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Aula 17 Direito Processual Penal p/ TRE-PE (Analista Judiciário - Área Judiciária) - Com videoaulas Professor: Renan Araujo !∀#∃∀%&∋(#&)∃∗∗+,−∋(∃.,−∋/∋%#∃0(∃∋123456∋ ,.,−∀∗%,∋7+!∀)∀8#∀&∋/∋8#∃,∋7+!∀)∀8#∀,∋ %9:;<=∋9∋9>9;?≅?<:Α∋?:Β9Χ∆=Ε:Α∋ (;:ΦΓ∋#9Χ=Χ∋,;=ΗΙ:∋/∋,Ηϑ=∋4Κ! ! ! ! ! ! ! ! ! Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 10 AULA 17: EXECUÇÃO PENAL. RELAÇÕES JURISDICIONAIS COM AUTORIDADE ESTRANGEIRA. DISPOSIÇÕES GERAIS DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. SUMÁRIO 1 EXECUÇÃO PENAL ................................................................................................. 3 1.1 Princípios da Execução penal ......................................................................... 3 1.1.1 Jurisdicionalidade ........................................................................................... 3 1.1.2 Legalidade .................................................................................................... 3 1.1.3 Igualdade (ou isonomia) ................................................................................. 4 1.1.4 Contraditório ................................................................................................. 6 1.1.5 Humanização ................................................................................................. 6 1.1.6 Intranscendência da pena ............................................................................... 7 1.2 Da assistência ao preso, ao internado e ao egresso ....................................... 7 1.2.1 Introdução .................................................................................................... 7 1.2.2 Assistência material ....................................................................................... 8 1.2.3 Assistência à Saúde ........................................................................................ 9 1.2.4 Assistência Jurídica ........................................................................................ 9 1.2.5 Assistência educacional ................................................................................. 10 1.2.6 Assistência social ......................................................................................... 11 1.2.7 Assistência religiosa ..................................................................................... 12 1.2.8 Assistência ao egresso .................................................................................. 13 1.3 Do trabalho .................................................................................................. 14 1.3.1 Disposições gerais ........................................................................................ 14 1.3.2 Do trabalho interno ...................................................................................... 16 1.3.3 Do trabalho externo ..................................................................................... 18 2 EXECUÇÃO PENAL ............................................................................................... 21 2.1 Dos regimes de cumprimento. Progressão e regressão de regime ............... 21 2.1.1 Progressão de regime ................................................................................... 21 2.1.2 Regressão de regime .................................................................................... 23 2.1.3 Falta grave e Regime Disciplinar Diferenciado .................................................. 26 2.2 Das autorizações de saída ............................................................................ 28 2.3 Da remição ................................................................................................... 31 3 RELAÇÕES JURISDICIONAIS COM AUTORIDADES ESTRANGEIRAS ...................... 32 3.1 Considerações gerais ................................................................................... 33 3.2 Cartas Rogatórias ........................................................................................ 33 3.3 Homologação de sentença estrangeira ......................................................... 35 4 DISPOSIÇÕES GERAIS DO CPP ............................................................................ 37 5 DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES ............................................................... 41 !∀#∃∀%&∋(#&)∃∗∗+,−∋(∃.,−∋/∋%#∃0(∃∋123456∋ ,.,−∀∗%,∋7+!∀)∀8#∀&∋/∋8#∃,∋7+!∀)∀8#∀,∋ %9:;<=∋9∋9>9;?≅?<:Α∋?:Β9Χ∆=Ε:Α∋ (;:ΦΓ∋#9Χ=Χ∋,;=ΗΙ:∋/∋,Ηϑ=∋4Κ! ! ! ! ! ! ! ! ! Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 10 6 SÚMULAS PERTINENTES ..................................................................................... 47 6.1 Súmulas Vinculantes .................................................................................... 47 6.2 Súmulas do STF ............................................................................................ 47 6.3 Súmulas do STJ ............................................................................................ 47 7 JURISPRUDÊNCIA CORRELATA ........................................................................... 49 8 RESUMO .............................................................................................................. 51 9 LISTA DE EXERCÍCIOS ........................................................................................ 61 10 EXERCÍCIOS COMENTADOS ................................................................................. 74 11 GABARITO ........................................................................................................ 105 Olá, pessoal! Na aula de hoje vamos estudar a Execução Penal. Vamos dar mais atenção a determinados pontos, pois são os mais cobrados, para focar nosso estudo naqueles pontos que realmente caem em provas de concurso. Veremos, ainda, as Relações jurisdicionais com autoridade estrangeira e as Disposições gerais do Código de Processo Penal. Todavia, estes dois tópicos servem apenas para “fechar o edital”, não tendo relevância para fins de concurso público. Foco total na parte de Execução Penal. Bons estudos! Prof. Renan Araujo !∀#∃∀%&∋(#&)∃∗∗+,−∋(∃.,−∋/∋%#∃0(∃∋123456∋ ,.,−∀∗%,∋7+!∀)∀8#∀&∋/∋8#∃,∋7+!∀)∀8#∀,∋ %9:;<=∋9∋9>9;?≅?<:Α∋?:Β9Χ∆=Ε:Α∋ (;:ΦΓ∋#9Χ=Χ∋,;=ΗΙ:∋/∋,Ηϑ=∋4Κ! ! ! ! ! ! ! ! ! Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 10 1! EXECUÇÃO PENAL 1.1!Princípios da Execução penal 1.1.1!Jurisdicionalidade A Execução penal é composta por atos de duas ordens: ora são atos de natureza administrativa, ora são atos de natureza jurisdicional. O art. 2º da LEP assim prevê: Art. 2º A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da Justiça ordinária, em todo o Território Nacional, será exercida, no processo de execução, na conformidade desta Lei e do Código de Processo Penal. Percebam, portanto, que a Execução Penal (também) possui caráter jurisdicional. Há atos de natureza administrativa (praticados pela autoridade administrativa), mas a Execução Penal é exercida em atividade eminentemente jurisdicional (pelo Juízo da Execução Penal). Isso é decorrência da própria autonomia científica da Execução penal, uma vez que, não sendo mera “etapa” do processo criminal, mas uma relação autônoma, é necessário que seja dotada de caráter jurisdicional, garantindo-se os direitos fundamentais do condenado, o devido processo legal, etc. 1.1.2!Legalidade A autoridade administrativa e o Juízo da execução penal devem agir dentro dos parâmetros fixados na Lei. É o que determinam os arts. 2º e 3º da LEP:Art. 2º A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da Justiça ordinária, em todo o Território Nacional, será exercida, no processo de execução, na conformidade desta Lei e do Código de Processo Penal. Parágrafo único. Esta Lei aplicar-se-á igualmente ao preso provisório e ao condenado pela Justiça Eleitoral ou Militar, quando recolhido a estabelecimento sujeito à jurisdição ordinária. Art. 3º Ao condenado e ao internado serão assegurados todos os direitos não atingidos pela sentença ou pela lei. Parágrafo único. Não haverá qualquer distinção de natureza racial, social, religiosa ou política. Vejam, portanto, que a Execução Penal se dará: •! Na conformidade da Lei (da LEP e do CPP) •! Garantindo-se ao condenado os direitos não atingidos pela sentença ou pela Lei !∀#∃∀%&∋(#&)∃∗∗+,−∋(∃.,−∋/∋%#∃0(∃∋123456∋ ,.,−∀∗%,∋7+!∀)∀8#∀&∋/∋8#∃,∋7+!∀)∀8#∀,∋ %9:;<=∋9∋9>9;?≅?<:Α∋?:Β9Χ∆=Ε:Α∋ (;:ΦΓ∋#9Χ=Χ∋,;=ΗΙ:∋/∋,Ηϑ=∋4Κ! ! ! ! ! ! ! ! ! Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 10 1.1.3!Igualdade (ou isonomia) Decorre do princípio genérico, de índole constitucional, da isonomia. No âmbito da Execução Penal, mais especificamente, garante igualdade de tratamento entre os presos. Nos termos do art. 41, XII da LEP: Art. 41 - Constituem direitos do preso: (...) XII - igualdade de tratamento salvo quanto às exigências da individualização da pena; Percebam, porém, que isso não significa que todos os presos receberão exatamente o mesmo tratamento. Significa, apenas, que é vedada a adoção de práticas discriminatórias injustificadas, ou seja, que não tenham fundamento na sentença ou na Lei. EXEMPLO: José é condenado, e está cumprindo pena em regime fechado. Paulo, porém, está cumprindo pena no regime semiaberto. É evidente que o tratamento dispensado a ambos será diferente. Contudo, essa discriminação é legítima, pois decorre de decisão judicial. E como se dará a individualização da pena? Este procedimento está regulado a partir do art.5 º da LEP: Art. 5º Os condenados serão classificados, segundo os seus antecedentes e personalidade, para orientar a individualização da execução penal. Assim, percebe-se que DOIS são os critérios fundamentais para a individualização da pena: •! Antecedentes; e •! Personalidade Mas, quem classifica os presos? É a Comissão Técnica de Classificação: Art. 6o A classificação será feita por Comissão Técnica de Classificação que elaborará o programa individualizador da pena privativa de liberdade adequada ao condenado ou preso provisório. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003) Art. 7º A Comissão Técnica de Classificação, existente em cada estabelecimento, será presidida pelo diretor e composta, no mínimo, por 2 (dois) chefes de serviço, 1 (um) psiquiatra, 1 (um) psicólogo e 1 (um) assistente social, quando se tratar de condenado à pena privativa de liberdade. Parágrafo único. Nos demais casos a Comissão atuará junto ao Juízo da Execução e será integrada por fiscais do serviço social. !∀#∃∀%&∋(#&)∃∗∗+,−∋(∃.,−∋/∋%#∃0(∃∋123456∋ ,.,−∀∗%,∋7+!∀)∀8#∀&∋/∋8#∃,∋7+!∀)∀8#∀,∋ %9:;<=∋9∋9>9;?≅?<:Α∋?:Β9Χ∆=Ε:Α∋ (;:ΦΓ∋#9Χ=Χ∋,;=ΗΙ:∋/∋,Ηϑ=∋4Κ! ! ! ! ! ! ! ! ! Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 10 Essa Classificação será realizada levando-se em conta os critérios fundamentais expostos anteriormente (antecedente e personalidade do agente), além de fatores como aptidão para o trabalho, etc. Vejamos o art. 8º da LEP: Art. 8º O condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime fechado, será submetido a exame criminológico para a obtenção dos elementos necessários a uma adequada classificação e com vistas à individualização da execução. Parágrafo único. Ao exame de que trata este artigo poderá ser submetido o condenado ao cumprimento da pena privativa de liberdade em regime semi-aberto. Percebam que a LEP usa o termo “exame criminológico”, mas a Doutrina entende que esse exame inicial, ou seja, o exame de classificação, é diferente do Exame criminológico antigamente previsto no art. 112 da LEP, pois aquele tinha por finalidade fazer um juízo de PROGNOSE, ou seja, constatar as características do preso e verificar o a probabilidade de retorno à delinquência1. CUIDADO! Vale ressaltar que o Exame Criminológico (aquele anteriormente previsto no art. 112 da LEP) não foi abolido da Execução Penal. Segundo o STF e o STJ, o exame criminológico continua podendo ser determinado, mas desde que o seja por decisão FUNDAMENTADA (ou seja, o Juiz deve especificar por qual razão está determinando a realização do exame criminológico). Vejamos o enunciado de súmula nº 439 do STJ: Súmula 439 do STJ Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão motivada. Para proceder à Classificação, a Comissão Técnica de Classificação poderá: •! Entrevistar pessoas •! Requisitar, de repartições ou estabelecimentos privados, dados e informações a respeito do condenado •! Realizar outras diligências e exames que forem necessários ATENÇÃO! Aqueles que forem condenados por crimes hediondos (crimes do art. 1º da Lei 8.072/90) ou por quaisquer crimes dolosos praticados com violência grave contra pessoa deverão ser submetidos, NECESSARIAMENTE, à identificação do perfil genético, mediante extração de DNA, por técnica adequada e indolor. Este material genético deverá ser armazenado em banco de dados sigiloso (conforme regulamento a ser 1 NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal. 12.º edição. Ed. Forense. Rio de Janeiro, 2015, p. 949/950. !∀#∃∀%&∋(#&)∃∗∗+,−∋(∃.,−∋/∋%#∃0(∃∋123456∋ ,.,−∀∗%,∋7+!∀)∀8#∀&∋/∋8#∃,∋7+!∀)∀8#∀,∋ %9:;<=∋9∋9>9;?≅?<:Α∋?:Β9Χ∆=Ε:Α∋ (;:ΦΓ∋#9Χ=Χ∋,;=ΗΙ:∋/∋,Ηϑ=∋4Κ! ! ! ! ! ! ! ! ! Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 10 expedido pelo Poder Executivo), e poderá ser utilizado em futuras investigações, desde que haja AUTORIZAÇÃO JUDICIAL para o acesso ao material, nos termos do art. 9º-A da LEP: Art. 9o-A. Os condenados por crime praticado, dolosamente, com violência de natureza grave contra pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos no art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990, serão submetidos, obrigatoriamente, à identificação do perfil genético, mediante extração de DNA - ácido desoxirribonucleico, por técnica adequada e indolor. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012) § 1o A identificação do perfil genético será armazenada em banco de dados sigiloso, conforme regulamento a ser expedido pelo Poder Executivo. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012) § 2o A autoridade policial, federal ou estadual, poderá requerer ao juiz competente, no caso de inquérito instaurado, o acesso ao banco de dados de identificação de perfil genético. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012) 1.1.4!Contraditório O contraditório também está presente na execução da pena. Embora não haja acusação em relação ao mérito do crime cometido (eis que já houve condenação), isso não significa que o contraditório não possa ser exercido. Como assim? A autoridade na Execução Penal (seja o diretor do estabelecimento, seja o Juiz da Execução Penal) pode tomar medidas que serão prejudiciais ao condenado (regressão de regime, isolamento na própria cela, etc.). Assim, é necessário que seja assegurado ao condenado o direito de se manifestar sobre eventuais imputações (prática de falta grave, por exemplo) e documentos acostados pelo MP ou pelo diretor do estabelecimento. Ademais, em se tratando de processo administrativo disciplinar paraapuração de prática de falta grave, é absolutamente INDISPENSÁVEL que o condenado esteja assistido por advogado ou defensor público, de forma a garantir o exercício satisfatório do contraditório.2 1.1.5!Humanização O princípio da humanização da pena se entende que: •! Determinadas penas são vedadas no nosso ordenamento jurídico (trabalhos forçados, penas cruéis, etc. – art. 5º, LXVII da CF/88). •! Uma vez aplicada a pena, ela deve ser executada de forma a preservar a dignidade e a natureza humana do condenado. 2 (AgRg no HC 335.658/AL, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 17/03/2016, DJe 01/04/2016) !∀#∃∀%&∋(#&)∃∗∗+,−∋(∃.,−∋/∋%#∃0(∃∋123456∋ ,.,−∀∗%,∋7+!∀)∀8#∀&∋/∋8#∃,∋7+!∀)∀8#∀,∋ %9:;<=∋9∋9>9;?≅?<:Α∋?:Β9Χ∆=Ε:Α∋ (;:ΦΓ∋#9Χ=Χ∋,;=ΗΙ:∋/∋,Ηϑ=∋4Κ! ! ! ! ! ! ! ! ! Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 10 Professor, poderia dar um exemplo desta segunda vertente? Sim, é claro! Vejamos o que dispõe o art. 88 da LEP: Art. 88. O condenado será alojado em cela individual que conterá dormitório, aparelho sanitário e lavatório. Parágrafo único. São requisitos básicos da unidade celular: a) salubridade do ambiente pela concorrência dos fatores de aeração, insolação e condicionamento térmico adequado à existência humana; b) área mínima de 6,00m2 (seis metros quadrados). Vejam que tais disposições (requisitos básicos da cela) visam a garantir ao preso as condições mínimas de existência digna. Isso se dá porque o único direito que o preso tem restringido é o direito à liberdade de locomoção (e de comunicação com o mundo exterior). Todos os demais direitos não abrangidos pena sentença penal condenatória (direito à integridade física, por exemplo) devem ser preservados. 1.1.6!Intranscendência da pena Nenhuma pena poderá passar da pessoa do condenado. Isso significa que ninguém pode ser condenado por crime que não praticou, nem sofrer a pena aplicada a outra pessoa. Tal princípio também possui índole constitucional (art. 5º, XLV da CRFB/88), mas não impede que os herdeiros sejam obrigados a reparar o dano causado pelo crime cometido pelo falecido. Tal obrigação, porém, está limitada ao valor da herança. 1.2!Da assistência ao preso, ao internado e ao egresso 1.2.1!Introdução A assistência é dever do Estado para com o preso e o internado, e para com o egresso, nos termos do art. 10 da LEP: Art. 10. A assistência ao preso e ao internado é dever do Estado, objetivando prevenir o crime e orientar o retorno à convivência em sociedade. Parágrafo único. A assistência estende-se ao egresso. !∀#∃∀%&∋(#&)∃∗∗+,−∋(∃.,−∋/∋%#∃0(∃∋123456∋ ,.,−∀∗%,∋7+!∀)∀8#∀&∋/∋8#∃,∋7+!∀)∀8#∀,∋ %9:;<=∋9∋9>9;?≅?<:Α∋?:Β9Χ∆=Ε:Α∋ (;:ΦΓ∋#9Χ=Χ∋,;=ΗΙ:∋/∋,Ηϑ=∋4Κ! ! ! ! ! ! ! ! ! Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 10 Primeiramente, precisamos definir quem é “preso”, quem é internado e quem é “egresso”. Preso é aquele que se encontra sob custódia do sistema prisional, em cumprimento de pena (seja em regime fechado, aberto ou semiaberto) ou preso cautelarmente (preso provisório). Internado é aquele que se encontra internado em Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, em cumprimento de medida de segurança. Já o egresso é aquele que já está FORA do sistema prisional. Contudo, nem todos aqueles que estão fora do sistema prisional serão considerados egressos, mas apenas: !! O liberado definitivo, pelo prazo de 1 (um) ano a contar da saída do estabelecimento; e !! O liberado condicional, durante o período de prova. Perceba, portanto, que o liberado em definitivo só é considerado egresso durante um ano a contar de sua liberação. Após isso não é mais considerado egresso para os fins da LEP. A assistência será de diversas ordens, na forma do art. 11 da LEP: Art. 11. A assistência será: I - material; II - à saúde; III -jurídica; IV - educacional; V - social; VI - religiosa. 