventual, como é o caso do autor, que tem que abandonar suas tarefas diárias para comparecer em juízo. Vale lembra que o réu que não seja pessoa jurídica e ou firma individual também está sujeito a esse tratamento não isonômico, a dizer discriminatório da norma. Outro mandamento legal que exorbita o bom senso é a proibição de intervenção de terceiros ou assistência perante os juizados especiais. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 120 Art. 10. Não se admitirá, no processo, qualquer forma de intervenção de terceiro nem de assistência. Admitir-se-á o litisconsórcio. Ademais, vale ressaltar que não se admitirá, no processo, qualquer forma de intervenção de terceiro nem de assistência. Admite-se, entretanto, o litisconsórcio. (MPE AL/Adaptada) No que concerne aos aspectos processuais dos Juizados Especiais Cíveis previstos na Lei no 9.099/95, é correto afirmar que a) os incapazes podem ser partes no processo se estiverem representados pelos pais ou tutores. b) admitir-se-á nomeação à autoria, chamamento ao processo e assistência. c) tratando-se de pedidos cumulativos, a soma poderá ultrapassar o limite de quarenta salários mínimos. d) não se fará citação por edital, ainda que o réu se encontre em local incerto e não sabido. COMENTÁRIOS: Está correta, por previsão do art. 18 da Lei n° 9.099/95, a letra D. Art. 18. A citação far-se-á: I - por correspondência, com aviso de recebimento em mão própria; II - tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual, mediante entrega ao encarregado da recepção, que será obrigatoriamente identificado; III - sendo necessário, por oficial de justiça, independentemente de mandado ou carta precatória. § 1º A citação conterá cópia do pedido inicial, dia e hora para comparecimento do citando e advertência de que, não comparecendo este, considerar-se-ão verdadeiras as alegações iniciais, e será proferido julgamento, de plano. § 2º Não se fará citação por edital. § 3º O comparecimento espontâneo suprirá a falta ou nulidade da citação. Art. 19. As intimações serão feitas na forma prevista para citação, ou por qualquer outro meio idôneo de comunicação. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 120 § 1º Dos atos praticados na audiência, considerar-se-ão desde logo cientes as partes. § 2º As partes comunicarão ao juízo as mudanças de endereço ocorridas no curso do processo, reputando-se eficazes as intimações enviadas ao local anteriormente indicado, na ausência da comunicação. Gabarito: D DO JUIZ E DOS AUXILIARES O juizado especial é dirigido por juiz togado, que será auxiliado por conciliadores e Juízes leigos, recrutados, os primeiros (conciliadores), preferentemente, entre os bacharéis em Direito, e os segundos (Juízes leigos), entre advogados com mais de cinco anos de experiência. Os conciliadores têm sua atividade limitada ao esforço da conciliação que se inicia na abertura da primeira audiência. O juiz leigo, por sua vez, é um auxiliar que pode atuar como arbitro nos casos de arbitragem. Também poderá colher as provas orais em audiência. Neste caso, ele elaborará a sentença para homologação do juiz togado. Art. 40. O Juiz leigo que tiver dirigido a instrução proferirá sua decisão e imediatamente a submeterá ao Juiz togado, que poderá homologá-la, proferir outra em substituição ou, antes de se manifestar, determinar a realização de atos probatórios indispensáveis. A figura o juiz leigo está consagrada na Lei nº 9.099/95 e está relacionada à ideia de um magistrado temporário, não profissional. O que isto quer dizer? Quer dizer que ele não é investido em cargo da carreira de magistratura por concurso público. POSTULAÇÃO INICIAL E A CONCILIAÇÃO O processo instaurar-se-á com a apresentação do pedido, escrito ou oral, à Secretaria do Juizado. Ou seja, a petição inicial pode ser admitida tanto Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 120 escrita como oralmente. Nos casos de pedido oral, este será reduzido a escrito pela Secretaria do Juizado, podendo ser utilizado o sistema de fichas ou formulários impressos. Vale destacar que a norma permite a formulação do pedido genérico quando não for possível determinar, desde logo, a extensão da obrigação. Do pedido constarão, de forma simples e em linguagem acessível: I - o nome, a qualificação e o endereço das partes; II - os fatos e os fundamentos, de forma sucinta; III - o objeto e seu valor. A citação, regra geral, é realizada por correspondência, com aviso de recebimento em mão própria. Tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual, a citação será considerada realizada mediante a entrega de correspondência na empresa, devendo a pessoa que recebeu ser obrigatoriamente identificado. Sendo necessário, a citação será realizada por oficial de justiça, independentemente de mandado ou carta precatória. Fundamental lembrar que aqui não é admitida a citação por edital. A citação conterá cópia do pedido inicial, dia e hora para comparecimento do citando e advertência de que, não comparecendo este, serão consideradas verdadeiras as alegações iniciais, e proferido julgamento, de plano. Como nos demais casos (inclusive do procedimento comum), o comparecimento espontâneo do réu suprirá a falta ou nulidade da citação. No caso das intimações, não há segredos. Elas serão feitas na forma prevista para a citação, ou por qualquer outro meio idôneo de comunicação. Dos atos praticados na audiência, serão, desde logo, consideradas cientes as partes. Incumbe a elas (às partes) o dever de comunicar ao juízo as mudanças de endereço ocorridas no curso do processo, reputando-se Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página10 de 120 eficazes as intimações enviadas ao local anteriormente indicado, na ausência da comunicação. Nos juizados especiais, a noção de revelia é diferente daquela vinculada à ausência de contestação, dependendo do não comparecimento do réu à audiência de conciliação ou da não representação do preposto com poderes para transigir. Nos juizados, não comparecendo o demandado à sessão de conciliação ou à audiência de instrução e julgamento, reputar-se-ão verdadeiros os fatos alegados no pedido inicial (efeitos da revelia), salvo se o contrário resultar da convicção do Juiz. Iniciada a audiência, serão esclarecidas às partes presentes as vantagens da conciliação. A conciliação é realizada por conciliadores, que, em muitos casos, não têm formação específica, o que prejudica o processo. O conciliador deve ter habilidades de influenciar suficientes a trazer uma solução à causa de forma amigável de modo que as partes sintam confiança e não constrangimento. Caso não seja obtida a conciliação, a norma prevê a possibilidade de as partes optarem por um juízo arbitral. Art. 24. Não obtida a conciliação, as partes poderão optar, de comum acordo, pelo juízo arbitral, na forma prevista nesta Lei. § 1º O juízo arbitral considerar-se-á instaurado, independentemente de termo de compromisso, com a escolha do árbitro pelas partes. Se este não estiver presente, o Juiz convocá-lo-á e designará, de imediato, a data para a audiência de instrução. § 2º O árbitro será escolhido dentre os juízes leigos. DA RESPOSTA E DA INSTRUÇÃO Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 120 Caso não seja obtida a conciliação na