1.2.2!Assistência material Consiste no fornecimento de alimentação, vestuário e instalações higiênicas. Vejamos os arts. 12 e 13 da LEP: Art. 12. A assistência material ao preso e ao internado consistirá no fornecimento de alimentação, vestuário e instalações higiênicas. Art. 13. O estabelecimento disporá de instalações e serviços que atendam aos presos nas suas necessidades pessoais, além de locais destinados à venda de produtos e objetos permitidos e não fornecidos pela Administração. Daí se pode extrair que o Estado não pode cobrar nada do preso para fornecer comida, uniforme, etc. Isso não impede, contudo, que o Estado mantenha instalações e serviços para a venda de produtos aos presos, desde que sejam produtos: !∀#∃∀%&∋(#&)∃∗∗+,−∋(∃.,−∋/∋%#∃0(∃∋123456∋ ,.,−∀∗%,∋7+!∀)∀8#∀&∋/∋8#∃,∋7+!∀)∀8#∀,∋ %9:;<=∋9∋9>9;?≅?<:Α∋?:Β9Χ∆=Ε:Α∋ (;:ΦΓ∋#9Χ=Χ∋,;=ΗΙ:∋/∋,Ηϑ=∋4Κ! ! ! ! ! ! ! ! ! Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 10 !! Permitidos; e !! Não fornecidos gratuitamente pela Administração Na verdade, o Estado DEVE disponibilizar esse serviço de venda aos presos (o que não é lá muito comum). 1.2.3!Assistência à Saúde A assistência à saúde possui caráter duplo: !! Preventivo; e !! Curativo Além disso, deve compreender atendimento: !! Médico (no caso da mulher, abrange o pré-natal e o pós-parto, estendendo-se ao recém-nascido) !! Farmacêutico !! Odontológico. Isso é o que dispõe o art. 14 da LEP: Art. 14. A assistência à saúde do preso e do internado de caráter preventivo e curativo, compreenderá atendimento médico, farmacêutico e odontológico. Mas, essa assistência pode ser prestada fora do estabelecimento ou só pode ser realizada no interior do estabelecimento? A princípio, deve ser realizada no INTERIOR do estabelecimento. Contudo, caso não seja possível, poderá ser realizada FORA do estabelecimento. Neste caso, deverá ser autorizado o deslocamento pela direção do estabelecimento (não é o Juiz da execução quem autoriza!). Mas, e se o preso necessitar de assistência médica contínua? Neste caso, o STJ firmou entendimento no sentido de que pode ser autorizado o recolhimento domiciliar (prisão domiciliar) do preso que possua doença grave, desde que fique comprovado que é indispensável a assistência médica contínua, impossível de ser prestada dentro do estabelecimento.3 1.2.4!Assistência Jurídica Destina-se aos presos e aos internados sem recursos financeiros para constituir advogado. Deve ser prestada, primordialmente, pela Defensoria 3 (...) (HC 320.216/RS, Rel. Ministro MOURA RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado em 18/06/2015, DJe 01/07/2015) !∀#∃∀%&∋(#&)∃∗∗+,−∋(∃.,−∋/∋%#∃0(∃∋123456∋ ,.,−∀∗%,∋7+!∀)∀8#∀&∋/∋8#∃,∋7+!∀)∀8#∀,∋ %9:;<=∋9∋9>9;?≅?<:Α∋?:Β9Χ∆=Ε:Α∋ (;:ΦΓ∋#9Χ=Χ∋,;=ΗΙ:∋/∋,Ηϑ=∋4Κ! ! ! ! ! ! ! ! ! Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 10 Pública, que é a Instituição constitucionalmente prevista para a defesa jurídica dos necessitados. Vejamos o que dispõem os arts. 15 e 16 da LEP: Art. 15. A assistência jurídica é destinada aos presos e aos internados sem recursos financeiros para constituir advogado. Art. 16. As Unidades da Federação deverão ter serviços de assistência jurídica, integral e gratuita, pela Defensoria Pública, dentro e fora dos estabelecimentos penais. (Redação dada pela Lei nº 12.313, de 2010). § 1o As Unidades da Federação deverão prestar auxílio estrutural, pessoal e material à Defensoria Pública, no exercíciode suas funções, dentro e fora dos estabelecimentos penais. (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010). § 2o Em todos os estabelecimentos penais, haverá local apropriado destinado ao atendimento pelo Defensor Público. (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010). § 3o Fora dos estabelecimentos penais, serão implementados Núcleos Especializados da Defensoria Pública para a prestação de assistência jurídica integral e gratuita aos réus, sentenciados em liberdade, egressos e seus familiares, sem recursos financeiros para constituir advogado. (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010). Daí podemos extrair que a assistência jurídica será prestada DENTRO e FORA do estabelecimento, da seguinte forma: !! No INTERIOR do estabelecimento – Em local apropriado destinado ao atendimento pelo Defensor Público, que deve ser providenciado pela Administração Penitenciária. Por local apropriado entende-se aquele que seja condigno com as funções, bem como seja aparelhado (computador, papel, caneta, etc.), além de que seja capaz de garantir o sigilo da comunicação entre o preso e o defensor público. !! FORA do estabelecimento – A Defensoria Pública deverá prestar assistência jurídica integral e gratuita aos réus, sentenciados em liberdade, egressos e seus familiares, sem recursos financeiros para constituir advogado. Essa assistência, na medida do possível, deverá se dar por meio da criação de Núcleos Especializados para atuação na Execução Penal. 1.2.5!Assistência educacional Compreende a instrução escolar e a formação profissional do preso e do internado (art. 17 da LEP). Embora seja um DIREITO do preso, o art. 18 da LEP estabelece que a frequência a curso de ensino fundamental é OBRIGATÓRIA. Vejamos o que a LEP dispõe acerca da assistência educacional: Art. 17. A assistência educacional compreenderá a instrução escolar e a formação profissional do preso e do internado. Art. 18. O ensino de 1º grau será obrigatório, integrando-se no sistema escolar da Unidade Federativa. !∀#∃∀%&∋(#&)∃∗∗+,−∋(∃.,−∋/∋%#∃0(∃∋123456∋ ,.,−∀∗%,∋7+!∀)∀8#∀&∋/∋8#∃,∋7+!∀)∀8#∀,∋ %9:;<=∋9∋9>9;?≅?<:Α∋?:Β9Χ∆=Ε:Α∋ (;:ΦΓ∋#9Χ=Χ∋,;=ΗΙ:∋/∋,Ηϑ=∋4Κ! ! ! ! ! ! ! ! ! Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 10 Art. 18-A. O ensino médio, regular ou supletivo, com formação geral ou educação profissional de nível médio, será implantado nos presídios, em obediência ao preceito constitucional de sua universalização. (Incluído pela Lei nº 13.163, de 2015) § 1o O ensino ministrado aos presos e presas integrar-se-á ao sistema estadual e municipal de ensino e será mantido, administrativa e financeiramente, com o apoio da União, não só com os recursos destinados à educação, mas pelo sistema estadual de justiça ou administração penitenciária. (Incluído pela Lei nº 13.163, de 2015) § 2o Os sistemas de ensino oferecerão aos presos e às presas cursos supletivos de educação de jovens e adultos. (Incluído pela Lei nº 13.163, de 2015) § 3o A União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal incluirão em seus programas de educação à distância e de utilização de novas tecnologias de ensino, o atendimento aos presos e às presas. (Incluído pela Lei nº 13.163, de 2015) Art. 19. O ensino profissional será ministrado em nível de iniciação ou de aperfeiçoamento técnico. Parágrafo único. A mulher condenada terá ensino profissional adequado à sua condição. Art. 20. As atividades educacionais podem ser objeto de convênio com entidades públicas ou particulares, que instalem escolas ou ofereçam cursos especializados. Art. 21. Em atendimento às condições locais, dotar-se-á cada estabelecimento de uma biblioteca, para uso de todas as categorias de reclusos, provida de livros instrutivos, recreativos e didáticos. Art. 21-A. O censo penitenciário deverá apurar: (Incluído pela Lei nº 13.163, de 2015) I - o nível de escolaridade dos presos e das presas; (Incluído pela Lei nº 13.163, de 2015) II - a existência de cursos nos níveis fundamental e médio e o número de presos e presas atendidos; (Incluído pela Lei nº 13.163, de 2015) III - a implementação de cursos profissionais em nível de iniciação ou aperfeiçoamento técnico e o número de presos e presas atendidos; (Incluído pela Lei nº 13.163, de 2015) IV - a existência de bibliotecas e as condições de seu acervo; (Incluído pela Lei nº 13.163, de 2015) V - outros dados relevantes para o aprimoramento educacional de presos e presas. (Incluído pela Lei nº 13.163, de 2015) Essa assistência deve ser, necessariamente, prestada por órgãos públicos ou pode ser realizada por entidades privadas? O art. 20 da LEP é claro ao estabelecer que as atividades educacionais podem ser realizadas por meio de convênio com entidades públicas ou particulares, que instalem escolas ou ofereçam cursos especializados. 1.2.6!Assistência social A finalidade da assistência social é amparar o preso e o internado, preparando-os para o retorno à liberdade. Vejamos o que dispõem os arts. 22 e 23 da LEP: Art. 22. A assistência social tem por finalidade amparar o preso e o internado e prepará-los para o retorno à liberdade. Art. 23. Incumbe ao serviço de assistência social: !∀#∃∀%&∋(#&)∃∗∗+,−∋(∃.,−∋/∋%#∃0(∃∋123456∋ ,.,−∀∗%,∋7+!∀)∀8#∀&∋/∋8#∃,∋7+!∀)∀8#∀,∋ %9:;<=∋9∋9>9;?≅?<:Α∋?:Β9Χ∆=Ε:Α∋ (;:ΦΓ∋#9Χ=Χ∋,;=ΗΙ:∋/∋,Ηϑ=∋4Κ! ! ! ! ! ! ! ! ! Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 10 I - conhecer os resultados dos diagnósticos ou exames; II - relatar, por escrito, ao Diretor do estabelecimento, os problemas e as dificuldades enfrentadas pelo assistido; III - acompanhar o resultado das permissões de saídas e das saídas temporárias; IV - promover, no estabelecimento, pelos meios disponíveis, a recreação; V - promover a orientação do assistido, na fase final do cumprimento da pena, e do liberando, de modo a facilitar o seu retorno à liberdade; VI - providenciar a obtenção de documentos, dos benefícios da Previdência Social e do seguro por acidente no trabalho; VII - orientar e amparar, quando necessário, a família do preso, do internado e da vítima. Duas atribuições merecem destaque especial. O inciso IV estabelece ser de incumbência do SAS (Serviço de Assistência Social) a promoção (dentro do estabelecimento) da recreação, pelos meios disponíveis. Então, aquela “pelada” de final de semana ou outras atividades recreativas (gincanas, torneios esportivos, etc.) deverão ser organizadas pelo SAS. O inciso VI estabelece ser de incumbência do SAS providenciar a obtenção de documentos dos presos, bem como a obtenção dos benefícios da Previdência Social e do seguro por acidente no trabalho. Com relação a isso, CUIDADO! O SAS terá por finalidade tentar obter estes documentos e direitos. Contudo, se houver resistência por parte do órgão (Ex.: INSS não quer conceder aposentadoria a um preso que já tinha direito antes de ser encarcerado), caberá à Defensoria Pública atuar no caso, ajuizando eventual processo. 1.2.7!Assistência religiosa A assistência religiosa tem por finalidade permitir que o preso exerça seu direito constitucional de liberdade de crença e culto religioso, e abrange: !! A participação nos serviços organizados no estabelecimento penal !! A posse de livros de instrução religiosa Isso não significa que o preso será obrigado a participar de qualquer atividade religiosa, muito pelo contrário. O preso NÃO pode ser obrigado a participar de qualquer atividade religiosa, pois isso feriria, dentre outros, o direito à liberdade de crença (que engloba o direito à liberdade de não crer em nada), além do necessário e constitucionalmente previsto caráterLAICO do estado (laicidade estatal). Vejamos o que estabelece a LEP quanto à assistência religiosa: !∀#∃∀%&∋(#&)∃∗∗+,−∋(∃.,−∋/∋%#∃0(∃∋123456∋ ,.,−∀∗%,∋7+!∀)∀8#∀&∋/∋8#∃,∋7+!∀)∀8#∀,∋ %9:;<=∋9∋9>9;?≅?<:Α∋?:Β9Χ∆=Ε:Α∋ (;:ΦΓ∋#9Χ=Χ∋,;=ΗΙ:∋/∋,Ηϑ=∋4Κ! ! ! ! ! ! ! ! ! Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 10 Art. 24. A assistência religiosa, com liberdade de culto, será prestada aos presos e aos internados, permitindo-se-lhes a participação nos serviços organizados no estabelecimento penal, bem como a posse de livros de instrução religiosa. § 1º No estabelecimento haverá local apropriado para os cultos religiosos. § 2º Nenhum preso ou internado poderá ser obrigado a participar de atividade religiosa. Além daquilo que já foi dito, é importante destacar que não pode haver qualquer tipo de tratamento diferenciado entre os presos que participam e aqueles que não participam de atividades religiosas, sob pena de violação ao princípio da isonomia (vide art. 3º, § único da LEP). 1.2.8!Assistência ao egresso A assistência ao egresso é um pouco diferente daquela prestada ao preso e ao internado, exatamente em razão do fato de que já não mais se encontra dentro do estabelecimento. A assistência ao egresso, mais especificamente, consiste em: !! Orientação e apoio para reintegração à vida em liberdade. !! Concessão, se necessário, de alojamento e alimentação, em estabelecimento adequado, pelo prazo de 2 (dois) meses (prorrogável por mais 02 meses, caso haja empenho para obtenção de trabalho). Isso é o que estabelece o art. 25 da LEP: Art. 25. A assistência ao egresso consiste: I - na orientação e apoio para reintegrá-lo à vida em liberdade; II - na concessão, se necessário, de alojamento e alimentação, em estabelecimento adequado, pelo prazo de 2 (dois) meses. Parágrafo único. O prazo estabelecido no inciso II poderá ser prorrogado uma única vez, comprovado, por declaração do assistente social, o empenho na obtenção de emprego. Incumbe ao Serviço de Assistência Social, ainda colaborar com o egresso para a obtenção de trabalho (art. 27 da LEP). Desta forma: DIREITO À ASSISTÊNCIA PRESO Preso provisório A assistência: !∀#∃∀%&∋(#&)∃∗∗+,−∋(∃.,−∋/∋%#∃0(∃∋123456∋ ,.,−∀∗%,∋7+!∀)∀8#∀&∋/∋8#∃,∋7+!∀)∀8#∀,∋ %9:;<=∋9∋9>9;?≅?<:Α∋?:Β9Χ∆=Ε:Α∋ (;:ΦΓ∋#9Χ=Χ∋,;=ΗΙ:∋/∋,Ηϑ=∋4Κ! ! ! ! ! ! ! ! ! Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 10 CONDENADO Regime fechado Regime semiaberto Regime aberto !! Material !! Á saúde !! Jurídica !! Educacional !! Social !! Religiosa. INTERNADO Cumprimento de medida de segurança EGRESSO Liberado definitivo (até um ano após a liberação) Assistência: !! Orientação e apoio para reintegração à vida em liberdade. !! Concessão, se necessário, de alojamento e alimentação, em estabelecimento adequado, pelo prazo de 2 (dois) meses. OBS.: Este prazo pode ser prorrogado por mais 02 meses, desde que haja empenho na obtenção de emprego (comprovado por declaração do assistente social) Liberado condicional (durante o período de prova) 1.3!Do trabalho 1.3.1!Disposições gerais Vejamos, inicialmente, o que prevê a LEP: Art. 28. O trabalho do condenado, como dever social e condição de dignidade humana, terá finalidade educativa e produtiva. § 1º Aplicam-se à organização e aos métodos de trabalho as precauções relativas à segurança e à higiene. § 2º O trabalho do preso não está sujeito ao regime da Consolidação das Leis do Trabalho. Art. 29. O trabalho do preso será remunerado, mediante prévia tabela, não podendo ser inferior a 3/4 (três quartos) do salário mínimo. § 1° O produto da remuneração pelo trabalho deverá atender: a) à indenização dos danos causados pelo crime, desde que determinados judicialmente e não reparados por outros meios; b) à assistência à família; c) a pequenas despesas pessoais; d) ao ressarcimento ao Estado das despesas realizadas com a manutenção do condenado, em proporção a ser fixada e sem prejuízo da destinação prevista nas letras anteriores. !∀#∃∀%&∋(#&)∃∗∗+,−∋(∃.,−∋/∋%#∃0(∃∋123456∋ ,.,−∀∗%,∋7+!∀)∀8#∀&∋/∋8#∃,∋7+!∀)∀8#∀,∋ %9:;<=∋9∋9>9;?≅?<:Α∋?:Β9Χ∆=Ε:Α∋ (;:ΦΓ∋#9Χ=Χ∋,;=ΗΙ:∋/∋,Ηϑ=∋4Κ! ! ! ! ! ! ! ! ! Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 10 § 2º Ressalvadas outras aplicações legais, será depositada a parte restante para constituição do pecúlio, em Caderneta de Poupança, que será entregue ao condenado quando posto em liberdade. Art. 30. As tarefas executadas como prestação de serviço à comunidade não serão remuneradas. Podemos, de plano extrair as FINALIDADES do trabalho do condenado: !! Educativa; e !! Produtiva Como se percebe, o trabalho do condenado não tem apenas por finalidade servir como etapa no processo de ressocialização (finalidade educativa), mas também servir como meio de produção, como forma de contribuir para a sociedade. Além disso, exatamente por não ter mera finalidade educativa, o trabalho do preso deverá ser REMUNERADO. Essa remuneração, contudo (fixada mediante prévia tabela), não pode ser inferior a ¾ (três quartos) do salário mínimo, nos termos do art. 29 da LEP. CUIDADO! As tarefas consistentes em prestação de serviço à comunidade NÃO serão remuneradas, nos termos do art. 30 da LEP. E por qual razão não serão remuneradas? Não serão remuneradas porque não configuram TRABALHO do preso, sendo ESPÉCIE de pena restritiva de direitos ou, a depender do caso, condição para a suspensão condicional da pena, nos termos dos arts. 149 e 158, §1º da LEP. Mas, para quem vai a remuneração do preso? Há uma escala de prioridades no que se refere à destinação do produto do trabalho do preso, da seguinte forma: !! Garantir a indenização dos danos causados pelo crime, desde que determinados judicialmente e não reparados por outros meios !! Garantir a assistência à família do preso !! Custear pequenas despesas pessoais do preso !! Garantir o ressarcimento ao Estado das despesas realizadas com a manutenção do condenado (em proporção a ser fixada e sem prejuízo da destinação prevista nas letras anteriores) Perceba, portanto, que o preso não “embolsa” todo o valor relativa à remuneração do seu trabalho. A prioridade recai sobre a indenização dos danos causados (reparação do dano) e sobre a assistência à própria família do preso. !∀#∃∀%&∋(#&)∃∗∗+,−∋(∃.,−∋/∋%#∃0(∃∋123456∋ ,.,−∀∗%,∋7+!∀)∀8#∀&∋/∋8#∃,∋7+!∀)∀8#∀,∋ %9:;<=∋9∋9>9;?≅?<:Α∋?:Β9Χ∆=Ε:Α∋ (;:ΦΓ∋#9Χ=Χ∋,;=ΗΙ:∋/∋,Ηϑ=∋4Κ! ! ! ! ! ! ! ! ! Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 10 "! E se, eventualmente, após a destinação da remuneração conforme a escala anterior, ainda sobrar algum valor? Neste caso (ressalvadas outras aplicações que venham a ser prevista em Lei), será depositada a parte restante para constituição do pecúlio, em Caderneta de Poupança, que será entregue ao condenado quando posto em liberdade. Por fim, importante ressaltar que o trabalho do preso não estará sujeito ao regime da CLT. Contudo, devem respeitadas as regras de precaução relativas à segurança e à higiene. 1.3.2!Do trabalho interno Vejamos, primeiramente, o que dispõe a LEP: Art. 31. O condenado à pena privativa de liberdade está obrigado ao trabalho na medida de suas aptidões e capacidade. Parágrafo único. Para o preso provisório, o trabalho não é obrigatório e só poderá ser executado no interior do estabelecimento. Art. 32. Na atribuição do trabalho deverão ser levadas em contaa habilitação, a condição pessoal e as necessidades futuras do preso, bem como as oportunidades oferecidas pelo mercado. § 1º Deverá ser limitado, tanto quanto possível, o artesanato sem expressão econômica, salvo nas regiões de turismo. § 2º Os maiores de 60 (sessenta) anos poderão solicitar ocupação adequada à sua idade. § 3º Os doentes ou deficientes físicos somente exercerão atividades apropriadas ao seu estado. Art. 33. A jornada normal de trabalho não será inferior a 6 (seis) nem superior a 8 (oito) horas, com descanso nos domingos e feriados. Parágrafo único. Poderá ser atribuído horário especial de trabalho aos presos designados para os serviços de conservação e manutenção do estabelecimento penal. Art. 34. O trabalho poderá ser gerenciado por fundação, ou empresa pública, com autonomia administrativa, e terá por objetivo a formação profissional do condenado. § 1o. Nessa hipótese, incumbirá à entidade gerenciadora promover e supervisionar a produção, com critérios e métodos empresariais, encarregar-se de sua comercialização, bem como suportar despesas, inclusive pagamento de remuneração adequada. (Renumerado pela Lei nº 10.792, de 2003) § 2o Os governos federal, estadual e municipal poderão celebrar convênio com a iniciativa privada, para implantação de oficinas de trabalho referentes a setores de apoio dos presídios. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003) Art. 35. Os órgãos da Administração Direta ou Indireta da União, Estados, Territórios, Distrito Federal e dos Municípios adquirirão, com dispensa de concorrência pública, os bens ou produtos do trabalho prisional, sempre que não for possível ou recomendável realizar-se a venda a particulares. Parágrafo único. Todas as importâncias arrecadadas com as vendas reverterão em favor da fundação ou empresa pública a que alude o artigo anterior ou, na sua falta, do estabelecimento penal. !∀#∃∀%&∋(#&)∃∗∗+,−∋(∃.,−∋/∋%#∃0(∃∋123456∋ ,.,−∀∗%,∋7+!∀)∀8#∀&∋/∋8#∃,∋7+!∀)∀8#∀,∋ %9:;<=∋9∋9>9;?≅?<:Α∋?:Β9Χ∆=Ε:Α∋ (;:ΦΓ∋#9Χ=Χ∋,;=ΗΙ:∋/∋,Ηϑ=∋4Κ! ! ! ! ! ! ! ! ! Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 10 Inicialmente, deve ser destacado que o trabalho do condenado não é só um DIREITO seu, mas também um DEVER! Inclusive, o condenado que não trabalhar (de maneira injustificada), estará praticando falta grave. Vejamos: Art. 39. Constituem deveres do condenado: (...) V - execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas; Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que: (...) VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39, desta Lei. E por que o trabalho é considerado um dever do condenado? Porque se entende que a dedicação ao trabalho é etapa necessária e indispensável no processo de ressocialização e reintegração da pessoa. CUIDADO! Perceba que estou utilizando, propositalmente, o termo “condenado” ao invés de “preso”. Isso ocorre porque o trabalho só é um dever para o CONDENADO, não o sendo para os presos provisórios. Os presos provisórios NÃO estão obrigados ao trabalho (art. 31, § único). Além de não estarem obrigados ao trabalho, os presos provisórios só podem trabalhar DENTRO do estabelecimento, nunca fora. Por que há esta vedação? A lógica é simples. A prisão cautelar (prisão provisória) é uma medida excepcionalíssima, já que enquanto não há sentença condenatória transitada em julgado há presunção de inocência4. Assim, só pode ser determinada a prisão cautelar quando a liberdade do possível infrator (acusado ou investigado) se mostrar perigosa para as investigações, para a instrução processual, etc. Desta maneira, se a prisão provisória só pode ser decretada quando há o chamado periculum libertatis (perigo na liberdade), isso significa que não faz sentido admitir o trabalho externo para este tipo de preso, até porque o trabalho, para estas pessoas, não tem finalidade ressocializadora (não houve, ainda, condenação definitiva). 4 No julgamento do HC 126.292 o STF decidiu que o cumprimento da pena pode se iniciar com a mera condenação em segunda instância por um órgão colegiado (TJ, TRF, etc.). Isso significa que o STF relativizou o princípio da presunção de inocência, admitindo que a “culpa” (para fins de cumprimento da pena) já estaria formada nesse momento (embora a CF/88 seja expressa em sentido contrário). Isso significa que, possivelmente, teremos (num futuro breve) alteração nesta súmula do STJ e na jurisprudência consolidada do STF, de forma que ações penais em curso passem a poder ser consideradas como maus antecedentes, desde que haja, pelo menos, condenação em segunda instância por órgão colegiado (mesmo sem trânsito em julgado). HC 126292/SP, rel. Min. Teori Zavascki, 17.2.2016. !∀#∃∀%&∋(#&)∃∗∗+,−∋(∃.,−∋/∋%#∃0(∃∋123456∋ ,.,−∀∗%,∋7+!∀)∀8#∀&∋/∋8#∃,∋7+!∀)∀8#∀,∋ %9:;<=∋9∋9>9;?≅?<:Α∋?:Β9Χ∆=Ε:Α∋ (;:ΦΓ∋#9Χ=Χ∋,;=ΗΙ:∋/∋,Ηϑ=∋4Κ! ! ! ! ! ! ! ! ! Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 10 Em qualquer caso, o trabalho deve ser realizado de acordo com as condições pessoais do preso (idade, sexo, etc.), suas aptidões e necessidades futuras, bem como as oportunidades oferecidas pelo mercado. EXEMPLO: José foi condenado e cumpre pena em determinado estabelecimento prisional na comarca de Petrópolis/RJ. José trabalhou muitos anos como costureiro, e sabe-se que naquela localidade há uma grande demanda por serviços nessa área. Neste caso, deve o estabelecimento prover, na medida do possível, um trabalho nessa área para José, a fim de que o trabalho possa atender suas finalidades. A jornada de trabalho, contudo, não pode ser exaustiva ao extremo, não podendo inferior a 6 (seis) nem superior a 8 (oito) horas, com descanso nos domingos e feriados. Entretanto, pode ser estabelecido horário especial de trabalho para aqueles presos que forem designados para os serviços de conservação e manutenção do estabelecimento penal. CUIDADO! O trabalho do preso, embora obrigatório para os condenados, não caracteriza “trabalhos forçados”. Como se sabe, a CRFB/88 veda a aplicação de pena de “trabalhos forçados” (art. 5º, XLVIII, “c”), sendo uma espécie de pena absolutamente vedada em nosso ordenamento jurídico. Mas, por qual razão não caracteriza “trabalhos forçados”? Não caracteriza “trabalhos forçados” porque o preso não pode ser COMPELIDO fisicamente a trabalhar, ou seja, não pode ser fisicamente obrigado a realizar as atividades. A realização do trabalho que lhe é atribuído é uma escolha do preso. Ele PODE escolher, mas deve estar ciente de que, caso não realize o trabalho que lhe foi atribuído, estará praticando falta grave. Em resumo: o trabalho é obrigatório, mas não é forçado. 1.3.3!Do trabalho externo Vejamos, inicialmente, o que dispõe a LEP acerca do trabalho externo do preso: Art. 36. O trabalho externo será admissível para os presos em regime fechado somente em serviço ou obras públicas realizadas por órgãos da Administração Direta ou Indireta, ou entidades privadas, desde que tomadas as cautelas contra a fuga e em favor da disciplina. § 1º O limite máximo do número de presos será de 10% (dez por cento) do total de empregados na obra. § 2º Caberá ao órgão da administração, à entidade ou à empresa empreiteira a remuneração desse trabalho. § 3º A prestação de trabalho à entidade privada depende do consentimento expresso do preso. !∀#∃∀%&∋(#&)∃∗∗+,−∋(∃.,−∋/∋%#∃0(∃∋123456∋ ,.,−∀∗%,∋7+!∀)∀8#∀&∋/∋8#∃,∋7+!∀)∀8#∀,∋ %9:;<=∋9∋9>9;?≅?<:Α∋?:Β9Χ∆=Ε:Α∋ (;:ΦΓ∋#9Χ=Χ∋,;=ΗΙ:∋/∋,Ηϑ=∋4Κ! ! ! ! ! ! ! ! ! Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br19 de 10 Art. 37. A prestação de trabalho externo, a ser autorizada pela direção do estabelecimento, dependerá de aptidão, disciplina e responsabilidade, além do cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena. Parágrafo único. Revogar-se-á a autorização de trabalho externo ao preso que vier a praticar fato definido como crime, for punido por falta grave, ou tiver comportamento contrário aos requisitos estabelecidos neste artigo. Podemos perceber, primeiramente, uma grande REGRA: o trabalho externo só é admitido, para os presos que estão no regime FECHADO, em em serviço ou obras públicas realizadas por órgãos da Administração Direta ou Indireta, ou entidades privadas, devendo ser tomadas as cautelas necessárias contra a fuga e em favor da disciplina, nos termos do art. 36 da LEP. O STJ segue nesse sentido, sustentando que o trabalho externo é admissível aos presos do regime fechado, desde que sejam cumpridos os requisitos legais e haja vigilância direta, mediante escolta: (...) 