própria audiência, será oferecida ao réu a oportunidade para apresentar contestação, seguindo a produção de provas e a prolação da sentença, em que ocasião da prolação imediata da audiência de instrução e julgamento não resulte prejuízo para a defesa. No entanto, não é isso que ocorre no dia a dia dos juizados. Os juízes não costumam realizar uma única audiência, de modo que não obtida a conciliação, é designado o dia e hora para o recebimento da contestação, produção de prova e prolação da sentença. Essa pratica gera um desequilíbrio entre as partes, já que o autor comparecerá, na segunda audiência, sem ter o conhecimento das razões de defesa do réu que já terá conhecimento das alegações do autor na inicial. É somente na segunda audiência que o réu apresentará a contestação, que poderá ser escrita ou oral. Não sendo possível a sua realização imediata, será a audiência designada para um dos quinze dias subsequentes, cientes, desde logo, as partes e testemunhas eventualmente presentes. SENTENÇA Em relação à sentença nos juizados especiais, ela segue um procedimento bem mais simples que em um processo de trâmite normal, já que se dispensa o relatório. Nela será necessário somente um resumo dos fatos acorridos em audiência. Nos juizados especiais, a cognição do juiz possui um caráter superficial. Aqui os depoimentos orais não são reduzidos a termo, relatando-se na sentença somente os fatos principais. O reexame realizado pela turma recursal restringe-se a reanálise dos pronunciamentos do próprio juiz de primeiro grau, não se analisando os depoimentos. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 120 O juiz togado homologará a sentença proferida pelo juiz leigo, podendo, ainda, proferir outra ou determinar a realização de atos probatórios indispensáveis. Art. 40. O Juiz leigo que tiver dirigido a instrução proferirá sua decisão e imediatamente a submeterá ao Juiz togado, que poderá homologá-la, proferir outra em substituição ou, antes de se manifestar, determinar a realização de atos probatórios indispensáveis. O julgamento em segunda instância (turma recursal) constará apenas da ata, com a indicação suficiente do processo, fundamentação sucinta e parte dispositiva. Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a súmula do julgamento servirá de acórdão. Não se admitirá sentença condenatória por quantia ilíquida, ainda que genérico o pedido. Assim, a sentença deve ser líquida. Ressalte-se que em casos de condenações pecuniárias o valor fica restrito a 40 (quarenta) salários mínimos. JULGAMENTO POR EQUIDADE Art. 6º O Juiz adotará em cada caso a decisão que reputar mais justa e equânime, atendendo aos fins sociais da lei e às exigências do bem comum. O artigo citado permite que o juiz decida por equidade. Por causa deste dispositivo, há vários doutrinadores que sustentam terem os juizados especiais maior liberdade nos julgamentos por equidade. No entanto, há aqueles que digam o contrário. Alegam ser a jurisdição por equidade compatível com o estado democrático de direito, desde que decorram das seguintes situações, que nos juizados especiais brasileiros não se observa: a livre adesão das partes, como nos casos da arbitragem por Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 120 equidade; ou a justiça da comunidade, exercida contra seus próprios pares, por juízes leigos com investidura democrática. RECURSOS Nos juizados especiais, somente cabe recurso contra sentença, que será impugnada como assevera o artigo 41 da Lei nº 9.099/95: Da sentença, excetuada a homologatória de conciliação ou laudo arbitral, caberá recurso para o próprio Juizado. Assim, nos juizados especiais não há que se falar em recursos contra decisão interlocutória. No entanto, em casos de decisão interlocutória que possa causar à parte dano de difícil reparação, como a antecipação de tutela, tem-se admitido mandado de segurança como sucedâneo recursal. A impetração do mandado de segurança contra este tipo de decisões respalda-se nos mandamentos constitucionais e em leis ordinárias, como a Lei nº 12.016/2009. O recurso contra sentença não possui efeito suspensivo, salvo se o juiz de primeiro grau o receber com este efeito. Aqui, importante destacar que, neste ponto, difere-se da apelação, recurso a ser interposto da sentença do procedimento comum (conforme previsão do CPC/2015), pois a apelação tem como regra o efeito suspensivo (art. 1.012, caput). Art. 43. O recurso terá somente efeito devolutivo, podendo o Juiz dar- lhe efeito suspensivo, para evitar dano irreparável para a parte. Às turmas recursais (colegiados compostos por juízes de 1º grau) caberá o julgamento dos recursos inominados. A decisão da turma não será transformada em um acordão ou um documento que contenha minuciosamente todos os fatos apreciados. O art. 46 dispõe que o julgamento em segunda instância constará apenas da ata, com a indicação suficiente do processo, fundamentação sucinta Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 120 e parte dispositiva. Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a súmula do julgamento servirá de acórdão. Conclui-se da leitura do referido artigo que há uma limitação às fundamentações das decisões das turmas recursais. Dúvida: E contra as decisões das turmas recursais, caberá algum recurso? Boa pergunta! De acordocom o CPC, contra as decisões das turmas recursais não caberá qualquer recurso, salvo os embargos de declaração e o recurso extraordinário para o Supremo Tribunal Federal. DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS FEDERAIS Vamos mencionar as principais disposições em relação aos Juizados especiais federais, regulados pela Lei nº 10.259/2001, aplicando subsidiariamente a Lei nº 9.099/95. De acordo com Lei nº 10.259/01, podem figurar como réus, a União, autarquias, fundações e empresas públicas federais e como autores as pessoas físicas e as microempresas e empresas de pequeno porte. Em relação ao procedimento que tramita perante os juizados federais, ele é idêntico ao que se tramita perante os juizados especiais cíveis estaduais, salvo o valor pecuniário estabelecido, que para os casos dos juizados federais pode atingir até 60 (sessenta) salários mínimos. Art. 3º Compete ao Juizado Especial Federal Cível processar, conciliar e julgar causas de competência da Justiça Federal até o valor de sessenta salários mínimos, bem como executar as suas sentenças. Cumpre ressaltar que os juizados federais, nas causas contra a Fazenda Pública, executam de forma específica as condenações de caráter pecuniário. Regra geral, o pagamento da condenação contra a Fazenda Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 120 Pública é realizado por meio de precatórios. No entanto, a regra do art. 100 da Constituição determina que não se submetem ao pagamento de precatórios as condenações, definidas em lei, de pequeno valor, devidas em virtude de sentença transitada em julgado. E o que seriam as condenações de pequeno valor? Pois bem, a Lei nº 10.259/01 determinou em seu art. 17, § 1º o que são consideradas condenações de pequeno valor. Vejamos: Tratando-se de obrigação de pagar quantia certa, após o trânsito em julgado da decisão, o pagamento será efetuado no prazo de sessenta dias, contados da entrega da requisição, por