2. Esta Corte Superior sedimentou o entendimento de que é possível o trabalho externo ao condenado em regime fechado, sendo imprescindível, todavia, a observância de requisitos legais de ordem objetiva e subjetiva, bem como necessária vigilância direta, mediante escolta. Precedentes. (...) (HC 324.829/PA, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, QUINTA TURMA, julgado em 01/10/2015, DJe 19/10/2015) Além disso, o limite máximo do número de presos é de 10% do total da obra, nos termos do art. 36, §1º da LEP. Importante observar que, apesar de se tratar de um DEVER do preso, o trabalho externo em entidades PRIVADAS depende de consentimento expresso do preso (não se admitindo consenso tácito). Mas, em qualquer caso poderá ser autorizado o trabalho externo? Além das restrições que vimos anteriormente, quanto aos presos em regime fechado, a realização de trabalho externo depende de alguns requisitos: !! Aptidão !! Disciplina e responsabilidade !! Cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena CUIDADO! O STF possui entendimento no sentido de que o requisito objetivo (cumprimento mínimo de 1/6 a pena) não se aplica aos condenados que cumpram pena em regime inicial semiaberto. Isso porque, se fosse exigível o cumprimento de tal requisito, ele perderia o sentido, já que após o cumprimento de 1/6 da pena o condenado passaria ao regime aberto (hipótese na qual o trabalho externo não é mais uma possibilidade, mas uma exigência). Vejamos: !∀#∃∀%&∋(#&)∃∗∗+,−∋(∃.,−∋/∋%#∃0(∃∋123456∋ ,.,−∀∗%,∋7+!∀)∀8#∀&∋/∋8#∃,∋7+!∀)∀8#∀,∋ %9:;<=∋9∋9>9;?≅?<:Α∋?:Β9Χ∆=Ε:Α∋ (;:ΦΓ∋#9Χ=Χ∋,;=ΗΙ:∋/∋,Ηϑ=∋4Κ! ! ! ! ! ! ! ! ! Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 10 (...) A exigência objetiva de prévio cumprimento do mínimo de um sexto da pena, segundo a reiterada jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, não se aplica aos presos que se encontrem em regime inicial semiaberto. Diversos fundamentos se conjugam para a manutenção desse entendimento. 2. A aplicação do requisito temporal teria o efeito de esvaziar a possibilidade de trabalho externo por parte dos apenados em regime inicial semiaberto. Isso porque, após o cumprimento de 1/6 da pena, esses condenados estarão habilitados à progressão para o regime aberto, que tem no trabalho externo uma de suas características intrínsecas. 3. (...) (EP 2 TrabExt-AgR, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 25/06/2014, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-213 DIVULG 29-10-2014 PUBLIC 30-10-2014) No mesmo sentido é a jurisprudência do STJ: (...) É assente o entendimento desta Corte no sentido de ser desnecessário o cumprimento de 1/6 (um sexto) da pena, no mínimo, para a concessão do benefício do trabalho externo ao condenado a cumprir a reprimenda no regime semiaberto, desde que satisfeitos os demais requisitos necessários, de natureza subjetiva. (...) (HC 282.192/RS, Rel. Ministro MOURA RIBEIRO, QUINTA TURMA, julgado em 15/05/2014, DJe 22/05/2014) Conforme dito anteriormente, um dos requisitos para a autorização do trabalho externo é a possibilidade de fiscalização pelo Poder Público. Em razão disso, o STJ possui entendimento consolidado no sentido de que não se pode deferir trabalho externo ao preso que pretende trabalhar em empresa própria, bem como ao preso que pretende trabalhar em local diverso daquele em que cumpre pena: (...) 2. No caso, o deferimento da benesse em empresa de propriedade da apenada, bem como em local diverso da execução penal, impede a fiscalização da atividade. (...) (RHC 47.153/SC, Rel. Ministro WALTER DE ALMEIDA GUILHERME (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SP), QUINTA TURMA, julgado em 16/12/2014, DJe 19/12/2014) Tal vedação se dá porque, nestes casos, haveria impedimento (ou pelo menos grande dificuldade) à fiscalização. Por fim, a autorização para o trabalho externo compete à DIREÇÃO DO ESTABELECIMENTO, não ao Juiz da Execução penal. Além disso, deverá ser revogada a autorização de trabalho externo ao preso que: !! Praticar fato definido como crime !∀#∃∀%&∋(#&)∃∗∗+,−∋(∃.,−∋/∋%#∃0(∃∋123456∋ ,.,−∀∗%,∋7+!∀)∀8#∀&∋/∋8#∃,∋7+!∀)∀8#∀,∋ %9:;<=∋9∋9>9;?≅?<:Α∋?:Β9Χ∆=Ε:Α∋ (;:ΦΓ∋#9Χ=Χ∋,;=ΗΙ:∋/∋,Ηϑ=∋4Κ! ! ! ! ! ! ! ! ! Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 10 !! For punido por falta grave, !! Tiver comportamento contrário aos requisitos para a obtenção do trabalho externo (disciplina, responsabilidade, etc.). 2! EXECUÇÃO PENAL 2.1!Dos regimes de cumprimento. Progressão e regressão de regime Os regimes de cumprimento são aqueles previstos no CP: #! Fechado #! Semiaberto #! Aberto A própria LEP remete ao CP, ao estabelecer que o Juiz (da condenação) fixará o regime inicial de cumprimento da pena: Art. 110. O Juiz, na sentença, estabelecerá o regime no qual o condenado iniciará o cumprimento da pena privativa de liberdade, observado o disposto no artigo 33 e seus parágrafos do Código Penal. Portanto, o regime (inicial) é fixado pelo Juiz na sentença, e caso o preso tenha sido condenado por mais de um crime (num mesmo processo OU NÃO), a verificação do regime inicial de cumprimento da pena se dará pela SOMA (unificação) das penas. Nos termos do art. 111 da LEP: Art. 111. Quando houver condenação por mais de um crime, no mesmo processo ou em processos distintos, a determinação do regime de cumprimento será feita pelo resultado da soma ou unificação das penas, observada, quando for o caso, a detração ou remição. Caso ocorra nova condenação durante o curso da execução da pena, procede-se a uma nova unificação de penas, somando-se a nova condenação ao que resta daquela que está sendo cumprida, nos moldes do § único do art. 111: Art. 111 (...) Parágrafo único. Sobrevindo condenação no curso da execução, somar-se-á a pena ao restante da que está sendo cumprida, para determinação do regime. 2.1.1!Progressão de regime A pena é executada SEMPRE do regime mais gravoso para o menos gravoso (Progressividade da pena), ocorrendo a progressão a cada 1/6 de !∀#∃∀%&∋(#&)∃∗∗+,−∋(∃.,−∋/∋%#∃0(∃∋123456∋ ,.,−∀∗%,∋7+!∀)∀8#∀&∋/∋8#∃,∋7+!∀)∀8#∀,∋ %9:;<=∋9∋9>9;?≅?<:Α∋?:Β9Χ∆=Ε:Α∋ (;:ΦΓ∋#9Χ=Χ∋,;=ΗΙ:∋/∋,Ηϑ=∋4Κ! ! ! ! ! ! ! ! ! Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 10 cumprimento da pena5, no mínimo, no regime em que se encontra, DESDE QUE POSSUA BOM COMPORTAMENTO. Vejamos: Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamentocarcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003). Antes da decisão que concede ou não a progressão deverá ser ouvido o MP e o Defensor. Para a progressão do regime semiaberto para o regime aberto há, ainda, algumas outras regras que devem ser observadas. Vejamos: Art. 114. Somente poderá ingressar no regime aberto o condenado que: I - estiver trabalhando ou comprovar a possibilidade de fazê-lo imediatamente; II - apresentar, pelos seus antecedentes ou pelo resultado dos exames a que foi submetido, fundados indícios de que irá ajustar-se, com autodisciplina e senso de responsabilidade, ao novo regime. Parágrafo único. Poderão ser dispensadas do trabalho as pessoas referidas no artigo 117 desta Lei. Portanto, além de ter cumprido 1/6 da pena no regime semiaberto e possuir bom comportamento, para passar ao regime aberto o preso deverá ESTAR TRABALHANDO ou COMPROVAR QUE TEM EMPREGO CERTO À VISTA. Essa obrigatoriedade do trabalho não se aplica às seguintes pessoas: Art. 117. Somente se admitirá o recolhimento do beneficiário de regime aberto em residência particular quando se tratar de: I - condenado maior de 70 (setenta) anos; II - condenado acometido de doença grave; III - condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental; IV - condenada gestante. Estas pessoas cumprem pena do REGIME ABERTO em PRISÃO DOMICILIAR. 5 Para os condenados por crimes hediondos, este prazo é de 2/5, se primários, ou 3/5, caso reincidentes. Contudo, no caso de crimes hediondos cometidos antes da Lei 11.464/07, aplica-se o disposto no art. 112 da LEP (cumprimento de 1/6 da pena). SÚMULA 471 DO STJ: “Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da vigência da Lei n. 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei n. 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) para a progressão de regime prisional.” !∀#∃∀%&∋(#&)∃∗∗+,−∋(∃.,−∋/∋%#∃0(∃∋123456∋ ,.,−∀∗%,∋7+!∀)∀8#∀&∋/∋8#∃,∋7+!∀)∀8#∀,∋ %9:;<=∋9∋9>9;?≅?<:Α∋?:Β9Χ∆=Ε:Α∋ (;:ΦΓ∋#9Χ=Χ∋,;=ΗΙ:∋/∋,Ηϑ=∋4Κ! ! ! ! ! ! ! ! ! Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 10 O Juiz pode estabelecer outras condições para a progressão ao regime aberto, bem como modificar as que tiver fixado, mediante requerimento do beneficiado, do MP, de autoridade administrativa, ou, ainda, de ofício (art. 115 e 116). Entretanto, algumas condições são OBRIGATÓRIAS: Art. 115. O Juiz poderá estabelecer condições especiais para a concessão de regime aberto, sem prejuízo das seguintes condições gerais e obrigatórias: I - permanecer no local que for designado, durante o repouso e nos dias de folga; II - sair para o trabalho e retornar, nos horários fixados; III - não se ausentar da cidade onde reside, sem autorização judicial; IV - comparecer a Juízo, para informar e justificar as suas atividades, quando for determinado. Art. 116. O Juiz poderá modificar as condições estabelecidas, de ofício, a requerimento do Ministério Público, da autoridade administrativa ou do condenado, desde que as circunstâncias assim o recomendem. Estas condições o beneficiado com o regime aberto SEMPRE deverá cumprir. Não confundam CONDIÇÕES com REQUISITOS para progressão. Os requisitos são circunstâncias que devem ser preenchidas para que o preso CONSIGA PASSAR AO REGIME ABERTO. Já as condições são circunstâncias que ele deve observar JÁ ESTANDO NO REGIME ABERTO. ☺ 2.1.2!Regressão de regime Mas, como nem tudo são flores, pode ocorrer a REGRESSÃO DE REGIME. Como assim? A regressão é a passagem de um regime MENOS gravoso para um regime MAIS gravoso. Ocorrerá nas hipóteses do art. 118 da LEP: Art. 118. A execução da pena privativa de liberdade ficará sujeita à forma regressiva, com a transferência para qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o condenado: I - praticar fato definido como crime doloso ou falta grave; II - sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em execução, torne incabível o regime (artigo 111). § 1° O condenado será transferido do regime aberto se, além das hipóteses referidas nos incisos anteriores, frustrar os fins da execução ou não pagar, podendo, a multa cumulativamente imposta. § 2º Nas hipóteses do inciso I e do parágrafo anterior, deverá ser ouvido previamente o condenado. !∀#∃∀%&∋(#&)∃∗∗+,−∋(∃.,−∋/∋%#∃0(∃∋123456∋ ,.,−∀∗%,∋7+!∀)∀8#∀&∋/∋8#∃,∋7+!∀)∀8#∀,∋ %9:;<=∋9∋9>9;?≅?<:Α∋?:Β9Χ∆=Ε:Α∋ (;:ΦΓ∋#9Χ=Χ∋,;=ΗΙ:∋/∋,Ηϑ=∋4Κ! ! ! ! ! ! ! ! ! Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 10 CUIDADO! Vejam que NÃO HÁ NECESSIDADE, no inciso I, de que o preso tenha sido CONDENADO PELO CRIME DOLOSO, bastando que se tenha indícios claros de que ele tenha praticado o delito.6 O inciso II é ainda mais tranquilo. Caso o agente seja condenado por crime anterior (sim, pois se o crime for posterior, e doloso, entra no inciso I) e a pena, somada à restante, ultrapassar o limite previsto para a permanência no regime, ele volta para o mais gravoso. CUIDADO! A progressão de regime só pode se dar em escala (Do fechado para o semiaberto e deste para o aberto)7. Já a REGRESSÃO pode se dar per saltum, ou seja, direto do regime aberto para o fechado. De forma esquematizada: PROGRESSÃO 6 Inclusive, há entendimento SUMULADO do STJ nesse sentido: SÚMULA 526 do STJ: “O reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de fato definido como crime doloso no cumprimento da pena prescinde do trânsito em julgado de sentença penal condenatória no processo penal instaurado para apuração do fato.” 7 Vide súmula 491 do STJ: “É inadmissível a chamada progressão per saltum de regime prisional.” !∀#∃∀%&∋(#&)∃∗∗+,−∋(∃.,−∋/∋%#∃0(∃∋123456∋ ,.,−∀∗%,∋7+!∀)∀8#∀&∋/∋8#∃,∋7+!∀)∀8#∀,∋ %9:;<=∋9∋9>9;?≅?<:Α∋?:Β9Χ∆=Ε:Α∋ (;:ΦΓ∋#9Χ=Χ∋,;=ΗΙ:∋/∋,Ηϑ=∋4Κ! ! ! ! ! ! ! ! ! Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 10 REGRESSÃO Percebam que a regressão pode se dar: •! Do aberto para o semiaberto •! Do semiaberto para o fechado •! Do aberto para o fechado – Regressão “per saltum” (pula o semiaberto) ∀#∃%&∋( )#∗+&,#−.( &,#−.( &,#−.( )#∗+&,#−.( ∀#∃%&∋( !∀#∃∀%&∋(#&)∃∗∗+,−∋(∃.,−∋/∋%#∃0(∃∋123456∋ ,.,−∀∗%,∋7+!∀)∀8#∀&∋/∋8#∃,∋7+!∀)∀8#∀,∋ %9:;<=∋9∋9>9;?≅?<:Α∋?:Β9Χ∆=Ε:Α∋ (;:ΦΓ∋#9Χ=Χ∋,;=ΗΙ:∋/∋,Ηϑ=∋4Κ! ! ! ! ! ! ! ! ! Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 10 2.1.3!Falta grave e Regime Disciplinar Diferenciado Como vimos, uma das razões para a regressão de regime de cumprimento da pena é a prática de falta grave. Mas quais são as hipóteses de falta grave? Elas estão previstas no art. 50 da LEP: Art. 49. As faltas disciplinares classificam-se em leves, médias e graves. A legislação local especificará as leves e médias, bem assim as respectivas sanções. Parágrafo único. Pune-se a tentativa com a sanção correspondente à falta consumada. Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que: I - incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou a disciplina; II - fugir; III - possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a integridade física de outrem; IV - provocar acidente de trabalho; V - descumprir, no regime aberto, as condições impostas; VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39, desta Lei. VII – tiver em sua posse,utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo. (Incluído pela Lei nº 11.466, de 2007) Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao preso provisório. É importante ressaltar que a tentativa de prática de falta disciplinar é punida com a mesma sanção prevista para a falta consumada. Além disso, o STJ firmou entendimento no sentido de que, para o reconhecimento da falta grave, é INDISPENSÁVEL a instauração de procedimento administrativo disciplinar no qual seja assegurado o contraditório e a ampla defesa ao condenado, bem como a assistência por advogado, conforme vimos anteriormente8. Ainda com relação às infrações disciplinares, algumas observações são necessárias. •! As faltas GRAVES estão previstas na LEP •! As faltas leves e médias serão previstas na Legislação local •! As hipóteses de falta grave são diversas para os condenados que cumprem pena privativa de liberdade (art. 50 da LEP) e para os que cumprem pena restritivas de direitos (art. 51 da LEP). •! A prática de fato definido como crime doloso também constitui falta grave. Mas quais são as sanções para aqueles que praticam infrações disciplinares? Vejamos o que consta no art. 53 da LEP: 8 AgRg no HC 215.112/RS, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 11/03/2014, DJe 07/04/2014 !∀#∃∀%&∋(#&)∃∗∗+,−∋(∃.,−∋/∋%#∃0(∃∋123456∋ ,.,−∀∗%,∋7+!∀)∀8#∀&∋/∋8#∃,∋7+!∀)∀8#∀,∋ %9:;<=∋9∋9>9;?≅?<:Α∋?:Β9Χ∆=Ε:Α∋ (;:ΦΓ∋#9Χ=Χ∋,;=ΗΙ:∋/∋,Ηϑ=∋4Κ! ! ! ! ! ! ! ! ! Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 10 Art. 53. Constituem sanções disciplinares: I - advertência verbal; II - repreensão; III - suspensão ou restrição de direitos (artigo 41, parágrafo único); IV - isolamento na própria cela, ou em local adequado, nos estabelecimentos que possuam alojamento coletivo, observado o disposto no artigo 88 desta Lei. V - inclusão no regime disciplinar diferenciado. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003) As quatro primeiras são de competência do DIRETOR DO ESTABELECIMENTO. A última, porém (inclusão no RDD), dependerá de decisão do Juiz da execução: Art. 54. As sanções dos incisos I a IV do art. 53 serão aplicadas por ato motivado do diretor do estabelecimento e a do inciso V, por prévio e fundamentado despacho do juiz competente. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003) Contudo, a despeito da necessidade de ser autorizada pelo Juiz da execução, a inclusão no RDD dependerá de requerimento circunstanciado do Diretor do estabelecimento ou outra autoridade administrativa: Art. 54 (...) § 1o A autorização para a inclusão do preso em regime disciplinar dependerá de requerimento circunstanciado elaborado pelo diretor do estabelecimento ou outra autoridade administrativa. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003) § 2o A decisão judicial sobre inclusão de preso em regime disciplinar será precedida de manifestação do Ministério Público e da defesa e prolatada no prazo máximo de quinze dias. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003) Assim: SANÇÕES DISCIPLINARES NA LEP •! ADVERTÊNCIA VERBAL •! REPREENSÃO •! SUSPENSÃO OU RESTRIÇÃO DE DIREITOS •! ISOLAMENTO NA PRÓPRIA CELA, OU EM LOCAL ADEQUADO, NOS ESTABELECIMENTOS QUE POSSUAM ALOJAMENTO COLETIVO Aplicadas pelo Diretor do estabelecimento, por ato motivado. •! INCLUSÃO NO RDD •! Necessita de autorização prévia e fundamentada do Juiz da Execução. !∀#∃∀%&∋(#&)∃∗∗+,−∋(∃.,−∋/∋%#∃0(∃∋123456∋ ,.,−∀∗%,∋7+!∀)∀8#∀&∋/∋8#∃,∋7+!∀)∀8#∀,∋ %9:;<=∋9∋9>9;?≅?<:Α∋?:Β9Χ∆=Ε:Α∋ (;:ΦΓ∋#9Χ=Χ∋,;=ΗΙ:∋/∋,Ηϑ=∋4Κ! ! ! ! ! ! ! ! ! Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 10 •! A autorização depende de requerimento circunstanciado. •! Devem ser ouvidos o MP e a defesa (previamente). Quando da aplicação da sanção a autoridade levará em conta a natureza, os motivos, as circunstâncias e as consequências do fato, bem como a pessoa do faltoso e seu tempo de prisão. No caso de FALTA GRAVE devem ser aplicadas as seguintes sanções: !! Suspensão ou restrição de direitos !! Isolamento na própria cela, ou em local adequado, nos estabelecimentos que possuam alojamento coletivo9 !! Inclusão no regime disciplinar diferenciado ATENÇÃO! Os dois primeiros não poderão exceder a 30 dias, salvo no caso de inclusão no RDD. Por sua vez, o condenado que tiver bom comportamento, colaboração com a disciplina e dedicação ao trabalho poderá receber recompensas, que consistem em: •! Elogio •! Concessão de regalias 2.2!Das autorizações de saída As autorizações de saída consistem, basicamente, em: #! Permissões de saída #! Saída temporária A permissão de saída está prevista no art. 120 da LEP: Art. 120. Os condenados que cumprem pena em regime fechado ou semiaberto e os presos provisórios poderão obter permissão para sair do estabelecimento, mediante escolta, quando ocorrer um dos seguintes fatos: I - falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira, ascendente, descendente ou irmão; II - necessidade de tratamento médico (parágrafo único do artigo 14). 9 O Isolamento deve ser, SEMPRE, comunicado ao Juiz da execução. !∀#∃∀%&∋(#&)∃∗∗+,−∋(∃.,−∋/∋%#∃0(∃∋123456∋ ,.,−∀∗%,∋7+!∀)∀8#∀&∋/∋8#∃,∋7+!∀)∀8#∀,∋ %9:;<=∋9∋9>9;?≅?<:Α∋?:Β9Χ∆=Ε:Α∋ (;:ΦΓ∋#9Χ=Χ∋,;=ΗΙ:∋/∋,Ηϑ=∋4Κ! ! ! ! ! ! ! ! ! Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 10 Parágrafo único. A permissão de saída será concedida pelo diretor do estabelecimento onde se encontra o preso. Art. 121. A permanência do preso fora do estabelecimento terá a duração necessária à finalidade da saída. Vejam que a permissão de saída se dará mediante ESCOLTA, ou seja, o preso não sai “livre-leve-e-solto”. Essa permissão de saída ocorre quando o preso necessita de tratamento médico que não possa ser realizado no estabelecimento ou no caso de falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira, ascendente (mãe, pai, avó...), descendente (filho, neto...) ou irmão. Esta modalidade de saída se funda em razões HUMANITÁRIAS. A permissão é concedida pelo próprio diretor do estabelecimento e durará o período estritamente necessário à finalidade. A saída temporária, por sua vez, é realizada SEM ESCOLTA, e pode ser deferida por um prazo MÁXIMO DE SETE DIAS, em, no máximo, CINCO VEZES AO ANO. Vejamos: Art. 122. Os condenados que cumprem pena em regime semiaberto poderão obter autorização para saída temporária do estabelecimento, sem vigilância direta, nos seguintes casos: I - visita à família; II - frequência a curso supletivo profissionalizante, bem como de instrução do 2º grau ou superior, na Comarca do Juízo da Execução; III - participação em atividades que concorram para o retorno ao convívio social. Parágrafo único. A ausência de vigilância direta não impede a utilização de equipamento de monitoração eletrônica pelo condenado, quando assim determinar o juiz da execução. (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010) Art. 123. A autorização será concedida por ato motivado do Juiz da execução, ouvidos o Ministério Público e a administração penitenciária e dependerá da satisfação dos seguintes requisitos: I - comportamento adequado; II - cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena, se o condenado for primário, e 1/4 (um quarto), se reincidente; III - compatibilidade do benefício com os objetivos da pena. Art. 124. A autorização será concedida por prazo não superiora 7 (sete) dias, podendo ser renovada por mais 4 (quatro) vezes durante o ano. CUIDADO! Vejam que é necessário que o preso se encontre no regime SEMIABERTO, não sendo possível, portanto, aos presos do regime fechado. A permissão de saída, vista anteriormente, por ser realizada com escolta, pode ser deferida, inclusive, aos presos do regime fechado. !∀#∃∀%&∋(#&)∃∗∗+,−∋(∃.,−∋/∋%#∃0(∃∋123456∋ ,.,−∀∗%,∋7+!∀)∀8#∀&∋/∋8#∃,∋7+!∀)∀8#∀,∋ %9:;<=∋9∋9>9;?≅?<:Α∋?:Β9Χ∆=Ε:Α∋ (;:ΦΓ∋#9Χ=Χ∋,;=ΗΙ:∋/∋,Ηϑ=∋4Κ! ! ! ! ! ! ! ! ! Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 10 Esta saída geralmente se dá em datas comemorativas (Natal, Páscoa, Dia das mães, etc.). Embora não haja vigilância direta sobre o preso, a Lei 12.258/10 permitiu a utilização de MONITORAÇÃO ELETRÔNICA, de forma a dar alguma segurança de que o preso não irá se evadir. Aqui, por se tratar de uma saída sem escolta, além de o preso dever ser do regime semiaberto, quem a concede NÃO É O DIRETOR DO ESTABELECIMENTO, mas o JUIZ DA EXECUÇÃO PENAL, após ouvido o MP e a administração penitenciária que cuida do preso, devendo, sempre, observar os requisitos do art. 123, que são: #! Bom comportamento #! Cumprimento de 1/6 da pena, se primário, e ¼ se reincidente #! Compatibilidade do benefício com os objetivos da pena Tal qual ocorre na permissão de saída, aqui existem condições que o Juiz pode fixar, de acordo com seu entendimento, e condições de observância obrigatória pelo beneficiado. São elas: § 1o Ao conceder a saída temporária, o juiz imporá ao beneficiário as seguintes condições, entre outras que entender compatíveis com as circunstâncias do caso e a situação pessoal do condenado: (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010) I - fornecimento do endereço onde reside a família a ser visitada ou onde poderá ser encontrado durante o gozo do benefício; (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010) II - recolhimento à residência visitada, no período noturno; (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010) III - proibição de frequentar bares, casas noturnas e estabelecimentos congêneres. (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010) Assim: nada de “cervejinha”, nada de dormir fora... Saiu, é para visitar a família, NÃO OS “AMIGOS DE COPO”. Embora o prazo máximo seja de sete dias, esta é a regra. Mas, é claro, há EXCEÇÃO. Caso a saída se dê para a frequência a curso profissionalizante, ou de nível médio ou superior, o período será o necessário ao cumprimento da atividade, logo, PODE SER SUPERIOR A SETE DIAS (§2° do art. 124 da LEP). Salvo nesta hipótese (curso profissionalizante), a saída temporária só poderá ser deferida novamente se respeitado um intervalo de, no mínimo, 45 dias entre uma e outra. Pode ser que o condenado (beneficiado) não “ande na linha” e, neste caso, o benefício será revogado, nos termos do art. 125 da LEP: !∀#∃∀%&∋(#&)∃∗∗+,−∋(∃.,−∋/∋%#∃0(∃∋123456∋ ,.,−∀∗%,∋7+!∀)∀8#∀&∋/∋8#∃,∋7+!∀)∀8#∀,∋ %9:;<=∋9∋9>9;?≅?<:Α∋?:Β9Χ∆=Ε:Α∋ (;:ΦΓ∋#9Χ=Χ∋,;=ΗΙ:∋/∋,Ηϑ=∋4Κ! ! ! ! ! ! ! ! ! Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 10 Art. 125. O benefício será automaticamente revogado quando o condenado praticar fato definido como crime doloso, for punido por falta grave, desatender as condições impostas na autorização ou revelar baixo grau de aproveitamento do curso. Parágrafo único. A recuperação do direito à saída temporária dependerá da absolvição no processo penal, do cancelamento da punição disciplinar ou da demonstração do merecimento do condenado. 2.3!Da remição A remição é o ABATIMENTO da pena pelo TRABALHO OU ESTUDO DO PRESO. O abatimento está previsto no art. 126 da LEP: Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da pena. (Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011). Havendo o abatimento, o tempo remido será considerado como PENA CUMPRIDA PARA TODOS OS EFEITOS, nos termos do art. 128: Art. 128. O tempo remido será computado como pena cumprida, para todos os efeitos. (Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011) As regras de aplicação do instituto da remissão estão previstas nos §§ do art. 126. Vejamos: § 1o A contagem de tempo referida no caput será feita à razão de: (Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011) I - 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência escolar - atividade de ensino fundamental, médio, inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de requalificação profissional - divididas, no mínimo, em 3 (três) dias; (Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011) II - 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho. (Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011) § 2o As atividades de estudo a que se refere o § 1o deste artigo poderão ser desenvolvidas de forma presencial ou por metodologia de ensino a distância e deverão ser certificadas pelas autoridades educacionais competentes dos cursos frequentados. (Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011) § 3o Para fins de cumulação dos casos de remição, as horas diárias de trabalho e de estudo serão definidas de forma a se compatibilizarem. (Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011) § 4o O preso impossibilitado, por acidente, de prosseguir no trabalho ou nos estudos continuará a beneficiar-se com a remição.(Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011) § 5o O tempo a remir em função das horas de estudo será acrescido de 1/3 (um terço) no caso de conclusão do ensino fundamental, médio ou superior durante o cumprimento da pena, desde que certificada pelo órgão competente do sistema de educação.(Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011) § 6o O condenado que cumpre pena em regime aberto ou semiaberto e o que usufrui liberdade condicional poderão remir, pela frequência a curso de ensino regular ou de educação !∀#∃∀%&∋(#&)∃∗∗+,−∋(∃.,−∋/∋%#∃0(∃∋123456∋ ,.,−∀∗%,∋7+!∀)∀8#∀&∋/∋8#∃,∋7+!∀)∀8#∀,∋ %9:;<=∋9∋9>9;?≅?<:Α∋?:Β9Χ∆=Ε:Α∋ (;:ΦΓ∋#9Χ=Χ∋,;=ΗΙ:∋/∋,Ηϑ=∋4Κ! ! ! ! ! ! ! ! ! Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 10 profissional, parte do tempo de execução da pena ou do período de prova, observado o disposto no inciso I do § 1o deste artigo.(Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011) § 7o O disposto neste artigo aplica-se às hipóteses de prisão cautelar.(Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011) § 8o A remição será declarada pelo juiz da execução, ouvidos o Ministério Público e a defesa. (Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011) Assim, podemos resumir da seguinte forma: #! Trata-se de benefício exclusivo para presos dos regimes fechado e semiaberto. #! EXCEPCIONALMENTE, poderá o condenado que esteja em regime aberto ou livramento condicional, REMIR a pena, através da FREQUÊNCIA A CURSO PROFISSIONALIZANTE OU REGULAR. #! Na remissão pelo estudo, caso o preso conclua o ensino fundamental, médio ou superior na prisão, o abatimento se dará ACRESCIDO DE 1/3. Assim, se ele iria abater 1 dia de trabalho para cada 12 horas, irá abater 1,33 dia de trabalho para cada 12 horas de estudo. #! Caso o preso fique impossibilitado de trabalhar ou estudar, por acidente, CONTINUARÁ A SE BENEFICIAR COM A REMIÇÃO. #! A remissão se aplica, ainda, nas hipóteses de PRISÃO CAUTELAR. Caso o preso pratique FALTA GRAVE, poderá o Juiz da execução revogar, no máximo, 1/3 DO TEMPO REMIDO. Isso é o que comumente se chama de PERDA DOS DIAS REMIDOS. Essa perda, como vimos, NUNCA PODE SER TOTAL. CUIDADO! Apesar de o Juiz estar autorizado a revogar ATÉ 1/3 do tempo remido, o STJ firmou entendimento no sentido de que a fixação da revogação no patamar máximo (1/3) depende de fundamentação concreta (ou seja, o Juiz
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