ordem do Juiz, à autoridade citada para a causa, na agência mais próxima da Caixa Econômica Federal ou do Banco do Brasil, independentemente de precatório. § 1º Para os efeitos do § 3º do art. 100 da Constituição Federal, as obrigações ali definidas como de pequeno valor, a serem pagas independentemente de precatório, terão como limite o mesmo valor estabelecido nesta Lei para a competência do Juizado Especial Federal Cível (art. 3º, caput). Se o valor da execução ultrapassar a margem de pequeno valor, o pagamento será feito, sempre, por meio do precatório, sendo facultado à parte exequente a renúncia ao crédito do valor excedente, para que possa optar pelo pagamento do saldo sem o precatório, da forma prevista no § 1º do art. 17 que acabamos de citar. No que tange aos recursos, determina a norma que são irrecorríveis as sentenças terminativas. Este regramento é muito criticado pelos doutrinadores, visto que, muitas vezes, o processo poderá ter um lapso temporal maior que um ano para que se chegue a uma sentença terminativa ou de mérito. Ademais, há casos em que os juízes classificam como carência de ação ou falta de pressuposto processual questões de mérito, prolatando de maneira indevida a sentença terminativa. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 120 Outra idiossincrasia (peculiaridade) dos juizados especiais federais, é a previsão de uniformização de jurisprudência, quanto à interpretação de lei federal quando houver divergência entre decisões sobre questões de direito material proferidas por Turmas Recursais na interpretação da lei. O pedido fundado em divergência entre decisões de turmas de diferentes regiões ou da proferida em contrariedade a súmula ou jurisprudência dominante do STJ será julgado por Turma de Uniformização, integrada por juízes de Turmas Recursais, sob a presidência do Coordenador da Justiça Federal. Quando a orientação acolhida pela Turma de Uniformização, em questões de direito material, contrariar súmula ou jurisprudência dominante no Superior Tribunal de Justiça-STJ, a parte interessada poderá provocar a manifestação deste, que dirimirá a divergência. Neste caso, presente a plausibilidade do direito invocado e havendo fundado receio de dano de difícil reparação, poderá o relator conceder, de ofício ou a requerimento do interessado, medida liminar determinando a suspensão dos processos nos quais a controvérsia esteja estabelecida. Pedidos de uniformização idênticos, recebidos subsequentemente em quaisquer Turmas Recursais, ficarão retidos nos autos, aguardando-se pronunciamento do Superior Tribunal de Justiça. Se necessário, o relator pedirá informações ao Presidente da Turma Recursal ou Coordenador da Turma de Uniformização e ouvirá o Ministério Público, no prazo de cinco dias. Eventuais interessados, ainda que não sejam partes no processo, poderão se manifestar, no prazo de trinta dias. Decorridos os prazos do MP (5 dias) e de eventuais interessados (30 dias), o relator incluirá o pedido em pauta na Seção, com preferência sobre todos os demais feitos, ressalvados os processos com réus presos, os habeas corpus e os mandados de segurança. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 120 Publicado o acórdão respectivo, os pedidos retidos de uniformização idênticos serão apreciados pelas Turmas Recursais, que poderão exercer juízo de retratação ou declará-los prejudicados, se veicularem tese não acolhida pelo Superior Tribunal de Justiça. Os Tribunais Regionais, o Superior Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal Federal, no âmbito de suas competências, expedirão normas regulamentando a composição dos órgãos e os procedimentos a serem adotados para o processamento e o julgamento do pedido de uniformização e do recurso extraordinário. Por fim, vale ressaltar que os juizados federais, hoje em dia, trabalham por meio eletrônico ou virtual, ou seja, todos os atos e documentação do processo são feitos via Internet. OS JUIZADOS DA FAZENDA PÚBLICA A Lei nº 12.153/2009 dispôs sobre a criação de juizados especiais para o julgamento de pessoas jurídicas de direito público estaduais, distritais e municipais, no âmbito da Justiça dos Estados, do Distrito Federal e Territórios. Essa criação sanou a lacuna de dificuldade, até então existente, de acesso à justiça dos cidadãos que tivessem causas de menor complexidade em face desses entes públicos. Essa nova modalidade de juizados guarda simetria com as medidas adotadas na Lei n° 10.259/01. A competência do valor da causa também se restringe ao valor de sessenta salários mínimos, excetuando vários tipos de causa, como mandado de segurança e desapropriação. A competência dos juizados tem caráter absoluto. Vejamos o que determinou o § 4º do art. 2º da Lei. É de competência dos Juizados Especiais da Fazenda Pública processar, conciliar e julgar causas cíveis de interesse dos Estados, do Distrito Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 120 Federal, dos Territórios e dos Municípios, até o valor de 60 (sessenta) salários mínimos. § 4º No foro onde estiver instalado Juizado Especialda Fazenda Pública, a sua competência é absoluta. Em relação ao cumprimento de sentença, este também segue os parâmetros dos juizados federais. Acertado aos débitos de pequeno valor dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, não sujeitos ao regime de precatórios, e normatizados por leis locais, e enquanto isto não sobrevier, são fixados ao valor de 40 (quarenta) salários mínimos. Cabe ao conciliador, sob a supervisão do juiz, conduzir a audiência de conciliação. Poderá o conciliador, para fins de encaminhamento da composição amigável, ouvir as partes e testemunhas sobre os contornos fáticos da controvérsia. Não obtida a conciliação, caberá ao juiz presidir a instrução do processo, podendo dispensar novos depoimentos, se entender suficientes para o julgamento da causa os esclarecimentos já constantes dos autos, e não houver impugnação das partes. As Turmas Recursais do Sistema dos Juizados Especiais são compostas por juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, na forma da legislação dos Estados e do Distrito Federal, com mandato de 2 (dois) anos, e integradas, preferencialmente, por juízes do Sistema dos Juizados Especiais. A designação dos juízes das Turmas Recursais obedecerá aos critérios de antiguidade e merecimento. Não é permitida a recondução, salvo quando não houver outro juiz na sede da Turma Recursal. Caberá pedido de uniformização de interpretação de lei quando houver divergência entre decisões proferidas por Turmas Recursais sobre questões de direito material. O pedido fundado em divergência entre Turmas do mesmo Estado será julgado em reunião conjunta (a reunião de juízes domiciliados em Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 120 cidades diversas poderá ser feita por meio eletrônico) das Turmas em conflito, sob a presidência de desembargador indicado pelo Tribunal de Justiça. Quando as Turmas de diferentes Estados derem a lei federal interpretações divergentes, ou quando a decisão proferida estiver em contrariedade com súmula do Superior Tribunal de Justiça, o pedido será por este julgado. Eventuais pedidos de uniformização fundados em questões idênticas e recebidos subsequentemente em quaisquer das Turmas Recursais ficarão retidos nos autos, aguardando pronunciamento do Superior Tribunal de Justiça. Quando a decisão proferida estiver em contrariedade com súmula do Superior Tribunal de Justiça, presente a plausibilidade do direito invocado e havendo fundado receio de dano de difícil reparação, poderá o relator conceder, de ofício ou a requerimento do interessado, medida liminar determinando a suspensão dos processos nos quais a controvérsia esteja estabelecida. Se necessário, o relator pedirá informações ao Presidente da Turma Recursal ou Presidente da Turma de Uniformização e, nos casos previstos em lei, ouvirá o Ministério Público, no prazo de 5 (cinco) dias. Os Tribunais de Justiça, o Superior Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal Federal, no âmbito de suas competências, expedirão normas regulamentando os procedimentos a serem adotados para o processamento e o julgamento do pedido de uniformização e do recurso extraordinário. DOS ÓRGÃOS JUDICIÁRIOS E DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA. Primeiro, devemos saber que onde houver órgão jurisdicional haverá jurisdição, sendo ela limitada pela competência Opa! Percebam que a competência é que determina o escopo de atuação do magistrado. Desse Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 120 modo, todos os juízes estão investidos de jurisdição, mas não quer isso dizer que todos poderão julgar todo tipo de litígio em qualquer lugar. O que define o litígio e o lugar em que cada um deles irá atuar é a competência. Para saber se o juiz é detentor de determinada competência, deve-se analisar a Constituição, as leis processuais e leis de ordem judiciária. A Carta Magna determina a estrutura do Poder Judiciário e, de modo geral, distribui as competências ± matéria regulada por legislação ordinária. No sistema brasileiro, os órgãos judicantes são divididos em singulares e coletivos. Nos dois casos, quem exerce o poder jurisdicional, atuando em nome do Estado, são os juízes. Há uma personificação da figura do Estado. a) No Supremo Tribunal Federal e no Superior Tribunal de Justiça, esses juízes recebem o nome de Ministros; b) Nos Tribunais de Justiça, de Desembargadores; c) Nos Tribunais Regionais Federais, de juízes mesmo, sendo que o regimento interno de vários tribunais regionais federais fala em desembargadores. Uso que tem sido fortalecido pela prática. ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA O sistema constitucional brasileiro divide os órgãos jurisdicionais em: órgão federal, com jurisdição nacional, e órgãos estaduais, com jurisdição em cada Estado. Em matéria constitucional, são chefiados pelo Supremo Tribunal Federal e em se tratando de matéria comum, são liderados pelo Superior Tribunal de Justiça. Tanto o STF como o STJ exercem jurisdição em todo o território nacional e têm sede na Capital Federal. Além da justiça civil, o aparelho federal compreende os órgãos da justiça especial, como justiça militar, eleitoral e trabalhista. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 120 São órgãos do Poder Judiciário: 1 ± Supremo Tribunal Federal 2 ± Conselho Nacional de Justiça (órgão administrativo e disciplinar). Importante ressaltar que a Emenda Constitucional nº 45/2004 instituiu o Conselho Nacional de Justiça ± que não é órgão jurisdicional, mas sim, órgão de caráter administrativo e disciplinar. 3 ± Superior Tribunal de Justiça 4 ± Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais 5 ± Tribunais e Juízes do Trabalho 6 ± Tribunais e Juízes Eleitorais 7 ± Tribunais e Juízes Militares 8 ± Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios. - O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na Capital Federal. - O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm jurisdição em todo o território nacional. Os Órgãos judiciários são representados em uma cadeia hierárquica que tem como ápice o STF. Seguindo o STF na escala hierárquica, encontra-se o STJ e na base estão os juízes estaduais e federais de 1º grau de jurisdição. Assim, a matéria de jurisdição civil é administrada pelos órgãos federais ± Tribunais Regionais Federais e juízes federais ± e pelos órgãos estaduais ± Tribunais e juízes estaduais. Em cada aparelho, federal e estadual, os juízes são situados em dois planos: 1º grau de jurisdição e 2º grau de jurisdição. a) 1º grau de jurisdição: Juízes de direito e federais. b) 2º grau de jurisdição: TRF e Tribunais de Justiça Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 120 Primeiro grau de jurisdição Órgãos judiciários civis: singulares ou monocráticos; apenas um juiz. Graus superiores ² instâncias recursais Juízes: coletivos ou colegiados; tribunais com vários juízes. TRIBUNAIS Os Tribunais são órgãos de competência recursal que se colocam acima dos juízes. Entre eles existe uma hierarquia orgânicae funcional, pois os Tribunais exercem o poder de reexame e disciplina. Já entre os órgãos federais e estaduais e o STF e STJ existe somente hierarquia funcional, pois só é exercido o poder de reexame. Além disso, são dotados de autonomia administrativa e funcional, podendo elaborar suas propostas orçamentárias. Aos Tribunais compete privativamente: a) Eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com observância das normas de processo e das garantias processuais das partes, dispondo sobre a competência e o funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos; b) Organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos juízos que lhes forem vinculados, velando pelo exercício da atividade correicional respectiva; c) Prover os cargos de juiz de carreira da respectiva jurisdição; d) Propor a criação de novas varas judiciárias; e) Prover, por concurso público de provas, ou de provas e títulos, os cargos necessários à administração da Justiça, exceto os de confiança assim definidos em lei; Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 120 f) Conceder licença, férias e outros afastamentos a seus membros e aos juízes e servidores que lhes forem imediatamente vinculados. Ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder Legislativo respectivo compete: a) Alteração do número de membros dos tribunais inferiores; b) Criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus serviços auxiliares e dos juízos que lhes forem vinculados, bem como a fixação do subsídio de seus membros e dos juízes, inclusive dos tribunais inferiores, onde houver; c) Criação ou extinção dos tribunais inferiores; d) Alteração da organização e da divisão judiciárias; Aos Tribunais de Justiça compete julgar os juízes estaduais e do Distrito Federal e Territórios, bem como os membros do Ministério Público, nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral. DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO Consiste no reexame da decisão da causa, ou seja, é a possibilidade de revisão da solução da causa. É imprescindível a diferença hierárquica entre os órgãos jurisdicionais que, respectivamente, profere a primeira decisão e que reexamina para que ocorra o duplo grau de jurisdição. Vejamos as vantagens e desvantagens em relação ao princípio do duplo grau de jurisdição. A ± Vantagens: a) O ser humano, não satisfeito com a decisão, poderá ter uma segunda opinião acerca do caso. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 120 b) O magistrado está sujeito ao erro, assim é necessário manter um mecanismo de revisão das decisões. c) Evita a arbitrariedade do magistrado. d) Decisão proferida por órgão colegiado pressupõe melhor qualidade na prestação da jurisdição, pois os magistrados são mais experientes. B ± Desvantagens a) Prejudica a ideia de jurisdição una, uma vez que se pode obter uma decisão contrária à primeira proferida. b) Afasta o princípio da oralidade, pois o duplo grau de jurisdição, em regra, é interposto por meio da apelação, que exige a forma escrita. c) Prejudica a identidade física do magistrado, uma vez que o juiz que produziu a prova oral não será mais quem irá prolatar a sentença. d) Prejudica a celeridade processual, já que, havendo recurso, a prestação jurisdicional se torna, por óbvio, mais lenta. JURISDIÇÃO EXTRAORDINÁRIA Regra geral, a jurisdição é exercida em dois graus: o originário e o recursal. Há uma subordinação de toda justiça nacional ao STF e ao STJ e, por isso, existe a possibilidade de interposição de recurso contra decisões dos Tribunais de Justiça de 2º grau a uma dessas duas Cortes. Contudo, o STF e o STJ apenas julgam questões de direito federal e não questões de direito de fato ou local. Assim, a parte recorrente, para obter a prestação jurisdicional de uma das Cortes, deverá enquadrar sua pretensão em algum dos casos extraordinários elencados na Constituição Federal. Os apelos endereçados ao STF e ao STJ são, respectivamente, denominados recursos extraordinários e especiais. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 120 São estes permissivos constitucionais extraordinários (arts. 102, inciso III e 105, inciso III da CF): A ± Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida: a) Contrariar dispositivo da Constituição; b) Declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; c) Julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face da Constituição. d) Julgar válida lei local contestada em face de lei federal. e) Sendo que a arguição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente da Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. No recurso extraordinário, o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros. B ± Compete ao Superior Tribunal de Justiça julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida: a) Contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 120 b) Julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal; c) Der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal. Há disposição constitucional para que junto ao Superior Tribunal de Justiça funcione: a) A Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira; b) O Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa e orçamentária da Justiça Federal de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema e com poderes correicionais, cujas decisões terão caráter vinculante. Outra peculiaridade que merece nossa atenção é a função conferida ao STF de expedir súmulas de sua jurisprudência constitucional com efeitos vinculantes para toda a estrutura judiciária nacional. A vinculação às súmulas tem caráter geral e não apenas recursal, ou seja, a sujeição a súmulas não ocorre apenas no âmbito dos recursos extraordinários. Assim, Tribunais e juízes ao proferirem suas decisões e sentençasficam vinculados à aplicação dos enunciados das súmulas vinculantes. REQUISITOS DE ATUAÇÃO DO JUIZ Para que os atos do juiz sejam legitimados, devem ser observados determinados requisitos. São eles: a) Ser investido de jurisdição (jurisdicionalidade); b) Ter competência atribuída por lei (competência); Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 120 c) Ser imparcial (imparcialidade); d) Estar desvinculado dos poderes Legislativo ou Executivo e não se subordinar juridicamente aos tribunais (independência); e) Ter obediência à ordem processual (processualidade). É importante ressaltar os poderes, deveres e responsabilidades elencados no CPC/2015 para o magistrado. DOS PODERES, DOS DEVERES E DA RESPONSABILIDADE DO JUIZ. Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: I - assegurar às partes igualdade de tratamento; II - velar pela duração razoável do processo; III - prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da justiça e indeferir postulações meramente protelatórias; IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária; V - promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com auxílio de conciliadores e mediadores judiciais; VI - dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando- os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito; VII - exercer o poder de polícia, requisitando, quando necessário, força policial, além da segurança interna dos fóruns e tribunais; VIII - determinar, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal das partes, para inquiri-las sobre os fatos da causa, hipótese em que não incidirá a pena de confesso; IX - determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de outros vícios processuais; X - quando se deparar com diversas demandas individuais repetitivas, oficiar o Ministério Público, a Defensoria Pública e, na medida do possível, outros legitimados a que se referem o art. 5o da Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985, e o art. 82 da Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, para, se for o caso, promover a propositura da ação coletiva respectiva. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 120 Parágrafo único. A dilação de prazos prevista no inciso VI somente pode ser determinada antes de encerrado o prazo regular. Art. 140. O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico. Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei. Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da parte. Art. 142. Convencendo-se, pelas circunstâncias, de que autor e réu se serviram do processo para praticar ato simulado ou conseguir fim vedado por lei, o juiz proferirá decisão que impeça os objetivos das partes, aplicando, de ofício, as penalidades da litigância de má-fé. Art. 143. O juiz responderá, civil e regressivamente, por perdas e danos quando: I - no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude; II - recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar de ofício ou a requerimento da parte. Parágrafo único. As hipóteses previstas no inciso II somente serão verificadas depois que a parte requerer ao juiz que determine a providência e o requerimento não for apreciado no prazo de 10 (dez) dias. E ainda... Art. 370. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas necessárias ao julgamento do mérito. Parágrafo único. O juiz indeferirá, em decisão fundamentada, as diligências inúteis ou meramente protelatórias. Art. 371. O juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu convencimento. Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, observado o contraditório. (TJ RJ ² Adaptada) O juiz, no processo civil, Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 120 a) aprecia a prova de acordo com uma determinada hierarquia legal, sendo a confissão a mais importante, e a prova testemunhal a menos importante. b) decidirá o processo nos limites do pedido formulado, sendo-lhe proibido conhecer de questões não suscitadas, a cujo respeito a lei exige a iniciativa da parte. c) não pode determinar ele próprio as provas que entender necessárias, pois depende sempre do pedido expresso da parte nesse sentido. d) se tiver sua sentença reformada, poderá responder por perdas e danos, independente de dolo ou fraude. e) não é obrigado a julgar o processo se não existirem normas legais para o caso concreto que está sendo examinado. COMENTÁRIOS: Destacamos na leitura dos artigos da página anterior as respostas às letras desta questão. 9DOH� FRPHQWDU� D� OHWUD� ³D´� GHVWD� TXHVWmR�� SHUFHEDP� TXH� HOD� p� V~WLO� DR� FRQVLGHUDU� D� H[LVWrQFLD� GH� hierarquia entre as provas, enquanto o CPC assegura ao juiz a possibilidade de valorar as provas e formar seu convencimento, devendo motivar adequadamente sua decisão. 3RUWDQWR��D�OHWUD�³D´�QmR�GHYH�VHU�PDUFDGD��$�RSomR�FRUUHWD�p�D�GD�OHWUD�³E´� 6REUH� D� OHWUD� ³G´� YDOH� UHVVDOWDU� TXH� a reforma da sentença não implica qualquer tipo de responsabilização por perdas e danos do juiz. As hipóteses em que ele responde por perdas e danos estão previstas no artigo 143. Gabarito: B (TJ RJ) O juiz responderá por perdas e danos quando a) recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar de ofício, ou a requerimento da parte. b) sua sentença for alterada pelos tribunais. c) exceder o prazo de noventa dias para término de qualquer processo. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 120 d) determinar provas que os tribunais entendam desnecessárias. e) retardar, em qualquer situação, providência inerente ao exercício de suas funções. COMENTÁRIOS: Vamos citar novamente o artigo 143, o qual tem resposta à questão. Art. 143. O juiz responderá, civil e regressivamente, por perdas e danos quando: I - no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude; II - recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar de ofício ou a requerimento da parte. >9DOLGD�D�OHWUD�´Dµ��5HVSRVWD�j�TXHVWmR@ Parágrafo único. As hipóteses previstas no inciso II somente serão verificadas depois que a parte requerer ao juiz que determine a providência e o requerimento não for apreciado no prazo de 10 (dez) dias. Gabarito: A GARANTIAS DA MAGISTRATURA A todos os membros da magistratura ± juízos singulares e coletivos ± foram outorgadas garantias especiais, pela Carta Magna: 1 ± Vitaliciedade: só perdem o cargo em razão de sentença judicial com trânsito em julgado. 2 ± Inamovibilidade: somente poderá ser removido por interessepúblico, reconhecido pela maioria absoluta dos votos do tribunal respectivo ou do Conselho Nacional de Justiça ± CNJ. Isso quer dizer que não podem ser removidos compulsoriamente. 3 ± Irredutibilidade de subsídio. Aos juízes é vedado: exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério; receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo; dedicar-se à atividade político- Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 120 partidária; receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. Para completar a lisura da função judicante, o CPC prevê normas a serem seguidas por aqueles que exercem a competência jurisdicional. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições do CPC, competindo-lhe: assegurar às partes igualdade de tratamento; velar pela rápida solução do litígio; prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da Justiça; tentar, a qualquer tempo, conciliar as partes. Desse modo, os juízes devem assegurar o tratamento isonômico, celeridade ao processo e garantir a dignidade da justiça. É obrigatório, no entanto, que o juiz observe os casos necessários de aplicação de regimes especiais a favor da parte ou partes que careçam de cuidados diferenciados, como os menores de idade ou incapazes por qualquer motivo. Além disso, cabem também ao juiz os deveres de despachar e sentenciar, quando provocado, ainda que não haja previsão legal ou haja obscuridade na lei. Em outras palavras, o juiz não pode deixar de prestar tutela jurisdicional, mas deve buscar sempre conciliação entre as partes. Art. 140. O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico. O juiz pode recorrer à analogia, aos costumes e aos princípios gerais de direito; contudo, essas hipóteses somente se aplicam quando não há previsão legal sobre a causa em questão. O magistrado não pode deixar de analisar um caso e decidir sobre ele, mesmo que não encontre norma que lhe seja aplicável por um defeito do sistema. O defeito pode decorrer, por exemplo, da ausência de norma, da presença de disposição legal injusta ou em desuso ± constituindo espécie de Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 120 lacuna do ordenamento jurídico, que deve ser solucionada pela integração de normas. Para realizá-la, o juiz age indutivamente; utiliza sua experiência; procede à observação de fatos particulares, extraindo uma regra, de conformidade com aquilo que mais comumente acontece. São, desse modo, juízos de valores que, apesar de individuais, têm autoridade, porque contêm a ideia de consenso geral, ou da cultura de certo grupamento social. O órgão judicante pode aplicá-la ao exercer sua função integrativa de analisar a situação a partir da analogia, do costume e dos princípios gerais de direito. A analogia é a aplicação de uma norma à situação semelhante não regulada por norma alguma. No direito público, o uso da analogia não é constante, visto que o Poder Público só pode fazer aquilo que a lei permite. O costume consiste em agrupamento de normas de comportamento que as pessoas obedecem de maneira uniforme e constante pela convicção de sua obrigatoriedade jurídica. Por sua vez, os princípios gerais do direito são derivados das ideias políticas e sociais vigentes, ou seja, devem corresponder ao subconjunto axiológico e ao fático, que norteiam o sistema jurídico, sendo, assim, um ponto de união entre consenso social, valores predominantes, aspirações de uma sociedade com o sistema de direito. Quando o magistrado se apoiar em algum dos três elementos citados, ele, ainda assim, seguirá o princípio da legalidade. O magistrado tenta, em verdade, adequar os critérios a uma interpretação atual da lei. Contudo, como já mencionado, o juiz só decide por equidade nos casos previstos em lei (parágrafo único, artigo 140); decide a lide nos limites em que foi proposta, sendo-lhe defeso conhecer de questões não suscitadas. Ele aprecia a prova, atendendo aos fatos e circunstâncias presentes nos autos, ainda que não alegados pelas partes. Mas deve indicar, na sentença, os motivos do convencimento. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 120 IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO Nos dois casos, o juiz deve declarar parcialidade. O impedimento tem caráter objetivo e absoluto, enquanto a suspeição é subjetiva e relativa. Isso quer dizer que, no caso do impedimento, por ser absoluto, não há preclusão (pode ser questionado, pela parte, a qualquer tempo). São casos de impedimento aqueles elencados no art. 144 do CPC/2015: Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no processo: I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como membro do Ministério Público ou prestou depoimento como testemunha; II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão; O STF decidiu que não se configura impedimento se o julgador da primeira instância atuar em matéria civil como criminal de uma mesma causa. Se o julgamento fosse diferente as comarcas pequenas, em que há acúmulo de temas cíveis e penais pelo mesmo juiz, teriam que ser ampliadas. (HC 97544 SP, Relator: Min. EROS GRAU, Data de Jugamento: 21/09/2010, Segunda Turma, Data de Publicação: DJe-234 DIVULG 02-12-2010 PUBLIC 03-12-2010 EMENT VOL-02444- 01 PP-00005) III ± quando seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive nele [no processo] estiver postulando como defensor público, advogado ou membro do Ministério Público; Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 120 IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive; V - quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa jurídica parte no processo; VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer das partes; VII - em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação de emprego ou decorrente de contrato de prestação de serviços; VIII - em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório; IX - quando promover ação contra a parte ou seu advogado. § 1o Na hipótese do inciso III, o impedimento só se verifica quando o defensor público, o advogado ou o membro do Ministério Público já integrava o processo antes do início da atividade judicante do juiz. Em observância ao princípio do juiz natural, ao inserir a exceção desse parágrafo, quis o legislador impedir a modificação do julgadorpela participação de um seu parente na causa já em curso. Infere-se do parágrafo que não haverá impedimento se a parte convocar advogado que tenha ligação com o juiz depois que a causa já estiver em curso. Quis, com isso, o legislador evitar que a parte mudasse de advogado com a intenção de tornar o juiz impedido. Evita-se, assim, que qualquer das partes possa tornar o Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 120 juiz impedido ao contratar um advogado que seja dele parente, por exemplo. No mesmo sentido do parágrafo segundo, abaixo: § 2o É vedada a criação de fato superveniente a fim de caracterizar impedimento do juiz. § 3o O impedimento previsto no inciso III também se verifica no caso de mandato conferido a membro de escritório de advocacia que tenha em seus quadros advogado que individualmente ostente a condição nele prevista, mesmo que não intervenha diretamente no processo. Por seu turno, o art. 145 enumera os casos de suspeição do juiz: Há suspeição do juiz: I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados; II - que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa antes ou depois de iniciado o processo, que aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa ou que subministrar meios para atender às despesas do litígio; III - quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu cônjuge ou companheiro ou de parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive; IV - interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das partes. § 1o Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, sem necessidade de declarar suas razões. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 36 de 120 § 2o Será ilegítima a alegação de suspeição quando: I - houver sido provocada por quem a alega; II - a parte que a alega houver praticado ato que signifique manifesta aceitação do arguido. (FGV) Com relação aos poderes, deveres e reponsabilidades das partes, dos procuradores e dos juízes, assinale a afirmativa correta. a) O Juiz decidirá a lide nos limites em que foi proposta, sendo-lhe defeso conhecer, em qualquer hipótese, questões conhecíveis de ofício. b) Os motivos de impedimento e suspeição são aplicáveis aos juízes, não cabendo o mesmo contra os serventuários de justiça ou órgão do Ministério Público, quando não for parte. c) O Juiz deve declarar-se suspeito de parcialidade, mas deverá demonstrar claramente sua motivação, não se admitindo mera arguição de motivo íntimo. d) O Juiz, caso as partes e seus advogados empreguem expressões injuriosas nos escritos apresentados no processo, poderá mandar riscá-las, podendo assim agir, inclusive, de ofício. COMENTÁRIOS: Art. 78. É vedado às partes, a seus procuradores, aos juízes, aos membros do Ministério Público e da Defensoria Pública e a qualquer pessoa que participe do processo empregar expressões ofensivas nos escritos apresentados. § 1º Quando expressões ou condutas ofensivas forem manifestadas oral ou presencialmente, o juiz advertirá o ofensor de que não as deve usar ou repetir, sob pena de lhe ser cassada a palavra. § 2º De ofício ou a requerimento do ofendido, o juiz determinará que as expressões ofensivas sejam riscadas e, a requerimento do ofendido, determinará a expedição de certidão com inteiro teor das expressões ofensivas e a colocará à disposição da parte interessada. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 37 de 120 Gabarito: D ATOS JUDICIAIS Os atos processuais são praticados por diversos sujeitos do processo. Quanto à pessoa, classificam-se em: a) Atos dos órgãos judiciários ± praticados pelo juiz ou auxiliares. b) Atos das partes Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos. § 1o Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais, sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução. § 2o Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial de natureza decisória que não se enquadre no § 1o. § 3o São despachos todos os demais pronunciamentos do juiz praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte. § 4o Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória, independem de despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando necessário. FORMA DOS ATOS JUDICIAIS Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 38 de 120 O juiz (órgão jurisdicional singular) pratica I) atos decisórios e II) não decisórios. Enquanto naqueles [atos decisórios] há conteúdo de comando, nestes [não decisórios] há função administrativa somente. Os atos decisórios são subdivididos em: 1) propriamente ditos e 2) executivos, de acordo com a natureza do processo ± cognição ou execução. Com os atos decisórios propriamente ditos (1), pretende-se declarar a vontade da lei para o caso em questão. Nos atos executivos (2), pretende-se aplicar a vontade da lei, só que para satisfazer direito do credor, por meio de providências concretas sobre o patrimônio do devedor. Exemplos do último: atos que determinam a penhora, adjudicação, arrematação. E a definição legal para os atos do juiz? De modo não exaustivo, o CPC nomeou no art. 203 os atos do juiz: os atos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos. § 1º Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais, sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução. § 2º Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial de natureza decisória que não se enquadre no § 1º. § 3º São despachos todos os demais pronunciamentos do juiz praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte. § 4º Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória, independem de despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando necessário. Recebe a denominação de acórdão o julgamento proferido pelos tribunais. Seria como a sentença dos tribunais. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 39 de 120 As decisões interlocutórias resolvem questão pendente no processo, sem que ele (o processo) venha a acabar ± exemplos: antecipação de tutela, deferimento de liminar, deferimento ou não da oitiva de testemunhas, entre muitos outros. Para questionar as decisões interlocutórias, utiliza-se, em regra, o agravo. Ademais, a decisão interlocutória deve ser fundamentada. COMENTÁRIOS: O enunciado está correto. É o conceito legal de decisão interlocutória. Reparem que há o emprego do termo incidentalmente, que se relaciona ao modo incidental, ou seja, que ocorre durante o processo, sem que essa decisão determine seu fim.Gabarito: Certo Qualquer decisão judicial, inclusive as de cunho interlocutório, deve ser devidamente fundamentada, sob pena de nulidade, por violação ao artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal (Decisão unânime, Processo: AG 20016085 PI. Relator: Des. Brandão de Carvalho. Julgamento em 24/08/2005. Órgão Julgador: 2a Câmara Especializada Cível, TJPI). Conforme o CPC/2015: Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade. Parágrafo único. Nos casos de segredo de justiça, pode ser autorizada a presença somente das partes, de seus advogados, de defensores públicos ou do Ministério Público. (TCU) Julgue o item que se seguem, acerca dos atos do juiz. Ao longo do processo, é natural surgirem questões que exijam decisões a serem tomadas pelo magistrado. Essas decisões, quando resolvem incidentalmente questões relevantes, denominam-se decisões interlocutórias. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 40 de 120 O artigo 93 da CF, em seu inciso IX, dispõe, entre outras coisas, que serão fundamentadas todas as decisões dos órgãos do Poder Judiciário, sob pena de nulidade. Os despachos não causam gravame a uma das partes, somente dão andamento ao processo. Podem ser proferidos ex officio ou por requerimento das partes, em regra, estão no grupo dos atos do juiz que não têm cunho decisório. Não cabe, salvo casos excepcionais, recurso aos despachos (art. 1.001, CPC/2015). Contudo, se causam algum dano ou afetam direito, não são de mero expediente (ordinatórios) e poderão ser recorridos. Deixou-se de citar antes o § 4° do art. 203, para citá-lo agora: § 4º Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória, independem de despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando necessário. Combinando esse parágrafo com o inciso XIV do art. 93 da CF: XIV ± os servidores receberão delegação para a prática de atos de administração e atos de mero expediente sem caráter decisório. Desse modo, para diminuir a carga de trabalho do juiz, o CPC e a CF/88 permitem que o escrivão ou o secretário, de ofício, pratiquem os atos ordinatórios, podendo ser revistos pelo juiz. O legislador quis que todos os atos do juiz, não classificados como sentença ou decisão interlocutória, fossem considerados despacho. Mas, o conceito de despacho não alcança todos os atos possíveis de serem praticados pelo juiz, há também os atos administrativos do processo, sem caráter decisório. Exemplo: Art. 139 - VII - exercer o poder de polícia, requisitando, quando necessário, força policial, além da segurança interna dos fóruns e tribunais. Art. 205. Os despachos, as decisões, as sentenças e os acórdãos serão redigidos, datados e assinados pelos juízes. § 1º Quando os pronunciamentos previstos no caput forem proferidos oralmente, o servidor os Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 41 de 120 documentará, submetendo-os aos juízes para revisão e assinatura. § 2º A assinatura dos juízes, em todos os graus de jurisdição, pode ser feita eletronicamente, na forma da lei. § 3º Os despachos, as decisões interlocutórias, o dispositivo das sentenças e a ementa dos acórdãos serão publicados no Diário de Justiça Eletrônico. E como se relacionam os atos judiciais com os demais atos do processo? Vale destacar que os atos judiciais são parte de um conjunto mais amplo que são os atos processuais. Os atos processuais são praticados por diversos sujeitos do processo. Relativamente à pessoa, classificam-se em: 1) Atos dos órgãos judiciários ± praticados pelo juiz ou auxiliares; 2) Atos das partes. Interessam-nos, aqui, os atos processuais do juiz ± atos judiciais. Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos. x Forma dos atos judiciais Os despachos, as decisões, as sentenças e os acórdãos serão redigidos, datados e assinados pelos juízes. Os atos do juiz exigem a forma escrita, com redação em português, manuscrita ou grafada mecanicamente, com data e assinatura. Mesmo que sejam expressos na forma verbal, devem, posteriormente, ser documentados. Quando os pronunciamentos previstos no caput forem proferidos oralmente, o servidor os documentará, submetendo-os aos juízes para revisão e assinatura. A assinatura dos juízes, em todos os graus de jurisdição, pode ser feita eletronicamente, na forma da lei. Os despachos, as decisões interlocutórias, o dispositivo das sentenças e a ementa dos acórdãos serão publicados no Diário de Justiça Eletrônico. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 42 de 120 SENTENÇA Sentença era amplamente conhecida como sinônimo de decisão judicial que dava fim ao processo. A despeito de que havendo apelação outro seria o pronunciamento que encerraria o processo. O conceito mencionado acima é anterior ao da reforma de 2005. Agora, o conceito aplicado ao novo CPC tem bastante semelhança com o válido desde então. Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos. § 1º Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais, sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução. Ela pode ser terminativa, quando encerra o processo (por isso, não se confundindo com a decisão interlocutória) sem julgamento do mérito (art. 485). E pode ser de mérito (definitiva), nos casos do art. 487. O conceito original do CPC (anterior a 2005) não era muito preciso, uma vez que, o módulo processual de conhecimento somente alcança o seu fim com o trânsito em julgado da sentença, o que ocorre depois de esgotados os recursos cabíveis. Em regra, o recurso cabível para questionar sentença proferida pelo juiz é a apelação. Contudo, o Fórum Permanente de Processualistas Civis manifestou entendimento de que ao inciso I do artigo 487 seria cabível agravo de instrumento. Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 43 de 120 ¾ ENUNCIADO DO FÓRUM PERMANENTE DE PROCESSUALISTAS CIVIS 103. (arts. 1.015, II, 203, § 2º, 354, parágrafo único, 356, § 5º) A decisão parcial proferida no curso do processo com fundamento no art. 487, I, sujeita-se a recurso de agravo de instrumento. (Grupo: Sentença, Coisa Julgada e Ação Rescisória; redação revista no III FPPC-Rio) DECISÃO INTERLOCUTÓRIA Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos. [...] § 2º Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial de natureza decisória que não se enquadre no § 1º [que não seja sentença]. O parágrafo 2º atribui a decisão interlocutória um conceito por exclusão. O objeto da decisão interlocutória é a questão incidente, que ocorre durante o trâmite processual. Trata-se de questões a serem resolvidas no curso
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